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PORTUGUÊS NA PRÁTICA
Sintaxe
Estudos descritivos da frase para o texto
o
Ea E
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CIP-Brasil Catalogação-na-fonte
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Apêndice
Inclui bibliografia
ISBN 978 85-352-2673 7
Apresentação... esa eesorasa pencsape tensao to araraness parasse anacose neta ass xi
Prefácios ni Econ Ea EG EE eremavio EN CERTO Cilltca SOMA CEGA GENO CETÃO Xv
PARTE
Morfossintaxe
Brevissima Introdução «sus ==zasusasisorsiss
IE IGT Ussa saias 3
PARTE
Estrutura da Oração
Adequação Sintática & Adequação Semântica ..........ccccciicccrtcis 17
1]
+ Aposto (& VOCAVO) sussa
assa rosa encare snaenac ron 81
BT ADOSIO as em susemsees
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8.2. Vocativo ....... E omni BI A ESEC SN SONATENAT AS SU Tap 83
PARS HI
Estrutura do Período
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O é,
2.2. Orações Intercaladas : ; E renNeRDs
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2.3. Orações Subordinadas. . o . . o . 108
e
2:4. Orações Reduzidas x: ua suas ednmalg E pal EMANA pg Digo :... 140
4 1 Relações de contraste
e de justaposição .. ......... ce + 160
4.2. Relações de causa, efeito e fim (reais e hipotéticas). ......ccciisiciiis 162
43 Relações detempo .....iicii. cics Vo Ce 166
4.4. Relações entre lexico, semântica e sintaxe . . cc cccciciicciirierrrcrs 168
7
ALI
Fauiiici Exame Nacional de Cursos - Letras ...........c.c... 183
o
Morfossintaxe
Brevíssima
Introdução
D ependendo dos objetivos e dos métodos adotados na explicação dos fatos da lingua,
as classes gramaticais e as funções sintáticas podem ser estudadas em separado (res-
»ectivamente, pela Morfologia e pela Sintaxe), embora na teoria e na prática se encontrem
«m muitos pontos.
“A distinção entre morfologia e sintaxe tem sido muitas vezes criticada tanto de um
ponto de vista didático quanto teórico.” Assim começa o artigo “Morfologia c Sintaxe”, de
Joaquim Mattoso Câmara Jr., em Dispersos (Rio de Janeiro: Lucerna, 2004, p. 57-61 —a 1º
edição, pela Fundação Getúlio Vargas, é de 1972). Sua argumentação, no entanto, justifica
4 procedência da distinção entre ambas, pois a unidade de cada uma prevalece por conta
de suas relações, respectivamente, associativa (paradigmática) e sintagmática. Também ].
Herculano de Carvalho, em Teoria da Linguagem (Cormbra, Atlântida, 1974, tomo HH, p.
377-81), explica a “delimitação dos objetos destas duas disciplinas”. Louis Hjelmslev, em
artigo de 1939 (“A Noção de Recção”, p. 162), já comentava que, “malgrado todos os es-
torços, nunca se conseguiu separar completamente a morfologia e a sintaxe”. Talvez por
1550, T. Givón, no Prefacio de seu livro Syntax, fale em estruturas morfossintáticas concre-
tas e suas correlações semânticas e pragmáticas.
Nesta brevíssima introdução, procuramos esboçar os valores associativos (mortoló-
gicos) inseridos em enunciações hneares (sintáticas). Por isso, o objetivo aqui não é discu-
ur nem expor teorias a respeito das classes giamaticais, nem é defender as vantagens de
uma abordagem abrangente desses conteúdos gramaticais. Tal procedimento caberia me-
lhor num estudo especifico sobre o assunto Aqui, vamos tratar do vinculo — ainda que di-
datico ou terminológico — existente entre a Morfologia e a Sintaxe, sem pormenorizar
agora cada uma das questões envolvendo as classes e as funções, recordando de início, ob-
ietivamente, o rol existente na Nomenclatura Gramatical Brasileira a respeito de ambas.
No quadro das classes, indicamos seus traços flexionais; no quadro das funções, indica-
mos seus mecanismos sintáticos e semânticos
4 SINTAXE
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“ A flexão abonada do adverbio “meio” é registrada em muitas obras, como por exemplo no Dicionario Aurelio Eletrô-
nico sec XXI(Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000 —a 1º edição do Novo Dicionario Aurelio da I ingua Portuguesa e de
1975), que apresenta a segumte observação (grifos nossos) “Ha muitos exemplos, no portugués antigo como no mo-
demo, desse adverbio Hesionado (caso de concordânuia por atração) a cabeça do Rubrao meia inclinada (M de Assis,
Quancas Borba), casou meia defunta (M de Assis, Vartas Historias), a mesma mulher, sempre nua ou meia despida (E
de Queiros, A Cidude e as Serras), Uns caem meios mortos e outros vão / À ajuda convocando do Alcorão (L de Ca
mões, Os Frsiadas, LI, 50), cinzeiros com cigarros meios fumados” José Regio, Historras de Milheres)
Brevissima Introdução 5
Interyeição e Vocativo não des Eco parte desses quadros. Seria mais interessante e pro-
dutivo estuda-los num capitulo que tratasse das funções da inguagem A interjeição esta vin-
culada a 1º pessoa do discurso (fuhição emotiva ou expressiva), o vocativo, à 2! (função cona-
tiva)
Fxemplo:
— L ra o amigo do chapéu de palha. abriu grandes braços pasmados. (Eça de Queirós)
Exemplos:
— o gol genial > a genialidade do gol; o pedido sutil > a sutileza do pedido;
o sol vermelho > o vermelho do sol, o cabelo emaranhado > o emaranhado do
cabelo.
«) Substantivar um adjetivo (Os pobres serão bem vindos) ou adjetvar um substantivo (Te-
nho uma vizinha jararaca, Não gostes daquele sorriso meio canalha que ele deu) são proces-
sos comuns na lingua portuguesa No entanto, apesar das tradiconais definições dessas |
ttarmaticado Português Contemporaneo (Belo Horizonte Bernardo Álvares, 1970- ted ),p 187 A esse res-
«to e oportuno consultar tambem os itens “Valor estilistico do adjetivo”, “Colocação do adjetivo adjunta
«oominal” Colocação do epiteto retorico” e “Outras formas de realce do adjetivo "em Celso Cunha T ind-
+ Cintra, Nova Gramatica do Portugues Contemporaneo (Rio de Janeiro Nova Fronteira, 2001 - a Iº edição e
1985) p 265-9
6 SINTAXE
.
" duas classes”, às vezes a distinção entre elas é pouco marcada Poderá ser preciso combinar os este
criterios funcional e semântico para esclarecer a questão, especialmente nos casos em que há | fia:
: dois vocábulos dessa natureza presentes num mesmo sintagma”. Devem ser considerados TOC
antes disso os seguintes fatos: *
—o adjetivo se posiciona naturalmente depois do substantivo, sendo imusual à antecipa-
, ção de adjetivos puramente descritivos relógio digital / digital relógio (?), caneta azul /
azul caneta (2).
— a eventual antecipação do adjetivo tem sempre uma causa subjetiva, acarretando alteração
semântica e/ou estilistica: executivo alto / alto executivo; palavras belas / belas palavras.
Embora identificar o núcleo do simtagma seja identificar o substantivo, é preciso reconhecer
a possibilidade de haver mais de um entendimento, nem sempre esclarecido pelo contexto e
sujeito as sutilezas da linguagem figurada.
Exemplos:
(1) Meu primo e apenas um honesto técnico.
[e tão aceitável entender técnico como núcleo e honesto como adjunto, quanto considerar
que honesto é o nucleo e técnico o adjunto.)
Ou seja: O primo é um tecmco que age com honestidade ou uma pessoa tecnicamente
honesta?
(2) Quando ante Deus vos mostrardes, / Tereis um livro na mão: / O livro — esse audaz
guerreiro / Que conquista o mundo inteiro / Sem nunca ter Waterloo.. (Castro Alves.
“O Livro ea America”)
[e tão aceitável entender guerreiro como nucleo e audaz como adjunto, quanto considerar
que audaz é o nucleo e guerreiro o adjunto.)
Ou seja: o vro e um guerreiro com audácia ou um audaz que guerreira?
“Substantivo: “palavra com que se nomeia um ser ou um objeto (substantivo concreto), uma ação, qualidade,
estado (substantivo abstrato), considerados separados dos seres ou objetos a que pertencem.” Adjetivo “pala-
vra que mochfica o substantivo, indicando qualidade, carater, modo de sei ou estado ” (Dicionario Aurélio)
Na Gramanca Descritiva do Português (São Paulo Ática, 1995 — 1º edição), Mario Perini tenta explicar por que
não aceita “a ideia corrente de que um adjetivo pode ser substantivado, ou vice-versa” (p 323).
* Neste livro, usamos o termo “sintagma” com a mesma acepção defendida por H Bussmann “Seguencia sintática
dotada de estrutura composta por elementos lingúisticos e formada por segmentação de sons, palavras, orações ou
mesmo frascs completas.” (Routledge Dichonary of Language and Linguistics London & New York: 1996, p. 472).
Brevíssima Introdução 7
Hrunções
1) As boas intenções -— sujeito (relaciona-se com o verbo “encher”, que com ele concorda);
2) As & boas — adjuntos adnominais (relacionam-se por marcação e por atribuição, res-
“ectivamente, com o substantivo “intenções”, núcleo do mesmo termo),
3) enchem — núcleo do predicado (verbo pessoal - porque tem sujeito —e transitivo direto
- porque tem objeto direto);
+) predosas— predicativo do sujeito, segundo núcleo do predicado (relaciona-se por atri-
“iuicão com o substantivo “intenções”, núcleo de outro termo);
5) os porôdes infernais - objeto direto (relaciona-se por regência com o verbo transitivo di-
“to “encher”);
5) os & infernais — adjuntos adnominais (relacionam-se por marcação e por atribuição,
espectivamente, com o substantivo “porões”, núcleo do mesmo termo).
8 SINTAXE
Classes
(1) Na infância [prep +subst ] — locução adverbial de tempo (relaciona-se por regência e
poi circunstância com o verbo “gostar” / não há um advérbio equivalente que a substitua);
(1a) Em-— preposição (liga o verbo “gostar” a seu complemento circunstancial, “mfância”);
(1b) a—artigo (relaciona-se por marcação de gênero e número com o substantivo “infância”);
(1c) imfância — substantivo (nucleo do sintagma nominal / adverbial “na infância”);
(2) eu — pronome pessoal reto (identificador, no discurso, da “pessoa que fala”);
(3) gostava — verbo (contém as marcas de modo, tempo, número e pessoa);
(4) com intensidade [prep +subst ] — locução adverbial de modo (relaciona-se por re-
gência e circunstância com o verbo “gostar” / pode ser substituída pelo advérbio “nten-
samente”);
(4a) com — preposição (liga o verbo “gostar” a seu complemento circunstancial, “in-
tensidade”);
(4b) intensidade
— substantivo (núcleo do sintagma nominal/adverbial “com intensidade”);
(5) de - preposição (liga o verbo “gostar” a seu complemento, “muntas coisas simples”);
(6) muntas - pronome indefinido (relaciona-se por atribuição não-qualificativa com o
substantivo “coisas”);
(7) coisas — substantivo (nucleo do sintagma nominal “de muitas coisas simples”);
(8) simples — adjetivo (relaciona-se por atribuição com o substantivo “coisas”).
Funções
(1) Na infância — adjunto adverbial de tempo (relaciona-se por regência e por circunstân-
cia com o verbo “gostar”);
(2) eu — sujeito (relaciona-se com o verbo “gostar”, que com ele concorda);
(3) gostava — núcleo do predicado (verbo pessoal — porque tem sujeito — e transitivo indi-
reto — porque tem objeto indireto);
(4) com intensidade — adjunto adverbial de modo (relaciona-se por regência e por circuns-
tância com o verbo “gostar”);
(5) de muitas coisas simples— objeto indireto (relaciona-se por regência com o verbo tran-
sitivo indireto “gostar”),
(6) muitas & simples — adjuntos adnominais (relacionam-se por atribuição com o subs-
tantivo “coisas”, núcleo do mesmo termo).
Conclusão
Embora seja possível reconhecer a classe gramatical fundamental das palavras — indepen-
dente de sua presença em frases, o estudo da morfossintaxe so se concretiza no momento
em que há a construção de um enunciado, isto é, A CONSTRUÇÃO DE UMA FRASE
2 No hvro Prato de Estilítica da Língua Portuguesa (Raio de Janeiro: Padrão, 1976 — I3 edição), de Gladstone
Chaves de Melo, o capitulo “A Arrumação das Palavras” e uma otima leitura em torno da expressividade e da
estilística da frase
Brevissima Introdução 9
Observando o relacionamento que as palavras destacadas mantêm com outras palavras da frase,
reconheça sua CLASSE GRAMATICAL.
a) Todos olhavam espantados para mim. (Martins Pena)
todos — espantados — para — mim
b) A imitação da dama tinha afrouxado muito (Machado de Assis)
irritação — da dama — tinha afrouxado — muito
c) O major sucumbira em poucos minutos. (Graciliano Ramos)
major — em minutos — poucos
2) Eo silêncio parrou de novo sobre ambos. (Gonçalves Dias)
silêncio — de novo — sobre ambos
=) A sala da casinha era simples e pequena, mas muito elegante. (Jose de Alencar)
sala — da casinha — simples — e — mas — elegante
Daservando o relacionamento que as palavras destacadas mantêm com outras palavras da frase,
centifique sua FUNÇÃO SINTATICA
E o rei pagou bem o carinho filial com que o Rio de Janeiro o recebeu (Lima Barreto)
o rei — bem — o carinho filial — filial - o Rio de Janeiro — o (ultimo)
= De repente escutou-se um choro horrivel de criança lã dentro (Mário de Andrade)
de repente — um choro horrivel de criança — um — horrível — de criança - lá dentro
No cais de pedra reconstruído ancoravam embarcações de recreio (Jose Lins do Rego)
no-cais de pedra reconstruído — de pedra — reconstruido — embarcações de recreio — de recreio
10 SINTAXE
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Brevissima Introdução 11
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Explique as possiveis diferenças de entendimento para o trecho em negrito Para cada uma das
interpretações, indique o vocabulo que esta sendo analisado como substantivo
CDHNAVE DE RESPOSTAS
1 -a) todos (pronome indefinido), espantados (adjetivo), para (preposição), mim (pronome pessoal oblíquo) // b)
irritação (substantivo), da dama (locução adjetiva), tinha afrouxado (locução verbal), murto (adverbio de intensi
dade) // c) major (substantivo) em minutos (locução adverbial de tempo ou de modo), poucos (pronome indefini
do) // d) silêncio (substantivo), de novo (locução adverbial de repetição ou de modo), sobre ambos (locução ad
verbial de lugar) // e) sala (substantivo) da casinha (locução adjetiva) simples (adjetivo), e (conjunção coordena-
tiva), mas (conjunção coordenativa), elegante (adjetivo)
2a) orei (sujeito simples), bem (adjunto adverbial de modo) o carinho filial (objeto direto) fihal (adjunto adno
minal), o Rio de Janeiro (sujeito simples), o =a ele (objeto direto) // b) de repente (adjunto adverbial de modo), um
choro horrivel de criança (sujeito simples), um, horrivel e de criança (adjuntos adnominais), tá dentro (adjunto ad-
verbial de lugar) // c) no cais de pedra reconstruído (adjunto adverbial de lugar), de pedra e reconstruido (adjun
tos adnominais), embarcações de recreio (sujeito simples), de recreio (adjunto adnomuinal) // d) apavorado (pre-
dicativo do sujeito), como o misterio (objeto indireto) // e) ontem (adjunto adverbial de tempo), um enterro (objeto
direto), no hotel (adjunto adverbial de lugar)
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o tolo ro adjetivo ro ninguém
! assim advérbio de modo tolo
. prezado ; adjetivo E colega :
das
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R DI RE uomenças
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' o ladrão — o Ê a adjetivo Ru O menor :
da vitima locução adjetiva t colega
= — Numa das interpretações, rico é o substantivo e gordinho e o adjetivo (quem me roubou o brotinho foi uma
-“5s0a com muito dinheiro, ligeiramente obesa) Na outra, gordinho e o substantivo e rico é o adjetivo (aqui toma
22 em sentido figurado, como sinônimo de belo, feliz)
cesca ço
asse
Parte ||
Estrutura da Oração
Não empregamos neste livro a palavra “cláusula” Clausula é uma unidade de significado que pode ter qual-
« uer estruturação interna — diferente de “oração”, que necessariamente deve apresentar um verbo. A “clausu-
- Ocorre no estrato funcional correspondente as funções “comentario” e “comentado”, como em “Com toda
-erteza, O professor virá” (o comentario e “com toda certeza”, o comentado é “o professor vira”). Nesse tre-
“o, ha duas cláusulas, mas apenas uma oração, pois so ha um verbo. Entendemos que essa palavra interessa
nais como um contraponto nomendlatural do que como um conceito util no âmbito do ensimo e da descrição
“tumatical
16 SINTAXE
revelado (o verbo na voz passiva). E assim sucessivamente com todos os termos da oração,
pois cada um deles so tem a classificação que tem porque possui uma relação com outro
termo-—e cada uma dessas relações c única, e por 1sso são dez os termos da oração (onze, se
contarmos com o vocativo).
