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o COLEÇÃO

PORTUGUÊS NA PRÁTICA

Claudio Cezar Henriques

Sintaxe
Estudos descritivos da frase para o texto

o
Ea E

ELSEVIER CAMPUS
& 2008 Elsevier Editora Lida

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H449s Henriques Claudio Cezar, 1951


Sintaxe estudos descntivos da frase para 0 texto ! Claudio
Cezar Henriques - Rio de Janeiro Elsevier 2008
1! — (Porluguês na prática)

Apêndice
Inclui bibliografia
ISBN 978 85-352-2673 7

1 Lingua portuguesa Sintaxe | Titulo || Sene

07-4396 CDD 4695


CDU 811 134 3367
Sumário

Apresentação... esa eesorasa pencsape tensao to araraness parasse anacose neta ass xi
Prefácios ni Econ Ea EG EE eremavio EN CERTO Cilltca SOMA CEGA GENO CETÃO Xv

PARTE
Morfossintaxe
Brevissima Introdução «sus ==zasusasisorsiss
IE IGT Ussa saias 3

PARTE
Estrutura da Oração
Adequação Sintática & Adequação Semântica ..........ccccciicccrtcis 17

Predicação Veibal ;- sssssssusacis


cris DISSER 21
ta

Sujeito, Predicado & Predicativo .........ccccccciiciiicicirteiicerer 27


sab

1 TIPOSdES UJS soacssemazaarãos araacanisasesases aleMiaSO MBB RN IIMONDIIAMEaRO dnoeaceça 27


3 2 Tipos de Predicado (nominal, verbal e verbo-nominal) . . 3 5 37
3.3. Tipos de Predicativo (do sujeito, do objeto...) . De aa rara 38

4 Objeto Direto & Objeto Indireto...........cciccccccccirisicceeeccrtees 43


4.1. Regênciadealguns verbos .. cs... DER 46
4.2. Função sintática dos pronomes obliguos como complementos verbais ..... 52
43 Outras funções dos pronomes obliquos . . |. ua e mais - .B4
4.4. Colocação dos pronomes átonos . . . é BE ora
4.5 Função sintática dos pronomesrelativos. ....ic e cicisererereao .61
4.6. Função sintatica dos pronomes interrogativos mom ss 62
4.7. Outras particularidades no emprego de preposições. ..... «ici 63
Agente da Passiva.........ccccererercerererra
rare ra aa asa sara raara 71

E Complemento Nominal & Adjunto Adnominal..........ccicicicicciica 73


6 1.Complemento Nominal : 5 a sea epa taaDcat dretcavesam 73
6.2. Adjunto Adnominal., .......cisicsscsiaa Ce . 74

Adjunto Adverbial usinas


ss do ER RD 77

1]
+ Aposto (& VOCAVO) sussa
assa rosa encare snaenac ron 81
BT ADOSIO as em susemsees
mem amommragos ndo 63 e e pg ; ; 81
8.2. Vocativo ....... E omni BI A ESEC SN SONATENAT AS SU Tap 83

Palavras Denolativas susana


cercas narrar 85
8

PARS HI
Estrutura do Período

Período Simples & Periodo Composto ...........iciiiiciiccciesicreo 97

Coordenação & Subórdinação: .. assess


secs erreseer eretas 99
2.1. Orações Coordenadas ......ccciciaee raras Cc «100

O
O é,
2.2. Orações Intercaladas : ; E renNeRDs
MG E MaSTCROS 106

Po
2.3. Orações Subordinadas. . o . . o . 108

e
2:4. Orações Reduzidas x: ua suas ednmalg E pal EMANA pg Digo :... 140

Combinações de Estruturas Oracionais ..............ccciiccccisiiaroo 153


Ad

DATAS O LEON 159


Ea

4 1 Relações de contraste
e de justaposição .. ......... ce + 160
4.2. Relações de causa, efeito e fim (reais e hipotéticas). ......ccciisiciiis 162
43 Relações detempo .....iicii. cics Vo Ce 166
4.4. Relações entre lexico, semântica e sintaxe . . cc cccciciicciirierrrcrs 168
7

Palavras: FINAIS. sou remsaessssasaçie gra é Croata 181


ES
qu

ALI
Fauiiici Exame Nacional de Cursos - Letras ...........c.c... 183
o

Indice dos CoOmentdnids spp Te qu Deus cns cesuaaas 205


ea

Índice Onomástico .......cciccsiesere


aerea arise rr 207
Pres

Referências Bibliográficas ........cciccccisiicereseresira


eee 209
a
O
oO
Parte |

Morfossintaxe
Brevíssima
Introdução

D ependendo dos objetivos e dos métodos adotados na explicação dos fatos da lingua,
as classes gramaticais e as funções sintáticas podem ser estudadas em separado (res-
»ectivamente, pela Morfologia e pela Sintaxe), embora na teoria e na prática se encontrem
«m muitos pontos.
“A distinção entre morfologia e sintaxe tem sido muitas vezes criticada tanto de um
ponto de vista didático quanto teórico.” Assim começa o artigo “Morfologia c Sintaxe”, de
Joaquim Mattoso Câmara Jr., em Dispersos (Rio de Janeiro: Lucerna, 2004, p. 57-61 —a 1º
edição, pela Fundação Getúlio Vargas, é de 1972). Sua argumentação, no entanto, justifica
4 procedência da distinção entre ambas, pois a unidade de cada uma prevalece por conta
de suas relações, respectivamente, associativa (paradigmática) e sintagmática. Também ].
Herculano de Carvalho, em Teoria da Linguagem (Cormbra, Atlântida, 1974, tomo HH, p.
377-81), explica a “delimitação dos objetos destas duas disciplinas”. Louis Hjelmslev, em
artigo de 1939 (“A Noção de Recção”, p. 162), já comentava que, “malgrado todos os es-
torços, nunca se conseguiu separar completamente a morfologia e a sintaxe”. Talvez por
1550, T. Givón, no Prefacio de seu livro Syntax, fale em estruturas morfossintáticas concre-
tas e suas correlações semânticas e pragmáticas.
Nesta brevíssima introdução, procuramos esboçar os valores associativos (mortoló-
gicos) inseridos em enunciações hneares (sintáticas). Por isso, o objetivo aqui não é discu-
ur nem expor teorias a respeito das classes giamaticais, nem é defender as vantagens de
uma abordagem abrangente desses conteúdos gramaticais. Tal procedimento caberia me-
lhor num estudo especifico sobre o assunto Aqui, vamos tratar do vinculo — ainda que di-
datico ou terminológico — existente entre a Morfologia e a Sintaxe, sem pormenorizar
agora cada uma das questões envolvendo as classes e as funções, recordando de início, ob-
ietivamente, o rol existente na Nomenclatura Gramatical Brasileira a respeito de ambas.
No quadro das classes, indicamos seus traços flexionais; no quadro das funções, indica-
mos seus mecanismos sintáticos e semânticos
4 SINTAXE

| CLASSES GRAMATICAIS (10)


Po verbo variável
, substantivo variavel”
| o o adjetivo o variável*
! pronome variável*
advérbio nvariável** à
Po
Eon o nani
numeral nn
Vo
duni n
variavel
nin union
, artigo variavel
| conjunção À invariável
Po preposição Po mvarável |
ça E secoemsssame pera peça
* Excepcionalmente, substantivos (lápis, tórax), adjetivos (simples), pronomes (eu, tudo, quem) e
numerais (trés) tambem podem ser mvariaveis
** Excepuonalmente, adverbios (todo, meio) podem se flexsonar por atração !

cm q; 8) Cu,
a mm (DU 1 a 8 SR sia NC SA A A, ida q. A A, A ie 1

| sujeito | por concordância


' predicado Vo
* predicativo "por atribuição qualificativa e, eventualmente, tambem
' K
: por concordância ou por regência
A . n « 1

objeto direto | por regência


poSScScSss
Es Sl csrscesuuees DS SCE Sie SE ED PRC SNuISSLESLCnes sn cissprsDecee al 11
objeto indireto * por regência 1

!
i E E E
r
agente da passiva r
t por regência
- do céu fa 0 — Saes 2H SO SD DE Cipa usa Us massa = cusesaausassra mr 1

º complemento nominal * por regência 1


PES SE STAS STS SE SS SEI ses SSIS SESI s=EIaSTIS CEVICOSCLITESSICCICIsicssUAssrIcesstena 1
, adjunto adverbial : poi regência e circunstância?”
“adjunto adnominal a por atribuição ou por marcação e, eventualmente, |
: também por concordância ou por regência
aposto i poi equiparação
“(vocativo) -
* O predicado não apresenta um mecanismo sintatico em relação ao sujeito (pode ate ser uma
aglomeração de termos) quem marca essa relação c o verbo, nem sempre nucleo do predicado, embora
seja seu elemento basico,
** Pol 1azões didaticas, aqui chamamos as relações adverbiais de “crrcunstanciais”

“ A flexão abonada do adverbio “meio” é registrada em muitas obras, como por exemplo no Dicionario Aurelio Eletrô-
nico sec XXI(Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000 —a 1º edição do Novo Dicionario Aurelio da I ingua Portuguesa e de
1975), que apresenta a segumte observação (grifos nossos) “Ha muitos exemplos, no portugués antigo como no mo-
demo, desse adverbio Hesionado (caso de concordânuia por atração) a cabeça do Rubrao meia inclinada (M de Assis,
Quancas Borba), casou meia defunta (M de Assis, Vartas Historias), a mesma mulher, sempre nua ou meia despida (E
de Queiros, A Cidude e as Serras), Uns caem meios mortos e outros vão / À ajuda convocando do Alcorão (L de Ca
mões, Os Frsiadas, LI, 50), cinzeiros com cigarros meios fumados” José Regio, Historras de Milheres)
Brevissima Introdução 5

Interyeição e Vocativo não des Eco parte desses quadros. Seria mais interessante e pro-
dutivo estuda-los num capitulo que tratasse das funções da inguagem A interjeição esta vin-
culada a 1º pessoa do discurso (fuhição emotiva ou expressiva), o vocativo, à 2! (função cona-
tiva)

COMENTÁRIO DIDÁTICO E ESTILÍSTICO SOBRE O EMPREGO


DO ADJETIVO E SOBRE A ADJETIVAÇÃO DO SUBSTANTIVO
E A SUBSTANTIVAÇÃO DO ADJETIVO: 1

Encontrar o adjetivo preciso e coloca-lo adequadamente junto ao substantivo


que quahfica e sempre uma operação artística. Com razão dizia O poeta Vicente
Huidobro: o adjetivo, quando não da vida, mata,
(Celso Cunha)?

a) O adjetivo so pode desempenhar uma de duas funções sintaticas: predicativo ou adjunto


adnonunal Todavia, pode-se justificar a associação de um adjetivo a um substantivo que não |
e, logicamente, o seu determinado. Tal recurso estilistico, quando empregado com expressi- |
vidade, tem o nome de hipálage. Observemos como, no exemplo abaixo, o adjetivo pasma-
dos, logicamente referido a pessoa que abriu os braços, transfere sua concordância para O
substantivo braços, em virtude da contguidade semântica entre os seus determinados logico
e sntáéuico

Fxemplo:
— L ra o amigo do chapéu de palha. abriu grandes braços pasmados. (Eça de Queirós)

b) As expressões formadas de substantivo + adjcuvo podem ter expressiva variação


esulistica:

Exemplos:
— o gol genial > a genialidade do gol; o pedido sutil > a sutileza do pedido;
o sol vermelho > o vermelho do sol, o cabelo emaranhado > o emaranhado do
cabelo.

«) Substantivar um adjetivo (Os pobres serão bem vindos) ou adjetvar um substantivo (Te-
nho uma vizinha jararaca, Não gostes daquele sorriso meio canalha que ele deu) são proces-
sos comuns na lingua portuguesa No entanto, apesar das tradiconais definições dessas |

ttarmaticado Português Contemporaneo (Belo Horizonte Bernardo Álvares, 1970- ted ),p 187 A esse res-
«to e oportuno consultar tambem os itens “Valor estilistico do adjetivo”, “Colocação do adjetivo adjunta
«oominal” Colocação do epiteto retorico” e “Outras formas de realce do adjetivo "em Celso Cunha T ind-
+ Cintra, Nova Gramatica do Portugues Contemporaneo (Rio de Janeiro Nova Fronteira, 2001 - a Iº edição e
1985) p 265-9
6 SINTAXE

.
" duas classes”, às vezes a distinção entre elas é pouco marcada Poderá ser preciso combinar os este

criterios funcional e semântico para esclarecer a questão, especialmente nos casos em que há | fia:
: dois vocábulos dessa natureza presentes num mesmo sintagma”. Devem ser considerados TOC
antes disso os seguintes fatos: *
—o adjetivo se posiciona naturalmente depois do substantivo, sendo imusual à antecipa-
, ção de adjetivos puramente descritivos relógio digital / digital relógio (?), caneta azul /
azul caneta (2).

— a eventual antecipação do adjetivo tem sempre uma causa subjetiva, acarretando alteração
semântica e/ou estilistica: executivo alto / alto executivo; palavras belas / belas palavras.
Embora identificar o núcleo do simtagma seja identificar o substantivo, é preciso reconhecer
a possibilidade de haver mais de um entendimento, nem sempre esclarecido pelo contexto e
sujeito as sutilezas da linguagem figurada.
Exemplos:
(1) Meu primo e apenas um honesto técnico.
[e tão aceitável entender técnico como núcleo e honesto como adjunto, quanto considerar
que honesto é o nucleo e técnico o adjunto.)
Ou seja: O primo é um tecmco que age com honestidade ou uma pessoa tecnicamente
honesta?

(2) Quando ante Deus vos mostrardes, / Tereis um livro na mão: / O livro — esse audaz
guerreiro / Que conquista o mundo inteiro / Sem nunca ter Waterloo.. (Castro Alves.
“O Livro ea America”)
[e tão aceitável entender guerreiro como nucleo e audaz como adjunto, quanto considerar
que audaz é o nucleo e guerreiro o adjunto.)
Ou seja: o vro e um guerreiro com audácia ou um audaz que guerreira?

Observemos as frases seguintes e examinemos como o correto entendimento do


enunciado e a classificação das palavras nos campos morfológico e sintático estão vincula-
dos as relações mantidas por elas. Pode o falante não ter consciência dessas relações, mas
seu saber linguístico — anda que instintivo — lhe garantirá a exata compreensão de cada
sentença. Isso só não acontecerá caso aquela determinada estrutura frasal não faça parte
do elenco de estruturas dominadas (mesmo inconscientemente) pelo usuário da lingua. E

“Substantivo: “palavra com que se nomeia um ser ou um objeto (substantivo concreto), uma ação, qualidade,
estado (substantivo abstrato), considerados separados dos seres ou objetos a que pertencem.” Adjetivo “pala-
vra que mochfica o substantivo, indicando qualidade, carater, modo de sei ou estado ” (Dicionario Aurélio)
Na Gramanca Descritiva do Português (São Paulo Ática, 1995 — 1º edição), Mario Perini tenta explicar por que
não aceita “a ideia corrente de que um adjetivo pode ser substantivado, ou vice-versa” (p 323).
* Neste livro, usamos o termo “sintagma” com a mesma acepção defendida por H Bussmann “Seguencia sintática
dotada de estrutura composta por elementos lingúisticos e formada por segmentação de sons, palavras, orações ou
mesmo frascs completas.” (Routledge Dichonary of Language and Linguistics London & New York: 1996, p. 472).
Brevíssima Introdução 7

este é um dos principais motivos de se estudar a Morfossintaxe: descrever as estruturas


trasais simples e complexas do português para conhecê-las, entendê-las e empregá-las
toda vez que a situação comunicativa assim o exigir
A chave para a interpretação funcional da estrutura gramatical e o princípio de que,
em geral, os itens linguísticos são multifuncionais e que em quase todas as instâncias um
constituinte tem mais do que uma função. São palavras de MAK Halliday (An Introduc-
don to Functional Grammar, 1994, p. 30- a 12 edição é de 1985), as quais devemos sempre
relembrar.

FRASE 1: As boas intenções enchem, piedosas, os porões infernais.


Classes
1) As— artigo (relaciona-se por marcação de gênero e número com o substantivo
mtenções”);
2) boas — adjetivo (relaciona-se por atribuição e concordância com o substantivo
intenções”),
3) intenções — substantivo (núcleo do sintagma nomunal “as boas intenções”);
4) enchem — verbo (contém as marcas de modo, tempo, número e pessoa);
5) predosas — adjetivo (relaciona-se por atribuição e concordância com o substantivo
intenções”):
6) os—artigo (relaciona-se por marcação de gênero e número com o substantivo “porões”);
7) porões — substantivo (núcleo do sintagma nominal “os porões infernais”),
8) infernais — adjetivo (relaciona-se por atribuição e concordância com o substantivo
porões” / pode ser substituído pela locução adjetiva [prep.+subst.] “do inferno”, que
crescentaria a relação de regência).

Hrunções
1) As boas intenções -— sujeito (relaciona-se com o verbo “encher”, que com ele concorda);
2) As & boas — adjuntos adnominais (relacionam-se por marcação e por atribuição, res-
“ectivamente, com o substantivo “intenções”, núcleo do mesmo termo),
3) enchem — núcleo do predicado (verbo pessoal - porque tem sujeito —e transitivo direto
- porque tem objeto direto);
+) predosas— predicativo do sujeito, segundo núcleo do predicado (relaciona-se por atri-
“iuicão com o substantivo “intenções”, núcleo de outro termo);
5) os porôdes infernais - objeto direto (relaciona-se por regência com o verbo transitivo di-
“to “encher”);
5) os & infernais — adjuntos adnominais (relacionam-se por marcação e por atribuição,
espectivamente, com o substantivo “porões”, núcleo do mesmo termo).
8 SINTAXE

FRASE 2: Na infância, eu gostava com intensidade de muitas coisas simples.

Classes
(1) Na infância [prep +subst ] — locução adverbial de tempo (relaciona-se por regência e
poi circunstância com o verbo “gostar” / não há um advérbio equivalente que a substitua);
(1a) Em-— preposição (liga o verbo “gostar” a seu complemento circunstancial, “mfância”);
(1b) a—artigo (relaciona-se por marcação de gênero e número com o substantivo “infância”);
(1c) imfância — substantivo (nucleo do sintagma nominal / adverbial “na infância”);
(2) eu — pronome pessoal reto (identificador, no discurso, da “pessoa que fala”);
(3) gostava — verbo (contém as marcas de modo, tempo, número e pessoa);
(4) com intensidade [prep +subst ] — locução adverbial de modo (relaciona-se por re-
gência e circunstância com o verbo “gostar” / pode ser substituída pelo advérbio “nten-
samente”);
(4a) com — preposição (liga o verbo “gostar” a seu complemento circunstancial, “in-
tensidade”);
(4b) intensidade
— substantivo (núcleo do sintagma nominal/adverbial “com intensidade”);
(5) de - preposição (liga o verbo “gostar” a seu complemento, “muntas coisas simples”);
(6) muntas - pronome indefinido (relaciona-se por atribuição não-qualificativa com o
substantivo “coisas”);
(7) coisas — substantivo (nucleo do sintagma nominal “de muitas coisas simples”);
(8) simples — adjetivo (relaciona-se por atribuição com o substantivo “coisas”).

Funções
(1) Na infância — adjunto adverbial de tempo (relaciona-se por regência e por circunstân-
cia com o verbo “gostar”);
(2) eu — sujeito (relaciona-se com o verbo “gostar”, que com ele concorda);
(3) gostava — núcleo do predicado (verbo pessoal — porque tem sujeito — e transitivo indi-
reto — porque tem objeto indireto);
(4) com intensidade — adjunto adverbial de modo (relaciona-se por regência e por circuns-
tância com o verbo “gostar”);
(5) de muitas coisas simples— objeto indireto (relaciona-se por regência com o verbo tran-
sitivo indireto “gostar”),
(6) muitas & simples — adjuntos adnominais (relacionam-se por atribuição com o subs-
tantivo “coisas”, núcleo do mesmo termo).

Conclusão

Embora seja possível reconhecer a classe gramatical fundamental das palavras — indepen-
dente de sua presença em frases, o estudo da morfossintaxe so se concretiza no momento
em que há a construção de um enunciado, isto é, A CONSTRUÇÃO DE UMA FRASE

2 No hvro Prato de Estilítica da Língua Portuguesa (Raio de Janeiro: Padrão, 1976 — I3 edição), de Gladstone
Chaves de Melo, o capitulo “A Arrumação das Palavras” e uma otima leitura em torno da expressividade e da
estilística da frase
Brevissima Introdução 9

Seguem-se algumas indicações bibliograficas oportunas a respeito da morfologia portugue- |


sa: Estrutura da Lingua Portuguesa (Petropohis-RJ: Vozes, 1976-a It edição e de 1970) e“So-
bre a Classificação das Palavras”, ms Dispersos (p. 53-6), ambas de J. Mattoso Câmara Jr.; “A
Palavra e Suas Classes”, in: Idioma nº 21 (Rio de Janeiro, Centro Filologico Clovis Monter- :
ro-UERJ, 2001, p. 6-13 — reedição de artigo publicado em 1980 na revista Letra nº |, UFRJ), |:
de José Carlos de Azeredo, e as duas primeiras partes do meu hvro Morfologia estudos lexicais !
em perspectiva sincrônica (Rio de Janeiro. Campus/Elsevier, 2007). Outras obras recentes,
mais do que apenas discutir os critérios tradicionais de classificação das palavras, têm pro- |
posto revisões e alterações na nomenclatura. Maria Helena de Moura Neves (Gramatica de |
Usos da Lingua Portuguesa. São Paulo: UNESP, 2000 - 12 edição), Evanildo Bechara (Mode: -
Ha Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999 -a 1º edição, da Cia. Ed. Nacional, e !
de 1961), José Carlos de Azeredo (Fundamentos de Gramatica do Português. Rio de Janeiro: |
Zahar, 2000 - 1º edição) e José Lemos Monteiro (Morfologia Portuguesa: Campinas-SP. Pon- :
tes, 2002--a 12 edição é de 1986) entre outros, adotam uma classificação que contraria, emal- |:
guns casos, as denominações clássicas, sobretudo no estudo das conjunções e advérbios |
Essas denominações não chegam a ser novidade nos estudos gramaticais, pois recuperam ter-
mos e explicações que ja haviam sido empregados por estudiosos do início do século passado, |
como José Oiticica, Maximino Maciel e Martinz de Aguiar, para citar alguns.

Observando o relacionamento que as palavras destacadas mantêm com outras palavras da frase,
reconheça sua CLASSE GRAMATICAL.
a) Todos olhavam espantados para mim. (Martins Pena)
todos — espantados — para — mim
b) A imitação da dama tinha afrouxado muito (Machado de Assis)
irritação — da dama — tinha afrouxado — muito
c) O major sucumbira em poucos minutos. (Graciliano Ramos)
major — em minutos — poucos
2) Eo silêncio parrou de novo sobre ambos. (Gonçalves Dias)
silêncio — de novo — sobre ambos
=) A sala da casinha era simples e pequena, mas muito elegante. (Jose de Alencar)
sala — da casinha — simples — e — mas — elegante

Daservando o relacionamento que as palavras destacadas mantêm com outras palavras da frase,
centifique sua FUNÇÃO SINTATICA
E o rei pagou bem o carinho filial com que o Rio de Janeiro o recebeu (Lima Barreto)
o rei — bem — o carinho filial — filial - o Rio de Janeiro — o (ultimo)
= De repente escutou-se um choro horrivel de criança lã dentro (Mário de Andrade)
de repente — um choro horrivel de criança — um — horrível — de criança - lá dentro
No cais de pedra reconstruído ancoravam embarcações de recreio (Jose Lins do Rego)
no-cais de pedra reconstruído — de pedra — reconstruido — embarcações de recreio — de recreio
10 SINTAXE

d) Apavorado, quis confraternizar com o mistério (Origenes Lessa)


apavorado — com o misterio
e) Ontem houve um enterro no hotel (Campos de Carvalho)
ontem — um enterro — no hotel

3 Observando atentamente o relacionamento entre as palavras, transcreva os pares que comprovam


a presença de adjetivos e de adverbios (inclusive sob a forma locucional) nas frases seguintes.
Atenção Por razões didáticas (o assunto será tratado na Estrutura da Oração), não incluímos ca-
sos de advérbios modificadores de declarações inteiras
(Exemplo: Felizmente, todos foram resgatados com vida )
a) Nossos colegas estão muito bem impressionados com sua brilhante atuação
b) Aprecierem demasia aquela firme atitude do sindico durante a última reunião de condominio.
c) A missa de amanhã será celebrada por um padre gaucho de Porto Alegre.
d) Emboratenha mais dinheiro, ela e realmente a menos feliz de todas as pobres criaturas que co-
nheci na vida
e) Ninguem sena tão tolo assim, prezado colega
f Muito ainda teríamos de fazer contra elas
g) Ontem, finalmente, viteu marido falando áspero com aquelas vizinhas intrometidas do terreo.
h) As crianças sempre ficam alegres na hora dos presentes.
) Menor ladrão era colega da vitima
A frase foi manchete de noticia publicada em O Globo, onde se lia “O menor, que confessou à policia ter
participado do assalto, apontou os cumplices e disse que foi colega do filho do proprietario da casa ( )"
|) Grandes espanhois buscam recuperação.
À frase foi manchete de noticia publicada em O Estado de S Paulo, onde se lia “Real Madrid e Barcelona
tém, hoje, a oportunidade de afastar a má fase em que vivem no Campeonato Espanhol ( )”

Obs.: Determinante e determinado equivalem a modificador e modificado


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Brevissima Introdução 11

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no - Observando as relações conectivas (preposições, conjunções e relativos), reconheça o elemento


anscrito e o identifique pelo numero
:) marca de independência entre palavras » conjunção coordenativa
o 2* marca de independência entre orações + conjunção coordenativa
= 3! marca de dependência entre palavra e oração > conjunção subordinativa
Es +! marca de dependência entre palavras da mesma oração (sem substituição) -» preposição !
o 3 marca de dependência entre palavras de orações diferentes (com substituição) > pronome
- ativo |
Atenção. Por razões didaticas (o assunto será tratado na Estrutura do Periodo), não imcluf-
. mos casos de preposições que ligam palavras a orações reduzidas ou justapostas (Exem-
e. plos: Não gosto de sair com você & Só me comunico com quem é equilibrado.) |

o Ninguem precisa de mim, mas assim e a vida |


o de( ) mas ( ) |
12 SINTAXE

b) Quero que estudes para a prova que acontecera sábado


que (19) () para ( ) que (29) ()
c) Há mulheres cujos olhos brilham quando lhes falas ou escreves um poema
cujos ( ) quando ( ) ou()
d) Se me levarem a uma loja de calçados, eu os levarei ate meu sitio e refugio
Set) a() ate ( ) e()

5 Por quê? Por que me roubaste


Tão lindo e casto brotinho?
Nada me resta: sou um traste
Tu es um rico gordinho

Explique as possiveis diferenças de entendimento para o trecho em negrito Para cada uma das
interpretações, indique o vocabulo que esta sendo analisado como substantivo

CDHNAVE DE RESPOSTAS
1 -a) todos (pronome indefinido), espantados (adjetivo), para (preposição), mim (pronome pessoal oblíquo) // b)
irritação (substantivo), da dama (locução adjetiva), tinha afrouxado (locução verbal), murto (adverbio de intensi
dade) // c) major (substantivo) em minutos (locução adverbial de tempo ou de modo), poucos (pronome indefini
do) // d) silêncio (substantivo), de novo (locução adverbial de repetição ou de modo), sobre ambos (locução ad
verbial de lugar) // e) sala (substantivo) da casinha (locução adjetiva) simples (adjetivo), e (conjunção coordena-
tiva), mas (conjunção coordenativa), elegante (adjetivo)

2a) orei (sujeito simples), bem (adjunto adverbial de modo) o carinho filial (objeto direto) fihal (adjunto adno
minal), o Rio de Janeiro (sujeito simples), o =a ele (objeto direto) // b) de repente (adjunto adverbial de modo), um
choro horrivel de criança (sujeito simples), um, horrivel e de criança (adjuntos adnominais), tá dentro (adjunto ad-
verbial de lugar) // c) no cais de pedra reconstruído (adjunto adverbial de lugar), de pedra e reconstruido (adjun
tos adnominais), embarcações de recreio (sujeito simples), de recreio (adjunto adnomuinal) // d) apavorado (pre-
dicativo do sujeito), como o misterio (objeto indireto) // e) ontem (adjunto adverbial de tempo), um enterro (objeto
direto), no hotel (adjunto adverbial de lugar)

4
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Cosmo de amanhã ! locução adjetiva ! missa /


Brevissima Introdução 13

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menos adverbio de Intensidade 1 feliz
z feliz É , adjetwvo ela
s pobres É ! É “adjetiv o ! enaturas É

LT muda
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TTto ati dolor diiampe, 77 contre 7
adverbio de intensidade ! tolo
o tolo ro adjetivo ro ninguém
! assim advérbio de modo tolo
. prezado ; adjetivo E colega :
das
anda adverbio de tempo teramos de fazer

! contra elas ! locução adverbial de oposição À teramos de fazer


z ontem É ! adverbio de tempo o Yu o
é finalmente : adverbio de modo o o w o '
3 áspero 1 adverbiodemodo 1 falando |
3 o . ntrometidas o io . * adjetivo o o E o “vizinhas . . o

ET. tempo 7 UUTT amodetmps TT hem 0


z do térreo ' locução adjetiva vizinhas

no alegres ! adjetivo : crianças !


A , na fora dos presentes “locução adverbial de tempo as “ficam o

R DI RE uomenças
es |
' o ladrão — o Ê a adjetivo Ru O menor :
da vitima locução adjetiva t colega

Po fspanhóss O agetno 1 grandes


--alde (4) mas (2)//b) que (1º) (3), para (4) que (2º) (5) // c) cujos (5) quando (3) ou (2) //d)se(3),a (4), ate
- eim)

= — Numa das interpretações, rico é o substantivo e gordinho e o adjetivo (quem me roubou o brotinho foi uma
-“5s0a com muito dinheiro, ligeiramente obesa) Na outra, gordinho e o substantivo e rico é o adjetivo (aqui toma
22 em sentido figurado, como sinônimo de belo, feliz)
cesca ço
asse
Parte ||

Estrutura da Oração

0) estudo da análise sintática e um dos pontos fundamentais na formação de quem se


pretende um usuário competente de sua língua. Duas das habilidades principais de
"ma pessoa culta repousam nas atividades de ler e de escrever, ações que podem caracteri-
ar não só nossas carreiras profissionais, mas também nossa vida como cidadãos.
Ler ou escrever um texto é muito mais do que apenas compreender ou organizar pala-
tas em frases e parágrafos. É algo que envolve um amplo mecanismo a partir do qual o
“ensamento e as pretensões comunicativas do autor se apresentam para reflexão e avalia-
-io do leitor. Como se constroem esses textos? Com palavras, sintagmas, termos e ora-
-desé — elementos que mantêm entre si um relacionamento interno de concordância, de
egência, de atribuição.
A análise sintática é a análise das relações. Na estrutura da oração, estudamos as rela-
-des que as palavras mantêm entre si na frase. Essas relações são binárias. sujeito & verbo;
verbo & complemento; núcleo & adjunto... A tradicional prática de exercícios voltados
2ara o reconhecimento da função sintática de um termo nem sempre garante o real objeti-
vo de sua aplicação. Não se pode dizer qual é a função sintática de um termo se não se en-
«ontrar o outro termo com o qual ele se relaciona Ou seja, não se pode reconhecer que
«siste um objeto direto sem apresentar a “prova” (o verbo transitivo direto); não se pode
“firmar que determinado termo é o agente da passiva sem que seu “parceiro” sintático seja

Não empregamos neste livro a palavra “cláusula” Clausula é uma unidade de significado que pode ter qual-
« uer estruturação interna — diferente de “oração”, que necessariamente deve apresentar um verbo. A “clausu-
- Ocorre no estrato funcional correspondente as funções “comentario” e “comentado”, como em “Com toda
-erteza, O professor virá” (o comentario e “com toda certeza”, o comentado é “o professor vira”). Nesse tre-
“o, ha duas cláusulas, mas apenas uma oração, pois so ha um verbo. Entendemos que essa palavra interessa
nais como um contraponto nomendlatural do que como um conceito util no âmbito do ensimo e da descrição
“tumatical
16 SINTAXE

revelado (o verbo na voz passiva). E assim sucessivamente com todos os termos da oração,
pois cada um deles so tem a classificação que tem porque possui uma relação com outro
termo-—e cada uma dessas relações c única, e por 1sso são dez os termos da oração (onze, se
contarmos com o vocativo).
A sintaxe tem duas parceiras especiais. Uma é a semântica, a ciência do significado.
Afinal, o entendimento de uma frase depende da sua estrutura e das sutilezas que envol-
vem a construção do sentido. Outra é a estilística (a ciência da expressividade), pois com-
pete ao autor da frase fazer as escolhas sobre como será sua organização, a partir do reper-
torio que a língua Jhe oferece.
Entretanto, para o estudo da sintaxe do português, há um pre-requisto Sintaxe c
morfologia são assuntos interligados. Ter um bom conhecimento acerca das classes de pa-
lavras e fundamental para entender a estrutura de uma oração e de um período. Lembre-
mo-nos, por exemplo, que estudamos verbos, substantivos, adjetivos e advérbios nos li-
vros e aulas de morfologia — suas flexões, significações, desempenhos — e que, agora, estu-
daremos o verbo como elemento central da oração; o substantivo como núcleo de um ter-
mo; o adjetivo como um elemento periférico ou atributivo de outro; o adverbio como um
determinante sobretudo dos verbos.
Com isso, queremos enfatizar que o conteúdo aprendido nos estudos de morfologia
precisa estar sedimentado para o que se coloca diante do estudante de sintaxe. Reiteramos,
enfim, a convicção de que é a competência discursiva ou textual que caracteriza o saber ex-
pressivo de que fala Eugenio Coseriu
Um texto deve ter uma adequação gramatical compatível com as pretensões e intuitos
de seu autor, que — se assim julgar pertinente — procurará atingir o nível de exigência da
linguagem padrão praticada por escrito pela comunidade culta em se insere.
Adequação Sintática &
Adequação Semântica

“Rhamamos adequação sintática a construção coerente de períodos c orações, observa-


= das as relações existentes entre seus termos e a sua organização À madequação sintá-
pode gerar desde dificuldades localizadas de compreensão ate a completa ausência de
ido A esse vício de linguagem dá-se o nome de obscuridade.
| xemplhfiquemos o que foi dito observando o trecho de um anuncio publicado na Fo-
te S Paulo em 17 de junho de 1998.

JOSÉ DA PENHA SANTOS, depois de ter ultrapassado o portico de um século de ida-


de, no proximo dia 18 de junho, 98, a partir das 18h30, na LIVRARIA CULTURA, Av.
Paulista, 2073, Conjunto Nacional, a quem o honrar com a sua presença, dará autó-
grafos da 4: edição de CONHECIMENTO E VENTURA, muito ampliada, pois se a 3"
edição tinha 526 paginas, tem esta 860 e 4.278 pensamentos dos maiores homens de
vodos os tempos.
Propagar esta obra, não é por vaidade do autor, mas cumpre o sagrado dever de levar a
Jesencantados corações o encanto de viver, conforme afirma o eminente economista
HENRY MAKSOUD: “O livro Conhecimento e Ventura esta entre aqueles que se deve
tur a mão como recurso nos momentos em que falta a esperança e os problemas pare-
vem intransponíveis. José da Penha Santos nos oferece a ponte sólida e amiga”.
Obs.: Os nomes do livro e do autor foram substituidos.

às Inúmeras inadequações sintáticas do texto acima, embora não prejudiquem total-


ite seu conteúdo, certamente poderão comprometer a vendagem do livro anunciado.
“al, se 0 anúncio tem tantos problemas textuais, não será de estranhar que o livro cita-
-sieja no mesmo nível.
18 SINTAXE

Vejamos apenas alguns dos “problemas” sintáticos do texto:

1º) Há quase 40 palavras entre o sujeito Jose da P. Santos e o predicado dará autógrafos Esse
distanciamento tira a objetividade do trecho e prejudica a compreensão da mensagem.

2º) A sequência antecipada de expressões entre virgulas nesse mesmo trecho é madequa-
da, pois mistura elementos de função diferente, a saber:
— “depois de ter ultrapassado o portico de um século de idade” refere-se ao sujeito, mas a
data que vem a seguir não é a do seu aniversário;
— a cadeia “no proximo dia 18 de junho, 98”, “a partir das 18h30” e “na LIVRARIA
CULTURA” refere-se circunstancialmente ao sintagma “dará autografos”, e o número 98
entre vírgulas é supérfluo pois o texto já usara “próximo dia 18 de junho” (de 1998 — é cla-
ro!);
— “Av. Paulista, 2073, Conjunto Nacional” identifica uma circunstância de “Livraria Cul-
tura”, por meio da idéia implicita de localização;
— “a quem o honrar com a sua presença” complementa o verbo “dar”.

3º) À expressão causal “pois se a edição (...) de todos os tempos”, que encerra o primeiro
parágrafo, é mal construida porque:
— o sujeito (com a palavra “edição” subentendida) está depois do verbo e há dois numerais
seguidos (o primeiro com a palavra “páginas” subentendida);
— entre a palavra “pois” e o restante da expressão causal foi inserida uma oração condicio-
nal com apenas a virgula da direita (toda inversão de oração circunstancial deve ser mar-
cada por duas vírgulas)

4º) O segundo parágrafo começa com três erros graves, a saber: cl


— a vírgula entre o sujeito “propagar esta obra” e o seu predicado “não e”; n

— o emprego desnecessário da preposição “por” (o correto seria: “propagar esta obra não é O

vaidade do autor”);
— a oração adversativa “mas cumpre o sagrado dever...” não da sequência ao trecho ante-
rior (ou seja: propagar esta obra não é vaidade — verbo de ligação + substantivo —, mas
cumpre — verbo transitivo?) = a coesão se daria se estivesse assim: “propagar esta obra não
é vaidade do autor, mas é o cumprimento do sagrado dever de” Ze]
Pa
Se o redator do anúncio tivesse observado a ordem das palavras nas frases e considera- laç
do a hierarquização das informações, teria produzido um texto mais objetivo e claro Um co
dos resultados poderia ser:

Depois de ter ultrapassado o pórtico de um século de idade, JOSÉ DA PENHA


SANTOS dará autógrafos da 4º edição de CONHECIMENTO E VENTURA a partir
das 18h30 do proximo dia 18 de junho, na LIVRARIA CULTURA (Av. Paulista, 2073,
Adequação Sintática & Adequação Semântica 19

Conjunto Nacional), a quem o honrar com a sua presença Muito ampliada, tem esta
edição 860 paginas e 4.278 pensamentos dos maiores homens de todos os tempos, en-
quanto a 3º tinha 526 páginas.
Propagar esta obra não é vaidade do autor, mas o cumprimento do sagrado dever de
levar a desencantados corações o encanto de viver, conforme afirma o eminente
economista HENRY MAKSOUD: “O livro Conhecimento e Ventura está entre aque-
les que se deve ter à mão como recurso nos momentos em que falta a esperança e os
problemas parecem intransponíveis. José da Penha Santos nos oferece a ponte sóli-
da e amiga”.

tssim, falar em adequação sintática significa falar em “bom senso e critério nas esco-
« sntáticas”, tanto no âmbito da frase como no âmbito do parágrafo e do texto. E tudo
- «a com o conceito de “ordem direta”, que em português é: SUJEITO + VERBO +
““PLEMENTOS Também é “ordem direta” colocar os modificadores (adjetivos e ad-
nos) depois dos modificados. Entretanto, é preciso lembrar: ordem direta não quer di-
ordem obrigatória. É o que as três frases seguintes comprovam.

Tenho grandes amigos em Florianópolis.


dietivo “grandes”, se fosse colocado na ordem direta, mudaria de sentido: Tenho ami-
grandes em...|
a

“la esta muito cansada.


dverbio “muito”, se fosse colocado na ordem direta, daria origem a uma frase estranha
nossa língua. Ela está cansada muito. |

Vendem-se casas por um bom preço.


+ oz passiva pronomunal, prefere-sc a posposição do sujeito: se o sujeito “casas” fosse
“cado na ordem direta, o resultado seria uma frase pouco usual em nossa língua: Casas
Mu

1 1m-se por...

Tica evidente que a chamada adequação sintática é um instrumento em favor da ade-


«io semântica, que outra coisa não é senão a realização coerente do que se pretende di-
?or isso concordamos com Carlos Franchi (Mas o que é mesmo Gramática? São Paulo:
bola, 2006 — 1º edição) quando afirma que “a teoria gramatical visa a estabelecer a re-
rentica forma das expressões e sua significação”, ou seja, que é necessário “mostrar as
-"=iações entre a estrutura sintática e a estrutura semântica” (p. 102).
Predicação Verbal

e sabemos, não há oração sem verbo. Assim, o primeiro ponto a ser estudado é o
que classifica o verbo em seus aspectos sintáticos de concordância e de regência.
OQ verbo relaciona-se com o sujeito num mecanismo de concordância, Isto é, sujeito e
«tbo concordam em número e pessoa, Cabe aqui um lembrete de pontuação”: numa fra-
«e escrita na ordem direta, nunca separamos o sujeito e o verbo por vírgula.

zxemplo:
— Os soldados romanos invadiram Jerusalém.
sujeito P6 verbo P6

Outra relação que o verbo mantém na oração vale-se de um mecanismo de regência*,


«to e, da presença ou não de algum tipo de complemento ou circunstância que o acompa-
“ha em sua significação. Porsso, cabe também outro lembrete de pontuação: numa frase
escrita na ordem direta, nunca separamos o verbo e o seu complemento ou circunstância
ate a 2º delas) por vírgula.

= tuação e um “sistema de reforço da escrita, constituido de sais sintaticos, desunados a organizar as rela
«st a proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas Esses sais também participam de todas
“ rivóes da smtaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas ” À definição e de Nina Catach (IT a Pontuacton.
-» PUF, 1994),
“»» distinção entre regência e concordância, se for tomada apenas semanticamente, podera confundir am-
- Aqui, a distinção que se faz é de natureza sintatica. Hjelmslev, em “A Noção da Recção” (p 163), afirma
-. à pramatica estabeleceu “erradamente uma diferença essencial entre a recção e a concordância”
22 SINTAXE

Exemplos:
- Encontraremos averdade na Bíblia Sagrada
verbo complemento — circunstância
=xem
— Os cidadãos entregaram suas casas aos Invasores.
verbo — complemento complemento

— Os dois irmãos comem aos sábados nesta mesa, desde 1985.


verbo cncunstância circunstância circunstância

O terceiro tipo de relação que o verbo pode manter numa oração é a de elemento me-
diador (uma marca de ligação) entre o sujeito (termo A) e a qualificação do sujeito (termo
B). Por isso, cabe tambem repetir o lembrete de pontuação. numa frase escrita na ordem
direta, nunca separamos sujeito, verbo e predicativo por vírgula.

Exemplos:
- elhor ataque seria a melhor defesa?
sujeito verbo predicativo
(temo A) de ligação (termo B)

— Alguns jogadores pareciam mercenários.


sujeito verbo predicativo
(termo A) deligação (termo B)

Portanto, como se vê, é indispensável saber analisar os verbos quanto à predicação


para que possamos reconhecer a estrutura de uma oração. E isso se consegue a partir de
uma visão semântico-estrutural — ou seja, uma análise que leva em conta a significação do
verbo e sua função na oração, a saber:
Ot
1) Verbos de estado (ser, estar, ficar e sinônimos) podem ser: de ligação (se houver predi-
cativo do sujeito) ou intransitivos (se não houver predicativo do sujeito).

Exemplos:
— Nossa vida era um
marde rosas. — de ligação
sujeito predicativo
(termo A) (termo B)

— Todos os curiosos estavam na praça > intransitivo


sujeito ad). adv.
de lugar

* Alguns autores preferem chama-los de verbos predicativos ou copulativos, terminologia adotada por exem-
plo no Dicionario Aurého, porém não contemplada pela NGB
Predicação verbal 23

- Nerbos de ação podem ser. transitivos (se houver complemento não-cir cunstancial)
a intransitivos (se não houver complemento).

cxemplos: :
— À ponte política ligará os dois estados — transitivo direto
objeto direto

— O rapaz priva de nossa amizade. > transitivo indireto


objeto indireto

le- — O inverno trará mais abandono aos pobres. — trans. direto e indireto
no objeto direto | objeto indireto

— Os sacoleiros compram em pontos estratégicos. + intransitivo


ad). adv de lugar

— À inflação dos países ajudados pelo FMI caiu? — intransitivo

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DOS


VERBOS QUANTO À PREDICAÇÃO

E bem verdade que essa classificação não chega a satisfazer, o que explica a presença em diver-
sas obras de termos como veibo transitivo relatrvo, verbo transitrvo circunstancial, verbo br-
transitivo, verbo brrrelativo, verbo pronomnal e verbo transobjetivo
lais subdivisões terminológicas, embora pertinentes para a discussão, sobretudo nas turmas
mais adiantadas dos cursos superiores de Letras, quase sempie não são recomendaveis no
ambito da escola de nivel médio — alvo da NGB, concluída cm 1958
Observemos alguns Exemplos:
di-
Transitivo relativo > Assistir a uma partida. (= Assistir a ela.)
Transitivo circunstancial (ou transitivo adverbiado) + Vou a praia Voltarei para casa. À obra
demorara dez dias (Tais estruturas remetem a construções latinas com acusativo )
Bitransttivo > Denunciaremos essa trama ao povo.
Brrrelativo > A felicidade resultou-lhe do casamento
Pronomnal > Depois da chacina, suicidou-se
Transobpetivo > Achei os novos vizinhos muito simpáticos. / A torcida chamava-o simples-
mente “Galinho”. / O sofrimento faz os homens mais humildes.

Essas classificações envolvem os planos smtático, mortologico e semântico. Apresentá-las


24 SINTAXE

OBSERVAÇÕES

à A titulo de ilustração consulte-se o capítulo “Classificação do Verbo Quanto aos Com-


plementos”, na Gramatica Normativa da Língua Portuguesa (Rio de Janeiro: Jose
Olympio, 1992-—a It edição, da editora Briguiet, e de 1957), de Rocha Lima Ou Dicioná-
no de Verbos e Regimes (Rio de Janeiro: Globo, 1987 — a 1º edição — anterior à NGB — e de
1949), de Francisco Fernandes, que só pode ser consultado com o domínio desses termos.
Ja o Dicionário de Regência Verbal (São Paulo: Ática, 1987 — 1º edição), de Celso Pedro
Luft, adota predommantemente a terminologia da NGB O próprio Aurelo — inclusive
em sua versão eletrônica — pratica uma forma hibrida
O nº 4 dos Cadernos de Língua Portuguesa (Inst. Letras/UER], 1999) teve como tema
os 40 anos da NGB (autorizada pela Portaria 152/57, concluída por seus autores em 1958 e
oficializada pela Portaria 36, publicada no Diário Oficial de 11 de maio de 1959). A revista,
que inclui como apêndice a transcrição do texto da Nomenclatura Gramatical Portuguesa
(1967), reproduz integralmente o Anteprojeto, a Portaria e o texto final da NGB, alem de
artigos méditos de Antômo José Chediak, Evanildo Bechara, Manoel Ribeiro e deste Au-
tor, No artigo “Quarenta Anos de Nomenclatura Gramatical Brasilen a”, traço um hastór 1-
co acerca de seus antecedentes e percurso, e comento o papel que ela desempenhou no en-
sino da língua portuguesa.
Acrescente-se ainda que, em 2000, os Departamentos de Ensino Secundário e de
Educação Básica de Portugal aprovaram uma atualização na nomenclatura utilizada no
ensino daquele país. A revista Confluência (Liceu Literário Português, 2001, p. 101-17)
transcreve em seu número 21 o documento produzido pela Associação de Professores
de Português relativo a “Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário
em Portugal”. Em 2007, um grupo de trabalho da Academia Brasileira de Filologia apre-
sentou um anteprojeto de atualização da NGB, sem todavia maior repercussão nas esfe-
ras ministeriais. Em Portugal, a terminologia oficial esta sendo discutida no âmbito das
universidades.

b) Eis mais alguns nomes que já foram ou ainda são empregados em torno do estudo dos
verbos: auxiliar, biobjetivo, causativo, copulativo, depoente, desiderativo, desitivo, deter-
minativo, diminutivo, ergativo, estativo, factitivo, frequentativo, imitativo, mativo, in-
coativo, intensivo, iterativo, lexical, medio-passivo, modal, opinativo, passivo, reciproco,
reflexivo, relativo, semi-auxihar, substantivo, transitivo-predicativo, vicário, volitivo...

c) A fim de contornai o entendimento mais semântico do que sintático que cerca a com-
preensão da transitividade verbal, poderíamos utiliza: a denominação “verbos objetivos”
(os que tém objeto direto e/ou indireto) e “verbos inobjetivos” (os que não ostém). Óbvio
que essa mudança em muito pouco resultaria, pois adiante teríamos de voltar aos criterios
semânticos para distngun certos complementos-objetivos de outros complemen- nt Va

tos-mobyetivos. Zah.
Pregicaças verhal

ts
a
recomendável cautela na analise do verbo, que esta vinculada a seu significado ou em-
- o na frase, onde sua predicação se torna evidente. Não podemos nos esquecer de que a
= fa/ parte do sistema da Imgua e que 50 0 conhecimento idiomatico de cada falante irá
“to capaz de reconhecer essa predicação !t

«mplos:
1) Comi carne. 3 VID
2) Hoje ainda não comi. "VI

13) Estou calmo. > VL (estado momentâneo)


14) Estou em Santos. > VI
"y

15) So ando a pe > MI


16) Ando cansado com 1ss0 tudo. > VI (estado costumeiro)

(7) À agua virou os caros na tua. + VTD


8) A água virou lama —> VI (mudanca de estado)

(9) Já entendi. + VI
(10) Não entendi nada > VTD

(11) Viviam bem os noivos. > VI]


(12) Vivemos uma vida dura. > VID

(13) Ela saiu de casa >VI


(14) A roupa saiu um hxo. > VI (estado resultante)

(15) Ela bancou mimba inscrição > VTD


(16) Ha bancou a boazinha > VL (estado ssmulado)

(17) Seu gesto não precisa de explicação. —> VTI


(18) Seu gesto não precisa seu caráter. > VID
(19) Depois disso, nao precisa explicação. > VI]

+ eres outem” Transitividade c Intransitividade , no livro Iniciação a Sinta do Portugies (Rio de Janeiro
nur 1993-4 UV edição e de 1990), de Jose Carlos de Azeredo, p 75 7

2)
Sujeito, Predicado
& Predicativo

Sujeito Simples (claro ou oculto).

«emplos:
Nós estudamos com determinação. — claro
(nos) Estudamos com determinação. > oculto!

Obs.: Em alguns casos, a concordância se da de modo especial (por razões semânticas


concordância chamada “ideologica”) ou opcional (pela proximidade de algum vocabu-
com o verbo - concordância chamada “atrativa”):

vemplos:
Tudo é/são tnstezas,
Isso é/ são bobagens
(pronome indefinido ou demonstrativo + verbo ser)

Quem serão os herdeiros?


O que são os livros?
(pronome mteriogativo | verbo ser)

"onsideramos irrelevante estabelecer disunção com os casos em que a dessmencia numero pessoal é zc10,
to penas a Pl ca P3 de alguns tempos verbais Não se entenda pois, que ssnoninzamos as expressoes
“to simples (oculto) e sujeito desmencial — optamos pela simplificação terminologica
28 SINTAXE

Muitos de vos virão/vireis amanha?


Quais de vos virao/vireis amanha?
(pronome indefinido ou mterrogatnvo + defidentre nos ou vos)
,

Cem reais é porco.


Vinte alunos é suficiente.
(verbo ser em expressões invariavels)

Os maiores responsáveis somos nos.


(verbo ser | pronometeto)

V 5" comparecerao à solenidade?


(com pronome de tratamento)

Os Estados Unidos perderam o jogo


Esses T usadas emocionam toda a gente.
(com nom de lugar ou de obra precedido de marcador no plural

Mais de um aluno voltou.


Menos de dor quilos sobraram.
(com expressão mdicativa de quantidade aproximada)

A maior parte dos apostadores ganha/ganham prêmios pequenos


Grande numero de apostadores ganha/ganham premios pequenos
(com coletivo partiuvo + plural)

A legião de baderneiros destruiu todas as lojas.


(com coletivo geral)

Cada um dos candidatos falará quinze minutos.


Cada um de nos encontraria sozinho à saida
(com cada tem + plural)

Cada > tampinhas de refrigerante valem um album de figurinhas


(com cada 4 numeral € substantivo plural)

O elogio deu duas horas.


Ja deram dez horas (no relógio da igreja).
(vabo der 4 hora (fo sujeito da segunda frase e “dez horas”)

Na minha turma, só dez poi cento vinham de ônibus


So dez por cento dos alunos vinham de ônibus
So dez por cento da turma vinha/vinham de onibus
(com expressoes de percentagem com ou sem termo preposicionado)
Sujeito, Predicado & Predicativo 29

Entre 50 e 60% dos diagnósticos são firmados a partir do exame clínico.


Ne meio dos adultos, entraram de 10 a 15 menores.
om expressões de aproximação, geralmente numericas // aqui, à presença de preposição se
explica pela estrutura de correlação. entre ec osde a)

Os cariocas temos uma alegria contagiante.


