Você está na página 1de 38

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIA
ENGENHARIA QUÍMICA

EDMILSON BARROS DE ALBUQUERQUE JÚNIOR

ANÁLISE E CONTROLE DE QUALIDADE NA PRODUÇÃO DO SAL E SALMORA


NA SALINOR- SALINAS DO NORDESTE S/A

MOSSORÓ
2018
EDMILSON BARROS DE ALBUQUERQUE JÚNIOR

ANÁLISE E CONTROLE DE QUALIDADE NA PRODUÇÃO DO SAL E SALMORA


NA SALINOR- SALINAS DO NORDESTE S/A

Relatório de Estágio Supervisionado apresentado a


Universidade Federal Rural do Semi-Árido –
UFERSA, Centro de Engenharias – CE para
obtenção do Título de Bacharel em Engenharia
Química.

Orientador: Profa. Dra. Geraldine Angélica Silva da


Nóbrega.Supervisor do estágio: Edgleson de
Carvalho Costa – Químico/SALINOR.

MOSSORÓ – RN
2018
© Todos os direitos estão reservados a Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteira
responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as
leis que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei n° 9.279/1996 e Direitos Autorais: Lei n°
9.610/1998. O conteúdo desta obra tomar-se-á de domínio público após a data de defesa e homologação da sua respectiva
ata. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a) sejam
devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto de
Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação e
Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de Graduação
e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pois os méritos que eu alcancei eu sei que foi através do amor que
ele sente por mim, e ao ver que este degrau da minha vida foi vencido, percebo que ele me
conduziu até aqui.
Agradeço a minha mãe, Cristiane Araújo, a peça fundamental no meu crescimento
como um cidadão. Ela que me trouxe o sustento físico e emocional para suportar essa
caminhada e a minha irmã, Elaine Cristina. Os meus grandes e queridos avós, Maria das
Graças e Zé Baixinho. Acho que em especial a toda a família que sempre me apoiou todos
esses anos nessa dura caminhada.
A todos os professores que me fizeram crescer com os meus erros e acertos. E tenho a
honra de destacar a minha orientadora no qual tenho grande admiração, Drª. Geraldine
Angélica Silva da Nóbrega, pelo seu carisma, atenção e principalmente pelo grande
aprendizado que ela me proporcionou.
Aos meus amigos de estudo no qual também dividi grandes momentos: Francisco
Fernandes, Diego Oliveira, Arthur Mathaus, David Assis, Quezia Fonseca, Camila Ramos,
Glaymerson Ronali e tantos outros que se eu fosse descrever aqui seria uma longa lista. A
grandes parceiros que tenho como irmãos que a faculdade me proporcionou: Pedro Vinicius,
Hugo Andersson e Peterson Yamagushi, sem esses caras tudo ficaria mais difícil, fomos uns
para os outros apoio tanto nos estudos quanto no emocional. Estas são pessoas dos quais eu
vou guardar bons momentos e tenho orgulho de ter conhecido.
A toda família Salinor por me adotarem como membro da empresa no período de
estágio, doando um grandioso conhecimento acadêmico, profissional, mas principalmente
pessoal, em especial a Laerte (o grande mestre), Elias, Edgleson, Lucélia e Camilo pela
amizade construída.

Muito Obrigado!
“Só quem passa pelo deserto, sabe o valor de uma chuva.
Só quem passa pela luta, sabe o valor de uma vitória.
Só quem passa pelas lágrimas, sabe o valor de um sorriso.”
(Yla Fernandes)
RESUMO

O estado do Rio Grande do Norte está em primeiro lugar na sua produção nacional de
sal marinho, sendo responsável por cerca de 90% da produção Brasileira. As cidades que se
destacam com a produção no Estado do Rio Grande do Norte são Macau, Mossoró, Areia
Branca, Galinhos e Grossos. A Salinor– Salinas do Nordeste S/A é uma empresa de grande
porte no ramo salineiro, produz aproximadamente 45% de todo sal marítimo produzido no
Brasil, sendo a maior produtora de sal do país. O processo de extração do sal marinho baseia-
se em quatro principais etapas: captação de água do mar, evaporação, cristalização, colheita e
lavagem do sal. Dessa forma, o presente trabalho tem o objetivo de detalhar o processo de
produção de sal da empresa Salinor, localizada na cidade de Mossoró-RN. São descritas
também o monitoramento através de análises físico-químicas, o que garantem um certificado
de qualidade e padronização pela empresa ao bom funcionamento do processo e produto final
a ser comercializado.

Palavras-Chave: Sal. Evaporação solar. Análise físico-química.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa da variação da salinidade dos oceanos ............................................................ 11


Figura 2: Terminal Salineiro de Areia Branca – Porto Ilha...................................................... 13
Figura 3: Área de Evaporação (E1) Salina Francisco Menescal .............................................. 14
Figura 4: Área de Cristalização Salina Francisco Menescal .................................................... 16
Figura 5: Colheita do Sal .......................................................................................................... 17
Figura 6: Lavador de Sal .......................................................................................................... 18
Figura 7: Lavador de Sal .......................................................................................................... 18
Figura 8: Empilhamento e estocagem de sal ............................................................................ 19
Figura 9: Fluxograma do processo produtivo na salina ............................................................ 20
Figura 10: Amostras de sal a serem tituladas (rosa) e já tituladas (azul) ................................. 24
Figura 11: Peneiras com respectivos diâmetros ....................................................................... 26
Figura 12: Ensaio granulométrico com peneiras ...................................................................... 27
Figura 13: Titulação para a determinação de cloretos .............................................................. 30
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 10
2.1 Composição química das águas dos mares............................................................................ 10
2.1.1 Salinidade nos mares ............................................................................................................ 10
2.2 O Sal ...................................................................................................................................... 12
2.3 A Salinor ............................................................................................................................... 12
2.4 Produção do sal na empresa Salinor Salinas do Nordeste ..................................................... 13
2.4.1 Processo na Salinor .............................................................................................................. 14
2.4.1.1 Evaporadores ..................................................................................................................... 14
2.4.1.2 Concentradores .................................................................................................................. 15
2.4.1.3 Cristalizadores .................................................................................................................. 16
2.4.1.4 Maquinas, equipamentos e seus processos ........................................................................ 17
2.4.2 A Salinor e o meio ambiente ................................................................................................ 20
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................................ 21
3.1 Análises físico-químicas ....................................................................................................... 21
3.1.1 Determinação da umidade .................................................................................................... 22
3.1.2 Determinação de cálcio e magnésio ..................................................................................... 22
3.1.2.1 Processo inicial para ambas as analises ............................................................................. 22
3.1.3 Determinação do iodo ......................................................................................................... 24
3.1.4 Teste Granulométrico ........................................................................................................... 25
3.2 Análises físico-químicas das salmouras ................................................................................ 27
3.2.1 Determinação da massa específica ....................................................................................... 28
3.2.2 Determinação do pH............................................................................................................. 28
3.2.3 Determinação de cálcio, magnésio e cloro ........................................................................... 28
3.2.3.1 Procedimento para determinação de magnésio ................................................................. 29
3.2.3.2 Processo para determinação de cloretos ............................................................................ 30
4. SUGESTÕES PARA MELHORIA DO PROCESSO ...................................................... 31
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 32
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 33
8