A sintaxe tem duas parceiras especiais. Uma é a semântica, a ciência do significado.
Afinal, o entendimento de uma frase depende da sua estrutura e das sutilezas que envol-
vem a construção do sentido. Outra é a estilística (a ciência da expressividade), pois com-
pete ao autor da frase fazer as escolhas sobre como será sua organização, a partir do reper-
torio que a língua Jhe oferece.
Entretanto, para o estudo da sintaxe do português, há um pre-requisto Sintaxe c
morfologia são assuntos interligados. Ter um bom conhecimento acerca das classes de pa-
lavras e fundamental para entender a estrutura de uma oração e de um período. Lembre-
mo-nos, por exemplo, que estudamos verbos, substantivos, adjetivos e advérbios nos li-
vros e aulas de morfologia — suas flexões, significações, desempenhos — e que, agora, estu-
daremos o verbo como elemento central da oração; o substantivo como núcleo de um ter-
mo; o adjetivo como um elemento periférico ou atributivo de outro; o adverbio como um
determinante sobretudo dos verbos.
Com isso, queremos enfatizar que o conteúdo aprendido nos estudos de morfologia
precisa estar sedimentado para o que se coloca diante do estudante de sintaxe. Reiteramos,
enfim, a convicção de que é a competência discursiva ou textual que caracteriza o saber ex-
pressivo de que fala Eugenio Coseriu
Um texto deve ter uma adequação gramatical compatível com as pretensões e intuitos
de seu autor, que — se assim julgar pertinente — procurará atingir o nível de exigência da
linguagem padrão praticada por escrito pela comunidade culta em se insere.
Adequação Sintática &
Adequação Semântica
1º) Há quase 40 palavras entre o sujeito Jose da P. Santos e o predicado dará autógrafos Esse
distanciamento tira a objetividade do trecho e prejudica a compreensão da mensagem.
2º) A sequência antecipada de expressões entre virgulas nesse mesmo trecho é madequa-
da, pois mistura elementos de função diferente, a saber:
— “depois de ter ultrapassado o portico de um século de idade” refere-se ao sujeito, mas a
data que vem a seguir não é a do seu aniversário;
— a cadeia “no proximo dia 18 de junho, 98”, “a partir das 18h30” e “na LIVRARIA
CULTURA” refere-se circunstancialmente ao sintagma “dará autografos”, e o número 98
entre vírgulas é supérfluo pois o texto já usara “próximo dia 18 de junho” (de 1998 — é cla-
ro!);
— “Av. Paulista, 2073, Conjunto Nacional” identifica uma circunstância de “Livraria Cul-
tura”, por meio da idéia implicita de localização;
— “a quem o honrar com a sua presença” complementa o verbo “dar”.
3º) À expressão causal “pois se a edição (...) de todos os tempos”, que encerra o primeiro
parágrafo, é mal construida porque:
— o sujeito (com a palavra “edição” subentendida) está depois do verbo e há dois numerais
seguidos (o primeiro com a palavra “páginas” subentendida);
— entre a palavra “pois” e o restante da expressão causal foi inserida uma oração condicio-
nal com apenas a virgula da direita (toda inversão de oração circunstancial deve ser mar-
cada por duas vírgulas)
— o emprego desnecessário da preposição “por” (o correto seria: “propagar esta obra não é O
vaidade do autor”);
— a oração adversativa “mas cumpre o sagrado dever...” não da sequência ao trecho ante-
rior (ou seja: propagar esta obra não é vaidade — verbo de ligação + substantivo —, mas
cumpre — verbo transitivo?) = a coesão se daria se estivesse assim: “propagar esta obra não
é vaidade do autor, mas é o cumprimento do sagrado dever de” Ze]
Pa
Se o redator do anúncio tivesse observado a ordem das palavras nas frases e considera- laç
do a hierarquização das informações, teria produzido um texto mais objetivo e claro Um co
dos resultados poderia ser:
Conjunto Nacional), a quem o honrar com a sua presença Muito ampliada, tem esta
edição 860 paginas e 4.278 pensamentos dos maiores homens de todos os tempos, en-
quanto a 3º tinha 526 páginas.
Propagar esta obra não é vaidade do autor, mas o cumprimento do sagrado dever de
levar a desencantados corações o encanto de viver, conforme afirma o eminente
economista HENRY MAKSOUD: “O livro Conhecimento e Ventura está entre aque-
les que se deve ter à mão como recurso nos momentos em que falta a esperança e os
problemas parecem intransponíveis. José da Penha Santos nos oferece a ponte sóli-
da e amiga”.
tssim, falar em adequação sintática significa falar em “bom senso e critério nas esco-
« sntáticas”, tanto no âmbito da frase como no âmbito do parágrafo e do texto. E tudo
- «a com o conceito de “ordem direta”, que em português é: SUJEITO + VERBO +
““PLEMENTOS Também é “ordem direta” colocar os modificadores (adjetivos e ad-
nos) depois dos modificados. Entretanto, é preciso lembrar: ordem direta não quer di-
ordem obrigatória. É o que as três frases seguintes comprovam.
1 1m-se por...
e sabemos, não há oração sem verbo. Assim, o primeiro ponto a ser estudado é o
que classifica o verbo em seus aspectos sintáticos de concordância e de regência.
OQ verbo relaciona-se com o sujeito num mecanismo de concordância, Isto é, sujeito e
«tbo concordam em número e pessoa, Cabe aqui um lembrete de pontuação”: numa fra-
«e escrita na ordem direta, nunca separamos o sujeito e o verbo por vírgula.
zxemplo:
— Os soldados romanos invadiram Jerusalém.
sujeito P6 verbo P6
= tuação e um “sistema de reforço da escrita, constituido de sais sintaticos, desunados a organizar as rela
«st a proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas Esses sais também participam de todas
“ rivóes da smtaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas ” À definição e de Nina Catach (IT a Pontuacton.
-» PUF, 1994),
“»» distinção entre regência e concordância, se for tomada apenas semanticamente, podera confundir am-
- Aqui, a distinção que se faz é de natureza sintatica. Hjelmslev, em “A Noção da Recção” (p 163), afirma
-. à pramatica estabeleceu “erradamente uma diferença essencial entre a recção e a concordância”
22 SINTAXE
Exemplos:
- Encontraremos averdade na Bíblia Sagrada
verbo complemento — circunstância
=xem
— Os cidadãos entregaram suas casas aos Invasores.
verbo — complemento complemento
O terceiro tipo de relação que o verbo pode manter numa oração é a de elemento me-
diador (uma marca de ligação) entre o sujeito (termo A) e a qualificação do sujeito (termo
B). Por isso, cabe tambem repetir o lembrete de pontuação. numa frase escrita na ordem
direta, nunca separamos sujeito, verbo e predicativo por vírgula.
Exemplos:
- elhor ataque seria a melhor defesa?
sujeito verbo predicativo
(temo A) de ligação (termo B)
Exemplos:
— Nossa vida era um
marde rosas. — de ligação
sujeito predicativo
(termo A) (termo B)
* Alguns autores preferem chama-los de verbos predicativos ou copulativos, terminologia adotada por exem-
plo no Dicionario Aurého, porém não contemplada pela NGB
Predicação verbal 23
- Nerbos de ação podem ser. transitivos (se houver complemento não-cir cunstancial)
a intransitivos (se não houver complemento).
cxemplos: :
— À ponte política ligará os dois estados — transitivo direto
objeto direto
le- — O inverno trará mais abandono aos pobres. — trans. direto e indireto
no objeto direto | objeto indireto
E bem verdade que essa classificação não chega a satisfazer, o que explica a presença em diver-
sas obras de termos como veibo transitivo relatrvo, verbo transitrvo circunstancial, verbo br-
transitivo, verbo brrrelativo, verbo pronomnal e verbo transobjetivo
lais subdivisões terminológicas, embora pertinentes para a discussão, sobretudo nas turmas
mais adiantadas dos cursos superiores de Letras, quase sempie não são recomendaveis no
ambito da escola de nivel médio — alvo da NGB, concluída cm 1958
Observemos alguns Exemplos:
di-
Transitivo relativo > Assistir a uma partida. (= Assistir a ela.)
Transitivo circunstancial (ou transitivo adverbiado) + Vou a praia Voltarei para casa. À obra
demorara dez dias (Tais estruturas remetem a construções latinas com acusativo )
Bitransttivo > Denunciaremos essa trama ao povo.
Brrrelativo > A felicidade resultou-lhe do casamento
Pronomnal > Depois da chacina, suicidou-se
Transobpetivo > Achei os novos vizinhos muito simpáticos. / A torcida chamava-o simples-
mente “Galinho”. / O sofrimento faz os homens mais humildes.
OBSERVAÇÕES
b) Eis mais alguns nomes que já foram ou ainda são empregados em torno do estudo dos
verbos: auxiliar, biobjetivo, causativo, copulativo, depoente, desiderativo, desitivo, deter-
minativo, diminutivo, ergativo, estativo, factitivo, frequentativo, imitativo, mativo, in-
coativo, intensivo, iterativo, lexical, medio-passivo, modal, opinativo, passivo, reciproco,
reflexivo, relativo, semi-auxihar, substantivo, transitivo-predicativo, vicário, volitivo...
c) A fim de contornai o entendimento mais semântico do que sintático que cerca a com-
preensão da transitividade verbal, poderíamos utiliza: a denominação “verbos objetivos”
(os que tém objeto direto e/ou indireto) e “verbos inobjetivos” (os que não ostém). Óbvio
que essa mudança em muito pouco resultaria, pois adiante teríamos de voltar aos criterios
semânticos para distngun certos complementos-objetivos de outros complemen- nt Va
tos-mobyetivos. Zah.
Pregicaças verhal
ts
a
recomendável cautela na analise do verbo, que esta vinculada a seu significado ou em-
- o na frase, onde sua predicação se torna evidente. Não podemos nos esquecer de que a
= fa/ parte do sistema da Imgua e que 50 0 conhecimento idiomatico de cada falante irá
“to capaz de reconhecer essa predicação !t
«mplos:
1) Comi carne. 3 VID
2) Hoje ainda não comi. "VI
(9) Já entendi. + VI
(10) Não entendi nada > VTD
+ eres outem” Transitividade c Intransitividade , no livro Iniciação a Sinta do Portugies (Rio de Janeiro
nur 1993-4 UV edição e de 1990), de Jose Carlos de Azeredo, p 75 7
2)
Sujeito, Predicado
& Predicativo
«emplos:
Nós estudamos com determinação. — claro
(nos) Estudamos com determinação. > oculto!
vemplos:
Tudo é/são tnstezas,
Isso é/ são bobagens
(pronome indefinido ou demonstrativo + verbo ser)
"onsideramos irrelevante estabelecer disunção com os casos em que a dessmencia numero pessoal é zc10,
to penas a Pl ca P3 de alguns tempos verbais Não se entenda pois, que ssnoninzamos as expressoes
“to simples (oculto) e sujeito desmencial — optamos pela simplificação terminologica
28 SINTAXE
Jamos neste outro exemplo, de Origenes Lessa, em “A Greve das Bolas”, um caso de silepse
de o plural ideologico prevalece sobre o singular gramatical,
Tive à melhor impressão daquela gente Bom gosto mostrava... Mas que esperavam de
mim? Que trabalho me dariam? '
“este outro, de Antonio Soares Amora, em [istoria da Literatura Brasilerra, um caso con-
19 de silepse, onde o smgular ideologico prevalece sobre o plural gramatical:
b) Sujeito Composto:
Exemplos:
Os políticose o povo têm interesses diferentes?
Daqui a pouco aparecerão os barcos e os juizes.
Obs.: Também aqui, em alguns casos, a concordância se dá de modo especial (por ra-
70es semânticas) ou opcional (pela proximidade de algum vocábulo com o verbo):
Exemplos:
Ainda não chegaram/chegou o síndico e o porteiro.
(posposto ao verbo)
Cada folha, cada livro e cada documento virou almmento para as traças.
(com nucleos iniciados com cada)
Pp
Exemplos:
(2) Inventaram muitas mentiras sobre nos. (verbo na P6)
(?) Ainda falam assim de nos dois, e ? (verbo na P6)
(2) Sonha-se com um pais vitorioso e feliz. (verbo na P3 + SE)
(2) Por ali não se pensava em mais nada. (verbo na P3 + SE)
Exemplo:
VPPronominal: Alugam-se boas casas. — verbo - pronome apassivador
VPVerbal. Boas casas são alugadas. — verbo sei + particípio
Não e raro encontrar-se exemplo em que o verbo transitivo direto acompanhado de SF fica
no singular, apesar da presença de termo plural. Talocorrencia pode ser atribuida aos seguin-
tes fatos primeiro, a supremacia da intenção indeterminadora, segundo, anão contiguidade |
do verbo com o complemento
Noartigo “Padrões E rasais do Português”, publicado em A Obra de Olimar Guterres da Sil-
vera (Rio de Janeiro, Metáfora, 1996. p 42-7 —transerito dos anais do 6º Congresso Brast-
lero de Eingua e Leteratina, Rio de Janeiro. Gernasa, 1975), o autor exclui a chamada
“passiva retlexa”, de herança latina, e esclarece por que prefere considerar nessa estrutura
a indeterminação do sujeito É a manutenção dos ensinamentos de M. Said Ali, que no ca-
pítulo “O Pronome SE” (cf. Dificuldades da Lingua Portuguesa. Rio de Janeno: Acadêmi-
ca, 1966—a Il edição v de 1908) faz minuciosa argumentação contra a interpretação de al-
guns gramáticos a respeito da função apassivadora do SE. Theodoro Henrique Maurer Jr.
discorda desse ponto de vista e discorre sobre o valor passivo do SE, mecanismo encon-
travel em outras línguas romanicas, inclusive no romeno (cf “A Propósito da Evolução
Semantica do Pronome SL em Portugues ”,imn Dois Problemas da Lingua Portuguesa São
Paulo. USP, 1951 - Boletim nº 128 da Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras). Jose Le
mos Monteiro expressa a mesma opiniao no capítulo “A Questão do SL” (Pronomes Pes
soais kortaleza: LUIC, 1994 — Ii edição)
E Walmrio Macedo, em sua Charmatca du Einqua Portuguesa (Rio de Janeiro Presença, 1991 = Ttudicao), cita
um tipo misto de sujento simples e indeterminado” Seria o caso de estrutura com pronome indefinido como
sujeito (Exemplo: Alguem chegou ), classificação que preferimos nao adotar porque consideramos as duas
denominações mutuamente excludentes
Sujeito Predicado & Predicativo 33
De acordo com a matoria das gramaticas normativas, na lingua padrão o verbo con-
di com o termo que a giamatica aponta como sujéito No entanto, quando o apassiva-
iompanha verbo no mfimtivo, embora à regra de concordância permaneça, “aqui e
“ ons esentores derxam escapar exemplos com o imfimtivo sem flexão” (TH. Bechara,
2, p. 363). Ao que acrescentamos: e nao apenas com o mfinitivo..
Yejamos como 1sso se dá nos Lrechos abaixo: o primeiro, colhido na MGP, de Camilo
s «lo Branco; o segundo, de Machado de Assis, escrito a proposito das cnticas recebidas
"st de Alencar no lançamento de baceria, um outro, do Visconde de Taunay, extrai-
estas Reminiscências, quando comenta a leitura publica que se fazia em São Paulo do
“v Drario do Rio de Janeiro com os tolhetimns do tomance O Guarani, o ultimo, de Mario
1 numa nota expheativa de sua Gramatica Descritiva do Portugues.
pasta ver O que este bom povo e para se avaliar as excelências de quem os educou
+ Cabera a coreção (2) pera se avaliarem as excelências de
Quco autor de Iracema não esmoreça, mesmo a despeito da indiferença publica; o seu
1ome hterario escreve-se hoje com letras anntilantes (...). Espera-se dele outros poe-
mas em prosa. Poema lhe chamamos a este, sem curar de saber se c antes uma lenda, se
um romance: o tuturo chamar-lhe-á obra-prima.
> Caberia a coreção (2) Fsperam se dele outros poemas em prosa
tomo se vê, a novidade consiste em se definir vários tipos de objeto direto topicah-
zado ou não, clítico ou não.
— Caberia a correcção (?).. conste em se definem varios tipos de ..
emplos
“) Dorme-se melhor numa cama bem macia.
PiS 5 overbo e mtiansitivo
Vittono Bergo, em seu Pequeno Dicionario Brasiletro de Gramática Portuguesa (Rio de Janei-
ro: Francisco Alves, 1986, p. 27), asssm define o verbete apassivador: “Pronome reflexivo,
que tem a função de apassivar a voz do verbo. Exemplo: Batizer-me na infância (fui batizado);
privaste-te da liberdade (ficaste privado), alugam-se casas (casas são alugadas); engana-
mo-nos com as promessas (fomos enganados) *
Mas, afinal, têm mesmo esses pronomes uma função apassivadora? No livro Português
Instrumental (Rio de Janeiro: Editora Rio, 1977, p. 95— 12 edição), de Jose Ricardo da S Rosa
et ali, tais pronomes assim se classificam. Segundo Mattoso Câmara (DLG, p 56), o que
ocorre nessas construções e “uma voz medial dinâmica, onde o sujeito e linguisticamente vis-
to como o ponto de partida da açao que o tem como centio” A prevalecer tal opimão, tais
construções seriam exemplos de voz reflexiva, um dos aspectos da chamada vos medial, de-
nominação não amparada pela NGB Manuc] P Ribeiro, em sua Gramatica Aplicada da Lim-
gua Portuguesa (Rio de Janeiro: Metatora, 2007 — a 1º edição e de 1976), menciona as tres situa-
Sujeito, Predicado & Predicativo 35
emplos:
()) Choveu ontem em nossa horta.