Parece boa aquela gente; nunca tiveram filhos.
por silepse)

A silepse, ou a construção ad sensum, consiste em relacionar um elemento da fiase ao que


esta implicito e não ao que está explicito na forma de outro elemento Daruma concor-
dancia mesperada (..) e um recurso da estilística, provocando uma expressiva associa-
vão de idéias (sintaxe ideológica), no apelo a que serve a hnguagem, ou revelando um im-
vulso de afetividade por parte do falante. (Mattoso Câmara Jr )'-

“lepse de numero exemplificada so e admissivel quando há distanciamento entre o verbo


» plural) e à palavra que indica a significação do sujeito (no singular)

Jamos neste outro exemplo, de Origenes Lessa, em “A Greve das Bolas”, um caso de silepse
de o plural ideologico prevalece sobre o singular gramatical,

Tive à melhor impressão daquela gente Bom gosto mostrava... Mas que esperavam de
mim? Que trabalho me dariam? '

“este outro, de Antonio Soares Amora, em [istoria da Literatura Brasilerra, um caso con-
19 de silepse, onde o smgular ideologico prevalece sobre o plural gramatical:

As Memórias de um Sargento de Milícias, romance de um jovem jornalista de vinte e dois +


nos, folhetmista ocasional, disphicente das atitudes e convencionalismos literarios, ha |
de «empre surpreender e seduzm os leitores ( ) — grifos nossos

“vmo fomos na prova? — pergunta o professor ao aluno


o? afetividade)

onstrução exclusiva do discurso direto. O falante, levando o verbo a 1 pessoa do plural, n-


» se afetivamente como participante de uma situação que, na verdade, se refere apenas à
==s0a à quem ele se dimge.|

to de Fenguisticae Gramatica, p 219(Polropohs RJ Vozes, 198] - a ] "edicao, publicada pela Casa


1"bosa, e de 1956, com o titulo Dictonario de Fatos Gramatias, à 24, por | Ozon Eduores, c de 1961,
lo Dicionaro de Filologia é Gramatira)
30 SINTAXE
E === =>Conts s=5 2D2220)> -Svam Do D20D=22D=D2>/=>4
=> =02D22==0D======—— = DD DD Dall=l>=>>=240—

Ê COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE AS CLASSES GRAMATICAIS


QUE FUNCIONAM COMO SUJEITO
p=>-arensanasamreaU-=-2—.
> qro name. == =— ==> qaDQDanDaDcnsD
on 20 aaa nanana oo “a.

À função do sujeito não é privativa de substantivos, pronomes e numerass. Os advérbios de


base nominal ou pronominal também podem desempenhar esta e outras funções que tradi-
cionalmente não lhe são atribuidas
Exemplos:
Agora e tudo ou nada — Adverbio de base nominal como sujeito.
O filme dehoje está bom. + Adverbio de base nominal como núcleo de adjunto adnominal. a
locução adjetiva, neste caso, é formada por preposição + advérbio.!*
Ah parece sujo > Adverbio de base pronomunal como sujeito.
Não gosto daqui > Adyérbro de base pronominal como objeto indireto

b) Sujeito Composto:

Exemplos:
Os políticose o povo têm interesses diferentes?
Daqui a pouco aparecerão os barcos e os juizes.

Obs.: Também aqui, em alguns casos, a concordância se dá de modo especial (por ra-
70es semânticas) ou opcional (pela proximidade de algum vocábulo com o verbo):

Exemplos:
Ainda não chegaram/chegou o síndico e o porteiro.
(posposto ao verbo)

Eue minha namorada iremos ao cinema; tu e teu amigo ficareis/ficarão estudando.


(com pessoas gramaticais diferentes)

Os seus olhos, o seu rosto, a sua presença fortalecia minha esperança.


(com palavras tomadas como sinônimas em gradação — sem e)

Cada folha, cada livro e cada documento virou almmento para as traças.
(com nucleos iniciados com cada)
Pp

Vota/Votam não só o mestie, mas tambem o aluno. et

(com séric aditiva posposta)


51

“Cf C Cunhacl Cintra, NGPC,p 247. Outro exemplo


la citado de locução adjcuva formada de preposição
+ adverbio patas de tras (- trasciras)
Sujeito, Predicado & Predicativo 31

“ao só o PFL, mas tambem o PT ganham ajuda de empreitenas.


«om sene aditiva anteposta)
“sta concordância, justificável do ponto de vista lógico e sintático pois o sujeito é nitidamente
-»mposto, coexiste com outra, com o verbo no singular, onde o segundo núcleo exerce 1n-
iuencia sobre a flexão verbal. Senão, vejamos. Não só o PFL, mas também o PT ganha ajuda
-« empreiteiras |

*creival ou Leopoldo ganhará o concurso de poesia.


clusão com ou)

Ycanoca ou o paulista arrecadam muito ICM.


validade com cu)

mou outro (inseto) incomodava a plateia.


«Apressão mm ou outro sozinha ou + substantivo)

-me outro (rapaz) galanteavam a nova moradora


pressão um e outro sozinha ou + substantivo)
viramente se encontra exemplo em que o substantivo esteja no plural]
à- “ag e indevido colocar-se, sem substantivo no plural, o verbo no simgular. Senão, vejamos
neoutro rapazes galanteavam a nova moradora; Um coutro (rapaz) galanteavaa nova mo-
|
dora ]

«em uma nem outra (candidata) falou a verdade


pressao nem um nem outro soginha ou + substantivo)
“sta concordância representa aparente mcoerência, pois a expressão e à forma negativa que
urresponde a um e outro (não corresponde a mim ou outro). Se a concordância do falante da
àgua seguisse um principio sempre agual, o verbo mia obviamente para o plual |
Deve se observar também se ha ou não caráter de locução pronominal nestas expressões (um
contro, um e outro, nem um nem outro), O que pode alterar a concordância |!

em o pai nem o filho saíram a festa.


«OM serie aditiva negativa)
tmbora alguns autores, em nome de uma tradição gramatical, insistam em considerar
«sie caso como idêntico ao da concordância com sujeito ligado por ou, é indiscutivel que,
7 não haver aqui nenhuma construção alternativa (o 1º nem e expleuvo, co 22 e uma
«omjunção aditiva), o verbo so poderia ser empregado no plural Como, alias, ocorre na
vrma afirmativa equivalente, com c Apesar disso, há exemplos abonados com verbo no
* agular)O

Ct R Tuma, GNIP,p 391-2 & Tvanildo Bechaia, MGP, p 547-8


in Cf p 477-8 da Gramarica da Fingua Portuguesa (Rio de Janeiro. FAF, 1990 =a 1º edição e de 1972), de Celso
« unha, <T Bechara, MOP,p 556-7
32 SINTAXE

c) Sujeito Indeterminado: (há dois processos de indeterminação)“é

Exemplos:
(2) Inventaram muitas mentiras sobre nos. (verbo na P6)
(?) Ainda falam assim de nos dois, e ? (verbo na P6)
(2) Sonha-se com um pais vitorioso e feliz. (verbo na P3 + SE)
(2) Por ali não se pensava em mais nada. (verbo na P3 + SE)

Obs.: O SE, nesses exemplos, e classificado como pronome indeterminador do sujeito


(PIS), que não se confunde com o pronome apassivador (PA) porque somente este pode
acompanhar um verbo transitivo direto e equivaler a voz passiva verbal.

Exemplo:
VPPronominal: Alugam-se boas casas. — verbo - pronome apassivador
VPVerbal. Boas casas são alugadas. — verbo sei + particípio

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE O EMPREGO

Da = mes Mo rg E SERES EE masapmausua


sas " aimtm tuto mim) imo

Não e raro encontrar-se exemplo em que o verbo transitivo direto acompanhado de SF fica
no singular, apesar da presença de termo plural. Talocorrencia pode ser atribuida aos seguin-
tes fatos primeiro, a supremacia da intenção indeterminadora, segundo, anão contiguidade |
do verbo com o complemento
Noartigo “Padrões E rasais do Português”, publicado em A Obra de Olimar Guterres da Sil-
vera (Rio de Janeiro, Metáfora, 1996. p 42-7 —transerito dos anais do 6º Congresso Brast-
lero de Eingua e Leteratina, Rio de Janeiro. Gernasa, 1975), o autor exclui a chamada
“passiva retlexa”, de herança latina, e esclarece por que prefere considerar nessa estrutura
a indeterminação do sujeito É a manutenção dos ensinamentos de M. Said Ali, que no ca-
pítulo “O Pronome SE” (cf. Dificuldades da Lingua Portuguesa. Rio de Janeno: Acadêmi-
ca, 1966—a Il edição v de 1908) faz minuciosa argumentação contra a interpretação de al-
guns gramáticos a respeito da função apassivadora do SE. Theodoro Henrique Maurer Jr.
discorda desse ponto de vista e discorre sobre o valor passivo do SE, mecanismo encon-
travel em outras línguas romanicas, inclusive no romeno (cf “A Propósito da Evolução
Semantica do Pronome SL em Portugues ”,imn Dois Problemas da Lingua Portuguesa São
Paulo. USP, 1951 - Boletim nº 128 da Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras). Jose Le
mos Monteiro expressa a mesma opiniao no capítulo “A Questão do SL” (Pronomes Pes
soais kortaleza: LUIC, 1994 — Ii edição)

E Walmrio Macedo, em sua Charmatca du Einqua Portuguesa (Rio de Janeiro Presença, 1991 = Ttudicao), cita
um tipo misto de sujento simples e indeterminado” Seria o caso de estrutura com pronome indefinido como
sujeito (Exemplo: Alguem chegou ), classificação que preferimos nao adotar porque consideramos as duas
denominações mutuamente excludentes
Sujeito Predicado & Predicativo 33

De acordo com a matoria das gramaticas normativas, na lingua padrão o verbo con-
di com o termo que a giamatica aponta como sujéito No entanto, quando o apassiva-
iompanha verbo no mfimtivo, embora à regra de concordância permaneça, “aqui e
“ ons esentores derxam escapar exemplos com o imfimtivo sem flexão” (TH. Bechara,
2, p. 363). Ao que acrescentamos: e nao apenas com o mfinitivo..
Yejamos como 1sso se dá nos Lrechos abaixo: o primeiro, colhido na MGP, de Camilo
s «lo Branco; o segundo, de Machado de Assis, escrito a proposito das cnticas recebidas
"st de Alencar no lançamento de baceria, um outro, do Visconde de Taunay, extrai-
estas Reminiscências, quando comenta a leitura publica que se fazia em São Paulo do
“v Drario do Rio de Janeiro com os tolhetimns do tomance O Guarani, o ultimo, de Mario
1 numa nota expheativa de sua Gramatica Descritiva do Portugues.

pasta ver O que este bom povo e para se avaliar as excelências de quem os educou
+ Cabera a coreção (2) pera se avaliarem as excelências de

Quco autor de Iracema não esmoreça, mesmo a despeito da indiferença publica; o seu
1ome hterario escreve-se hoje com letras anntilantes (...). Espera-se dele outros poe-
mas em prosa. Poema lhe chamamos a este, sem curar de saber se c antes uma lenda, se
um romance: o tuturo chamar-lhe-á obra-prima.
> Caberia a coreção (2) Fsperam se dele outros poemas em prosa

| ojormalera depois disputado com impaciência e pelas ruas se via agrupamentos em


torno dos fumegantes lampiões da lummacão publica de outrora — anda ouvintes a
cetcarem avidos qualquer improvisado leitor
> Cabeia a coneção (e pelas ruas se Via dyrupanientos chi tono dos.

tomo se vê, a novidade consiste em se definir vários tipos de objeto direto topicah-
zado ou não, clítico ou não.
— Caberia a correcção (?).. conste em se definem varios tipos de ..

Não percamos de vista, porem, a permanencia da indeterminação do termo que so


Jeta sei sujeito na voz ativa. Porque a condição para que uma oração seja transposta
aa vo/ passiva pronomimal é que, na voz ativa, seu sujeito seja indeterminado, 1 embre-
9 nos, por fim, que tambem e possivel indetermma: o sujeito de verbos de estado, que
v se enquadram nos casos de voz ativa ou passiva

emplos
“) Dorme-se melhor numa cama bem macia.
PiS 5 overbo e mtiansitivo

'7) Precisa-se de um bom advogado


PIS > overbo e transitivo indireto
34 SINTAXE

(?) Nunca se é feliz sozinho


PIS > o verbo e de ligação

(2) Ama-se a Deus em primeiro lugar.


PIS > o verbo é transitivo direto, com preposição

(?) Conserta-se tanta coisa inútil.


PA > o verbo e transitivo direto

(2) Já não se faz mais um elogio como esse


PA > o verbo é transitivo direto

(2) Empresta-se uma bicicleta em troca de um velocípede.


PA, o verbo é transitivo direto

(?) Naquele campeonato engoliu-se um frango por partida.


PA. > o verbo é transitivo direto

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DO SE


(APASSIVADOR OU INDETERMINADOR) COMO PRONOME
Los E Sã Sa SaNs-dssssicesscanasa ÉS: caes DO EcqasasslloscucsSSgssiPo
EMT ESDIDasscao

O SE (nessa função de apassivador ou de indeterminador) é muita vez chamado não de pro-


nome, mas de partícula, simbolo, indice .. Isso revela o zelo conceitual de quem não se aven-
tura a chamar de “pronome” um vocábulo que, aparentemente, nada tera de pronome, a
não sera homonimia Em termos teoricos, porem, pode-se dizer que a inquietação e excessi-
va — especialmente nas considerações acerca do chamado “pronome apassivador”, pois o
* mesmo ocorre com os pronomes que acompanham verbos como batizar (no sentido de “ser
batizado”), chamar (em sua acepção de “ser chamado”) e outros: Eu me batizei na Candelária
(= Fu fu batizado na Candelaria); Tu te chamas Unel (Tu és chamado Uriel).

Vittono Bergo, em seu Pequeno Dicionario Brasiletro de Gramática Portuguesa (Rio de Janei-
ro: Francisco Alves, 1986, p. 27), asssm define o verbete apassivador: “Pronome reflexivo,
que tem a função de apassivar a voz do verbo. Exemplo: Batizer-me na infância (fui batizado);
privaste-te da liberdade (ficaste privado), alugam-se casas (casas são alugadas); engana-
mo-nos com as promessas (fomos enganados) *
Mas, afinal, têm mesmo esses pronomes uma função apassivadora? No livro Português
Instrumental (Rio de Janeiro: Editora Rio, 1977, p. 95— 12 edição), de Jose Ricardo da S Rosa
et ali, tais pronomes assim se classificam. Segundo Mattoso Câmara (DLG, p 56), o que
ocorre nessas construções e “uma voz medial dinâmica, onde o sujeito e linguisticamente vis-
to como o ponto de partida da açao que o tem como centio” A prevalecer tal opimão, tais
construções seriam exemplos de voz reflexiva, um dos aspectos da chamada vos medial, de-
nominação não amparada pela NGB Manuc] P Ribeiro, em sua Gramatica Aplicada da Lim-
gua Portuguesa (Rio de Janeiro: Metatora, 2007 — a 1º edição e de 1976), menciona as tres situa-
Sujeito, Predicado & Predicativo 35

Jação sem Sujeito: verbos impessoais.

emplos:
()) Choveu ontem em nossa horta.
(3) Venta muito lá fora ?
fenômenos da natureza
[Em sentido figurado, esses verbos se constroem com sujeito: Os excurstonistas anoitece-
ram no meio da floresta; major
O chovia a cântaros (M de Assis)]

O) Faz/Está frio hoje.


verbos fazer ou estar + tempo = fenômeno da natureza

O) Havia dúvidas sobre você.


verbo haver = existil, acontecer

O) Há/Faz três dias ele partiu daqui.


verbos haver ou fazer = tempo decorndo
[Tambem e possivel empregar, opcionalmente, a palavra QUE Ila/ az tres dias que
ele partiu.)

Na forma prestigiada da ingua oral, o verbo ter (empregado com aacepção de exasttr, acon-
«1 ou indicando tempo decorrido) também e impessoal. Entretanto, seu uso na língua és-
sa formal ainda é ser visto com alguma reserva
xemplos:
“ha horas em que eu ficava com raiva de tudo.
tNer quinze minutos que cle saiu daqui, e muito.

“a hustória de nossa língua, algumas são as interferências do verbo ter sobre o verbo haver:
- “avia falado > umha falado (como auxiliar dos tempos compostos),
cr de vencer > tenho de vencer (como auxihar aspectual, modal, da locução);
- «1 por bem > tenho por bem (no sentido de considerar);
=obre a origem do emprego de ter por haver como impessoal, talvez seja possivel alegar
* contaminação sintática entre as duas construções, por proximidade semântica:

emplos:
casa há três quartos + A casa tem três quartos = Na casa tem três quartos.

indo tratarmos da estrutura do periodo composto, voltaremos a estudar essa construção


36 SINTAXE

(9) Vai para trés dias que ela partiu


verbo 1 + para = tempo decorrido

(49) Ja passava das três quando ele sumiu


verbo pussy + de = tempo

(5) São duas horas.


(0) Seriam talvez leguas.
verbo ser + tempo ou distancia
[Neste caso, embora impessoal, o verbo concorda com o primeiro nucleo da expressão
numerica, cuja função — estranho, não * — e de predicativo.|
[Não é unamme entre os tratadistas essa classificação. Ta quem prefira considerar que o
verbo ser, neste caso, pot concordar com a expressao ditas horas ou leguas, tem sujeito.
Walmmio Macedo (GIP, p 267) identifica tais termos como sujeito de um verbo intran-
sitivo, acrescentando que “nao teria sentido dizer-se que eras oras e um predicativo,
como apontam certos compendhos, predicativo de um sujeito que não existo” | lembra
que essa “mterpietação, embora ssmeronica, tem respaldo na construção latina Str dtae
horae, em que o sujeito de sunt e duae hora co verbo sunt esta empregado, não como de
ligação, mas como antransitivo ”]

(0) Basta/Chega de injúrias


verbos bastar ou chegar 1 de = ser suficiente* Ex

Nas locuções verbais, o verbo auxiltar rep esentara à impessoalidade do verbo princi-
pal, isto e, ficata na P3 por ele (ou na P6, eventualmente, com o verbo SER).!*

Ixemplos.

(6) Em consequência disso, começou a haver alguns problemas.


(9) Pode estar fazendo quinze graus agora, no máximo.
(O) Tinha havido dúvidas justificadas entre os clientes
(9) Ha de haver pessoas capacitadas para o trabalho. Ia
(9) Vão ser quilômetros de estrada esburacada. 0]
(9) Devem ser umas três da manhã em Toquio.
vu

» Sema preposição basta e chega podem ser nterjeiçoes Exemplos * Por que bebes tanto assim rapaz? Chega
ja « demais" (Rubens Soares é Nodl Rosa) “Ja me nao amas? Basta! (Olavo Bilac)
VU Mais adiante, quando focahizarmos a estrutura do periodo, trataremos das locucões verbais portuguesas nos
aspectos mas condizentes com a sintaxe
Sujeito, Predicado & Predicativo 37

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE A


DENOMINAÇÃO SUJEITO INEXISTENTE

Restrições lógicas à expressão — se imexiste, como e sujeito ? - devem ser debitadas a excessos
filosoficos (e baratos ) Melhor seria chamar de sujeito zero, O que estaria mais de acordo '
«om a modernidade terminologica A NGB preferiu “oração sem sujeito” A NGP de 1967
mencionava “a existência de orações sem sujeito”, a de 2000 não toca no assunto, embora
mda inclua o item “verbos impessoais”

3.2. TIPOS DE PREDICADO


(NOMINAL, VERBAL E VERBO-NOMINAL)”
É E i E
1 ç
PETS
1
SESSSSESSSESSAEoo E
É 1
à | temverbodelig? |: tem predicativo? :
ESTES SE ESPE a SS ES ess apssilsoss
J5ES Decassntsco
1 1

Eis PN ! sim sm
>= — = — dera - - 4 — -==20 0000000000
. Pv não 1 não 1
1

PVN I
não 1
1
sim :

emplos:
As pessoas românticas ficarão emocionadas. (PN)
= Nossos atacantes sempre fizeram muitos gols. (PV)
Não necessitamos de atitudes intempestivas (PV)

Yrelatora considerou o pedido improcedente. (PVN)


na entonação, ha uma pausa potencial entre o substantivo e o adjetivo ]

Numa frase como “Encontrei o livro rasgado”, so o contexto esclarecerá se ha ou não a


»à potencial, o que disunguná a função de “rasgado” como adjunto adnominal ou
n predicativo do objeto direto. A pausa revelará a mudança de significado do verbo
ontrar”, como sinônimo de “achar” (Encontrei o livro rasgado — e não o livro novo)
“mo sinônimo de “deparar-se”, isto e, “Quando encontrero livro, ele estava rasgado”

discussao sobre outras possibildades de classtficação do predicado como termo da oração não esta entre
netivos deste livro Consulte se a respeito É Bechara (MGP) c] € Azeredo (LGP)
38 SINTAXE
p=-=— ===> com caia a me mei o o a, e pi a e fi a mi pi mi im 1

| 3.3. TIPOS DE PREDICATIVO (DO SUJEITO, DO OBJETO...)

Observemos as frases:

Meus pés estão frios. (predicativo do sujeito)


As pessoas andam preocupadas. (predicativo do sujeito)
Os livros já chegaram desencapados. (predicativo do sujeito)
Todo menino considera seu pai um ídolo. (predicativo do objeto direto)
Alguns vêem seu caso como perdido (predicativo do objeto direto)
Não gosto de você pintada. (predicativo do objeto indireto)?!

| Seria mais pratico dizer que o predicativoé um termo que tem a função específica de “qualifi- |!
| cai” outro. Ao citarem apenas o sujeito e o objeto direto como termos qualificáveis pelo pre-
: dicativo, a NGB e as gramáticas tratam parcialmente de sua potencialidade. No caso dos pre-
dicados verbo-nominais (ou mistos) o que ocorie e a fusão, numa so oração, de duas estrutu-
ras subjacentes.
A explicação é de ordem semântica. Sintaticamente, analisa-se a frase como o falante a enun-
ciou. Já afirmava M. Said Ah, em sua Gramatica Histórica da Língua Portuguesa (Rio de Janei-
ro: Acadêmica, 1971, p. 174-—a Ii edição com esse título é de 1931): “não se deve desmembrar
em muitos termos aquilo que o espírito, cm sua concepção sintética, expressou em dois ele-
mentos apenas”,

Exemplos:
termo À 4 termo B
As belas senhoras escutavam interessadas o discurso do candidato.
lou seja: As belas senhoras estavam interessadas enquanto escutavam o discurso |]
— interessadas (termo B) é predicativo do nucleo do sujeito, senhoras (termo A)

termo À t€—— — ——— termo B


Eu sonho com uma deusa romana, Diana, fantasiada de mulher.
lou seja: Eu sonho com uma deusa grega, Ártemis, que esta/aparece fantasiada de mulher]
- fantastada de mulher (termo B) e predicativo do nucleo do objeto indireto, deusa (termo À)

1 Fncontra-se em alguns livros o esclarecimento de que o unico caso de predicativo do objeto indireto co que
ocorre com o verbo chamar em frases do tipo “Chama-lhe (de) tolo” Cf a Gramatia do Português Contem-
poraneo (Belo Horizonte Bernardo Alvares, 1970 - 1!cd ,p 103), de Celso Cunha, ou as Novas Lições de Ana-
lise Sintatica (Rio de Janeiro Nova Frontera, 1985,p 27 —a 1º edição e de 1961, Fdit Fundo de Cultura), de
Adriano da Gama Kury
Sujeito, Predicado & Predicativo 39

termo À «termo B
Não saio com você desarrumada.
'ou seja: Não saio como você quando você está desarrumada]
— desarrumada (termo B) epredicativo do núcleo do adjunto adverbial de companhia, você
(termo A)

termo À <-termo B
— “Não deixarei que tirem retrato de mim nua” — declarou a atriz global.
ou seja. Não deixare que tirem um retrato de mim quando eu estiver nua]
> nua (termo B) é predicativo do núcleo do adjunto adnominal, mim (termo A).

termo À +<— termo B


— No conto que escrevi, ele parecia minha irmã já envelhecida.
ou seja: No conto que escrevi, ele parecia minha irmã quando já estava envelhecida.]
> envelhecida (termo B) é predicativo do núcleo do predicativo do sujeito, irmã (termo À)

37a
Observando os mecanismos de concordância verbal, complete as lacunas com a(s) forma(s) ade-
quada(s), segundo o padrão de linguagem Depois, esclareça o(s) tipo(s) de concordância adota-
fu

do(s).
PY
'

| Quem esses individuos ? (seria / senam)


her

Todos preocupados com sua saude (ficou / ficamos / ficaram)


[>

> Ja o vestido de noiva ? — queria saber o modista. (experimentei / experimen-


taste / experimentou / experimentamos / experimentaram)
a! Daqui a poucos minutos o palhaço e o malabansta (entrará/ entraremos / en
trarão)
= Adalberto ou Jadir o prêmio de melhor operario (receberá / receberemos /
receberão)
Na minha turma, só um ou outro os exercícios. (fazia / faziamos / faziam)
=) Não sei se, no futuro, haver casos iguais. (poderá / poderão)
) Janão se mais homens dignos como antigamente. (faz / fazem)
JET| | Voltei para casa quando ainda não das dez (passava/ passavam)
OA): Do de surgir pessoas mais qualificadas do que eu (ha / havemos / hão)
k) Naquela oficina -se de muitas coisas, exceto trabalho (tratava / tratavam)
) Amanhã, tudo novidades (será / serão)
m) Nem um nem outro a equação (compreendeu / compreenderam)
nque n) Mais de um jornal meu anuncio. (publicará / publicarão)
mica
o) A maioria das crianças de desenhos animados. (gosta / gostam)
“ret
a de
p) Já para cinco semanas que ela não nos telefonava. (1a / iam)
40 SINTAXE

2, Num verso de Camões em Os Lusradas, lê-se “Eram tudo memortas de alegria” Comente se a 8
concordância do verbo “ser” com “memorias” e não com o sujeito pode ser chamada “atrativa”, le
vando em conta que a ordem inversa afastou o predicativo do verbo

Carlos Heitor Cony, em crônica publicada em 2006, assim se referiu a Lygia Fagundes Telles.
“Não sou apenas eu que somos apaixonados por ela ”
Como explicar a concordância de “somos”?

Marque com um X as orações cujo predicado e verbo-nominal, justificando sua resposta com um
desdobramento da estrutura em um periodo de duas orações (uma de predicado nominal e outra
de predicado verbal) Caso não seja exemplo de predicado verbo nominal, classifique o
a ( ) Em 1990, conquistei de forma emocionada o coração de uma colega de turma
b ( ) Eu vim intensa e apaixonadamente aquele romance
c ( ) Alguns meses depois, ela me deixou sozinho com a minha dor.
d. ( ) Nunca mais fu tão feliz de novo
e ( ) Anos depois, reencontrei a casada com um antigo colega de infância
f ( ) Apesar das marcas do tempo, ela continuava linda
g ( ) Pela intervenção do destino, sem nada premeditado, viramos amantes
h ( ) No semestre passado, seu marido veio a falecer num acidente de carro €
1 ( ) Agora estamos assumindo, ainda meio constrangidos, nosso relacionamento.
1 ( ) Entregamos nossa história em suas mãos a espera de um julgamento
k ( ) Talvez alguem gostasse mais de nos infelizes 1C

Amanhã faz um ano que nos conhecemos, meu amor


Suponha que o encontro tenha acontecido dez anos antes e reescreva o periodo acima Que
houve com o verbo? Por quê?

Entre as frases abaixo a única que apresenta sujeito indeterminado é


(a) Ha a marca da vida nas pessoas
(b) Não se necessita de lavadeira.
tc) Var um sujeito pela rua
(d) Não se engomou seu paleto
(e) Pede se um pouco de paciência

O pronome SE é PIS ou PA?


a ( ) Ainda não se avaliou o resultado das licitações.
(|) Ontem não se realizou a reunião que trataria do envio de donativos
000

( ) No ano passado falou-se muito no escândalo das arbitragens.


(| ) Como sempre, falou-se muita bobagem durante a campanha eleitoral
(|) Precisa-se de advogados com vasta experiência em tributos
90

( )( ) Aquise acerta mais do que se erra


(|) Aqui se acerta essa questão em poucos minutos
=>0

( ) Naquela casa sempre se está pronto para uma briguinha


( )( ) Sonha se melhor quando se dorme em colchões Matusalém.
( ) Rezava-se fervorosamente o Padre-Nosso no Colegio em que estudei,
( )( )Jase sabia de tudo, sabia-se até a marca dos lençóis
( ) Caso se perguntasse isso, a resposta estaria na ponta da lingua
Sujeito Predicado & Predicativo di

8 A imagem a seguir faz parte da propaganda de um programa de viagens

tem uma coisa ques


aprendi nessa viagem é
se meter com os nativos. .

É paid À

Por que não ha adequação sintática na frase?

9 Castro Alves nasceu na Bahia Ele escreveu belos poemas românticos


O que nos leva a interpretar o pronome sujeito do segundo periodo como sendo Castro Alves e
um principio de coerência discursiva ou de equivalência morfossintatica? Explique

10 Observe a concordância verbal nos trechos abaixo, cujo sujeito contem expressão de percen-
tagem
— 70% de nossa população não sabem ler
— 30% dos individuos residentes neste pais podem ler
— 9% não lêem letra de mão
— Os 30% restantes nos ouvem

Sobre esse assunto, assim se expressa Evanildo Bechara (MGP, p 566)

Nas linguagens modernas em que entram expressões numericas de porcentagem, a tendência


é fazer concordar o verbo com o termo preposicionado que especifica a referência numenica

Considerando essa lição gramatical, pode se concluir que tambem estaria adequada a cons-
trução

(a) 70% de nossa população não sabe ler


(b) 30% dos individuos residentes neste pais pode ler
(c) 9% não lé letra de mão.
(d) os 30% restantes nos ouve
42 SINTAXE

ER CR EM RCE
1 a) seram ATRAT, b) ficaram GRAM / ficamos IDEO, c) (todas servem experimentamos AFET, demais GRAM),
d) (todas servem, nesta ordem ATRAT,IDEO e GRAM, 6) receberá GRAM, f) fazia GRAM, 9) poderá GRAM, h)
fazem GRAM,|) passava GRAM,|) hão GRAM, k) tratava GRAM, |) (ambas servem GRAMe ATRAT), m) compre:
endeu GRAM, n) publicará GRAM, 0) (ambas servem GRAM e ATRAT), p) a GRAM

2 Aconcordância é atrativa não apenas quando há proximidade entre o verbo “ser” e o predicativo, mas quando
este termo exerce influência sobre a flexão daquele verbo É o que ocorre no verso de Camões

3 A concordância fo feita por silepse, revelando o desejo de Cony de incluir os leitores na paixão por Lygia O
uso é original, em especial porque a forma “somos” está precedida de um relativo cujo antecedente é “eu”

4 São casos de PVN as frases C (= ela me deixou e eu figuei sozinho), E (reencontrei a quando ela estava ca-
sada) | (estamos assumindo , embora ainda estejamos meio contrangidos) e K (alguém gostasse mais que
estivessemos infelizes) Há PV nas frases A, B,HeJ Há PNnasfrasesD, Fe G

S Amanhã faz dez anos que nos conhecemos, meu amor À forma verbal continua a mesma, porque “fazer” indi-
cando tempo decorrido, e impessoal

6 BloseérPIS)

7 PA ab dgk..PIS cet! Phal2k!

8 Na primeira parte do periodo, o redator usa a P1 (“eu aprendi”) mas no trecho final muda para a P3 (“não se me
ter”) A frase e usada como depoimento de uma tunsta e devia estar escnta toda em primeira pessoa

9 O sujeito do segundo periodo e identificado como Castro Alves por uma coerência discursiva, já que essa in
formação esta no periodo anterior No entanto também há equivalência morfossintática, sem a qual a coerência
discursiva não seria possivel

10 A

c)

d)

e)

g)
AM

Objeto Direto
& Objeto Indireto
ndi

eve

Observemos as frases e os termos destacados:


san

encia
4) Diversos políticos prometem o fim da miséria.
o fim da miséria = OBJETO DIRETO
Os eleitores só gostam de pohticos demagogos?
de políticos demagogos = OBJETO INDIRETO
As urnas mostrarão a verdade aos politicos.
a verdade = OBJETO DIRETO
aos políticos = OBJETO INDIRETO
d) Nas horas de dificuldade, só consultavam a mim.
a mim = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
[obrigatorio— por impedimento sintático: não ha pronome obliquo tônico sem preposição.|

Estamos hospedando a quem agora?


a quem = OBJETO DIRETO PRFPOSICIONADO
[obrigatorio — por impedimento sintatico, o pronome interrogativo quem, mesmo na função
de objeto direto, é sempre antecedido de preposição.|

Ao Guaran! venceu recentemente a Ponte Preta.


ao Guarani = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
[obrigatório — por necessidade de clareza pela inversão entre sujeito e objeto.]
Enalteço a Deus por gratidão.
a Deus = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
[obrigatorio — por tradição da língua |
14 SINTAXE

Ão povo ninguém engana — pouco .


ao povo = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
Havultativo — poi posição: houve antecipação, mas o sujeito continua antes do verbo |
Essa frase exemphfica um procedimento sintatico que pode ser chamado de topicalização.
ocorre sempre que se desloca um dos constituintes da oração para o micio da sentença Asha-
ses (d) e (f) tambem topializam termos que, na ordem direta, estaram depois do verbo.

rm
Essas medidas beneficiarão a todos.

tema
a todos = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
[tacultativo — por estilo. pronomes indefinidos admitem a presença de preposição. ]
Os filhotes iam comendo do prato da própria mãe.
do prato da mãe = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
[facultativo — por intenção partitiva |
Os bravos soldados cumpriram com o seu dever.
com o seu dever = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
[facultativo — por estilo |
[Nestes casos de acrescimo de sentido a um verbo transitivo direto, exemplos ck, as preposições
podem ser chamadas de posverbro, termo usado por Antenor Nascentes, |?
Sonhei que estava sonhando um sonho sonhado.

tp
um sonho sonhado = OBJETO DIRETO INTERNO

ol
Icognato. objeto e verbo, alem da identificação semântica, têm o mesmo radical.

es
Meus filhos dormiam um sono tranquilo.

o
um sono tranquilo = OBJETO DIRETO INTERNO
[não-cognato: objeto e verbo têm apenas identificação semântica. |
Os meus votos, os derrotados pretendem anula-los
os meus votos = OBJETO DIRETO.
los = OBJETO DIRETO PLEONÁSTICO

0) Aos eleitos, desejamos a eles sucesso e honestidade.


aos eleitos = OBJETO INDIRETO.
a eles = OBJETO INDIRETO PLEONÁSTICO.
sucesso e honestidade = OBJETO DIRETO.

p) À mim, ninguem me engana. ob


a mim = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO. 19

me = OBJETO DIRETO PLEONÁSTICO. pr

[A 1epetição, neste caso e ordem, é enfatica, e não deve ser considerada viciosa.| os

Tom Jobim e Vinícius de Moraes, em “Ela É Carioca”, escreveram. “Ela é meu amor, só me vê a
mum, a mim que vivi para encontiai na luz do seu olhar a paz que sonhei.” O objeto pleonástico r)
com pronomes de primeira pessoa é o que tem mais uso no português

2 O Problema da Regencia (Rio de Janeiro Freitas Bastos, 1967 — 3º edição), p 17


Objeto Direto & Objeto Indireto 45

COMENTÁRIO ESTILÍSTICO SOBRE O EMPREGO


DO PLEONASMO E DO ANACOLUTO

au onncipio, o PITONASMO sintatico expressivo pode ocorrer com qualquer termo da


>
zcdo.

-xemplos,

= mero, sempre o serei (o pronome demonstrativo desempenha a função de predicativo |


Meonástico)

“ fim do mundo, sou capaz de ir com você ate lá, (ate lá desempenha a função de adjunto
idverbial pleonastico)

'Tece-se, no entanto, com o ANACOTUTO, do qual se diferencia facilmente pela ausência,


«ste, de qualquer relacionamento sintatico.

-semplos' 1

Cas “s tiranos, e preciso acabar com eles. ANACOLUTO (os tiranos não se relaciona sintatica-
nente com nenhuma palavra da oração; a relação e semântica — falta a preposição com!)

“om os tiranos, e preciso acabar com eles PLEONASMO (cor os tiranos é objeto indireto de
rabar e com eles é o objeto pleonástico)
» tiranos, e preciso destruí-los PLEONASMO (os tiranos é objeto direto de destrun elosco
“jeto pleonastico)

O infeliz vivia se desculpando de sua fraqueza aos amigos.


de sua fraqueza = OBJETO INDIRETO
aos amigos = OBJETO INDIRETO
A concorrência de complementos — neste caso, dois objetos indiretos— é facilmente explicada
pela natureza distinta de ambos o segundo (aos amigos) é um objeto indireto de pessoa, o pri-
mero (de sua fraqueza) é um objeto indireto de coisa à qual não se destina a ação do verbo - ou
complemento relativo, termo não agasalhado pela NGB.]

A bem da verdade, esses complementos verbais, aqui chamados indistintamente de


“jetos indiretos, representam tipos diferentes de complemento Bechara (MGP, ed. de
29) e Rocha Lima, por exemplo, só consideram objetos indiretos os comutáveis pelos
onomes oblíquos lhe/lhes; aos demais chamam complementos relativos A NGB reuniu
- dois tipos sob o mesmo rótulo.

“o Nunca me apareças aqui sem avisar.


me = OBJETO INDIRETO DE INTERESSE
[Na verdade, o pronome não tem função inferida pelo verbo — intransitivo —, sendo emprega-
do como recurso expressivo de interesse do falante na mensagem verbal.]
46 SINTAXE

COMENTÁRIO DIDÁTICO E ESTILÍSTICO SOBRE O


posso

OBJETO INDIRETO DE INTERESSE

O emprego do pronome oblíquo com essa intenção só se dá coma Plea P4 Nas demais pes-
delc=slDlSoDD== o Do

s0as, o pronome e o verbo comcidem (e por isso são chamados palavras ou partículas de real-
ce). Diriamos que, na P2 e na P5, tambem podem mdicar “desimteresse” (v. frases abaixo, de
Fernando Namora em O Trigo e o Joro), mas o melhor seria não os classificar - em nenhum
dos casos - como objeto (e sim como adjunto adverbial), pois não desempenham essa função
e so recebem essa denominação por remeterem ao dativo cuco ou de proveito do Laum.
=

Exemplos:
Some- te daqui ingrato Vai-te daqui com a tua burra. Deixa-te de lerias e acaba com isso.
o.

D:
O,
m

mM
9

2
n
“e

z
>
q
m
>
E
z
<

n
a

O estudo da Regência Verbal é muito importante para frisar que o uso culto contem-
porâneo contraria os hábitos da língua padrão. É preciso, no entanto, reconhecer que o as-
sunto “regência” está vinculado ao assunto “preposições”, o que nos permite frisar dois
pontos preliminares:
O primeiro para lembrar que, nos verbos, a regência envolve uma relação sintática da
qual a preposição pode participar ou não. Nos nomes, diferentemente, só há regência
quando há preposição.

Exemplos:
O astronauta pisou o solo natal.
—> o VTD “rege” complemento sem preposição: objeto direto
C.P. Luft (DRV) lembra que “este sentido (calcar) e esta regência (TD) se compreendem tra-
tando-se de coisa pequena, como nozes, amêndoas, uma peça do vestuario, etc.” E acrescenta
gue o solo, por ser “extensão maior que não pode ser totalmente abrangida, dava idéia de espa-
ço a percorrer, estrada onde se caminhe.” Segundo ele, isso explica o aparecimento da preposi-
ção em: “. pode saber em que terreno pisa” (Machado); “Piser-o sem querer. Pises nele”
Jucá). Luft, que cita Antenor Nascentes (PR), informa ainda que “esse pisar em x, em vez do
primitivo pisar a, também aparece em Gregório de Matos, Vieira (pisamos nessas sepulturas),
Castilho, Camilo e Rebelo da Silva.” Vê-se por essas palavras que a regência do verbo pisar,
conforme o conteúdo pretendido, pode ser com ou sem a preposição em, admitindo-se a possi-
bilidade de expansão da ideia de “calcar”.

O artista pisou numa ponta de cigarro.


> o VTI “rege” complemento com a preposição em objeto indireto.

A especialista em Érico Veríssimo vai fazer uma palestra para os colegas.


> o substantivo especialista “rege” a preposição em. complemento nominal.

Um hvro de
Matemática talvez seja a solução.
> o substantivo livro “rege” a preposição de: adjunto adnomunal
Objeto Direto & Objeto Indireto 47

O segundo para dizer que a presença de uma preposição não marca necessariamente
-—-vmeulo de “regência”, pois há preposições cujo papel é ser mero participante de locu-
«> sem nenhum vinculo com um termo “regente”.

«emplos:
Ela gosta de você.
> gostar e VTL e “rege” a preposição de (quem gosta, gosta de )

Ela chora de manhã / pela manhã / de tarde / à tarde / de norte / à noite.


> thorar e VI; a preposição de/por/a integra a locução adverbial de tempo, sem ser “regida”
por palavra alguma: e o uso ou o esulo que determina a opção por uma delas.

Ela chora de raiva


> chorar é VI, mas “rege” a preposição de (quem chora, chora de. = por conta de algum moti-
vo), que integra a locução adverbial de causa, e e “regida” pelo verbo.
jem-
DO AS- A idéia (falsa) de que uma preposição so existe porque alguma palavra a “rege” pode
"dois «var alguem a corrigir frases que, a mgor, nada têm de erradas É o caso, por exemplo, da
»eposição a da expressão “entregas adomicilio”, que nada tem a ver com o substantivo
ca da entregas” (que “regeria” a preposição em) e sim com o adjetivo “domiciliar” — o que e
ência penas uma comcidência, pois sabemos que locuções nem sempre têm palavras substitu-
as. Ou seja, se levada adiante, a alegada correção para “entregas em domicílio”, por conta
e uma analogia com “entregas em casa”*, poderia nos levar a uma “caça as locuções”, de
consequências imprevisiveis:

indar de bicicleta & andara cavalo X andar à bicicleta


& andar de cavalo???
n tra- "evê a cores & tevê em preto e branco x tevêemcores & tevêapretoe branco???
céNta vendas a varejo & vendas de balcão X vendas de varejo & vendas a balcão???
espa-
2OsI- Assim, é conveniente destacar alguns verbos que podem gerar dúvida no reconheci-
nele” mento de seus complementos,
2 do
iras),
a) Sua voz agradou ao público. VTI (= satisfazer)
Tr,

Os s9]=
A mãe agradava o filho. VTD (= acariciar, mimar, contentar)
Não me agradei desse livro VTDI (= gostar, comprazer-se)
Obs.. No sentido de “satisfazer” exige a preposição a (e, em consequência, rejeita a construção
na voz passiva). À ingua padrão desabona as estruturas “Sua voz agradava o público” /“O pu
blico era agradado por sua voz” (a primeira delas cada vez mais adotada, inclusive cem registros
profisssonais)

“Caberia tambem lembrar que a palavra “casa”, sinônima de “o proprio lar”, dispensa o artigo, o que não se
aplica ao substantivo “domiaho” A reconstrução da expressão, portanto, não levaria a “entregas em domici
lo”, mas à “entregas no dommcilo”
48 SINTAXE

Ajudei-o/-lhe hoje. VTD ou VTI (= auxiliar)

Apresento-lhe meu primo. VTDI (= mostrar, expor)


aaa
a

Apresento-o a meu primo , VTDI (= mostrar, expor)


Obs : Admite a inversão dos objetos, mas o complemento de “coisa” (caso exista) so pode ser ob-
jeto direto: “Apresentei o trabalho ao professor” (e não “Apresente o professor ao trabalho”).

Aspiro o ar poluído das fábricas. VTD (= inspirar)


Áspiro ao primeiro lugar. VTI (= almejar)

e) Todos assistiram aos jogos. VTI (= presenciar)


O médico assiste o/ao doente. VTD ou VTI (= ajudar)
Não me assiste esse direito. VTI (= caber)
D Gastão assiste em Petrópolis. VI (= morar)
Obs.: No sentido de “presenciar” exige a preposição a (e, em consequência, rejeita a construção
na voz passiva) A lingua padrão desabona as estruturas “Todos assistiram os jogos” / “Os jogos
toram assistidos por todos” (cada vez mais adotadas, inclusive em registros profissionais).

Já atendi o/ao moço VTD ou VTI (= dar atenção, levar em conta)


Obs.: A lingua padrão admite os dois tipos de complemento, mas só emprega pronome obli-
quo atono como objeto direto, rejeitando a construção “Atendo-lhe” e aceitando apenas
“Atendo-o” ou “Atendo a ele”

8) Aviso/Informo-lhe o problema.
Aviso/Informo-o do problema. VTDI (= dar notícia, contar)
Obs.: Nos verbos que indicam a comunicação de algo a alguém, a língua padrão de rigor aca-
dêmico só abona a inversão dos objetos de “coisa” e “pessoa” com avisare mformar, não admi-
tindo que a mesma inversão se dé com outros verbos desse mesmo campo semântico.
— tém OD de “coisa” e OI de “pessoa”: anunciar, comunicar, contar, divulgar, dizer, expor,
histortar, narrar, noticiar, participar, relatar, transmutir.
Exemplo: (verbo) + sua demissão + ao professor.
— têm OD de “pessoa” e OI de “coisa”: cientificar, prevenir
Exemplo: (verbo) 4 o professor + de sua demissão.

Cabem cinco jacas na sacola. VI (= poder ser contido)


Cabe ao juiz essa decisão. VTI (= competir, tocar)

Chamo o candidato ao palco. VTD (= convocar)


Chamo o/ao réu (de) insensível. VTD ou VTI + predicativo (= denominar)

) Cheguei cedo ao trabalho. VI(= vir...)


mo

Obs.: A língua padrão de rigor acadêmico rejeita a construção com em: “Eu cheguei cedo no
UE

trabalho” (admussível no registro coloquial ou em muitos contextos da língua literária).


DS
ic

2 Noartigo “O Verbo Avisar e Seus Aparentados” (Na Ponta da Lingua, v 4, p. 40-2), comento particularida-
des da regéncia desses verbos
Objeto brcto & Objcro Indirero 49

Os hvios custam caro, VI (= te preço)


Custa-me acreditar nessa historia. VTI(— se difial)
Obs. Alimgua padrão de rigor academico rejeita
a construção como auxihar de locução verbal

Lu custer a acreditar nessa historia” (admissível no registro coloquial ou em muitos contextos


——

da lingua hteraria) ,
mi

2h

Lle (se) demorou em/a sair. VTI (pronominal) — oracão (= levar tempo)
=

Elas (se) demoram no banheiro VI (pronominal) (= levar tempo)

Encontrou (-se) (com) o amigo, VTD ou VTI (pronommal) (= te com alguem)


Obs.: A língua padrão abona a construcao como VTI com preposicao e sem pronome, critica-
da por alguns gramaticos.

Esqueci (-me de) seu aniversário VTD ou VTI pronominal (= não lembrar)
CIO
Esqueceu-me o seu aniversanto, VTI (= can no esquecimento)
EUs
Obs.: À construção “Esquea do seu aniversário” (sem o pronome, com a preposição) e resul-
tante de cruzamento sintalico e tem uso frequente na lingua literana Os verbos (relem-
brar(-se) e recordar(-»e) tm a mesma regencia
1)
bli-
So ela faltava aos encontros VTI (= deixar de comparecer)
Ne
es

nd»
Só me faltava morrer por cla VTI (= restar)
Obs.. A lingua padrão de rigor academico rejeita a construção como aumilia de locução verbal
“Eu só faltes morrer por ela” (admissível no registro coloquial ou em muitos contextos da Im
gua literaria).
ÇA

TH - Por que você implica comigo? VTI (= aborrecer)


Essa lei implica mais sacrifícios VTD (= inclun, determinar)
OL, Obs.: À língua padrão rejeita a construção com em “Essa ler implica em mars sacrificios” (cada
vez mais adotada, inclusive em registros acadêmicos)

Eu também vou à festa, VI (= comparecer...)


Obs.: A lingua padrão de rigor acadêmico rejeita a construção com em “ku tambem vou na
festa” (admuissivel no registro coloquial ou em muitos contextos da lingua hteraria)

Moro na rua Augusta, VI (= residir)


»
Obs,: A Imgua padrão rejeita a construção com a. “Morar a rua/avenida . ” (cada vez maisado-
tada, inclusive em registros profissionais). Os verbos residr e situar têm a mesma regência

) (DesJObedecerei ao regulamento. VTI (= submeter-se — ou não, em desobedecer)


Ino Obs.: Admmte construção como transitivo direto (e, em consequência, na voz passiva). A tin-
gua padrão abona construções coma “(Des)Obedecerei o regulamento / O regulamento seia
1da-
(des)obedecido”
50 SINTAXE

t) Ainda não paguei os prejuízos. VTD (= quitar / para coisa)


Paguei ao colegio ontem. VTI (= quitar/ para pessoa física ou jurídica)
Obs.: À lingua padrão contemporânea abona construções com objeto direto de “pessoa”, des-
de que o complemento de “coisa” esteja ormtido: “Paguei o colégio.”

u) Oserros, deves perdoá-los. VTD (= desculpar / para coisa)


Aos filhos, deves perdoar-lhes VTI (= desculpar / para pessoa)
Obs : A língua padrão contemporânea abona construções com objeto direto de “pessoa”, des-
de que o complemento de “coisa” esteja omitido (“Deves perdoar os filhos”) ou passe a objeto
indireto, com a preposição por ou de (“Perdoei meus filhos pelas faltas cometidas”)

v) Prefiro a praia ao futebol VTDI (= optar)


Obs.: A língua padrão rejeita a construção com (antes, mars. .) (do) que: “Prefiro (antes, mais)
a praia (do) que o futebol” (cada vez mais adotada, inclusive em registros acadêmicos), análo-
ga a do verbo gostar: Gosto mais da prara (do) que do futebol

w) Procedi ao sorteio. VTI (= realizar)


Isso não procede. VI (= ter base)
Procedi bem. VI (= agir)
Procedo do povo. VI (= originar-se)

x) Quero uma casa no campo. VTD (= desejar)


Quero (bem) a meus amigos. VT] (= estimar)

y) Respondi um monte de bobagens. VTD (= a resposta que se dá)


Respondi ao questionario. VTI (= a pessoa/objeto a que se dá resposta)
Não respondo pelos danos VTI (= responsabilizar-se)
O barco respondeu às manobras. VTI (= corresponder)
Obs : Estão em fase de incorporação à língua padrão contemporânea construções com objeto
direto de “pessoa/objeto a que se dá resposta”, desde que o complemento de “resposta que se
dá” esteja omitido: “Respondi o questionario.”

7) Viseio cheque. VTD (= dar visto)


Visei os olhos da onça. VTD (= mirar)
Visei aos aplausos. VTI (= almejar)

OBSERVAÇÕES
a) Verbos cujo objeto indireto não se refira a “pessoa” não podem ser acompanhados de
pronome pessoal oblíquo átono. À recíproca, porem, não e verdadeira: so cabe a equi-
valência por “lhe/lhes” quando, além disso, há a preposição “a” (ou as vezes “para”).
Objeto Direto & Objeto Indireto 51

Exemplos:
(1) Sobre os jogos do Brasil, assisti a eles com muito nervosismo
— não equivale a Assisti-lhes...

(2) Esperei muito pelo sorteio, mas só procederam a ele após eu ir embora.
— não equivale a procederam-lhe...
(3) Ninguém gostava daquela mulher porque ela era muito inconveniente
> não eguivale a gostava-lhe...
(4) Você já sonhou com alguma cantora de rock cantando um tango?
> não equivale a sonhou-lhe...
(5) É melhor entregar logo essa caixa de chocolates para sua namorada.
> sim, equivale a entregar-lhe...
2111

(6) Pediram ao motorista que parasse o táxi.


> sim, equivale a pediram-lhe...
nm
O sintagma “haja vista” (com o valor de “veja”, “tendo em conta”) pode reger, facultati-
vamente, as preposições “a” e “de”, Quanto à concordância, a construção mais natural é
a que mantém invariável o sintagma. No entanto, ha obras que admitem a flexão do subs-
tantivo “vista” e mesmo a do verbo “haver”. O suntagma “haja em vista” é invariavel,
Exemplos:
(7) A moça não será contratada, haja vista o seu desempenho na prova oral.
= invariável, sem preposição: construção típica da linguagem padrão contemporânea.
[Nesta interpretação, trata-se de locução verbal seguida de objeto direto O tempo com-
posto excepcionalmente mantém o verbo principal no femimino em função do uso.)

(8) A moça não será contratada, haja vista ao / do seu desempenho na prova oral.
= invariavel, com preposição: construção em desuso no português contemporâneo.
“ato

..U
(9) A moça não sera contratada, hajam vista os seus desafetos na empresa
— variação do verbo: construção em desuso no português contemporâneo.
(10) A moça não será contratada, haja visto(s) o(s) seu(s) desafeto(s) na empresa.
= variação do particípio: construção não recomendada por alguns compêndios
[Nesta interpretação, trata-se de locução verbal seguida de sujeito. O tempo composto ex-
cepcionalmente mantem o verbo auxiliar no singular.)
(11) Amoça não será contratada, hajam visto(s) o(s) seu(s) desafeto(s) na empresa,
— variação do particípio: construção não recomendada por alguns compêndios.
| Nesta interpretação, trata-se de locução verbal seguida de sujeito. O tempo composto fle-
s de
xiona o verbo auxiliar ]
gui- [Para o Dic Aurého, “haja vista” e invariável e se deve evitar “haja visto”; para o Dic.
Houaiss, pode manter-se invariável, pode flexionar o substantivo “vista” ou o verbo “ha-
ver” A maioria das gramaticas brasileiras condena a forma “haja visto” |
52 SINTAXE

(12) À moça não será conttatada, haja em vista seus desafetos na empresa
> invariavel: “em vista” (= em conta) é adjunto adverbial de referência de “haja”

COMENTÁRIO DIDÁ TICO SOBRE O RIGOR DE CERTAS REGENC IAS

“Cada epoca tem sua 1egencia, de acordo com o sentimento do povo, o gual varia,
conforme as condições novas da vida Não podemos seguir hoje exatamente a mesma
regencia que seguiam os classicos, em muitos casos teremos mudado. Por este motivo
talharam completamente todos aqueles que, sem senso Imguistico, estudaram o
problema somente a luz dos habitos classicos de regencia” (A Nascentes: PR, p. 16)
A linguagem prestigiada contemporanea emprega, por exemplo, os verbos transitivos di
retos difundir, divulgar, propugar e publicar seguidos de oração subordinada substantiva
Os dicionarios de língua portuguesa, inclusive os de regência, não abonam essa constru
ção, restringindo o uso de objetos dnetos com esses verbos apenas ao âmbito da oração (e
não do período)
Por exemplo, o Mantal de Redação e Estilo, de Fduardo Martins (O Estado de S. Paulo, 1997 —
3! edição), recomenda que nao se usem esses verbos seguidos de oraçao objeuva direta
“DIFUNDIR: alguem difunde alguma coisa, mas não difunde que... DIVULGAR alguem di-
vulga alguma coisa, mas nao divulga que...” Apesar disso, a construçãoe usada no jotnal
Exemplos: Na ocasião, a Agencia Istado divulgou que o relatorio era desfavoravel ao Brasil
(OFSP, 22/ago/2002); Alguns jornais italianos publicaram que o dirigente tentara vetar a ida
do atacante a seleção (OESP, 17/mar/2002), Lle propagava aos quatro ventos que o sertão iria
virar mar e o mar ria virar sertão (OLSP, 29/mai/2001)

| Porisso, 0 bom senso didático (ou o do usuario competente) determinara ate que ponto as
| regências padrão indicadas nos livros e dicionários devem ou não ser adotadas à risca Muitos
| autores contemporâneos, as vezes ate em tratados de gramatica, têm colocado em pratica es
sas regências “menos classicas”. É o que faz Mario Perini na GDP ao usar o verbo “implicar”
coma preposição em: “Essa analise implica em conferir ao nucleo do SN o statits especial de
' cabeça do SN (...)” (p. 196).

r + ne =, — ---2->-— 0. ccuemes umaem r-->—- cena — o e mem ==.