1. INTRODUÇÃO

O sal apresenta em sua composição diversos elementos químicos que, em virtude de


sua elevada capacidade de dissolução, encontram-se dissolvidos no oceano. Esses elementos
são comumente classificados, de acordo com a sua natureza química, em cinco grupos
distintos: componentes principais, nutrientes, gases, elementos traço e compostos orgânicos.
Os íons Sódio (Na+) e Cloreto (Cl-) correspondem cerca de 85,65% de todas as substâncias
dissolvidas na água do mar. Estes dois componentes iônicos oferecem à água oceânica sua
propriedade mais distinta - a salinidade. Os seis íons que apresentam maior abundância são:
Cloreto (Cl-), Sulfato (SO4-2), Sódio (Na+), Magnésio (Mg2+), Cálcio (Ca2+) e Potássio (K+)
reúnem aproximadamente 99 % de todo soluto presente no mar, restando aproximadamente
0,1% que é constituído por outras substâncias (GOMES et al., 2005). Os outros componentes
químicos se encontram em menor concentração, sendo muitos em níveis de frações de parte
por bilhão. As tentativas de separação e exploração econômica desses sais podem ser
caracterizadas como elementos concentrados e elementos-traços (SKINNER, 1977). Desses
íons os únicos aproveitados pelas salinas são: Cloreto (Cl-) e o Sódio (Na-)
O Rio Grande do Norte encontra-se entre os maiores produtores de sal marinho por
evaporação solar. O estado apresenta uma série de aspectos naturais como relevo, clima, solo,
ventos apropriados e uma grande quantidade de água marinha que favorecem a produção do
sal via evaporação solar (PAIVA FILHO, 1987).
O conjunto de valores na cadeia produtiva do sal pode ser adquirido por meio do
discernimento do mecanismo e cinética da precipitação dos sais, como também as suas
propriedades, morfologias e estruturas (COHEN-ADAD et al., 2002). O entendimento exato
das faixas de temperatura, pressão, umidade e composição da água do mar são de essencial
importância na ampliação dessa tecnologia e procedimentos de avaliação ambiental, uma vez
que a precipitação dos sais obedece às curvas de solubilidades (VOIGT, 2001).
Conhecendo as propriedades gerais da água do mar, podem ser estimadas as
solubilidades de grande parte dos elementos metálicos encontrados nos oceanos, podendo se
prever a mais alta concentração permitida, a ser aguardada pelos compostos menos solúveis
que pode ser encontrado no mar (SKINNER, 1977).
A indústria salineira no Estado compreende uma área de aproximadamente 250 km2. A
indústria salineira do Rio Grande do Norte avançou pouco em tecnologias que tornem os
produtos mais competitivos e em respeito às normas ambientais vigentes no país
(MARCIANO, 2013).
9

A Salinor produz aproximadamente 45% de todo sal marítimo produzido no Brasil,


sendo a maior produtora de sal do país. Suas instalações estão situadas no município de
Macau e Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, localidades que provem de boas
condições geológicas e climáticas para este tipo de produção.
Assim, o presente trabalho tem o objetivo de realizar um estudo com relação aos
processos/técnicas de separação de sais da água do mar, observando os parâmetros físico-
químicos importantes para determinação da qualidade do sal dentro dos padrões
estabelecidos. Como descrever os processos de remoção dos sais, realizados pelas indústrias
salineiras, analisando a água de captação até as águas de descarte.
10

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Composição química das águas dos mares

A composição respectiva dos elementos da água do oceano é constante. A quantidade


total dos constituintes maiores dissolvidos pode alterar de um lugar para outro dos mares, mas
a sua proporção se mantém constante. A salinidade integral dos elementos pode ser alterada,
mas a razão da concentração de um constituinte maior para a quantidade total de íons
permanece constante.
De acordo com dados do Laboratório de Marés e Processos Temporais Oceânicos do
Instituto Oceanográfico da USP, o modo como a salinidade varia de um oceano para outro
depende quase que exclusivamente do balanço entre evaporação e precipitação e a capacidade
de mistura entre a camada de superfície e as mais profundas. Em geral, alterações na
salinidade não apresentam nenhuma implicação nas proporções relativas aos constituintes
maiores, todas as concentrações mudam na mesma proporção fazendo com que suas razões
iônicas permaneçam constantes.

2.1.1 Salinidade nos mares

Tem-se por salinidade à quantidade de sais dissolvidos na água do mar, sua


determinação é dada pelo peso total de sais inorgânicos dissolvidos em 1 Kg de água. Sua
determinação é feita pela definição da condutividade elétrica, que aumenta com a grande
quantidade de sais dissolvidos (GOMES et al., 2005).
A água que possui a menor salinidade da terra é encontrada no Golfo da Finlândia, no
Mar Báltico. O Mar Vermelho, no Oriente Médio, é tido como o mais salino, possuindo a
maior concentração de sais dissolvidos devido à elevada taxa de evaporação da superfície,
bem como à baixa descarga fluvial (GOMES et al., 2005).
O mapa da Figura 01 expõe a salinidade dos oceanos, no qual tem uma variação entre
30% e 37%. Os lugares com elevadas taxas de evaporação exibem maiores números de
salinidade, por outro lado o valor diminui em áreas com temperaturas baixas, devido ao aporte
de água doce proveniente das calotas polares (GOMES et al., 2005).
11

Figura 1: Mapa da variação da salinidade dos oceanos

Fonte: (GOMES et al., 2005)