(3) Venta muito lá fora ?
fenômenos da natureza
[Em sentido figurado, esses verbos se constroem com sujeito: Os excurstonistas anoitece-
ram no meio da floresta; major
O chovia a cântaros (M de Assis)]
Na forma prestigiada da ingua oral, o verbo ter (empregado com aacepção de exasttr, acon-
«1 ou indicando tempo decorrido) também e impessoal. Entretanto, seu uso na língua és-
sa formal ainda é ser visto com alguma reserva
xemplos:
“ha horas em que eu ficava com raiva de tudo.
tNer quinze minutos que cle saiu daqui, e muito.
“a hustória de nossa língua, algumas são as interferências do verbo ter sobre o verbo haver:
- “avia falado > umha falado (como auxiliar dos tempos compostos),
cr de vencer > tenho de vencer (como auxihar aspectual, modal, da locução);
- «1 por bem > tenho por bem (no sentido de considerar);
=obre a origem do emprego de ter por haver como impessoal, talvez seja possivel alegar
* contaminação sintática entre as duas construções, por proximidade semântica:
emplos:
casa há três quartos + A casa tem três quartos = Na casa tem três quartos.
Nas locuções verbais, o verbo auxiltar rep esentara à impessoalidade do verbo princi-
pal, isto e, ficata na P3 por ele (ou na P6, eventualmente, com o verbo SER).!*
Ixemplos.
» Sema preposição basta e chega podem ser nterjeiçoes Exemplos * Por que bebes tanto assim rapaz? Chega
ja « demais" (Rubens Soares é Nodl Rosa) “Ja me nao amas? Basta! (Olavo Bilac)
VU Mais adiante, quando focahizarmos a estrutura do periodo, trataremos das locucões verbais portuguesas nos
aspectos mas condizentes com a sintaxe
Sujeito, Predicado & Predicativo 37
Restrições lógicas à expressão — se imexiste, como e sujeito ? - devem ser debitadas a excessos
filosoficos (e baratos ) Melhor seria chamar de sujeito zero, O que estaria mais de acordo '
«om a modernidade terminologica A NGB preferiu “oração sem sujeito” A NGP de 1967
mencionava “a existência de orações sem sujeito”, a de 2000 não toca no assunto, embora
mda inclua o item “verbos impessoais”
Eis PN ! sim sm
>= — = — dera - - 4 — -==20 0000000000
. Pv não 1 não 1
1
PVN I
não 1
1
sim :
emplos:
As pessoas românticas ficarão emocionadas. (PN)
= Nossos atacantes sempre fizeram muitos gols. (PV)
Não necessitamos de atitudes intempestivas (PV)
discussao sobre outras possibildades de classtficação do predicado como termo da oração não esta entre
netivos deste livro Consulte se a respeito É Bechara (MGP) c] € Azeredo (LGP)
38 SINTAXE
p=-=— ===> com caia a me mei o o a, e pi a e fi a mi pi mi im 1
Observemos as frases:
| Seria mais pratico dizer que o predicativoé um termo que tem a função específica de “qualifi- |!
| cai” outro. Ao citarem apenas o sujeito e o objeto direto como termos qualificáveis pelo pre-
: dicativo, a NGB e as gramáticas tratam parcialmente de sua potencialidade. No caso dos pre-
dicados verbo-nominais (ou mistos) o que ocorie e a fusão, numa so oração, de duas estrutu-
ras subjacentes.
A explicação é de ordem semântica. Sintaticamente, analisa-se a frase como o falante a enun-
ciou. Já afirmava M. Said Ah, em sua Gramatica Histórica da Língua Portuguesa (Rio de Janei-
ro: Acadêmica, 1971, p. 174-—a Ii edição com esse título é de 1931): “não se deve desmembrar
em muitos termos aquilo que o espírito, cm sua concepção sintética, expressou em dois ele-
mentos apenas”,
Exemplos:
termo À 4 termo B
As belas senhoras escutavam interessadas o discurso do candidato.
lou seja: As belas senhoras estavam interessadas enquanto escutavam o discurso |]
— interessadas (termo B) é predicativo do nucleo do sujeito, senhoras (termo A)
1 Fncontra-se em alguns livros o esclarecimento de que o unico caso de predicativo do objeto indireto co que
ocorre com o verbo chamar em frases do tipo “Chama-lhe (de) tolo” Cf a Gramatia do Português Contem-
poraneo (Belo Horizonte Bernardo Alvares, 1970 - 1!cd ,p 103), de Celso Cunha, ou as Novas Lições de Ana-
lise Sintatica (Rio de Janeiro Nova Frontera, 1985,p 27 —a 1º edição e de 1961, Fdit Fundo de Cultura), de
Adriano da Gama Kury
Sujeito, Predicado & Predicativo 39
termo À «termo B
Não saio com você desarrumada.
'ou seja: Não saio como você quando você está desarrumada]
— desarrumada (termo B) epredicativo do núcleo do adjunto adverbial de companhia, você
(termo A)
termo À <-termo B
— “Não deixarei que tirem retrato de mim nua” — declarou a atriz global.
ou seja. Não deixare que tirem um retrato de mim quando eu estiver nua]
> nua (termo B) é predicativo do núcleo do adjunto adnominal, mim (termo A).
37a
Observando os mecanismos de concordância verbal, complete as lacunas com a(s) forma(s) ade-
quada(s), segundo o padrão de linguagem Depois, esclareça o(s) tipo(s) de concordância adota-
fu
do(s).
PY
'
2, Num verso de Camões em Os Lusradas, lê-se “Eram tudo memortas de alegria” Comente se a 8
concordância do verbo “ser” com “memorias” e não com o sujeito pode ser chamada “atrativa”, le
vando em conta que a ordem inversa afastou o predicativo do verbo
Carlos Heitor Cony, em crônica publicada em 2006, assim se referiu a Lygia Fagundes Telles.
“Não sou apenas eu que somos apaixonados por ela ”
Como explicar a concordância de “somos”?
Marque com um X as orações cujo predicado e verbo-nominal, justificando sua resposta com um
desdobramento da estrutura em um periodo de duas orações (uma de predicado nominal e outra
de predicado verbal) Caso não seja exemplo de predicado verbo nominal, classifique o
a ( ) Em 1990, conquistei de forma emocionada o coração de uma colega de turma
b ( ) Eu vim intensa e apaixonadamente aquele romance
c ( ) Alguns meses depois, ela me deixou sozinho com a minha dor.
d. ( ) Nunca mais fu tão feliz de novo
e ( ) Anos depois, reencontrei a casada com um antigo colega de infância
f ( ) Apesar das marcas do tempo, ela continuava linda
g ( ) Pela intervenção do destino, sem nada premeditado, viramos amantes
h ( ) No semestre passado, seu marido veio a falecer num acidente de carro €
1 ( ) Agora estamos assumindo, ainda meio constrangidos, nosso relacionamento.
1 ( ) Entregamos nossa história em suas mãos a espera de um julgamento
k ( ) Talvez alguem gostasse mais de nos infelizes 1C
É paid À
10 Observe a concordância verbal nos trechos abaixo, cujo sujeito contem expressão de percen-
tagem
— 70% de nossa população não sabem ler
— 30% dos individuos residentes neste pais podem ler
— 9% não lêem letra de mão
— Os 30% restantes nos ouvem
Considerando essa lição gramatical, pode se concluir que tambem estaria adequada a cons-
trução
ER CR EM RCE
1 a) seram ATRAT, b) ficaram GRAM / ficamos IDEO, c) (todas servem experimentamos AFET, demais GRAM),
d) (todas servem, nesta ordem ATRAT,IDEO e GRAM, 6) receberá GRAM, f) fazia GRAM, 9) poderá GRAM, h)
fazem GRAM,|) passava GRAM,|) hão GRAM, k) tratava GRAM, |) (ambas servem GRAMe ATRAT), m) compre:
endeu GRAM, n) publicará GRAM, 0) (ambas servem GRAM e ATRAT), p) a GRAM
2 Aconcordância é atrativa não apenas quando há proximidade entre o verbo “ser” e o predicativo, mas quando
este termo exerce influência sobre a flexão daquele verbo É o que ocorre no verso de Camões
3 A concordância fo feita por silepse, revelando o desejo de Cony de incluir os leitores na paixão por Lygia O
uso é original, em especial porque a forma “somos” está precedida de um relativo cujo antecedente é “eu”
4 São casos de PVN as frases C (= ela me deixou e eu figuei sozinho), E (reencontrei a quando ela estava ca-
sada) | (estamos assumindo , embora ainda estejamos meio contrangidos) e K (alguém gostasse mais que
estivessemos infelizes) Há PV nas frases A, B,HeJ Há PNnasfrasesD, Fe G
S Amanhã faz dez anos que nos conhecemos, meu amor À forma verbal continua a mesma, porque “fazer” indi-
cando tempo decorrido, e impessoal
6 BloseérPIS)
8 Na primeira parte do periodo, o redator usa a P1 (“eu aprendi”) mas no trecho final muda para a P3 (“não se me
ter”) A frase e usada como depoimento de uma tunsta e devia estar escnta toda em primeira pessoa
9 O sujeito do segundo periodo e identificado como Castro Alves por uma coerência discursiva, já que essa in
formação esta no periodo anterior No entanto também há equivalência morfossintática, sem a qual a coerência
discursiva não seria possivel
10 A
c)
d)
e)
g)
AM
Objeto Direto
& Objeto Indireto
ndi
eve
encia
4) Diversos políticos prometem o fim da miséria.
o fim da miséria = OBJETO DIRETO
Os eleitores só gostam de pohticos demagogos?
de políticos demagogos = OBJETO INDIRETO
As urnas mostrarão a verdade aos politicos.
a verdade = OBJETO DIRETO
aos políticos = OBJETO INDIRETO
d) Nas horas de dificuldade, só consultavam a mim.
a mim = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
[obrigatorio— por impedimento sintático: não ha pronome obliquo tônico sem preposição.|
rm
Essas medidas beneficiarão a todos.
tema
a todos = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
[tacultativo — por estilo. pronomes indefinidos admitem a presença de preposição. ]
Os filhotes iam comendo do prato da própria mãe.
do prato da mãe = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
[facultativo — por intenção partitiva |
Os bravos soldados cumpriram com o seu dever.
com o seu dever = OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
[facultativo — por estilo |
[Nestes casos de acrescimo de sentido a um verbo transitivo direto, exemplos ck, as preposições
podem ser chamadas de posverbro, termo usado por Antenor Nascentes, |?
Sonhei que estava sonhando um sonho sonhado.
tp
um sonho sonhado = OBJETO DIRETO INTERNO
ol
Icognato. objeto e verbo, alem da identificação semântica, têm o mesmo radical.
es
Meus filhos dormiam um sono tranquilo.
o
um sono tranquilo = OBJETO DIRETO INTERNO
[não-cognato: objeto e verbo têm apenas identificação semântica. |
Os meus votos, os derrotados pretendem anula-los
os meus votos = OBJETO DIRETO.
los = OBJETO DIRETO PLEONÁSTICO
[A 1epetição, neste caso e ordem, é enfatica, e não deve ser considerada viciosa.| os
Tom Jobim e Vinícius de Moraes, em “Ela É Carioca”, escreveram. “Ela é meu amor, só me vê a
mum, a mim que vivi para encontiai na luz do seu olhar a paz que sonhei.” O objeto pleonástico r)
com pronomes de primeira pessoa é o que tem mais uso no português
-xemplos,
“ fim do mundo, sou capaz de ir com você ate lá, (ate lá desempenha a função de adjunto
idverbial pleonastico)
-semplos' 1
Cas “s tiranos, e preciso acabar com eles. ANACOLUTO (os tiranos não se relaciona sintatica-
nente com nenhuma palavra da oração; a relação e semântica — falta a preposição com!)
“om os tiranos, e preciso acabar com eles PLEONASMO (cor os tiranos é objeto indireto de
rabar e com eles é o objeto pleonástico)
» tiranos, e preciso destruí-los PLEONASMO (os tiranos é objeto direto de destrun elosco
“jeto pleonastico)
O emprego do pronome oblíquo com essa intenção só se dá coma Plea P4 Nas demais pes-
delc=slDlSoDD== o Do
s0as, o pronome e o verbo comcidem (e por isso são chamados palavras ou partículas de real-
ce). Diriamos que, na P2 e na P5, tambem podem mdicar “desimteresse” (v. frases abaixo, de
Fernando Namora em O Trigo e o Joro), mas o melhor seria não os classificar - em nenhum
dos casos - como objeto (e sim como adjunto adverbial), pois não desempenham essa função
e so recebem essa denominação por remeterem ao dativo cuco ou de proveito do Laum.
=
Exemplos:
Some- te daqui ingrato Vai-te daqui com a tua burra. Deixa-te de lerias e acaba com isso.
o.
D:
O,
m
mM
9
2
n
“e
z
>
q
m
>
E
z
<
n
a
O estudo da Regência Verbal é muito importante para frisar que o uso culto contem-
porâneo contraria os hábitos da língua padrão. É preciso, no entanto, reconhecer que o as-
sunto “regência” está vinculado ao assunto “preposições”, o que nos permite frisar dois
pontos preliminares:
O primeiro para lembrar que, nos verbos, a regência envolve uma relação sintática da
qual a preposição pode participar ou não. Nos nomes, diferentemente, só há regência
quando há preposição.
Exemplos:
O astronauta pisou o solo natal.
—> o VTD “rege” complemento sem preposição: objeto direto
C.P. Luft (DRV) lembra que “este sentido (calcar) e esta regência (TD) se compreendem tra-
tando-se de coisa pequena, como nozes, amêndoas, uma peça do vestuario, etc.” E acrescenta
gue o solo, por ser “extensão maior que não pode ser totalmente abrangida, dava idéia de espa-
ço a percorrer, estrada onde se caminhe.” Segundo ele, isso explica o aparecimento da preposi-
ção em: “. pode saber em que terreno pisa” (Machado); “Piser-o sem querer. Pises nele”
Jucá). Luft, que cita Antenor Nascentes (PR), informa ainda que “esse pisar em x, em vez do
primitivo pisar a, também aparece em Gregório de Matos, Vieira (pisamos nessas sepulturas),
Castilho, Camilo e Rebelo da Silva.” Vê-se por essas palavras que a regência do verbo pisar,
conforme o conteúdo pretendido, pode ser com ou sem a preposição em, admitindo-se a possi-
bilidade de expansão da ideia de “calcar”.
Um hvro de
Matemática talvez seja a solução.
> o substantivo livro “rege” a preposição de: adjunto adnomunal
Objeto Direto & Objeto Indireto 47
O segundo para dizer que a presença de uma preposição não marca necessariamente
-—-vmeulo de “regência”, pois há preposições cujo papel é ser mero participante de locu-
«> sem nenhum vinculo com um termo “regente”.
«emplos:
Ela gosta de você.
> gostar e VTL e “rege” a preposição de (quem gosta, gosta de )
Os s9]=
A mãe agradava o filho. VTD (= acariciar, mimar, contentar)
Não me agradei desse livro VTDI (= gostar, comprazer-se)
Obs.. No sentido de “satisfazer” exige a preposição a (e, em consequência, rejeita a construção
na voz passiva). À ingua padrão desabona as estruturas “Sua voz agradava o público” /“O pu
blico era agradado por sua voz” (a primeira delas cada vez mais adotada, inclusive cem registros
profisssonais)
“Caberia tambem lembrar que a palavra “casa”, sinônima de “o proprio lar”, dispensa o artigo, o que não se
aplica ao substantivo “domiaho” A reconstrução da expressão, portanto, não levaria a “entregas em domici
lo”, mas à “entregas no dommcilo”
48 SINTAXE
8) Aviso/Informo-lhe o problema.
Aviso/Informo-o do problema. VTDI (= dar notícia, contar)
Obs.: Nos verbos que indicam a comunicação de algo a alguém, a língua padrão de rigor aca-
dêmico só abona a inversão dos objetos de “coisa” e “pessoa” com avisare mformar, não admi-
tindo que a mesma inversão se dé com outros verbos desse mesmo campo semântico.
— tém OD de “coisa” e OI de “pessoa”: anunciar, comunicar, contar, divulgar, dizer, expor,
histortar, narrar, noticiar, participar, relatar, transmutir.
Exemplo: (verbo) + sua demissão + ao professor.
— têm OD de “pessoa” e OI de “coisa”: cientificar, prevenir
Exemplo: (verbo) 4 o professor + de sua demissão.