4. Ê. FUNÇÃO SINTÁTICA DOS PRONOMES OBLÍQUOS como


: COMPLEMENTOS VERBAIS

Observemos as duas construções a seguir"

— Os estagiários deram-me (= a mim ) (= lhe ) total apoio. OI


— Um funcionário viu-me (= a mim ) (= o ) no Shopping. OD

No primeiro exemplo, há três possibilidades de emprego do pronome (duas em PI,


uma em P3: todas como objeto indireto); no segundo, os três pronomes são objetos dire-
tos, sendo “a mim” objeto direto preposicionado.
Objeto Direto & Objeto Indireto 53

O quadro seguinte esquematiza essas funções:

; ! TÔNICOS
' ÁTONOS. (acompanhados obrigatoriamente
de preposição)
o/a/os/as > sempre objeto direto. prep. + mim/ti/si/ele(s)/ela(s)/nós/vós |
lhe/lhes > sempre objeto indireto. > objeto direto preposicionado
me/te/se/nos/vos > objeto direto ou ou objeto indireto (conforme o verbo)
objeto indireto (conforme o verbo)

OBSERVAÇÕES
a) Se o pronome que completa o verbo repete a pessoa do sujeito, dizemos que a voz é re-
flexiva (pode ter aspecto reciproco).

Exemplos:
(1) O cineasta impusera-se (= a si mesmo) (= lhe) um roteiro rigido
—> OI reflexivo

(2) O cineasta impusera-se (= a si mesmo) (= 0) aos financiadores.


—> OD reflexivo.

(3) Os artistas cumprimentaram-se (= mutuamente) (= no).


> OD recíproco.

(4) Nos nos oferecemos flores na festa de formatura (= mutuamente) (= lhe).


> Ol recíproco

b) À palavra ENTRE é preposição e exige pronome oblíquo tônico. Com a P1, o registro
coloquial e muitos contextos da lingua literária e jornalística têm abandonado esta re-
gra, utilizando eu por mim.

Exemplos:
(5) Não há problema entre mim (P1) e você.
[evita-se “entre eu e você” na língua padrão]

(6) Entre ela e ti (P2), há um abismo.

c) As preposições só poderão estar seguidas de pronome reto se houver outra oração


com verbo no infinitivo (neste caso, o pronome será sujeito).
1 PI,
Exemplos:
dite-
(7) Deixe o livro para mim.
mas
54 SINTAXE

(8) Deixe o livro para eu ler


> porque o pronome é sujeito de ler
(9) Não choro por ti.
»
mas
(10) Não choro por tu partires assim. |
> porque o pronome é sujeito de partires.
d) Quando pospostas aos verbos, as formas pronominais O, A, OS e AS sofrem as seguin-
tes alterações gráficas"
b)
— quando o verbo termina em R, S ou Z, essa letra desaparece e o pronome ganha L
(inclusive nos verbos monossilábicos, apesar da pouca utilização no português brasi-
leiro contemporâneo)'
(11) Vamos encontra-lo [encontrar + o = encontrá-lo]
(12) É hora de prendé-las [prender + as = prendê-las]
(13) Correram para puni-los. [punir + os = puni-los]
(14) Deixemo-las em paz.[ deixemos + as = deixemo-las]
(15) Fi-lo de bom grado. [fiz + o = fi-lo]
(16) Seu beijo? Qui-lo no passado [quis + o = qui-lo]

- quando o verbo termina em som nasal (com M ou ÃO), essa letra permanece e o
pronome ganha N (assim, o masculino plural da P6 fica homônimo ao pronome da
P4, nos): c)
(17) Carregaram-no para fora de campo. [carregaram + o = carregaram-no]
(18) Desmentem-nas todos os dias. [desmentem + as = desmentem-nas]
(19) As leis dão-nos como usucapião. [dão + os = dão-nos]
(20) Dão-nos razão os números. [dão + nos = dão-nos]

a) Parte Integrante do Verbo


Exemplos:
Judas suicidou-se
+ PIV: o verbo não existe sem o pronome (de mesma pessoa que o sujeito)
mas
Judas amarrou-se numa árvore X Judas amarrou-nos naquela árvore.
> o pronome é OD reflexivo X o pronome e OD
Nós nos utilizamos da sedução
> PIV: o verbo, com o pronome, é TI
mas
Nós utilizamos a sedução
> O verbo, sem o pronome, e TD
Objeto Direto & Objeto Indireto 55

Agora me acho sentado diante do computador.


> PIV: o verbo, com o pronome significa “estar”
mas
Agora me acho uma vítima do sistema.
> o pronome e OD reflexivo
mas
Agora não acho nenhum filme para ver.
> O verbo, sem o pronome, é TD

Partícula de Realce (ou Palavra Expletiva).


al
Qi Fxemplos.
— Vou-me embora mais cedo hoje.
— Aquela mulher fica se rindo toda para o chefe.
— Alma minha gentil que te partiste. (Luís de Camões)

= Nas três frases, a retirada do pronome não implica mudança sintatica ou semantica, mas es-
tilistica.
> No conhecido verso de Camões, o pronome oblíquo realça o valor do verbo “partr” Vale
lembrar que o escritor não produziu nenhum cacófato a palavra “mammha” e de 1789 e
Camões viveu no século XVI
mu
O
Ei
Tu

Sujeito de Infinitivo (vinculado à presença de verbo causativo, mandar — deixar — fa-


zer, ou sensitivo, ver — ouvir — sentir).

Exemplos:
— Aqueles corpos maravilhosos deixavam-se bronzear ao sol,
[ .. deixavam que eles mesmos bronzcassem ao sol |

— Mandei-a varrer o quintal imediatamente.


!— Mandei que ela varresse o quintal |

— O Praxedes viu-nos arrumar as malas com tristeza.


[- EL que nós arrumavamos as malas com tiisteza |

— O médico escutou-a gemer.


[= O medico escutou que ela gemia |

—> Os dicionarios de regencia restringem o numero de verbos que podem ser assim empre
gados, resquícios de um uso sintatico latino A Inguagem hteraria e jornalistica, no entanto,
tem expandido essa construçao (por analogia) a verbos como “esperar”, “aguardar”, “pres
sentir”: | sperou-me entrar — Esperou que cu entrasse/ Pressentiu-se morrer — Pressentiu
que ele mesmo morria,

E
56 SINTAXE

d) Adjunto Adnominal, Adjunto Adverbial e Complemento Nominal.

Exemplos:
— Não lhe (= dele, de você) apararei as costeletas por dinheiro algum.
> adjunto adnominal (com'valor de posse)

— Caíram-me (= mets) quase todos os cabelos


> adjunto adnominal (com valor de posse).

— Sozinho, pego o prato, ponho-lhe (= nele) comida e janto sossegado,


> adjunto adverbial de lugar

— Um dia, isto te (= a 3) será útil


> complemento nominal.

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DO


PRONOME OBLÍQUO COMO ADJUNTO ADNOMINAL
-
o

A classificação dos pronomes obliquos das duas primeiras frases da letra D encontra ressalvas
-0--——

baseadas em argumentos que merecem atenção Vejamoso que diz A G. Kury (NLAS, p 55).
==

Não nos parece boa doutrina considerar adjunto adnominalo pronome pessoal atono
que indica posse (“Beyou lhe as mãos. '), pela sua equivalência (= “Beou suas
mãos.”, “Beyou as mãos dela ”)

Em primeiro lugar, essa equivalência de sentido não e perteita, e nunca se deve analisar
um equivalente, mas a forma usada; segundo, o carater de complemento verbal e mor-
fica e fonicamente mtido um pronome pessoal atono, subordinado foneticamente a
um verbo, em proclse, ênclse ou mesoclise; terceiro, e possivel usar tanto a preposi-
ção a como a preposição de e há diferença entre “bear as mãos dela (ad; adnom ) e
“beijar as mãos a ela” (ob). indir ).
Atente-se a exemplos como este

“No corredor, beyei a mao a tio Zeca ” (Machado de Assis. “Relíquias da Casa Ve-
lha”)[a tio Zeca equivale a lhe, objeto indueto, c não a dele, adjunto adnominal )

COMENTÁRIOS DIDÁTICOS E ESTILÍSTICOS SOBRE


OUTROS EMPREGOS DOS PRONOMES PESSOAIS
'
a) Não e vernáculo o emprego simultâneo do pronome apassivador SF com os pronomes O, '
1
A, OS c AS (porque estes não podem desempenhar a função de sujeito da voz passiva) Com 1
'
1
os pronomes LITE e LHES (objeto indireto) nao ha nenhum impedimento 1

Exemplos
Sobre aquele convite, devo dizer que armda nao se o fez. > frase não vernacula
Sobre aquele convite, devo dizer que amda nao se lez ele > trase vernacula
Sobre aquele convite, devo duer que amda se lhe dara valor > frase vernacula
Gbyeto Direta & Objeto indireto 57

Os pronomes retos podem adquin, na lmguagem formal, certos valores especiais,


1 utal de modestia e de majestade (concordância verbal em P4 e concordancia nominal no
nsilar)
“semplos:
crados, devemos dizer que cessa atitude deixa nos munto revoltado
(= devo) (- me) (concorda com a P1)

vos, legitimo herdeno da Monarquia Brasileira, defendemos o fim da Republica


- Tu) (concorda coma PT) (— detendo)

“mma de cortesia (P3 em lugar de P1) e de cerimonia (P5 em lugar de P2 ou P3)


xemplos
“venno da Silva, brasileiro, requer a V Sa matricula na Classe de Altabcuzacao
— por ubamdade, referumo-nos a nos próprios pela P3 — em vez de pela PA 4
quando penso em vos, imagino como estares sofrendo sem o apoio de vossa nmá
= poi reverencia, 1efermo-nos ao interlocutor singular pela P5

na ressalvas - O emprego dessas construcões esta vinculado ao contexto em que são recomendadas
n==5 p 55) E 496; portanto, avaliar à adequação no seu uso, que contrasta com outros usos em Legistros

tetartos ou de coloquialidade
Cessmalatono
Set suas

cx canalisar
44. COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ATONOS
cem
FRTAÇE - Dependendo das caracteristicas e objeuvos do texto, o criterio de rigor quanto ao me-
* -«Imentea 1 - Z .
“mn posicionamento dos pronomes oblhquos átonos poderá oscilar, sendo opor tuno lem-
= preposr | . . » - .
: “1 às palavras de Celso Cunha (GPC, p. 225) sobre colocação pronomimah
- úmomje
Infehzmente, certos gramáticos nossos, esquecidos de que esta var tabilidade posicio-
nal, em tudo legitima, 1epresenta uma inestimável riqueza idiomática, preconizam.
no particular, a obediência cega às atuais normas portuguesas, sendo mesmo inflexí
VEL NO Sagem o cumprimento de algumas delas, que violentam duramente a rcah
> uúal]
- dade linguistica brasileira

COMENTÁRIO DIDATICO E ESTILÍSTICO SOBRE


A COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS
'
-- cumes O,
'
1
No Brasil, os pronomes obliquos “atonos”, em vi tude de seu valor semitônico, se colocam
'
ess! Com
'
t
de forma bem diversa da que adotam os portugueses, Para nos, nos dias de hoje, soam como
inusitadas (valendo mars como recurso pomposo ou humorístico) combinações de prono-
nes do tipo Seus poemas, por que so agora mos das? (=me + 0s) ou À resposta certa, mnguem ta
dava (te +a) ou Aquelas compras, nunca no-las entregaram (nos + as) Por isso, e preciso anali-
' 41 com cautela sobretudo os casos de provlise em imicio de frase, de prochise ao verbo princi-
pal de locução verbal, de rejeição a mesochse e de oscilações proclíticas e enclíticas em verbos
É precedidos de palavias chamadas “atrativas” — nome madequado, mas bastante empregado
58 SINTAXE

' Exemplos, |

| BRASIL PORTUGAL
; Me deixaram de castigo. X | Doxaram-me de castigo

Lles vinham te busca X — Llesvinham-te buscar

A plateia se protegerá da chuva, X Aplateia proteger-se-a da chuva |

“Ru quando a moça lhe contou/contou-lhe X Riu quando a moça lhe contou |
À nos, nunca as entregaram. X Nunca no-las entiegaram

Vejamos então resumidamente os casos passtveis de “regulamentação” na colocação


dos pronomes átonos”:

I- Em relação a um só verbo:
a) não se inicia período por pronome átono.
Exemplo:
— Encontrer-a na praia.
Observação: Podemos afirmar, porém, que esta “regra” de colocação esta, hoje, res-
trita à língua formal acadêmica, sendo comum a oscilação entre a próchse e a ênchse
em imcio de frase em textos jornalísticos e hterários de prestígio Tal flutuação tem re-
lação com muitos fatores, inclusive fonéticos e discursivos. Nas duas frases abaixo, re-
tiradas de Memorialde Maria Moura, de Rachel de Queiroz, a variação matca usos dt-
ferentes para pessoas gramaticais diferentes.

a
(1) Me lembrei de uma história que o Avó contava.
(2) Tmha-se uma rede e duas tipóias pequenas...

b) antepõe-se, em geral, o pronome átono a verbo flexionado em oração subordinada


Exemplos:
— Eram a más as duas moças de quem nos falaram ainda há pouco
— Ela disse que se confundira com a pergunta.
Observação: Quando há distanciamento entre o pronome relativo ou a conjunção su-
boidimativa e o verbo, admite-se à ênclise, embora o normal seja manter a proclise.
Casos ha, porem, em que a ênclise pode sei defendida, mesmo sem o distanciamento.
a

Ivanildo Bechar a afirma: “Aliás, ainda nas orações subordinadas, pode ocorrer a ên-
clise quando entre o conectivo c o verbo medeiam vocabulos que não extgem a proclt-

“Consulte se a respeno o capitulo “Posicionamento dos Chticos”, na Gramatia Descrinva do Portugues, de


Mano Perim (Sao Paulo, Atica, 1995 — I*edição), cos itens sobre os pronomes atonos (p 49-57,90 5€ 112-3)
nosÉ nsatos de Filologia e Finginstica
de Silvio Fla (Rio de Janeiro Grifo, 1976 a edição, como trulo Ln-
satos de Filologia, c de 1963) Do
Objeto Direto & Objeto Indireto 59

se ou entre eles haja pausa.” (Lições de Português pela Analise Sintática. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2001, p 200 - a I* edição, Edit. Fundo de Cultura, e de 1960)
Exemplos:
(3) Massarant confessou que o “Azulão” conciliou-o com o mundo (M. Bandena)
(4) Nota que tratava-se justamente de um crédito do Ministério da Marimha (M de Assis)
(5) Ate que um dia mataram-na, comeram-na e passatam-se anos. (C. Lispector)
(6) Um amo? assim violento quando torna-se mágoa e o avesso de um sentimento,
oceano sem água (Caetano Veloso)
(7) Certamente, quando decidnam-se por torneiras de ouro em seu banheiro, o casal
Ceaucescu já inha perdido toda noção do real. (L E. Verissimo)?

slocação antepõe-se o pronome átono a verbo modificado diretamente por advérbio (isto é,
sem pausa entre os dois, indicada ou não por virgula) Ilavendo a pausa, a colocação e
optativa
Exemplos:
— Meus filhos sempre se conduziram a contento. > sem pausa
— Tuas ofensas machucavam, hoje desprezo-as + com pausa
— Tuas ofensas machucavam; hoje as desprezo. > com pausa

Wc, TES antepõe-se o pronome atono a verbo precedido de palavra de sentido negativo
2 enclise Exemplos:
tem te- — Na verdade amda não me convenci de que tens tazão
SINO, TE — Nada nos irrita mais do que essa atitude,
usos di-
antepõe-se o pronome atono a verbo flexionado, em oração imiciada por palavra in-
terrogativa ou exclamativa.
Exemplos:
— Quem lhe dná a dolorosa verdade?
— Como nos tratam bem naquela casa!
dnada,
antepõe-se o pronome átono a verbo no subjuntivo, nas orações exclamativas e opta-
tivas (se O sujeito estiver antes do verbo).
Exemplos:
CÃO su — Nossa Senhora nos proteja!
rochse. — Bons ventos te tragam!
mento
antepõe-se o pronome átono a verbo no gerundio precedido da preposição em
Ta

eruen
Exemplos:
procli-
- Em se tratando de trabalho, nao ha como contar com voce
— Algumas maças, cm nos vendo por aqui, ficavam histericas.
ex ILS de

= JEEAS
“culm Observe se anda, nessa frase, a ocorrencia de siepse (verbo no plual deadiram se antes do substantivo
no singular “casal Ceauceseu” )
50 SINTAXE

não se pospõe pronome átono a verbo no futuro de presente e futuro do pretento.


Exemplos:
- Os atores apresentar se do no Teatio Municipal
Nada e Mandrake casar -se-lam em noite de lua cheia.
— Agarrar-me-ei dos seus cabelos.
Observação: FE indiscutivel que, hoje, não ha mais como recomendar o uso mesocliti-
co em textos brasilenos À proclise, mesmo nos casos em que não e obrigatoria, aqui |
se aplica. Nos casos impeditivos -se a opcão do usuário for a rejeição incondicional da :
mesoclise —, sugere-se substitutr os futuros por locuções verbais. |
Exemplos:
(8) Os atores se apresentarão no Teatro Mumicipal
— « VAO se apresentar...
(9) Narda e Mandrake se casaram em norte de lua cheia.
=. JAM SE Casar.
(10) Me agarrarei aos seus cabelos.
Icaso não prestigiado na lingua padrão de n1gor acadêmico por ser micio de frase,
- Vou me agarrar aos seus cabelos

H - Em relação a uma locução verbal, com infimtivo ou gerúndio (apenas nos casos em
que os principios do primeiro item não sejam contrariados):

a) antepõe-se ou pospõe-se (com hmfen) o pronome atono ao verbo auxiliar ou ao verbo


principal, nas locuções sem preposição intermediária. À prochse ao verbo principal
(uso brasileno) tem abono recente nas gramáticas

Exemplos:
Nan lhe deve entregar à encomenda hoje. > uso restrito no Brasil
- Nan lhe está devendo uma explicação uso restito no Brasil
— Nan deve-lhe entregar à encomenda hoje — uso restrito no Brasil
— Nan esta-lhe devendo uma explicação. > uso restrito no Brasil
Nam deve lhe entregar a encomenda hoje > uso normal no Brasil
— Nam esta lhe devendo uma explicação, + uso normal no Brasil
— Nan deve entregar lhe a encomenda hoje. — uso normal no Brasil
Nair esta devendo-lhe uma explicação — uso normal no Brasil

b) antepõe-se ou pospõe-se o pronome átono ao verbo principal, nas locuções com pre-
posição intermediaria
Exemplos:
— Nau começou a me conta: seu drama. — uso normal no Brasil
— Nat começou a contar-me seu diama, > uso normal no Brasi!
Obscrvação: Não cabe o emprego dos pronomes o, a, os, as em posição intermediária
(enchtica ao aumltar ou proclitica ao principal) nas locuções verbais

O
=xemplos
Us alunos estavam os vendo. — usa não-sernaculo
2 Os alunos os estavam vendo > uso restrito no Brasil
* Osalunos estavam vendo-os > uso normal no Brasil
Os alunos passaram a o acusar. uso não-vernáculo
1-

Os alunos passaram a acusa-lo — uso normal no Brasil


41

— Em relação a uma locução verbal, com particípio (apenas nos casos em que os prin-
= os do primeiro item não sejam contrariados): antepõe-se ou pospõe-se (com hífen) o
- mome átono ao verbo auxiliar. A próclise ao verbo principal (uso brasileiro) tem abo-
“vcente nas gramáticas brasileiras.

Ixemplos:
— Nair nos tem contado seu drama. > uso restrito no Brasil
— Nair tem-nos contado seu drama. > uso restrito no Brasil
- Nai! tem nos contado seu drama. > uso normal no Brasil

=» Cm A função sintática dos pronomes relativos depende do reconhecimento de seu antece-


«nte e da reorganização da oração em que ele ocorre:

hoy Exemplos:
e 14
vil icos [que respeito] honram este pais.
b
antecedente pron. relativo (= os políticos)
(ou seja = Respeito os politicos)
objeto direto
> Conclusão: o pronome relativo que é objeto direto.

Emprego apenas as metaforas [de que necessito].

antecedente pron. relativo (= as metáforas)


(ou seja — Necessito das metaforas)
objeto indireto
> Conclusão: o pronome relativo de que c objeto indireto

- Ele e um homem| que respeita a palavra empenhada].

antecedente pron. relativo (= um homem)


(ou seja = Um homem respeita a palavia empenhada)
sujeito simples
> Conclusão. o pronome relativo que e sujeito simples.
62 SINTAXE

— Vivemos numa cidade|em que a insegurança impera).


b y
antecedente pron. relativo (= a cidade)
(ou seja = À insegurança mapera na cidade)
adjunto adverbial de lugar
> Conclusão: o pronome relativo em que e adjunto adverbial de lugar.

Se o verbo da oração à qual pertence o antecedente é SER, merece especial atenção a


construção formal que envolve a concordância do verbo com os pronomes relativos que e
quem.”

Exemplos:
— Sou eu que faço os cheques.
(o verbo concorda com o antecedente — P1)

— Somos nós quem faz / fazemos os cheques.


(o verbo concorda com o relativo quem = P3 ou com o antecedente — P4)

— Fla era uma das que mais chorava / choravam.


(o verbo concorda com um dos antecedentes — P3 para “ela” ou “uma” ou P6 para “as” = aquelas)

— Eu fu um dos que mais chorei / chorou / choraram.


(o verbo concorda com um dos antecedentes — PI para “cu” ou P3 para “um” ou P6 para “os”
= aqueles)

A função sintática dos pronomes interrogativos depende do reconhecimento da es-


trututa sintática, que se repete numa resposta hipotetica, onde o pronome é substituído
por substantivo ou adjetivo de mesmo valo? sintático

Exemplos:
— Quem mventou essa infâmia a meu respeito?
(resposta hipotética: os jornalistas, isto é, Os jornalistas inventaram . )
4
sujeito simples
> Conclusão: o pronome interrogativo quem e sujeito simples.

“ Faremos referencia a expressão T QUE quando tratarmos das palavras denotativas é, depois quando focal
zarmos as orações adjetivas — adiantando desde ja que o dominio sobre o emprego dos relativos sera funda
mental para o estudo dessas oraçoes
Objeto Direto & Objeto Indireto 63

— De que sistema você está falando?


(resposta hipotetica — do curopeu, isto e, . falando do sistema europeu.)

adjunto adnomimal
+ Conclusão: o pronome mterrogativo que é adjunto adnomuinal.

— À quem ela enganou no final da história?


o d

Je e y
objeto direto (preposicionado)
> Conclusão: o pronome interrogativo a quem é objeto direto preposicionado

— Por quem nosso time foi derrotado desta vez?


(resposta hrpotética — Pelo Arimatéia, isto e, ... foi derrotado pelo Arimatéia)
y
agente da passiva
> Conclusão o pronome imterrogativo por quem é agente da passiva.

= cipatet a ae '

47. OUTRAS PARTICULARIDADES NO EMPREGO DE PREPOSIÇÕES,


:-) se o sujeito do verbo no infinitivo estiver precedido de preposição (em expressões do
Jpo em vez de + reduzida, na hora de + reduzida), a tendência contemporânea é não com-
vInar a preposição.

Exemplos:
Es- — E chegado o momento de a turma se despedir.
do — Em vez de ela acender o cigarro, preteriu um copo de vodca.
— Quanto ao fato de aquela mulher ser a sua mãe, isso não me surpreende.
— Apesar de essa ser uma opinião respeitável, continuo com a minha.

OBSERVAÇÕES
a) Não obstante essa preferência, tem larga tradição no idioma a combinação da pre-
posição, como comprovam as seguintes frases”,
Exemplos:
(1) So voltou depois do mfantce estar proclamado regedor. (A Herculano)
(2) Apesar das couves serem uma das muitas especies de legumes... (R. Barbosa)
(3) Levava em consideração o fato dela se achar doente. . (Lúcio Cardoso)

“Os dois primeiros exemplos toram extraudos de É Bechara (LEAS, p 190-1)


64 SINTAXE

b) No caso de haver outra preposição (passivel de combinação, como a, em e por) an-


tecedendo a oração reduzida de infinitivo, há diferenças de uso e não se pode adotar
uma regra que se aphque a todas as preposições.
Exemplos: ,
(4) Ela está acostumada ao marido ficar jogando futebol aos domingos.
(=a que o homem seja ..)
E não.
(5) Ela esta acostumada a o marido ficar jogando...
[Ou o melhor seria evitar a reduzida de infimtivo?)

(6) A ordem se baseia nos funcionários virem sempre de gravata,


(= em que os funcionários venham. )
Ou seria nrelhor (2),
(7) A ordem se baseia em os funcionários virem...
[Ou o melhor seria evitar a reduzida de nfimitivo?]

(8) E pelo futebol ser assim, fico mais motivado ainda.


(= porque o futebol é assim.. )
Ou seria melhor (?):
(9) E por o futebol ser assim ..
[Ou o melhor seria evitar a reduzida de infimtivo?]

(10) “Eu devia estar feliz pelo Senhor ter me concedido o domingo pra ir com a família
no Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos ” (Raul Seixas)
[Ou o melhor seria não evitar a reduzida de mfimtivo?)

2') Somente em casos muito especiais, provavelmente pouco encontráveis na lingua con-
temporânea, pode-se ter exemplo de sujeito preposicionado.

Exemplo:
— Deixai-o sonhar, ao pobre diabo...

sujeito de sujeito pleonástico


infinitivo preposicionado
3') Quando ha complementos (de preposições diferentes) ligados pela conjunção aditiva
e, € preciso cautela na construção da frase.

Exemplos:
— Não gosto de ver as crianças entrando e samdo de casa.
— Não gosto de ver as crianças entrando em casa c dela saindo
[Embora no rigor gramatical a segunda trase tenha preservado as preposições exigidas pelos
verbos, é visivel a supremacia expressiva da primena, onde a simplificação da a ideia maus obje
tividade é concisão |
Objeto Direto & Objeto Indireto 65

— Fla me chamou e ofereceu um prêmio.


Qua:

1 mboraa primeira frase pareça mars simples, talta-lhe clateza, pois a repetição do pronome é
necessarta para distinguir pessoa à quem tor olerecido o premio '

Quando precedidos da preposição com, os pronomes obliquos tonicos adquirem a


ma comigo, contigo, consigo, conosco e convosco. O emprego dessas formas, porem,
TUE
«TRE.

4) Todos podem ser usados refleimdo a pessoa do sujeito.


Exemplo:
bu fico aqui sozinho comigo, sem nada e sem mnguem. > PL o PI.

b) Fodos, exceto corsigo, podem ser usados com sujeito de outra pessoa
Exemplo
Le ja falou contigo depois daquela confusão? > P3 + P2..

Obs.: No portugues do Brasil, não se usa em registro padrão a forma cornsigo equiva-
lendo a com voce Todavia, e procedimento comum em Portugal - o mesmo se aplica
ao pronome si com qualquer outra preposição

multa tremplos:
(11a) Queremos falar consigo depois da palestra
(PORT) > P4 | (P3 = P2)

VOM- (11h) Queremos falar .. com você (.. com o senhor).


(BRASIL) > P4 4 (P3 = P2)

(12a) Protessor, este aluno procura por st,


(PORT) > P3+(P3 = P2)

(BRASIL) — P3 + (P3=P2)
Htiva
As formas com nos € com vos são inteiramente normais, mas so se aplicam quando re-
forçadas por pronomes indefinidos ou numerais

Exemplos:
— Ninguém estava conosco na ocasião — P3 + P4
08 — Eles contavam com vos todos para a cermmônia. — P6 + P5 todos
ODJC- — Tu viajarias pela Europa com nos dois? > P2 + P4 dois
Houve «ra à CC cão comc.erte ce Àrstarco "ou.e SsT.'so

em

77

em
em
y
tos poesias declamadas em diversas linguas (Raul Pompeia!
a) Afrase empregatres vezes a formaverbal houve Porque essa repeticão não deve ser const
derada viciosa?
b) Reescreva a frase acima substituindo as três ocorrências de “houve” por outro verbo da lingua
padrão cujo significado seja equivalente Comente o resultado

Observe os termos sublinhados nas duas frases


a) Acaso e saudade, senhora? As suas violetas, na janela, não lhes poupe: agua e elas murcham
(Dalton Trevisan)
b) Não citemos nomes Nem mortos nem vivos Vivos ha-os ainda, e dos bons (Machado de
Assis)
A que palavra se referem os pronome lhes e os? Identifique a função sintatica dos pronomes e
das palavras a que se referem

Quero antes o colo da ema orgulhosa, / Que pisa vaidosa, / Que as floreas campinas governa,
onde esta (Gonçalves Dias, “Maraba”)
Dois adjetivos se referem ao substantivo ema, mas têm funções sintaticas diferentes Explique

ME DESCULPE
MAS NÃO ATENDO
BEBADO! ENTÃO EU VOLTO
QUANDO O SENHOR
ESTIVER SOBRIO

O efeito de humor dessa tirinha repousa na compreensão instintiva de duas funções sintaticas aa

Comprove essa afirmação transformando a frase chave (Eu não atendo bêbado), primeiro em voz
passiva e, depois, em dois predicados (PV+PN)

Oh! ter vinte anos sem gozar de leve


A ventura de uma alma de donzela!
E sem na vida ter sentido nunca
Na suave atração de um roseo corpo
Meus olhos turvos se fechar de gozo!
Oh! nos meus sonhos pelas noites minhas
Objeto Direto & Objeto Indireto 67

Passam tantas visões sobre meu peito!


Palor de febre meu semblante cobre,
Bate meu coração com tanto fogo!
(Alvares de Azevedo, “Jdeias Intimas”)
Transcreva as expressões que complementam os verbos gozar (v 1) e cobrir (v 8), identifican
do sua função sintatica.
[pu
a

Vou lançar a teoria do poeta sórdido


Poeta sórdido
Aquele em cuja poesia ha a marca suja da vida
Vai um sujeito
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira
[esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paleto ou a calça de uma nodoa de lama
E a vida
O poema deve ser como a nodoa no brim
Fazer o leitor satisfeito de s: dar o desespero
Sei que a poesia e tambem orvalho
Vas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas
[que envelheceram sem maldade
(Manuel Bandeira, “Nova Poetica”)
Comente as diferenças gramaticais decorrentes das alterações efetuadas nas expressões reti
radas do poema
a) “poeta sordido” > sordidez do poeta
b) “brim branco” > brancura do brim
c) “leitor satisfeito” > satisfação do leitor

Observe o uso de formas do verbo “emprestar” nos dois textos abaixo

, — Olha o canarinho!

LT Ric REL Cope SIE


trt

nova cueca que É


E io deito [a op ad! A charge acima se inspsrou na seguinte noticia
namorado”. publicada no TB em 18/11/2002
Di scurerado enquetntes cout eder as
o predente domuncano no Famaran
Lula tomou emprestado uma camara «
elreou eos totagrafos Depois den pão
a RARO as cerpas do palacio comersou com
crunças e reclamo da seleção

Que se pode dizer sob o ponto de vista da sintaxe de regência e de concordância?


FR SINTAXE

Maria Vicência, uma das nossas auxiliares de disciphna, nos obrigava a tomar banho de chuveiro
vestidas em camisolões, e uma das auxiliares da disciplina ensinava as pequenas a se enxugar e
mudar de roupa Nós que nos virássemos protegidas pela toalha que se destinava originalmente
não so a nos enxugar, como a nos cbbrir (Raquel de Queiroz)
O trecho em negrito permite comentar o tema “verbos pronominais” (o pronome e parte inte
grante do verbo) X “verbos reflexivos” (o pronome e apenas um reflexo ocasional do sujeito)
Observe o valor semântico desse verbo ao lado do pronome obliquo e explique por que reescri
turas como Nos que os virassemos OU Eles gue nos virassem serviram para mostrar que, na frase
do texto, o pronome NOS não e reflexivo, mas parte integrante do verbo

No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meto do caminho ali
de
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra

Nunca me esquecerei desse acontecimento


na vida de minhas retinas tão faligadas
Nunca me esquecere! que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no mero do caminho tinha uma pedra
(C D de Andrade, “No Meio do Caminho”)

Na segunda estrofe do poema, Drummond emprega duas vezes o verbo esquecer" No verso
S.a preposiçao “de” esta explicita, no verso 7, subentendida Do ponto de vista sintatico, Isso fol
possivel porque na segunda passagem o verbo esta seguido de uma oração subordinada e não ha
via risco de ambigudade
Fazendo as adaptações necessartas e privilegiando a linguagem padrão,
a) reescreva o verso 5
— com o verbo “esquecer”, sem a preposicao “de
b) reescreva os versos 7 e 8
— sem o adverbio de tempo,
- com o sujeito da primeira oração ainda eliptico,
— com um antônimo do verbo "esquecer" (mantendo o pronome),
com um sinônimo do verbo “ter”,
na ordem direta

10 Observando os mecanismos de regência verbal e adotando a terminologia adotada pela NGB,


classifique quanto a predicação os verbos em negnto do trecho abaixo

E saiu o cego Torquato cheio de fe no Capitão Antônio Silvino O mestre Jose Amaro foi até a
pitombeira e sentia a terra como uma coisa que lhe pertencia La estavam o carderro, o chiqueiro
dos porcos, as touceiras de bogaris As cajazeiras que se pontilhavam de amarelo com as frutas
maduras Chetravam as cajazeiras, cheirava tudo que era da terra que ele teria que abandonar E
quando ele estava na contemplação destas coisas, que eram mais do que suas, ouviu passos de
Objeto Direto & Objeto Indireto 69

um cavalo na estrada Era o negro Floripes que picou o cavalo quando o viu, alem pe O animal
correu de estrada acima Negro miseravel Dele viera toda a intriga. Uma raiva de morte se apos-
sou do mestre. Teria que matar aquele negro Não sabia como lhe viera aquele desejo terrivel
Aquele negro teria que morrer em suas mãos Lobisomem E estacou no pensamento, horrorizado
Matar, derramar sangue O povo dizia que ele vivia bebendo sangue, na calada da noite Matar,
teria que matar aquele negro Entrou para o seu quarto
(Jose Lins do Rego, Fogo Morto)

a) A repetição é intencional e expressiva criando um paralelismo entre os três segmentos b) Aconteceu uma
acução comovente de Aristarco, aconteceram discursos de alunos e mestres, aconteceram cantos, poesias
eclamadas em diversas linguas Na nova redação, observam se mudanças de concordancia, pois "haver" era
rpessoal (seguido de objeto direto) e “acontecer” tem sujeito Também se nota que embora sinonimos, os dois
erbos não têm a mesma expressividade Se o proposito fosse evitar compulsoriamente a repetição talvez cou
“esse escrever “Houve uma alocução comovente de Aristarco aconteceram discursos de alunos e mestres,
zantos, poesias declamadas em diversas linguas "

2 Nafrase a, o pronome “lhes” se refere a “violetas” A função de “as violetas e objeto indireto, a do pronome é
abgeto indireto pleonástico Nafrase b,o pronome “os” se refere a “vivos” A função de “vivos” e objeto direto, a
“0 pronome é “objeto direto pleonástico”

3 Osdois adjetivos são “orgulhosa” e "vaidosa" O primeiro como adjunto adnaminal, o segundo como predicati
o do sujeito

3 ajlPaciente] Bêbado não é atendido por mim, b) Eu não atendo (paciente) quando estou bêbado Ou seja, na
ala do medico, 'bêbado” e objeto direto mas na leitura do bêbado, “bêbado é predicativo do sujeito (e o sujeito
> o medico)

53 Osverbos “gozar” e “cobrir” são transitivos diretos e têm como objetos diretos respectivamente, “a ventura de
ima alma de donzela” e “meu semblante”

5 Nostrês casos, há a passagem do adjetivo a substantivo abstrato e do substantivo a nucleo de locução adjetiva

7 Em'acueca que emprestei do meu namorado”, o verbo “emprestar! esta empregado com o valor de tomar por
empréstimo” o que caracteriza um neologismo semantico e uma mudança de regência o VTDI que pede prepo
sição “a” para seu objeto indireto vira VTDI com preposição “de” Alem disso, vale destacar a Inversão sintática
entre sujeito e objeto indireto Meu namorado (sujeito = P3) emprestoula cueca] para mim (oby ind =P1)> Eu
msujeto=P1) emprestei[a cueca] do meu namorado (ob) ind =P3) Janafrase do jornal a expressão empregada
vontem o verbo 'tomar" seguido do adjetivo participial "emprestado" que deve concordar com o objeto direto,
DoIs é seu predicativo Se o trecho estivesse na ordem direta não teria havido o apagamento da concordância
Lula tomou a câmera emprestada

8 As reescnturas comprovam que o verbo “virar”, quando significa “safar se, dar um jeito” constroi se obrigato
namente com o pronome da pessoa do sujeito Porém. quando significa “inverter a pasição, a direção ou a op:
"GB,
não”, admite objetos diretos de pessoas diferentes

9 a) Reescritura do verso 5 Nunca esquecerei esse acontecimento, b) Reescritura dos versos 7 e 8 Lem
nrar me ei (de) que havia uma pedra no meio do caminho OU Lembrar me-ei (de) que uma pedra existia no meio
do caminha

10 sau=VI for=VI senta=VTD pertencia=VTI, estavam=VI pontilhavam=VTD cherravam=Vl,era=VL


ostava=VI eram=VL ouviu=VTD,era=VL picou=VTD vu=VTD correu=V| viera=VTI (se) apossou =
VTI, sabia = VTD viera = VTI estacou = Vl matar = VI derramar = VTD, dizia = VTD entrou = VI]
Agente da Passiva

O agente da passiva equivale, semanticamente, ao sujeito da voz ativa. No entanto, só


pode haver voz passiva se o verbo for transitivo direto A despeito disso, como men-
cionamos no item que tratou do pronome apassivador, é preciso levar em conta que, nem
sempre, se pode considerar o aspecto semântico como determinante da voz de um verbo.
L. Bechara (MGP, p. 222) enfatiza a necessidade de se distinguir voz passiva e passividade.
Por exemplo, a frase “Ele sofreu um desgosto” é caso de passividade — não de voz passiva.
Também é preciso atenção para as construções com infimtivo onde as noções de passivi-
dade e de atividade se anulam: “Há decisões fáceis de manter, lembranças difíceis de afas-
tar” (cf, C. Cunha c L. Cintra: NGPC, p. 486).

Observemos as frases:

Voz Ativa: O proprio candidato deverá redigir seu requerimento.


sujeito

Voz Passiva: O requerimento deverá ser redigido pelo próprio candidato.


agente da passiva
72 SINTAXE

OBSERVAÇÕES
a) A preposição DE também pode introduzir o Agente da Passiva,
,

Exemplo:
(1) O seu erro já e sabido de todos.

b) O Agente da Passiva pode ocorrer em estruturas onde não há formalmente a voz


passiva verbal

Exemplo:
(2) Em matéria de Inguagem, eu me deixava assessorar por meu colega Sousa da Sil-
veira. (M. Bandeira)
[o verbo causativo introduz uma estrutura onde o pronome obliquo deve desempenhar a fun-
ção de sujeito de infimtivo, mas a oração de “assessorar” só pode ser compreendida em seu
sentido passivo (= ser assessorado)]

c) O fato de haver uma estrutura ativa com verbo transitivo direto não significa, obri-
gatoriamente, que a voz passiva equivalente tenha uso corrente no português. Razões
semânticas, pragmáticas ou estilísticas podem revelar que, às vezes, a voz passiva €
uma estrutura mais potencial do que real -e o mesmo se pode dizer para a ocorrência
da voz pronominal,

Exemplos:
(3a) A moça levou meu convite na bolsa > VA
(3b) Meu convite foi levado na bolsa pela moça. > VP verbal de uso corrente

(4a) O tamanho da nossa carga tributaria sofre o peso do endividamento público. > VA
(4b) O peso do endividamento publico é sofrido pelo tamanho de nossa carga tributária
=> VP verbal de uso improvável

(5a) O operário escorregou as costas da mão suada pelo rosto > VA


(5b) As costas da mão suada foram escorregadas pelo operário pelo rosto.
— VP verbal sem uso

(6a) Ainda não publicaram as novas regras salariais. » VA


(6b) As novas regras salariais ainda não foram publicadas. > VP verbal de uso corrente
(6c) Ainda não se publicaram as novas regras salariais. + VP pronomumal de uso corrente

(7a) Levaram vários sustos > VA


(7b) Varios sustos foram levados. > VP verbal de uso improvável
(7c) Levaram-se vários sustos +» VP pronomuinal de uso improvavel
te à VOZ
Complemento Nominal
& Adjunto Adnominal
a da Sil-

er fun-
2 em seu

ca, obri- 6.1. COMPLEMENTO NOMINAL


Razões
assiva € Como vimos, o objeto direto, o objeto indireto e o agente da passiva são termos que
orrencia
completam verbos. A relação que o complemento nominal mantém com outra palavra de
-Ltà Oração e, na vei dade, a mesma, pois o papel sintático do termo não muda. O que muda
« à classe da palavra que recebe o complemento.

Observemos as frases:

4) Temos odio aos nazistas. X — Odiamos os nazistas.


+14 subst. abstrato de ação + C.N. verbo trans. dueto + O.D
taTia

b) Fiz a entrega aos premiados. X Entreguei aos premiados.


subst. abstrato de ação + C.N, verbo trans. indireto + O.I.

Fiz a entrega dos trofeus. X Entregue ostroféus.


subst. abstrato de ação + C.N, verbo trans. direto + O.D.
[Obviamente, a frase “Fiz a entrega dos troféus aos premados” terá dois complementos nom-
nais. Repete-se aqui a concorrência de complementos, a que nos referimos no item “Objeto
ente
Direto & Objeto Indrreto” |
Tente

d) Tinha certeza no sucesso x Certifiquei-me do sucesso


subst abstr. de qualidade + C.N. verbo trans dir e indir + OI

Doo
74 SINTAXE

e) Sua opmião e favorávelao povo. X Sua opinião favorece o povo.


adjetivo + C.N. verbo trans direto + O.D

8 Referentemente a isso, já decidi. X Refiro-me asso,


adv. de base adjetiva + C.N verbo trans. indireto + O.

Ê
'
'
1
L
6.2. ADJUNTO ADNOMINAL

O adjunto adnomuinal tem outra característica: é um termo periférico, que está sempre
vinculado ao núcleo do termo ao qual pertence.

Exemplos:
— Os meus dois irmãos de Taubate comem muitas calorias inúteis.

núcleo do sujeito núcleo do objeto direto d)


[os adjuntos adnominais são: os, meus, dois, de Taubate, muitas e inútess.|

— Eles pareciam legítimos representantes de uma burguesia decadente.

nucleo do predicativo do sujeito nucleo do complemento nominal


Los adjuntos adnominais são: legitimos, uma e decadente.]
[As palavras sublinhadas desempenham a função de adjuntos adnominais dos nucleos de cada
termo — no caso, o sujeito e o objeto direto (primeira frase), o predicativo do sujeito e o com-
plemento nominal (segunda frase) ]

O correto reconhecimento de uma função sintática, como já dissemos, depende da


análise de relações que ocorrem entre palavras dentro de uma mesma oração. Assim pro-
cedendo, poderemos identificar com segurança as estruturas sintáticas do português, evi-
tando confusões facilmente superáveis.
Vejamos alguns desses casos:

a) Não se confunda OBJETO INDIRETO com COMPLEMENTO NOMINAL

— Todos gostaram da vitória. X O melhor foi o gosto da vitória.


y 4 y 4
verbo trans indir. O. subst, abstr. de ação CN.

b) Não se confunda ADJUNTO ADNOMINAL com PREDICATIVO:

— À moça bonita chegou. X A moça chegou bonita.

AA. P.s.
Complemento Nominal & Adjunto Adnominal 75

— Convider meu primo rico. X A herança deixou meu primo rico.


b Y
AA P.O.D,

Não se confunda PREDICATIVO com ADJUNTO ADVERBIAL DE MODO,

— Os operários trabalharam unidos, X Eles trabalharam bonito.


4 4
PS. A AM. (= belamente)
sempre
— Julguer-te sem piedade. X —Julguei-te sem piedade
V
POD. AAM.
[= Julguei que tu não tens predade.] [-Julguei a ti impredosamente.]

Não se confunda COMPLEMENTO NOMINAL com ADJUNTO ADNOMINAL


— Em 1958, não gostei da convocação de Zagalo, mas em 1998 gostei da convocação
de Zagalo y 4
substantivo abstrato de ação substantivo abstrato de ação

mminal
—> Em 1958, Zagalo era um jogador (Alguem convocou Zagalo): de Zagalo e C.N.
> Em 1998, Zagalo era o tecnico (Zagalo convocou alguem): de Zagalo é A A
de cada
= UV com- — Temos amizade aos animais. X Temos a amizade dos animais.
+ y y y
subst, abstr, de qualidade C.N, —subst abstr. de qualidade A.A.
nde da
m pro- — À criação de ovelhas dá lucro. X A praga dizimou a criação de ovelhas.
jes, EVI- 4 + 4 a
subst. abstr. CN subst. concreto AA.
de ação = rebanho

— Na festa havia alegria para todos. X Justifica-se a alegria do povo.


y y y 4
subst, abstr. C.N. subst. abstr. AA.
de estado de estado

— As lágrimas vieram aos meus olhos com a lembrança de Maria.

|= “Eu me lembrei de Maria subst. abstr EN.


e por isso chorei” ] de ação
TE SINTAXE

— Às lagrimas vieram aos meus olhos com a lembrança de Marra


4 +
[= Maria lembrou-se de algo subst.abstr. AÀ,
e po? isso chorei] . de açao

- As lágrimas vieram aos meus olhos com a lembrança de Maria *


|
"w
|
XY

|= Mara deu-me um presente subst AA


e por 1sso chorei! concreto

e Não se confunda ADJUNTO ADNOMINAL com APOSTO DENOMINA LIVO:

- O pova de Macaé e hospitaleiro. X A cidade de Macae é hospitaleira.


y + y +
subst. AA subst. Aposto (e o nome da cidade)
concreto concreto

COMENTÁRIO DIDATICO SOBRE A DISTINÇÃO ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO 1


'

A cobranca da distinção entre complemento nominal c adjunto adnominal pode mesmo sei
considerada supertlua do ponto de vista da escola de mvelmedio Lntretanto, e fundamental
alertar sempre para o carater instrumental do ensino da analise sintatica. Distinguir as varia-
! ções semanticas e explora-las com competencia é obrigação do falante culto Que a untica à
| cobrança excessiva da terminologia não carregue consigo o desleixo de não se explorarem as
vantagens do donmmio das potencialidades combinatonas estruturais da hngua

23 É obvio que frases soltas podem adrmtir entendimentos diferentes Entretanto vinculadas a um contexto
bem construído, sem nenhuma ambiguidade intencional, não havera como defender anahses discrepantes
Adjunto Adverbial

ÂÃ tradicional categoria dos advérbios “encobre uma série de classes, às vezes de com-
portamento sintatico radicalmente diferente” (M. Perimi! GDP, p 187). Assim, do
“«smo modo como vimos que o objeto indireto pode ter denominações diferentes fora
:NGB, os adjuntos adverbiais também podem merecer tratamento variado conforme o
“atadista. Evanildo Bechara (MGP, p. 436) chama de complemento relativo ao termo
'brigatório, argumental, que pertence à regência do verbo. Ex.. A criança caiu da cama.
tocha Lima (GNLP, p. 252) prefere classificar esse tipo de termo como complemento cir-
«unstancial: Ex.: Trera Roma. Maria Helena de Moura Neves (GULP, p. 233-6) e José Car-
os Azeredo (FGP, p. 205-9) optam por expor a estrutura e o funcionamento dos sintag-
mas adverbiais, na verdade bastante diferentes entre si.
Não obstante tantas questões se possam formular, uma definição bastante simples
dirá que este termo acessório da oração introduz uma circunstância, geralmente referida
Jo verbo, ficando seu relacionamento com adjetivos e adverbios restrito sobretudo ao
caso do adjunto adverbial de intensidade,
Observemos as frases:
ENE RETEEAA PN EEE DE SEDE PANE DS SE RAP PARAR dd TO ii

Adjunto Adverbial de ; Exemplo

atreseLmis A Além do troféu ganhou um sutipralo


do anita q uuasal |
afirmação Efetivamente vocêestavacerto
assunto ou referência ses ' O professor falava de efeito- estufa, a ce a a
|“causa | Acaso choras por minha demissão?
companhia * Gosto de viajar com a família
78 SINTAXE

og E) Css ES E E E Cedae FRERANS EE ICE


A EO a r

Adjunto Adverbial de | Exemplo


concessão ! Apesar de ignorante, tem sensibilidade |
concomitância ' Desperte: ao som de um bolero . o o
condição “Ninguém falara sem a minha autorização o
conformidade | Como de costume, o memno pediu sorvete. O
:
| direção 1| Aponile para o céu num gesto de desespero.
4 distribuição "Os senadores ganham um bonus por sessão O '
duvida “Alguns talvez amda queiram ficar A
exclusão “Todos foram convidados, exceto eu no o
fim A| Precno estudar para o concurso
' frequência A| Visito, meu pais com regularidade— = asma camas
| inclinacao O tempo voa para as pessoas ocupadas. o
inclusão Todos foram convidados, até eu.

intensidade * 'Pfesseenolticoss são bastante polemicos e A


> interesse, inclinação Deram suas vidas pela patria
ou favor o | Agiram em prol
da sociedade , =
linutação, campo “Sou canoca de Botafogo |
uaspecto | Consderei seu caso por um ângulonovo. no
! lugar o | Minha namorada viajou para longe |
| matéria “O caminho for feto deterra batida. 5
meo + Nosúlumosanos, ele viviade biscates O a ease
modo | O | mto que você falaa sem convicção o o sara |

negação | Absolutamente, nada medevespelo serviço |


1

| oposição ' Iazeram o acordo ao arrepio da lei. 1

, Origem ou procedência Não poderia supor da sua parte outra atitude


1
-preçoouvalor |Compreias passagens por R$ 2.000,00
1
1

| quantidade As cartas chegaram aos montes. |


| referência | à eles nada faltaem cretinice o
' repetição ou reiteração Nou falar outra vez com sua professora CO O ,
: situação - Em meio ao foguetório, trocamos beijos de amor. na |
substituição, troca | Em vez de um sorriso, ganhei um sermão '
[ ou equivalência | Meu pai trabalhava por dois o '
| tempo “Nas ultimas férias, fiquei estudando os astros. |
() |
Adjunto Adverbtal 79

Como podemos perceber, o reconhecimento da função “adjunto adverbial” tem na-


t.za sintatica, mas a identificação do tipo a que pertence tem caráter semântico (isto é,
vende do entendimento de seu significado em relação ao outro vocabulo) Por isso, é
udente não considerarmos encerrada a “lista” dos adjuntos adverbiais acima apresenta-
— para ela tomamos por base apenas os casos citados em obras gramaticais importantes
ecentes.

Cabe, também aqui, um lembrete sobre pontuação como o adjunto adverbial tem
-rande mobilidade dentro da oração, é perfeitamente válido colocá-lo entre vírgulas (so-
-retudo quando estiver antecipado e tiver mais de duas palavras):

-xemplos:
Na semana passada, fui ao teatro
ou Fui, na semana passada, ao teatro,
ou Fui ao teatro na semana passada.
ou Fur ao teatro, na semana passada

Em caso de muita necessidade, deves procurar um medico.


ou Deves, em caso de muta necessidade, procurar um médico.
ou Deves procurar, em caso de muita necessidade, um médico.
ou Deves procurar um médico em caso de munta necessidade.
ou Deves procurar um médico, em caso de muita necessidade.

COMENTÁRIO DIDÁTICO E ESTILÍSTICO SOBRE O EMPREGO


DA VÍRGULA NOS ADJUNTOS ADVERBIAIS

a) Tem valor estilistico a vírgula colocada antes do adjunto adverbial que não está antecipa-
do Observemos a diferença de expressividade nas frases abaixo”
Exemplos
Vou ao cinema agora, X Vou ao cinema, agora.
Preciso de você todos os dias X Preciso de você, todos os dias

b) Se o adjunto adverbial tiver apenas uma ou duas palavras, o uso da virgula tambem só terá
valor estilístico:

Exemplos:
Hoje haverá aula. X Hoye, haverá aula
De manha não choveu. X De manhã, não choveu.

c) A eventual necessidade de virgula nos adjuntos adverbiais antecipados não deve (nem po-
deria) causar dúvida com as vírgulas que ocorrem com outro termo da oração, o aposto
Aposto (& Vocativo)

8.1. APOSTO |
O aposto e um termo acessório que se relaciona obrigatoriamente com um termo an-
«Mor a ele (por isso, e aposto = posto + após), podendo ser empregado com finalidades
sintas Pode, porem, o aposto referir-se ao sentido global de uma oração.