O nível de salinidade pode ser alterado de acordo com a profundidade. Águas


superficiais possuem uma maior salinidade que águas profundas, e isto ocorre sobretudo por
causa das interações entre a superfície oceânica e a atmosfera (GOMES et al., 2005).
Aproximadamente 40 milhões de toneladas de NaCl são removidos do mar a cada ano,
tanto para o consumo humano como para a produção de produtos químicos. Sais como
Magnésio são produzidos em cerca de 750.000 toneladas. Brometos são produzidos através da
eletrólise, na forma de gás e depois condensados, à razão de 40.000 toneladas por ano (USP,
2016).
Quando a água do oceano evapora os sais dissolvidos vão conseguindo alcançar a
saturação em uma série, de acordo com sua solubilidade, não levando em consideração a sua
abundância. O primeiro a se precipitar é o Carbonato de Cálcio que forma uma proporção
pequena de sais devido a pequena abundância dos íons bicarbonato. O Sulfato de Cálcio é
precipitado quer como Sulfato de Cálcio, ou como um complexo de Sulfato de Cálcio
Dihidratado - CaSO4.2H2O (USP, 2016).
O NaCl (Cloreto de Sódio) é o sal que possui a maior abundância e o resíduo após sua
precipitação contém Cloreto de Potássio e Cloreto de Magnésio que são compostos bastante
solúveis e deste modo são os últimos a se precipitarem (USP, 2016).
A sucessão de sais precipitados a partir de água do mar em evaporação, Carbonato de
Calcio - (CaCO3) precipita em primeiro lugar e quando a evaporação reduz o volume de 19%
do volume original, NaCl começa a precipitar, e assim por diante. Os volumes representam as
proporções relativas dos sais precipitados.
12

2.2 O Sal

Também conhecido como cloreto de sódio, o sal, é uma das substâncias mais
abundantes na natureza, visto que ele pode ser encontrado além dos oceanos, considerado uma
fonte praticamente inesgotável, encontra-se sal, de maneira econômica, em depósitos à flor da
terra, jazidas subterrâneas, fontes de salmouras naturais, lagos salgados ou marés interiores
(CÂMARA, 1999).
Assim, a pureza do sal depende muito embora de sua origem, o sal de mina, por
exemplo, contém entre 95% e 99% de cloreto de sódio, enquanto o sal obtido por meio dos
métodos convencionais, como o evaporado mecanicamente e o evaporado ao sol possuem
pureza acima de 99%, sendo o de mais alto grau o sal evaporado feito com salmoura
purificada, em torno de 99,99% de NaCl (SALINOR, 2018). Processos estes que são feitos
nas salinas.
Em face disso, e de acordo com dados da SALINOR (2018), o processo de extração do
sal marinho baseia-se em quatro principais etapas: captação de água do mar, a evaporação, a
cristalização, e colheita e lavagem do sal.

2.3 A Salinor

A Salinor localizada em Macau produz mais de 1 milhão de toneladas por ano na sua
produção, enquanto as duas salinas localizadas em Mossoró possuem juntas a capacidade de
produção de aproximadamente 1,3 milhões de toneladas por ano. Somando a produção total
das duas salinas, são mais de 2 milhões de toneladas de sal, que possui um vasto comercio
tanto no mercado interno do Brasil quanto em outros países das Américas do Norte e Sul,
África e Europa. A Salinor também dispõe de uma refinaria de sal em Macau e unidades de
moagem em Macau e Mossoró. Atualmente possui escritório central no Rio de Janeiro com
sede em Natal
Fundada em 1961 por Antônio Florêncio de Queiroz em virtude de uma fusão entre
micro salinas da região a Salinor – Salinas do Nordeste S/A situasse na BR 110 S/N Km 15
(mapa em Anexo A). Quando fundada a salina atendia pelo nome SOSAL, fazendo parte de
um grupo de salinas denominado CIRNE (Companhia Industrial do Rio Grande do Norte). Na
década de 60, a SOSAL, tornou-se propriedade de um grupo norte americano, a Morton
Norwich Products, considerada uma das maiores produtoras de sal do mundo, localizada em
Chicago, Estados Unidos. E somente no ano de 2003 que a salina recebeu o nome de Salinor –
13

Salinas do Nordeste S/A, na administração de José Carlos Mandarinho. (SILVA COSTA,


2018).
O Porto Ilha (Figura 02) é uma plataforma continental, uma ilha artificial denominada
Terminal Salineiro de Areia Branca. Criada pelo Ministério dos Transportes em 1974, possui
sua localização a 16km da costa marítima da cidade de Areia Branca, sua principal função é
realizar o descarregamento das barcaças que transporta o sal das salinas, para que possa haver
o carregamento de navios em alto mar.

Figura 2: Terminal Salineiro de Areia Branca – Porto Ilha

Fonte: Autoria própria, 2018.

2.4 Produção do sal na empresa Salinor Salinas do Nordeste

Para que haja a separação dos sais é necessário que os compostos decantem em
momentos distintos, de acordo com o aumento da densidade do caldo da salmoura e de acordo
com o seu produto de solubilidade. Inicialmente, decantam-se os compostos de Cálcio, que
são retirados da mistura. Em seguida, é o NaCl (sal de cozinha propriamente dito) que pode
ser retirado das bacias na forma de sal grosso ou passar por alguns processos até ser refinado.
Por fim, é acrescentado uma pequena quantidade de Iodo, pois o organismo humano sofre
uma grande deficiência do mesmo, sendo que sua ausência pode levar ao bócio e a vários
problemas do desenvolvimento de feto durante a gestação.
O sal produzido pela Salinor chega ao mercado brasileiro através de marcas, que
atendem ao campo industrial, à pecuária e ao consumidor final (como Monarca, Boiadeiro,
Ema, Marlin, dentre outras).
14

2.4.1 Processo na Salinor

O processo de fabricação do NaCl na Salinor – Salinas do Nordeste S/A de Mossoró,


inicia com o bombeamento da água dos rios Conceição e Mossoró, Processo esse que ocorre
diariamente quando a maré está cheia. A água é bombeada através de três bombas com vazão
de 2500 L/min, no qual se utiliza apenas de duas bombas, e a terceira é tida como
reserva.Neste ponto a água chega com aproximadamente 5,5 graus Baumé (Graus de Baumé é
uma escala hidrométrica, usada para medir a densidade de líquidos, a temperatura de
referência é 60°F ou 15,6°C). Essa água é bombeada para os evaporadores, começando a
ocorrer a precipitação dos sais. O procedimento é valido tanto para salina Francisco Menescal
quanto para salina Guanabara. (SALINOR, 2018)

2.4.1.1 Evaporadores

O objetivo dos evaporadores é alcançar a concentração ideal do NaCl para que assim
possa entrar nos cristalizadores. No total a Salinor possui 12 evaporadores no qual são
enumerados de acordo com a variação de concentração da água, todos são interligados
fazendo com que as salmouras sejam transferidas adequadamente de um evaporador para
outro, como ilustrado na Figura 03.