Obs.: A língua padrão de rigor acadêmico rejeita a construção com em: “Eu cheguei cedo no
UE
2 Noartigo “O Verbo Avisar e Seus Aparentados” (Na Ponta da Lingua, v 4, p. 40-2), comento particularida-
des da regéncia desses verbos
Objeto brcto & Objcro Indirero 49
da lingua hteraria) ,
mi
2h
—
Lle (se) demorou em/a sair. VTI (pronominal) — oracão (= levar tempo)
=
Esqueci (-me de) seu aniversário VTD ou VTI pronominal (= não lembrar)
CIO
Esqueceu-me o seu aniversanto, VTI (= can no esquecimento)
EUs
Obs.: À construção “Esquea do seu aniversário” (sem o pronome, com a preposição) e resul-
tante de cruzamento sintalico e tem uso frequente na lingua literana Os verbos (relem-
brar(-se) e recordar(-»e) tm a mesma regencia
1)
bli-
So ela faltava aos encontros VTI (= deixar de comparecer)
Ne
es
nd»
Só me faltava morrer por cla VTI (= restar)
Obs.. A lingua padrão de rigor academico rejeita a construção como aumilia de locução verbal
“Eu só faltes morrer por ela” (admissível no registro coloquial ou em muitos contextos da Im
gua literaria).
ÇA
OBSERVAÇÕES
a) Verbos cujo objeto indireto não se refira a “pessoa” não podem ser acompanhados de
pronome pessoal oblíquo átono. À recíproca, porem, não e verdadeira: so cabe a equi-
valência por “lhe/lhes” quando, além disso, há a preposição “a” (ou as vezes “para”).
Objeto Direto & Objeto Indireto 51
Exemplos:
(1) Sobre os jogos do Brasil, assisti a eles com muito nervosismo
— não equivale a Assisti-lhes...
(2) Esperei muito pelo sorteio, mas só procederam a ele após eu ir embora.
— não equivale a procederam-lhe...
(3) Ninguém gostava daquela mulher porque ela era muito inconveniente
> não eguivale a gostava-lhe...
(4) Você já sonhou com alguma cantora de rock cantando um tango?
> não equivale a sonhou-lhe...
(5) É melhor entregar logo essa caixa de chocolates para sua namorada.
> sim, equivale a entregar-lhe...
2111
(8) A moça não será contratada, haja vista ao / do seu desempenho na prova oral.
= invariavel, com preposição: construção em desuso no português contemporâneo.
“ato
..U
(9) A moça não sera contratada, hajam vista os seus desafetos na empresa
— variação do verbo: construção em desuso no português contemporâneo.
(10) A moça não será contratada, haja visto(s) o(s) seu(s) desafeto(s) na empresa.
= variação do particípio: construção não recomendada por alguns compêndios
[Nesta interpretação, trata-se de locução verbal seguida de sujeito. O tempo composto ex-
cepcionalmente mantem o verbo auxiliar no singular.)
(11) Amoça não será contratada, hajam visto(s) o(s) seu(s) desafeto(s) na empresa,
— variação do particípio: construção não recomendada por alguns compêndios.
| Nesta interpretação, trata-se de locução verbal seguida de sujeito. O tempo composto fle-
s de
xiona o verbo auxiliar ]
gui- [Para o Dic Aurého, “haja vista” e invariável e se deve evitar “haja visto”; para o Dic.
Houaiss, pode manter-se invariável, pode flexionar o substantivo “vista” ou o verbo “ha-
ver” A maioria das gramaticas brasileiras condena a forma “haja visto” |
52 SINTAXE
(12) À moça não será conttatada, haja em vista seus desafetos na empresa
> invariavel: “em vista” (= em conta) é adjunto adverbial de referência de “haja”
“Cada epoca tem sua 1egencia, de acordo com o sentimento do povo, o gual varia,
conforme as condições novas da vida Não podemos seguir hoje exatamente a mesma
regencia que seguiam os classicos, em muitos casos teremos mudado. Por este motivo
talharam completamente todos aqueles que, sem senso Imguistico, estudaram o
problema somente a luz dos habitos classicos de regencia” (A Nascentes: PR, p. 16)
A linguagem prestigiada contemporanea emprega, por exemplo, os verbos transitivos di
retos difundir, divulgar, propugar e publicar seguidos de oração subordinada substantiva
Os dicionarios de língua portuguesa, inclusive os de regência, não abonam essa constru
ção, restringindo o uso de objetos dnetos com esses verbos apenas ao âmbito da oração (e
não do período)
Por exemplo, o Mantal de Redação e Estilo, de Fduardo Martins (O Estado de S. Paulo, 1997 —
3! edição), recomenda que nao se usem esses verbos seguidos de oraçao objeuva direta
“DIFUNDIR: alguem difunde alguma coisa, mas não difunde que... DIVULGAR alguem di-
vulga alguma coisa, mas nao divulga que...” Apesar disso, a construçãoe usada no jotnal
Exemplos: Na ocasião, a Agencia Istado divulgou que o relatorio era desfavoravel ao Brasil
(OFSP, 22/ago/2002); Alguns jornais italianos publicaram que o dirigente tentara vetar a ida
do atacante a seleção (OESP, 17/mar/2002), Lle propagava aos quatro ventos que o sertão iria
virar mar e o mar ria virar sertão (OLSP, 29/mai/2001)
| Porisso, 0 bom senso didático (ou o do usuario competente) determinara ate que ponto as
| regências padrão indicadas nos livros e dicionários devem ou não ser adotadas à risca Muitos
| autores contemporâneos, as vezes ate em tratados de gramatica, têm colocado em pratica es
sas regências “menos classicas”. É o que faz Mario Perini na GDP ao usar o verbo “implicar”
coma preposição em: “Essa analise implica em conferir ao nucleo do SN o statits especial de
' cabeça do SN (...)” (p. 196).
; ! TÔNICOS
' ÁTONOS. (acompanhados obrigatoriamente
de preposição)
o/a/os/as > sempre objeto direto. prep. + mim/ti/si/ele(s)/ela(s)/nós/vós |
lhe/lhes > sempre objeto indireto. > objeto direto preposicionado
me/te/se/nos/vos > objeto direto ou ou objeto indireto (conforme o verbo)
objeto indireto (conforme o verbo)
OBSERVAÇÕES
a) Se o pronome que completa o verbo repete a pessoa do sujeito, dizemos que a voz é re-
flexiva (pode ter aspecto reciproco).
Exemplos:
(1) O cineasta impusera-se (= a si mesmo) (= lhe) um roteiro rigido
—> OI reflexivo
b) À palavra ENTRE é preposição e exige pronome oblíquo tônico. Com a P1, o registro
coloquial e muitos contextos da lingua literária e jornalística têm abandonado esta re-
gra, utilizando eu por mim.
Exemplos:
(5) Não há problema entre mim (P1) e você.
[evita-se “entre eu e você” na língua padrão]
- quando o verbo termina em som nasal (com M ou ÃO), essa letra permanece e o
pronome ganha N (assim, o masculino plural da P6 fica homônimo ao pronome da
P4, nos): c)
(17) Carregaram-no para fora de campo. [carregaram + o = carregaram-no]
(18) Desmentem-nas todos os dias. [desmentem + as = desmentem-nas]
(19) As leis dão-nos como usucapião. [dão + os = dão-nos]
(20) Dão-nos razão os números. [dão + nos = dão-nos]
= Nas três frases, a retirada do pronome não implica mudança sintatica ou semantica, mas es-
tilistica.
> No conhecido verso de Camões, o pronome oblíquo realça o valor do verbo “partr” Vale
lembrar que o escritor não produziu nenhum cacófato a palavra “mammha” e de 1789 e
Camões viveu no século XVI
mu
O
Ei
Tu
Exemplos:
— Aqueles corpos maravilhosos deixavam-se bronzear ao sol,
[ .. deixavam que eles mesmos bronzcassem ao sol |
—> Os dicionarios de regencia restringem o numero de verbos que podem ser assim empre
gados, resquícios de um uso sintatico latino A Inguagem hteraria e jornalistica, no entanto,
tem expandido essa construçao (por analogia) a verbos como “esperar”, “aguardar”, “pres
sentir”: | sperou-me entrar — Esperou que cu entrasse/ Pressentiu-se morrer — Pressentiu
que ele mesmo morria,
E
56 SINTAXE
Exemplos:
— Não lhe (= dele, de você) apararei as costeletas por dinheiro algum.
> adjunto adnominal (com'valor de posse)
A classificação dos pronomes obliquos das duas primeiras frases da letra D encontra ressalvas
-0--——
baseadas em argumentos que merecem atenção Vejamoso que diz A G. Kury (NLAS, p 55).
==
Não nos parece boa doutrina considerar adjunto adnominalo pronome pessoal atono
que indica posse (“Beyou lhe as mãos. '), pela sua equivalência (= “Beou suas
mãos.”, “Beyou as mãos dela ”)
Em primeiro lugar, essa equivalência de sentido não e perteita, e nunca se deve analisar
um equivalente, mas a forma usada; segundo, o carater de complemento verbal e mor-
fica e fonicamente mtido um pronome pessoal atono, subordinado foneticamente a
um verbo, em proclse, ênclse ou mesoclise; terceiro, e possivel usar tanto a preposi-
ção a como a preposição de e há diferença entre “bear as mãos dela (ad; adnom ) e
“beijar as mãos a ela” (ob). indir ).
Atente-se a exemplos como este
“No corredor, beyei a mao a tio Zeca ” (Machado de Assis. “Relíquias da Casa Ve-
lha”)[a tio Zeca equivale a lhe, objeto indueto, c não a dele, adjunto adnominal )
Exemplos
Sobre aquele convite, devo dizer que armda nao se o fez. > frase não vernacula
Sobre aquele convite, devo dizer que amda nao se lez ele > trase vernacula
Sobre aquele convite, devo duer que amda se lhe dara valor > frase vernacula
Gbyeto Direta & Objeto indireto 57
na ressalvas - O emprego dessas construcões esta vinculado ao contexto em que são recomendadas
n==5 p 55) E 496; portanto, avaliar à adequação no seu uso, que contrasta com outros usos em Legistros
tetartos ou de coloquialidade
Cessmalatono
Set suas
cx canalisar
44. COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ATONOS
cem
FRTAÇE - Dependendo das caracteristicas e objeuvos do texto, o criterio de rigor quanto ao me-
* -«Imentea 1 - Z .
“mn posicionamento dos pronomes oblhquos átonos poderá oscilar, sendo opor tuno lem-
= preposr | . . » - .
: “1 às palavras de Celso Cunha (GPC, p. 225) sobre colocação pronomimah
- úmomje
Infehzmente, certos gramáticos nossos, esquecidos de que esta var tabilidade posicio-
nal, em tudo legitima, 1epresenta uma inestimável riqueza idiomática, preconizam.
no particular, a obediência cega às atuais normas portuguesas, sendo mesmo inflexí
VEL NO Sagem o cumprimento de algumas delas, que violentam duramente a rcah
> uúal]
- dade linguistica brasileira
' Exemplos, |
| BRASIL PORTUGAL
; Me deixaram de castigo. X | Doxaram-me de castigo
“Ru quando a moça lhe contou/contou-lhe X Riu quando a moça lhe contou |
À nos, nunca as entregaram. X Nunca no-las entiegaram
I- Em relação a um só verbo:
a) não se inicia período por pronome átono.
Exemplo:
— Encontrer-a na praia.
Observação: Podemos afirmar, porém, que esta “regra” de colocação esta, hoje, res-
trita à língua formal acadêmica, sendo comum a oscilação entre a próchse e a ênchse
em imcio de frase em textos jornalísticos e hterários de prestígio Tal flutuação tem re-
lação com muitos fatores, inclusive fonéticos e discursivos. Nas duas frases abaixo, re-
tiradas de Memorialde Maria Moura, de Rachel de Queiroz, a variação matca usos dt-
ferentes para pessoas gramaticais diferentes.
a
(1) Me lembrei de uma história que o Avó contava.
(2) Tmha-se uma rede e duas tipóias pequenas...
Ivanildo Bechar a afirma: “Aliás, ainda nas orações subordinadas, pode ocorrer a ên-
clise quando entre o conectivo c o verbo medeiam vocabulos que não extgem a proclt-
se ou entre eles haja pausa.” (Lições de Português pela Analise Sintática. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2001, p 200 - a I* edição, Edit. Fundo de Cultura, e de 1960)
Exemplos:
(3) Massarant confessou que o “Azulão” conciliou-o com o mundo (M. Bandena)
(4) Nota que tratava-se justamente de um crédito do Ministério da Marimha (M de Assis)
(5) Ate que um dia mataram-na, comeram-na e passatam-se anos. (C. Lispector)
(6) Um amo? assim violento quando torna-se mágoa e o avesso de um sentimento,
oceano sem água (Caetano Veloso)
(7) Certamente, quando decidnam-se por torneiras de ouro em seu banheiro, o casal
Ceaucescu já inha perdido toda noção do real. (L E. Verissimo)?
slocação antepõe-se o pronome átono a verbo modificado diretamente por advérbio (isto é,
sem pausa entre os dois, indicada ou não por virgula) Ilavendo a pausa, a colocação e
optativa
Exemplos:
— Meus filhos sempre se conduziram a contento. > sem pausa
— Tuas ofensas machucavam, hoje desprezo-as + com pausa
— Tuas ofensas machucavam; hoje as desprezo. > com pausa
Wc, TES antepõe-se o pronome atono a verbo precedido de palavra de sentido negativo
2 enclise Exemplos:
tem te- — Na verdade amda não me convenci de que tens tazão
SINO, TE — Nada nos irrita mais do que essa atitude,
usos di-
antepõe-se o pronome atono a verbo flexionado, em oração imiciada por palavra in-
terrogativa ou exclamativa.
Exemplos:
— Quem lhe dná a dolorosa verdade?
— Como nos tratam bem naquela casa!
dnada,
antepõe-se o pronome átono a verbo no subjuntivo, nas orações exclamativas e opta-
tivas (se O sujeito estiver antes do verbo).
Exemplos:
CÃO su — Nossa Senhora nos proteja!
rochse. — Bons ventos te tragam!
mento
antepõe-se o pronome átono a verbo no gerundio precedido da preposição em
Ta
eruen
Exemplos:
procli-
- Em se tratando de trabalho, nao ha como contar com voce
— Algumas maças, cm nos vendo por aqui, ficavam histericas.
ex ILS de
= JEEAS
“culm Observe se anda, nessa frase, a ocorrencia de siepse (verbo no plual deadiram se antes do substantivo
no singular “casal Ceauceseu” )
50 SINTAXE
H - Em relação a uma locução verbal, com infimtivo ou gerúndio (apenas nos casos em
que os principios do primeiro item não sejam contrariados):
Exemplos:
Nan lhe deve entregar à encomenda hoje. > uso restrito no Brasil
- Nan lhe está devendo uma explicação uso restito no Brasil
— Nan deve-lhe entregar à encomenda hoje — uso restrito no Brasil
— Nan esta-lhe devendo uma explicação. > uso restrito no Brasil
Nam deve lhe entregar a encomenda hoje > uso normal no Brasil
— Nam esta lhe devendo uma explicação, + uso normal no Brasil
— Nan deve entregar lhe a encomenda hoje. — uso normal no Brasil
Nair esta devendo-lhe uma explicação — uso normal no Brasil
b) antepõe-se ou pospõe-se o pronome átono ao verbo principal, nas locuções com pre-
posição intermediaria
Exemplos:
— Nau começou a me conta: seu drama. — uso normal no Brasil
— Nat começou a contar-me seu diama, > uso normal no Brasi!
Obscrvação: Não cabe o emprego dos pronomes o, a, os, as em posição intermediária
(enchtica ao aumltar ou proclitica ao principal) nas locuções verbais
O
=xemplos
Us alunos estavam os vendo. — usa não-sernaculo
2 Os alunos os estavam vendo > uso restrito no Brasil
* Osalunos estavam vendo-os > uso normal no Brasil
Os alunos passaram a o acusar. uso não-vernáculo
1-
— Em relação a uma locução verbal, com particípio (apenas nos casos em que os prin-
= os do primeiro item não sejam contrariados): antepõe-se ou pospõe-se (com hífen) o
- mome átono ao verbo auxiliar. A próclise ao verbo principal (uso brasileiro) tem abo-
“vcente nas gramáticas brasileiras.
Ixemplos:
— Nair nos tem contado seu drama. > uso restrito no Brasil
— Nair tem-nos contado seu drama. > uso restrito no Brasil
- Nai! tem nos contado seu drama. > uso normal no Brasil
hoy Exemplos:
e 14
vil icos [que respeito] honram este pais.
b
antecedente pron. relativo (= os políticos)
(ou seja = Respeito os politicos)
objeto direto
> Conclusão: o pronome relativo que é objeto direto.
Exemplos:
— Sou eu que faço os cheques.
(o verbo concorda com o antecedente — P1)
Exemplos:
— Quem mventou essa infâmia a meu respeito?
(resposta hipotética: os jornalistas, isto é, Os jornalistas inventaram . )
4
sujeito simples
> Conclusão: o pronome interrogativo quem e sujeito simples.
“ Faremos referencia a expressão T QUE quando tratarmos das palavras denotativas é, depois quando focal
zarmos as orações adjetivas — adiantando desde ja que o dominio sobre o emprego dos relativos sera funda
mental para o estudo dessas oraçoes
Objeto Direto & Objeto Indireto 63
adjunto adnomimal
+ Conclusão: o pronome mterrogativo que é adjunto adnomuinal.
Je e y
objeto direto (preposicionado)
> Conclusão: o pronome interrogativo a quem é objeto direto preposicionado
= cipatet a ae '
Exemplos:
Es- — E chegado o momento de a turma se despedir.
do — Em vez de ela acender o cigarro, preteriu um copo de vodca.
— Quanto ao fato de aquela mulher ser a sua mãe, isso não me surpreende.
— Apesar de essa ser uma opinião respeitável, continuo com a minha.