Exemplos:
') Shakespeare, dramaturgo inglês, nasceu em Stratford-upon-Avon
— aposto explicativo: entre vírgulas.

4 O dramaturgo inglês William Shakespeare nasceu em 1564,


— aposto denomuinativo ou especificativo: pode ser precedido de preposição: O Esta-
do do Pará produz borracha.

«) Sou fanático por muita coisa, futebol, cinema, musica, livros, viagens...
> aposto enumerativo: depois de dois-pontos

d) Futebol, cinema, música, livros, viagens... muita coisa me atrai,


> aposto resumitivo ou recapitulativo. o verbo concorda com o aposto (neste caso
P3) e não com o sujeito composto.

e) Tenho dois amigos especiais: Reinaldo e um “muicreiro” fantastico; José Luís, um arti-
lheiro predestinado.
> aposto distributivo: que podem manter relacionamento sintático em outra oração
(no exemplo, ambos são sujeitos do verbo ser)
82 SINTAXE

Observação: Caso haja necessidade de se recorrer aos demonstrativos ou aos indefimi-


dos, usa-se este em relação ao mais próximo e aquele para o mais afastado OU um e o
outro em relação a cada um dos dois, sem ordem OU o primeiro, o segundo, o tercei-
ro (etc.) em relação a antecedentes de quantidade maior.

Exemplos:
(1) Passaram por aqui teu professor e duas colegas, aquele para deixar-te um livro, es-
tas para devolverem a chave do carro.
(2) Encontrei dois bêbados no caminho um era o teu irmão; ooutro cunão reconheci.
(3) Encontrei Vera, Inês e Odete no caminho: a primeira usava uma bermuda cafona;
a segunda calçava sandália de dedos; aterceira carregava uma mochila nas costas

f) Seus elogios foram sinceros, fato que gerou prolongados aplausos


— aposto de enunciação. as orações se dividem depois do aposto.

Observação: Esse tipo de aposto coincide um pouco com o que recebe a denominação
de “encapsulamento anafórico”. O mecanismo pode se expandir do âmbito do perio-
do e marcar relações discursivas entre frases ou entre parágrafos. Nesses casos, o ele-
mento anaforico assume sua funcionalidade na estrutura sintática da frase em que se
insere.

Exemplo:
(4) Aquilo que em 1928 parecia ser uma bravata expressava, no fundo, a idéia queo
Estado norte-americano fazia de como deveria se organizar o mundo e de qual deve-
ria ser, nele, a sua posição. Essa concepção veio se formando desde a Independência e
se firmou, em 1823, com a Doutrina Monroe
> O termo em negrito não deixa de ser uma espécie de aposto de todo o trecho subli-
nhado (mas, na sua oração, é o sujeito de “veio se formando”)

Deve-se considerar ainda duas peculiaridades das estruturas sintáticas apositivas pro-
priamente ditas.
À primeira mostra que, entre o termo fundamental e o aposto, há às vezes alguma ex-
pressão explicativa: isto é, a saber, por exemplo.

Exemplo:
— Seu melhor amigo, ou seja, o próprio pai, ainda daria outros avisos

A segunda restringe o termo “aposto” às relações de natureza substantiva, pois um ad-


jetivo não pode desempenhar a função de aposto. O predicativo deslocado de sua posição
normal, colocado entre vírgulas, tem sido classificado por alguns autores como aposto
predicativo (ou aposto circunstancial).
Aposto (& Vacativo) 83

os indefini- E a posição de Epifânio Dias (Sintaxe Histórica Portuguesa Lisboa: Clássica, 1970, p.
QU umeo -3-6-a Itedição é de 1918) e de Sousa da Silveira (Lições de Português. Rio de Janeiro: Pre-
do otercei- -cnça, 1988, p. 140 — a 1º edição é de 1923), defendida por Evamildo Bechara (LPAS, p.
4-7), mas não aconrpanhada por Mário Barreto (De Gramatica e de Linguagem. Rio de
“neiro: Presença, 1982, p. 199-200 — a I* edição e de 1922), Celso Cunha (GPC, p. 110) e
+ G. Kury (NLAS, p 59-60)
im livro, €s-
Preferimos considerar, nessas construções, a omissão do verbo de ligação.

reconheci Exemplos:
uda cafona, - Quando criança, nunca deu trabalho aos pais.
2 costas, > é predicativo do sujeito, núcleo do PN da 1º oração

- Emocionado, o orador confundiu os nomes de alguns homenageados.


> é predicativo do sujeito, um dos núcleos do PVN da única oração

numiInação
to do perío-
casos, 0 ele- O vocativo NÃO E UM TERMO DA ORAÇÃO, mas do discurso. Queremos dizer
E em que se “om isso que, ao contrário de todas as funções sintáticas, o vocativo não se relaciona com
“enhum elemento da oração, mas sim com algo que está fora da frase, ou seja, o interlocu-
01 (o destinatário), real ou retórico:

ideia que O Exemplos:


e qual deve- a) José, você está em casa?
pendência e b) Deus do céu, não ser mais o que fazer.
c) Estou indo agora para aí, seu ingrato.
recho subli- d) Não pense, meu caro amugo, que eu vou perdoar essa injustiça.

2s;tINAS pro- 1) Observe-se que o emprego das vírgulas tambem é uma marca do vocativo
|
») Nos casos de orações com verbo no IMPERATIVO é preciso não confundir o vocativo |
; alguma ex- com o sujeito simples (oculto), especialmente porque pode haver coincidência semântica |
«re ambos.

“xemplos: |
*rdoai-nos, Senhor, as nossas talhas,
— o sujeito é VÓS, porque o verbo está na P5
> o vocativo e SENHOR, P3.
pois umad-
> am daí, vagabundos!
sua posição = o sujeito e VOCÊS, porque o verbo está na P6.
amu aposto > à vocativo e VAGABUNDOS, também P6 !
Palavras
Denotativas

3 discussão que se pode travar acerca dos sintagmas que a gramatica tradional ora
À dassifica como adjuntos adverbiais, ora classifica como palavras denotativas mer e-
« muntas considerações e estudos. À serie de oito volumes da Gramatica do Português [ a-
tv (lançados pela Ed, da Unicamp entre 1990 e 2002, sob a coordenação de Ataliba de
-stilho) contem mumeros capítulos que expõem pesquisas importantes sobre essas pa-
vas, privilegiando obviamente os comentarios para o que ocorre no âmbito da oralida-
e Nosso livro Morfologia estudos lexicais em perspectiva sincrônica (p 79-91) tambem faz
gumas reflexões a respeito da classe dos adverbios e das palavras denotativas Nele, con-
rontamos opimões e apresentamos algumas propostas, valendo aquirepetr uma parte da
itacão da Gramática Posofica da Língua Portuguesa, de Jerônimo Soares Barbosa (1866,
1222 - a 1 edição e de 1822), lá incluida.

Adverbio não e outra coisa mais do que uma redução ou expressão abreviada da prepo-
sIção com seu complemento em ima so palavra imdechinável, Chama-se advérbio, por-
que, bem como a preposição com seu complemento se ajunta a qualquer palavra de
significação ou vaga ou relativa, para a modificar, restringindo-a ou completando-a;
o mesmo faz o advei bio com mais concisão e brevidade. Quer eu diga pela preposição
com seu complemento obrar com prudência; quer reduzindo a coisa a menor expres-
são diga obrar prudentemente; a sigmficação vaga do verbo obrar fica igualmente mo-
dificada e determinada pelo advei bro, como pela preposição com seu complemento
O adveibio pois não modifica so os verbos, como querem os giamáticos, mas qual-
quer palavra suscetivel de determinação, quais são tambem os apelativos, os adjetivos,
A denominação esta proposta por Jose Oricica em Manual de Anulise Lexica e Smtatica (Rio de Janeiro Ti
viarta Francisco Alves, 1942 — 8'ed ),p 505
B6 SINTAXE

e os mesmos adverbios, como se pode ver nestes exemplos: Jesus Cristo é verdadeira-
mente Deus, e ao mesmo tempo verdaderramente homem, um homem bem fidalgo lam ver
atômitos de ver tornar tão cordeiro quem tão leão viera. (...) Nunca lhe pareceu mais filho tad
de tal pas. (...) Logo imediatamente sucedeu. A etimologia da palavra advérbio, com lac
quem diz adjunto ao verbo, não se deve entender do verbo como uma das seis partes cer
elementares da oração, mas de qualquer palavra capaz de modificação; que isto signi- ter
fica o nome latino verbum em toda sua extensão.
ela
De todo modo, não podemos desconsiderar o fato de que, para muitos autores, ha na
língua portuguesa palavras que não têm função sintática. Na verdade, trata-se de vocabu-
los cujo valor semântico especial ora se vincula a toda a oração, ora a alguma outra palavra
em particular — anda que em alguns livros sejam tratados como advérbios*, o que reco-
mendaria uma revisão da nomenclatura gramatical e/ou uma reavaliação da definição de
advérbio.
Exemplifiquemos a questão tomando a frase “Ela comprou uma bicicleta nova” e su-
pondo-se o acréscimo das palavras ATÉ e ONTEM.
Se tentarmos colocar a palavra ATE na frase, veremos que só entre o artigo e o subs-
tantivo não caberia a incorporação. Veremos também que, conforme seu posicionamen-
to, ela terá um “parceiro” sintático diferente.

(1a) Até ela comprou uma bicicleta.


(1b) Ela até comprou uma bicicleta.
(1c) Ela comprou até uma bicicleta.
(1d) Ela comprou uma bicicleta até.

Agora, se tentarmos colocar a palavra ONTEM na mesma frase, veremos que, de


novo, só não caberia sua incorporação no interior do objeto direto

(2a) Ontem ela comprou uma bicicleta.


(2b) Ela ontem comprou uma bicicleta.
(2c) Ela comprou ontem uma bicicleta,
(2d) Ela comprou uma bicicleta ontem.

Porém, em nenhuma dessas inserções, ONTEM deixará de se relacionar com o verbo


comprar. Observa-se no caso dos denotadores exatamente o contrário: como dissemos,
não há um único caso em que a mudança de posição não afete o relacionamento sintático
(até + ela não é igual a até + comprou, que não é igual a até + uma bicicleta, que não é igual a
até + nova, que não é igual a .. + até)

32
“Na Nomenclatura Gramatical Portuguesa, são chamados oficialmente de advérbios q
Palavras Denotativas 87

e Por isso, para os objetivos deste livro, optamos por manter separados os adjuntos ad-
nais € as palavras denotativas, servindo as frases abaixo para mostrar o que aparece ci-
«em muitas gramáticas como palavras denotativas, pois estas a princípio podem se 1e-
Pá TR mar com qualquer vocabulo. Diver samente, nos adjuntos adverbiais predomina uma
di | ' mobilidade posicional, o que permite antepor ou pospor o termo conforme a pre-
o “10 comunicativa, mas não muda a “parceria” funcional com o verbo.
à pergunta que cabe — quando se pretende dizer que só existe o adverbio — é: teriam
* um enquadramento “confortável” no grupo dos adverbios/adjuntos adverbiais?
é» me na
vocabu-
Exemplos:
a) Mesmo uma pedra tem mais sentimento do que você. (de inclusão)
[ue reco- a » . a
criados
sdetoss
> “mesmo” se relaciona com “uma pedra” , (pode ser adj : adv ;?)

b) Os livros comprados são bons, exceto o de capa verde. (de exclusão)


+ e su-
> “e
“exceto” se relaciona
+
com “são bons” > (pode ser ad). adv.?)
tus

2 0 subs- c) Eis*? (aí) o pagamento a que fazemos jus. (de designação)


mamen- > “eis” se relaciona (com “ai” e) com “o pagamento” (pode sei adj. adv.?)

d) Sabe-se lá por que houve tanta confusão? (de realce)


— “Já” se relaciona com “sabe-se” (pode ser ad). adv ?)

e) Os ultimos a chegar é que serão prejudicados. (de realce)


> “e que” se relaciona com “os ultimos” e com “serão prejudicados” (pode ser ad),
adv.?)
ue, de - ; : E es
duto 1) De todos os que viajaram, só o nosso vizinho faltou. (de restrição)
> “so” se relaciona com “o nosso vizinho” (pode ser ad). adv.?)

g) Seja feliz, ou melhor, passe muito bem. (de retificação)


> “ou melhor” se relaciona com “seja teliz” e com “passe muito bem” (pode ser adj
adv.?)

h) Com que então, decidiste vender o fusca. (de situação)


5 verbo > “com que então” se relaciona com “decidiste vender o fusca” (pode ser ad) adv ?)
Ssemos, à ado . . "u
Statico 1) Tudo bem . Mas voltemos àquela questão do dinheno, (de situação)
tonal 4 — “mas” se relaciona com “tudo bem” e com “voltemos aquela questão do dinheiro”
o
(pode ser ad). adv.?)

“A palavra “eis” (adverbio para o Dic Aurelio e para o Dic Towaiss) provem da preposição latina va- [a
quem defenda, porem, que “cis” c torma contrata de havers (haveis>heis>ers)
88 SINTAXE

E quando escutar um samba-canção


Assim como “Eu preciso aprender a ser só",
Reagir e ouvir O coração responder
Eu preciso aprender a só ser
(Gilberto Gil, “Eu preciso aprender a so ser”)

Observando a expressividade da palavra so nos dois trechos, esclareça suas diferenças se-
mânticas e morfossintaticas Depois, explique em que outras posições da mesma frase essa pala
vra poderia ser empregada e com que consequências semânticas e morfossintaticas

rasirtá ;
1 Muda Palmeiras.
Pi) .

Ea 8 NoNoNoNo Presidente
Ns mudapalmeiras com br

A foto mostra um painel de rua espalhado pela cidade de São Paulo no ano de 2003 A frase
principal contem um erro de pontuação, mas não um erro de comunicação Se as duas palavras
fossem invertidas, o erro estaria no campo da gramática e da publicidade? Explique

O emprego da virgula contraria as normas de pontuação em uma das seguintes noticias de jornal
(a) A diferença salarial entre trabalhadores com uma decada de estudo e os que não haviam con-
eluido o primeiro grau caiu, de 123% para 75%
(b) Um dia depois de a rede terrorista Al Qaeda raptar três soldados americanos, EUA e Irã con-
cordaram em buscar soluções para a violência no Iraque, onde um atentado, ontem, matou 50
(c) Em todos os cantos da cidade flores, bombons e gestos de cannho dos filhos não deixavam
duvidas de que ontem era Dia das Mães
(d) Com o mnicio das obras de recuperação da pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo,
51 vôos serão transferidos para Guarulhos
(e) De 1993 a 2006, 37% dos 1 425 fechamentos de vias publicas, passeatas, depredações de
ônibus, denuncias ao Ministerio Publico e abaixo-assinados foram motivados pela violência,
conclu estudo da UFRJ
Palavras Denotativas 89

Manchete da Folha de S Paulo (de 1995) dizia

Rushdie deixa de ser


“agente da passiva” e
passa a autor da ação
Messe sete estrito els ter de r
Loma ate costa ser babaso Foge em '
»eperet Sentença mm me que lh te posters
ceato”o ADenmeçra S erraçto Le ENS Ta ta

A noticia divulgava o lançamento de um novo livro do escritor, que vivia então sob a proteção
permanente da Scotland Yard, com uma guarda pessoal substituida a cada seis meses e mudando
de casa a cada três meses
A manchete da reportagem faz um “jogo de palavras ' com dois elementos usados nos estudos
gramaticais agente da passiva e autor da ação Explique por que, do ponto de vista teorico, a pre-
sença da palavra “autor” torna a frase incoerente ou redundante

Explique cada sintagma destacado e, depois, Identifique seu nucleo substantivo e seu adjunto ad
nominal
a) Parece-me que pretendes encontrar uma mulher nova, e não apenas uma nova mulher
b) E melhor ter um cachorro amigo do que um amigo cachorro
c) Contratei um funcionario alto para ser um alto funcionário
d) Brás Cubas era um autor defunto ou um defunto autor?
e) Em nossa igreja, os fiéis colaboradores recebem pão e sopa
%) Nesta repartição, todos somos fieis colaboradores que pensamos no bem comum
g) Esses livros fazem referência aos velhos conquistadores de nossa historia
h) Naquele asilo, o maior problema eram os velhos conquistadores, que viviam beliscando as
enfermeiras
+
x
ts
14
Ú

Naquele segundo ano houve dificuldades medonhas Plante: mamona e algodão, mas a safra foi
vo
1

ruim, OS preços baixos, vivi meses aperreado, vendendo macacos e fazendo das fraquezas forças
para não irao fundo Trabalhava danadamente, dormindo pouco, levantando-me as quatro da ma-
nhã, passando dias ao sol, a chuva, de facão, pistola e cartucheira, comendo nas horas de descan-
so um pedaço de bacalhau assado e um punhado de farinha A noite, na rede, explicava pormeno-
res do serviço a Casimiro Lopes Ele acocorava se na esteira e apesar da fadiga, ouvia atento As
vezes Tubarão ladrava la fora e nos aguçavamos o ouvido
(Graciliano Ramos, São Bernardo)

O texto de Graciliano e uma demonstração de expressivo dominio do uso da pontuação, não se


podendo apontar nenhum caso onde as virgulas se excederam ou escassearam Entretanto, as re-
gras de pontuação permitiram que outras virgulas fossem colocadas nesse trecho Reescreva O
acrescentando todas as virgulas admissiveis e comente o resultado
90 SINTAXE

À primeira vista, a manchete ao lado, publicada num jor- E mundo RS


nal de São Paulo em 1999, não parece indicar a causa
do cancelamento da missa Papa cancela
a) Que outro significado parece tera frase? missa por febre
Gripado, João Paulo 2“ cance-
b) Esse outro significado e descartado pelo leitor por
lou missa na Cracóvia, na Po-
conta de algum fator sintático? lônia, onde cerca de 1 milhão de
fiéis o aguardavam. Pág. 1-13
c) Como poderia ser redigida a frase para evitar a am-
biguidade”?

Na fazenda do Ze Couto, onde moravamos, sempre eramos surpreendidos pela presença de co-
bras Cobras venenosas Cobras não venenosas Era com frequência que nos deparavamos com
algumas cascavel, jararaca, jararacuçu (dourado, do campo, menor, mais agressivo, e do brejo,
maior, menos agressivo, preto), coral, limpa pasto, cipó, duas cabeças, vidro, urutu e outras de difi-
cil catalogação
Acho que ja me deparei com todas elas, matando a maioria e deixando algumas escaparem-se
por imperícia ou por não dispor de uma vara ou pedaço de pau compridos para o ataque final.
Medo? Quem não tem, de cobra? Ela parece possuir uma força estranha sobre nos À primeira
impressão é de que ela nos irá atacar. , Cresce aos nossos olhos ficamos temerosos e um pouco
sem ação À calma e o raciocinio fogem por um instante e, desnorteados, vamos apenas acompa-
nhando o seu deslizar se ondulante pela relva ou pela estrada, deixando marcas sobre o po, na
dança brilhante e lisa e, às vezes, multicolorida Vai fugindo ou se esgueirando pelas beiras dos
caminhos, numa duvida entre o atacar ou safar-se enquanto pode
As cobras carregam consigo, com certeza, um ar de misterio Devem orgulhar-se do pavor
que causam às pessoas Sabemos que são necessárias a manutenção do ecossistema, pois
absorvem o veneno do ar e alimentam-se de pequenos mas nocivos roedores Quando nos de-
paramos a sos, com elas, a prudência fala mais alto e nos lançamos contra a peçonhenta num
ataque sem predade
Somos nos ou são elas Então, morram elas!
(Jose Monteiro Filho, Cobras no Caminho)
a) Observe a opção textual do autor nas três primeiras frases do texto, duas delas sem verbo. Re-
escreva as numa única frase, desfazendo a repetição do substantivo e escolhendo a voz ativa,
em vez da passiva Depois, compare a frase resultante com a original e identifique a que lhe pa-
rece mais expressiva justificando sua escolha
b) Observando-se a frase “As cobras carregam consigo, com certeza, um ar de mistério” (h-
nha 14) e seu valor semântico no texto, pode-se assegurar que a locução entre virgulas re-
presenta
(1) o modo certeiro como as cobras carregam um ar de misterio,
(2) a certeza das cobras quando carregam um ar de misterio,
(3) a impressão de que as cobras carregam um ar de mistério
Entretanto, um outro contexto poderia nos levar para qualquer das outras Interpretações Qual
a função sintatica da locução “com certeza" em cada uma das três interpretações?
c) Asegunda frase do penultimo paragrafo diz: "Devem orgulhar-se do pavor que causam às pes-
soas”, Por que não se pode classificar o sujeito como indeterminado?
d) Seaultima frase do texto fosse “Então, morram-nas!”, em vez de “Então, morram elas!” que co
mentarios a respeito do processo sintatico e da adequação formal poderiam ser feitos?

Ro
Palavras Denotativas 91

Analisando o relacionamento que os termos em negrito mantém com outros elementos de sua ora
cao, preencha o quadro abaixo de modo a comprovar o papel sintatico de cada um Para tanto, re
conheça a classe gramatical da palavra com a qual o termo destacado se relaciona, indicando se o
mecanismo e de concordância verba! (CV), regência (Rg), atribuição (At) ou circunstância (Ci)

À capelinha de Barranco Alto não escapava à regra: era branca e singela por fora, dominando
a larga praça onde o coreto velho se acocorava, agachado, entre sumaumeiras altas e corpu-
entas Por dentro, pobreza e mau gosto Não tinha alma, nem qualquer encanto Uma orna-
mentação triste agravava aquela indigência sem virtude Não convidava aos silenciosos
prazeres interiores do misticismo O que mais, entretanto, impressionava nessa igreja eram as
imagens, feias como manipansos selvagens A piedade do povo, porém, contentava-se com
elas O povo, no interior do Brasil, esta sempre contente com os seus ídolos Habito que lhe
adveio, aliás, dos bons tempos remotos das senzalas e das tabas, onde os idolos não eram belos
nem sugestivos O povo do Interior acha sempre as imagens “muito perfeitas" Porque é pe-
cado achar santo feio,
(Peregrino Junior, Seleta)

TD2000200 202000200 00 00 000 a 5 ia


o termo destacado se relaciona | cuja classe por CV, Rg,

3) a regra verbo (vti)


e
Preço
ERREI
'
'
1
1
'
'
1
1
1
'
1

1
CI
DT

8 aquela indigência sem virtude


A

9)
AOS

aos silenciosos prazeres

interiores do misticismo
ES

P) us
tetas
Senuscacuss, asso sosassce sig -Deis ÉS Ds ss Errar coa Cu wi Ge ió%
ER

) com elas ' : !


- - - - —& jebo-- ua ef = 050 DL Deo =>222DD22>===

k) no interior do Brasil
sm
tn
No

p com os seus idolos


m ) lhe

n do Interior

0) muito

p) perfeitas
92 SINTAXE

10 Redijaum comentario de 15 linhas destacando, em relação a estrutura das orações do texto, os as


pectos sintaticos, semânticos e estilisticos expressivos

O pequeno operou uma revolução na vida do padre horas de dormir e de levantar da cama, de
rezar de comer, de ler, de passear, de fazer visitas, de jogar o ecarte e a bisca, todas elas sofreram
modificações, umas aumentadas, outras diminuidas, quase todas deslocadas um pouco para tras,
ou um pouco para diante A vida, o coração, o espirito do padre, tudo fora abalado e revolvido pelo
encontrão daquele brutinho de seis dias De manhã cedo, o primeiro pensamento era para ele, e
quase sempre tambem a primeira palavra Durante o dianão minguavam os cuidados e os zelos, e a
noite, antes que a Rosa partisse para a sua casa, nos fundos, o vigario Ia acariciar mais uma vez as
bochechas abaçanadas do pequerrucho, dizer lhe um gracejo e abençoa-lo com os seus longos
dedos afeitos a prece
Uma tarde, sentado a porta com Veloso, este lhe estranhou, na sua fala aos supetões, tanta mu
dança
— Padre, você anda muito preocupado com esse negrinho
O vigario achou o termo pouco delicado e engrolou umas evasivas
— Não, não Preocupado por quê? Ora essa
— Anda, sim, pacire Pois eu acho que faz muto bem e mais uma obra de caridade que você exe-
cuta, alem de tantas
— O pequeno precisava de alguem que olhasse por ele
(Amadeu Amaral, Novela e Conto) dit
po
tre
pt 5 RE be
ot
1 Em precisoaprender a serso” "so" significa "sozinho" (e adjetivo) Em “preciso aprenderaso ser só sigm
fica apenas” (e palavra denotativa de restrição) Como adjetivo, desempenha a função de predicativo do sujeito
devendo manter se na posição final da frase (sua antecipação, mesmo colocado entre virgulas, poderia gerar am
biguidade) Como palavra denotativa, 'so não tem função sintatica, podendo deslocar se para outros pontos da
aracão mas passaria a restringr outras patavras (na letra original sa restingre o verbo ser sinônimo de existir)

2 O erro de pontuação consiste em não separar o vocativo do verbo por virgula O erro não é de comunicação
porque o painel permite que se entenda a metonimia (Palmeiras = associado do Palmeyras) em vez de se pensar
que Palmeiras” e o objeto direto de 'muda A ausencia de artigo antes de ' Palmeiras: tambem ajuda a excluir
esse entendimento Ao se Inverterem as duas palavras, “Palmeiras” estaria na posição de sujetto e seria possivel
que alguem entendesse a frase como uma afirmação — e não como uma invocaçao Porisso ha erro gramatical
quando não se usa a virgula com o vocativo, qualquer que seja sua posição Ja na comunicação escrita informal o
risco de confusão so ocorre cuando o vocativo esta a esquerda do verho

3 C te necessario colocar uma virgula após a palavra cidade” que termina o adjunto adverbial antecipado —
mesmo reparando que logo em seguida ha uma enumeração com mais duas vigulas)

4 Porque o agente da passiva tambem eo autor daação O jornalista na verdade deveria ter usado o sujeito
da ação", o que tecnicamente daria o efeito pretendido de opora' passividade do escntor (pelo seu confinamen
to compulsório) a “atidade' que continuava a desenvolver (pelo lançamento de seu novo livro)

5 a) mulher nova = mulher jovem nova mulher= outra mulher (' mulher” e substantivo nos dois trechos “nova e
adjetivo no primeiro e pronome indefinido no segundo), !/ b) cachorro amigo= animal que faça companhia amigo
cachorro = amigo falso ( cachorro" e substantivo no primero trecho e adjetivo no segundo “amigo e adjetivo no
primeiro e substantivo no segundo), // c) funcionario alto = funcionaria de elevada estatura, alto funcionario= fun
cionario importante (“funcionário” e substantivo nos dois trechos alto é adjetivo nos dois trechos), // d) autor
Palavras Denotativas 93

“º osas- cefunto = autor ja falecido, defunto autor = defunto que escreve (“autor e substantivo no primeira trecho e adpeti
vo no segundo, “defunto” é adjetivo no primeiro e substantivo no segundo), // e) fieis colaboradores = fiéis que
colaboram ('fieis eo substantivo “colaboradores eo adjetivo) //1) féis colaboradores = colaboradores com fi-
geiidade ( colaboradores” e o substantivo fieis é o adjetivo) // g) velhos conquistadores = antigos herois
| conquistacores” e o substantivo, "velhos e o adjetivo), !/ n) velhos conquistadores = idosos paqueradores
(velhos eo substantivo conquistadores e o adjetivo)

6 Asvirgulas podem ser colocadas depois de ano / forças ! trabalhava / levantando me / comendo / descansa /
serviço / acocorava se / esteira / ouvia | vezes| ladrava /fora Ainclusão dessas virgulas (admitidas pelas regras
de pontuação”) fragmentaria o texto, que sena a todo momento interrompido por essa marca (de ênfase ou sim
plesmente sintatica)

7 a) À primeira vista parece que haveria uma “missa em favor da febre”, b) O leitor descarta esse entendimento
2or serincoerente, mas so tem certeza da incoerencra quando começa atero texto Inferior c vê que o Papa estava
arpado c) A ambiguidade seria evitada se a manchete fizesse a mesma Inversão que aparece no subtitulo Por
“ertamu
febre Papa cancela missa

8 al Reescritura Na fazenda do Ze Couto, onde morávamos a presença de cobras, venenosas e nao venenosas,
«empre nos surpreendia Comentario Considerando se que o texto focaliza a relação do narrador com as cobras
cia fazenda onde morava a frase do escritor e mais expressiva pois utiliza a repetição e a pontuação como objeti
sq de êntase da narrativa //b) No texto, o sintagma "com certeza representaa interpretação (3) pois e modaliza-
» EXer sor de uma impressão do narrador O termo e adjunto adverbial de modo nas interpretações (1) e (3) e predicat
t+

vo do sujesto no entendimento (2) que equivale a “As cobras estão com certeza quando carregam consigo um ar
de misterio” // c) Porque o sujeito dos dois verbos e o mesmo do periodo anterior ("as cobras ) O sujeito e sim
o'es oculto // d) A frase do texto contem um verbo intransitivo no imperativo Porisso e corretoo uso de elas a
Jretta do verbo (posição normal do sujeito de verbos no imperativo) À reescritura poderia ser justificada pela su
posição de que o autor pretendeu combinar os valores semanticos de morrer e matar atribuindo a ambos a
iransitividade de matar Paraisso poder sesta alegar inclusive que o participro “morto e comum aos dois ver
bos À dospeito disso, num texto em lingua padrão a contrução “morram nas e vicrosa pois usa um pronome
obliquo em lugar de um pronome reto

, 5 EE Es a o a a sos Es £
o termo destacado se relaciona : cuja classe : por CV, Rg, e tem a função de...
| com... Ué. | Atou Ci '
“1 erao ajá regra o o esoapaia , o verbo (vt) no ' Rg E , objeto iúdreto
* « Sar b) a larga praça o Meniaanda | verbo (utah É Rg o objeto direto no
z aC IuIr
c) agachado É *, coreto “eibdianimo At 1 predicativo do sujeito
=2"=“ vel
2 ua d) alma tinha o verbo (vtd) o Rg objeto direto É
e EO e) uma ornamentação triste , agravava, ! verbo : cv , sujeito simples ne

aquela sem virtude agravava “verbo (vtd) Rg | Objeto direto


gl aos silence do misticismo . convidava E verbo ui É Rg pr , objeto indireto
nteas — agem substantivo E Ât o predicat do predicativo
1) do povo o “| piedade substantivo At “ adjunto adnominal
!) com elas o * contontava verbo (vt) o Rg o objeto indireto o .
k) no mterior do Brasil esta verbo (de lg) O | adj adv de lugar
) com os sous idolos o Goran adjetivo É o complemerto nominal

mi) he o — aagaia vao im) , Rg Coma Ndivétã o


; n) do gbgnor o “povo «absta ro o At : adiunio adhomnal
94 SINTAXE

= = ZE CEA
s Ve SNDE! E r = Eta ASS rn doe A= = E = |
' o termo destacado | se relaciona , cuja classe | por CV, Rg, : e tem a função de...
| com... é (AtouC)
: ERAS LES Cosimo
ras iqsate ha, E CM RerA
pal: E e CE ei 2 tas Rm] APERTE =
0) muito | perfeitas , adjetivo 1 C , adj adv de intensidade !
' .—- - = —— vitddacamneenres Io do mm mm— É) po qu mão qo em mo I

iplperetas jumagens— jsubstantivo | At | ' predicat doobj direto |


q) santo , achar 1 verbo (vtd) É Rg + Objeto direto 1
PES QE E dE urié ium(aiaiteiga romeo to o AE, ai O O LEA qm ola up EE capas as o ps É coiso
ip 1
f) feio ! santo | substantivo Át predicat do oby direto

10 O comentário (livre) deve destacar a enumeração e a estrutura que começa em “horas de dormir” o aposto
resumitivo “todas elas” seguido do aposto distrbutivo "umas outras Alemdisso entre outros trechos, mere
cem referencia as passagens de ordem inversa (antecipação de adjuntos adverbiais e posposição do sujeito) e
algumas regencias (com os pronomes atonos e com o valor semântico de “olhar por”)

“10
ne
TiNa
vo]
Periodo Simples
& Periodo Composto

N o periodo simples, classificamos a oração como absoluta To que ocorre numa frase
como “Aquele pugilista ganhou o título mundial por duas vezes”

No periodo composto, podemos encontrar orações coordenadas e/ou subor dinadas


A NGBincoi porou na dassificação dessas orações os processos da correlação e da justapo-
sicão, fenomenos sintáticos de caracteristicas proprias que justificaram um reexame na
descrição da estrutura do periodo composto. Jose Orticica trata do assunto em Manual de
Analise Fora e Smtática (1942) e em Peorta da Correlação (Rio de Janeiro Organização
Simões, 1952 — IZ edição) Mantivemos aqui a classificação da NGB, mas faremos menção
aos processos de correlação e justaposição sempre que couber,

Sugestão didatica
Para dividir um periodo em orações, sublimnha-se o verbo c marca-sc cada conector
tconjunções cootdenaltivas) e transposito (conjunções subor dinativas e pronomes rela-
tivos, precedidos ou não de preposicao)
Exemplos
— Disse isso sem ênfase, triste, a palavra surda, os olhos mortos, com tal palidez | que
metia pena (M de Assis)
— Não var aqui falsa modestia, | como adiante se vera (G Ramos)

[Caso haja alguma locução verbal, ela marcasa apenas uma oração, como se vê em

— Sei apenas | que uma pessoa sa pode escrever sobre as coisas marcantes de sua vida.
(Joao Cabral)
98 SINTAXE

— Pergunto pelo Grupo Corpo | e fico sabendo | que está correndo a Europa,
(Zuenir Ventura)
- Começou
a circular à expresso 2222, | que parte direto de Bonsucesso pra depois,
(Giberto Gil)| »

Isso sigmfica que o elemento nuclear da oração (o verbo) pode estar representado
morfologicamente por uma locução Por isso, cabe relembrar que, em português, ha três
tipos de locuções verbais:

a) tempo composto
auxiliar ter ou haver + prmcipal no particípio
Exemplo:
— Ele tinha (ou havia) aprendido a lição.
[A possibilidade de emprego do verbo ser como auxihar de tempo composto restringe-se a
combinações que se assemelham as dos depoentes latmos — verbos que têm forma passiva e
significação ava, homem experimentado (= que tem ou adquiriu experiência) ou lido (=
queleu) ou viajado (= que viajou), tambem chamados de verbos medio-passivos Laluso só
se da ao lado de verbos que denotam movimento. |
Exemplos:
— Ja eram passados cinco anos
— É chegada a hora fatal.
Ex

b) voz passiva
auxiliar ser, estar ou ficar + principal no particípio.
Exemplo:
— Ele sempre era (ou estava ou ficava) cercado pelos alunos,

«) locução de valor semântico


auxiliar “aspectual” ou “modal” + principal no infimtivo ou no gerúndio
> admite preposição entre o auxiliar e à principal
Exemplos: sen

-- Ele costumava (ou começava a ou parava de) estudar muito tarde em

- Ele andava (ou estava ou vinha) conversando conosco há tempos


— Ele devia (ou tinha de/que ou podia ou parecia) voltar cedo.
- O povo vai ficar esperando que ela volte um dia.
— So queria poder ir dizer a ela / Como e triste se sentir saudade
(V. de Moraes e €. Lyra)
[A locução “tinha de voltar” e mais formal do que “tinha que voltar” (onde o que e preposição
acidental) ]
[Lambem e um procedimento detensavel considerar que os verbos poder, querer, dever e costu-
mar não são auxihatres Nesse caso, havera duas orações.)
Coordenação
& Subordinação

à s orações se relacionam (duas a duas) por dependência ou independência sintática.


São independentes as coordenadas e dependentes as subordinadas.

Exemplos:

— [O povo comemoroqu;) [a vitoria valeu.) > — coordenação


— [Valeu a vitória,] [e o povo comemorou.) -+ — coordenação
- [O povo festejou] lque a vitoria vatesse.] > — subordinação
— [Aconteceu a vitória] Iqueo povo queria.) > — subordinação
-— [Aconteceu a vitoria] [quando o povo queria.) | — subordinação

Vemos pelos exemplos que não é possível classificar uma oração de forma isolada,
sem classificar a outra oração, aquela com a qual ela se relaciona Por 1sso é que insistimos
em repetir que nós não analisamos orações, mas “relacionamentos entre orações”.
106 SINTAXE

21. ORAÇÕES COORDENADAS

e
2.1.1. ASSINDÉTICAS - não têm conjunção.
Obser vemos a seguinte noticia, extraída de um jornal de São Paulo”

Três dias úteis de greve dos funcionários dos Correios já provocam o acumulo de 6 m-
lhões de cartas, telegramas e encomendas na região meti opohtana de São Paulo e baixa-
da santista no Centro de Distribuição da empresa, na Zona Oeste da Capital O Interior,
por sua vez, tem 400 mul objetos postais atrasados, 10% da distribuição diaria. :

O paragrafo acima contém apenas duas frases. Cada uma delas possui um único vei-
bo Ambas nos servem como exemplos de oração absoluta. Observe agora sua reescritura.

Três dias uteis de greve dos funcionarios dos Correios já provocam o acumulo de 6 mi-
lhões de cartas, telegramas e encomendas na região metropolitana de São Paulo e baixa-
da santista no Centro de Distribuição da empresa, na Zona Oeste da Capital; o Interior,
po! sua vez, tem 400 mul objetos postais atrasados, 10% da distribuição diaria

Na nova tedação, as duas v1 ações foram agrupadas num único periodo, separadas por
um ponto-e-vírgula e sem o uso de nenhuma conjunção. As duas orações absolutas do pa-
ragrafo original fotam transformadas em duas orações coordenadas assindéticas. Assim
se classificam as orações INDEPENDENTES que não possuem conjunção. Tambem são
ASSINDFTICAS as orações introduzidas por expressões do tipo isto e, ou melhor, ou seja,
o!
por exemplo, a saber.

2.2.2. SINDÉTICAS - têm conectivo (conjunção coordenativa)

São cinco” AÍCE - pelas miciars de cada tipo.

> ADITIVAS:
Conjunção-base. É

oração À + oração B
art

Exemplos:
oo PS

A menina chegou [e toi tomar banho.| | — sem vírgula: sujeitos iguais


Os cães ladiam, fe a caravana passa. | > com vírgula sujeitos diferentes
o trees
;
Coordenação & Subordinação 101

OBSERVAÇÕES
a) A conjunção aditiva e tem como forma negativa nem.
Exemplo:
(1) Nas horas dificeis, Os falsos amigos não ajudam [nem aparecem.)
b) A palavianem, quando igual a não, e adverbio (e não conjunção) Na expressão enem
(equivalente à e tambem não), so o e e conjuncão
Exemplos:
(2) Nem veio, |nem telefonou, ]
mI- [a Il! oração e assindetica; a 2º é aditiva o nem da 1! oração e advesbio)
xa- (3) Não falei ontem [e nem falarei amanhã!
Or, [a 1º oração e assindética; a 2'e aditiva, o nem da 2º oração e adverbio]
«) A correlação não só... mas (como) tambem e aditva
Exemplo:
veT- (4) Ela não só me ignorou, [mas também vitou-me o rosto.
ra fa 1t oração é assindetica]

>" ADVERSATIVAS:
mu- E -
Conjunção-base: MAS

OT, oração À X oração B !

Exemplos:
NT m dé
Pe Todos são interessados, |mas so alguns sc esforçam mesmo. |
PRE [us a um cinema sofisticado; | todavia, a platesa comportou-se mal ]
SIM . é ; id
. Ofereccram-me café, [porém prefen chá.)
são
Rd .
A OBSERVAÇÃO
À conjunção e pode ter valor adversativo.
Exemplo:
(5) O candidato talou muto [e so repetiu o obvio.)

COMENTÁRIO DIDÁTICO E ESTILÍSTICO SOBRE O


EMPREGO DAS CONJUNÇÕES ADVERSATIVAS

à) Em textos mais jormais, o emprego de mas em micro de perodo pode caracteriza pobreza
expressiva Talvez seja prole fvel empregar as conjunções smonimas (explorando o uso do
ponto e virgula é da virgula) ou substituir à coordenação por uma estrutuia concessiva
Exemplos:
O fracasso de um anugo constrange. Mas sempre se pode contorta-lo
O fracasso de um amigo constrange, contudo, sempre se pode contorta lo
O fracasso de um amigo constrange Todavia, sempre se pode conforta-lo.
ss

Embora o fracasso de um amigo constranja, sempre se pode conforta-lo


102 SINTAXE

b) Empregar a grafia correta (mas X mais) decorre da observação dos aspectos morfológicos
e/ou semânticos de ambos os vocábulos (fonologicamente igualados em determinados regis-
tros pela tendencia natural do idioma de ditongar as terminações vogal + /S/).

Mas, alem de conjunção adversativa; pode ser:

— palavra denotativa (ou advérbio) de ratificação (= sim, decerto / Exemplo: Você falou com
segurança, mas com muita segurança mesmo.) ou de reforço (Exemplo: Eu vou me distrair,
mas é ficando em casa.) b)
— substantivo (= obstáculo, dificuldade / Exemplo: Sempre que o chamo, escuto um mas.)
— parte da expressão aditiva “não só... mas também”
- parte da expressão “nem mas nem meio mas” (= não aceitar pretextos ou evasivas)

Mais, normalmente advérbio de valores variados, também pode ser:


— conjunção aditiva (Exemplo: As moças mais os rapazes fazem bonitos pares.),
— pronome indefinido (= maior, em maior quantidade ou número, demais, restante / Exem-
plo: Ela tem interesse, porque quer obter resultados superiores aos dos mais alunos.);
— substantivo (= a maior parte ou quantidade ou número, o restante / Exemplo: O mais das
vezes ela parece distraída. Fiquemos por aqui, o mais fica para amanhã )
— parte das expressões “mars e mais” ou “a mais e mais” (= cada vez mais), “mais hoje, mais
amanhã” ou “mais dia, menos dia” (= a qualquer momento), “mais pra lá do que pra cá” (=
prestes a...), “sem mais nem menos” ou “sem mais nem mais” (= sem nenhum motivo apa-
rente, repentinamente);
-— parte das expressões “a mais” (= alem do necessário, alem disso), “de mas” (= de estranho

c> ALTERNATIVAS:
Conjunção-base: OU
um,

E)
nl
$a
$a

a
sp
Pt
o

o
=
»

õ
A
a

Exemplos:
Nossa vista está embaçada [ou isso é neblina ?]
[Ora os políticos dizem uma coisa, |! [ora dizem outra.!

c= CONCLUSIVAS:
Conjunção-base: LOGO

À eps aeee ep e e e Se e! ça a car mo — 2 ———

Exemplos:
O dia amanheceu ensolarado; [logo, as praias ficarão repletas.)
Nosso dinheiro está acabando, [portanto temos de economizar.)
Coordenação & Subordinação 103

OBSERVAÇÕES
a) À conjunção conclusiva pois so pode ser empregada no meio ou no final da oração
coordenada.
Exemplo: ”
(6) Está chovendo; [leve, pois, um guarda-chuva (,pois).|

b) A palavra logo, quando sinônima de logo mars, mais tarde, daqui a porco, em breve, e
advérbio (e não conjunção).
Exemplo:
(7) O dia amanheceu ensolarado; [logo as praias ficarão repletas.)
[as duas orações são assindéticas]

COMENTÁRIO ESTILÍSTICO SOBRE O EMPREGO


DAS CONJUNÇÕES CONCLUSIVAS
A conjunção conclusiva, ao vincular duas orações coordenadas, pode demandar o emprego
de ponto-e-vírgula (antes da conjunção) e de vírgula (depois da conjunção). Eventualmente,
pode mesmo ser recomendável construir um período simples miciado por conjunção con-
clusiva, em vez de uma oração coordenada conclusiva— isto será quase compulsório se a con-
junção for “por conseguinte”.

Exemplos:

— O turista não conheceu Ipanema Por conseguinte, vai sc arrepender.


= nos dois últimos: dois períodos simples / duas orações absolutas.

> EXPLICATIVAS:
Conjunção-base: POIS
vas

[o]
por

p-

Br
po
RR]

E 2)
o
o
m
p

o
Mm

Exemplo:
Certamente nosso avô perdera a memória, | pois contava o mesmo caso todo dia.]

OBSERVAÇÃO
Também haverá oração explicativa (com a conjunção que = porque) se a primera
oração possuir verbo no imperativo.
Exemplo:
(8) Some daqui, [que o assunto não é da tua conta.)
104 SINTAXE
r Ep es =" => > > = - ==

! COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO


'
'
'Em
DAS ORAÇÕES EXPLICAT IVA
-emce - eo mm cu om -00— 0 0 22200000 ———

Não devemos confunda a estrutura explicativa com à causal (que tambem emprega as con
junções pois & porque) Na verdade, à distinção entre ambas e mais clara no aspecto semán
tico (a oração explicativa e sempre a consequência da oração A) ou no seu carater lonologio
(a entonação da oração A e ascendentee termina por pausa).

Fxemplos:
— O carro tem algum probloma, |pois esta soltando fumaça. | > | XPLICATIVA
— O carro esta soltando fumaça (,) [pois temm algum problema. | > CAL SAI

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE OS POSSÍVEIS VALORES

Ss EA
COORDENATIVOS DA PALAVRA QUE

WU
Ls = ess ce - useuo Gr. ques me aaa ==—— -

h passeia encontrar reterência a valores coordenativos para à palavra QUE, apesar e as ve-
ses tambem serem corretas outras classificações para essas estruturas,

Exemplos:
Nessa hora, as ras pulam fque pulam / correm! ate desaparecerem na curva do no 1
1

= a oração destacada e sindetica aditiva (o QUF introduz uma ideia reiterativa) 1


1

1
> a oração destacada v adverbial consecutiva (subentende-se o adverbio LIANTO na oração 1
1
1
micial) 1
1
1
1
1
| Se cla mer aqui, gue não vem,| nós lhe demos poucase boas. 1
'
'
- votação destacadae sindetica adversativa (o QUE imntioduz uma idéia opositiva) 1
1
> a oração destacada e adverbial causal (o QUI equivale a porque)
1
1

COMENTÁRIO DIDÁT ICO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO


! DAS ORAÇÕES ASSINDÉTICAS

Alguns autores“! adotam à mesma classificação semantica para as orações coordenadas as-
sindeticas (aditivas, adversativas, etc.) Não nos parece recomendavel tal procedimento e
consideramos que a mexistencia de vinculo lexwal (pela falta da conjunção coordenativa)
impede, nestes casos, a respectiva analise semantico-estrutuial Acaba prevalecendo uma
interpretação de cunho semântico das relações interoracionais — o que pode ser, no minimo,
muito discutivel no estudo da sintaxe,
Vejamos, por exemplo, como seria tenue justificar alguma classificação para as orações em
negrito em virtude de diferentes possibilidades de interpretação semantica.
Exemplos:
— Conheço o Saldanha, [taço toda a justiça à suas Intenções ] (M A, de Almeida)
— Lu respeitava muito minha mulher, [via-a, às vezes, mteressada pelas minhas tentativas |
(Lima Barreto)

“ Adiante, quando tratarmos das adverbiais causais, voltaremos a comentar esse ponto
HOC Classificação das Orações Independentes Coordenadas” (A €G Kury NLAS, p 66-9)
Coordenação & Subordinação 105

“Desenhes como pude uns caracteres, [outros deixe: quasc acabados,! [outros (deixei) ape-
nas esboçados.]” (Gonçalves Dias)

As “deduções” interpretativas estão em aberto (exatamente por faltar a conjunção). adição ?,


conclusão ?, explicação ?, oposição ?
Fstas considerações tambem sao aplxaveis as coordenadas assmdeticas e as subordinadas
idveibiais (de que trataremos adiante) E assim acontece porque tais estruturas contêm
uma classificação de base semântica (aditivas, conclusivas, concessivas, condicionais, tem-
portais. .) Por isso, e preciso estar atento para os perigos das interpretações segundo pontos
de raciocímo ou delação que partem de uma logica pressuposta. Afinal, a analise sintatica e
formal, e estrutural e não lógica **
r-=— =-—— — — Serqennoma emma acto Tdi o ii ii -— —= == 20 0—

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO

A NGB optou por considerar que existem em portugues cinco subtipos de conjunções coor- |
denativas segundo a relação de sentido que estabelecem As caracteristicas sintaticas que, no
conjunto, particular izam umas e outias recomendam uma reflexão sobre essa análise. Obras
recentes, retomando lições de antigos gramáticos**, têm tratado de modo diferente essas es- +
truturas, considerando que não são conjunções (e sim advérbios) os vocabulos que estabele- |
cem vinculos apenas semânticos entre tais orações A diferença entre as “conjunções-
conjunções” e as “conjunções-adverbios” reside na possibilidade que algumas têm de serem
deslocadas na sua oração

Exemplos.
— Todos estão surpresos, mas essa é a realidade
> mas tem posição fixa é conjunção
- Todos estão surpresos, (contudo) essa (contudo) « (contudo) a reahdade (contudo).
> contudo tem posição móvel: não e conjunção.

— Sua tua e rica, (logo,) ela (logo,) pode (logo,) viajar (logo,) para qualquer lugar (logo)
> logo tem posição móvel: não é conjunção
Como neste hvro optamos por acompanhar a NGB, mantivemos a classificação tradicional,
mas tambem e justificável classificar tais vocábulos deslocáveis como advérbios (e não como
conjunções) Por esse critério, seriam conjunções coordenativas apenas as que atuam efetiva-
mente como conectores sintáticos e, nem, ou e mas

CE Analise Simitatica em Nova Dimensão, de Walmno Macedo (Rio de Janeiro s/ed, 1976 — 3 edição), p
[D1-4.
*Vejamos o que diz Maximino Maciel em sua Gramatica Descritiva (Rio de Janeiro Livraria Francisco Alves,
1918,p 145 aliedição e de 1894) “As palavras entretanto. contudo c todavia têm mais função adverbial do
que de conjunção, tanto que imsttuímos o novo grupo dos adverbios de concessão ou concessivos a que hoje
pertencem
106 SINTAXE

2.2. ORAÇÕES INTERCALADAS o no

Um outro tipo de oração independente é a oração intercalada (também chamada in-


terferente). Embora não pertença propriamente à estrutura sintática do período, esse tipo
especial de oração justaposta é introduzido em determinado ponto da frase com o intuito
de acrescentar algum elemento cujo valor semântico é julgado relevante (pelo falante ou
narrador). Bechara enumera sete tipos de “conteúdo de pensamento designado” nessas
orações: citação (as do discurso direto), advertência, opmião, desejo, escusa, permissão e
ressalva,”
Observe-se que o uso de vírgulas, travessões, parênteses e colchetes, a critério do au-
tor, é uma característica desse tipo de construção.

Exemplos:
a) A reunião — Deus que me perdoe — tinha sido um sucesso. — escusa
b) De vez em quando, ela acariciava meus cabelos (eu ainda os tinha). > ressalva
c) Naquela época, lembrem-se destas palavras, a corrupção não havia tomado conta da
república. > advertência
d) Então sou um inocente — pois este é exatamente o meu propósito. (Fernando Sabmo)
— desejo

OBSERVAÇÃO
Às vezes, o elemento a ser intercalado é, na verdade, um verdadeiro período ou até
mais de um (que pode e deve ter suas orações classificadas).