Figura 3: Área de Evaporação (E1) Salina Francisco Menescal

Fonte: Autoria própria, 2018.


15

Nesse processo começa a precipitar os sais que possuem a maior densidade. De acordo
com o tempo ocorre gradativamente o aumento da concentração de cada evaporador (SILVA,
2001).
A salmoura é bombeada para o evaporador (E1) seguindo através da gravidade para os
demais evaporadores até chegar ao E5. É de extrema importância fazer monitoramento do
nível do Evaporador E1, pois é através dele que ocorre o controle do bombeio para os demais
evaporadores, o qual deve apresentar uma régua de no máximo 80 cm e concentração de
entrada na faixa de 3,5° a 6,5° Bé.
No evaporador (E5), utiliza-se mais duas bombas de retorno, conhecidas como
Bombas do Amaro, para o encaminhamento da salmora, pois se torna impossível continuar o
processo apenas com a gravidade, essas bombas, juntamente com a gravidade, são
responsáveis pelo transporte da salmora até o evaporador 11, no qual possui mais duas
bombas, conhecidas como Bombas do Ramadinho, levando a salmora para o último estágio
do processo dos evaporadores, para o E12.
O objetivo de toda extensão que a salmoura percorre entre os evaporadores é para que
esta esteja exposta por mais tempo as condições climáticas, sol e ventos fortes, intensificando
o processo de evaporação.

2.4.1.2 Concentradores

A salina Francisco Menescal conta com dois concentradores e a salina Guanabara


com três. Ambos possuem canais que os interligam até os cristalizadores. O abastecimento
destes se dá em virtude de bombas de distribuição, a de Serra Vermelha e a de Rio do Carmo.
Primeiramente precipitam os óxidos, em seguida ocorre a precipitação dos carbonatos
entre 13 a 18 graus Baumé, esses carbonatos não são aproveitados, por possuir um volume
muito pequeno, não tem um custo benefício apropriado, sendo assim, as mesmas são deixadas
ali mesmo nas bacias fazendo parte do solo para proteger a salmoura que se encontram ali,
evitando a perda da mesma. De 19 a 25 graus Baumé, começa-se a precipitação da gipsita,
(também designada por pedra de gesso ou sulfato de cálcio hidratado, é um minério de Cálcio
cuja composição química corresponde à fórmula CaSO4, esses precipitam mais um pouco, e
são aproveitados pela empresa para fazer as estradas que dão acesso a área de produção.
Chegado ao fim da etapa de evaporação, apenas 10% da água de captação restará junto a sais
concentrados, transformando-se em uma salmoura satura. É nesse processo que também
extingui contaminantes, componentes indesejáveis e matéria orgânica, por meio de
16

precipitação e pela ação das artêmias, microcrustáceos que atuam como filtro biológico,
purificando a salmoura (SALINOR, 2018).
Ao se atingir a faixa de 25,5 a 28 graus Baumé a salmoura encontra-se com elevados
níveis de concentração de sais, começando a ocorrer a precipitação do Cloreto de Sódio, no
qual é aceitável descartar até 28 graus Baumé para não haver a precipitação de outros sais;
como por exemplo Sulfato de Magnésio (MgSO4), Brometo de Sódio (NaBr), Cloreto de
Magnésio (MgCl2) além do aumento da concentração de cloro e potássio, que pode
comprometer a qualidade do sal produzido. Por sua vez, a salmoura drenada é denominada de
água-mãe, devolvidas ao mar.

2.4.1.3 Cristalizadores

A salmoura continua secando sob o sol até que todo o Cloreto de Sódio se aglutine na
forma de cristais, isso ocorre nos cristalizadores. A Francisco Menescal possui 35
cristalizadores e a Guanabara 14. É na cristalização que ocorre a produção de sal. Onde
pequenos cristais são formados na superfície da água, devido a tenção superficial. Com o
crescimento dos cristais eles começam a afundar, até o fundo do cristalizador até que ele
esteja completamente coberto, como observado na Figura 04 (CÂMARA, 1999).

Figura 4: Área de Cristalização Salina Francisco Menescal

Fonte: Autoria Própria, 2018.

Depois, os cristais de sal formados, com até 3 centímetros, são retirados com auxilio
de máquinas. A água que sobra é descartada em comportas nas laterais dos quadros de
cristalização. No fim do processo, a água mãe é devolvida ao mar.
17

Cada dia precipita-se 1mm de Cloreto de Sódio, em 30 dias precipitam


aproximadamente 3 cm, multiplicando esse valor pela área dos cristalizadores no qual temos
254,25 hectares na Salina Francisco Menescal e 153,42 hectares na Salina Guanabara, com
média de 407 hectares, que equivale a 4.070.000 m2, que corresponde a área de produção.

2.4.1.4 Maquinas, equipamentos e seus processos

Iniciando o processo de colheita, a camada de sal é escarificada e o carregamento feito


por carretas. Como ilustrado na Figura 05.

Figura 5: Colheita do Sal

Fonte: Autoria Própria, 2018.

A colheita do sal é realizada a base de máquinas como motoniveladoras para


escarificação, colhedeiras, tratores, esteiras móveis e motorizadas, e nivelamento após a
colheita (SILVA, 2001).
Em seguida, após o colhimento, o sal é encaminhado aos lavadores, para que ocorra a
remoção de substâncias insolúveis e impurezas contidas no sal colhido, observado na Figura
06 (ANDRADE, 2015).
O sal colhido é levado aos lavadores, de duas secções com vazão total de 400 t/h,
homogeneizada com a salmoura saturada pelos fusos helicoidais para facilitar na remoção de
impurezas. Em seguida o sal é direcionado por esteiras de aço e com auxílio de empilhadeiras
é estocado para cumprir a etapa de cura, processo que leva a redução do teor de umidade do
sal.
18

Figura 6: Lavador de Sal

Fonte: Autoria própria, 2018.

O sal é colocado em uma esteira no qual é levado até a estação de lavagem onde
recebe um fluxo de salmoura saturada agitado por meio da operação de mesclador na forma
de fuso helicoidal (Figura 07).

Figura 7: Lavador de Sal

Fonte: Autoria própria, 2018.

Em seguida é lavado por um jato de água do mar passando novamente por uma a
esteira de aço com intuito de reduzir a umidade do sal, levando o mesmo para empilhamento e
estocagem, neste ponto, é feita a secagem natural passando pela redução de eventuais
resíduos, o processo também é conhecido por cura do sal, de forma que a condição físico-
química do sal irá depender do tempo de cura o qual o mesmo foi submetido (Figura 08)
(SILVA, 2007).
19

Figura 8: Empilhamento e estocagem de sal

Fonte: Autoria própria, 2018.