OBSERVAÇÕES
a) Não obstante essa preferência, tem larga tradição no idioma a combinação da pre-
posição, como comprovam as seguintes frases”,
Exemplos:
(1) So voltou depois do mfantce estar proclamado regedor. (A Herculano)
(2) Apesar das couves serem uma das muitas especies de legumes... (R. Barbosa)
(3) Levava em consideração o fato dela se achar doente. . (Lúcio Cardoso)
(10) “Eu devia estar feliz pelo Senhor ter me concedido o domingo pra ir com a família
no Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos ” (Raul Seixas)
[Ou o melhor seria não evitar a reduzida de mfimtivo?)
2') Somente em casos muito especiais, provavelmente pouco encontráveis na lingua con-
temporânea, pode-se ter exemplo de sujeito preposicionado.
Exemplo:
— Deixai-o sonhar, ao pobre diabo...
Exemplos:
— Não gosto de ver as crianças entrando e samdo de casa.
— Não gosto de ver as crianças entrando em casa c dela saindo
[Embora no rigor gramatical a segunda trase tenha preservado as preposições exigidas pelos
verbos, é visivel a supremacia expressiva da primena, onde a simplificação da a ideia maus obje
tividade é concisão |
Objeto Direto & Objeto Indireto 65
1 mboraa primeira frase pareça mars simples, talta-lhe clateza, pois a repetição do pronome é
necessarta para distinguir pessoa à quem tor olerecido o premio '
b) Fodos, exceto corsigo, podem ser usados com sujeito de outra pessoa
Exemplo
Le ja falou contigo depois daquela confusão? > P3 + P2..
Obs.: No portugues do Brasil, não se usa em registro padrão a forma cornsigo equiva-
lendo a com voce Todavia, e procedimento comum em Portugal - o mesmo se aplica
ao pronome si com qualquer outra preposição
multa tremplos:
(11a) Queremos falar consigo depois da palestra
(PORT) > P4 | (P3 = P2)
(BRASIL) — P3 + (P3=P2)
Htiva
As formas com nos € com vos são inteiramente normais, mas so se aplicam quando re-
forçadas por pronomes indefinidos ou numerais
Exemplos:
— Ninguém estava conosco na ocasião — P3 + P4
08 — Eles contavam com vos todos para a cermmônia. — P6 + P5 todos
ODJC- — Tu viajarias pela Europa com nos dois? > P2 + P4 dois
Houve «ra à CC cão comc.erte ce Àrstarco "ou.e SsT.'so
em
77
em
em
y
tos poesias declamadas em diversas linguas (Raul Pompeia!
a) Afrase empregatres vezes a formaverbal houve Porque essa repeticão não deve ser const
derada viciosa?
b) Reescreva a frase acima substituindo as três ocorrências de “houve” por outro verbo da lingua
padrão cujo significado seja equivalente Comente o resultado
Quero antes o colo da ema orgulhosa, / Que pisa vaidosa, / Que as floreas campinas governa,
onde esta (Gonçalves Dias, “Maraba”)
Dois adjetivos se referem ao substantivo ema, mas têm funções sintaticas diferentes Explique
ME DESCULPE
MAS NÃO ATENDO
BEBADO! ENTÃO EU VOLTO
QUANDO O SENHOR
ESTIVER SOBRIO
O efeito de humor dessa tirinha repousa na compreensão instintiva de duas funções sintaticas aa
Comprove essa afirmação transformando a frase chave (Eu não atendo bêbado), primeiro em voz
passiva e, depois, em dois predicados (PV+PN)
, — Olha o canarinho!
Maria Vicência, uma das nossas auxiliares de disciphna, nos obrigava a tomar banho de chuveiro
vestidas em camisolões, e uma das auxiliares da disciplina ensinava as pequenas a se enxugar e
mudar de roupa Nós que nos virássemos protegidas pela toalha que se destinava originalmente
não so a nos enxugar, como a nos cbbrir (Raquel de Queiroz)
O trecho em negrito permite comentar o tema “verbos pronominais” (o pronome e parte inte
grante do verbo) X “verbos reflexivos” (o pronome e apenas um reflexo ocasional do sujeito)
Observe o valor semântico desse verbo ao lado do pronome obliquo e explique por que reescri
turas como Nos que os virassemos OU Eles gue nos virassem serviram para mostrar que, na frase
do texto, o pronome NOS não e reflexivo, mas parte integrante do verbo
Na segunda estrofe do poema, Drummond emprega duas vezes o verbo esquecer" No verso
S.a preposiçao “de” esta explicita, no verso 7, subentendida Do ponto de vista sintatico, Isso fol
possivel porque na segunda passagem o verbo esta seguido de uma oração subordinada e não ha
via risco de ambigudade
Fazendo as adaptações necessartas e privilegiando a linguagem padrão,
a) reescreva o verso 5
— com o verbo “esquecer”, sem a preposicao “de
b) reescreva os versos 7 e 8
— sem o adverbio de tempo,
- com o sujeito da primeira oração ainda eliptico,
— com um antônimo do verbo "esquecer" (mantendo o pronome),
com um sinônimo do verbo “ter”,
na ordem direta
E saiu o cego Torquato cheio de fe no Capitão Antônio Silvino O mestre Jose Amaro foi até a
pitombeira e sentia a terra como uma coisa que lhe pertencia La estavam o carderro, o chiqueiro
dos porcos, as touceiras de bogaris As cajazeiras que se pontilhavam de amarelo com as frutas
maduras Chetravam as cajazeiras, cheirava tudo que era da terra que ele teria que abandonar E
quando ele estava na contemplação destas coisas, que eram mais do que suas, ouviu passos de
Objeto Direto & Objeto Indireto 69
um cavalo na estrada Era o negro Floripes que picou o cavalo quando o viu, alem pe O animal
correu de estrada acima Negro miseravel Dele viera toda a intriga. Uma raiva de morte se apos-
sou do mestre. Teria que matar aquele negro Não sabia como lhe viera aquele desejo terrivel
Aquele negro teria que morrer em suas mãos Lobisomem E estacou no pensamento, horrorizado
Matar, derramar sangue O povo dizia que ele vivia bebendo sangue, na calada da noite Matar,
teria que matar aquele negro Entrou para o seu quarto
(Jose Lins do Rego, Fogo Morto)
a) A repetição é intencional e expressiva criando um paralelismo entre os três segmentos b) Aconteceu uma
acução comovente de Aristarco, aconteceram discursos de alunos e mestres, aconteceram cantos, poesias
eclamadas em diversas linguas Na nova redação, observam se mudanças de concordancia, pois "haver" era
rpessoal (seguido de objeto direto) e “acontecer” tem sujeito Também se nota que embora sinonimos, os dois
erbos não têm a mesma expressividade Se o proposito fosse evitar compulsoriamente a repetição talvez cou
“esse escrever “Houve uma alocução comovente de Aristarco aconteceram discursos de alunos e mestres,
zantos, poesias declamadas em diversas linguas "
2 Nafrase a, o pronome “lhes” se refere a “violetas” A função de “as violetas e objeto indireto, a do pronome é
abgeto indireto pleonástico Nafrase b,o pronome “os” se refere a “vivos” A função de “vivos” e objeto direto, a
“0 pronome é “objeto direto pleonástico”
3 Osdois adjetivos são “orgulhosa” e "vaidosa" O primeiro como adjunto adnaminal, o segundo como predicati
o do sujeito
3 ajlPaciente] Bêbado não é atendido por mim, b) Eu não atendo (paciente) quando estou bêbado Ou seja, na
ala do medico, 'bêbado” e objeto direto mas na leitura do bêbado, “bêbado é predicativo do sujeito (e o sujeito
> o medico)
53 Osverbos “gozar” e “cobrir” são transitivos diretos e têm como objetos diretos respectivamente, “a ventura de
ima alma de donzela” e “meu semblante”
5 Nostrês casos, há a passagem do adjetivo a substantivo abstrato e do substantivo a nucleo de locução adjetiva
7 Em'acueca que emprestei do meu namorado”, o verbo “emprestar! esta empregado com o valor de tomar por
empréstimo” o que caracteriza um neologismo semantico e uma mudança de regência o VTDI que pede prepo
sição “a” para seu objeto indireto vira VTDI com preposição “de” Alem disso, vale destacar a Inversão sintática
entre sujeito e objeto indireto Meu namorado (sujeito = P3) emprestoula cueca] para mim (oby ind =P1)> Eu
msujeto=P1) emprestei[a cueca] do meu namorado (ob) ind =P3) Janafrase do jornal a expressão empregada
vontem o verbo 'tomar" seguido do adjetivo participial "emprestado" que deve concordar com o objeto direto,
DoIs é seu predicativo Se o trecho estivesse na ordem direta não teria havido o apagamento da concordância
Lula tomou a câmera emprestada
8 As reescnturas comprovam que o verbo “virar”, quando significa “safar se, dar um jeito” constroi se obrigato
namente com o pronome da pessoa do sujeito Porém. quando significa “inverter a pasição, a direção ou a op:
"GB,
não”, admite objetos diretos de pessoas diferentes
9 a) Reescritura do verso 5 Nunca esquecerei esse acontecimento, b) Reescritura dos versos 7 e 8 Lem
nrar me ei (de) que havia uma pedra no meio do caminho OU Lembrar me-ei (de) que uma pedra existia no meio
do caminha
Observemos as frases:
OBSERVAÇÕES
a) A preposição DE também pode introduzir o Agente da Passiva,
,
Exemplo:
(1) O seu erro já e sabido de todos.
Exemplo:
(2) Em matéria de Inguagem, eu me deixava assessorar por meu colega Sousa da Sil-
veira. (M. Bandeira)
[o verbo causativo introduz uma estrutura onde o pronome obliquo deve desempenhar a fun-
ção de sujeito de infimtivo, mas a oração de “assessorar” só pode ser compreendida em seu
sentido passivo (= ser assessorado)]
c) O fato de haver uma estrutura ativa com verbo transitivo direto não significa, obri-
gatoriamente, que a voz passiva equivalente tenha uso corrente no português. Razões
semânticas, pragmáticas ou estilísticas podem revelar que, às vezes, a voz passiva €
uma estrutura mais potencial do que real -e o mesmo se pode dizer para a ocorrência
da voz pronominal,
Exemplos:
(3a) A moça levou meu convite na bolsa > VA
(3b) Meu convite foi levado na bolsa pela moça. > VP verbal de uso corrente
(4a) O tamanho da nossa carga tributaria sofre o peso do endividamento público. > VA
(4b) O peso do endividamento publico é sofrido pelo tamanho de nossa carga tributária
=> VP verbal de uso improvável
er fun-
2 em seu
Observemos as frases:
Doo
74 SINTAXE
Ê
'
'
1
L
6.2. ADJUNTO ADNOMINAL
O adjunto adnomuinal tem outra característica: é um termo periférico, que está sempre
vinculado ao núcleo do termo ao qual pertence.
Exemplos:
— Os meus dois irmãos de Taubate comem muitas calorias inúteis.
AA. P.s.
Complemento Nominal & Adjunto Adnominal 75
mminal
—> Em 1958, Zagalo era um jogador (Alguem convocou Zagalo): de Zagalo e C.N.
> Em 1998, Zagalo era o tecnico (Zagalo convocou alguem): de Zagalo é A A
de cada
= UV com- — Temos amizade aos animais. X Temos a amizade dos animais.
+ y y y
subst, abstr, de qualidade C.N, —subst abstr. de qualidade A.A.
nde da
m pro- — À criação de ovelhas dá lucro. X A praga dizimou a criação de ovelhas.
jes, EVI- 4 + 4 a
subst. abstr. CN subst. concreto AA.
de ação = rebanho
A cobranca da distinção entre complemento nominal c adjunto adnominal pode mesmo sei
considerada supertlua do ponto de vista da escola de mvelmedio Lntretanto, e fundamental
alertar sempre para o carater instrumental do ensino da analise sintatica. Distinguir as varia-
! ções semanticas e explora-las com competencia é obrigação do falante culto Que a untica à
| cobrança excessiva da terminologia não carregue consigo o desleixo de não se explorarem as
vantagens do donmmio das potencialidades combinatonas estruturais da hngua
23 É obvio que frases soltas podem adrmtir entendimentos diferentes Entretanto vinculadas a um contexto
bem construído, sem nenhuma ambiguidade intencional, não havera como defender anahses discrepantes
Adjunto Adverbial
ÂÃ tradicional categoria dos advérbios “encobre uma série de classes, às vezes de com-
portamento sintatico radicalmente diferente” (M. Perimi! GDP, p 187). Assim, do
“«smo modo como vimos que o objeto indireto pode ter denominações diferentes fora
:NGB, os adjuntos adverbiais também podem merecer tratamento variado conforme o
“atadista. Evanildo Bechara (MGP, p. 436) chama de complemento relativo ao termo
'brigatório, argumental, que pertence à regência do verbo. Ex.. A criança caiu da cama.
tocha Lima (GNLP, p. 252) prefere classificar esse tipo de termo como complemento cir-
«unstancial: Ex.: Trera Roma. Maria Helena de Moura Neves (GULP, p. 233-6) e José Car-
os Azeredo (FGP, p. 205-9) optam por expor a estrutura e o funcionamento dos sintag-
mas adverbiais, na verdade bastante diferentes entre si.
Não obstante tantas questões se possam formular, uma definição bastante simples
dirá que este termo acessório da oração introduz uma circunstância, geralmente referida
Jo verbo, ficando seu relacionamento com adjetivos e adverbios restrito sobretudo ao
caso do adjunto adverbial de intensidade,
Observemos as frases:
ENE RETEEAA PN EEE DE SEDE PANE DS SE RAP PARAR dd TO ii
Cabe, também aqui, um lembrete sobre pontuação como o adjunto adverbial tem
-rande mobilidade dentro da oração, é perfeitamente válido colocá-lo entre vírgulas (so-
-retudo quando estiver antecipado e tiver mais de duas palavras):
-xemplos:
Na semana passada, fui ao teatro
ou Fui, na semana passada, ao teatro,
ou Fui ao teatro na semana passada.
ou Fur ao teatro, na semana passada
a) Tem valor estilistico a vírgula colocada antes do adjunto adverbial que não está antecipa-
do Observemos a diferença de expressividade nas frases abaixo”
Exemplos
Vou ao cinema agora, X Vou ao cinema, agora.
Preciso de você todos os dias X Preciso de você, todos os dias
b) Se o adjunto adverbial tiver apenas uma ou duas palavras, o uso da virgula tambem só terá
valor estilístico:
Exemplos:
Hoje haverá aula. X Hoye, haverá aula
De manha não choveu. X De manhã, não choveu.
c) A eventual necessidade de virgula nos adjuntos adverbiais antecipados não deve (nem po-
deria) causar dúvida com as vírgulas que ocorrem com outro termo da oração, o aposto
Aposto (& Vocativo)
8.1. APOSTO |
O aposto e um termo acessório que se relaciona obrigatoriamente com um termo an-
«Mor a ele (por isso, e aposto = posto + após), podendo ser empregado com finalidades
sintas Pode, porem, o aposto referir-se ao sentido global de uma oração.
Exemplos:
') Shakespeare, dramaturgo inglês, nasceu em Stratford-upon-Avon
— aposto explicativo: entre vírgulas.
«) Sou fanático por muita coisa, futebol, cinema, musica, livros, viagens...
> aposto enumerativo: depois de dois-pontos
e) Tenho dois amigos especiais: Reinaldo e um “muicreiro” fantastico; José Luís, um arti-
lheiro predestinado.
> aposto distributivo: que podem manter relacionamento sintático em outra oração
(no exemplo, ambos são sujeitos do verbo ser)
82 SINTAXE
Exemplos:
(1) Passaram por aqui teu professor e duas colegas, aquele para deixar-te um livro, es-
tas para devolverem a chave do carro.
(2) Encontrei dois bêbados no caminho um era o teu irmão; ooutro cunão reconheci.
(3) Encontrei Vera, Inês e Odete no caminho: a primeira usava uma bermuda cafona;
a segunda calçava sandália de dedos; aterceira carregava uma mochila nas costas
Observação: Esse tipo de aposto coincide um pouco com o que recebe a denominação
de “encapsulamento anafórico”. O mecanismo pode se expandir do âmbito do perio-
do e marcar relações discursivas entre frases ou entre parágrafos. Nesses casos, o ele-
mento anaforico assume sua funcionalidade na estrutura sintática da frase em que se
insere.
Exemplo:
(4) Aquilo que em 1928 parecia ser uma bravata expressava, no fundo, a idéia queo
Estado norte-americano fazia de como deveria se organizar o mundo e de qual deve-
ria ser, nele, a sua posição. Essa concepção veio se formando desde a Independência e
se firmou, em 1823, com a Doutrina Monroe
> O termo em negrito não deixa de ser uma espécie de aposto de todo o trecho subli-
nhado (mas, na sua oração, é o sujeito de “veio se formando”)
Deve-se considerar ainda duas peculiaridades das estruturas sintáticas apositivas pro-
priamente ditas.
À primeira mostra que, entre o termo fundamental e o aposto, há às vezes alguma ex-
pressão explicativa: isto é, a saber, por exemplo.
Exemplo:
— Seu melhor amigo, ou seja, o próprio pai, ainda daria outros avisos
os indefini- E a posição de Epifânio Dias (Sintaxe Histórica Portuguesa Lisboa: Clássica, 1970, p.