Exemplos:
(1) “Quem não tem tempo para escrever um livro não deve lê-lo — este é um dos pro-
vérbios livro de Provérbios — e (faltam)
com razão.” (Campos de
Carvalho) > ressalva
[duas intercalações (1 composta de 2 orações e 1 simples, com verbo implícito)|

(2) Nasemana seguinte leríamos o livro recomendado pelo professor — quem manda/
sermos obedientes? > opinião
[uma intercalação (com 2 orações)]

(3) Em toda eleição para vereador [permitam / QUE


eu aquilhes transmita
um prin-
cípio político / QUE meu par me ensinou / QUANDO eu amda era
um guy t], eu esco-
lho um candidato de partido pouco expressivo. > permissão
[uma intercalação (com 4 orações)]

*? A NGB não fez referência as orações justapostas, intercaladas ou não Trataremos das justapostas e das ora-
ções do discurso direto na parte relativa as subordinadas
Coordenação & Subordinação 107

1 Analisando o relacionamento que a oração sublinhada mantém com a primeira, reconheça o tipo
de coordenação
a) À torcida do Bambala é exigente e cobra vitórias de seu time
b) À torcida do Bambala é exigente e pede a compra daquele pema-de-pau,
c) A torcida do Bambala é exigente, deseja muitas vitórias, pois.
d) A torcida do Bambala é exigente, pois vata uma vitoria de 6a O
e) A torcida do Bambala é exigente, invade o gramado a toa
f)
AU-
9) A torcida do Bambala e exigente, logo começa a valar o time
h) A torcida do Bambalia e exigente, contudo, acompanha seu time.
1) A torcida do Bambala é exigente, e os jogadores sempre se esforçam
p A torcida do Bambala e exigente, vaia / mas é como mcentivo
2 Complete as frases com o conectivo coordenativo adequado ao contexto (use os sinais de pontua-
ção recomendáveis)
a) A fuga foi providencial todos acabaram presos
| da b) A vitima estava presa no elevador gritava por socorro.
c) Qualquer dia desses ele despede a empregada dá-lhe uma surra.
no! d) Ouvi gritos de alegria a festa estava animada.
e) A festa estava animada ouvi gritos de alegria

3 Reescreva o período abaixo colocando a palavra “todavia” em todas as posições possíveis


A vida era agradável, todavia, faltava-nos alguma coisa
4 À alternativa que contem oração coordenada sindética é:
ate (a) Chama a tua mãe, que eu preciso dizer lhe algo
(b) Levara as mãos à cabeça e, logo em seguida, ao estômago
(e) Um livro como aquele era logo queimado em praça publica
(d) Sua promoção, no entanto, sairia em breve.
(e) Nosso time quase foi rebaixado; safou-se por pouco
O
s de 5 Marque O se a frase apresentar exemplo de oração intercalada, marque P se apresentar exemplo
de periodo intercalado Em ambos os casos, porem, sublinhe o trecho intercalado, identificando se
ele contém uma ideia de advertência, opinião, desejo, escusa, permissão ou ressalva.
a ( ) Nas ultimas ferias eu visitei, na companhia de meus familiares, a gruta de Ubajara.
b ( ) Uns se divertem de forma sadia, outros preferem a violência gratuita — altas, é Isso que vem
me preocupando ultimamente.
() Nas ultimas férias, graças a Deus consegui ferias na firma, eu viajei para Gramado, uma das
cidades mais bonitas do Rio Grande do Sul
( ) Até o final deste ano (légico que eu quero ajudar a eleger o proximo presidente do clube),
pretendo adquirir um título de socio do Paqueta late Clube
SCO- ( ) Nunca vi = desculpem se vou ofender alguém aqu! presente — um empresario que aceitas
se critica oriunda de algum subalterno
( ) Nos idos de 1973 (isto ocorreu três dias antes de meu casamento), tive meu primeiro con-
tato com um extraterrestre
( ) Tenho certeza de que, quando seu filho se mudou para Santos, você também ficou deprimi-
S Ara
da e angustiada.
108 SINTAXE

O RR: D E RESPOSTAS
t a) sindética aditiva, b) sindetica advorsativa, c) sindetica conclusiva d) sindética explicativa, e) assindética f)
sindética alternativa g) assindética, h) sindética adversativa, 1) sindetica aditiva, )) assindética / sindéiica adver
sativa (“é é verbo vicário, usado em lugar de vara")

2 a) mas (ou sinônimos) b)e (ou pois) c) ou (ou e) d) logo, (ou smórimos), e) pois

3 Avida era agradavel, faltava nos, todavia, alguma coisa OU A vida era agradavel, faltava nos alguma coisa, to-
dava

4 A

5 Haoração intercatada nas frases (b) onde “e que” e expletivo, (c) e ti) Ha periodo intercalado nas frases (d) e
(e) Asfrases Ae G ficam em branco Ha idéia de opinião nasntercalada
da frase (b), do ressalva em (c) e (f),de de
sejo em (d) e de escusa em (e)

' 23. ORAÇÕES SUBORDINADAS |

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO


E-=T -="—>= 02 “0
DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS
0Conmacananmasanenacrrr
es emu aum ut mm = o pdf ai em e e e e

Durante muto tempo se ensinou nas escolas que toda oração contém obrigatoriamente um
verbo. Também se ensinava que uma oração principal pode ter como dependente uma ora-
ção subordinada, ou seja, que uma oração subordinada era “parte de outra oração”, sua prin-
cipal (e 1ss0 tudo era mesmo muito obvio). 1
1

Naquele contexto, ninguém se achava ludibriado quando o professor explicava


— Na fiase [A menuna disse] [que o cachorro esta doente], há duas orações, e a segunda oração |:
2.
co objeto direto da primeira +
:
Hoje, muitas gramáticas têm apresentado uma nova maneira de explicar essa mesma fra- 1

Pe
se, alegando que, naquela classificação tradicional, “o problema principal tema ver coma 1

delimitação das orações” (Mário Perini, Princípios de Linguística Descritiva, p 175 — 1º


edição).
,
Assim, pela nova descrição, é incorreto segmentar a oração “que o cachorro esta doente”, já
que “o objeto direto de uma oração faz parte dessa oração” (p. 177) e não se pode separar a
parte de seu todo. E quanto a “A menina disse”? “Não é a oração principal. Na verdade, não é
uma oração” (p 178).

“A Nomenclatura Gramatial Portuguesa não acolheu o termo oração primepal, prefermdo oração vubordt-
nante O argumento e que “principal” daria margem a duplas interpretações, quer no plano logico, quer no
plano gramatical A prevalecer esse criterio, não mam sobrar muitos termos para compor uma nomenclatura
gramatical
Coordenação & Subordinaçao 109

Entendidas as restrições a manera tradicional de se classificarem as subordinadas, resta vei


como a descriçao nora analisa essa frase F o que esti transcrito a segui!
Lm resumo a analise nos mostra a presença de duas orações uma delas e subordi-
nada, porque esta dentro de outra: esta c e cachorro esta doente, à outra € principal,
porque contem outra oração: lrata-se de a mentna disse que o cachorro esta doente. À
sequencia que o catorro esta doente e formada de que mais uma oração, c constitui
um SN Fsse SN e objeto dueto da oração prnúpal (idem, ibidem, p 179)
Graficamente, fica assim

a menina disse que o cachorro esta doente

O quadrado maioy corresponde a oraçao prnuipal, dentro dele temos um SN, re


presentado pelo quadro imediatamente inserido no maior, e dentro do SN temos à
oração subordinada, representada pelo quadiado menor Como se ve, temos aqui
um exemplo de estruturas dentro de estruturas
Não concordamos com a cntica a descrição traditional Afinal, a oração subordinada esta
segmentada nas duas classificações, O problema não nos parcee de descricao, mas de meto
dologia Por isso, para nossos objetivos, seguimos com a maneita tradicional de classificar as
orações com a mesma ressalva de que “subor dmadas desempenham uma funcao sintafica
em etlação a principal”, o que nao invalida o conceito de “estruturas dentro de estruturas”
Usando uma ternunologia diferente, outros livros recentes chamam de “oração complexa”
ao conjunto “A menma disse que o cachorro esta doente” e de “grupos oracionais” aos con-
juntos que contenham orações coordenadas (cf Bechara, MGP,p 462)

2.3.1. SUBSTANTIVAS“
Desempenham uma função sintática de natureza substantiva em relação à principal
Por isso, observemos a equivalência a seguir”

Principal <— =(prep +) ISTO

b
subordinada SUBSTANTIVA
(a função sintática desse termo é a mesma da oração)

Exemplos:
- É necessário [que estudes] = É necessário [isto]
y +
(a oração é SUBJETIVA porque “isto” e SUJEITO)

“Walmirio Macedo, em Elementos para na Estrutura da E ngua Portuguesa (Rio de Janeiro Presença, 1987
2 edição), enumera as ocorrências das chamadas estruturas matrizes das orações substantrvas (p 157-8)
110 SINTAXE

— O necessário c [que estudes] = O necessário é [isto].


y 4
(a oração é PREDICATIVA porque “isto” e PREDICATIVO)

— Queremos apenas [que estudes] = Queremos apenas [isto].


j
(a oração e OBJETIVA DIRETA porque “isto” é OBJETO DIRETO)

— Necessitamos [de que estudes] = Necessitamos [disto]


v b
(a oração é OBJETIVA INDIRETA porque “disto” e OBJETO INDIRETO)

— Temos necessidade [de que estudes] = Temos necessidade [disto].


+ y
(a oração é COMPLETIVA NOMINAL porque “disto” e COMPL. NOMINAL)

— Necessito de uma coisa: [estudes| = Necessito de uma coisa: [isto].


, +
(a oração é APOSITIVA porque “isto” é APOSTO)

OBSERVAÇÕES
a) Ás orações substantivas têm um único tipo de conectivo: as conjunções integrantes
QUE ce SE.
Exemplo:
(1) Talvez ele saiba [que / se vai haver aula amanhã).

COMENTÁRIO ESTILÍSTICO SOBRE O EMPREGO


|
DE or tee oro ce pr gu e e | e A O
DAS CONJUNÇÕES INTEGRANTES
0 e pp o 0 ot 0 Qi 0 mp qu tp e e aqnpares

" Há sutilezas semânticas no emprego de uma e de outra conjunção integrante, o que inclui a
, observação da existência ou não da forma negativa na oração principal
: Exemplos:
, Ela (não) sabe /quevirá x Ela (não)
sabe / se virá.

b) Mesmo as orações apositivas (normalmente construídas sem conjunção) podem ser


introduzidas pela integrante.
Exemplo:
(2) Necessito de uma coisa: |(que) estudes].

c) Admite-se, por questão de estilo, a omissão da conjunção integrante (sobretudo nas


subjetivas e objetivas, quando o verbo da oração principal exprime um desejo, uma
ordem ou um pedido)
Coordenação & Subordinaçao 111

Exemplos:
(3) Esperamos [todos tenham sucesso]
(4) Queira Deus [voltemos em segurança].

d) E opctonal, desde que não cause ambiguidade ou estranheza, o uso da preposição an-
tes da conjunção Integrante que introduz as orações objetivas induetas e completivas
nominais
Exemplos:
( 5) Ialvez ele concorde [(cm ou com) que mc deve uma satistação
(66) Ninguem aspra i(a ou por) que seu projeto seja vetado].
( 7) Cheguei à conclusão | (de) que está tudo errado]
( 8) Não dei permissão | (para) que você saisse daqui]
(9) Dedico todo meu tempo [a que aprendas]
> omissão não recomendável, poi estranheza
(10) Falei isso pela esperança [de que não pode ser verdade]
— omissão não recomendável, por ambiguidade completa nominal ou adjetiva restritiva?
(11) Tenho tanta certeza [de que você aceitata o convite).
— omussão nao recomendável, por ambiguidade completiva nominal ou adver
bial consecutiva?

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE A OMISSÃO DA


PREPOSIÇÃO ANTES DA CONJUNÇÃO INTEGRANTE
rante»
Não e das mais delensáveis a afirmação de que esse upo de omissão so ocorre “num registro
mars informal” (cf Moua Neves, GULP,p 361, que dá o exemplo Não ha duvida queireren
bora daqui)

Fatiaro do Dicionario de Regimes de Substantivoce Adjetivos, de Francisco Fernandes (Rio de


Janeiro. Globo, 1987 -a I!edição e de 1948), dois exemplos que compror am não ser a clhpse
Ga preposição um uso mformal
lu. a — Não ha duvida que na comparação de império a Imperio, o uso e exercicio dele for muito mass
humano e benéfico, (Vieira, Sermões, IX, 194)
— Nao ha duvida nenhuma que, soba republica atual, as nossas berdades são incomparavelmen
te nfenores as que nos restavam sob a monarquia (Rui Barbosa, Cartas de Inglaterra, p. 405)

Cc OMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE o EMPREGO vICI IOSO DA PREPOSIÇÃO | DE


rum saeesaia bastante comum empregar a preposição DI emestruturas apa sem
preposição, Tal uso (chamado dequeismo) caracteriza erro de regência,
Lxemplos:
udo nas Yenho a tribuna para dize] |de que esse projeto c uma afionta|
"jo. uma E indispensavel [de que todos estejam informado» dessa manobra]
112 SINTAXE

e) As orações substantivas podem ser introduzidas poi palavras que não são conectivos
(os pronomes QUEM, QUAL, QUE e QUANTO e os adverbios QUANDO, COMO,
ONDE, POR QUE e QUANTO) Fssas palavias, que também podem estar precedidas
de preposição, sempre desempenham uma função simtatica dentro da oração subs-
tantiva, e essas orações, poique não tem conectivo, são chamadas de justapostas" (em
oposicão as concctivas)
Exemplos
(12) Perguntei apenas [onde ele nascera |
y
(— isto. OBJELIVA DIRLTA)

(13) He me disse [de quem cra filho'


v
(= isto: OBJETIVA DIRETA)

No caso de uma oração substantiva miciar-se por QUEM (precedido ou não por pre-
posição), a eguivalência proposta poderá substitum o isto por este Trata-se de simples
questão semântica. “isto” se refere a cossas; “quem” a pessoas
Exemplos:
(14) So gosto [de quem gosta de mim).

(= deste: OBJETIVA INDIRETA)

(15) [Quem € meu amigo] merece tudo.

(= este. SUBJETIVA)

h)
Ha um tipo de oração substantiva que não pode ser construido com conjunção inte-
grante, sendo introduzido sempre pela locução POR + QUEM, QUANTOS...
Exemplo:
(16) Fles so serão respeitados [por quantos valorizem o hom profissional].
v
(= por estes)
(a oração e AGENTE DA PASSIVA porque “por estes” e AGENTE DA PASSIVA)

40
Olmar Guterres da Silveira tratou desse assunto em “Orações Subordimadas sem Conectivo” (OOGS, p
22.41)
Conrdenação & Subordinação 113

nus

o
idas
" ANGBnãoneluias orações coma função de agente da passiva Pode-se apresentar três hipo-
ubs-
teses para essa omissão: a ja nomenclatura não faz referência as orações justapostas; b) não ha
em
consenso na classificação dessa estrutura, que para alguns e substantiva (cf A G Kury,
NLAS, p. 77; cf. € Cunha &L. Cintra, NGPC, p. 601), mas para outros e adverbial (cf. F. Be-
chara, LPAS, p. 153) — ea divergência tem origem num enfoque diacrônico (o valor adverbial
da construção latina com per + ablativo) ou sincrônico (o valor substantivo do agente da pas-
Siva, temo equivalente ao sujeito da voz ativa), c) há quem considere o pronome quem como
telativo indefinido (cf. R. Lima, GNLP, p. 116-7) - análise que, hoje, pode ser considerada su-
perada. A respeito dessas irases com o pronome quem, cabe anda a leitura de “Pronome Re-
lavo Indefinido” (M Said Ali, GHLP, p 109-10) €. P, Luft (MGB, p. 38) chega a afirmar
que o agente da passiva, mesmo como termo de oração, e “um adjunto adverbial bem prox-
mo dos de causa e mstrumento”,

Fambém ha controversia na classificação das orações com a função de complemento nom-


nal Segundo Bechara (MGP, p 468), essas orações “são primitivamente substantivas, mas,
num segundo momento de estruturação, para funcionarem como modificadoras de subs-
tantivos cadjeuvos, são transpostas a adjetivas mediante o concurso da preposição”. Por essa
descrição, haveria orações adjetivas (e não substantivas) completivas nominais, não sendo de
estranhar a explicação de que “orações adjetivas modificam adjetivos”, pois todos os adjeti-
vos passiveis de complemento são cognatos de substantivos tambem passíveis de comple-
mento. É o que ocorre cm “Tenho desejo de que você viaje logo” & “Sou desejoso de que voce
viaje logo”
Neste livro, optamos po: conunuar considerando as completivas nominais no grupo das su-
bordadas substantivas

h) Seo verbo da oração principal estiver acompanhado do pronome apassivador SE, a


subordinada substantiva não pode ser objetiva direta (não nos esqueçamos de que o
objeto direto passa a sujeito na voz passiva)

Exemplo
(17) Desgya-se [que você alcance a felicidade].
, +
NA) PA. (=isto: SUBJETIVA)

1) Na estrutura apositiva, ha a possibilidade de se empregar depois dos dois-pontos um


verdadeiro período apositivo (e não apenas uma oração) Tal período deve também
ter suas orações analisadas separadamente.
Exemplo:
(18) “O homem tem sobre todos os outros seres este privilégio excepcional: [que e ele
DS, p próprio / quem formula as leis / a que deve obedecer.|” (Farias Brito)
> período apositivo com três orações: a 1: e principal; a 2: e a 3! são adjetivas.
114 SINTAXE

|) A oração objetiva direta que complementa o verbo fazer, transitivo direto, pode ser
iniciada pela preposição COM, por eufonia.
Exemplo:
(19) Tizgram [(com) que cla chorasse).

k) As orações objetivas diretas que complementam os verbos dizere pedir têm estrutura
idêntica. Não admitem, em construção formal, a preposição PARA, a não ser no caso
de pedir (hcença) para.
Exemplos:
(20) Ela pediu (ou disse) que eu fosse ao seu quarto.
> a língua padrão de rigo acadêmico desabona frases como “Ela pediu (ou disse)
para que eu fossç ao seu quarto. / Ela pediu (ou disse) para eu |y ao seu quarto.”
(21) O aluno pediu para a turma saw mais cedo.
— a palavra “licença” está subentendida (= O aluno pediu [licença] para a turma
sair mais cedo. / O aluno pediu [licença] para que a turma saísse mais cedo.)
— O objeto direto do verbo “pedir” é a palavra “licença” (subentendida), e a ora-
ção que começa com “paia que” é completiva nominal

|) Osverbos crer e acreditar, quando complementados por oração substantiva conect-


va, significam imaginar, achare mudam de predicação (deixam de ser transitivos in-
diretos e passam a ser transitivos diretos, não havendo como reconhecer nessas ora-
ções objetivas a preposição em subentendida).

Exemplos:
(22) Creio em fantasmas. & Acredito em tuas palavras
v y
(23) Crero [que fantasmasexistem.| & Acredito [que tuas palavras são certas.)

04
-====—-
— Em (22) os verbos são transitivos indiretos.
-> Em (23) as orações são OBJETIVAS DIRETAS (vti > vtd)

MAS. .
(24) Creio / Acredito [em quem trabalha.|
> Em (24) a oração substantiva é OBJETIVA INDIRETA (justaposta)

No discurso direto, a fala do interlocutor pode ser reproduzida antes ou depois da


8

oração cujo predicado tem como núcleo um verbo chamado dicendi, declarandi ou
sentiends. As três palavras são genitivos do gerúndio dos verbos dicere, declarare e
sentire. Othon M. Garcia, no livro Comunicação em Prosa Moderna (Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 1988 — a 1º edição é de 1967), traça um minucioso estudo
da técnica do diálogo e dos discursos direto e mdireto (cf. p.129-45). Aos chamados
“verbos de elocução” dicendi ou declarandr (dizer, declarar, perguntar, responder...),
Coordenação & Subordinacção 115

ser ele acrescenta — por analogia — os sentrendr, isto é, os “verbos de elocução” que deno-
tam emoções (susprar, lamentar, queixar-se, gemer . ). À estes, podemos aduzi: for-
mas mais recentes, que tambem atribuem os valores semânticos “de dizes” a verbos
usados metaforicamente, como “contabilizar, alfinctar, destilar, decretar, detonar,
festejar, abrir-se, entregar” e outros
Independente de seu posicionamento na frase, a análise dessas orações deve ser única”
há uma oração principal (a que contem o vei bo que introduz o discurso direto) e uma
subordinada substantiva objetiva direta. Consideramos, portanto, que todos os ver-
bos dicendi c sentrend: são transitivos diretos Afinal, todos significam em ultima aná-
lise “drze1” (ada que esse valor de “dizer” possa estar acompanhado de alguma no-
SSE1 ção referencial ou emotiva: “dizer com queixa” = queixar-se, “dizer após uma inter-
rupção” = mterromper; “dizer com fingimento” = fingir; “dizer com maldade” = destr-
lar, etc.).

rima
Exemplos:
Ora-
lo. 22 gr.
(25) [As recepcionistas avisaram.) [- O espetáculo foi cancelado.)
> a li oração é principal; a 2º oração é subord. substantiva objetiva direta.
ECL-
li gr. 2º OT.
5 1N-
oTa-
(26) [- O espetaculo foi cancelado.| [— avisaram as 1ecepcionastas.|
> a lº oração é subord. substantiva objetiva direta; a 2º oração e principal.

lior. Í 22 OF: ] «tiol.


(27) (O espetáculo [- avisaram as recepcionistas,) for cancelado]
—> a 1º oração é suboid. substanliva objetiva direta, a 2º oração é principal.
RE

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO


DAS ORAÇÕES DO DISCURSO DIRETO
E Bechara (MGP,p 480) apresenta como exemplos de orações intercaladas as frases “Dê-me
água, me pediu o rapaz ” e “Quem e ele? — mterrompeu a jovem ”
R Lima (GNLP, p 267), por sua vez, discorda — é com razão — de quem classifica como mtcer-
calada uma oraçao do tipo “As recepcionistas avisaram” (exs 25, 26€ 27) cafirma que se trata
de oração nitidamente principal, não importando à ordem em que aparece no período
as da
Tambem não nos parece a melhor interpretação anahsar a 2º oração do primeno exemplo
di ou como apositiva, considerando que ha um objeto dueto implicito na principal. Nessa análise,
are € não haveria a possibilidade de se manter a classificação nos outros dois exemplos, pois — em-
jeiro: bora haja apenas a inversão dos termos, não seria muito lógica dizer que um aposto for ante-
tudo cipado. Seriam, então, exemplos de oração absoluta + oração Intercalada.
jados
Assim, conforme o ponto de vista do analista, a classificação dessas orações pode mudar.
er ),
116 SINTAXE

Analisando o relacionamento que a oração sublinhada mantem com a principal, reconheça o tipo
de substantiva
a) Não basta que você me peça perdão,
b) Sou favoravel aque todos sejam punidos
c) Hoje não vou investigar de quem e a culpa
d) O heró: foi traido por quem se dizia seu amigo
e) Peço lhe um favor esqueça-me
f) Só fico imaginando com quantos ela já se divertiu
g) A verdade é que Isso tudo é muito relativo
h) E verdade que tudo isso é muito relativo
) Estou avisando-o de que haverá uma cilada
) Aqui nunca se afirmou que não poderia haver mudanças no grupo
k) Fizemos com que tudo fosse explicado
) Quem tudo quer, nada tem
m) Tenho mais confiança em quem e feio,
n) Não tenho certeza se poderei escrever o discurso.
o) Convem que acertes pelo menos esta questão
p) Os mais revoltados não entenderam de onde surgira aquela proposta
q) Você ainda val acabar descobrindo com quantos paus se faz uma canoa

a) Quem me conhece certamente entenderá minha situação.


b) Não cabe, numa situação dessas, que você perca o controle
c) Por estas bandas, ainda se fala que existem lobisomens
Divida os períodos acima em orações e classifique-as Depois, explique por que apenas um de- 2
les pode ser reescrito com oração de agente da passiva

À serena convicção de que estamos bem como estamos. ti


Essa familiandade que se instala e quase nos dispensa de que sigamos a pauta de um encontro
não programado
A opção que contém a função sintática das duas orações sublinhadas é
(a) objeto indireto / objeto indireto
(b) objeto indireto / complemento nominal
(c) complemento nominal / complemento nominal
(d) complemento nominal / objeto indireto
(e) agente da passiva / sujeito
Não sabiamos se iriam permitir que os fregueses continuassem a pagar suas contas com cheque
O periodo acima contém
(a) uma oração principal e duas subordinadas,
(b) duas orações principais e duas subordinadas;
(c) uma oração principal e três subordinadas;
(d) duas orações principais e três subordinadas.
Coordenação & Subordinaçao 117

5 Astrês orações subordinadas substantivas abaixo sublinhadas têm classificação igual ou diferen-
te? Explique
a) O problema e que ela não me olha com o mesmo rancor de antes
b) À pesquisa mostra que ela não me olha com o mesmo rancor de antes
ec) E verdade que ela não me olha com o mesmo rancor de antes

1 a) subjetiva b) completiva nominal, c) objetiva direta, d) agente da passiva, e) apositiva, f) obietiva direta 9)
predicativa h) subjetiva, 1) obpetiva indireta, |) subjetiva k) objetiva direta, |) subietiva, m) completiva nominal n)
completiva nominal o) subjetiva p) objetiva direta q) objetiva direta

2 a) Quem me conhece / certamente entenderá minha situação > iforação subordinada substantiva subjetiva/
2º oração principal b) Não cabe numa situação dessas, / que voce perca o controle > 1f oração principal / 2º
oração subordinada substantiva subjetiva c) Por estas bandas anda se fala/ que existem labisomens + 1º ora
cão principal / 2º oração subordinada substantiva subjetiva

Sa e pomeiro perloda pode ser reescnto na voz passiva verbal com oração substantiva agente da passiva, porque
€ q unico que esta na voz ativa com verbo transitivo direto Certamente minha situação sera entendida por quem
ne conhece

3D

4 B Não sabiamos (principal da 2º) / se inam permitir (sub subst objetiva direta da 1º e princ da 3º), que os fre
gueses continuassem a pagar suas contas com cheque (sub subst objetiva direta da 2º)

5 Astrês orações tom classificação dderente a daletra a e predicativa, a da letra be objetiva direta adaletrace
subjetiva

2.3.2. ADJETIVAS
Desempenham, em retação a principal, uma única função sintática (de natureza adje-
tiva) adjunto adnominal

Principal > pronome relativo+...

b
= oração adjetiva

O antecedente do relativo é sempre o núcleo de um sistema de valor substantivo da


oração principal.

Exemplos:
(a) Adoro os filmes de Hitchcock, [que revejo sempre ]
(b) Adoro os filmes de Hitchcock | que revejo sempre.)

A palavra QUE é um pronome relativo, e seu antecedente e a palavra FILMES, núcleo


do objeto direto da oração principal
118 SINTAXE

Em (a) o falante afirma que revé sempre os filmes de Hitchcock e que adora todos eles.
Em (b) o falante afirma que adora rever alguns filmes de Hitchcock, mas não todos.

Na fase (a) classificamos a subordinada adjetiva como explicativa.


Na frase (b) classificamos a subordinada adjetiva como restritiva.

O elemento gráfico que marca essa distinção é a VÍRGULA


colocada ANTES DO RELATIVO.

Assim, quanto à classificação, as orações subo: dinadas adjetivas dividem-se em restri-


tivas c explicativas Como vimos nos exemplos, a única diferença — a princípio — entre es-
sas estruturas é o sinal gráfico de vírgula anteposto ao relativo: as restritivas não possuem
vírgula, enquanto as explicativas possuem vírgulas, ou seja, ficam destacadas por vírgulas.
Convém, no entanto, avaliar se a presença da vírgula antes do relativo tem (cumulati-
vamente ou não) outra razão sintática. separar um aposto explicativo, marcar um adjunto
adverbial, destacar um termo antecipado... — o que recomendará uma interpretação mais
apurada acerca da subclassificação.
Observemos, no trecho de Graciliano Ramos extraido da crônica “Um Gramático”, a
virgula empregada antes do 1elativo.

Exemplo:

e
O chefe político recebe uma descompostura no jornal Tranca-se e passa dias com-
pondo a resposta, enérgica e longa, [que e publicada na matéria paga] Ninguém a
compreenderá direito

A análise precipitada logo dirá que a oração iniciada pelo relativo que e adjetrva expli-
cativa (esta precedido de virgula). Todavia, o antecedente desse relativo é o substantivo
resposta, posicionado antes dos adjetivos enérgica e longa, predicativo do objeto direto. A
questão e: como o predicativo do objeto direto está colocado entre vírgulas, qual a classifi-
cação adequada para a oração iniciada pelo relativo? Se retrássemos o predicativo, a vír-
gula de antes do pronome que permaneceria?

(la) Tranca-se e passa dias compondo a respostaXque e publicada na matéria paga.


OU
(1b) Tranca-se e passa dias compondo a espostalque é publicada na matéria paga

Uma argumentação bem fundamentada certamente poderá nos levar a concordar


com qualquer das duas subclassificações. A oração subordinada adjetiva é restritiva (e a
vírgula é do predicativo) ou é explicativa (e a vírgula tem função dupla, separar o predica-
tivo e separar a oração adyetiva). Óbvio que essas duas respostas terão de se basear em im-
terpretações coerentes acerca do valor discursivo da passagem no texto. pr
Coordenação & Subordinação 119

OBSERVAÇÕES
a) Há um tipo de oração adjetiva que não pode ser construído com pronome relativo,
sendo introduzido pela locução DE QUEM. Neste caso, há uma aproximação formal
com a estrutura substantiva Gustaposta). Entretanto, feita a equivalência com deste,
verificamos que a oração desempenha a função de ADJUNTO ADNOMINAL, o que
confirma sua classificação como adjetiva
Exemplo:
(1) Não me lembro do nome [de quem me entregou esta pasta].
4
(= deste)
(a oração é ADJETIVA porque “deste” é ADJUNTO ADNOMINAL)

A preposição que antecede o pronome relativo não tem nenhuma relação com a ora-
ção principal. Como já vimos em capítulo anterior", sua existência se prende à função
sintática que o relativo desempenha em sua própria oração.
Exemplo:
(2) O livro [de que preciso] está em sua casa,
— A preposição de é exigida pelo verbo “precisar” (o pronome relativo desempe-
nhaa função de objeto mdireto dentro da oração adjetiva = Eu preciso dolivro)

Essas estruturas adjetivas cujo pronome é regido por preposição têm, além da forma
mama
e

padrão, duas formas variantes: a “cortadora” e a “copiadora”.


Exemplos:
(3) Ela trouxe o livro [de que eu falei ontem).
[relativa padrão: a preposição regida por “falei” antecede o relativo]
— típica da língua formal

(4) Ela trouxe o livro [O que eu falei ontem).


(relativa cortadora. a preposição regida por “falei” e “apagada”)
+ típica da língua coloquial (em processo de incorporação à língua literária e jor-
nalística)

(5) Ela trouxe o livro [que eu falei dele ontem].


(relativa copiadora: o antecedente do relativo é retomado — como pronome pes-
soal anafórico — na oração adjetiva, ao lado da preposição regida por “falei”)
— típica da língua coloquial (ainda esugmatizada)

As expressões O/A/OS/AS + QUE contêm, nesta ordem, um pronome demonstrativo


e um pronome relativo, devendo o período ser dividido no meio da expressão. À ora-
ção do relativo, neste caso, é sempre restritiva.

* Recomenda-se rever atentamente o item que examinou as funções sintáticas dos pronomes relativos no ca
pitulo sobre Estrutura da Oração,
120 SINTAXE

Exemplos: 8
(6) Essa moça não é a [que você encontrou na prata]?
+, +
= aquela - = a qual
fpron demonstr ) + (pron. relativo)
+
O demonstrativo a (= aquela) eo PREDICATIVO DO SUJEITO da oração principal

(7) Obina estava escalado, o [que deu à torcida uma sensação de ahvio]
+ 4 ”
= 18s0 + = o qual
(pron. demonstr ) + (pron relativo) -

O demonstrativo o (= 1580) é o APOSTO da oração principal


Atenção! Nessas estruturas, a relativa “cortadota” tem supremacia sobre a relativa


“padrão”
. -
Exemplo:
(8) Essa moça não lembra a / que você gosta?
(em vez de Essa moça não lembra a / de que você gosta?) -

As orações adjetivas podem intrometer-se na principal, pois precisam da proximuda-


de de seu antecedente.
Exemplo:
lHor.. | 220. ] utior. [ 3:07. |
(9) A moça / que conheci ontem / era uma loura / cujos olhos faiscavam
pu. adyctiva | «cipal adjetiva 2
(antecedente: moça) (antecedente loura)

f) Estilisticamente, so se aconselha empregar em textos formais a serte relativa “o qual, a


qual, os quais, as quais” precedida de preposição (a não ser para evitar ambiguidade).
Exemplos:
(10) Elaboro projetos [com os quais comaverei toda a nação]

(11) Ja resolvi o problema de sua irmã, a qual ahás me preocupava muto


— justificável por questão de clareza (o antecedente poderia ser “o problema”)

(12) São poucas as pessoas [as quais querem realmente mudanças).


> estilisticamente discutível
Coordenação & Subordinação 121

g) Asexpressões expleuvas “é que”, “e quando”, “é onde” (e suas eventuais flexões c dis-


tanciamentos) não caracterizam oração, pois podem ser retiradas do período sem
prejuizo semântico ou funcional. Tal recurso caracteriza uma necessidade de êntase,
não devendo se: confundido com o emprego dessas mesmas expressões em estruturas
oracionais onde têm valor sintatico Alguns livi os se referem genericamente a essas es-
truturas com o nome de “clivagem” (trata-se da fragmentação de uma oração em
duas).
Exemplos:
(13) Em nossas palavras (e onde) está a verdade,
> só há uma oração (absoluta)

(14) Na nossa infância (é quando) temas as mais puras emoções.


> so ha uma oração (absoluta)
(15) E (é / era...) naquela cama mal construida ( . que) eles se amavam.
> so há uma oração (absoluta)

3033 MAS.
(16) O pior de tudo é / que ela ammda te ama
— ha duas orações (principal + substantiva predicativa)
(17) Este g o homem / que resolverá tudo para você.
> há duas orações (principal + adyetiva restritiva)

(18) Se digo deste modo, / é (= digo) / que (— porque) ainda não aprendi as boas ma-
fu

neiras
> ha tiês orações (adverbial condicional + principal + adverbial causal)
[Nessa ltase, O verbo ser esta empregado como vicario (em lugar de digo) Fm portugues, o
verbo fazer tambem pode ter esse emprego Exemplo: Pretendo escrever um livro, mas so 0 fa
rel excreverer) na velhice Outras palavras podem atuar como vicarias em português os pio
nontes pessoais, que substituem um substantivo nem sempre expresso no texto (p ex FU sem
pre substituto do talante), os demonstrativos anaforicos, que substituem um substantivo ex
presso anteriormente, as particulas sim e não quando condensam a resposta a uma indagação.
(Ct. M Câmara, DLG,p 2141)!

Tambem e possivel encontrar ocorrências de “verbo expletivo” sozinho


Exemplos:
(19) Amor de verdade eu so sent (foi) com você, meu bem (M, Evans e R. Araújo)
(20) tu sei que agora eu vou (é) cuidar mais de mim (Rita Lee e R. Carvalho)
122 SINTAXE

COMENTÁRIO DIDÁTICO E ESTILÍSTICO SOBRE O EMPREGO


DAS EXPRESSÕES EXPLETIVAS DE CLIVAGEM

Em casos onde ocorie o desmembramento dessa expressão, alem de ser possivel a contamm-
nação de concordância, tambem se pede obscrvar uma modificação no tempo do verdadeiro
verbo da oração
Exemplos:
Parto para sempre. | mboja seja! os amigos que me expulsam, sinto tristeza.
> expressão expletiva desmembrada (“verbo” ser no plual e subjuntivo, o verbo expuhar
poderia estar no subjuntivo)

"Parto para sempre. Simto tristeza, embora os amigos e que me expulsem.


> na ordem direta, sem desmembrar a expressão expletiva (verbo expulsar no subjuntivo)

Parto para sempre Embora os amigos me expulsem, sinto tristeza.


— sem a expressão expletiva (verbo expulsas no subjuntivo)

h) O pronome relativo QUEM não pode desempenhar a função de objeto direto (a não
ser preposicionado).
Exemplos:
(21) A lei condenou o bandido [a quem o delegado prendera].
> e objeto direto preposicionado (de prendera)

(22) Tenho um filho [de quem só posso orgulhar-me].


—> é objeto indizeto (de orgulhar-me)
(23) Preciso de alguem [em quem eu possa tei confiança].
> e complemento nominal (de confiança)

1) Quando introduz uma oração adjetiva que acumula a função de principal em relação
a uma outra subordinada, o pronome relativo pode não desempenhar sua função na
oração adjetiva, mas sim naquela que lhe é subordinada
Exemplos:
p lºot. |] | 2ºor. | [ 3or. ]
(24) Não trouxemos o livro / que você pediu / que nós comprássemos
y
[ principal da 2º ] [adjetiva e princ. da 3º] [ substantiva |]
> O pronome relativo é OBJETO DIRETO (de comprássemos). O segundo que e con-
junção integrante.
[to | [ 2ºor. ] [ Pa ]
(25) Essa é a professora / que a turma não sabia / de onde viera.
J v y
[ principal da 2º | [adjetiva e princ da 32) [substantiva/justaposta]
=> O pronome relativo é SUJEITO (de vrera)
Coordenação & Subordinação 123

I possível que o pronome relativo, em vez de tepresentar na sua oração a repetição da


lorma de scu antecedente, se refira a uma ideia expressa pot esse antecedente
Exemplo;
(26) Linda pastora, morena da cor de madalena,
Tu não tens pena de mim
Que vivo tonto com o teu olhar. (Noel Rosa & Braguinha)
> O pronome relativo tem como antecedente a forma “mim”, mas funciona na
ur sua oração como substituto de “cu”.

Vambém se empregam como relativos ONDE, QUANDO e COMO, que sempre desem-
penham função adverbial - e por isso podem sei chamados de “adverbios relativos”
Exemplos:

(27) Visitei a rua [onde o fundado: da Academma morou].


> ONDE e adjunto adverbial de lugar (de morot)
não
(28) Viajaremos de madrugada [quando o sol ainda dorme).
> QUANDO é adjunto adverbial de tempo (de dorme)

(29) Estanher muto a maneira [como você falou com sua esposa]
—+ COMO é adjunto adverbial de modo (de falou)
Mas .
(30) Hoje [que csse dever esta cumprido, | voltamos ao nosso posto (Júlio Ribeiro)
— QUE é adjunto adverbial de tempo (de est cumprido), e seu antecedente é HOJE

(31) Venho sempre aqui, [que é] como se fosse a minha casa


> QUF e sujeito de é, mas seu antecedente e AQUI, adjunto adverbial de lugar de
ação
venho
ão na

T— “a E “= E ati ara “ o EE
sa. “2 4 ox
nt
as

Analisando o relacionamento que a oração sublinhada mantem com a principal, reconheça o tipo
E

de adjetiva
a) Não conheço os lucros que tanto comemoras
b) Falam isso de nós, que somos seus amigos
cCON-
c) Hoge verei os cadernos de quem
não pergunta nada
d) Catra uma chuva, uma chuva Impredosa, que afugentara todos os turistas
e) Sublimavam apenas o que lhes interessava
Recorrendo a pontuação, una com pronome relativo os fragmentos abaixo de modo que os resulta-
dos correspondam as frases propostas
- os elettores podem mudar o destino do pais
- os eleitores são bem informados
124 SINTAXE

frase a: Todos os eleitores são bem informados e podem mudar o destino do pais
frase b Apenas os eleitores bem informados podem mudar o destino do pais.

3 Empregando pronomes relativos, complete as lacunas das frases abaixo, de acordo com a norma
padrão x
a) Ela teve um gesto nunca esqueceremos
b) A conclusão chegamos e impar.
c) Censuraram a reportagem teor discordet
d) Elefez uma revelação | devemos dedicar muita atenção.
e) Temos aqui uma situação se deve evitar.
9 Ojovem acaba de se formar ja conseguiu um emprego
g) A mão afaga é a mesma apedreja
h) As Investigações eu estou fugindo poderão nos comprometer
) O banqueiro eu fu; enganado ja esta preso
) Escapou pela janela o passarnho ganhei de meu pai
k Talvez seja essa a cena o professor se referiu naquela aula
) Quero fazer tudo eu tenho direito
m) Foste trocada por um cabra não tem onde cair morto.
n) Minha melhor amiga, braços chore! muitas magoas, acaba de roubar meu marido
o) Eu, você agora ofende tão facilmente, trago ainda na lembrança as palavras am!-
gas turrecebido nesta casa . | morei quando era criança

4 Faça a substituição das estruturas adjetivas sublinhadas por outras de igual valor
a) O jovem que acaba de se formar ja conseguiu um emprego
b) A mala velha que deixou no porão e que estava cheia de teias
de aranha continuava no mesmo
lugar t0

As investigações que são bem conduzidas trazem beneficios a todos


O advogado que era corrupto fugiu com o dinheiro que pertencia ao aposentado
A lagarta, que se transtormara em borboleta, fugiu pela janela
A resposta que se apresentou a pergunta gue se fez não esclareceu o assunto

5. À unica opção cuja resposta não convém a compreensão gramatical do que ou qual e
a) Você não vê que isso é um jogo (conjunção integrante)
) O que você quer e prejudicar-me. (pronome relativo)
)
too

Não grite, que não sou surdo (conjunção coordenativa explicativa)


) Você não conhece a cidade na qual fiz meus estudos (pronome relativo)
) Não se! qual das moças foi minha aluna (pronome relativo)

6 A unica opção que não apresenta oração adjetiva é


Nada se toma de quem guarda tudo a sete chaves
Não reconheco essas pessoas de quem você tanto se orgulha
Pelo jeito, esse e um livro de quem estuda muito
Tenho uma amiga de quem posso me recordar com saudade
Chegou o unico policial de quem se tem medo.
Coordenação & Subordinaçao 125

7 Propaganda de um hotel gaucho destaca

rorma É AQUI ONDE OS ENCANTOS DA SERRA


HOSPEDAM NOSSAS TRADIÇÕES GAÚCHAS.
À Fazenda NoNoNoNo é aberta ao público e está localizada a apenas 14 km do centro de Gramado,
por estrada totalmente asfaltada. Um complexo de lazer com quatro milhões de metros quadrados
de area verde natural para você usufruir com seu grupo de amigos e a familia

Como se classifica o periodo da frase-tituto? Explique

8 Escreva uma frase (sem adjetivos) que tenha a seguinte estrutura sintatica SUJ+VTD+OD+AAL
Depois, acrescente para cada um dos termos um adjunto adnominal em forma de oração adjetiva
Evite a repetição do relativo Ao final, comente o resultado textual

9 Os dos trechos abarxo foram extraídos de jornais publicados em 2007


(a) “Leio na Coluna de Tostão, da quale do qual sou fã, que não foro Barcelona que perdeu, mas o
Inter que venceu ”
(b) “Nas sessões, (o ministro) gosta de expor suas opiniões, sempre tomando cuidado para não

Ss am
otender algum colega com o qual eventualmente discorde das ideias ”
Explique se o emprego dos relativos em (a) e (b) esta de acordo com as regras de regência da
ingua padrão, observando
— em (a) o emprego duplo do relativo e a possibilidade de uma reesentura que evite essa repetição,
— em (b) o uso das preposições "com" e “de” em relação ao verbo “discordar”

10 Afoto mostra um cartaz afixado no vidro traseiro de ônibus do municipio do Rio de Janeiro Nele, o
pronome relativo esta empregado três vezes
Explique se a frase serve como exemplo de uso compativel com a lingua padrão

ra
os tran iss
sta quiser,
O dia que ele tiver vontaade.
na hora que
uro.
vá de ônibus. É legal. É mais seg
» UE "
geo
NUA
dedo
És +? ni ú
126 SINTAXE

11. Explique se ha ambiguidade no emprego do pronome relativo e, se for o caso, desfaça-a


Chegou a vez da irmã do seu colega, que parece um pouco Infeliz

12 Observe os pronomes relativos empregados nas frases abaixo Em que alternativas a segunda
construção representa um uso que, éslilisticamente, pode ser criticado? Por quê?
(a) Este é um pais que vai pra frente X Este e um pais o qual vai pra frente
(b) Fiz a comida que você adora X Fiz a comida a qual você adora.
(c) Compro livros que não pedes X Compro livros os quais não pedes
(d) São obras de que me orgulho X São obras das quais me orgulho
(e) E um frio a que não me acostumo X E um frio ao qual não me acostumo

Os trechos abaixo foram extraidos do romance Isaura, de José de Alencar Examine o emprego de
virgula antes do pronome relativo “que” e explique por que, numa das alternativas, e possivel Inter-
pretar sua oração como restritiva, em vez de explicativa
(a) Logo a direita do corredor encontramos aberta uma larga porta, que da entrada a sala de re-
cepção, vasta € luxuosamente mobiliada
(b) Continua a cantar tens a voz tão bonita!, mas eu antes quisera que cantasses outra coisa, 1:
por que é que você gosta tanto dessa cantiga tão triste, que você aprendeu não seronde? . co!
(c) Ela aqui e livre, mais livre do que eu mesma, coitada de mim, que ja não tenho gostos na vida
nem forças para gozar da liberdade. far
(d) Refletindo porém um momento, sentiu que lhe seria mais vantajoso empregar contra o seu
agressor a mesma arma de que se servira contra ele, o sarcasmo, que as circunstâncias lhe
que
permittam vibrar de modo vitorioso e decisivo
(e) Parecia um desses vasos de louça, de formas fantasticas e grotescas, que se enchem de flores
para enfeitar bufetes e aparadores rão
cor
14 A locução "é que”, empregada em frases como “nós e que somos os culpados”, está assim comen- pos
tada por Julio Nogueira em O Exame de Português (p 246-7), livro publicado em 1918
5!

Essa construção, impenetravel a análise, tem sido explicada mediante interpretações cerebri 6:
nas nos é (certo) que somos os culpados — e certo que nós somos os culpados ( ) Basta atender
ao acento oracional, que traduz bem a nossa intenção ao proferir tais frases, para reconhecer que
essa interpretação artificiosa foge completamente ao verdadeiro sentido
À critica de Júlio Nogueira é pertinente? Explique.

15 A materia de Ricardo Dias Felner tor publicada em 2007 no jornal português Publico
Assessor de Cavaco Silva lança duras críticas a alteração do Estatuto do Aluno
O assessor de Cavaco Silva para os Assuntos Sociais, David Justino, não gostou nada da pro-
posta de alteração ao Estatuto do Aluno aprovada, na generalidade, na Assembleia da Republica.
No dia 27 de Outubro, três dias depois de o diploma ser votado, o ex-ministro da Educação ati-
rou-se contra “a marca emergente de algumas visões românticas do processo educativo”, que tão
“nefastas” têm sido para o ensino
A opinião de David Justino — que foi responsavel pelo Estatuto do Aluno ainda em vigor — for es-
crita no blogue colectivo Quarta Republica, onde tambem escrevem a assessora para a Educação
do actual Presidente da Republica, Suzana Toscano, alguns ex-deputados do PSD, Tavares Mo
reira, ex-secretario de Estado de Cavaco Silva, e o deputado Miguel Frasquilho aa
Coordenação & Subordinação 127

David Justino —- que o PUBLICO não conseguiu contactar - começa por fazer uma critica gene
rica do lobby do “eduquês”, numa recensão do livro À Lógica dos Burros — O Lado Negro das Poli-
ticas Educativas, da autoria do professor Gabriel Mitha Ribeiro Mas acaba por relacionar directa
mente a tese defendida pqr esse grupo — “que está muito longe de deixar de exercer o poder” — e
as alterações ao Estatuto do Aluno “Afinal os estudantes (que vão a escola e estudam), os esco-
lantes (que vão a escola e não estudam) e os faltantes (os que não vão a escola e não estudam)
passam a ser tratados ao mesmo nivel, com os mesmos direitos, mas raramente com os mesmos
deveres Assim não há volta a dar”, comenta.
()*Osr primeiro ministro não discutiu com o sr Presidente da Republica o Estatuto do Alu-
no”, la-se numa nota, enviada ontem a Lusa, pelos assessores do primeiro-ministro, em que se
acrescentava serem as noticias “falsas e sem qualquer fundamento”
ter Examine as orações adjetivas e comente as peculiaridades de seu uso no texto

CHAVE DE RESPOSTAS.
1 a) restritiva, b) explicativa, 0) restritiva (justaposta), d) explicativa (é defensavel interpretar como restritiva se
onsiderarmos que as vírgulas são exclusivas do aposto), €) restritiva

2 a) Os elestores, que são bem informados, podem mudar o destino do país // b) a) Os eleitores que são bem in
*nrmados podem mudar o destino do pais

3 a) que,b) aque c) de cujo, d) para


a qual, e) que, f) que gl que
/ que h) de que,1) por quem j) que kJaque la
“ue m) que, n) em cujos 0) que (a quem) / com que / onde (em que)

4 a) O jovem recém-formadoja conseguiu um cmprego, b) A mala velha e cheia de teias de aranha deixada no po
do continuava no mesmo lugar c) Às Investigações bem conduzidas trazem beneficios a todos d) O advogado
corrupto fugiu com o dinheiro do aposentado, e) À lagarta, transformada em borboleta, fugiu pela janela, f) A res
osta apresentada à pergunta feita não esclareceu o assunto

5 E (pronome indefinido interrogativo)

8 A (subordinada substantiva objetiva indireta)

7 Periodo simples, oração absoluta A exprossão "e ande” é expletiva

& Resposta livre (exemplo Minha tia (S) encontrou (VTD) um cachorro (OD) na rua (AAL) // Minha tia cuja casa
tca meio Isolada, encontrou um cachorro que era de raça na rua onde eu moro) / Quanta ao resultado textual é
bem provavel que tenha sido produzida uma frase pouco expressiva (como a que colocamos na sugestão)

9 Esta de acordo apenas em (a) cada relativo empregado se relaciona com um antecedente diferente (Tostão &
coluna) e não caberia o uso de nenhum outra relativo (substituir por “de quem e de que” sena discutivel estilistica
nente) A frase (b) contem um solecismo que não exemplifica as chamadas retativas cortadora e copiadora pois
ERAS

uverbo “discordar rege a preposição “de” (quem rege “com” e seu antonmmo “concordar”), O antecedente do re
ativo é "algum colega” que na oração adjetiva desempenha a função de adjunta adnominal de "ideias" (Eventual

ofender algum colega de cuias idéias eventualmente discorde

10 Afrase do cartaz exemplifica o que se chama de "relativa cortadora”, pois nas três ocorrências a preposição
cem” for omitida o que não e compativel com o Liso padrão
tac
dc at
11 Hã ambiguidade, que decorre da possibilidade de o antecedente do que ser “a irmã" ou ' o colega” Desfaz se
7 ambiguidade utilizando-se o relativo “o qual” ou “a qual”, conforme o caso
128 SINTAXE

12 Nasopções (a) (b) e (c) o pronome “o/als) qual(1s)" não e precedido de preposição e por isso pode ser cnti
cado estilisticamente, já que não ha risco de ambiguidade

13 Nas opções (a) e (b) a virgula que antecede 0 pronome separa à oração acetiva clo termo de seu anteceden
te “uma larga porta” e “dessa cantiga tão triste” respectivamente Nas opções (c) e (d), a virgula que antecede o
pronome é cumulativa, pois a oração adjetiva está precedida de um expletivo de escusa em (c) e de um aposto em
(d) Em tc) o antecedente do “que” é 9 pronome “eu” Retirado o expletivo, a virgula permanece, tendo em vista a
impossibilidade logica de se supor
a existôncia de um outro "eu mesma” Em (d) o antecedente do “que” e 'sar-
casmo” (aposto de "arma"), nucleo do proprio aposto, cuja segunda virgula foi intencionaimente colocada pelo
escritor para dar a adietiva a ideia explicativa, pois poderia ter escrito, restritivamente “o sarcasma que as cir-
cunstâncias lhe permitiam vibrar ( )" Resta a opção (e), na qual o antecedente do pronome é 'vasos”, separado
do relativo par um sintagma adnominal entre virgulas Retirado o sintagma “de formas fantasticas e grotescas” E;
seria possivel defender a idéia de que a oração adjetiva restringe “vasos de louça” (e não teria virgula), embora
também fosse possivel dizer que a aração continua explicativa (e a vírgula seria mantida)

14 E pertinente a entica à explicação de que a expressão e uma corruptela de “e certo que” A clivagem continua
uma "construção impenetravel à analise” - sintática, mas não à análise discursivo-textual

15 O comentário (livre) deve destacar a necessidade do jornalista de separar algumas das adjetivas por traves-
sões e por parênteses Tambem merece registro ng ultima parágrato, o distanciamento entre o relativo e seu an-
tecedente

2.3.3. ADVERBIAIS
Desempenham, em relação à principal, uma única função sintática (de natureza Ne

ta
adverbial). adjunto adverbial,

à Principal «<>» Adverbial

Como se observa nos dois quadros, as adverbiais tanto podem estar à direita da prin-
cipal quanto à esquerda dela, não sendo exagero afirmar que, em português, a ordem in-
versa e muito praticada nas estruturas adverhiais.

Exemplos:
— Já que ela tomou essa decisão, vou cuidar da minha vida
— Assim como falham as palavras, assim falham os pensamentos.
— Mesmo que você não goste de filmes de super-heróis, esse vale a pena.
— Se nós demorarmos mais um pouco, vamos perder o filme
— Conforme reza a tradição acadêmica, o professor convidado fala primeiro
— Para uma pessoa entrar de graça, e preciso mostrar a cartema de idoso.
OB
— Quanto mais
eu rezo, mais assomb ração me aparece.
— Quando o último san, apague a luz.
Coordenação & Subordinação 129

egos Essa mobilidade postcional recomenda atenção quanto ao emprego de vírgula nas ad-
veibaais, o que depende fundamentalmente de dois prinapios:

so” (1º) c obrigatoria quando a subordinada antecede a principal ou está nela inserida
om (ordem inversa);
EE (22) e dispensável quando a principal antecede a subordinada (ordem direta), exceto
à sa nos casos de orações adverbiais de grande extensão ou nos casos em que 1a20es estikis-
na - ticas justifiquem a presença da vírgula.
sErado

scas Ixemplos:
ira (a) Quando os noivos se begaram, todos os convidados aplaudiram.
(b) Todos os convidados, quando os noivos se beyjaram, aplaudiram.
e (c) Todos os convidados aplaudiram (,) quando os noivos se beijaram
(d) Todos os convidados aplaudiram, quando do fundo da igreja surgiram aquelas
Vesês lindas crianças vestidas com tanto esmero.
ada (e) Todos os convidados aplaudiram quando, do fundo da igreja, surgiram aquelas
lindas cranças vestidas com tanto esmero.

Nasletras (a), (b) e (d), o emprego da vírgula é obrigatorio; na letra (c), é estilístico
urieá Naletra (e), melho: será evitar a vírgula divisória em virtude da contiguidade que ela te-
tia com outras duas
As orações adver bras são nove, CSFPT — pelas iniciais de cada tipo E cabe lembrar que
o conectivo que introduz as orações adverbrais e uma conjunção subordimativa, que tem o
nesmo nome da oração

COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE AS APROXIMAÇÕES


SEMÂNTICAS ENTRE SINDÉTICAS E ADVERBIAIS !

a prir. | Convem observar que as coordenadas sindéticas e as subordinadas adverbiais têm pontos se-
em'r- manticos em comum, mas estruturas sintaticas diversas (adversativas f concessivas, conclu

stvas / consecutivas; explicativas / causais) Por isso, justifica-se o recurso didatico de opo-las
zelas siglas& A*CKEX x CºFPT
pelas

= CAUSAIS:
Conjunção-base: PORQUE

Exemplo:
— Todos ficaram em casa [porque estava chovendo).

OBSERVAÇÃO
As conjunções como e se, posicionadas à esquerda da principal, quando significam “ja
que” tambem são causais Também são causais uma vez que, visto que, dado que.
130 SINTAXE

A lingua culta de gor acadêmico rejeita as expressões “de vez que” ou “eis que” (se-
gundo E. Bechara, não são “locuções legítimas”: MGP, p. 493). Tambem se deve evitar à
locução “posto que” como causal (e concessiva), a despeito de sua presença muto comum
com smonima de “porque” em textos jornalisticos e hterários, como por exemplo no co-
nhecido verso de Vinícius de Moraes “Eu possa me dize: do amor (que tive): Que não seja
imortal, posto que c chama. Mas que seja infimto enquanto dure”.