Ao atingir as condições especificadas na cura do sal, o produto, sal grosso, pode ser
direcionado ao transporte marítimo, através do carregamento de barcaças, ou mesmo
transporte terrestre, através do carregamento de caminhões. O sal grosso armazenado pode
ainda ser moído, onde é carregado por caminhões caçamba até o armazém da Salina e
depositado em um foço cujo é acessado por quatro elevadores helicoidais com capacidade de
80 t/h, responsáveis por levar o grosso a cada um dos moinhos do tipo martelo.
É ainda na moagem que ocorre a adição de iodato de potássio (KIO3) e ferrocianeto
por gotejamento. No intervalo de 30 minutos o laboratorista é responsável pela coleta do sal
para análise e verificação do produto, atendendo uma concentração de iodato mínima de 15
ppm e máxima de 45 ppm, como estabelece a NBR 10888/1989 RDC n° 23 vigente em 24 de
abril de 2013 Art.5° (BRASIL, 2013), e o ferrocianeto entre 5 e 10 ppm de acordo com a INS
535. Ocorrendo de os aditivos não estarem dentro das especificações, o laboratorista altera as
vazões dos mesmo de imediato. É possível observar o processo produtivo da empresa por
meio da Figura 09.
20

Figura 9: Fluxograma do processo produtivo na salina

Fonte: Autoria própria, 2018.

2.4.2 A Salinor e o meio ambiente

As riquezas naturais dos manguezais tornam a região um verdadeiro “berçário


natural”. Por isso, a Salinor se preocupa em criar ações e estratégias para que o mangue
presente ao redor de suas salinas cresça e ocupe novas áreas de marés.
Através de um trabalho, realizado pelos biólogos da Salinor, é feito um monitoramento
constante a fim de impedir qualquer influência da região de maior salinidade na área de
mangue, possibilitando áreas para plantações de mudas. Desta forma, o manguezal é
revigorado, mantendo o equilíbrio do meio-ambiente, que significa água mais pura para a
produção de sal.
A produção de sal é um ciclo sustentável, que começa preservando o meio ambiente,
resultando no equilíbrio do mangue e o continuo suprimento de alimentos para a comunidade.
Também fazem deste ciclo a utilização de tecnologias como o uso de energia solar para
evaporação da água e o uso do vento para reduzir a saturação e melhorar a evaporação.
São realizados alguns projetos pela empresa, tais quais:
21

• Projeto de recuperação do manguezal no estuário do Rio Apodi/Mossoró realizando o


plantio de mudas de mangue plantadas nas áreas de danificação do mangue.
• Projeto margem viva atuando no replantio de vegetação local da cidade de Mossoró
em virtude da área explorada pela salina.
• Curso de educação ambiental o qual capacita recém funcionários quanto a educação e
política ambiental implantada pela empresa.
• Licenciamento ambiental garantindo que a empresa siga à risca as condicionantes do
Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte,
como a descarga de salmouras no Rio Mossoró na maré vazante por apenas 5 horas
diárias; encaminhamento de relatórios semestrais constando os laudos das análises das
águas na área de captação, drenagem das salmouras e lavagens do sal provando o
cumprimento dos teores estabelecidos (Anexo B).

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades foram realizadas no laboratório da empresa, no qual são desenvolvidas


análises físico-químicas e controle de qualidade, onde ocorre o acompanhamento desde a
matéria-prima necessária, águas de captação, até o produto final, sal de boa qualidade.

3.1 Análises físico-químicas

Foram feitas análises físico-químicas em diversos pontos do processo como por


exemplo: na captação do Rio Apodi/Mossoró; de abastecimento, reabastecimento e drenagem
dos cristalizadores; e colheita: lavadores e esteiras de aço e do sal.
Quando se trata da salmora são realizadas as seguintes analises físico-química:massa
especifica; pH; Teor de cálcio; Teor de magnésio; Teor de cloro. Já no sal temos as seguintes
analises: umidade; teor de cálcio; teor de magnésio; teor de iodo; granulometria.
22

3.1.1 Determinação da umidade

O sal comum precisa possuir o valor máximo de umidade de 3%, segunda a NBR
10.888:1989 (Norma da Associação Brasileira de Normas técnicas - ABNT), este controle é
determinado através do equipamento determinador de umidade QUIMIS Q533M. A umidade
é um parâmetro importante na avaliação da qualidade do sal, especialmente por ser um dos
requisitos exigidos por muitos clientes.

3.1.2 Determinação de cálcio e magnésio

Quanto menor a quantidade de cálcio e magnésio, maior será a qualidade do sal. No


laboratório são feitos analises e os teores de cálcio e magnésio, comumente são
proporcionados na forma de cloretos e sulfatos, a analise deles são de grande importância para
determinar o grau de pureza das amostras. O procedimento para análise do cálcio e magnésio
na empresa Salinor segue a mesma sequência.

3.1.2.1 Processo inicial para ambas as analises

Tritura-se o sal em um moinho triturador de bancada. Em seguida pesa-se,


precisamente, 25g da amostra e a transfere para um béquer de 200 mL, preenchendo-o com
água destilada e expondo-o a uma agitação magnética. Após total diluição, transfere-se a
solução para um balão volumétrico de fundo chato de 250 mL, aferindo-se o menisco do
balão mais uma vez com água destilada. Para determinação tanto do cálcio quanto do
magnésio faz-se uso da titulação com EDTA (etilenodiaminotetracético) na presença de pH
alto para que o magnésio possa precipitar na forma de hidróxido, sem interferência no
resultado de teor de cálcio.

Metodologia para determinação do teor de cálcio:


Em um erlenmeyer de 250 mL acrescenta-se 10 mL da solução junto a 25 mL de água
destilada. Em seguida adiciona-se 5 mL de hidróxido de sódio 20%, posteriormente
acrescenta uma pitada de indicador ácido calcon carboxílico é acrescentada, tornando a
23

mistura com um tom rosado. Por fim, titula-se a mistura gota a gota com EDTA 0,01M
obtendo-se a viragem para cor azul. O percentual de cálcio é obtido por meio da Equação 1.