QU umeo -3-6-a Itedição é de 1918) e de Sousa da Silveira (Lições de Português. Rio de Janeiro: Pre-
do otercei- -cnça, 1988, p. 140 — a 1º edição é de 1923), defendida por Evamildo Bechara (LPAS, p.
4-7), mas não aconrpanhada por Mário Barreto (De Gramatica e de Linguagem. Rio de
“neiro: Presença, 1982, p. 199-200 — a I* edição e de 1922), Celso Cunha (GPC, p. 110) e
+ G. Kury (NLAS, p 59-60)
im livro, €s-
Preferimos considerar, nessas construções, a omissão do verbo de ligação.
reconheci Exemplos:
uda cafona, - Quando criança, nunca deu trabalho aos pais.
2 costas, > é predicativo do sujeito, núcleo do PN da 1º oração
numiInação
to do perío-
casos, 0 ele- O vocativo NÃO E UM TERMO DA ORAÇÃO, mas do discurso. Queremos dizer
E em que se “om isso que, ao contrário de todas as funções sintáticas, o vocativo não se relaciona com
“enhum elemento da oração, mas sim com algo que está fora da frase, ou seja, o interlocu-
01 (o destinatário), real ou retórico:
2s;tINAS pro- 1) Observe-se que o emprego das vírgulas tambem é uma marca do vocativo
|
») Nos casos de orações com verbo no IMPERATIVO é preciso não confundir o vocativo |
; alguma ex- com o sujeito simples (oculto), especialmente porque pode haver coincidência semântica |
«re ambos.
“xemplos: |
*rdoai-nos, Senhor, as nossas talhas,
— o sujeito é VÓS, porque o verbo está na P5
> o vocativo e SENHOR, P3.
pois umad-
> am daí, vagabundos!
sua posição = o sujeito e VOCÊS, porque o verbo está na P6.
amu aposto > à vocativo e VAGABUNDOS, também P6 !
Palavras
Denotativas
3 discussão que se pode travar acerca dos sintagmas que a gramatica tradional ora
À dassifica como adjuntos adverbiais, ora classifica como palavras denotativas mer e-
« muntas considerações e estudos. À serie de oito volumes da Gramatica do Português [ a-
tv (lançados pela Ed, da Unicamp entre 1990 e 2002, sob a coordenação de Ataliba de
-stilho) contem mumeros capítulos que expõem pesquisas importantes sobre essas pa-
vas, privilegiando obviamente os comentarios para o que ocorre no âmbito da oralida-
e Nosso livro Morfologia estudos lexicais em perspectiva sincrônica (p 79-91) tambem faz
gumas reflexões a respeito da classe dos adverbios e das palavras denotativas Nele, con-
rontamos opimões e apresentamos algumas propostas, valendo aquirepetr uma parte da
itacão da Gramática Posofica da Língua Portuguesa, de Jerônimo Soares Barbosa (1866,
1222 - a 1 edição e de 1822), lá incluida.
Adverbio não e outra coisa mais do que uma redução ou expressão abreviada da prepo-
sIção com seu complemento em ima so palavra imdechinável, Chama-se advérbio, por-
que, bem como a preposição com seu complemento se ajunta a qualquer palavra de
significação ou vaga ou relativa, para a modificar, restringindo-a ou completando-a;
o mesmo faz o advei bio com mais concisão e brevidade. Quer eu diga pela preposição
com seu complemento obrar com prudência; quer reduzindo a coisa a menor expres-
são diga obrar prudentemente; a sigmficação vaga do verbo obrar fica igualmente mo-
dificada e determinada pelo advei bro, como pela preposição com seu complemento
O adveibio pois não modifica so os verbos, como querem os giamáticos, mas qual-
quer palavra suscetivel de determinação, quais são tambem os apelativos, os adjetivos,
A denominação esta proposta por Jose Oricica em Manual de Anulise Lexica e Smtatica (Rio de Janeiro Ti
viarta Francisco Alves, 1942 — 8'ed ),p 505
B6 SINTAXE
e os mesmos adverbios, como se pode ver nestes exemplos: Jesus Cristo é verdadeira-
mente Deus, e ao mesmo tempo verdaderramente homem, um homem bem fidalgo lam ver
atômitos de ver tornar tão cordeiro quem tão leão viera. (...) Nunca lhe pareceu mais filho tad
de tal pas. (...) Logo imediatamente sucedeu. A etimologia da palavra advérbio, com lac
quem diz adjunto ao verbo, não se deve entender do verbo como uma das seis partes cer
elementares da oração, mas de qualquer palavra capaz de modificação; que isto signi- ter
fica o nome latino verbum em toda sua extensão.
ela
De todo modo, não podemos desconsiderar o fato de que, para muitos autores, ha na
língua portuguesa palavras que não têm função sintática. Na verdade, trata-se de vocabu-
los cujo valor semântico especial ora se vincula a toda a oração, ora a alguma outra palavra
em particular — anda que em alguns livros sejam tratados como advérbios*, o que reco-
mendaria uma revisão da nomenclatura gramatical e/ou uma reavaliação da definição de
advérbio.
Exemplifiquemos a questão tomando a frase “Ela comprou uma bicicleta nova” e su-
pondo-se o acréscimo das palavras ATÉ e ONTEM.
Se tentarmos colocar a palavra ATE na frase, veremos que só entre o artigo e o subs-
tantivo não caberia a incorporação. Veremos também que, conforme seu posicionamen-
to, ela terá um “parceiro” sintático diferente.
32
“Na Nomenclatura Gramatical Portuguesa, são chamados oficialmente de advérbios q
Palavras Denotativas 87
e Por isso, para os objetivos deste livro, optamos por manter separados os adjuntos ad-
nais € as palavras denotativas, servindo as frases abaixo para mostrar o que aparece ci-
«em muitas gramáticas como palavras denotativas, pois estas a princípio podem se 1e-
Pá TR mar com qualquer vocabulo. Diver samente, nos adjuntos adverbiais predomina uma
di | ' mobilidade posicional, o que permite antepor ou pospor o termo conforme a pre-
o “10 comunicativa, mas não muda a “parceria” funcional com o verbo.
à pergunta que cabe — quando se pretende dizer que só existe o adverbio — é: teriam
* um enquadramento “confortável” no grupo dos adverbios/adjuntos adverbiais?
é» me na
vocabu-
Exemplos:
a) Mesmo uma pedra tem mais sentimento do que você. (de inclusão)
[ue reco- a » . a
criados
sdetoss
> “mesmo” se relaciona com “uma pedra” , (pode ser adj : adv ;?)
“A palavra “eis” (adverbio para o Dic Aurelio e para o Dic Towaiss) provem da preposição latina va- [a
quem defenda, porem, que “cis” c torma contrata de havers (haveis>heis>ers)
88 SINTAXE
Observando a expressividade da palavra so nos dois trechos, esclareça suas diferenças se-
mânticas e morfossintaticas Depois, explique em que outras posições da mesma frase essa pala
vra poderia ser empregada e com que consequências semânticas e morfossintaticas
rasirtá ;
1 Muda Palmeiras.
Pi) .
Ea 8 NoNoNoNo Presidente
Ns mudapalmeiras com br
A foto mostra um painel de rua espalhado pela cidade de São Paulo no ano de 2003 A frase
principal contem um erro de pontuação, mas não um erro de comunicação Se as duas palavras
fossem invertidas, o erro estaria no campo da gramática e da publicidade? Explique
O emprego da virgula contraria as normas de pontuação em uma das seguintes noticias de jornal
(a) A diferença salarial entre trabalhadores com uma decada de estudo e os que não haviam con-
eluido o primeiro grau caiu, de 123% para 75%
(b) Um dia depois de a rede terrorista Al Qaeda raptar três soldados americanos, EUA e Irã con-
cordaram em buscar soluções para a violência no Iraque, onde um atentado, ontem, matou 50
(c) Em todos os cantos da cidade flores, bombons e gestos de cannho dos filhos não deixavam
duvidas de que ontem era Dia das Mães
(d) Com o mnicio das obras de recuperação da pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo,
51 vôos serão transferidos para Guarulhos
(e) De 1993 a 2006, 37% dos 1 425 fechamentos de vias publicas, passeatas, depredações de
ônibus, denuncias ao Ministerio Publico e abaixo-assinados foram motivados pela violência,
conclu estudo da UFRJ
Palavras Denotativas 89
A noticia divulgava o lançamento de um novo livro do escritor, que vivia então sob a proteção
permanente da Scotland Yard, com uma guarda pessoal substituida a cada seis meses e mudando
de casa a cada três meses
A manchete da reportagem faz um “jogo de palavras ' com dois elementos usados nos estudos
gramaticais agente da passiva e autor da ação Explique por que, do ponto de vista teorico, a pre-
sença da palavra “autor” torna a frase incoerente ou redundante
Explique cada sintagma destacado e, depois, Identifique seu nucleo substantivo e seu adjunto ad
nominal
a) Parece-me que pretendes encontrar uma mulher nova, e não apenas uma nova mulher
b) E melhor ter um cachorro amigo do que um amigo cachorro
c) Contratei um funcionario alto para ser um alto funcionário
d) Brás Cubas era um autor defunto ou um defunto autor?
e) Em nossa igreja, os fiéis colaboradores recebem pão e sopa
%) Nesta repartição, todos somos fieis colaboradores que pensamos no bem comum
g) Esses livros fazem referência aos velhos conquistadores de nossa historia
h) Naquele asilo, o maior problema eram os velhos conquistadores, que viviam beliscando as
enfermeiras
+
x
ts
14
Ú
Naquele segundo ano houve dificuldades medonhas Plante: mamona e algodão, mas a safra foi
vo
1
ruim, OS preços baixos, vivi meses aperreado, vendendo macacos e fazendo das fraquezas forças
para não irao fundo Trabalhava danadamente, dormindo pouco, levantando-me as quatro da ma-
nhã, passando dias ao sol, a chuva, de facão, pistola e cartucheira, comendo nas horas de descan-
so um pedaço de bacalhau assado e um punhado de farinha A noite, na rede, explicava pormeno-
res do serviço a Casimiro Lopes Ele acocorava se na esteira e apesar da fadiga, ouvia atento As
vezes Tubarão ladrava la fora e nos aguçavamos o ouvido
(Graciliano Ramos, São Bernardo)
Na fazenda do Ze Couto, onde moravamos, sempre eramos surpreendidos pela presença de co-
bras Cobras venenosas Cobras não venenosas Era com frequência que nos deparavamos com
algumas cascavel, jararaca, jararacuçu (dourado, do campo, menor, mais agressivo, e do brejo,
maior, menos agressivo, preto), coral, limpa pasto, cipó, duas cabeças, vidro, urutu e outras de difi-
cil catalogação
Acho que ja me deparei com todas elas, matando a maioria e deixando algumas escaparem-se
por imperícia ou por não dispor de uma vara ou pedaço de pau compridos para o ataque final.
Medo? Quem não tem, de cobra? Ela parece possuir uma força estranha sobre nos À primeira
impressão é de que ela nos irá atacar. , Cresce aos nossos olhos ficamos temerosos e um pouco
sem ação À calma e o raciocinio fogem por um instante e, desnorteados, vamos apenas acompa-
nhando o seu deslizar se ondulante pela relva ou pela estrada, deixando marcas sobre o po, na
dança brilhante e lisa e, às vezes, multicolorida Vai fugindo ou se esgueirando pelas beiras dos
caminhos, numa duvida entre o atacar ou safar-se enquanto pode
As cobras carregam consigo, com certeza, um ar de misterio Devem orgulhar-se do pavor
que causam às pessoas Sabemos que são necessárias a manutenção do ecossistema, pois
absorvem o veneno do ar e alimentam-se de pequenos mas nocivos roedores Quando nos de-
paramos a sos, com elas, a prudência fala mais alto e nos lançamos contra a peçonhenta num
ataque sem predade
Somos nos ou são elas Então, morram elas!
(Jose Monteiro Filho, Cobras no Caminho)
a) Observe a opção textual do autor nas três primeiras frases do texto, duas delas sem verbo. Re-
escreva as numa única frase, desfazendo a repetição do substantivo e escolhendo a voz ativa,
em vez da passiva Depois, compare a frase resultante com a original e identifique a que lhe pa-
rece mais expressiva justificando sua escolha
b) Observando-se a frase “As cobras carregam consigo, com certeza, um ar de mistério” (h-
nha 14) e seu valor semântico no texto, pode-se assegurar que a locução entre virgulas re-
presenta
(1) o modo certeiro como as cobras carregam um ar de misterio,
(2) a certeza das cobras quando carregam um ar de misterio,
(3) a impressão de que as cobras carregam um ar de mistério
Entretanto, um outro contexto poderia nos levar para qualquer das outras Interpretações Qual
a função sintatica da locução “com certeza" em cada uma das três interpretações?
c) Asegunda frase do penultimo paragrafo diz: "Devem orgulhar-se do pavor que causam às pes-
soas”, Por que não se pode classificar o sujeito como indeterminado?
d) Seaultima frase do texto fosse “Então, morram-nas!”, em vez de “Então, morram elas!” que co
mentarios a respeito do processo sintatico e da adequação formal poderiam ser feitos?
Ro
Palavras Denotativas 91
Analisando o relacionamento que os termos em negrito mantém com outros elementos de sua ora
cao, preencha o quadro abaixo de modo a comprovar o papel sintatico de cada um Para tanto, re
conheça a classe gramatical da palavra com a qual o termo destacado se relaciona, indicando se o
mecanismo e de concordância verba! (CV), regência (Rg), atribuição (At) ou circunstância (Ci)
À capelinha de Barranco Alto não escapava à regra: era branca e singela por fora, dominando
a larga praça onde o coreto velho se acocorava, agachado, entre sumaumeiras altas e corpu-
entas Por dentro, pobreza e mau gosto Não tinha alma, nem qualquer encanto Uma orna-
mentação triste agravava aquela indigência sem virtude Não convidava aos silenciosos
prazeres interiores do misticismo O que mais, entretanto, impressionava nessa igreja eram as
imagens, feias como manipansos selvagens A piedade do povo, porém, contentava-se com
elas O povo, no interior do Brasil, esta sempre contente com os seus ídolos Habito que lhe
adveio, aliás, dos bons tempos remotos das senzalas e das tabas, onde os idolos não eram belos
nem sugestivos O povo do Interior acha sempre as imagens “muito perfeitas" Porque é pe-
cado achar santo feio,
(Peregrino Junior, Seleta)
1
CI
DT
9)
AOS
interiores do misticismo
ES
P) us
tetas
Senuscacuss, asso sosassce sig -Deis ÉS Ds ss Errar coa Cu wi Ge ió%
ER
k) no interior do Brasil
sm
tn
No
n do Interior
0) muito
p) perfeitas
92 SINTAXE
O pequeno operou uma revolução na vida do padre horas de dormir e de levantar da cama, de
rezar de comer, de ler, de passear, de fazer visitas, de jogar o ecarte e a bisca, todas elas sofreram
modificações, umas aumentadas, outras diminuidas, quase todas deslocadas um pouco para tras,
ou um pouco para diante A vida, o coração, o espirito do padre, tudo fora abalado e revolvido pelo
encontrão daquele brutinho de seis dias De manhã cedo, o primeiro pensamento era para ele, e
quase sempre tambem a primeira palavra Durante o dianão minguavam os cuidados e os zelos, e a
noite, antes que a Rosa partisse para a sua casa, nos fundos, o vigario Ia acariciar mais uma vez as
bochechas abaçanadas do pequerrucho, dizer lhe um gracejo e abençoa-lo com os seus longos
dedos afeitos a prece
Uma tarde, sentado a porta com Veloso, este lhe estranhou, na sua fala aos supetões, tanta mu
dança
— Padre, você anda muito preocupado com esse negrinho
O vigario achou o termo pouco delicado e engrolou umas evasivas
— Não, não Preocupado por quê? Ora essa
— Anda, sim, pacire Pois eu acho que faz muto bem e mais uma obra de caridade que você exe-
cuta, alem de tantas
— O pequeno precisava de alguem que olhasse por ele
(Amadeu Amaral, Novela e Conto) dit
po
tre
pt 5 RE be
ot
1 Em precisoaprender a serso” "so" significa "sozinho" (e adjetivo) Em “preciso aprenderaso ser só sigm
fica apenas” (e palavra denotativa de restrição) Como adjetivo, desempenha a função de predicativo do sujeito
devendo manter se na posição final da frase (sua antecipação, mesmo colocado entre virgulas, poderia gerar am
biguidade) Como palavra denotativa, 'so não tem função sintatica, podendo deslocar se para outros pontos da
aracão mas passaria a restringr outras patavras (na letra original sa restingre o verbo ser sinônimo de existir)
2 O erro de pontuação consiste em não separar o vocativo do verbo por virgula O erro não é de comunicação
porque o painel permite que se entenda a metonimia (Palmeiras = associado do Palmeyras) em vez de se pensar
que Palmeiras” e o objeto direto de 'muda A ausencia de artigo antes de ' Palmeiras: tambem ajuda a excluir
esse entendimento Ao se Inverterem as duas palavras, “Palmeiras” estaria na posição de sujetto e seria possivel
que alguem entendesse a frase como uma afirmação — e não como uma invocaçao Porisso ha erro gramatical
quando não se usa a virgula com o vocativo, qualquer que seja sua posição Ja na comunicação escrita informal o
risco de confusão so ocorre cuando o vocativo esta a esquerda do verho
3 C te necessario colocar uma virgula após a palavra cidade” que termina o adjunto adverbial antecipado —
mesmo reparando que logo em seguida ha uma enumeração com mais duas vigulas)
4 Porque o agente da passiva tambem eo autor daação O jornalista na verdade deveria ter usado o sujeito
da ação", o que tecnicamente daria o efeito pretendido de opora' passividade do escntor (pelo seu confinamen
to compulsório) a “atidade' que continuava a desenvolver (pelo lançamento de seu novo livro)
5 a) mulher nova = mulher jovem nova mulher= outra mulher (' mulher” e substantivo nos dois trechos “nova e
adjetivo no primeiro e pronome indefinido no segundo), !/ b) cachorro amigo= animal que faça companhia amigo
cachorro = amigo falso ( cachorro" e substantivo no primero trecho e adjetivo no segundo “amigo e adjetivo no
primeiro e substantivo no segundo), // c) funcionario alto = funcionaria de elevada estatura, alto funcionario= fun
cionario importante (“funcionário” e substantivo nos dois trechos alto é adjetivo nos dois trechos), // d) autor
Palavras Denotativas 93
“º osas- cefunto = autor ja falecido, defunto autor = defunto que escreve (“autor e substantivo no primeira trecho e adpeti
vo no segundo, “defunto” é adjetivo no primeiro e substantivo no segundo), // e) fieis colaboradores = fiéis que
colaboram ('fieis eo substantivo “colaboradores eo adjetivo) //1) féis colaboradores = colaboradores com fi-
geiidade ( colaboradores” e o substantivo fieis é o adjetivo) // g) velhos conquistadores = antigos herois
| conquistacores” e o substantivo, "velhos e o adjetivo), !/ n) velhos conquistadores = idosos paqueradores
(velhos eo substantivo conquistadores e o adjetivo)
6 Asvirgulas podem ser colocadas depois de ano / forças ! trabalhava / levantando me / comendo / descansa /
serviço / acocorava se / esteira / ouvia | vezes| ladrava /fora Ainclusão dessas virgulas (admitidas pelas regras
de pontuação”) fragmentaria o texto, que sena a todo momento interrompido por essa marca (de ênfase ou sim
plesmente sintatica)
7 a) À primeira vista parece que haveria uma “missa em favor da febre”, b) O leitor descarta esse entendimento
2or serincoerente, mas so tem certeza da incoerencra quando começa atero texto Inferior c vê que o Papa estava
arpado c) A ambiguidade seria evitada se a manchete fizesse a mesma Inversão que aparece no subtitulo Por
“ertamu
febre Papa cancela missa
8 al Reescritura Na fazenda do Ze Couto, onde morávamos a presença de cobras, venenosas e nao venenosas,
«empre nos surpreendia Comentario Considerando se que o texto focaliza a relação do narrador com as cobras
cia fazenda onde morava a frase do escritor e mais expressiva pois utiliza a repetição e a pontuação como objeti
sq de êntase da narrativa //b) No texto, o sintagma "com certeza representaa interpretação (3) pois e modaliza-
» EXer sor de uma impressão do narrador O termo e adjunto adverbial de modo nas interpretações (1) e (3) e predicat
t+
vo do sujesto no entendimento (2) que equivale a “As cobras estão com certeza quando carregam consigo um ar
de misterio” // c) Porque o sujeito dos dois verbos e o mesmo do periodo anterior ("as cobras ) O sujeito e sim
o'es oculto // d) A frase do texto contem um verbo intransitivo no imperativo Porisso e corretoo uso de elas a
Jretta do verbo (posição normal do sujeito de verbos no imperativo) À reescritura poderia ser justificada pela su
posição de que o autor pretendeu combinar os valores semanticos de morrer e matar atribuindo a ambos a
iransitividade de matar Paraisso poder sesta alegar inclusive que o participro “morto e comum aos dois ver
bos À dospeito disso, num texto em lingua padrão a contrução “morram nas e vicrosa pois usa um pronome
obliquo em lugar de um pronome reto
, 5 EE Es a o a a sos Es £
o termo destacado se relaciona : cuja classe : por CV, Rg, e tem a função de...