Exemplos:
(1) [Se você quer assim], nada mais posso fazer
(2) [Como vacê não compareceu |, chamamos outra pessoa.
(3) Não posso comparecer, [uma vez que fu convocado como escruttnador]

a)
COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE O USO DAS
FORMAS POR QUE, POR QUE, PORQUE E PORQUÊ
et: = usa ou scuncasscmso ETA CO CO ueção | qaeSss SEcscadassssssss as

Como ja vimos, do ponto de vista da teoria gramatical, não e tareta elementar aistiriginie se a
conjunção “porque” esta empregada com valor explicativo ou causal, embora o falante co-
mum muitas vezes faça um uso espontaneo bastante expressivo dessa palavra. Quanto a gra-
fia, porem, observem -se o» procedimentos abarno à
— por quê = po) que motivo ou 1azao (antes da interrogação)

Exemplo: Voces não sx casaram por que?

— por que = por que coisa, por que motivo ou razão (com ou sem interrogação), por qual(is),
pelo/ats) qual(is)

Exemplos: Po? que você se interessa no momento? Gostana de saber por que eles não se casa-
iram Não se: ainda poi que cles brigaram. Por que pessoa ela o trocou” Preciso conhecer os |
motivos por que ela o abandonou. (Obs : No último exemplo e pronome relativo)
- porque = ssmonimo de causa, motivo, razão (é substantivo)

Exemplo: 'Lodos queriam entender o porqué do rompimento


porque — designa causa, em razão de que, pelo motivo de, porquanto (e conjunção)
Exemplo: “Lu canto porque o instante existe.” (Cecília Meireles)
" Convém lembrar, contudo, a ção de Rocha Lima (GNLP, p 350 2), que afirma de forma
convincente que não ha amparo para se girafas separado o adverbio “por que” (embora seja a
determinação do Tormulano Ortográfico) Para ele, havera apenas duas hipoteses para
tal grafia. quando preposição | pronome interrogativo [= por que coisa, assunto] ou
preposição 4 pronome telativo| — pelo/a(s) qual(is)].
Coordenação & Subordinação 131


nm <= COMPARATIVAS:
tar à Conjunções-base: COMO e QUE
mum Exemplos;
IO «O- — Seus olhos brilham [como as estrelas]
O sela y
comparativo de igualdade (= como as estrelas brilham)

— Os brasileiros festejam mais (ou menos) I(do) que os europeus],

comparativo de superioridade ou de mferioridade (— do que os europeus festejam)

OBSERVAÇÕES
RD) Como se vê nos exemplos, a oração comparativa deixa o verbo subentendido quando
e o mesmo da principal Entretanto, é perfeitamente possível fazermos comparações
de fatos (ou atos) verbais diferentes.
Exemplos:
Tot d (4) Seus irmãos viajam tanto [quanto eu troco de camnsa).
Qui) (5) Nosso time ganha ma:s [(do) que perde]
| gra-
D) As conjunções comparativas podem estar combinadas com outras conjunções subor-
dinativas, cabendo sempre considerar nesses casos a existência de duas orações, a pri-
meira delas quase sempre com o verbo implícito
Exemplos:
(6) Seus olhos brilham [como! [se fossem estrelas).
o.
z

[= como brilhariam / se fossem estrelas]


> comparativa + condicional

CET ts (7) Os torcedores festejaram mais hoje [do que] [quando ganharam a Copa].
[= do que festejaram / quando ganharam a Copa)
> comparativa + temporal

COMENTÁRIO DIDÁTICO E ESTILÍSTICO SOBRE O EMPREGO


DA METÁFORA E DA METONÍMIA*

Estilisticamente, a metáfora é a figura de pensamento que corresponde a uma comparação de


igualdade subentendida, atuando com as relações de similaridade, onde a base comparativa é
forma o elemento implícito que admite a variedade interpretativa
oe 2d

spara Exemplo:
O vil
Seus olhos são estrelas
[A base de comparação entre sets olhos e estrelas esta em aberto: ambos são brilhantes, ou to-
cantes, ou longinquos, ou lindos, ou insprradores de algum sentimento. a]

Roman Jakobson, no capitulo “Dois Aspectos da Linguagem e Dois Tipos de Afasia” (p 34-62), de T imguis
soe Comutação (São Paulo Cultrix, 1973), discorre sobre os polos metatorico e mctonimuco e sobre os tc
vas da seleção e da combinação, que env ols em essas figuras
132 SINTAXE

Didaticamente, e um procedimento bastante proveitoso explorar a riqueza metafórica da lín-


gua viva (presente em verbos, substantivos e adjetivos) e exercitar as distinções entre metáforas
ja incorporadas à linguagem do dia-a-dia e aquelas que poderiam ser chamadas de “inventi-
vas”. Igualmente mteressante e chamar a atenção para as metáforas conceituais, que se baseram
numa visão cognitivista segundo a qual conceitos abstratos que subjazem ao pensamento hu-
mano norteram a linguagem e à maneira como nos referimos aos objetos que nos cercam (reve-
lando enfim de que mancira vemos o mundo) Ás metáforas conceituais nada mais são do que
uma especie de denominador comum das muitas metaforas cotidianas sobre um mesmo tema,
Podemos, outrossim, rar partido de outras figuras de linguagem como a prosopopéia, o
cufemismo e a catacrese, que tambem têm base metaforica
Exemplos:
(1) Para mim, es um anjo, uma flor, um doce ursinho. — metaforas “cotidianas” (?)
(2) Nossos governantes são diafragmas, > metáfora “inventiva” (?)
(3) Economize seu tempo! Invista seu tempo em coisas úteis!
— metáforas conceituass (tempo = dinheiro)
(4) O primo tem um alto astral, mas ele vive na fossa
> metaforas conceituais (alegria = “para cima” & tristeza = “para baixo”)
(5) O vizinho entregou a alma ao Criador. > eufemismo
(6) Nem seu travesseiro entenderia aquela proposta amarga. > prosopopeias
(7) Se embarcar nesse trem, verei 0 leito do Rio Amazonas.> catacreses
ol
A metonimia (abrangendo a sinédoque), por sua vez, atua com as relações de contiguidade,
onde prevalece o entendimento de um vocábulo por outro porque ambos são postos no mes-
mo campo semantico denotativo,
bxemplos:
(8) Presenciei o encontro entre um sem-terra e um sem-teto
> tomou-se terra e teto (terra = propriedade rural; teto = moradia) mais amplamente
do que em seu sentido literal.
(9) O menino eia a alegra da famílta
> tomou-se alegria como substituto de “causa, responsavel pela alegria”.
(10) O Brasil ganhou da Alemanha na final da Copa de 2002
> tomou-se Brasile Alemanha como substitutos de “pais representado por um time de
futebol” ou “seleção de jogadores brasilenos” e “seleção de jogadores alemães”
Observações:
a) No artigo “A Metáfora Conceitual. uma visão cognitivista” (disponível em www.filolo-
giaorg.br/vienlt/anais/cademol2 04.html), Sergio Carvalho expoe de modo didático o as-
sunto q fornece outras referências bibliográficas perunentes,
b) Os autores têm adotado comportamento vanado quanto a snédoque, Por exemplo M
Câmara (DI G, p. 167) apresenta definição de metonimia que abrange a smedoque, Zelio dos
Santos Jota (Dicionário de Linguística, Rio de Janeiro Presença, 1975 — 1! edição, p 307) dis-
tingue-as atribuindo a metonimia o “nexo de causalidade” e apenas a sinedoque o de “conti-
oB
guidade”. Georges Mounin (Dietronnare de la Iingrastigue Paris, Quadrige/PUF, 1993-a 14
edição ede 1974) diz que “a metonímia não implica nem dependência nem mclusão, caracte-
risticas essenciais da sinédoque” (p, 215), embora seja posstvel “reduzir esta figura a uma va-
nedade de metonmmia” (p. 316).
Coordenação & Subordinação 133

lin- “=º CONCESSIVAS:


Far
Conjuncão-base. EMBORA
nt.

As Exemplo: Ed

he — [Embora seja verdade], ha elementos estranhos nessa história.


e
que
OBSERVAÇÃO
ma Tambem são concessivas apesar de que, sem que, se bem que, armda que, conquanto, su-
[E t? pasto e posto que.

Exemplos:
(8) Os pesquisadores vicram aqui ontem, [conguanto nem entrassem]
(9) Comprei-lhe um presente [sem que ela percebessc].
(10) À crueldade não o deixara de todo, [suposto parecesse outro homem]

-** CONDICIONAIS:
Conjunção-base: CASO
Exemplo:
— | Caso você me abandone], na certa vou chorar
OBSERVAÇÃO
Também são condicionass se (que pode ficar subentendido), contanto que, dado que e
ser que.

Exemplos:
(11) (Se) I/fosse menos insensível], verta como as mulheres são incríveis.
nie (12) [Dado que fosse sensivel|, chegara às lágrimas.

= CONFORMATIVAS:
Conjunção-base: CONFORME
Exemplos:
— |Conforme é desejo de todos], parto amanhã para a Europa
— | Como todos já sabem], amanha haverá uma palestra sobre cinema
Tolo
CONSECUTIVAS:
41

3 O Es

Conjunção-base: QUE
io M
100 0s
Exemplo:
“din — À coitada levou tal susto [que morreu]
cont
OBSERVAÇÕES
Sal
a) À conjunção consecutiva se prende a uma palavra intensiva da oração principal
Tar ie-
no 1 (TAL, TANTO, TAMANHO, TÃO, CADA), as vezes subentendida. Sempre sera pos-
sivel acrescentar a expressão “em consequência” depois da conjunção (ou da locução
sem que quando uma das duas orações exprimir ideia negativa)
134 SINTAXE

Exemplos:
(14) Sua sorte cra tanta, [que (em conseguência) ganhou cem vezes na loteria].
(15) Sua voz era (tão) esganiçada que (em consequência) chegava a doer]
(16) O filho lhe dava cada susto [que (em consequência) cla nunca estava sosssegada].
(17) Pensei em você [sem que (em consequência) chegasse a uma conclusão].
(18) Nunca conversa com o pat |sem que (em consequência) acabem brigando).

b) As consecutivas são as unicas adverbrais que não podem ser colocadas antes da
principal O motivo é de base logica: por informar a consequencia expressa na princi-
pal, não tem uso no português uma imversão como “Sem que açabem brigando, /
nunca conversa com o par” ou “Que (em consequência) ganhou cem vezes na loteria,/
sua sorte era tanta”.

= FINAIS: | o
| ocução conjuntiva-base: PARA QUE

Exemplos:
— Saio de casa, [para que possas ieavaliar nossa relação).
— [A fim de que aprendas logo,| deves refazer todos os exercicios

“= PROPORCIONAIS: -
Iocuçao conjuntiva-base: À PROPORÇÃO QUE Hs

Exemplo:
— [A proporção que envelheçe), mais idiota fica o bomem à

OBSERVAÇÃO
Tambem são proporcionais a medida que, ao passo que, quanto (ou tanto) mais (ou
menos) *

Exemplos:
(19) Pequenos cogumelos, [ao passo que devoram os tecidos dos insetos], semeiam os
seus esporos moi tais. (Osman Lins) g
(20) | Quanto mais eu estudo Português,| mais eu admuro sua riqueza. fa

c= TEMPORAIS: 1
Conjunção-base: QUANDO

Exemplo:
— Lla say [quando cu entrei].
um:
a , trar
Semanticamente, toda oração proporcional tem valor temporal (de concomtancia) Talvez fosse mais eco
nomico sea NGB as agrupasse genericamente como temporais ses 1
Coordenação & Subordinação 135

OBSERVAÇÕES
a) Tambem são temporais enquanto, assim que, sem que (= antes / até que), cada vez
que.
da
Exemplos:
(21) [Assim que eu voltar], eu te telefono.
(22) Não comemores nada [sem que recebas o aviso da vitoria].
tes da
b) A locução “ao passo que” pode não ter valor proporcional, caso em que costuma
ninct-
equivaler a “enguanto”, devendo sua oração ser classificada como temporal (amda
ado.
por conta da idéia de concomitância contiastiva).

Exemplo:
(23) Ela é dedicada, [ao passo que o irmão nada quer com as estudos].

COMENTÁRIO DIDÁTICO E ESTILÍSTICO SOBRE O


DESLOCAMENTO DA NEGATIVA NAS ORAÇÕES ADVERBIAIS

Em português, ha a nossibilidade de se colocar a partícula negativa antes das conjunções su-


bordinativas, fato comum entre ideias contrastivas ligadas por mas,

Exemplos:
Ela chorou não quando o marido morreu, mas quando soube que não lhe deixara nada
—- A modelo ganhara o prêmio não se desfilasse melhor, mas se tivesse um belo sorriso.
- Meu tio falou não como meu parente (falaria), mas como um estudioso de leis (falaria)

Fssa forma negativa, porém, pode sei deslocada para antes do verbo da oração prmeopal.
Exemplo:
— O piloto não bateu na árvore [porque estava correndo].

qts OU A aparente incoerência da frase desfaz-se no nível do discurso, que enunciará a oração
ç causal,
que contém “o real motivo da batida na arvore” mas porque havia oleo na pista).
Não podemos nos esquecer de que a situação e o contexto são elementos que interferem na
construção de frases, A negativa em O vizinho não levou o cachorro ao veterinario não se refere
jamos necessariamente a “levar” ou a “levar o cachorro” ou a “levar o cachorro ao vetermário”. Ou |
seja, o vizinho pode ter dado o cachorro ao veterinário (e não levado) ou ter levado o gato no ve-
termmário (e não o cachorro) ou ter levado o cachorro ao canil (e não ao veterinário). Esse deslo-
camento da negativa pode ter consequências mais pragmálticas do que sintáticas, mas é um
tema que pode ser bem explorado didaticamente

= ADVERBIAIS SEM CONJUNÇÃO:


Os nove tipos de oração adverbial citados pela NGB têm em comum a existência de
uma conjunção subordmativa, À análise do relacionamento sintático entre orações mos-
trará, porem, que as adverbiais não se restringem à listagem da NGB. Vejamos alguns des-
na » vcO-
ses casos.
136 SINTAXE

Moro numa rua deserta. X Moro onde não mora ninguém


—+ Os trechos sublinhados têm a mesma função sintática: ad; adv. de lugar.
Vou à praia com minha família. X Vou à praia com quem me dê carona.
> Os trechos sublinhados têm q mesma funcão sintatica: adj adv, de companhia.

> Os trechos sublinhados têm a mesma função sintática: adj adv. de assunto.
Jogo sinuca contra qualquer um. X Jogo sinuca contra quem quiser
> Os trechos sublimbados têm a mesma função sintatica: ad). adv de oposição
Apontei para
o ceu. X Apontei para onde passava o bando de maritacas
> Os trechos sublmbados têm a mesma função sintática adj. adv de direção.
Todos foram convidados, ate eu X Todos foram convidados, inclusive quem mora
longe
> Os trechos sublinhados têm a mesma função sintatica: ad). adv. de inclusão,
Todos foram convidados, exceto eu X Todos foram convidados, exceto quem mora
longe.
> Os trechos sublinhados têm a mesma função sintática: ad). adv de exclusão
Partiremos com lagrimas nos olhos. X Partiremos chorando.
> Os trechos sublinhados têm a mesma função sintatica: ad;. adv. de modo.

OBSERVAÇÕES 1
a) Nas frases (g) e (h), serta discutível alegar-se que o pronome “eu” é sujeito de uma
segunda otação eliptica, equivalendo a “.. até eu (fu convidado)” e “exceto eu (fun |
convidado)”, Note-se anda que a descrição dessas estruturas é tão controvertida que '
se chega a encontrar em dicionários a classificação de “ate” e “mclusive” como adver-
bios e de “exceto” como preposição. Aceitar essas descrições significa dizer que é pos-
sível uma preposição estar acompanhada de pronome reto e que e possível um adver-
bro atuar como elemento de ligação.

Ss
b) Orações com o perfil desses exemplos, embora não sejam introduzidas por conjun-
ções, são adverbiais.** Por isso, devem ser analisadas normalmente, apenas com a 1€s-
salva de serem justapostas, classificação que se aplica a qualquer oração desprovida de
conectivo, como ocorre também com outras estruturas adverbiais:

Exemplos:
(24) Não fora eu um eximio bailarino, teria sido acertado pelas balas.
> condicional (mais-que-perfeito em lugar do imperfeito do subjuntivo)
(25a) Ha/laz muitos meses (que) não nos encontramos.
(25b) Não ng» encontramos há/faz muitos meses.
(25c) De/ Desde ha muitos meses (que) não nos encontramos.

47 € Azeredo (PGP, p 233) dv que onde ea unica conjunção locativa, mas adverte que essa palavra, nesse pa-
pel de transpositor, anda conserva a característica do adverbro relativo onde, qual seja à possibilidade de ser
precedida de preposição Tles levaram as crianças para onde clas pudessem ter sossego
Coordenação & Subordinação 137

(25d) Até há quinze minutos eles estavam nesta sala.


(25e) Ainda há / faz duas semanas nós estivemos juntos.
> temporal (o que é expletivo, e a oração não sublinhada deve ser classificada
hia como principal)
[E. Bechara (LPAS, p. 149-50) discorre sobre a incoerência da análise invertida — adotada
por M. Said Ah e Epifâmo Dias (ou seja, no primeiro exemplo, a It oração seria a princi-
pal, a 2º seria temporal), pois a noção de tempo não está na oração de “encontrar”, mas na
que contém o verbo haver (ou fazer). Condena também os que preferem considerar que
houve um processo de gramaticalização dessas estruturas com haver e fazer, o que redun-
daria em uma anáhse do trecho como adjunto adverbial de tempo e não como oração ad-
verbial temporal. Essa classificação confere aos dois verbos uma função preposicional
bastante discutivel — facilmente desmentida pela possibilidade de flexão (Exemplo: Não o
encontrávamos já fazia três semanas.). A, G. Kury (NLAS, p 105-7), por sua vez, não con-
sidera “lícito rejeitar qualquer das três mterpretações, conforme o contexto” e afirma ser
mais comum a análise da oração de haver como principal |

(26a) Vais embora sem as minhas despedidas?


(26b) Vais embora sem que me despeça de ti?
(26c) Vais embora sem me despedir de tr?
> o adjunto adverbial de modo está apresentado de três formas diferentes: na fra-
se (26a), como um termo da oração, na frase (26b) como uma oração desenvolvi-
je uma da com conectivo (o verbo não é forma nominal e “sem que” é a locução conjun-
eu fui tiva); na frase (26c) como uma oração reduzida (o verbo é forma nominal e não
da que há conectivo).
adver-
é pos-
adver-
Analisando o relacionamento que a oração sublinhada mantem com a principal, reconheça o tipo
onjun- de adverbial:
nares-
a) Ainda que a torcida do Bambala seja exigente, o time não corresponde
vida de b) O time não perderia o jogo se a torcida do Bambala fosse exigente
c) Como exige a torcida do Bambala, novos jogadores serão contratados.
d) O time entrou logo em campo, visto que a torcida do Bambala é exigente.
e) Es mais exigente do que a torcida do Bambala?
f) Aceito o cargo de tecnico, desde que a torcida do Bambala continue exigente
9) O time ganhou tantos titulos que
a torcida do Bambala
ficou exigente
h) Enquanto a torcida do Bambala é exigente, a do Arimatéia e muito passiva,
) Para que a torcida do Bambala fique exigente, bastam dois passes errados
) Quanto mais a torcida do Bambata fica exigente, mais o time fica nervoso
nesse pa- k) Fizeram tudo gem que a torcida do Bambala ficasse exigente.
ade de ser O centroavante estava nervoso, porquanto a torcida do Bambala era exigente.
138 SINTAXE

Mesmo para os descrentes ha a pergunta duvidosa. e depois da morte? Mesmo para os descren-
tes ha o instante de desespero que Deus me ajude... Venha, Deus, venha, Mesmo que eu não me-
reça, venha Sou inquieta, ciumenta, aspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu te-
nha So que eu não sei usar amor as vezes parecem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e
continuo inquieta e infeliz, e porque preciso que Deus venha. Venha antes que seja tarde demais

O sexto periodo desse paragrafo de Clarice Lispector contem apenas uma oração “Embora
amor dentro de mim eu tenha " Por que não se trata de uma oração absoluta?

No periodo “Não a conhecesse e diria que contempla, interessada, o que la fora lhe chama a aten
ção”, existe(ím)
a) 4 orações subordinadas,
b) 2 orações substantivas / ) oração adverbial,
c) 1 oração substantiva/ 1 adjetiva/ 1 adverbial,
d) 2 orações coordenadas,
e) somente 1 oração principal

4 As propagandas de bebidas terminam com a advertência que aparece no cartaz acima A oração
que inicia a mensagem e condicional com valor temporal ou temporal com valor condicional?

5 Assinale a conjunção ou locução conjuntiva que expressa uma circunstância diferente das demais.
cr
(a) Posto que a luta fosse longa e encarniçada, venceram

( b) Como estivesse frio, preferiu não sair


( c ) Sem que fosse escravo, obedecia a todas as ordens
( d) Ainda que esteja chovendo, ele não falta nunca aos compromissos
( ) Por mais que gritasse, não pôde ser ouvido
o

Se economizar bastante, mesmo que Isso sacrrfique algumas de suas atividades de lazer, você tera
uma boa reserva financeira para que, quando se fizer necessario, possa utiliza la
Divida o periodo em orações e classifique-as Observe que o trecho tem problemas de constru-
ção, por conta da excessiva quantidade de orações de mesma natureza. Fazendo uso de outras es- fic
truturas sintaticas, reescreva o (em 1 ou 2 periodos) mantendo seu significado primitivo uti
Coordenação & Subordinação 139

escren- 7 Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanida-
ão me de, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam
1eute- viver
aceb e A frase de Cristovam Buarque emprega três vezes a conjunção “quando” Essa repetição ca-
nais racteriza vício de linguagem ou tem expressividade? Explique

trbora 8 Reescreva as frases abaixo substituindo as estruturas coordenadas por subordinadas (e vice ver-
sa) Procure preservar a significação onginal e faça as adaptações necessarias Depois, classifi
que as orações
aaten
a) Eusaio com os meus amigos nos fins de semana, mas nunca vou aos lugares de minha prefe
rência
b) Esta cando tanta chuva que, com certeza, as ruas ficarão alagadas
c) O navio ja deve ter partido, pois as pessoas estão voltando para seus carros

9 Uma marca de biscoitos perguntava em um comercial “Vende mais porque está sempre fresqui-
nho ou está sempre fresquinho porque vende mais?”
Qual a finalidade da inversão das idetas de causa no texto do anuncio?

10 Observe as “metaforas conceituais” abaixo transcritas e construa “metaforas linguisticas” para elas
a) vida=um liquido Os anos escorriam entre seus dedos
b) trabalho = ato digno
c) futebol = querra
d) leitura = viagem
e) maternidade = santidade

sa CHMADNE RR: RESPOSTAS


1 a) concessiva, b) condicional, c) conformativa, d) causal, e) comparativa, f) condicional, q) consecutiva, h)
'omporal, 1) final, )) proporcional, k) concessiva, |) causal

2 Aoração e subordinada adverbial concessiva e sua principal é a oração que figura isolada no periodo anterior
A esentora separou em frases autônomas duas orações que se vinculam par dependência sintática Fez isso para
oração acentuar a pausa que deseja fazer entre as duas orações, contrariando as regras gramaticais, mas explorando as
mai? regras do discurso

3 € Nãoaconhecesse / e dina/ que contempla, interessada o/ que la fora lhe chamaa atenção (1º oração subor
temais
dinada adverbial condicional — a conjunção se esta subentendida, 22 oração principal — o e e expletivo, 32 oração
subordinada substantiva objetiva direta da 2º e principal da 4º, 4º oração subordinada adjetiva restntiva)

4 Agração “Se beber" é condicional, mas contém um valor temporal, pois as duas ações mencionadas na frase
(beber e dingr) estão vinculadas cronologicamente, pois ninguem esta proibido de “beber depois de dingir"

5 B e causal (as demais são concessivas)

6 Se economizar bastante, / mesmo que isso sacrifique algumas de suas atividades de lazer, / você tera uma boa
reserva hnancerra/ paraque, /quandose fizer necessário, / possautilzá-la (13oração subordinada adverbial
Scé tera condicional 2º oração subordinada adverbial concessiva, 3E oração principal 4º oração subordinada adver-
bral final da 32 e principal da 52, 5º oração subordinada adverbial temporal)

constru Sugestão de reescritura sem a “exclusividade” de adverbiais Para economizar bastante, talvez seja preciso sacr!
tras es- ficar algumas de suas atividades de lazer No entanto isso lhe dara uma boa reserva financeira, que você podera
utilizar quando se tizer necessário
140 SINTAXE

7 Astrês orações adverbiais temporais estão usadas de modo expressivo À Intenção do professor for realçar a OE
urgência das medidas que defende Comprovam isso dois fatos a primeira temporal esta destocada para o inicia
do parágrafo (topicalizada) as outras duas estão simetricas e formam uma gradação ascendente
Jus
8 a) Eu saio com os meus amigos nos fins de semana, mas nunca vou aos lugares de minha preferencia A oração
e coordenada sindetica adversativa À reestrilura com uma subordinada adverbial concessiva poderia ser
Embora eu saia com meus amigos nos fins de semana nunca vou aos lugares de minha preferencia //b) Estaca
indo tanta chuva que com certeza, as ruas ficarão alagadas À oração e subordinada adverbial consecutiva À re
escritura com uma coordenada sindética conclusiva podena ser Esta caindo muita chuva, portanto, as ruas fica
rão alagadas // c) O navio já deve ter partido, pois as pessoas estão voltando para seus carros À oração é coor-
denada sindética explicativa À reescritura com uma subordinada adverbial causal poderia ser Como o navio já
deve ter partido as pessoas estão voltando para seus carros

9 Ainversão tem o objetivo de relativizar a relação de causa e efeito entre as duas Ideias (vender e estar fresqui b)
nho), mostrando que essas noções estão vinculadas implicitamente a uma questão temporal

10 Sugestão de respostas b) O trabalho enobrece o homem, c) O Bambala contratou um centroavante mata-


dor, d) Lendo você conhece outras realidades, e) Lombrava com saudade de sua santa mãezinha

=>2-2200— — 200000 quuuuuuuue uuuenmeenauuuuniolD 2 DI lIIDD 20 DD O ES = = -— =— ——4

| 2.4. ORAÇÕES
dm Aba fofo pttas SEA
E NS
REDUZIDAS
DER ao tela cmeetidid mdenio ué agcioronbiinloipS
e min 6o] ui mid 45 1 so qosimtal

O estudo das orações reduzidas!” depende, fundamentalmente, da combinação de


conhecimentos morfológicos, sintáticos e semânticos, que se concretizam nas seguintes
capacidades:

13) reconhecer que o verbo de uma oração está em forma nominal (infimtivo, gerúndio ou
particípio)
— Nas locuções verbais, esse reconhecimento se faz pelo verbo auxiliar.

2:) estabelecer, quando possível, uma equivalência entre a oração reduzida e sua forma de-
senvolvida (ou desdobrada).

Sobre locuções verbais, já chamamos a atenção no micio do capítulo anterior. Sobre a


equivalência entre orações reduzidas e desenvolvidas, observemos o quadro abaixo e os
exemplos apresentados a segur:
ESEESSACECISTETASIDARCORTAS Go ptne saga ainlaisiminiao sn nani aaa prai sis se sam Ceco & S=-Docceca 1
i ORAÇÃO ' tem verbo em forma nominal? | tem conectivo?** :
1 , 4 1

Le
e ce e Dem A e do ZA 1 rito a e a VS A O LOS ORAS A SEN 6 0 2 2 a 0 Lo = = DE CESSsSSSIstedas a
1 1

reduzida : sim não


1 “ 1 ..... .. ss... = — — = Ll--- — - — == me val l
4 1 '

desenvolvida não sim du


* e preciso atenção com os mfimtivos flexionados de alguns verbos (que são hommônimos do futuro dá oC

subjuntivo) e com os adjetivos participiais


* referimo-nos aos conectivos upicamente oracionais. conjunções e pronomes relativos

“E. Bechara (LPAS,p 162-4), que adota o «nterso tradicional na classificação dessas orações, expoe mnucio-
samentea conceituação de oração reduzida Refere-se inclusive ao carater historico de certas construções com
participio (nas adjetivas) ou com gerundio (nas adverbiais de modo, meio e instrumento), nas quais o valor
nominalimpediria o seu reconhecimento como reduzidas — nesses casos, haverta adjunto adnonunal e adjun-
to adverbial, respectivamente
Coordenação & Subordinaçao RD!

OBSERVAÇÕES
du) Orações sem conecuvo (e, em geral, sem verbo em forma nominal) são chamadas

usiapostas

Exemplos:
(1) Na fazenda de meu tio, todos sabem como se faz um bolo de aniversario.
> justaposta
(2) Na fazenda de meu tro, todos sabem como fazer um bolo de anrversanio
justaposta

“) As orações reduzidas, na sua maioria, são subordinadas e admitem desdobramento

Exemplos:
(3) Seria interessante avisarmos os tesponsaveis.
—> e atração reduzida porque tem verbo no infimtivo & não tem conectivo
+ desdobramento. .. que avisassemos os responsaveis.
> classificação subordimada substantiva subjetiva, reduzida de infinitivo.

(4) Compramos uma fita explicando o funcionamento do DVD


> e oração reduzida porque: tem verbo no gerundio & não tem conectivo
— desdobramento .. que explica o funcionamento do DVD
> classificação: subordinada adjetiva restritiva, reduzida de gerundio.

(5) Descontada à fig recepção, a atriz gostou de Paris


— e oração teduzida porque tem veibo no particípio & não tem conectivo
na de- > desdobramento: Se descontarmos a fria recepção..
> classificação: subordinada adverbial condicional, reduzida de particípio,
obre à
(6) Voltando para casa, parei numa conteitaria para comprar uma torta,
oeos
> são reduzidas porque. têm verbo no gerundio ou no infimtivo & não têm conectivo
— desdobramentos: Quando voltava para casa, .. para que eu comprasse uma torta.
— classificações: sub adv. temporal, reduz de gerundio & final, reduz. de infimtivo

c) Por razões estilísticas, e possivel substitun o pretérito imperfeito do subjuntivo por


duas outras formas verbais, uma delas o gerúndio, Tal emprego, porem, não caracteriza
ocorrência de oração reduzida, pois o conectivo sempre está presente.

Exemplo:
Rede O
(7) Sentia apenas que a mala de couro que eu carregava, embora estando torrada, te-
ME un dia cheirava mal (“No dia em que eu vim-me embora”, de Gilberto Gil)
e valor -> não há oração reduzida porque: tem gerundio com valor de imperfesto do sub-
“au
juntivo & tem conectivo.
142 SINTAXE

A outra forma verbal substituta do imperfeito do subjuntivo e o pretérito mais-


que-perteito, Observe a expressividade dos dois usos nos versos de “Como se a Pe-
dia”, de Eugênio de Andiade:
>
Exemplo:
(8) Escuto como
se a pedra cantasse. / Como se cantasse nas mãos do homem. / Um
rumo! de sangue ou ave sobe no ar, canta com a pedra. / À pedra nas suas mãos
obscuras / Aquecida com o seu calor de homem / O seu ardor de homem. / Escuto
como sc fora a minuscula luz mortal que das entranhas lhes subasse à garganta. / À
sua mortalidade de homem / Canta com a pedra.
= a substituição só se dá no trecho final do poema, contribuindo para à constru-
ção de uma gradação comparativo-condicional original.

COMENTÁRIO ESTILÍSTICO SOBRE O EMPREGO DAS ORAÇÕES REDUZIDAS


E-

E de bom tom evitar o acumulo de orações reduzidas num mesmo periodo ou parágrato, so-
bretudo se lorem de mesmo tipo Todavia, seu emprego equilibrado confere ao texto mais 2.4
clegancia e clareza, como neste trecho de “A Mão no Ombro”, de Lygia Fagundes Telles
4)
Five um sonho, ele disse passando poi detrás da mulher e tocando-lhe o ombro. Ela
atetou curiosidade no leve arqueai das sobrance lhas, um sonho? F recomeçou a espa-
lhar o creme em torno dos olhos, preocupada demais com a própria beleza para pensar
em qualquer coisa que não tivesse relação com essa propria beleza. Que ja esta perden-
do e viço, cle resmungou ao entrar no banheiro. Examinou-se no espelho: estava mais
magro ou essa ;magem era apenas um eco mult iplicador do jardim?

b)
Há três tipos de orações reduzidas:

2.4, 1. REDUZIDAS DE INFINITIVO


a) SUBSTANTIVAS
Exemplos:
— É bom estar aqui com vocês. subjetiva
— À ideia era prender todos os grevistas. -+predicativa
— Esperamos conseguir a aprovação. objetiva direta
— À familia me incumbiu de levar a boa nova. objetiva indireta
— Alguns têm medo de dizer a verdade. = completiva nominal 2.4.
— Em ti só uma coisa me assusta! chorares à toa —apositiva

b) ADJETIVAS (sempre regidas por À ou DE)


Exemplos:
— Fomos os únicos a conseguir a aprovação. restritiva
— Ela e uma mulher de estremecer gualguer um restritiva
Coordenação & Suberdinação 143

paIs- v) ADVERBIAIS
3 Pe- Exemplos:
- Ficavamos nos vanglorando de termos vencido o favorito. causal
— De tanto ficar sozipha em casa, acabou nessa situação. causal
— Aquele menino, talvez por ser órtão, acertou o emprego causal
Um
— Apesar de ser feriado, iremos trabalhar. concessiva
mãos
— Amavam as mulheres sem as desejar. eoncessiva
SC Uto
— Não deseje uma mulher sem a amar. condicional
a A
Não podia ver uma mulher sem a desejar. -bconsecutiva
— Fazia um frio de congelar até as palavras consecutiva
pstru-
— À fim de resolver o problema, ele matou o gato >final
— Paro agora a nairação por não cansar mais os leitores. > final
— Sou Flamengo ate mon er temporal
— Ela não pode ir para casa sem eu lhe devolver a bola. temporal

2.4.2. REDUZIDAS DE GERÚNDIO


a) COORDENADAS
Exemplos:
— Levei a bola, ficando sozinho diante do goleiro. sindética aditiva
— Aníbal namorava uma, pensando na outra. —>sindética adversativa
[A equivalência “Aníbal namorava uma enquanto pensava na outra” não nos parece a única
possibilidade de entendimento para a frase. Ademars, sabemos que a conjunção e pode ter va-
lor adyersativo: Anibal namorava uma / e pensava na outia (e = mas).]

b) ADJETIVAS
Exemplo:
- Havia ali alguem caindo de sono. -brestritiva

c) ADVERBIAIS
Exemplos:
— Não tendo outra alternativa, aceitou a incumbência causal
— Agiu de modo autoritário, mesmo estando à morte. —concessiva
— Tirando notas boas, talvez meu pai me perdoasse. condicional
— Perguntou meu nome, examinando a ficha de matricula. temporal

2.4.3. REDUZIDAS DE PARTICÍPIO


— ADVERBIAIS
Exemplos:
— Encontradaa solução, fo logo comemorar. causal
— À obra mostrou solidez, mesmo construída na praia —concessiva
— Confirmada sua teoria, você poderá agir à vontade. condicional
— Decorrido o prazo, sua irmã perderá o prêmio. temporal
144 SINTAXE

OBSERVAÇÕES
à) Como já vimos no trecho em que tratamos das funções dos pronomes oblíquos, existe
uma estrutura Lradicional em que a oração 1eduzida pode ter como sujeito um prono-
me átono obliquo, o que so acontece quando na oração principal há um verbo causa-
tivo (mandar, deixar, fazer...) ou sensitivo (ver, ouvir, sentir...).

Exemplos:
(1) O soldado mandou |-o descer do carro.
-» desdobramento” .. mandou [que ele descessc do carro.
> vlassificação: substantiva objetiva dieta

(2) Nenhuma pessoa [me] viu [abrir a porta].


> desdobramento: .viu [se eu abria porta.]
> classificação: substantiva objetiva direta
[Note se que, na frase “Nenhuma pessoa me viu abindo a porta”, a oração reduzida de
gerundio (se desenvolvida como “quando /enguanto cu abria a porta”) não corresponde
exatamente ao significado da frase original. Trata-se de uma analise bastante discutivel,
Como bem diz À G. Kury (NLAS, p. 107), “e preciso atender ao valor relativo das equiva-
lencias sintaticas, que muitas vezes nos prestam auxiho bem mesquinho”.

b) As equivalências entre reduzidas e desenvolvidas merecem algumas ponderações:

— eventualmente, poderemos admitir mais de uma interpretação de desenvolvimento E


(sobretudo se o contexto não for suficientemente esclarecedor).

Exemplos:
(3) Encontre: seus familiares [a excursionar pela Florida].

temporal, reduz. de infimtivo)


(4) [Estando em Londres), recomenda-se uma visita ao Parlamento.
-+ desdobramentos: ... quando estiver em Londres (adverbial temporal, reduzida I
de gerundio) OU .. caso esteja em Londres (adverbial condicional, reduzida de '
gerúndio) OU . como está em Londres (adverbial causal, reduzida de gerúndio)

— certas estruturas reduzidas são de tal forma consagradas que seu eventual desdobra-
mento pode soar como inviavel ou muito pouco comum.

Exemplos:
(5) Competia a mim [fazer os convites para a formatura).
> desdobramento questionável: ... que fizesse os convites para a formalura
— classificação: substantiva subjetiva, reduzida de infimtivo
(6) A felicidade esta [em valorizar os pequenos momentos].
> desdobramento questionável: .. em que valor;zemos os pequenos momentos
Coordenação & Subordinação 145

— classificação: substantiva objetiva indireta, reduzida de gerúndio — o verbo “es-


este
tar” no sentido de “consistir” e trans. mdireto)
rono-
(7) Ele era um dos que vão aos estádios [(para) brigar].
O
> desdobramento questionável: .. para que briguem
> adverbial final, reduzida de infinitivo

— existem orações reduzidas sem desenvolvimento (exprimem circunstâncias que não


possuem conjunção).

Exemplos:
(8) Aquela mulher ganha sua vida [cantando|.
— classificação. adverbial modal, reduzida de gerúndio

(9) [Em vez de acompanhar a família], ele fica na sinuca.


= classificação: adverbial de exclusão, reduzida de gerúndio (em vez de é locução
prepositiva)

(10) Sua família não inha outra alternativa, [a não ser rezar].
> classificação. adverbial de exceção, reduzida de infinrtivo (a não ser é locução
denotativa de exceção)
ções

mero co) O adjetivo participial não deve ser confundido com o particípio (forma nominal do
verbo) Este concordará obrigatoriamente com um termo que será o seu sujeito,
aquele, com um termo que pode desempenhar uma função smtática qualquer no pe-
úodo (inclusive sujeito, mas de outro verbo).

Exemplos:
(11) Envolvido um membro da família, todos se revoltaram.

> concorda com um substantivo que é seu próprio sujeito


> é particípio (há oração reduzida, subordmada adverbial condicional = Caso
um membro da família fosse envolvido. . OU causal = Como um membro da la-
miíha fora envolvido...). Como se vê, o desenvolvimento de uma oração reduzida
de particípio pode ser feito com uma estrutura de voz passiva.

(12) Envolvido com o espetaculo, o ator não percebeu as labaredas.


4

concorda com um substantivo que é sujeito de outro verbo


Fura =» é adjetivo na função de predicativo do sujeito (não há oração reduzida)

ménics
146 SINTAXE

(13) Deixada a janela solta, ela caiu na calçada


A

“deixada” concorda com um substantivo que e seu próprio sueito [o qual se re-
pete anaforcamente na segunda oração, i.e., janela = ela]
> e particípio (há oração reduzida, subordinada advei bial causal = Como a jane-
la for deixada solta. ). O adjetivo “solta” e predicativo de “a janela”

(14) Deixada (?) solta, a janela caiu na calçada


to 4 A
“deixada” concorda com um pronome impliato que e seu próprio sujeito [o qual
se revelará na segunda oração, 1.e., ela = janela]
— e particípio (há oração reduzida, subordimada adverbial causa] = Como a jane-
la foi deixada solta...), O adjetivo “solta” é predicativo de “ela”,

(15) A janela deixada solta caiu na calçada


tl
f
“deixada” concorda com o substantivo “janela”, que c o núcleo do sujeito “a jane-
la deixada solta”
> e adjunto adnominal (não há oração reduzida). O adjetivo “solta” tambem
é predicativo de “Ganela”. Compare-sea frase (15) com outras em que não haja
um segundo adjetivo para o núcleo “Janela”: À janela pintada casu na calçada
1 A ganela quebrada caiu na calçada E, por fim, comparem-se as duas novas
frases com seu sujeito expandido: A janela pintada por mim caiu na calçada
(“por mim” e agente da passiva) // A janela quebrada ontem caiu na calçada
(Contem” é adjunto adveibial de tempo).
"mm
em

"y
q

5
a
Q
á

a
O
> A
>

=
S

Adatar outro procedimento de analise resultaria em transformar todo adjetivo participial em


oração adjetiva reduzida. É o que temos nos exemplos de “reduzidas de participio” colhidos
em algumas de nossas principais gramaticas.
a) “D Atonso Henriques, ajudado por uma armada de cruzados, conquistou Lisboa.” (A
Coelho) — apud F, Bechara (MGP, p. 238)!
b) “Os anais ensanguentados da humanidade estão cheios de facmoras, empuxados (= que
foram cmpuxados) ao crime pela mgratidão injuriosa de mulheres muito amadas, e perver-
17 J

des
(C
1º Q exemplo que esta na 36º ediçao (Cia Tdit Nacional), e seguido de comentario em que Bechara concorda noi
Aga
que considerar o partiaipio como mero adjetivo simplifica a analise Cita para isso os ensinamentos de Adolfo
Coelho RU
Coordenação & Subordinação 147

“) “Não ouvia os instantes perdidos (— que se perderam, que foram perdidos), mas os minu-
tos ganhados (- que se ganharam, que foram ganhos)" (M de Assis) — apud L Bechara
Io (TPAS,p 169):
d) “Hospedaram se em minha casa uns parentes chegados ontem do interior. — apud R
é o. »”

Ne
Lima (GNIP, p. 273).
e) '“Astosas brancas agrestes/ Lrazidas do fim dos montes / Vos mas lrrastes, que as destes
(- Pessoa) - apud € Cunha & L Cintra (NGPC, p. 616),

Em todos os exemplos, devemos notar que o pretenso desdobramento mostrará a mexistên-


qua. cia de sujeito proprio — e é esse o argumento fundamental para que não 0 adotemos si

d) Nas locuções verbais colocadas na voz passiva com o pronome SF, há casos cm que
existe um obstaculo semântico para que se continue reconhecendo a locução. Quan-
do isso ocorre, dizemos que ha duas orações, sendo principal a do verbo “aspectual”
ou “modal” (ja estudados neste capitulo) que era auxiliar e subjetiva a do verbo noin-
finitivo,

Exemplos:
(16a) Devem construir dois túneis na área.
(16b) Devem / construir dois túneis na área.
> VOZ ATIVA: (16a) com locução verbal, (16b) sem locução verbal.

(16c) Devem-se constru: dois túneis na área.


> VOZ PASSIVA (comloc verbal) = Dois túneis devçmsei constru ídos na arca

(16d) Deve-se / construir dois tuneis na area, (* E


> VOZ PASSIVA (sem loc. verbal)= Const wir dois túneis na area é devido

(17a) Pretendem construir dois túncis na área


(17b) Pretendem / construir dois túneis na árca.
— VOZ ATIVA: (17a) com locução verbal; ( 17b) sem locução verbal.
(17c) Pretendem-se construr dois tunes na área. (logicamente inviavel)
> VOZ PASSIVA (com locução verbal). classificação impropria porque Dois
tuneis pretendem ser construídos na área é logicamente inviável.

que
ver

“Rocha ima tambem cita exemplos de oração adjctiva reduzida de participio presente (latrusmo hoje em
desuso) “Quando me acontecer alguma pecunia, / passante de um milhao de cruzeiros, / compro uma ilha
€ D de Andrade) - trata-se, cm anáhse sincrônica, de predicativo do sujeito (seguido de complemento
jo ra nominal)
Aduntn 'S“A presença de oração, nesses casos e inadmissível o particpio, ar, pelo seu valor adjetivo, ( ) não tem
sujeito proprio” (A G KRurv NIAS,p 85)
148 SINTAXE

(17d) Pretende-se / construsr dois túneis na área. (*)


—> VOZ PASSIVA (sem locução verbal). classificação correta porque =
Construir dois túneis na área é pretendido.
+

Nos casos assinalados com (*), há duas orações: principal (deve-se ou pretende-se) e
subjetiva, reduzida de infinitivo (construir dois túneis na area).

e) Ao lado de verbo no infinitivo, o verbo parecer admite dois tipos de construção.

Exemplos:
(18) As pessoas parecem sofrer com o calor intenso
- locução verbal: parecer é auxiliar

(19) As pessoas pareçe / sofrerem com o calor intenso.


- não há locução verbal
No 22exemplo, pareceré o verbo da oração principal; a oração de sofrerem e subje-
tiva, reduz. de infimtivo. = [Parece] [que as pessoas sofrem com o calor intenso |

O infimtivo, o gerúndio e o particípio são formas nominais do verbo. já vimos os ca-


sos em que não devemos confundir o particípio com o adjetivo. Também não repre-
sentam oração reduzida as ocorrências substantivadas do gerúndio e de infimtivo.*”

Exemplos:
(20) Desejo ser da turma dos
formandos de 2003. — adjunto adnomunal
(21) Amar é apreciar a natureza. > sujeito e predicativo
(22) A porta deentrar é aquela. > adjunto adnominal
(23) Sua ira e de (se) compreender. (= compreensível) — predicativo
(24) Eis uma peça dificil de (se) entender. — complemento nominal

g) As formas nominais do verbo atuam externamente como nomes, ou seja, podem ocu-
par a segunda posição de um relacionamento sintático, do mesmo modo como acon-
tece com qualquer nome, podendo ser inclusive regidas com ou sem preposição

Exemplos:
(254) Quero CANTAR.
- “cantar” e objeto direto de “quero”
(26a) Tenho um período reservado para CANTAR.
-+ “para cantar” é complemento nominal de “reservado”
(27a) Meu sonho é CANTAR.
-» “cantar” é predicativo de “meu sonho”

*º Minuciosa explicação acerca dos casos em que o infinitivo não constitui oração reduzida pode ser encontra-
da em E. Bechara (LPAS, p. 179 82).
Coordenação & Subordinação 149

(282) Timha o desejo de CANTAR.


ue — “de cantar” e complemento nominal de “desejo”.
A par disso, atuam internamente como verbos, isto e, podem igualmente reger com-
plementos com ou sêm preposição
Exemplos:
(25b) Quero CANTAR o Tino Nacional,
> “cantar” (objeto direto de “quero”) tem “o Ino Nacional” como seu objeto
direto.
(26b) Tenho um periodo reservado para CANTAR em festas beneficentes
— “cantar” (complemento nominal de “reservado”) tem “em festas benceficen-
tes” como seu adjunto adverbial de lugar
(27b) Meu sonho e CANTAR com Tejesa Salgueiro.
> “cantar” (predicativo de “sonho”) tem “com Teresa Salguen o” como seu ad-
junto adverbial de companhia.
ub.e-
(32) Tmha o desejo de CANTAR um baião
> “cantar” (complemento nominal de “desejo”) tem “o baião” como seu objeto
direto.
Os ca-
répre- Nesses casos, os verbos podem mesmo desenvolve: significados especiais — tema que,
Lo
como lembra Patrick Hanks (2005, p. 249), deveria interessar mais os especialistas em le
xicografia, Ressalte-se, então, que a identificação de orações reduzidas nessas estruturas
precisa ser vista com cautela, sob pena de se colocar em risco a propria função nominal do
mfinitivo, do gerundio e do participio.
o

E =5 o + ss TCCs TOS SEESSaS=D>


SA a

O infinitivo pessoal é uma notável pecubaridade do portugues entre as linguas da ta-


ROcu- milia românica e um dos seus mais característicos idiotismos Nem se trata de uma
acon- criação artificial de eruditos, mas antes constitui ele um dos elementos mars esponta-
ão
neos e vivazes na morfologia portuguesa. (T. Maurer, DPLP, p 7)
Lembremos, anda, que o seu emprego e matéria difícil de disciplinar e que, em certos
casos, e hvre a escolha de uma ou de outra forma do imfinitivo, havendo situações em
que a ênfase, a clareza da expressão, o ritmo e a harmonia da frase pedem o infimtivo
flexionado, mesmo com sacrifício de alguma das normas tradicionais

» Essas palavras de bom senso são de Domingos Paschoal Cegalla, no Dicionário de Dificulda-
| desda Lingua Portuguesa (Rio de Janeiro: Nova Frontera, 1996, p. 169— Iº edição) Sobre este
assunto, é também oportuna a leitura do verbete “inlimtivo pessoal” no Dicionário de Ques-
tões Vermaculas (São Paulo” Ática, 1996, p. 271-82 — 3º edição), de Napoleão Mendes de
Almeida - desconsiderados os comentários irados do auto? — e do capitulo “O Infinitivo Pes-
prortra
150 SINTAXE

Excluindo da descrição abaixo as ocorrencias ja expostas ao longo deste hvro e o caso óbvio
dointinitivo da ilexao verbal (sempre impessoal), merecem atenção as const uções em que à
oração do infinitivo

a) é adverbial e tem sujeito diferente do sujeito da principal:


— Sa da sala, a fim de os credores deliberarem (e não deliberar) mais a vontade
[a flesão e obrigatoria.]
b) é adverbial e tem sujeito igual ao sujeito da principal:
— Samos da sala, a fim de deliberar (ou delhberarmos)

— Para comemorarem (ou comemorar), contrataram um conjunto de samba

— Sairam para festejar (e neo testejarem), por estarem (e não estar) de acordo
[a flexão ocorre quando a adverbial vem antes da prneipal OU por harmonia ]

c) e completiva-nominal:
— Os dois acham que têm o direito de se encontrar (ou se encontrarem).
— ÀS crianças tinham a necessidade de andar (e não andarem) de avião.
[a flexao so ocorre, opcionalmente, quando o infimtivo e reflexivo.|
d) relaciona-se com verbo causativo ou sensitivo da principal:
— Ele mandou-os comprar (e não comprarem) retrigerantes.
- Ele mandou-os comporem-se (e não compor-se)
— Não nos deixeis cair (e não carrmos) em tentação

— O garoto sempre via suas vizinhas banharem-se (e não banhar-se) no rio.


[a flexão ocone quando o infinitivo e reflexivo OU, opcionalmente, quando o sujeito do infi-
mtivo e um substantivo.)

e) está na voz passiva pronominal:


— É muito bom erguerem-se (ou erguer) (e não erguer-se) monumentos
aos herois.
— Conheço maneiras de se dominarem (ou dominar) (e não se dominar) as emoções.
[a flexão é obrigatoria, havendo tambem a opção de usar o verbo na forma ativa.)
Coordenação & Subosdinação 151

(ER “ q a mo AD AN miri , ,

Analisando o relacionamento que as orações mantêm entre si, sublinhe, desenvolva (caso seja
possivel) e classitique as orações reduzidas dos periodos abaixo
a) Falta-me ainda, meu tio, recomendar-lhe um ponto (J de Alencar)
b) Talvez tivesse medo de comover se ()] A de Almeida)
c) Terminada a cermônia, o diabo foi conduzido pra trnipeça, principiando a adoração U de
Alencar)
d) E sena ndiculo pensar em Arabela, isto e, em Carmela (C dos Anos)
e) Agora vem uma carta dizendo que ele caiu (R Braga)
t Oseuromance, descontadas as imperfeições de todo o escritor que começa, não tem senão
um defeito é um esboço, não é um quadro (M A, de Almeida)
g) Sabe-se que o estrangeiro, ao jogar futebol, ataca o balão de couro como se fosse inimigo (J
Ubaldo)
h) Foro caso que, uma segunda-feira, voltando eu para o seminario, vi cair na rua uma senhora
(M de Assis)
) Entra Cancão, vindo do interior, empurrando a cadeira de Dona Guida, vestido como Frei Ro
que, com barbas postiças e imitando seu sotaque (A Suassuna)
|) Isto não era ter visto cadaver (R Pompeia)

Os missionarios protestantes, vindos em sua companhia, logo perceberam que o uso da lingua ne
erlandesa na Instrução religiosa prometia escasso êxito, não so entre os africanos como entre o
gentio da terra. (Sergio Buarque de Holanda)
Reescreva uma unica vez o periodo acima, sem alterar-lhe o sentido, substituindo
— a oração reduzida por outra introduzida por conechvo,
— a expressão correlativa não so como por expressão equivalente

À unica alternativa que contem exemplo de oração reduzida e


(a) Descendo de nobres europeus, que perderam sua fortuna no jogo
(b) Quem escutar um som estridente dê um aviso
(c) Recordar é viver eu ontem sonhei com você
(d) Desiludido, ele se pôs a chorar
(e) Ao entrar em casa, vi uma duzia de rosas

À unica alternativa que desenvolve coerentemente a oração reduzida e


(a) À persistirem os sintomas, o medico devera ser consultado
—> Quando os sintomas persistirem
(b) Ao persistirem os sintomas, o medico devera ser consultado
— Caso os sintomas persistam
(c) Persistindo os sintomas o medico devera ser consultado
— Se os sintomas persistirem
(d) Por persistirem os sintomas, o medico devera ser consultado
> Mesmo que os sintomas persistam
(e) Em persistindo os sintomas, o medico devera ser consultado

oo

— À medida que os sintomas persistirem


152 SINTAXE

S Era ave-maria quando chegamos ao adro, perdida a esperança de romper a mole” de gente que
murava cada uma das portas da Igreja, nos resignamos a gozar da fresca viração que vinha do mar,
contemplando o delicioso panorama da baia e admirando ou criticando devotas que também ti
nham chegado tarde e pareciam satisfeitas com a exibição de seus adornos
(Jose de Alencar, Diva)
“mole = massa

O paragrafo de lose de Alencar tem bastante material para ilustrar o assunto “orações reduz!
das” Escolha três passagens e comente as

HR A: DE [RR
1 a) recomendar lhe um ponto = que eu lhe recomende um ponto subordinada substantiva subjetiva, reduzida
de infinitivo, b) de comover se = de que se comovesse subordinada substantiva completiva nominal reduzida de
infinitivo c) terminada a cerimônia = quando terminou a cerimônia subordinada adverbial temporal, reduzida
de particípio, principtando a adoração = e principiou a adoração coordenada sindetica aditiva, reduzida de ge
rundio d) pensar em Arabela, isto e em Carmela = que pensasse em Arabela, tsto é em Carmélia subordinada
substantiva subjetiva reduzida de infinitivo e) dizendo = que diz subordinada adjetiva restritiva, reduzida de ge-
rundio f) descontadas as imperfeições de todo o escritor= se desconiarmos as imperteições de todo o escritor
subordinada adverbial condicional, reduzida de participio, 9) ao jogar futebol= quando joga futebol subordinada
adverbial temporal, reduzida de infinitivo, h) voltando eu para o seminário = quando voltava eu para O seminário
subordinada adverbial temporal, reduzida de gerundio, 1) vindo do interior = que vinha do interior subordinada ad
jetiva explicativa, reduzida de geruncio, empurrando a cadeira de Dona Guida =X subordinada adverbial modal
reduzida de gerundio, e imitando seu sotaque =X subordinada adverbial modal, reduzida de gerundio, |) ter visto
cadáver = X subordinada substantiva predicativa, reduzida de infinitivo

2 Os missionanos protestantes, que vieram em sua companhia, loga perceberam que o uso da lingua neerlande
sa na Instrução religiosa prometia escasso êxito tanto entre os africanos quanto entre o gentio da terra

3 E (ao entrar em casa subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo)

4 EC

5 Caberia escolher três dentre as seguintes passagens “perdida


a esperança” (subordinada adverbial causal ou
temporal, conforme se entenda “como perdemos a esperança' ou “depots que perdemos a esperança”) “de
romper a mole de gente” (subordinada substantiva completiva nominal, reduzida de infinitivo, caso se admita o
desdobramento “de que rompêssemos a mole de gente”), “a gozar da fresca viração' (subordinada substantiva
objetiva indireta reduzida de infinitivo, sem desdobramento viável) “contemplando o delicioso panorama da baia
e admirando ou criticando devotas” (três subordinadas adverbiars modais, reduzidas de gerundio sem desdo
bramenta todas coordenadas entre st com uma adição e alternância concormtantes)
3c.e

3ma”

30.77

Combinações
de Estruturas Oracionais

à coordenação e a subordinação como processos sintáticos podem coexistir num


mesmo período. Não é esse o caso, porem, do periodo composto por subordinação
que apresenta orações subor dinadas de mesmo tipo, dependentes da mesma oração prin-
cipal. A 1sso se chama coordenação de orações subordinadas.
rar ce

Exemplos:
a) [Convém] tapronta: nossos apetrechos] [e partir.]
-»a 2ºe a 3º orações são subjetivas, reduzidas, em relação à principal (1º)
Classificam-se como subordinadas substantivas subjetivas (reduzidas de infinitivo),
o
h
q:

coordenadas entre si. Não há oração sindética aditiva (o papel do e é ligar elementos
*

a qm
Boo

iguais, no caso duas orações subordinadas idênticas).


ma
pr
o

b) [Os bravos soldados não tinham certeza] |se voltariam enfim para suas casas] [e pas-
tm
o

sariam o Natal com seus famitiares.]