𝑉𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝐸𝐷𝑇𝐴(𝐶𝑎) 𝑥𝑀𝐸𝐷𝑇𝐴 𝑥𝑓𝐸𝐷𝑇𝐴 𝑥𝑚𝑒𝐶𝑎2+ 𝑥100


% 𝐶𝑎 = 𝑉𝑎 (1)
𝑀𝑎𝑥
𝑉

Sendo:
VgastoEDTA(Ca)= volume (mL) gasto de EDTA na titulação para o cálcio
MEDTA = molaridade do EDTA (0,01 M)
fEDTA = fator de correção da solução do EDTA
meCa2+ = miliequivalente grama do cálcio (0,04008 g)
Ma = massa da amostra (25g)
Va = volume da alíquota usada (10ml)
V = volume total da adição (250ml)

De maneira análoga ao cálculo da determinação do cálcio, a determinação do teor de


magnésio também utilização a titulação com EDTA 0,01.
Assim como na determinação do cálcio, acrescenta-se 10 mL de solução em um
erlenmeyerjunto a 25 mL de água destilada. Com isto é feita a adição de 10 mL de solução
tampão de cloreto de amônio com hidróxido de amônio, pH 10. Posteriormente acrescenta
uma pitada de indicador negro de eriocromo T, conferindo uma tonalidade rosada.Realiza-se a
titulação até o ponto de viragem atingindo uma nova coloração azulada.O cálculo da
percentagem de magnésio é dado pela Equação2.

(𝑉𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝐸𝐷𝑇𝐴(𝐶𝑎+𝑀𝑔) −𝑉𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝐸𝐷𝑇𝐴(𝐶𝑎) )𝑥𝑀𝐸𝐷𝑇𝐴 𝑥𝑓𝐸𝐷𝑇𝐴 𝑥𝑚𝑒𝑀𝑔2+ 𝑥100


% 𝑀𝑔 = 𝑉𝑎 (2)
𝑀𝑎𝑥
𝑉

Sendo:
VgastoEDTA (Ca+Mg)= volume (ml) gasto de EDTA na titulação para o cálcio+magnésio
VgastoEDTA (Ca)= volume (ml) gasto de EDTA na titulação para o cálcio
MEDTA = molaridade do EDTA (0,01 M)
fEDTA = fator de correção da solução do EDTA
meMg2+ = miliequivalente grama do magnésio (0,02432 g)
Ma = massa da amostra (25g)
Va = volume da alíquota usada (10ml)
24

V = volume total da adição (250ml)

As amostras de sal preparadas para serem tituladas (coloração rosa) e pós titulação
(coloração azul) são ilustradas na Figura 10.

Figura 10: Amostras de sal a serem tituladas (rosa) e já tituladas (azul)

Fonte: Autoria Própria, 2018.

3.1.3 Determinação do iodo

Para o consumo humano é necessário acrescentar uma pequena quantidade de Iodo,


conforme indica a LEI Nº 6150 de 03/12/1974.
A Lei 1944 de 14/08/1953 foi a primeira a se referir à adição de Iodo ao sal, em
seguida, foi criada a Lei 6150 de 03/12/1974, que obrigava o beneficiador do sal a adicionar
no mínimo 10 mg de iodo metaloide por quilo de sal (ANVISA – Agência Nacional de
Vigilância Sanitária). Atualmente, a regulamentação vigente estabelece que o sal apropriado
ao consumo deva conter de 20 a 60 mg de Iodo por quilograma do produto - Resolução RDC
n.º 130, de 26 de maio de 2003 (ANVISA, 2016).
O sal moído e triturado no armazém da empresa recebe esta dosagem mesmo que o sal
produzido na Salina Francisco Menescal não seja especificamente para uso humano, mas em
grande parte para alimentação animal, podendo se chegar de forma indireta ao organismo do
homem. Dessa forma, o iodo é adicionado na forma de iodato de potássio (KIO3) reagindo em
presença de iodeto de potássio (KI) em meio ácido, liberando uma quantidade de equivalente
de iodo, titulado com tiossulfato de sódio e solução de amido como indicador.
O procedimento utilizado para a determinação do iodo segue os seguintes passos:
Primeiramente pesa-se 10g de sal em um béquer de 100 mL, em seguida com auxílio
de 200 mL de água destilada, transfere-se para um erlenmeyer de 500 mL e agita-se até total
25

dissolução. Com isto é feita a adição de 5 mL de ácido sulfúrico 1 N; em seguida acrescenta-


se 1 mL de solução de iodeto de potássio 10%, apresentando-se uma coloração castanho-
amarelo, caso não se obtenha a tonalidade desejada conclui-se que não há iodo na amostra.
Posteriormente adiciona-se 2 mL de amido 1%, chegando a uma tonalidade azulada. Por fim,
inicia-se a titulação do iodo liberado com a solução de tiossulfato de sódio 0,005 N, até o
ponto de viragem incolor. Por meio da Equação 3 determina-se o cálculo do teor de iodo.

𝑚𝑔𝑖𝑜𝑑𝑜 𝑉𝑥𝑓𝑥105,8
= (3)
𝐾𝑔𝑑𝑒𝑆𝑎𝑙 𝑚

Sendo:
V = volume (ml) de tiossulfato gasto na titulação
f = fator de correção da solução de tiossulfato de sódio 0,005 N
m = massa da amostra (10 g)

3.1.4 Teste Granulométrico

Quanto as suas características granulométricas, o sal comum possui quatro


classificações: grosso, peneirado, triturado e moído. São utilizadas peneiras de aço para
realização dos ensaios das análises dos grãos, diferindo quanto ao diâmetro dos furos. Os
tipos de peneiras diferem quanto ao tipo de sal a ser analisado, para o sal grosso conta-se com
8 peneiras com respectivos diâmetros ilustrados na (Figura 11). Em face disso, a legislação
dita especificações quanto ao tipo de sal a serem seguidas, de acordo com a Tabela 01.
26

Figura 11: Peneiras com respectivos diâmetros

Fonte: Autoria Própria, 2018.

Tabela 01: Referências granulométricas do sal comum.


Tipo de sal Granulometria
Grosso Sem especificações

Peneirado Retenção máxima de 5% na peneira nº 4 (4,76 mm)

Triturado Retenção máxima de 5% na peneira nº 7 (2,83 mm)

Moído Retenção máxima de 5% na peneira nº 18 (1,00 mm)

Fonte: Brasil, 2018.

A preparação para obter-se o resultado granulométrico do sal em cada uma de suas


classificações é a mesma, diferencia-se apenas quanto a ordem de cada peneira a ser utilizada.
São feitas as análises de todos os sais, inclusive o grosso, apesar de não existir especificações,
a análise é realizada para conferir um padrão ao produto comercializado (Figura 12).
27

Figura 12: Ensaio granulométrico com peneiras

Fonte: Autoria própria, 2018.