| com... Ué. | Atou Ci '
“1 erao ajá regra o o esoapaia , o verbo (vt) no ' Rg E , objeto iúdreto
* « Sar b) a larga praça o Meniaanda | verbo (utah É Rg o objeto direto no
z aC IuIr
c) agachado É *, coreto “eibdianimo At 1 predicativo do sujeito
=2"=“ vel
2 ua d) alma tinha o verbo (vtd) o Rg objeto direto É
e EO e) uma ornamentação triste , agravava, ! verbo : cv , sujeito simples ne
= = ZE CEA
s Ve SNDE! E r = Eta ASS rn doe A= = E = |
' o termo destacado | se relaciona , cuja classe | por CV, Rg, : e tem a função de...
| com... é (AtouC)
: ERAS LES Cosimo
ras iqsate ha, E CM RerA
pal: E e CE ei 2 tas Rm] APERTE =
0) muito | perfeitas , adjetivo 1 C , adj adv de intensidade !
' .—- - = —— vitddacamneenres Io do mm mm— É) po qu mão qo em mo I
10 O comentário (livre) deve destacar a enumeração e a estrutura que começa em “horas de dormir” o aposto
resumitivo “todas elas” seguido do aposto distrbutivo "umas outras Alemdisso entre outros trechos, mere
cem referencia as passagens de ordem inversa (antecipação de adjuntos adverbiais e posposição do sujeito) e
algumas regencias (com os pronomes atonos e com o valor semântico de “olhar por”)
“10
ne
TiNa
vo]
Periodo Simples
& Periodo Composto
N o periodo simples, classificamos a oração como absoluta To que ocorre numa frase
como “Aquele pugilista ganhou o título mundial por duas vezes”
Sugestão didatica
Para dividir um periodo em orações, sublimnha-se o verbo c marca-sc cada conector
tconjunções cootdenaltivas) e transposito (conjunções subor dinativas e pronomes rela-
tivos, precedidos ou não de preposicao)
Exemplos
— Disse isso sem ênfase, triste, a palavra surda, os olhos mortos, com tal palidez | que
metia pena (M de Assis)
— Não var aqui falsa modestia, | como adiante se vera (G Ramos)
[Caso haja alguma locução verbal, ela marcasa apenas uma oração, como se vê em
— Sei apenas | que uma pessoa sa pode escrever sobre as coisas marcantes de sua vida.
(Joao Cabral)
98 SINTAXE
— Pergunto pelo Grupo Corpo | e fico sabendo | que está correndo a Europa,
(Zuenir Ventura)
- Começou
a circular à expresso 2222, | que parte direto de Bonsucesso pra depois,
(Giberto Gil)| »
Isso sigmfica que o elemento nuclear da oração (o verbo) pode estar representado
morfologicamente por uma locução Por isso, cabe relembrar que, em português, ha três
tipos de locuções verbais:
a) tempo composto
auxiliar ter ou haver + prmcipal no particípio
Exemplo:
— Ele tinha (ou havia) aprendido a lição.
[A possibilidade de emprego do verbo ser como auxihar de tempo composto restringe-se a
combinações que se assemelham as dos depoentes latmos — verbos que têm forma passiva e
significação ava, homem experimentado (= que tem ou adquiriu experiência) ou lido (=
queleu) ou viajado (= que viajou), tambem chamados de verbos medio-passivos Laluso só
se da ao lado de verbos que denotam movimento. |
Exemplos:
— Ja eram passados cinco anos
— É chegada a hora fatal.
Ex
b) voz passiva
auxiliar ser, estar ou ficar + principal no particípio.
Exemplo:
— Ele sempre era (ou estava ou ficava) cercado pelos alunos,
Exemplos:
Vemos pelos exemplos que não é possível classificar uma oração de forma isolada,
sem classificar a outra oração, aquela com a qual ela se relaciona Por 1sso é que insistimos
em repetir que nós não analisamos orações, mas “relacionamentos entre orações”.
106 SINTAXE
e
2.1.1. ASSINDÉTICAS - não têm conjunção.
Obser vemos a seguinte noticia, extraída de um jornal de São Paulo”
Três dias úteis de greve dos funcionários dos Correios já provocam o acumulo de 6 m-
lhões de cartas, telegramas e encomendas na região meti opohtana de São Paulo e baixa-
da santista no Centro de Distribuição da empresa, na Zona Oeste da Capital O Interior,
por sua vez, tem 400 mul objetos postais atrasados, 10% da distribuição diaria. :
O paragrafo acima contém apenas duas frases. Cada uma delas possui um único vei-
bo Ambas nos servem como exemplos de oração absoluta. Observe agora sua reescritura.
Três dias uteis de greve dos funcionarios dos Correios já provocam o acumulo de 6 mi-
lhões de cartas, telegramas e encomendas na região metropolitana de São Paulo e baixa-
da santista no Centro de Distribuição da empresa, na Zona Oeste da Capital; o Interior,
po! sua vez, tem 400 mul objetos postais atrasados, 10% da distribuição diaria
Na nova tedação, as duas v1 ações foram agrupadas num único periodo, separadas por
um ponto-e-vírgula e sem o uso de nenhuma conjunção. As duas orações absolutas do pa-
ragrafo original fotam transformadas em duas orações coordenadas assindéticas. Assim
se classificam as orações INDEPENDENTES que não possuem conjunção. Tambem são
ASSINDFTICAS as orações introduzidas por expressões do tipo isto e, ou melhor, ou seja,
o!
por exemplo, a saber.
> ADITIVAS:
Conjunção-base. É
oração À + oração B
art
Exemplos:
oo PS
OBSERVAÇÕES
a) A conjunção aditiva e tem como forma negativa nem.
Exemplo:
(1) Nas horas dificeis, Os falsos amigos não ajudam [nem aparecem.)
b) A palavianem, quando igual a não, e adverbio (e não conjunção) Na expressão enem
(equivalente à e tambem não), so o e e conjuncão
Exemplos:
(2) Nem veio, |nem telefonou, ]
mI- [a Il! oração e assindetica; a 2º é aditiva o nem da 1! oração e advesbio)
xa- (3) Não falei ontem [e nem falarei amanhã!
Or, [a 1º oração e assindética; a 2'e aditiva, o nem da 2º oração e adverbio]
«) A correlação não só... mas (como) tambem e aditva
Exemplo:
veT- (4) Ela não só me ignorou, [mas também vitou-me o rosto.
ra fa 1t oração é assindetica]
>" ADVERSATIVAS:
mu- E -
Conjunção-base: MAS
Exemplos:
NT m dé
Pe Todos são interessados, |mas so alguns sc esforçam mesmo. |
PRE [us a um cinema sofisticado; | todavia, a platesa comportou-se mal ]
SIM . é ; id
. Ofereccram-me café, [porém prefen chá.)
são
Rd .
A OBSERVAÇÃO
À conjunção e pode ter valor adversativo.
Exemplo:
(5) O candidato talou muto [e so repetiu o obvio.)
à) Em textos mais jormais, o emprego de mas em micro de perodo pode caracteriza pobreza
expressiva Talvez seja prole fvel empregar as conjunções smonimas (explorando o uso do
ponto e virgula é da virgula) ou substituir à coordenação por uma estrutuia concessiva
Exemplos:
O fracasso de um anugo constrange. Mas sempre se pode contorta-lo
O fracasso de um amigo constrange, contudo, sempre se pode contorta lo
O fracasso de um amigo constrange Todavia, sempre se pode conforta-lo.
ss
b) Empregar a grafia correta (mas X mais) decorre da observação dos aspectos morfológicos
e/ou semânticos de ambos os vocábulos (fonologicamente igualados em determinados regis-
tros pela tendencia natural do idioma de ditongar as terminações vogal + /S/).
— palavra denotativa (ou advérbio) de ratificação (= sim, decerto / Exemplo: Você falou com
segurança, mas com muita segurança mesmo.) ou de reforço (Exemplo: Eu vou me distrair,
mas é ficando em casa.) b)
— substantivo (= obstáculo, dificuldade / Exemplo: Sempre que o chamo, escuto um mas.)
— parte da expressão aditiva “não só... mas também”
- parte da expressão “nem mas nem meio mas” (= não aceitar pretextos ou evasivas)
c> ALTERNATIVAS:
Conjunção-base: OU
um,
E)
nl
$a
$a
a
sp
Pt
o
o
=
»
õ
A
a
Exemplos:
Nossa vista está embaçada [ou isso é neblina ?]
[Ora os políticos dizem uma coisa, |! [ora dizem outra.!
c= CONCLUSIVAS:
Conjunção-base: LOGO
Exemplos:
O dia amanheceu ensolarado; [logo, as praias ficarão repletas.)
Nosso dinheiro está acabando, [portanto temos de economizar.)
Coordenação & Subordinação 103
OBSERVAÇÕES
a) À conjunção conclusiva pois so pode ser empregada no meio ou no final da oração
coordenada.
Exemplo: ”
(6) Está chovendo; [leve, pois, um guarda-chuva (,pois).|
b) A palavra logo, quando sinônima de logo mars, mais tarde, daqui a porco, em breve, e
advérbio (e não conjunção).
Exemplo:
(7) O dia amanheceu ensolarado; [logo as praias ficarão repletas.)
[as duas orações são assindéticas]
Exemplos:
> EXPLICATIVAS:
Conjunção-base: POIS
vas
[o]
por
p-
Br
po
RR]
E 2)
o
o
m
p
o
Mm
Exemplo:
Certamente nosso avô perdera a memória, | pois contava o mesmo caso todo dia.]
OBSERVAÇÃO
Também haverá oração explicativa (com a conjunção que = porque) se a primera
oração possuir verbo no imperativo.
Exemplo:
(8) Some daqui, [que o assunto não é da tua conta.)
104 SINTAXE
r Ep es =" => > > = - ==
Não devemos confunda a estrutura explicativa com à causal (que tambem emprega as con
junções pois & porque) Na verdade, à distinção entre ambas e mais clara no aspecto semán
tico (a oração explicativa e sempre a consequência da oração A) ou no seu carater lonologio
(a entonação da oração A e ascendentee termina por pausa).
Fxemplos:
— O carro tem algum probloma, |pois esta soltando fumaça. | > | XPLICATIVA
— O carro esta soltando fumaça (,) [pois temm algum problema. | > CAL SAI
Ss EA
COORDENATIVOS DA PALAVRA QUE
WU
Ls = ess ce - useuo Gr. ques me aaa ==—— -
h passeia encontrar reterência a valores coordenativos para à palavra QUE, apesar e as ve-
ses tambem serem corretas outras classificações para essas estruturas,
Exemplos:
Nessa hora, as ras pulam fque pulam / correm! ate desaparecerem na curva do no 1
1
1
> a oração destacada v adverbial consecutiva (subentende-se o adverbio LIANTO na oração 1
1
1
micial) 1
1
1
1
1
| Se cla mer aqui, gue não vem,| nós lhe demos poucase boas. 1
'
'
- votação destacadae sindetica adversativa (o QUE imntioduz uma idéia opositiva) 1
1
> a oração destacada e adverbial causal (o QUI equivale a porque)
1
1
Alguns autores“! adotam à mesma classificação semantica para as orações coordenadas as-
sindeticas (aditivas, adversativas, etc.) Não nos parece recomendavel tal procedimento e
consideramos que a mexistencia de vinculo lexwal (pela falta da conjunção coordenativa)
impede, nestes casos, a respectiva analise semantico-estrutuial Acaba prevalecendo uma
interpretação de cunho semântico das relações interoracionais — o que pode ser, no minimo,
muito discutivel no estudo da sintaxe,
Vejamos, por exemplo, como seria tenue justificar alguma classificação para as orações em
negrito em virtude de diferentes possibilidades de interpretação semantica.
Exemplos:
— Conheço o Saldanha, [taço toda a justiça à suas Intenções ] (M A, de Almeida)
— Lu respeitava muito minha mulher, [via-a, às vezes, mteressada pelas minhas tentativas |
(Lima Barreto)
“ Adiante, quando tratarmos das adverbiais causais, voltaremos a comentar esse ponto
HOC Classificação das Orações Independentes Coordenadas” (A €G Kury NLAS, p 66-9)
Coordenação & Subordinação 105
“Desenhes como pude uns caracteres, [outros deixe: quasc acabados,! [outros (deixei) ape-
nas esboçados.]” (Gonçalves Dias)
A NGB optou por considerar que existem em portugues cinco subtipos de conjunções coor- |
denativas segundo a relação de sentido que estabelecem As caracteristicas sintaticas que, no
conjunto, particular izam umas e outias recomendam uma reflexão sobre essa análise. Obras
recentes, retomando lições de antigos gramáticos**, têm tratado de modo diferente essas es- +
truturas, considerando que não são conjunções (e sim advérbios) os vocabulos que estabele- |
cem vinculos apenas semânticos entre tais orações A diferença entre as “conjunções-
conjunções” e as “conjunções-adverbios” reside na possibilidade que algumas têm de serem
deslocadas na sua oração
Exemplos.
— Todos estão surpresos, mas essa é a realidade
> mas tem posição fixa é conjunção
- Todos estão surpresos, (contudo) essa (contudo) « (contudo) a reahdade (contudo).
> contudo tem posição móvel: não e conjunção.