>a 23e a 3º orações são completivas nominais em relação à principal (14)
Classificam-se como subordinadas substantivas completivas nominais, coordenadas
entre si (o papel do e é ligar elementos iguais, no caso duas orações subordinadas
idênticas)

c) [Aolongo das várias reuniões com aqueles empresarios, ouvimos propostas] [que nos
surpreenderam pelo tom profetico] [ou nos mcomodaram pela absoluta falta de pa-
râmetros |
“a Zica 3! orações são restritivas em relação à principal (14)
154 SINTAXE

Classificam-se como subordinadas adjetivas restritivas, coordenadas entre si. Não há


oração sindetica alternativa (o papel do ou é ligar elementos substitutos, no caso duas
orações subordmadas idênticas)

d) | Quando você passou poi mim] [mas fingiu] [não me reconhecer, ) [eu percebi] [que
tudo havia acabado entre nos |]
>a lica 2º orações são temporais em relação à principal (4º)
Classificam-se como subordinadas adve:biais temporais, coordenadas entre si Não
há oração sindetica adversativa (o papel do mas é ligar elementos opostos, no caso
duas orações subordinadas idênticas).

COMENTÁRIO ESTILÍSTICO SOBRE A CONSTRUÇÃO DE PERÍODOS “MISTOS”


Ha sensiveis diferenças expressivas na escolha de estruturas onde estejam presentes conecti-
vos coordenativos e subordinativos Convem avahar atentamente os aspectos semânticos, a
fim de decidir qual a escritura mais adequada.
Exemplos
[Maria falou] [que seus tecnicos são professores de natação, ] jmas/e (que) não sabem nada |
> A Zºea 3º orações são objetivas diretas (coordenadas entre º por oposição) a conjunção
adversativa pode ser mas ou e; a conjunção mtegrante pode ser omitida
[Maria falou! [que seus técnicos são professores de natação] [e (que), no entanto, não sabem
nadar.)
> AZºea 3º orações são objetivas diretas (coordenadas entre si po? adição = Mania falou isso
e aquilo) a idéia contrastiva “ser professor de natação x não sabei nadar” não está mais na
conjunção e, mas em no entanto, cuja tunção é de adjunto adverbial de oposição.
[Maria falou] [que seus tecmcos,] [embora sejam /que são professores de natação, ) [não sa-
bem nadar,|
— À oração “que seus técnicos não sabem nadar” e a 2º principal do período, tendo como su-
bordimada “embora sejam professores...” (adverbial concessiva) ou “que são professores...”
(adjetiva explicauva) a distinção repousa na explicitação da ideia opositiva quando se opta
pela constiução concessiva (o contraste fica subentendido na opção pela estrutura adjetiva —
na qual a repetição da palavra QUE tambem precisa ser considerada)

Como fnisamos, todas as relações sintáticas são duplas. Assim, num período onde haja
três ou mais orações, sera possível encontrar as diferentes combinações de relacionamento.

Exemplo:
[Eu sei] [que vocês vão dizer | |queé tudo mentira, ] [que não pode ser], [mas, depois
de tudo o] [que ela me fez,| [eu jamais poderia tentar outra vez.)
(trecho da canção “Malambo”, de Jayme Florence e Augusto Mesquita)
lº oração: Fu sei
> principal da 2º e coordenada assindélica da 5º.
COMBINAÇÕES DE ESTRUTURAS ORACIONAIS 155

ão ha 2º oração: que vocês vão dizer


duas - subordinada substantiva objetiva direta da |te principal da 3º c da 45.
3º oração. que é tudo mentira
> subordinada $ubstantiva objetiva direta da 2º,
“que 4º oração, que não pode ser
> subordinada substantiva objetiva direta da 2º.
L Não
5º oração: mas depois de tudo o eu jamais poderia tentar outra vez
2 caso — coordenada sindética adversativa da 1º e principal da 6º,
6: oração, que ela me fez
— subordinada adjetrva restritiva da 5º,
[AS ea 4 orações estão coordenadas entre «1, pois mantém a mesma relação de dependên-
cia (são objetivas diretas) com a mesma oração piimepal (a 2º).|

E o Rg OS CERSNRRIO VU RARE
1 Analisando o relacionamento que as orações mantêm entre si, divida os periodos abaixo em ora-
ções e classifique-as
a) Não fora esta ultima frase, alertando para o que havia de bondade e desprendimento no com-
portamento desse homem, Jesus com essa parabola talvez viesse a despertar hoje em dia con
troversias e contestações nos meios sindicais trabalhistas, em relação as reivindicações sala-
riais (Fernando Sabino)
b) Afonso tomou uma colher de sopa, depois rolou a sua poltrona para junto do fogão; e ali ficou
envoluido pouco a pouco naquele melancólico crepusculo de dezembro, com os olhos no
lume, escutando o sudoeste contra as vidraças, pensando em todas as cousas terríveis que
assim invadiam num tropel patetico a sua paz de velho (Eça de Queirós)
c) Experimente prazer profundo em receber a sua estimavel cartinha de 1º do fluente, por orgão
da qual fu conhecedor de boas noticias de todos dar, exceção feita de loró que havia passado
uns dias mais incomodado, porem que agora entrava em um estado de saude mais satisfatorio
o que me aprouve sobremodo (Augusto dos Anjos)
d) Enquanto os cangacerros infestavam o Estado, permitia o governo que se abusasse da tran-
quilidade de um cidadão pacatissimo, homem de convicções firmes, que punha os Interesses
de sua terra cima de sua conveniência de familia (José Lins do Rego)

De nada adianta que me contem coisas, que me apontem retratos, que busquem pontos referenciais
de haja
A alternativa incorreta quanto à descrição do periodo e
ento
(a) apresenta uma oração principal,
(b) possur três orações coordenadas assindeticas,
depot» (c) contem três orações subordinadas substantvas subjetivas,
(d) existem objetos diretos nas orações subordinadas,
(e) encontram-se sujeitos indeterminados nas três orações subordinadas
156 SINTAXE

Não e necessario ser fã das bandas inglesas para gostar do livro, mas uma dose de nostalgia pelas
velhas narrativas dos viajantes do seculo XIX pode ajudar a fazer um paralelo, pelo menos afetivo,
com os caminhos que o autor descreve
A alternativa correta quanto ao numero de orações do periodo e.
(a) 7 orações,
(b) 6 orações,
(c) 5 orações,
(d) 4 orações,
(e) 3 orações.

A classificação da palavra ou locução está inadequada em


(a) Aqui se ensina o que se sabe = pronome relativo,
(b) As dançarinas entravam em cena quando começava o Intervalo = conjunção subordinativa
temporal,
(c) Fiz um sinal que se aproximasse = conjunção subordinativa final,
(d) A razão por que vim aqui é esta quero o cargo = conjunção coordenativa explicativa,
(e) muitos morreram como moscas atingidas por potente inseticida conjunção subordinativa
comparativa,

Você me abandonou
e até agora eu não sei
qual for o perfume, a camisa, o cigarro,
o relogio, O carro
que não usei (Millôr Fernandes, m Literatura Comentada)
Analise sintaticamente o texto acima, classificando suas orações

O poeta e um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que e dor
A dor que deveras sente (Fernando Pessoa, mn Poesia Completa)
As ocorrências da palavra QUE, na texto de Fernando Pessoa, classificam se, na ordem em que
aparecem, como
(a) conjunção subordimativa integrante / conjunção subordinativa integrante/ conjunção subordi-
nativa causal,
) conjunção subordinativa consecutiva / conjunção subordinativa integrante / pronome relativo,
c) conjunção subordinativa consecutiva/ pronome relativo / conjunção subordinativa integrante
d) particula expletiva / conjunção subordinativa integrante / pronome relativo,
e) conjunção subordinativa integrante / conjunção subordinativa consecutiva/ conjunção subor
dinativa final

À opção que apresenta erre quanto a classificação do trecho sublinhado e


(a) Não ha duvida [que as linguas se aumentam] [e alteram com o tempo e as necessidades dos
usos e costumes
— duas subordinadas substantivas completivas nominais, coordenadas entre st
(b) Gostanamos muito de ver [tuas ações confirmarem a indole da familia)
— subordinada substantiva objetiva direta, reduzida de infinitivo
COMBINAÇÕES DE ESTRUTURAS ORACIONAIS 157

ze!as

> subordinada adverbial comparativa


(d) Parece-me aceitavel uma opimão [que admita essas alterações no regimento]
> subordinada adjetiva restritiva
(e) Nunca brinquer com os moleques da rua, [mas impregner-me a fundo do realismo da gente do
ovo
- coordenada sindética adversativa

8 Pra que usar de tanta educação


Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel, devagarzinho flor em flor
Entre os meus inimigos, Beija Flor (Cazuza, “Codinome Beija-Flor")
nativa A unica das afirmações correta sobre a estrofe acima, supondo que ela corresponda a um un!-
co periodo, e.
(a) não ha nenhuma oração reduzida,
(b) ha uma oração reduzida (verbo desperdiçar,
nativa (c) ha duas orações reduzidas (verbos destifar e desperdiçar),
(d) ha três orações reduzidas (verbos usar, destilar e desperdiçar)

9 À unica alternativa que não contem oração reduzida e


( a) Por entenderem assim, as partes assinaram o acordo
( ) Para determinarem
o valor da indenização, consideraram o patrimônio
q

(c) Ao assumirem
a culpa, ganharam alguns pontos com o jutz
( d) ) Sem construirem ninada, fizeram uma fortuna
(e) e) Se lamberem sabão, jogarão bolinhas no ceu

10 “O livro é uma reportagem escrita por Gilberto Lima durante o acompanhamento das excursões de
crianças em seus passetos escolares pelos barros de suas residências ”
O problema da frase acima e que so tem uma oração (longuissima), o que lhe tira a naturalidade
da Ingua, dando-nos a impressão de ter sido premeditadamente elaborada assim
MA Gue Reescreva a, no outro extremo do artificialismo, empregando seis orações

DE RESPOSTAS
1 a) f2oração Não fora esta ultima frase (subordinada adverbial condicional e principal da 2º), 22 oração aler
tando para o (subordinada adjetiva explicativa, reduzida de gerundio e principal da 3º) 3º oração que havia de
bondade e desprendimento no comportamento desse homem (suborcinada adjetiva restritiva), 4º oração Jesus
com essa parabola talvez viesse a despertar hoje em dia controverstas e contestações nos metos sindicass traba
Ihistas em relação as reivindicações salariais (principal)

b) Iºoração Afonso tomou uma colher de sopa (coordenada assindetica), 22 oração aepois rolou a sua poltrona
para junto da fagão (coordenada assindética) 3º oração e ali ficou envolvido pouco a pouco naquele melancol
co crepusculo de dezembro com as olhos no lume (coordenada sindética aditivae principalda 4º e da 5º), 4º ora-
ca
0
o
R

ção escutando o sudoeste contra as vidraças (subordinada adverbial modal ou temporal reduzida de gerundio),
5º oração pensando em todas as cousas tertiveis (subordinada adverbia: modal ou temporal reduzida de gerun-
dio e principal da 6º), 6! oração que assim invadiam num tropel patético a sua paz de velho (subordinada adjetiva
restritiva) Nota 'ficou envolvido" pode ser locução verbal passiva com o entendimento de “ficou envolvido por
alguem” OU verbo de ligação+predicativo, com o entendimento de "permaneceu envolvido/pensativo”
158 SINTAXE

c) 1º oração Experimente: prazer profundo (principal - o substantivo prazer rege a preposição em), 2º oração
em receber a sua estimavel cartinha de 1º do fluente (subordinada substantiva completiva nominal, reduzida de
infimtivo) 32 oração pororgão da qual fu conhecedor de boas noticias de todas da! exceção feita de loio (subor
dinada adjetiva explicativa e principal da 4º e da 5º), 4º oração que havia passado uns dias mais incomodado (su
bordinada adjetiva explicativa — mesmo sem a mrgula não colocada por lapso ou estilo) 5º oração porem que
agora entrava em um estado de saude mais satisfatono, o (subordinada adjetiva explicativa e principal da 6º) 6º
oração que me aprouve sobremodo (subordinada adjetiva resteitiva) Nota A virgula antes de “porem” e cumula
tiva (pela oração explicativa e pela idea adversativa) as duas orações subordinam se a loió, que havia passado
uns dias incomodado e/mas que agora entrava em estado de saude mais satistatorio

d) 1º oração Enquanto os cangaceiros infestavam o Estado (subordinada adverbial temporal), 2º oração permi
tia a governo (principal), 3º oração que se abusasse da tranquilidade de um cidadão pacatissimo, homem de
convicções firmes (subordinada substantiva objetiva diretae principal da 4º), 4º oração que punha os Interesses
de sua terra cima de sua conveniência de familia (subordinada adjetiva explicativa)

2 B(hatres orações subordinadas substantivas subjetivas coordenadas entre st mas não há orações coordena
das no periodo)

3 B(6orações Não e necessáno / ser fã das bandas inglesas / para gostar do livro / mas uma dose de nostalgia
pelas velhas narrativas dos viajantes do seculo X!X pode ajudar/ a fazer um paralelo pelo menas afetivo com os
caminhos / que o autor descreve)

4 D (por que = pela qual pronome relativo)

5 1ºoração Você me abandonou (coordenada assindetica), 2º oração e ate agora eu não sei (coordenada sin
detica adversativa e principal da 3º), 3 oração qualfo! o perfume a camisa, o cigarro o relogio o carro (subordi
nada substantiva objetiva direta, justaposta, e principal da 4º), 4º oração que não usei (subordinada adjetiva res
irtiva) Ce

8 B Cx

7 C (a oração em negnto e subordinada adjetiva restritiva)


Va
8 Ctadverbial finale adverbial modal) Pra que (você precisa) usaré a oração principal (com elemento implicito)
Ci.
9 E (o verbo da oração sublinhada esta no futuro do subjuntivo!) et
10 Qivro e uma reportagem / que Gilberto Lima escreveu/ ao acompanhar
as excursões / que crianças faziam /
quando passeavam com seus colegas de escola pelos batrros / onde residiam
—y—

ral
de
Da frase ao texto
tu
hr

a
4

- ntre os elementos que contribuem para a elaboração de frases coerentes, colocam-se


obviamente as conjunções suboi dimativas (Inclusive em suas formas de locucão) € as
«oordenativas, ada que estas façam parte de um dominio natural que o usuário da lingua
explicita — mfelizmente excessivas vezes — em scus escitos.
Para a boa constiução de periodos € parágralos, dispomos, além das conjunções, de
varias outras possibilidades, chamadas “elos coesivos”, “conectivos referenciais e sequen-
RS
ctx1s”, “enlaces frascológicos”, “concatenadores de ideias”, “operadores argumentativos”,
ctc Fstão neste caso palavras e expressões que evitam o acúmulo de frases so relacionadas
quanto ao conteudo Com isso queremos dizer que a tão desejada coerência textual tem
Ê j1

«omo ponto de partida o domimo de topicos gramaticais e de vocabulário


Ersemplhficam esse giupo expressões como “por outro lado”, “alem disso”, “por isso
esse motivo), “alem do mais”, “em contrapartida”, “é bem verdade”, “(in)felizmente”,
v «a » wu
“qcrescente-se a Isso , convém (cabe, pode-se, deve-se) ressaltar”, “se bem que”, “aliás”,
ou seja”, “em decor éncia de”, “em vista disso”, “com a objetivo de” Também fazem
parte dessas macioriclacões os recursos de predicação (termos estão associados a predica-
dos), de referenciação (smlagmas conduzem a lertura para outros sintagmas), de polariza-
«do (todo enunciado tem regras próprias), de topicalização (termos podem ser antecipa-
dos por razões discursivas) e de modalização (verbos, adve:bros e adjetivos podem expres-
«ar a atitude do emissor em face do conteudo do enunciado).
A essa lista de elementos frasais do português, podemos acrescenta: um tipo que e ca-
racterístico da linguagem oral, os “marcadores discursivos”, os quais eventualmente po-
dem ter serventia num texto escrito na língua padrão:
160 SINTAXE

Exemplos:
— Por tavor, traga-me vinho. P

— Bem, retomo agora o tema de nossa palestra te

- Mas veja só o que ele está apróntando..


— Minha nossa, ela não me disse nada.

Todos esses elementos dizem respeito não à estrutura semântico-sintática da frase,


mas ao que poderiamos denominar função discursivo-piagmatica — devendo por isso ser
analisados como uma unidade extraoracional Quando representados por expressões ou
ÇOES, os marcadores discursivos e os operadores
locuções, Pp &
argumentativos são estruturados
giamuaticalmente, embora nem sempre possam ser decompostos e analisados em cada
uma de suas partes

Exemplos:
— Valha-me Deus, você tem certeza do que esta me dizendo?
- Alem do mais, sambista até morre: eu sou.

Qutro ponto a frisar é o que, nos capitulos anteriores, apresentamos como diferentes
possibilidades estruturais para a escritura de ideias. Cabe então neste ponto do estudo da
frase e do texto mostrar mais detidamente como se dão algumas dessas “parcerias”, em espe-
cial considerando que elas caracterizam opções expressivas para o redator de um bom texto
E o q que faremos, 3 a título
de ilustração,
ção, com três srup
grupos “discursivo-gi 8 amaticais”
e um
“discursivo-lexical”;

Lomemos o quadro abamno

idéia (A) idéia (B)


- == e: mae = reali penosa “ da. —— cauma
ne mm ce!

| Houve um acdente. ! Ninguem se machucou,

'“Twei boa nota


foi
! Acabou a bebida. O baile contmua pré
mi
As 1deias contidas no quadro mantêm uma relação semântica de contraste, oposição
entre a ideia (A) cadeia (B) E bem verdade que, no âmbito da estrutura frasal ou textual, a ad,
relação semântica entre essas ideias poderia ser marcada de outras maneiras, sobretudo se
estivessem em jogo noções e intenções perceptíveis no campo da analise do discurso À Iro- fic.
nia, por exemplo, permutiria que se dissesse que a ideia (B) indica uma conclusão ou uma ex- gat
plicação da idéia (A). A relação contrastiva for, porém, a que escolhemos para focalizar.
Da frase ao texto 161

Reunn cada par de ideias num unico periodo requer o uso de conjunções especificas.
Para isso, a Ingua oferece duas estruturas sintaticas. a adversaliva (tas, porem, contudo,
todavia, no entanto, entretanto) e a concessiva (embora, armda que, mesmo que).

Exemplos:
(1a) Houve um acidente, mas ninguem se machucou.
38. (2a) Não estudei para a prova, porem: tirei boa nota.
sEm (3a) Acabou a bebida; todavia o baile continua
o
de (1b) Embora tenha havido um acidente, ninguem se machucou.
ac (2b) Mesmo não tendo estudado para a prova, tirei boa nota.
(3b) Asnida que à bebida tenha acabado, o baile continua

Ja para reuni-las num parágrafo como periodos tsolados, será preciso recorrer a ex-
pressões intiodutorias (marcadores discursivos ou operadores argumentativos) que fa-
cam a concatenação coerente entre elas

res Exemplos:
E (Ic) Houve um acidente Graças a Deus, ninguem se machucou
pe (2c) Nao estudei para à prova, Para sorte minha, tncr boa nota.
ue (3c) Acabou a bebida. Apesar disso, o baile continua.
ares
Agora cxaminemos este outro quadro:
art ' a e gmE EO rg
idesa (A) idéia (B)

45 pessoas estão otimistas Às pessoas tem motivo para 15s0


Os passaros cantam às praças continuam cheias de gente
4 delegacia não tem recursos Os policiais nao ganham bons salarios

Asideias (A) e (B) das frases do novo quadro, diferentemente, podem ser ieumdas de
forma justaposta (separadas por ponto ou poi ponto-e-vigula, por exemplo) ou de forma
progressiva Tambem e verdade que, no âmbito da estrutura frasal ou textual, a relação se
mantica entre essas ideias podera ser marcada de outras maneitas (causa, explicação,
Te conclusão, proporção e ate contraste) Entre elas, se mclui necessariamente à iclação
a aditiva, a que escolhemos para tocaltzar
jo « Reunit aditivamente cada par num único penodo requer o uso de conjuncões especi-
ms ficas Pata tss0, a lingua oferece uma estrutura aditiva com a conjunção “e” (na forma ne
E gativa nem) ou com a expressao corelativa “não so. mas (ou como) tambem”
162 SINTAXE

Exemplos:
(4a) As pessoas estão otimistas e têm motivo para isso
(5a) Não só os pássaros cantam, mas também as praças continuam cheias de gente
(6a) Nem a delegacia tem recursos nen: os policiais ganham bons salários.

De outro modo, para reuni-las num parágrafo como períodos isolados, caberá utili
za1 marcadores discursivos ou operadores argumentativos que façam a concatenação coe-
rente entre elas.

Exemplos:
(4b) As pessoas estão otimistas Diga-se de passagem que elas têm motivo para isso,
(5b) Os pássaros cantam. Compondo tão agradável cenario, as praças continuam cheias
de gente
(6b) A delegacia não tem recursos. Acrescente-se a isso o fato de os policiais não ganha-
rem bons salários.

| 42. RELAÇÕES DE CAUSA, EFEITO E FIM (REAIS E HIPOTÉTICAS) |


Suponhamos o seguinte diálogo.

— Já sabe da ultima? À festa de hoje foi pro espaço.


— Não é possível. Po1 quê, heim? Pra que isso?

O diálogo acima tem como continuidade natural duas informações: uma sobre o mo-
tivo (houve uma causa para que se suspendesse a festa programada?); outra sobre o objeti-
vo (haveria alguma finalidade para essa suspensão?). Observe, porém, que ambas as infor-
mações giram em torno de uma relação de causa e efeito, ou seja: existe uma causa para a
suspensão da festa & a suspensão da festa pode ter um efeito
Vejamos algumas das maneiras que o intei locutor poderia utilizar para dar a primeira
informação (o motivo da suspensão).

Não vai mais haver festa hoje

(la)... por causa da chuva forte de ontem.


(1b) . em virtude da chuva forte de ontem.
(ic) ... devido a chuva forte de ontem.
(1d)... por motivo da chuva forte de ontem.
(Le)... em razão da chuva forte de ontem. ter

pa
vei
Da frase ao texto 163

OU

(2a)... porque choveu forte ontem.


eu
=

(2b) . . em vutude de ter chovido forte ontem.


3

(20) .. pois choveu forte ontem.


(2d). dado que choveu forte ontem
UTI
) . visto que choveu forte ontem
Pale

(3a) A chuva de ontem foi muito forte.


(3b) Também, com aquela chuva que caiu ontem.
iso
(3c) À causa foi a chuva forte de ontem.
chuizs
(34) A forte chuva de ontem é a responsável por isso
(3e) Pode botar a culpa naquela chuva forte de ontem.

Como vemos, “a chuva torte de ontem” e apontada como a causa de “não haver festa
hoje” Na primeira série, a causa foi expressa por um grupo de palavias sem verbo (um ad-
junto adverbial de causa); na segunda, por um grupo que inclu: verbo (uma oração adver-
bial causal); na terceira, por um novo periodo, que deixou implícita a relação causal em
(3a) e (3b) ou explicitou-a por meio de um substantivo (3c), (3d) e (3€).
Vejamos agora algumas das maneiras que o interlocutor poderia utilizar para dar a segun-
da informação (o efeito pretendido com a suspensão, ou seja, a finalidade da suspensão),
Não vai mais haver festa hoje
(4) . para a preservação dos convidados de fora.
omMmo-

obrei:-
sintor-
). para que os convidados de fora sejam preservados.
para a
5b) ... a fim de que os convidados de fora sejam preservados.
ameira
)... para preservar os convidados de fora.
5d)... a fim de preservar os convidados de fora.

(6a) Os convidados de fora serão preservados.


(6b) A finalidade é preservar os convidados de fora
(6c) Assim, os convidados de fora serão preservados
(6d) Com essa decisão, os convidados de fora serão preservados.

Percebemos que “a preservação dos convidados de fora” e a finalidade (o efeito pre-


tendido) da “suspensão da festa” Na frase (4), a finalidade foi expressa por um grupo de
palavras sem verbo (um adjunto adverbial de fim); na serie (5), por um grupo que inclui
verbo (uma oração adverbial final - observe-se a sionímua de “para” e “a fim de” ca pre-
164 SINTAXE

sença da palavra “que” apenas na primeira dupla), Na última série, por um novo período,
que derxou implicito o elo de finalidade em (6a), explicitou-o por meio de um substantivo
em (6b) ou usou um “concatenador” em (60) e (6d).
Note-se ainda que as relações dé causa e finalidade desse exemplo mantêm, com a
idéia principal, um vinculo cronologico (apenas semântico), que determina sua o: dem de
ocorrência Assim, nos exemplos acima, podemos o! denar as três info: mações da seguinte
forma

(7) chover forte ontem + não haver (esta + preservar os convidados de fora

14, choveu forte ontem > causa real


2* não var haver festa * consequência real

* não vai have festa > causa real


Is

4
os convidados serão preservados > consequência pretendida
a

Vejamos agora algumas outras possibilidades que a língua oferece para a construção
de frases que combinem essas relações semanticas de causa e cterto Uma delas diz respeito
a localização da ideia principal de uma frase, que pode ser apresentada de acordo com o
cnterio do lalante Observe, então, anda a respeito desses vinculos cronológicos entre
duas afirmações, o segumte exemplo, no qual a ideta principal deixa de ser a que trata dz
suspensão da festa e passa a ser a que menciona a chuva do dia anterior:

SO gs

pm rnrre arnearr
164 SINTAXE

sença da palavra “que” apenas na primena dupla); Na ultima série, por um novo periodo,
que deixou implícito o elo de finalidade em (6a), explicitou-o por meio de um substantivo
em (6b) ou usou um “concatenador” em (6c) e (6d).
Note-se ainda que as relações dê causa e finalidade desse exemplo mantêm, com a
ideia principal, um vínculo cronológico (apenas semântico), que determina sua ordem de
ocorrência. Assim, nos exemplos acima, podemos ordenar as três informações da seguinte
forma:

(7) chover forte ontem + não haver festa + preservar os convidados de fora

l*: choveu forte ontem > causa real


2%: não vai haver festa > consequência real

22, não vai haver festa > causa real


3:: os convidados serão preservados > consequência pretendida

Vejamos agora algumas outras possibilidades que a lingua oferece para a construção
de frases que combinem essas relações semânticas de causa e cfeito Uma delas diz respeito
à localização da idéia principal de uma frase, que pode ser apresentada de acordo com o
critério do falante. Observe, então, ainda a respeito desses vínculos cronológicos entre
duas afirmações, o seguinte exemplo, no qual a idéia principal deixa de ser a que trata da
suspensão da festa e passa a ser a que menciona a chuva do dia anterior;

(8) Choveu tão forte ontem ..


. que não vai mais haver festa hoje.

1: choveu foi te ontem > causa real


2º: não vai haver festa consequência real

Ou seja, continua havendo a mesma relação semântica entre os dois fatos, agora apre-
sentados sob nova estrutura, na qual à oração que contém o efeito, a consequência, deixou
de ser a principal. Aqui, e à conjunção “que” a introdutora da idéia consecutiva.
As duas ideias dos exemplos anteriores representam dados reais, isto é, “de fato, cho-
veu forte ontem” e “de fato, não val haver festa”. No entanto, às vezes essa relação de causa
e efeito pode indicar uma suposição Com 1sso queremos dizer que há diferenças cstrutu- pas
rais quando existe uma “causa hipotética” ou quando existe um “efeito hipotetico” poi
Observe, por fim, os exemplos abaixo, nos quais essa relação está presente (0
por
(9a) Choveu forte ontem ..
tu.
» Jogo, não vaí mais haver festa hoje.

1º: choveu forte ontem — causa real


2: não vai haver festa > consequencia hupotetra
Da frase ao texto 165

(10) Choveu forte ontem. .


-. POIS não var mais havei festa hoje

2 choveu forte ontem > causa hupotética


2º não vai haver festa 9 consequência rea!

(11a) Se choveu forte ontem...


não vai mais haver festa hoje.

13, choveu forte ontem > causa hipotetica


2:: não vai haver testa — corsequentia Inpotetica

(9h) Não vai mais haver lesta hoje.


- logo, os convidados de fora serão preservado».

IH: não vai mais havei festa > cansa real


2%: os convidados serão prescrvados > consequência hipotetica

(10b) Não var mais haver festa hoje.


«. pois os convidados de fora foram preservados

|: não vai mais haver festa > cassa lupotética


24: os convidados serão presci vados > corsegquência real

(11b) Se não var mais haver festa hoje.


«. Os convidados de fora serão preservados.

1º: não vai haver festa > casa lnpotetica


24: os convidados serão preservados + consequencia lupotética

Ou seja, a relação semantica entre os dois tatos deixou de indicar apenas fatos 1cais e
passou a incluir fatos bipoteticas. Nos exemplos (9a) e (9b), com a causa real c o efeito hi-
potetico, a estrutura e conclusiva (conjuncões logo, portanto, por conseguinte); em (109) e
(10b), com a causa hpotetica e o efeito real, a estrutura é explicativa (conjunções por,
porque); cm (La) etl lb), coma causa mpotetica e o eterto mais hipotetico ainda, a estru-
tura e condicional (conjuncões se, caso, desde que).
Como se vé, as Iclações de causa e efeito, reais ou hipotéticas, têm aproximação se-
mântica e diferencas sintáticas. Cabe ao usuario competente dominar essas “maneiras de
escrever” e colocá-las em pratica de forma expressiva.
166 SINTAXE

As três idéias dos exemplos poderram ser redigidas, segundo a prefe:ência do usuário,
de variados modos:

(12) Como choveu forte ontem, 'não va: mais haver festa hoje e, com isso, os convida-
dos de fora serão preservados.
(13) A fim de que os convidados de fora sejam preservados, não vai mais haver festa
hoje, o que e uma consequência das chuvas fortes de ontem.
(14) A chuva de ontem for tão forte que, para preservar os convidados de fora, não vai
haver a festa de hoje.
(15) Os convidados de fora serão preservados porque não vai mais haver a festa de
hoje, suspensa em virtude das fortes chuvas de ontem.
(16) Choveu forte ontem e, po: 1sso, não vat have: a festa de hoje, o que preservará os
convidados de fora.
(17) Choveu forte ontem e não vai haver a festa de hoje; logo, os convidados de fora
serão preservados.
(18) Depois da chuva forte de ontem, caso a festa de hoje fosse mantida, os convidados
de fora não seriam preservados.
(19) Se não vai mais haver festa hoje para preservar os convidados de fora, é porque
choveu forte ontem
(20) Deve ter chovido forte ontem, pois não vai mais havet a festa de hoje e com 1ss0 08
convidados de fora serão preservados

Todas essas maneiras de redigir as Lrês ideias são adequadas, mas há diferenças for-
mais na construção das já citadas relações de causa e efeito, que envolvem obviamente as
noções aqui chamadas de “reais” ou “hipotéticas”.
Mas também poderiam, por fim, dar vez a uma forma de expressão mais desenvolvi-
da, resultando em trechos mais longos para cada uma delas Expandidas por decisão do re-
dator, caberia asssm redigi-las (na situação de “causa real” + “consequência real” + “con-
sequência pretendida”).
(21) A chuva de ontem foi bastante torrencial e causou muitos danos à cidade. Por
conta disso, a festa programada para hoje no principal salão da municipalidade foi sus-
pensa, Uma nova data sera marcada a fim de que se dé aos convidados de fora a oportuni-
dade de comparecerem a tão esperado acontecimento.

4.3. RELAÇÕES DE TEMPO

Tomemos os seguintes grupos de conjunções, que servem para expressar relações de


tempo Essas relações expõem uma informação que ocorte, cronologicamente, antes
de outra, depois de outra ou ao mesmo tempo que outra e indicam, obrigatoriamente,
Da frase ao texto 167

SUSrio anteroridade, posterioridade ou simultaneidade temporal. Podem também, eventualmen-


te, indicar uma repetrtividade ou uma permanência temporal.
Chamamos a atenção, poi ém, para o fato de que a noção de anterioridade ou de pos-
ternoridade da conjunção temporal tem vínculo com a oração principal (e não com a su-
bordinada)

Exemplos:
(1) Quando o meu dinheiro acabou, eu fiquei gm casa vendo tev

>
naval — informação 1: o fim do dinheiro
— informação 2: ficar em casa vendo tevê
— Qual ocorre primeiro? o fim do dinheiro
o!

[au
fu
[o
y2a

— Elas se repetem ou permanecem? não se repetem nem permanecem


Tara os — Logo. a conjunção indica a posterioridade temporal da mformação 2
[a informação 2 é a que contém a oração principal]
s de fura
— OU: primeiro meu dinheiro acabou; depois fiquei em casa vendo tevê.
(2) Você só pensou na sua família depois que o vício o destruiu.
NIdados
Dada
— informação 1: o pensamento na familia
— informação 2: a destruição pelo vicio
porque — Qual ocorre primeiro? a destruição pelo vício
— Elas se repetem ou permanecem? não se repetem nem permanecem
Mm INSO OS — Logo. a conjunção indica a posterioridade temporal da informação 1
[a informação 1 e a que contém a oração principal]
— OU: primeiro o vício o destruiu; depois você pensou na família.
CAs IOT- (3) Vou parar de beber antes que o vício me destrua
mente as — informação 1: o corte na bebida
— informação 2: a destruição pelo vício
senv olvI- — Qual ocorre primeiro? o corte na bebida
ão dore- — Elas se repetem ou permanecem? não se repetem nem permanecem
"“— “con- — Logo: a conjunção indica a anterioridade temporal da informação 1
[a informação 1 é a que contém a oração principal]
jade Por — OU: primeiro você pára de beber; depois o vicio não destroi.
e fo! sus-
(4) Sempre que chove, perco um guarda-chuva
portunt-
— informação 1: a existência de chuva
— mformação 2: a perda do guarda-chuva
— Qual ocorre primeiro? a existência da chuva
— Elas se repetem ou permanecem? elas se repetem
— Logo: a conjunção indica, além da repetitividade, a posterioridade temporal da
lações de informação 2.
nte. antes [a informação 2 é a que contém a oração principal]
mamente. — OU: primeiro chove; depois eu perco o guarda-chuva.
168 SINTAXE

(5) Toda vez que tirava boas notas, lembrava-se do par.


— informação 1 tirar boas notas
— informação 2: lembrar-se do pai
— Qual ocorre primeiro? tirar boas notas
— Elas se repetem ou permanecem? elas se repetem
— Logo, à conjunção mdica, alem da repetitividade, a posterioridade temporal da
nformação 2
[a informação 2 e a que contém a oração principal!
- OU- primeiro tirava boas notas; depois se lembrava do pal.

(6) O homem sofre, desde que nasce até que morre


— mformação 1: o softimento do hontem
— nformação 2: 0 nascimento do homem
- Qual ocorre primeiro? o nascimento do homem
— Elas se repetem ou permanecem? elas permanecem
— mformação 1: 0 sofiimento do homem
— mloi mação 3: a morte do homem
Qual ocorre primeiro? o sofrimento do homem
— Elas se repetem ou permanecem? elas permanecem
— Logo. a prrmena conjunção indica a posterioridade temporal da informação 1,
a segunda, a anterioridade. Ambas mdicam também permanência temporal.
[a informação | e a que contém a oração principal]
— OU: primeiro o homem nasce, depois o homem sofre
— E: pumeio o homem sofre; depois o homem morre.

(7) Enquanto tiver saúde, vou aproveitar a vida.


— mfoimação 1: a existência de saúde
— informação 2: o proveito da vida
— Qual ocorre primeiro? as duas ocorrem juntas
— Elas se repetem ou permanecem? elas permanecem
— Logo: a conjunção mdica stmultaneidade e permanência temporal da imforma-
ção 2.
la informação 2 e a que contém a oração principal|
— OU: tenho saude = aproveito a vida.

“44 RELAÇÕES ENTRE LÉXICO, SEMÂNTICA E SINTAXE |


A repetição de palavras ou expressões é típica da língua falada, constituindo-se como
um dos fatores inerentes a conversação. No entanto, na língua escrita a repetição e, muitas
-—

vezes, um problema, o qual se resolve por mero de estrategias que associam léxico, semâán-
tica e sintaxe
Da frase ao texto 169

Tomemos a seguinte frase:

(1) Ela só faz 1sso quando está lá.

Para entende-la é indispensavel considerar que algum contexto irá responder a três
alcé perguntas.

Primeia: Quem é ela?


Segunda: O que ela faz?
Terceira: Onde ela esta quando faz isso?

Poderiamos 1esponder às três se conhecêssemos o contexto em que a frase foi usada,


ou seja

(2) Todos os anos, Telma, o marido e os três filhos passam o Natal em Belo Horizonte,
na casa dos pais de Anselmo. Ela é uma dessas mulheres que não movem uma palha
dentro de casa. Aliás, não arruma nem a própria cama. Acontece que, como a sogra é
uma megera, cla só faz isso quando está lá.

Esclarecido o contexto, tertamos então estas respostas:

(3) Ela (Telma) só faz isso (arrumaa própria cama) quando está lá (na casa da sogra).
[ou seja: Telma so arruma a própria cama quando esta na casa da sogra.)

O emprego de palavras que, dentro de um contexto, tazem referência a termos usados


anteriormente — e evitam sua repetição — tem o nome de “anafora”. No exemplo, as pala-
vras anafóricas são ela + faz isso + lá
Quando a frase iemete para uma unidade linguística que está adiante, o nome que se
dá é “catáfora” É o que encontramos na primeira das duas reescrituras de uma das frases
do exemplo (2).

(4a) Telma e uma mulher que tem um único defeito não move uma palha dentro de
casa. [um único defeito > não mover uma palha dentio de casa]

(4b) Telma é uma mulher que não move uma palha dentro de casa, e esse e seu único
-- defeito. [não mover uma palha dentro de casa + esse (único deferto)]

Eua
Em (4a), o elemento catafórico é “um úmco defeito”, que esta à esquerda de “não

Mu.l3s
move uma palha dentro de casa” com a finalidade de apontar para essa idéia à direita Em
HEI. 2T -
(4b), com a inversão, “esse único defeito” aponta para a ideia à esquerda, cabendo ao de-
monstrativo “esse” fazer o papel anaforico.
170 SINTAXE

Essas duas relações foricas (a anáfora e a catáfora) são chamadas de “endofóricas”,


pois atuam na esfera do texto e sc explicam nesse ambiente “interno” (endo- = para den-
tio). Quando as relações fóricas se explicam por componentes exteriores ao texto, elas se
chamam “exofóricas” (exo- = para fgra). Na lingua falada, usa-se muito a menção às no-
ções de tempo, espaço € pessoa sem expressá-las nominalmente no texto, mas apenas no
cenário em que se transmite uma ideia. Sc estou numa sala de aula da UFRJ no último dia
de aula do ano letrvo de 2008 e digo “Fu espero ver vocês aqui no ano que vem”, a frase não
e auto-explicavel, mas a situação identifica os valores concretos de “eu” (= Claudio),
“aqui” (= na UERJ) e “no ano que vem” (= 2009)
Voltemos então ao parágrafo que transcrevemos em (2) eapresentemo-lo em sua ver-
são ampliada:

(5) Todos os anos, Telma, o marido e os três filhos passam o Natal em Belo Horizonte,
na casa dos pais de Anselmo Ela é uma dessas mulheres que não movem uma palha
dentro de casa Aliás, não arruma nem a própria cama. Acontece que, como a sogra é
uma megera, ela só faz isso quando está lá. Assim, para manter as aparências, Telma
prefere não dar chance para que encha de novo a cabeça
chamando-a de parasita, ou coisa que o valha.
Lic

Como evitar a repetição viciosa nos dois trechos que deixamos com lacunas. A ques-
tão que propomos é: na primeira lacuna, deve-se escrever “a sogra”, “a mãe de seu mari-
do” ou “Dona Maria”?; e na segunda lacuna: “de Anselmo” ou “do filho”?
Na primeira lacuna, “a mãe de seu marido” substitui perfeitamente a palavra “sogra”
(empregada duas linhas antes) e evita uma repetição viciosa. A opção por “Dona Maria”
também seria adequada, pois o contexto da segunda lacuna identificaria sem dúvida a que
personagem se referiria.
Na segunda lacuna, “do filho” parece-nos mais conveniente do que a locução “de
Anselmo”, embora aqui não esteja caracterizada a repetição viciosa porque a outra ocor-
rência de “Anselmo” está distante, no início da parágrafo.
Em ambos os casos, porém, o redator teve de se valer de seu vocabulário pessoal para
buscar os sinônimos adequados às suas necessidades e às do texto.
Assim, podemos substituir o termo repetido por um pronome, um numeral substan-
tivado ou um advérbio, mas sempre deveremos observar as regras de funcionamento de
uns e outros vocábulos, a fim de que a clareza e a construção estejam em sintonia para que
a comunicação aconteça de maneira satisfatória.
172 SINTAXE

(13a) O motorista queria colocar o carro na vaga, mesmo sabendo que a vaga estava
reservada para o carro do diretor
(13h) O motorista insistiu que queria colocar o carro na vaga reservada para o diretor
— a idéia contrastiva da segunda oração foi deslocada para a esquerda = insistir; 0 ad-
jeuvo “reservada” foi antecipado para junto da primeira ocorrência do substantivo
“vaga”, o substantivo “carro” está subentendido no sintagma “para o diretor”, pois se
pressupõe que todos compreendam que a vaga não é para o diretor, mas para o seu
carro.

Para concluir, acrescentemos uma outra possibilidade que ocorre no trabalho com
frases e textos. Referimo-nos àquelas situações em que há necessidade de se reiterar um
conceito, reforçar um ponto de vista ou retomar a expressão de um pensamento, uma
idéia, uma opinião. Fazer isso engloba uma série de aspectos da estrutura textual: a escolha
de palavras, o dominio das estruturas sintáticas, a viabilidade da repetição expressiva, O
conhecimento dos valores semânticos e a pericia estilística,
Para desenvolver essa tecnica, o redator é levado a um exame panorâmico do que pre-
tende dizer a fim de que faça as escolhas seguras conforme sua pretensão comunicativa.
Ilustremos essas considerações com dois exemplos de paráfrase a partir dos seguintes pa-
rágrafos:

(14a) À pessoa mais poderosa e exatamente aquela que esta em condições de fazer, ela
própria, o mínimo e de encarregar ao máximo os outros das coisas as quais empresta
seu nome, embolsando as vantagens. (Theodor Adorno)
(15a) Foi pelo trabalho que a mulher transpós, em grande parte, a distância que a se-
parava do macho; é só o trabalho que pode garantir-lhe uma liberdade concreta (Si-
mone de Beauvoir)

As propostas de reescritura sinonímica para os textos acima poderiam ser:

(14b) Tem mais poder precisamente quem reúne condições de produzir o mínimo
possível e encarregar os demais de fazerem o máximo, sempre porem levando as van-
tagens e recebendo os créditos por tudo.

(15b) As diferenças entre os sexos começaram a ser superadas a partir do momento


em que a mulher começou a trabalhar. Para conseguir a libei dade completa, o que ela
precisa fazer é continuar trabalhando.

Chamamos a esse tipo de exercício “redação smonimica”, Seu objetivo c manter a sig-
nificação global de um período ou de um paragrafo, a partir da alteração localizada de pa-
lavras e expressões de linguagem.
As reescrituras procuraram manter o sentido original, mas é recomendável avaliar as
qualidades estilísticas e expressivas de cada uma das formas adotadas para descrever a
mesma idéia.
Da frase ao texto 173

Iva
LEIA TAMBÉM

Livros que focalizam as relações entre produção textual e giamatica tum sido lançados com
fartura no mercado. Framos, para os nossos objetivos, com estes
— O Texto Argumentaino (hão Paulo Scipione, 1994), de Adilson Catellh;
— O Ensmu do Gramatica caminhos e descamintos (Rio de Janeiro. 1 ucerna, 2007), de Carlos
Eduardo lalcão Uchoa,
— Texto e Argumentação (Campinas-SP: Pontes, 2002), de Eduardo Gurmaides,
— 4 Coecrenaa Fextual (São Paulo Contexto, 1996) e Texto e Coeréncia (São Paulo Cortez,
19951, de IngedoreN KocheTuzC Travagla,
— À Coeao Textual (São Paulo Contexto, 1995) e Argumentação e | inguagem (São Paulo
Cortez, 1996), de Ingedore Y Koch;
— Manto Alem da Gramatica (Sao Paulo: Parabola, 2007), de Irande Antunes;
— Discurso, Coesão, Argumentação (Rio de Janeiro Ofiana do Autor, 1996), de Leonor W dos
Santos, ore,
— Texto e Gramatica (Sao Paulo: Contexto, 2006), de Mara Helena de Moura Neves,

e DO Fm ou
ES [eSe ds ) ”4
“e6 «L 1 us * 4.3 Nidt ”Fo ds + dor
Cm a .. .Y

No dia seguinte voitei para a escola Pelo caminho tambem fazia os meus calculos Para mim, todos
estavam enganados laser cemsacos Dai para mais Era so o que eu pensava, enquanto explicava
a professora por que havia faltado tanto tempo Ela disse que assim eu ia perder o ano e eu lhe dis-
se que foi assim que ganhe: um ano E quando deu meio-dia e a professora disse que podíamos ir,
sas correndo Corn ate ficar com as tripas saindo pela boca, a lingua parecendo que Ia se arrastar
pelo chão Para quem vem da rua, ha uma ladeira muito comprida e so no fim começa a cerca que
separa o nosso pasto da estrada E foi logo ali, bem no comecinho da cerca, que eu via maior des
graça do mundo o feijão havia desaparecido Em seu lugar, o que havia era uma nuvem preta su-
bindo do chão para o ceu, como um arroto de Satanas na cara de Deus Dentro da fumaça, uma in
me gua de fogo devorava todo o nosso fejão
(Antômo Torres, “Por um Pe de Fejão”)
A classiticação da oração sublinhada como subordinada adverbial de lugar espelha de modo
satisfatorio seu valor textual? Explique
nto
elz Reescreva os periodos abaixo, respeitando as recomendações propostas
a) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
> a frase e complementada com uma ideia de finalidade (acrescente “a fim de”)
b) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
> a frase é complementada com uma idéia de conclusão (acrescente “portanto”)
c) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone.
= a frase é complementada com uma idéia de causa (acrescente "porque”)
d) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
> a frase e antecedida por uma ideia de causa (inicie com “Por causa d ")
174 SINTAXE

e) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
— a ideia de consequência passa a ser a da oração principal, mas continua sendo a segunda
oração (retire o "que”)
f) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
> a frase e escrita com apenas úm verbo (troque “ligam” por ligações”)
g) Ligam tanto para nossa casa que ninguém mais quer atender o telefone
> aideta de consequência passa a ser a da coração principal e inicia o periodo (retire o “que”)
h) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
— as duas ideias deixam de ser reais e passam a hipoteticas (empregue “caso”)
) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
> a frase é desmembrada em duas (substitua o “tanto” e retire o “que”)
) Ligam tanto para nossa casa que ninguém mais quer atender o telefone
— a idéia da oração principal e escrita de três outras formas (dica troque o “tanto”)

A frase “Quando eu estou aqui, eu vivo este momento lindo ” (de uma conhecida canção de Ro-
berto e Erasmo Carlos) possui uma conjunção temporal que indica a posterioridade da informa-
ção contida na oração principal, em relação a subordinada
Em outras palavras: “Eu so posso viver este momento lindo, porque — primeiro — eu estou
aqui” OU "Eu só posso viver este momento lindo se, primeiro, eu estiver aqui ”

Observe as opções abaixo, nas quais se substitutu a conjunção da frase original por outra, tam-
bem temporal
(a) Eu vivo este momento lindo toda vez que eu estou aqui
(b) Eu vivo este momento lindo desde que eu estou aqui
(c) Eu vivo este momento Indo enquanto eu estou aqui.
(d) Eu vivo este momento lindo antes mesmo que eu esteja aqui
(e) Eu vivo este momento lindo depois que eu estiver aqui
() Eu vivo este momento lindo assim que eu estiver aqui
(g) Eu vivo este momento lindo até que eu esteja aqui

Em três delas a alteração desfez a relação de posterioridade da principal. Identifique-as e, de-


pois, explique qual a nova relação temporal
— opção ( ), porque a nova relação temporal e de
- opção ( ), porque a nova relação temporale de. |
— opção ( ), porque a nova relação temporal é de

Estamos num ano eleitoral


A partir da frase acima, redija sentenças que com ela se relacionem por mero do elemento coe-
stvo indicado.
a) Estamos num ano eleitoral Por esse motivo,
b) Estamos num ano eleitoral Infelizmente
c) Estamos num ano eleitoral E bem verdade que
d) Estamos num ano eleitoral Por outro lado,
e) Estamos num ano eleitoral Deve-se ressaltar, porem, que .
Estamos num ano eleitoral. Enfim ......
g) Estamos num ano eleitoral Acrescente-se a isso
Da frase ao texto 175

h) Estamos num ano eleitoral Alias,


) Estamos num ano eleitoral Ate porque
pP Estamos num ano eleitoral Apesar disso, .
k) Estamos num ano eleitoral Ou seja,
) Estamos num ano eleitoral ou melhor,
m) Estamos num ano eleitoral Afinal,

5 Oprmerro quadrinho de uma das historias dos Fradins de Henfil contem uma interessante "desor-
dem” sintatica
Coloque a frase na ordem direta e interprete a hierarquia discursiva dada pelo cartunista.

6 Complete duas vezes o texto abaixo, de acordo com as instruções.

A VIDA
PARAGRAFO-BASE:
Tenho tido muita dificuldade em definir com clareza, não so quais os aspectos mais importantes a
respeito de minha propria existência, mas também em relação ao conceito de viver Na sociedade
que habito, as pessoas e as Instituições parecem-me, em muitas ocasiões, indignas e irracionais
Isso se reflete sobre mim de alguma forma e é algo que me preocupa porque tenho a certeza de
que muito tenho a refletir e a investigar a respeito

PARAGRAFOS DE COMPLEMENTO
Proposia 1
— “Ha quem diga” começa o 2º paragrafo
— “Alias” inicia a 2º frase do 2º parágrafo
— “Desse modo” começa o 3º paragrato
— a conjunção “embora” esta empregada no 3º paragrafo
— “Assim sendo” começa o 4º paragrafo (conclusivo)
Obs.: e proibido usar as conjunções “mas, pois e porque”

Proposta 2
- “E bem verdade” começa o 2º paragrafo
- “Ate porque” Imcia a 2º frase do 2º paragrafo
- “Por outro lado” ou “Em contrapartida” começa o 3º paragrafo
176 SINTAXE

- a conjunção “todavia” inicia a 22 frase do 3º parágrafo


— “Por conseguinte” começa o 4º paragrafo (conclusivo)
obs e proibido usar as conjunções “mas, pois e porque”
Obs.: o numero de linhas em cada parágrafo e livre.
,
Ão final, comente os resultados textuais

Escreva um paragrafo que termine com a seguinte trase Muitos deles com certeza anda voltariam
aquela casa de espetaculos sem lhe pedir autonzação

À correspondência sindical abaixo reproduzida não tem adequação sintatica Leia-a atentamente e
observe os trechos assinalados.