O procedimento consiste em pesar inicialmente 200g de sal e expô-lo por cerca de 1


hora a temperatura em torno de 150°C, para secagem. Em seguida, as amostras são
direcionadas a sequência de peneiras própria para cada classificação, e com auxílio da balança
analítica são feitas as pesagens da massa de sal retido em cada peneira, necessárias para o
cálculo do percentual de retenção efetuado pela Equação 4.

𝑚𝑎−𝑚𝑝
% de cada peneira = (4)
𝑚𝑡

Sendo:
ma = massa de cada peneira pesada com a amostra
mp = massa de tara da peneira
mt = massa da amostra pesada

3.2 Análises físico-químicas das salmouras

É de suma importância, além do monitoramento e acompanhamento do sal, também


das salmouras, estas incluem as águas de captação do Rio Apodi/Mossoró, salmouras dos
cristalizadores, e salmouras dos lavadores da colheita, além das águas descartadas no Rio.
28

Essas análises são realizadas objetivando um controle da produção e cumprimento das


especificações quanto a legislação vigente.

3.2.1 Determinação da massa específica

O procedimento é realizado em virtude do controle que deve existir para acompanhar


o grau com o qual cada salmoura apresenta, atendendo ou não o parâmetro de concentração
necessário para entrada das águas nos evaporadores, a sequências para os concentradores,
cristalizadores e, por conseguinte o descarte da salmoura para colheita do sal. A leitura da
massa especifica é feito por meio de um densímetro.

3.2.2 Determinação do pH

É feita a retirada de 80 mL de salmoura e inserida em um béquer para análise do pH


com auxílio de um pHmetro de bancada, deixando-a em contato com o bulbo do medidor e o
termopar, levado um intervalo de 5 minutos, obtêm-se o resultado do pH, mV e temperatura
que a salmoura apresenta.

3.2.3 Determinação de cálcio, magnésio e cloro

A determinação de teor de cálcio, magnésio e cloro são feitas a partir da mesma


amostra, de forma que para os três há uma mesma solução mãe a ser utilizada.
Essa solução é preparada da seguinte forma: Pipeta-se 25 mL de salmoura,
transferindo-a para um balão volumétrico de fundo chato de 250 mL, lavando a pipeta
utilizada com água destilada, em seguida Afere-se o menisco do balão com água destilada e o
agita atingindo uma solução homogênea.
O experimento para análise de determinação dos teores de cálcio e magnésio das
salmouras é semelhante ao do sal, diferencia-se apenas nas proporções utilizadas de solução e
água destilada.
Para o procedimento, adiciona-se uma alíquota de 10 mL de solução em um
erlenmeyer de 250 mL, em seguida insere-se 50 mL de água destilado e 5 mL do reagente
29

hidróxido de sódio 20%, com uma pitada de indicador ácido calcon carboxílico chegando a
uma coloração rosada. Com isto titula-se a mistura com EDTA 0,01 M até o ponto de
viragem, coloração azulada. É possível calcular a percentagem do teor de cálcio por meio da
equação 5.

𝐶𝑎2+ (𝑔/𝐿) = 𝑉𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝐸𝐷𝑇𝐴 (𝐶𝑎) 𝑥𝑓𝐸𝐷𝑇𝐴 𝑥 0,4008 (5)

Sendo:
VgastoEDTA (Ca) = volume (ml) gasto de EDTA na titulação para o cálcio
fEDTA = fator de correção da solução de EDTA

3.2.3.1 Procedimento para determinação de magnésio

Em um erlenmeyer de 250 mL coloca-se uma alíquota de 1 mL de solução junto de 25


mL de água destilada. Em seguida adiciona-se 10 mL de solução tampão de cloreto de amônio
com hidróxido de amônio de pH 10. A pitada do indicador negro de eriocromo T conferirá um
tom rosado a solução. Por fim titula-se com EDTA 0,01 M até viragem para cor azul.O
percentual de magnésio é calculado pela Equação 6.

𝑀𝑔2+ = (𝑉𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝐸𝐷𝑇𝐴(𝐶𝑎+𝑀𝑔) − 𝑉𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝐸𝐷𝑇𝐴(𝐶𝑎) 𝑥𝑓𝐸𝐷𝑇𝐴 𝑥0,2432 (6)

Sendo:
VgastoEDTA (Ca+Mg) = volume (ml) gasto de EDTA na titulação para o cálcio + magnésio
VgastoEDTA (Ca) = volume (ml) gasto de EDTA na titulação para o cálcio
MEDTA = molaridade do EDTA (0,01 M)
fEDTA = fator de correção da solução do EDTA

O método de Mohr é utilizado na determinação do cloreto, o qual possibilita que após


ocorrer a reação entre todos os íons de cloro com titulante nitrato de prata (AgNO3) e
formando cloreto de prata na presença do indicador cromato de potássio (K2CrO4), provocará
a precipitação do cromato de prata.
30

3.2.3.2 Processo para determinação de cloretos

Uma alíquota de 5 mL de solução mãe é inserida em um erlenmeyer de 250 mL, Junta-


se 50 mL de água destilada e 1 mL de nitrato de cromato de potássio 5%. Em seguida a
mistura é titulada até virar do tom amarelado para alaranjado cor de tijolo, como pode ser
observado na figura 13.
O cálculo do teor de cloreto é dado pela equação 7.

𝐶𝑙(𝑔/𝐿) = 𝑉𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝐴𝑔𝑁𝑂3 𝑥𝑓𝐴𝑔𝑁𝑂3 𝑥7,09 (7)

Sendo:
Vgasto AgNO3= volume de nitrato de prata gasto na titulação (ml)
fAgNO3 = fator de correção da solução de nitrato de prata 0,1 N

Figura 13: Titulação para a determinação de cloretos

Fonte: Autoria própria, 2018.


31

4. SUGESTÕES PARA MELHORIA DO PROCESSO

As analises e controle de qualidade feitas no laboratório são bastante simples e


apresenta bons resultados. Porém, algumas falhas podem ser observadas, como a falta de um
descarte adequado para os resíduos químicos provenientes das analises. Sendo que os
laboratórios não podem ignorar a questão dos resíduos que geram, pois o gerenciamento de
resíduos é um dever para com a sociedade.

De acordo com a resolução 358 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, o


CONAMA, os resíduos químicos podem ser entendidos como sendo toda a substância ou
material que não for submetido a um processo de reciclagem ou de reutilização e que
contenha características explícitas de periculosidade, de acordo com sua composição
(CONAMA nº 358, 2005).

O maior risco destes resíduos é a contaminação de águas subterrâneas, com isto estes
resíduos químicos são, de fato, um grande risco tanto para a saúde publica quanto ao meio
ambiente, uma vez que possuem propriedades como toxicidade, inflamabilidade e
corrosividade. No qual podem causar grandes danos. No caso, foi sugerido que, para o
correto descarte de quaisquer resíduos químicos, deve-se separá-los e identificá-los
adequadamente, de acordo com suas características. Fazendo-se assim um inventário com a
caracterização e classificação dos Resíduos, para o seu descarte deve ser contratada uma
empresa especializada no descarte de resíduos químicos.
32

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando-se o impacto do consumo do sal sobre a saúde pública, é extremamente


importante monitorar periodicamente a qualidade do sal de cozinha disponível para a
população. A legislação que aprova os padrões de identidade e qualidade do sal estabelece
alguns ensaios destinados a comprovar o atendimento a critérios mínimos de qualidade. Além
da verificação do teor de umidade, são realizados outros 04 ensaios para determinar a
concentração de impurezas no sal: teor de Resíduos Insolúveis, de Cálcio, de Magnésio e de
Sulfato. Essas impurezas cristalizam com o sal durante o processo de fabricação, mas existem
limites máximos para cada uma na legislação, cujos valores dependem do tipo do sal. Além
disso, determina-se o teor de Cloreto de Sódio, com a finalidade de avaliar o grau de pureza
do sal. Quanto maior for esse valor, mais puro é o sal.
Pode-se notar que para a produção do sal marinho por meio da evaporação solar, é um
pouco complexa no que se diz respeito seu processo, pois grande parte dele ocorre de forma
natural, dependendo do clima e tempo. Mas é de extrema importância e exige rigor quanto a
sua operação industrial, principalmente quando se trata de uma empresa séria e
comprometida, como a Salinor em fornecer a seus clientes um produto de alto padrão de
qualidade, fazendo um acompanhamento desde a matéria-prima, isto é, águas de captação, até
análises do produto final.
Ao estabelecer um contato direto entre a teoria vista dentro da faculdade e a pratica do
estágio, foi possível correlacionar as dimensões calculadas no papel ao projetá-las em
dimensionamentos reais, do quão importante é conseguir relacionar conhecimento acadêmico
com experiência prática, pois a união dos dois possibilita a tomada de decisões mais precisas,
rápidas e eficazes. Ao decorrer do estágio pode-se identificar alguns aprendizados adquiridos
durante o curso dentre os quais podem ser citadas as disciplinas de Operações Unitárias I e II
observadas na área da moagem, pois é o local onde ocorre o beneficiamento do sal. As
práticas visualizadas foram as de operação da peneira, dos moinhos diminuindo a
granulometria do sal. No qual também pode ser observado os processos de evaporação,
cristalização e decantação na produção do sal. Podendo também ser colocados em pratica o
conhecimentos obtidos na disciplina de Instrumentação e Controle, no que diz respeito ao
controle das vazões de soluções de iodo.
33

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Deborah Cordeiro de. Determinação das propriedades físico-químicas na


obtenção e processamento de sal do tipo: peneirado, grosso, triturado, moído e extrafino.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN. Natal, RN, 2015.

ANVISA. Identidade e Qualidade para o sal destinado ao consumo humano Disponível:


Decreto nº 75697, de 06 de maio de 1975. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/1e2de70047457a74871
ad73fbc4c6735/DECRETO_75697_1975.pdf?MOD=AJPERES>, acesso em: 12 dez. 2017.

BRASIL, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Ministério da saúde


Resolução nº 23, de 24 de abril de 2013. Dispõe sobre o teor de iodo no sal destinado ao
consumo humano e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 22 abr. 2013. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/rdc0023_24_04_2013.pdf/aa23b2bd-
e1a1-40ee-88dc-f90c1c76ee22>. Acesso em: 25 de jan. 2018.

CÂMARA, Carlos Alberto Leopoldo da. Produção de Sal por Evaporação Solar.
Operação e Dimensionamento de Salinas. 1. ed. 1999. 219p.

COHEN-ADAD, R. et al. Sea water solubility phase diagram. Application to an extractive


process. Pure and applied chemistry, 74, p.1811-1821, 2002.

CONAMA, Conselho Nacional de Meio Ambiente. RESOLUÇÃO CONAMA nº 358, de 29


de abril de 2005. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=462> Acessado em: 12 fev.
2018.

GOMES, Abílio Soares; CLAVICO, Etiene. Propriedades Físico-Químicas da Água.


Niterói: UFF, 2005. Disponível em: <http://www.uff.br/ecosed/PropriedadesH2O.pdf>,
acesso em: 25 de jan. 2018.
34

MARCIANO, Dantas. A Produção Salineira No Rio Grande Do Norte. 2013. Disponível


em: <http://professormarcianodantas.blogspot.com.br/2013/08/a-producao-salineira-no-rio-
grande-do.html >. Acesso em: 11 de jan. 2018.

PAIVA FILHO, F. C. Uma análise da dualidade do mercado produtor salineiro do Rio


Grande do Norte. Natal: UFRN, 1987.

SALINOR. Disponível em: <http://www.salinor.com.br/htdocs/salt_production.html>. Acesso


em: 21 de jan. 2018.

SILVA COSTA, Diógenes Félix et al. Evolução histórica da atividade salineira no estado
do Rio Grande do Norte (Brasil). Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-
45132013000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>, acesso em: 05 de jan. 2018.

SILVA, Moisés Batista. A termologia do sal no RN: uma abordagem socioterminológica.


Universidade Federal do Ceará – UFC, Fortaleza – CE, 2007.

SILVA, S. L. P. Uma Análise da Indústria Salineira do Rio Grande do Norte Baseada no


Modelo de Estratégia Competitiva de Porter. Florianópolis, SC: [s.n.], 2001.
Originalmente apresentada como dissertação de mestrado, Universidade Federal de Santa
Catarina, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, 2001.

SKINNER, B. J. O homem e o oceano. São Paulo: E. Blucher, 1977.

USP. Mares. Disponível em: <http://www.mares.io.usp.br/iof201/c6b.html>, acesso em: 25


de jan. 2018.

VOIGT, W. Solubility equilibria in multicomponent oceanic salt systems from t=0 to 200°C.
Model parameterization and databases. Pure and Applied Chemistry, n.73, p. 831-844,
2001.
35

ANEXO A
36

ANEXO B

Você também pode gostar