Prezado Associado

Pra
Deliberar poderes é, na maioria das vezes, uma atitude democratica Cabe, porem, a quem re-
cebe este “poder” estar apto a exercê-lo
O SINDFUN, teve, agora por esses dias, diante de mais uma situação com o CRH, onde a
Coordenadora se viu em dificuldades, tentando negociar amistosamente com este Sindicato en-
quanto, o chefe de pagamento se colocava de forma prepotente e arrogante diante de um erro
(mais um), onde 2 600 filiados sairam prejudicados com o processo sobre a redução do PCS, por
não ter sido entregue no prazo solicitado, os documentos exigidos (copias das fichas financeiras)
pelo juiz da 1º Vara Federal
Fo: constrangedor para a representante do SINDFUN, na figura da diretora de beneficios ter
presenciado a forma desrespeitosa com que o chefe de pagamento a tratava e ao seu superior
Lamentamos o fato de que pessoas não preparadas para algumas funções a estejam exercen-
do dentro da Instituição, principalmente quando se trata de lidar com a vida financeira do servi-
dor ja tão espoliado pelo Governo Federal Por outro lado nos congratulamos com o fato do Coor-
denador de Recursos Humanos ter tentado conduzir a conversa para a solução do caso, visto o
SINDFUN estar retornando a ação judicial para beneficiar seus filiados
Nem sempre o coordenador é o culpado mas sempre será responsável pelas atitudes e
14
escolha dos seus subordinados
Atenciosamente, E K E

Obs. O nome do orgão sindical e o de seu autor foram substituídos.

Pergunta-se

- No primeiro paragrafo
a) E inadequada a construção “deliberar poderes"? Por quê?

— No segundo paragrato
b) A primeira virgula esta corretamente empregada? Por quê?
c) A forma verbal “teve” esta empregada em seu sentido proprio? Por quê”?
d) Falta um adjetivo depois do substantivo “situação”? Por que?
e) Os dois empregos de “onde” estão adequados? Por quê?
9) Avirgula depois de “enquanto” esta empregada corretamente? Por quê?
g) Qual o sujeito de “ter sido entregue"? A concordância esta correta?
178 SINTAXE

de aprender todas as linguas, escrevê-las, em três ou quatro meses. Em cada pais demorava-se
pouco, cinco ou seis anos, procurava os jornais, defendia esta ou aquela questão, ganhava dinher-
ro e vivia. Contava-me isso bebendo e à proporção que bebia vinhos franceses os seus olhos de
conta e azuis com reflexos metálicos ficavam mais brilhantes e penetrantes. Falou-me em poetas,
em filósofos, traçou, a grandes golpes, o destino da humanidade, provocou-me grandes e consola-
doras visões patrióticas, e so vim a deixa-lo saudoso pelas duas horas, quando me dirigi ao hotel.
Alt recebi a Intimação do delegado e corri à delegacia obedientemente, depois desse delicioso al-
moço que quase me fez esquecer os dolorosos momentos da manhã.
(Lima Barreto, Recordações do Escrivão Isaias Caminha)

CHA NE UA: E DD
RR
1 Sim, se considerarmos que a oração indica a perspectiva, o ângulo, o ponto de vista de quem “vem da rua”, Isso
nos permite interpretá-la como adverbial de lugar em relação à ideia de que "há (= vê-se) uma ladeira comprida”,

2 Sugestão de respostas a) Ligam tanto para nossa casa que ninguém mais quer atender o telefone a fim de não
se aborrecer; b) Ligam tanto para nossa casa que ninguém mais quer atender o telefone, portanto, e melhor desl-
gá-lo por um tempo, c) Ligam tanto para nossa casa que ninguém mais quer atender o telefone porque todos já
perderam a paciência, d) Por causa da semelhança com o numero da farmacia, ligam tanto para nossa casa que
minguém mais quer atender o telefone, e) Como ligam tanto para nossa casa, ninguém mais quer atender o telefo-
ne, f) Com tantas ligações para nossa casa, ninguém mais quer atender o telefone: g) Ninguém mais quer atender
o telefone porque ligam muito para nossa casa, h) Caso ligassem tanto para nossa casa, ninguém mais atendena
o telefone, 1) Ligam muito para nossa casa O resultado é que ninguém mais quer atender o telefone |) O numero
de ligações para nossa casa é tão grande que ninguem mais quer atender o telefone / É tamanha a quantidade de
ligações para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone / Ligam em tal quantidade para nossa casa
que mnguém mais quer atender o telefone

3 Na opção (c) há simultaneidade, nas opções (d) e (9), há anterioridade na pnncipal

4 Resposta livre

5 Na ordem direta teremos “Quero ver de quem Deus vai ouvir a prece" À hierarquização dos componentes
mostra que a oração principal (a que contém o desafio) é a topicalizada. O segundo segmento da frse é o que, sin-
taticamente, estaria no final da frase, mas aqui esta antecipado pois e, na oração objetiva direta o elemento a ser
topicalizado. Destaque-se que esses dois componentes, juntos, criam um aparente paradoxo (Quero ver a pre-
ce) Os outros dois segmentos seguem a ordem natural sujeito+verbo

6 Respostas livres A expectativa é que as restrições à produção (em ambas as propostas) tenham resultado
num texto artificial No entanto, também poderá ocorrer de os textos terem tido uma solução satisfatória. O co-
mentário deve incluir ainda comparações entre ambos os textos produzidos

7. Resposta livre A expectativa é que as frases anteriores do paragrafo revelem “quem são eles?", “que casa de
espetáculos é aquela?” e “a quem não se pediria autorzação?”,

8.a) Por razões lógicas, “deliberar” não pode ter como objeto direto o substantivo “poderes” (talvez fosse o casg
de escrever “deliberar sobre"), b) A virgula que separa o sujeito do verbo não tem justificativa, c) A frase mostra
que a forma verbal correta é “esteve”, d) O substanthvo “situação” é vago e precisa ser qualificado (pelo contexto,
supõe se que a situação tenha sido “desagradáve!"), e) Os dois empregos de “onde” são impróprios seus ante-
cedentes não contêm uma idéia locativa que justifique o uso (“situação” e “erro”, respectivamente) No primeiro
trecho, caberia “em que”, no segundo, “a party do qual", f) A virgula deveria estar antes de “enquanto” ,g) Comoe
sujeito é “os documentos exigidos” o verbo devenia ser “terem sido entregues”, h) A ambiguidade ocorre porque
o possessivo “seu” poderia se refenr tanto ao “superiar dele mesmo (o chefe de pagamento)” quanto ao “supenor
dela (a diretora de beneficios)", 1) Como o pronome obliquo se refere a “algumas funções”, o correto seria empre-
Da frase ao texto 179

gar as”,!) Avirgulaimpedina que o trecho fosse interpretado coma um unico sintagma "o servidor
ja tão espolia
do e separana com clareza o predicativo k) O verbo 'retornar pede preposição “a (faltou então o acento de
crase) |) À segunda oração é adversativa e deve ser separada da primeira por virgula m) À adição e incoerente
pois a locução dos subordnados não se relaciona igualmente com os dois substantivos em “a atitude dos su
bardinados eseuagente possuidor tadunto adnominal), em “escolha dos subordinados” e seu pactente obje
to (complemento nomunal)

9 Asnadequação so não e semantica porque helicopteros não morrem E o conhecimento de mundo do leitor que
depreende que foram tres (pessoas) que morreram Houve nadequanção sintatica

10 O comentario (livre) dove destacar a presença de periodos curtos do orações independentes (absolutas e
coordenadas) Deve tambem relacionar a modalidade narrativa descritiva com as opções de estrutura sintatica
feitas peio autor, que incluem agumas orações reduzidas passíveis de Interpretação Iinguistica ' Contava-me
isso bebendo ou | que quase me fez esquecer os dolorosos momentos da manhã”
APÊNDICE

Exame Nacional
de Cursos - Letras

SELEÇÃO DE QUESTÕES DE SINTAXE EXTRAÍDAS DOS SEIS


EXAMES DE LETRAS (ENTRE PARÉÊNTESES, O NÚMERO ORIGINAL ,
DA QUESTÃO NA PROVA)

Os exames nacionais de curso da área de Letras, inseridos nos cognominados Provões,


têm revelado, ao longo de seus poucos anos de existência, algumas características passíveis
de interpretação. Obviamente, além dos conteúdos explícitos dos enunciados a que os
formandos precisam responder, há tambem um tema que se imsinua nas suas entrelinhas e
que tem vínculos com a política de ensino de Língua Portuguesa nos cursos de graduação.
De 1998 a 2001, todas as perguntas foram de múltipla escolha, mas desde 2002 o exa-
me tambem solicita respostas discursivas (em 2003 não houve perguntas de ME). Essas
questões, porém, podem ser úteis para comentários acerca de seus aspectos formais e para
análises sobre sua possível influência no ensino e na formação dos professores de língua
portuguesa É o que se espera que os leitores deste Apêndice possam fazer. A versão inte-
gral das provas, dos gabaritos e dos padrões de resposta pode ser obtida na página
www. inep.gov.br, que também disponibiliza as provas do novo modelo, o ENADE, im-
plantado em 2004.
184 SINTAXE

1 (7) Leia este trecho de notícia de jornal:


Professores, sobrecarregados com mais de um trabalho e acuados com a violência e o des-
respeito dos alunos, dificilmente terão disposição para mais essa tarefa.

Nessa frase, as vírgulas

(A) permitem entender que dificilmente terão disposição é predicado de professores


(todos, sem exceção).
(B) estão mal empregadas, porque não têm função.
(C) são dispensáveis, uma vez que não produzem efeito de sentido
(D) levam à interpretação de que dificilmente terão disposição predica professores (al-
guns, apenas)
(E) representam uma incorreção, porque separam o sujeito do verbo

Ur
(8) Observe os empregos do pronome se neste trecho de artigo de 1evista:
O que se quer é atribuir ao elevador seu justo peso Que não se esqueça dele, quando se
fizer o balanço dos engenhos e artes que deram ao século XX o rosto que tem.

A afiimação correta a respeito dessas construções com o pronome se é:

(A) Nostréês casos a se tem emprego semelhante, mas em apenas um deles tem função
sintática.
(B) No segundo caso, usou-se o se para indeterminar o sujeito de um verbo que, se-
gundo a gramática normativa, já devia ser pronominal.
(C) No segundo caso eno terceiro, as construções com se são de voz passiva, o que não
é possível dentro de uma mesma frase.
(D) Nenhuma das três construções com se é passiva, porque todos os verbos são tran-
sitivos indiretos.
(E) O sujeito de quando se fizer o balanço não pode ser encontrado na oração, porque
está elíptico.

(9) Observe esta frase de uma notícia de jornal: A equipe procurou convencer os
membros das gangues que a relação com as escolas poderia ser outra.

À construção dessa frase tem as seguintes características:

(A) Há dois objetos diretos, fato que ocorre com todos os verbos transitivos.
(B) O segundo dos dois complementos deveria ser um objeto direto.
(C) O segundo complemento, que é objeto indireto, está sem preposição.
(D) Há apenas um complemento verbal, sob forma composta
(E) Falta a preposição do primeiro complemento, para que a construção fique correta.
Apêndice 185

E» 4, (10) Esta c uma submanchete de jornal,

O argentino premio Nobel da Paz acha que a chancelaria dos dois parses decidirão o
EN dgca-
problema. .

A forma verbal destacada nessa frase representa uma concordância que

tres TÊM ( A) c a unica possivel


( B) e uma de duas possíveis, mas € a mais correta
(C) é a única correta, porque o adjunto adnominal que a precede está no plural
(1)) não e correta, porque chancelaria e singular
seres al- ( E) não € correta, porque o sujeito de decidirão e o mesmo de acha.

(20) A molecada não gosta de regras, muito menos de castigos. O Brasil nenem não
gosta de leis. Não acredita que elas possam ser realmente aplicadas e detesta a idéia de
que transgredi-las possa resultar em punições
quando se

eim Observe as series abaixo, formadas por termos retirados do texto:

I. a molecada / o Brasil nenem;


m tunção IL regras / elas / -las.

O que se- Identifique a afirmação correta:

o quenão (A) Em Ie fl, ictoma-se o referente, substitundo-se o termo inicial por uma expres-
são nominal equivalente.
SãU tran- (B) Lm [, retoma-se o reterente, substituindo-se o termo inicial por uma pro-forma
gramatical; e em II, por pró-formas pronominais
o porque (C) Em I, retoma-se o 1eferente, substituindo-se o termo inicial por um grupo no-
munal mais abrangente, em II, substituindo-se o termo inicial por pro-formas
pronominais.
WEençer Os (D) Em1,o referente não éxetomado. molecada c Brasil neném não têm o mesmo refe-
rente; em II, as pró-formas pronominais substituem o mesmo termo.
(E) Em Ie li, retoma-se o referente: em |, subsltui-se o termo inicial por um grupo
nominal menos abrangente, em Il, subsutui-se o termo micial por grupos nomimais
equivalentes

equrteia
186 SINTAXE

El Rey
Prostrado aospêz de V.Magd., Pedro Bueno Cacunda, manifesto que aggregan-
do ássua companhia os primeyros povoadores da cidade de Sam Paulo, indios natu-
1ães do destricto damesma Cidade, cômessárão as conquistas daquellas terras, eser-
toens; e dos proprios Indios aggregados senoticiarão de duas nasçoens gentilicas,
huma chamada Coroados, que senhorca o Ryo de Itapeba, esuas vertentes; eoutra
chamada Puriz, que senhorca o Ryo de Mayguassu, e tambem suas vertentes; destas
duas nasçoens scaggregarão depois tambem alguns Indios, os quaes seachavão pos-
suidores demuitas folhetas de ouro, que lhes servirão dechumbadas das linhas com
que pescavão; ejuntamente de enfeites com que scornavão suas molheres: einquirin-
do, os dittos povoadores, estes mesmos Indios, de onde colhiam aquellas folhetas,
dezião, que havia naquelle sertão, Ribeyros que com amundação das agoas sedesbar-
rancavão as suas beyradas, enellas, diminuídas asmesmas agoas, áflor da terra as co-
lhião, não fazendo cazo da abundancia de Ouro empô, por lhenão ter aquelle minis-
terio que lhestinhão asfolhetas.

[Carta de Pedro Bueno Cacunda ao Rei, Arraial de Sancta Anna, em 08 set. 1734.
Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa, PT.]

Com relação ao trecho por lhenão ter aquelle ministerio que lhestinhão asfolhetas:
1. Existe uma ocorrência de interpolação sintática da negação na construção clítico
pronomunal + verbo.
Il As construções com essa interpolação sintática não são empregadas no português
brasileiro contemporâneo.
HI. Essa interpolação sintática é empregada apenas como recurso estilístico no portu-
guês brasileiro contemporâneo.

E correto o que se afirma APENAS em


(A) L
(B) IL
(C) IL
(D) lell.
(E) Le ll
7. (5) Considerando, da perspectiva da regência, as sequências:

1. A música que ele gosta e a que toca no rádio todos os dias e faz o maior sucesso.
2. Não deixa de ser surpreendente o fato de que o Brasil sobreviva à crise.
3. Antômio afirmou várias vezes de que seria inútil vender o casarão.
É correto afirmar que
Apêndice 187

(A) nenhuma das sequências segue a regência padrão, suprimida pela linguagem oral.
(B) 2 segue a regência padrão.
(C) 2 e 3 seguem a regência padrão.
(D) 1 e 2 estão formadas a partir da regência padrão.
(E) 1,2 e 3 estão construídas a partir da regência padrão.
RORBESSRRTTA

Atenção: Para responder às duas próximas questões, considere o texto abaixo


A prata de frente pra casa da vo

[1] Eu queria surfar Então vamo nessa: a praia ideal que eu idealizo no caso particula-
nzado de minha pessoa, em primenamente, seria de frente para a casa da vó, com vista
para o meu quarto. la ter uma plantaçãozinha de água de coco e, invés de chão ser de
aresa, eu botava uns gramadão presidente. Assim eu, o Ze e os cara não fica grudando
quando vai dai os rolê de Corcel 1!
Na mumha praia dos meus sonhos, 1a rolar váaarias vós e uma pá de tia Anastacia fazen-
do umas merenda nervosa! Uns sorvetão sarado! Uns mingauzão federal! Umas vita-
minas servida! X-tudo! X-Calabresa Cebola Frita! Xister Mc Tony'se gemada à vonta-
de pros brother e pras neneca! Tudo de grátis! As mina, exclusive, 1a 1di olatar surfistas
chamados Peterson Ronaldo Foca (conhecidentemente como no caso da figura pai ti-
cularizada da minha pessoa, por exemplo). Pra ganhar as deusa, O xaveco campeão se-
ria. o meu “E aís, Nina (feminina)? Qual teu C.E.P ?
Tua tia já teve catapora? E teu tio? E tua avó? Uhu!! Já ganhei!!” E se ela falasse: “Vai
procura: a tua turma!”, minha turma estaria bem do meu lado, pra eu não ficar pro-
É

curando muto!

[2] Exclusive, eu queria surfar, mas na praia ideal dos meus sonho (aquela que eu de-
sacrediter, rachei o bico e faler “nooossa!”). Não haveriam tubarães (Iaveriam por-
que e vários tubarães!). A “Eu, o Zé e os Cara, Paneleiros and Friends Association” ia
encatregar o colocamento de placas aleatórias com os dizeres: “Sai fora, tubarão! Cê
num sabe quem cê é!” E os bicho ia dar area rapidinho! Cê acha, jovem?! Nóis num
quer ficar que nem um colega meu, O Cachorrão, da Associação dos Surfistas de Pei-
nambuco, umas entidade sem pe nem cabeça! Então vamo nessa: na prata dos sonhos
que eu falei “É o sooonho!”, teria menas água salgada! (Menas porque água e femimi-
na!) Eu ia consegunr ficar em pe na minha triquilha tigrada, sair do back side, subir no
lip, trabalhar a espuma, mhaa!! Meus pes 3a grudar na parafina c eu ia ficar so lá: dro-
pando os tubo e fazendo pose pias tiete, dando umas piscada de rabo de olho e rasgan-
do umas onda de 30 metros (tudo bem, vai! Um metro e meio.. ) Mesmo sem abrir à
boca, eu ia ser o centro das atençães e os reporter 1a me focalizar com ncon, luz estetos-
cópica robotizada e uns show de raio lazer! De 18 concorrentes, eu ia sagrar decimo
setimo, porque um esqueceu a prancha (Tamem, o cara marcou!) E as mina só la
“Uhu!! Foca é animal"! Focaliza o Focal! O cara c o propio galã de Óliud!”
188 SINTAXE

[3] Exclusivamente, eu queria surfar, daí os carinha da República me pediram pra fa-
lar na revista, a vo tirou um pelo de mim: “Cê nunca vai falar na revista, Peterson Ro-
naldo?” Daí eu falei: “Artigo?? Eu? É comigo? Tá limpo!” Eu já apareço no rádio! Por
que cu não posso falar na revista?! Então vamo nessa de novo: eu queria pensar, mas
eu nem tô ligado nesses lance de utopia .. Dormir na pia .. Supermetropia! Esses lance
ai quem pensa é o Zé! Eu queria escrever! Em súmula, eu parei de pensar, agora eu só
surto! Consequentemente, Peterson Foca.

Peterson Foca, personagem cult de “Sobrinhos do Ataíde”, programa que revolucio-


nou o humorismo do rádio brasileiro. O programa “Sobrinhos do Ataide”, criação
de Felipe Xavier, Marco Bianchi e Paulo Bontá, é veiculado pela rádio 89,1 EM de
São Paulo, e em outras cidades do Brasil. República, Ano 1, nº 2.

(7) Sobre as explicações entre parênteses Haveriam porque é varios tubarães e Menas
porque água é femimna, é correto afirmar que os autores do texto,

(A) embora procurem representar um jargão de surfistas, preocupam -se em fazer uso
correto das regras de concordância verbal e nonunal da língua portuguesa.
(B) ao produzirem erros de concordância, caracterizam a personagem Peterson Foca
como falante de uma variedade do português associada somente a surfistas.
(C) ao proporem tais explicações, fornecem os motivos que levam muitas pessoas a
flexionar, nesses contextos, o verbo haver e o adverbio menos.
(D) ao atribuírem erros de concordância a um suposto surfista, procuram associar
aos surfistas em geral a imagem de não escolarizados.
(E) ao empregarem as formas haveriam e menas, os autores do texto evidenciam seu
desconhecimento das regras de concordância verbal e nominal da língua portuguesa.

(8) Analisando construções como.

Na minha praia dos meus sonhos [1| e Na praia ideal dos meus sonho [2]
Uns mingauzão tederal! [1] e Umas vitaminas servida! [1]
Meus pés 1a grudar na parafina |2) e Os carinha da República me pediram pra falar na
revista [3]

e considerando que os estudos de sociolinguística demonstram que há variação no


uso de regras de concordância verbal e nominal, observa-se que:

1, Os autores do texto são inconsistentes na maneira de representar o funcionamento


das regras de concordância nominal e verbal no jar gão que eles associam aos surfistas
IH Os autores do texto variam intencionalmente a maneira de representar o funciona-
mento das regras de concordância nomimal e verbal, porque assim falariam os surfistas.
HJ. Os autores do texto propõem uma regra consistente de marcação da variação de
numero, flexionando apenas um elemento do sintagma.
Apêndice 189

É correto o que se afirma em

(A) [, apenas.
(B) II, apenas.
(C) II, apenas.
ONU

(D) He III, apenas.


wo TD

(E) 1, Mell

Atenção: Para responder às duas proximas questões, considere o texto abaixo, produ-
zido por um aluno da última serte do Ensmo Médio, a partir de proposta de elaboração dc
um texto narrativo.
Wody

Ilusões do Amor

[1| Lukas Care era um homem muto respeitado no estabelecimento de ensmo, pela
sua forma de alfabetização. Muito conservador exigia a perfeição de seus alunos, e
quando um saia de suas normas, era motivo para a palmatoria,
[2] Para os pais de Inácia, Lukas Carle era o homem ideal p/ o casamento de vossa fi-
lha. E assim sendo o noivado fora marcado.
[3] Lukas Carle vivia sua vida normal, no ensino, visitava a casa da senhonta Inacia, a
qual levaria aquela situação do casamento encomendado sem poder dizer uma pala-
à vra contra, afinal era costume da época. Pois ela não achava muito as qualidades de
Lukas adequadas p/ seu casamento
[4] Um dia antes do casamento Lukas Carlé, se exaltou na castigação de um aluno,
quebrando-lhe a mão, tal exaltação vimha das lembranças da infância, quando sua
mae foi pega cometendo o adultério Mas essa lembrança ele carrega p/ st, não se abre
com ninguém. Lukas naturalmente foi advertido a não usar mais a palmatoria.
[5] O casamento realizou-se em um pequeno espaço de tempo desde o dia em que foi
marcado. Não houve grandes comemorações, apenas uma cerimônia normal entre
familiares. Lukas Carlé com seu temperamento não muito estável quis a cerimônia fi-
nalizada. Inácia esperava anciosa a grande norte de sua vida, mas tanta anciedade em
vão, Lukas pegou-lhe pelo cabelo deu-lhe um tapa c jogou-a na cama como se fosse
um objeto qualquer. Para Inácia suas esperanças de encontiar um homem honrado
acabaria naquele momento.
[6] Os dias passavam c a rotina se estabelecia, tapas, grosserias e falta de drálogo ade-
quado a um casal normal. Inácia se sentia abalada emocionalmente e ao mesmo tem-
po fragilizada, sentindo a talta de um ombro p/ soltar suas mágoas.
[7] Tal situação de Inácia estava prestes a dar uma virada em sua vida com o apareci-
REBRS

mento de um novo funcionário da preteituta, o senhor Manoel, bonito, jovem e edu-


cado. Não demorou muito tempo e os dois já faziam amizade e se encontravam as es-
condidas.
[8] Lukas Carle nada desconfiava, pressupondo que seria ousadia demais por parte de
Inacia; até que ele começou a receber umas cartas anônimas, insinuando tal relacio-
190 SINTAXE

namento, Lukas infurecido almentava suas doses de castidade. Inacia então resolveu
abandona-lo, o que foi a demonstração mais forte de falta de respeito. Lukas não se
conformava, e isso levou-o a perseguila de todas as formas, desmoralizando-a diante
de toda a comunidade e seus pais, não bastando o senhor Manoel vendo tal situação
fugiu e a deixou so. Inácia estava desesperada, não via soluçao p/ tal vexame, Lukas no
teor mais alto de seu ódio quemmou seu rosto com brasa, deixando cicatrizes profun-
das. Inacia viu-se desmoraltzada com tal situação, e se martirizou o resto de seus dias
em um convento,

I0 (11) Um dos procedimentos responsáveis pela coesão de um texto e a utilização ade-


quada de formas pronominais, eficiente sistema de referências. Em telação a coesão
textual, e correto afirmar

(A) Em [2], constror-se adequadamente uma refer ência exoforica (externa ao testo),
por meio do pronome vossa.
(B) Em [7], 0 uso do pronome sua estabelece uma relação coesiva adequada com o an-
tecedente situação
(C) Em [7], o pronome sua produz uma ambiguidade, podendo referir-se tanto à
situação quanto a Inácia.
(D) Em [8], o uso do pronome seu ( .no teor mais alto de settodio . ) provoca uma am-
biguidade desfeita pelo contexto
(E) Em [8], 0 uso do pronome seu (. quermou seit rosto com brasa .) produz uma am-
biguidade que so pode ser desfesta por informações contextuais.

« (13) Considere a construção ela não achava minto as qualidades de | uhas adequadas p/
seu cnsumento |3] Nesse trecho constata-se que:

| Dada a colocação simtatica, o termo achar está dentro do escopo (alcance) do adver-
bio muito.
II. Dada a colocação sintática, o termo qualidades está dentro do escopo do adverbio
muito
HI. Do ponto de vista do sentido, o termo adequadas está dentro do escopo do adver-
bio muto

Ê coneto o que se afirma cm

(A) I apenas.
(B) Le Il apenas
(C) 1 apenas
(D) 1 e Ul apenas.
(E) I, Ile TIL
Apêndice 191

Instruções: Para responder as duas próximas questões, considere a carta abaixo, de


autoria de um estudante de segundo grau, enviada a um especialista em língua portu-
+. Z a ,
guesa que assina uma coluna em um órgão da imprensa.

Belo Aprazível, 26 de outubro de 1999.


Imo. Senhor,
ASSUNTO: Uso de “a gente” como pronome do caso reto cu e nós.

ú Muito timidamente, algumas figuras no cenário da gramática normativa tem se ex-


» pressado desfavorável ao uso do “a gente” como pronome do caso reto.
Os professores concordam que dentro do diálogo entre pessoas é possível expri-
L "mir-se sem maiores complicações. No entanto, são visceralmente contra grafar, na re-
dação, estes dois vocábulos. Segundo eles, constitus-se erro mesmo
Assistindo ao Bom Dia São Paulo, 25/10/99, perdi a conta de tantos “a gente” pro-
nunciados no trabalho da repórter. Salvo engano, ela falou umas vinte vezes (..)
Como estudante, estou preocupado. Se os expoentes máximos deixaram-se levar por
esta onda antigramatical, não estaríamos caminhando para a deteriorização da gra-
mática normativa? Estaríamos vivendo uma nova contra reforma?
Foi atraves das primeiras aulas de gramática do vestibulando bem como das aulas de
gramática do Telecurso 2000, que a incidência tornou-se aparente (os professores com-
portam-se como verdadeiros gramáticos. Logo após, desandam a destruir o que propuse-
ram)
(...) Sua manifestação será uma enorme chance para eu conhecer mais sobre a mo-
bilidade do nosso idioma.
Atenciosamente,
OQ E.

12 (3) O autor do texto manifesta preocupação com o uso de “a gente” em vez de “nós”
No entanto, emprega outras formas que, do ponto de vista conservador, também são
sintomas de discrepância entrea prática e a gramática. São exemplos de formas mnova-
doras, não abonadas pelas gramáticas normativas:
(A) prestar atenção no uso em vez de prestar atenção ao uso; mobilidade em vez de
movimento.
(B) grafar em vez de escrever; prestar atenção no uso em vez de prestar atenção ao uso.
(C) desfavorávelem vez de desfavoravelmente, constitui-se erro cm vez de constitu erro.
(D) desfavorável em vez de desfavoravelmente; propuseram em vez de proporam.
(E) algumas figuras no cenário em vez de algumas figuras do cenário; mobilidade em vez
de movimento
192 SINTAXE

Instruções: Para responder à próxima questão, considere o poema de O livro das


ignoraças (1993), de Manoel de Barros.

. VII
Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a beleza das frases,
mas a doença delas
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
— Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença, pode muito que você carregue para o
resto da vida um certo gosto por nadas. .
Eseriu.
Você não é de bugre? - ele continuou
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas —
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.

13. (6) Um exemplo do que o autor considera agramática é

(A) “Veja que bugre só pega por desvios”, porque a gramática condena a elipse do su-
jeito em “veja que bugre ..”
(B) “Você não é de bugre?”, porque a gramática pede que venha explícito o núcleo do
piedicativo.
(C) “Há que apenas saber errar bem o seu idioma”, porque, para a gramática, “errar
bem” é um vício de linguagem.
(D) “A doença delas”, porque a gramática condena a violação de princípios semânti-
cos (frases não ficam doentes).
(E) “Esse Padre Ezequiel”, porque a gramática condena o uso de pronomes demons-
trativos diante de nomes próprios

Instruções: Para responder às duas próximas questões, considere o texto abaixo, de


Machado de Assis, na obra Dom Casmurro

Capítulo XIV
A inscrição

Tudo o que contet no fim do outro capítulo foi obra de um imstante, O que se lhe seguiu foi
anda mais rápido. Der um pulo, e antes que ela raspasse o muro, h estes dois nomes, abertos ao
prego, e assum dispostos:
Apêndice 193

Bento
Capitolina
01 Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, e ficamos a
02 olhar um para o outrp... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas,
03 mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nos.
04 Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pe-
05 gando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto
06 Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que
07 eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum,
08 tal era a diferença entre o estudante e o adolescente, Conhecia as regras do escre-
09 ver, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres
10 Não seltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esqueci-
11 das. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, torna-
12 vam-se a meter-se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela
13 como de um altar, sendo uma das faces a Epistola e a outra o Evangelho. A boca
14 podia ser o cálix, os lábios a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim que
15 ninguém aprende, e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrile-
16 go, leitora minha devota; a limpeza da intenção lava o que puder haver menos
17 curial no estilo. Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos,
18 faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos conti-
19 nuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca e que nem tentavam sair, tor-
20 navam ao coração caladas como vinham ..

14, (25) Na sintaxe típica do português, pronomes possessivos antecedem o nome, e sua
posposição produz efeitos de sentido diversos. Na expressão “leitora minha devota”
(inha 15),
(A) a posição de “nmunha” entre “leitora” e “devota” não produz efeito algum de ambi-
guidade, dado que “minha” não qualifica adjetivos, como “devota”.
(B) há uma simples
ples p posposição
Ç de “minha” em relação a “leitora”, sem que “devota”
seja qualificada de qualquer forma, porque não está no escopo de “minha”.
(C) não há posposição de “minha” em relação a “leitora”; “minha” simplesmente
ocorre antes de “devota”, o que faz desta uma construção tipica do português.
(D) a posição de “minha” entre “leitora” e “devota” sugere que “minha” qualifica tanto
“eitora” quanto “devota”, explorando-se a sintaxe para produzir efeitos de ambiguidade.
(E) a posição de “minha” antes de “devota” produz como efeito que a única leitura pos-
sivel é “minha devota leitora”, ficando claro que “minha” qualifica apenas “devota”.
- (26) Considere a sintaxe do trecho “... as mãos é que se estenderam pouco à pouco”
(linha 4). A expressão “é que”
(A) acentua a função de tópico de “as mãos”, o que salienta ainda mais o fato de o res-
tante do corpo não se ter movido.
(B) não tem função alguma na oração, que teria exatamente o mesmo sentido, no tex-
to, se a expressão fosse eliminada.
194 SINTAXE

(C) garante o mesmo sentido da oração original na alternativa sintática “é que as mãos
«s

se estenderam pouco a pouco”.


(D) garante o mesmo sentido da oração original na alternativa sintática “pouco a
pouco é que as mãos se estenderam”.
(E) teria função sintática e expressiva se o trecho imediatamente anterior fosse afir-
mativo ao invés de negativo

16. (4)
À linguagem não e usada somente para veicular informações, Isto é, a função refe-
rencial denotativa da linguagem não é senão uma entre outras; entre estas ocupa uma
posição central a função de comunicar ao ouvinte a posição que o falante ocupa de
fato ou acha que ocupa na sociedade em que vive. As pessoas falam para serem “ouvi-
das”, às vezes para serem respeitadas e também para exercer uma influência no ambi-
ente em que realizam os atos linguísticos. O poder da palavra é o poder de mobilizar a
autoridade acumulada pelo falante e concentrá-la num ato linguístico (Bourdieu,
1977). Os casos mais evidentes em relação a tal afirmação são também os mais extre-
mos: discurso político, sermão na igreja, aula, etc. As produções linguísticas deste
tipo, e também de outros tipos, adquirem valor se realizadas no contexto social e cul-
tural apropriado. As regras que governam a produção apropriada dos atos de lingua-
gem levam em conta as relações sociais entre o falante e o ouvinte. Todo ser humano
tem que agir verbalmente de acordo com tais regras, isto é, tem que “saber”: a) quan-
do pode falar e quando não pode, b) que tipo de conteúdos referenciais lhe são con-
sentidos, c) que tipo de variedade linguística é oportuno que seja usada. (...) nem to-
dos os integrantes de uma sociedade têm acesso a todas as variedades e muito menos a
todos os conteúdos referenciais Somente uma parte dos integrantes das sociedades
complexas, por exemplo, tem acesso a uma variedade “culta” ou “padrão”, considera-
da geralmente “a língua”, e associada tipicamente a conteúdos de prestígio.
[GNERRE, Maurizzio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1985.)

Com relação ao primeiro período do texto de Gnerre, NÃO é correto afirmar que

(A) “não... somente” leva o ouvinte a reconhecer duas informações distintas na frase
em que aparece.
(B) “isto é introduz uma asserção que visa a precisar o sentido do enunciado ante-
rior, reiterando-o.
(C) “estas” se refere a algo que será enunciado na sequência
(D) “ou” combina proposições estabelecendo entre elas uma relação de exclusão.
(E) “não é senão uma” equivale a “é apenas uma”,
+ do

Apêndice 195
4
I

Instruções: Para responder às duas próximas questões, considere o texto abaixo, de


Mário Quintana.

Lógica & Linguagem


é
Alguém já se lembrou de fazer um estudo sobre a estilística dos provérbios? Este,
por exemplo, “Quem cospe para o ceu, na cara lhe cai”. Tal desarranjo sintático faria a
antiga análise lógica perder de súbito a razão.
Mas que movimento, que vida, que economia de músculos: a gente chega a acom-
panhar com a cabeça a trajetória da frase!
Espero que a análise lógica do meu tempo tenha sido substituída por uma análise
psicológica. Ah! aquela preocupação dos velhos lentes, de nos mandarem pôr os Lu-
síadas na ordem direta... Vai-se ver, eles inconfessavelmente deviam estar tentando
corrigir o Velho Bruxo!

17. (17) Quem cospe para o céu, na cara lhe cai.


Ao referir-se ao provérbio acima, o autor menciona um “desarranjo sintático”. Po-
de-se apontar como “desarranjo sintático”:

(A) o pronome lhe não se liga a nenhum outro termo da sentença.


(B) a elipse do sujeito da 2º oração não tem nenhum elemento linguístico como ante-
cedente
(C) a sentença começa por quem, pronome interrogativo, mas não pergunta nada.
(D) viola-se a regência do 2º verbo, que exige um complemento direto.
(E) a oração subordinada não foi introduzida pela conjunção adequada.

18. (22)
O animal que ri
O escritor Arthur Koestler, que escreve o verbete “humor” da “Encyclopaedia Bri-
tannica”, traz outras preciosas indicações. Retomando a discussão sobre a “gramáti-
ca” do humor, ele afirma que rimos quando percebemos um choque entre dois códi-
gos de regras ou de contextos, todos consistentes, mas excludentes entre si.
Um exemplo: “O masoquista é a pessoa que gosta de um banho frio pelas manhãs e,
por isso, toma uma ducha quente”. Sei que é um pouco ridículo explicar a piada,
mas... Aqui, o fato de o sujeito da anedota ser um masoquista subverte a lógica nor-
mal, invertendo-a Obviamente, a lógica normal não coexiste com seu reverso. Daí a
graça da pilhéria. Uma variante no mesmo padrão, mas com dupla inversão é: “O sá-
dico é a pessoa que é gentil com o masoquista”. Essa estrutura está presente em todas
as piadas. Até no mais mfame “trocadalho” que se possa conceber, há um choque en-
tre dois contextos, o do significado da palavra e o de seu som: “A ordem dos tratores
não altera o viaduto”.
196 SINTAXE

Mas essa “gramática” só dá conta da estrutura intelectual das piadas e há outros as-
pectos em jogo. Até bebês riem. Há, além do lado intelectual, uma dinâmica cmocio-
nal no humor Ele de alguma forma se relaciona com a surpresa.
Os sintagmas nonunaas listades abaixo foram retirados do texto A alteração da or-
dem do adjetivo em relação ao substantivo resulta em uma expressão aceitável, no
contexto dado, na alternativa

(A) um banho frio.


(B) a lógica normal.
(C) as preciosas indicações
(D) a estrutura intelectual
( E) uma dinâmica emocional.

Instruções: Para responder às três próximas questões, considere o texto abaixo, de


Rubem Braga

Meio-dia e meia

01 Acho muito simpática a maneira de a Rádio Jornal do Brasil anunciar a hora.


02 “onze e meia” no lugar de “vinte e três e trinta”, “um quarto para as cinco” em
03 vez de “dezesseis e quarenta e cinco” Mas confesso minha implicância com
04 aquele “meio-dia e meia”.
05 Sei que “meto-dia e mero” está errado; “meio” sc refere à hora e tem de ficar
06 no feminino. Sim, “meio-dia e mesa” está certo Mas a língua é como a mulher
07 de César: não lhe basta ser honesta, convém que o pareça. Aquele “meia” me dá
08 idéia de teste de colégio para pegar o estudante distraído. Para que fazer da nos-
09 sa língua um alçapão?
10 Lembrando um conselho que me deu certa vez um amigo boêmio quando
1 lhe perguntei se certa frase estava certa (“olhe, Rubem, faça como eu, não tope
12 parada com a gramática: dê uma voltinha e diga a mesma coisa de outro jeito”),
13 eu preferi ri a dizer “doze e meia” ou “meio-dia e trinta”, sem nenhuma afeta-
14 ção Aliás a língua da gente não tem apenas regras: tem um espírito, um jeito,
15 uma pequena alma que aquele “meio- dia e meia” faz sofrer. E, ainda que seja
I6 errado, gosto da moça que diz: “Estou meia triste...” Aí, sim, pelo gênio da lín-
17 gua, O “meia” está certo.

19. (4) Considere os enunciados 1 e 2.

3. Acho muito simpática a maneira de a Rádio Jornal do Brasil anunciar a hora. (linha 1)
Apêndice 197

2. E, anda que seja errado, gosto da moça que diz: “Estou meia triste...” At, sim, pelo
gênio da língua, o “meia” esta certo. (linhas 13 e 14)

Segundo Ataliba T, de Castilho, a norma tanto pode representar um uso Imguístico


concreto que corresponde ao dialeto social praticado pela classe de prestígio — caso em
que é chamada “padrão real” —, quanto representar a atitude que o falante assume em
face da norma objetiva — caso em que é tambem chamada “padrão ideal”. Aplican-
do-se esses conceitos à análise dos enunciados | e 2 acima é correto afirmar que
(A) o cronista reconhece no gênio da língua a noção de padião ideal, que aparece no
enunciado 2.
(B) o cronista, no enunciado 1, se orienta pelo padrão ideal, em contraste com o
enunciado 2, em que valoriza o padrão real.
(C) o enunciado | é um caso concreto de padrão ideal, e o enunciado 2 condena expl-
citamente esse mesmo padrão.
(D) o cronista, ao produzir o enunciado 1, uma manifestação concreta do padrão
ideal, icafirma, na prática, as afirmações contidas no enunciado 2, que remetem à re-
jeição do padrão real,
(E) o enunciado 1 é um caso concreto do padrão real, e o enunciado 2 manifesta a de-
fesa desse mesmo padrão

20 (5) A oração relativa assinalada em Lembrando o conselho que me deu certa vez um
amigo boêmio (Inha 08) e pouco sujeita a variação em virtude de o pronome relativo
ser objeto direto na subordinada, Já as construções relativas cujo pronome é regido
por preposição estão sujeitas a seguinte variação:

— relatva padrão: Lembrando o conselho a que eu me referi anteriormente.


— relativa cortadora: Lembrando o conselho que eu me referi anteriormente.
— relativa copiadora: 1 embrando o conselho que eu me referi a ele anteriormente.

Sobre esse processo sintático, é correto afirmar que a relativa cortadora é

(A) conservadora e estigmatizada em relação a padrão, que é inovadora e prestigiada.


(B) conservadora e prestigiada, tanto quanto a variante padrão.
(C) conservadora e prestigiada em oposição à variante copiadora, que é inovadora e
estigmatizada,
(D) movadora e prestigiada em relação à variante copiadora, que e conservadora e
estigmatizada.
(E) inovadora e prestigiada em oposição à construção padrão, que é conservadora e
neutra,
198 SINTAXE

Atenção: Para responder à próxima questão, considere o texto abaixo, de Flávia de


Barros Carone,
Ensinar gramática
— Onde é que a gente vai agora, vô? — Lá na padaria da praça comprar um pão gosto-
so. Silêncio pensativo no banco de trás. E então: — Perto da minha casa também tem
uma padaria. Os pão lá é muito bom.
Momentos de indecisão. Ignorar ou corrigir? Compulsivamente:
— Sabe, meu querido, a gente fala assim: OS PÃES SÃO MUITO BONS. Um pão,
dois PÃES. O pão é bom, os PÃES são bons
Novo silêncio pensativo no banco de trás. E então: — Quer dizer, vó, que PÃES é
DOIS PÃO?

21 (6) Tomando como parâmetro a norma culta da língua, a autora apresenta um caso
de concordância no interior do sintagma nominal, Considerando-se esse contexto
linguístico, é correto afirmar que a avó espera que, quanto à concordância nominal, o
neto apreenda

(A) os aspectos morfossintáticos, e o neto atende mtegralmente a essa expectativa.


(B) o aspecto semântico, e o neto não atende a essa expectativa, pois usa marca
não-redundante de plural.
(C) os aspectos mor fossintáticos e semânticos, e o neto atende a essa expectativa ple-
namente quanto ao aspecto morfossintático, mas parcialmente quanto ao aspecto se-
máântico.
(D) os aspectos morfossintáticos e semânticos, e o neto atende integralmente a essa
expectativa, pois a marca não-redundante de plural veicula o mesmo conteúdo se-
máântico que a marca redundante.
(E) os aspectos morfossintáticos e semânticos, e o neto atende a essa expectativa ple-
namente quanto ao aspecto semântico, mas parcialmente quanto ao aspecto morfos-
sintático.

- (2) Considere os textos abaixo, que tratam de questões relativas aos pronomes
pessoais.

Texto I

A melhor denominação para as três formas portuguesas de um dado pronome pes-


soal é: a) forma isolada; b) forma dependente adverbial; c) forma com preposição re-
gente. A primeira é uma forma tônica ou livre; a segunda, um clítico que pode ficar em
próclise ou ênclise em relação ao vocábulo verbal; a terceira, uma forma tônica, mas
também dependente, porque só aparece, em enunciação autônoma, associada a uma
preposição.
cmg
Apêndice 199

Texto Il

Colocação dos pronomes átonos com formas verbais finitas


1. À posição normal dos pronomes átonos é depois do verbo (ênclise). Entictanto,
motivos particulares de eutonta ou de ênfase podem concorter para a deslocação do
pronome
2. É obrigatória a proclise:
a) nas orações negativas;
b) nas orações exclamativas, começadas por palavras exclamativas, bem como nas
orações optativas;
c) nas orações subordinadas.

224, As observações sobre pronomes pessoais contidas nos textos evidenciam duas di-
ferentes concepções de gramatica. Identifique e caracterize cada uma delas.
22b. Por que se pode afi mar que essas duas concepções de gramática não se excluem ?

Instruções: Leia o texto abaixo, de Manuel Bandeira, e responda às duas proximas


questões

Poema do beco

Que importa a paisagem, a Glória, a baia, a linha do horizonte?


- O que eu vejo e o beco |

23. (8) No último verso, o poeta


1. desdobra a oração em duas partes, valendo-se de uma construção relativa.
IL. privilegia, com base na relação tópico/comentário, a visão do beco, considerados
os elementos fornecidos pelo co-texto.
HI. utiliza uma construção em que não ha correspondência entre estrutura sintática e
efeito semântico.

Está correto o que se afirma APENAS em


(A) 1. II.
(B) TI
(C) Le IL
(D) Tel
(E) e TI.

2 Tm 2004, 2006 e 2007 não houve prova para Os cursos de Letras


200 SINTAXE

24 (9) No primeiro verso, a sequência de sintagmas nominais a Gloria, a baía, a nha do


horizonte exemplifica o uso de que recurso linguístico?

(A) Arranjo por contiguidade, que, ao excluir o sintagma nominal antecedente a pai-
sagem, resulta em construção sintática pouco adequada aos padrões cultos da lingua,
sugerindo o desconforto do eu lírico em relação ao espaço que ocupa
(B) Coordenação que, incluindo um vocativo e dois complementos verbais, se refere
ao sintagma antecedente a paisagem e cria uma gradação do mais especificado para o
menos especificado.
(C) Justaposição, em que a combinação de um nome próprio com nomes comuns
rompe com os padrões normativos, segundo os quais so se coordenam partes da ora-
ção que tenham funções equivalentes.
(D) Sequência resumitiva, em que a oração predicativa começa por uma designação
individual é segue com definições descritivas ate produzir a relação de antonímuia en-
tre o primeiro e o último elementos da sequência.
(E) Enumeração, que, incidindo sobre o sntagma nominal antecedente a paisagem,
apresenta, em cada um dos seus elementos e no seu conjunto, unia particularização
do sentido, o que permite classificá-la como um aposto

Atenção: Para responder às três próximas questões, leia o depoimento de um artista


pertencente à Organização Doutores da Alegria Nessa ONG, que defende a aproxi-
mação entre arte e ciência, palhaços simulam ser médicos para crianças e adolescentes
hospitalizados.

Não é tão simples assim me despir do dr. Lambada. São quase dez anos nos Dou-
tores da Alegria, duas vezes por semana no hospital, fora as aulas paralelas, este ano
de canto e malabares, e as rodas de estudo na sede. O personagem fica introjetado,
às vezes desembesto a falar em casa, minha mulher diz chega, mas é assim que é.
Não basta comprar uma roupa (. ) e distribuir bala no ór:bus Não adianta estar
vestido se não se está preenchido. Muntas vezes somos a única referência de palhaço
para uma criança, ou o respiro emocional para uma mãe ou um pai, e aquilo preci-
sa ser bem feito.
(DR. ZAPATTA LAMBADA acredita em doentes saudáveis, duendes mentais
no triângulo das bermudas, roucas e afônicas e na inocência do Romário.)

[M. Manir “Entre brancos e augustos. De hospital em hospital, eles quebram o


protocolo atrás de uma nova performance diante da dor” ]

25. (14) Considerando que a epoca de recolha de um depoimento e a de sua publicação


em jornal podem não coincidir, conclui-se que a expressão este ano (linha 3) é

(A) dêitica PORQUE o tempo a que faz referência só pode sei localizado em relação à
instância da enunciação.
Apêndice 201

(B) déitica PORQUE a localização temporal a que faz referência aponta para um mo-
mento preciso.
(C) déitica PORQUE aponta para uma outra referência temporal já feita no texto, a
saber, duas vezes por semana,
(D) anafórica PORQUE o tempo a que faz referência só pode ser localizado em rela-
ção à instância da enunciação.
(E) anafórica PORQUE retoma uma outra referência temporal ja feita no texto, a sa-
ber, duas vezes por semana.

26. (15) O discurso citado é o discurso no discurso, a enunciação na enunciação, mas e, ao


mesmo tempo, um discurso sobre o discurso, uma enunciação sobre a enunciação.
(M. Bakhtin, Marxismo e filosofia da hnguagem)

Consideradas as afirmações acima, e correto apontar, como marca do discurso de ou-


trem no depoimento do Dr. Lambada, o uso de

(A) pronome demonstrativo — como em e aquilo precisa ser bem feito —, por meio do
qual um outro contrapõe sua visão depreciativa do trabalho da ONG à visão defendi-
da pelo enunciador.
(B) argumentos de autoridade — como os fornecidos para compor o perfil do Dr. Za-
patta Lambada, que do artista.
(C) discurso direto — como em mmimha mulher diz chega — em que a citação de um outro
enunciado expõe uma divergência para dar veracidade ao depoimento do enunciador.
(D) formas de inclusão - como em Mustas vezes somos. . — que instauram a cumplicida-
de entre enunciador e enunciatario por meio da inclusão deste ultimo no enunciado.
(E) imdices de ironia — como em Acredita em doentes saudáveis, que deve ser ido como
Duvida da existência de doentes saudáveis, pois o enunciador critica crenças ultrapas-
sadas dos Doutores da Alegria.

27. (16) Considerada a negação seguida da expressão correlativa tão... assim! em “Não é
tão simples assim me despir do dr. Lambada”, é correto afirmar que, no texto, esse
enunciado contradiz a suposição de que

(A) e difícil se desfazer das roupas que compõem a personagem


(B) a vida de médico é mais dificil do que a vida de palhaço.
(C) a vida de palhaço é tão dificil quanto a de outros trabalhadores.
(D) é fácil se desfazer da personagem.
(E) a vida familiar de um médico é tão difícil como a de um artista
202 SINTAXE

28. (QUESTÃO DISCURSIVA 05)


Leia o texto e analise os dados linguísticos que o seguem.

Estar e andar + gerúndio

No período arcaico esses verbos seguidos de gerúndio podem ocorrer semantica-


mente plenos, com significado lexical etimológico: estar (lat. stare) “estar de pé”; an-
dar (lat. ambitare) “deslocar-se com os pés”. Na documentação arcaica, em muitos
contextos, fica-se na dúvida se nas sequências desses verbos com gerúndio se tem uma
locução verbal ou duas orações com um desses verbos como principal e o gerúndio
como uma subordinada reduzida temporal.
Exemplos:
1. No dia da sa morte estando os homens bôôs da cidade onde el era bispo fazendo sic
gram chanto sobre el... tar

[No dia da sua morte, estando de pé os homens bons da cidade onde ele era bispo, fa- es
jac
zendo... ou No dia de sua morte, estando os homens bons da cidade onde ele era bispo
fazendo...)
2. Andava per muitas cidades e per muitas vilas e per muitos castelos e pelas ruas e pe-
las casas dos hom'??s dizendo muitas santas paravoas.
[Caminhava por muitas cidades e por muitas vilas e por muitos castelos e pelas ruas e
pelas casas dos homens dizendo. .. ou Estava dizendo por muitas cidades e por muitas
vilas e por muitos castelos e pelas ruas e pelas casas dos homens ..]
[Adaptado de R V. Mattos e Silva, O português arcaico. |

A dúvida sobre o Português Arcaico, explicitada por Mattos e Silva, mantém-se nas
construções com estar e com andar seguidos de gerúndio do Português Contemporâneo
do Brasil? Explique e dê um exemplo de construção com cada um desses verbos para con-
firmar sua hipótese.

CHAVE DE RESPOSTAS :
D 5C 6E 7 B 8 c 9 B 10 E 11 B
A 18 C 17 B 18 € 19B 20D 21E

222 Os textos apresentam as seguintes concepções de gramatica | Gramatica descritiva - Resulta da preo-
cupação do linguista / gramático por apresentar o conjunto de regras que efetivamente é posto em uso, ou seja,
regras que de fato são utilizadas ou seguidas pelos falantes de uma determinada lingua, sistema de noções me-
diante as quais são desertos os fatos de uma lingua, bem como suas regras de uso Il Gramática normativa ou
prescntiva - Gramática é o conjunto sistemático de normas para se falar 6 se escrever corretamente, que os es-
pecialistas estabelecem com base no uso consagrado pelos bons escritores, ou seja, conjunto de normas que
devem ser seguidas

22b As abordagens descritiva e normativa não se excluem, ao contrario, elas se complementam na medida em
que o estabelecimento de normas exige o processo de descrição da gramática de uma Imgua em uso, em suas dr-
Apêndice 203

ferentes variedades Nesse sentido, a gramática tradicional não contem somente normas Ela tambem possu! um
componente descritivo

23 € 24 E 25 A 26 C 27 D

28 Resposta A duvida ainda existe no português contemporâneo do Brasil em relação a andar mas não existe
em todas as construções em que se emprega o verbo estar

Explicação À preservação da ambiguidade nas construções com andar deve se ao fato de que esse verbo
pode ser empregado com significado etimologico e tambem como verbo auxiliar semanticamente esvaziado No
caso de estar, o significado etimológico não se mantem Alem disso se a adjacência entre estar+ gerundic e pre
servada, o verbo so pode ser interpretado como integrante da locução, istoe como verbo auxiliar semanticamen
te esvaziado No entanto, a ambiguidade reaparece, anda que com alteração do significado etimologico quando
aadjacencia e rompida testar+ + gerundio) Nesse caso estar pode ser interpretado como tendo a função de
verbo principal ou de verbo auxiliar no Português Contemporâneo do Brasil

Exemplos possiveis Ele andava cantando musicas obscenas ou Ele andava, havia meses, cantando mu
sicas obscenas [Em ambos os contextos interpretação semanticamente plena/esvaziada] Ele estava can-
tando para o filho dormir [Interpretação semanticamente esvaziada quando a adjacência e preservada] Ele
estava no quarto cantando para o filho dormir [Interpretação semanticamente plena/esvaziada quando a ad
jacência é rompida]
Er

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