— Sua tua e rica, (logo,) ela (logo,) pode (logo,) viajar (logo,) para qualquer lugar (logo)
> logo tem posição móvel: não é conjunção
Como neste hvro optamos por acompanhar a NGB, mantivemos a classificação tradicional,
mas tambem e justificável classificar tais vocábulos deslocáveis como advérbios (e não como
conjunções) Por esse critério, seriam conjunções coordenativas apenas as que atuam efetiva-
mente como conectores sintáticos e, nem, ou e mas
CE Analise Simitatica em Nova Dimensão, de Walmno Macedo (Rio de Janeiro s/ed, 1976 — 3 edição), p
[D1-4.
*Vejamos o que diz Maximino Maciel em sua Gramatica Descritiva (Rio de Janeiro Livraria Francisco Alves,
1918,p 145 aliedição e de 1894) “As palavras entretanto. contudo c todavia têm mais função adverbial do
que de conjunção, tanto que imsttuímos o novo grupo dos adverbios de concessão ou concessivos a que hoje
pertencem
106 SINTAXE
Exemplos:
a) A reunião — Deus que me perdoe — tinha sido um sucesso. — escusa
b) De vez em quando, ela acariciava meus cabelos (eu ainda os tinha). > ressalva
c) Naquela época, lembrem-se destas palavras, a corrupção não havia tomado conta da
república. > advertência
d) Então sou um inocente — pois este é exatamente o meu propósito. (Fernando Sabmo)
— desejo
OBSERVAÇÃO
Às vezes, o elemento a ser intercalado é, na verdade, um verdadeiro período ou até
mais de um (que pode e deve ter suas orações classificadas).
Exemplos:
(1) “Quem não tem tempo para escrever um livro não deve lê-lo — este é um dos pro-
vérbios livro de Provérbios — e (faltam)
com razão.” (Campos de
Carvalho) > ressalva
[duas intercalações (1 composta de 2 orações e 1 simples, com verbo implícito)|
(2) Nasemana seguinte leríamos o livro recomendado pelo professor — quem manda/
sermos obedientes? > opinião
[uma intercalação (com 2 orações)]
*? A NGB não fez referência as orações justapostas, intercaladas ou não Trataremos das justapostas e das ora-
ções do discurso direto na parte relativa as subordinadas
Coordenação & Subordinação 107
1 Analisando o relacionamento que a oração sublinhada mantém com a primeira, reconheça o tipo
de coordenação
a) À torcida do Bambala é exigente e cobra vitórias de seu time
b) À torcida do Bambala é exigente e pede a compra daquele pema-de-pau,
c) A torcida do Bambala é exigente, deseja muitas vitórias, pois.
d) A torcida do Bambala é exigente, pois vata uma vitoria de 6a O
e) A torcida do Bambala é exigente, invade o gramado a toa
f)
AU-
9) A torcida do Bambala e exigente, logo começa a valar o time
h) A torcida do Bambalia e exigente, contudo, acompanha seu time.
1) A torcida do Bambala é exigente, e os jogadores sempre se esforçam
p A torcida do Bambala e exigente, vaia / mas é como mcentivo
2 Complete as frases com o conectivo coordenativo adequado ao contexto (use os sinais de pontua-
ção recomendáveis)
a) A fuga foi providencial todos acabaram presos
| da b) A vitima estava presa no elevador gritava por socorro.
c) Qualquer dia desses ele despede a empregada dá-lhe uma surra.
no! d) Ouvi gritos de alegria a festa estava animada.
e) A festa estava animada ouvi gritos de alegria
O RR: D E RESPOSTAS
t a) sindética aditiva, b) sindetica advorsativa, c) sindetica conclusiva d) sindética explicativa, e) assindética f)
sindética alternativa g) assindética, h) sindética adversativa, 1) sindetica aditiva, )) assindética / sindéiica adver
sativa (“é é verbo vicário, usado em lugar de vara")
2 a) mas (ou sinônimos) b)e (ou pois) c) ou (ou e) d) logo, (ou smórimos), e) pois
3 Avida era agradavel, faltava nos, todavia, alguma coisa OU A vida era agradavel, faltava nos alguma coisa, to-
dava
4 A
5 Haoração intercatada nas frases (b) onde “e que” e expletivo, (c) e ti) Ha periodo intercalado nas frases (d) e
(e) Asfrases Ae G ficam em branco Ha idéia de opinião nasntercalada
da frase (b), do ressalva em (c) e (f),de de
sejo em (d) e de escusa em (e)
Durante muto tempo se ensinou nas escolas que toda oração contém obrigatoriamente um
verbo. Também se ensinava que uma oração principal pode ter como dependente uma ora-
ção subordinada, ou seja, que uma oração subordinada era “parte de outra oração”, sua prin-
cipal (e 1ss0 tudo era mesmo muito obvio). 1
1
Pe
se, alegando que, naquela classificação tradicional, “o problema principal tema ver coma 1
“A Nomenclatura Gramatial Portuguesa não acolheu o termo oração primepal, prefermdo oração vubordt-
nante O argumento e que “principal” daria margem a duplas interpretações, quer no plano logico, quer no
plano gramatical A prevalecer esse criterio, não mam sobrar muitos termos para compor uma nomenclatura
gramatical
Coordenação & Subordinaçao 109
2.3.1. SUBSTANTIVAS“
Desempenham uma função sintática de natureza substantiva em relação à principal
Por isso, observemos a equivalência a seguir”
b
subordinada SUBSTANTIVA
(a função sintática desse termo é a mesma da oração)
Exemplos:
- É necessário [que estudes] = É necessário [isto]
y +
(a oração é SUBJETIVA porque “isto” e SUJEITO)
“Walmirio Macedo, em Elementos para na Estrutura da E ngua Portuguesa (Rio de Janeiro Presença, 1987
2 edição), enumera as ocorrências das chamadas estruturas matrizes das orações substantrvas (p 157-8)
110 SINTAXE
OBSERVAÇÕES
a) Ás orações substantivas têm um único tipo de conectivo: as conjunções integrantes
QUE ce SE.
Exemplo:
(1) Talvez ele saiba [que / se vai haver aula amanhã).
" Há sutilezas semânticas no emprego de uma e de outra conjunção integrante, o que inclui a
, observação da existência ou não da forma negativa na oração principal
: Exemplos:
, Ela (não) sabe /quevirá x Ela (não)
sabe / se virá.
Exemplos:
(3) Esperamos [todos tenham sucesso]
(4) Queira Deus [voltemos em segurança].
d) E opctonal, desde que não cause ambiguidade ou estranheza, o uso da preposição an-
tes da conjunção Integrante que introduz as orações objetivas induetas e completivas
nominais
Exemplos:
( 5) Ialvez ele concorde [(cm ou com) que mc deve uma satistação
(66) Ninguem aspra i(a ou por) que seu projeto seja vetado].
( 7) Cheguei à conclusão | (de) que está tudo errado]
( 8) Não dei permissão | (para) que você saisse daqui]
(9) Dedico todo meu tempo [a que aprendas]
> omissão não recomendável, poi estranheza
(10) Falei isso pela esperança [de que não pode ser verdade]
— omissão não recomendável, por ambiguidade completa nominal ou adjetiva restritiva?
(11) Tenho tanta certeza [de que você aceitata o convite).
— omussão nao recomendável, por ambiguidade completiva nominal ou adver
bial consecutiva?
e) As orações substantivas podem ser introduzidas poi palavras que não são conectivos
(os pronomes QUEM, QUAL, QUE e QUANTO e os adverbios QUANDO, COMO,
ONDE, POR QUE e QUANTO) Fssas palavias, que também podem estar precedidas
de preposição, sempre desempenham uma função simtatica dentro da oração subs-
tantiva, e essas orações, poique não tem conectivo, são chamadas de justapostas" (em
oposicão as concctivas)
Exemplos
(12) Perguntei apenas [onde ele nascera |
y
(— isto. OBJELIVA DIRLTA)
No caso de uma oração substantiva miciar-se por QUEM (precedido ou não por pre-
posição), a eguivalência proposta poderá substitum o isto por este Trata-se de simples
questão semântica. “isto” se refere a cossas; “quem” a pessoas
Exemplos:
(14) So gosto [de quem gosta de mim).
(= este. SUBJETIVA)
h)
Ha um tipo de oração substantiva que não pode ser construido com conjunção inte-
grante, sendo introduzido sempre pela locução POR + QUEM, QUANTOS...
Exemplo:
(16) Fles so serão respeitados [por quantos valorizem o hom profissional].
v
(= por estes)
(a oração e AGENTE DA PASSIVA porque “por estes” e AGENTE DA PASSIVA)
40
Olmar Guterres da Silveira tratou desse assunto em “Orações Subordimadas sem Conectivo” (OOGS, p
22.41)
Conrdenação & Subordinação 113
nus
o
idas
" ANGBnãoneluias orações coma função de agente da passiva Pode-se apresentar três hipo-
ubs-
teses para essa omissão: a ja nomenclatura não faz referência as orações justapostas; b) não ha
em
consenso na classificação dessa estrutura, que para alguns e substantiva (cf A G Kury,
NLAS, p. 77; cf. € Cunha &L. Cintra, NGPC, p. 601), mas para outros e adverbial (cf. F. Be-
chara, LPAS, p. 153) — ea divergência tem origem num enfoque diacrônico (o valor adverbial
da construção latina com per + ablativo) ou sincrônico (o valor substantivo do agente da pas-
Siva, temo equivalente ao sujeito da voz ativa), c) há quem considere o pronome quem como
telativo indefinido (cf. R. Lima, GNLP, p. 116-7) - análise que, hoje, pode ser considerada su-
perada. A respeito dessas irases com o pronome quem, cabe anda a leitura de “Pronome Re-
lavo Indefinido” (M Said Ali, GHLP, p 109-10) €. P, Luft (MGB, p. 38) chega a afirmar
que o agente da passiva, mesmo como termo de oração, e “um adjunto adverbial bem prox-
mo dos de causa e mstrumento”,
Exemplo
(17) Desgya-se [que você alcance a felicidade].
, +
NA) PA. (=isto: SUBJETIVA)
|) A oração objetiva direta que complementa o verbo fazer, transitivo direto, pode ser
iniciada pela preposição COM, por eufonia.
Exemplo:
(19) Tizgram [(com) que cla chorasse).
k) As orações objetivas diretas que complementam os verbos dizere pedir têm estrutura
idêntica. Não admitem, em construção formal, a preposição PARA, a não ser no caso
de pedir (hcença) para.
Exemplos:
(20) Ela pediu (ou disse) que eu fosse ao seu quarto.
> a língua padrão de rigo acadêmico desabona frases como “Ela pediu (ou disse)
para que eu fossç ao seu quarto. / Ela pediu (ou disse) para eu |y ao seu quarto.”
(21) O aluno pediu para a turma saw mais cedo.
— a palavra “licença” está subentendida (= O aluno pediu [licença] para a turma
sair mais cedo. / O aluno pediu [licença] para que a turma saísse mais cedo.)
— O objeto direto do verbo “pedir” é a palavra “licença” (subentendida), e a ora-
ção que começa com “paia que” é completiva nominal
Exemplos:
(22) Creio em fantasmas. & Acredito em tuas palavras
v y
(23) Crero [que fantasmasexistem.| & Acredito [que tuas palavras são certas.)
04
-====—-
— Em (22) os verbos são transitivos indiretos.
-> Em (23) as orações são OBJETIVAS DIRETAS (vti > vtd)
MAS. .
(24) Creio / Acredito [em quem trabalha.|
> Em (24) a oração substantiva é OBJETIVA INDIRETA (justaposta)
oração cujo predicado tem como núcleo um verbo chamado dicendi, declarandi ou
sentiends. As três palavras são genitivos do gerúndio dos verbos dicere, declarare e
sentire. Othon M. Garcia, no livro Comunicação em Prosa Moderna (Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 1988 — a 1º edição é de 1967), traça um minucioso estudo
da técnica do diálogo e dos discursos direto e mdireto (cf. p.129-45). Aos chamados
“verbos de elocução” dicendi ou declarandr (dizer, declarar, perguntar, responder...),
Coordenação & Subordinacção 115
ser ele acrescenta — por analogia — os sentrendr, isto é, os “verbos de elocução” que deno-
tam emoções (susprar, lamentar, queixar-se, gemer . ). À estes, podemos aduzi: for-
mas mais recentes, que tambem atribuem os valores semânticos “de dizes” a verbos
usados metaforicamente, como “contabilizar, alfinctar, destilar, decretar, detonar,
festejar, abrir-se, entregar” e outros
Independente de seu posicionamento na frase, a análise dessas orações deve ser única”
há uma oração principal (a que contem o vei bo que introduz o discurso direto) e uma
subordinada substantiva objetiva direta. Consideramos, portanto, que todos os ver-
bos dicendi c sentrend: são transitivos diretos Afinal, todos significam em ultima aná-
lise “drze1” (ada que esse valor de “dizer” possa estar acompanhado de alguma no-
SSE1 ção referencial ou emotiva: “dizer com queixa” = queixar-se, “dizer após uma inter-
rupção” = mterromper; “dizer com fingimento” = fingir; “dizer com maldade” = destr-
lar, etc.).
rima
Exemplos:
Ora-
lo. 22 gr.
(25) [As recepcionistas avisaram.) [- O espetáculo foi cancelado.)
> a li oração é principal; a 2º oração é subord. substantiva objetiva direta.
ECL-
li gr. 2º OT.
5 1N-
oTa-
(26) [- O espetaculo foi cancelado.| [— avisaram as 1ecepcionastas.|
> a lº oração é subord. substantiva objetiva direta; a 2º oração e principal.
Analisando o relacionamento que a oração sublinhada mantem com a principal, reconheça o tipo
de substantiva
a) Não basta que você me peça perdão,
b) Sou favoravel aque todos sejam punidos
c) Hoje não vou investigar de quem e a culpa
d) O heró: foi traido por quem se dizia seu amigo
e) Peço lhe um favor esqueça-me
f) Só fico imaginando com quantos ela já se divertiu
g) A verdade é que Isso tudo é muito relativo
h) E verdade que tudo isso é muito relativo
) Estou avisando-o de que haverá uma cilada
) Aqui nunca se afirmou que não poderia haver mudanças no grupo
k) Fizemos com que tudo fosse explicado
) Quem tudo quer, nada tem
m) Tenho mais confiança em quem e feio,
n) Não tenho certeza se poderei escrever o discurso.
o) Convem que acertes pelo menos esta questão
p) Os mais revoltados não entenderam de onde surgira aquela proposta
q) Você ainda val acabar descobrindo com quantos paus se faz uma canoa
5 Astrês orações subordinadas substantivas abaixo sublinhadas têm classificação igual ou diferen-
te? Explique
a) O problema e que ela não me olha com o mesmo rancor de antes
b) À pesquisa mostra que ela não me olha com o mesmo rancor de antes
ec) E verdade que ela não me olha com o mesmo rancor de antes
1 a) subjetiva b) completiva nominal, c) objetiva direta, d) agente da passiva, e) apositiva, f) obietiva direta 9)
predicativa h) subjetiva, 1) obpetiva indireta, |) subjetiva k) objetiva direta, |) subietiva, m) completiva nominal n)
completiva nominal o) subjetiva p) objetiva direta q) objetiva direta
2 a) Quem me conhece / certamente entenderá minha situação > iforação subordinada substantiva subjetiva/
2º oração principal b) Não cabe numa situação dessas, / que voce perca o controle > 1f oração principal / 2º
oração subordinada substantiva subjetiva c) Por estas bandas anda se fala/ que existem labisomens + 1º ora
cão principal / 2º oração subordinada substantiva subjetiva
Sa e pomeiro perloda pode ser reescnto na voz passiva verbal com oração substantiva agente da passiva, porque
€ q unico que esta na voz ativa com verbo transitivo direto Certamente minha situação sera entendida por quem
ne conhece
3D
4 B Não sabiamos (principal da 2º) / se inam permitir (sub subst objetiva direta da 1º e princ da 3º), que os fre
gueses continuassem a pagar suas contas com cheque (sub subst objetiva direta da 2º)
5 Astrês orações tom classificação dderente a daletra a e predicativa, a da letra be objetiva direta adaletrace
subjetiva
2.3.2. ADJETIVAS
Desempenham, em retação a principal, uma única função sintática (de natureza adje-
tiva) adjunto adnominal
b
= oração adjetiva
Exemplos:
(a) Adoro os filmes de Hitchcock, [que revejo sempre ]
(b) Adoro os filmes de Hitchcock | que revejo sempre.)
Em (a) o falante afirma que revé sempre os filmes de Hitchcock e que adora todos eles.
Em (b) o falante afirma que adora rever alguns filmes de Hitchcock, mas não todos.
Exemplo:
e
O chefe político recebe uma descompostura no jornal Tranca-se e passa dias com-
pondo a resposta, enérgica e longa, [que e publicada na matéria paga] Ninguém a
compreenderá direito
A análise precipitada logo dirá que a oração iniciada pelo relativo que e adjetrva expli-
cativa (esta precedido de virgula). Todavia, o antecedente desse relativo é o substantivo
resposta, posicionado antes dos adjetivos enérgica e longa, predicativo do objeto direto. A
questão e: como o predicativo do objeto direto está colocado entre vírgulas, qual a classifi-
cação adequada para a oração iniciada pelo relativo? Se retrássemos o predicativo, a vír-
gula de antes do pronome que permaneceria?
OBSERVAÇÕES
a) Há um tipo de oração adjetiva que não pode ser construído com pronome relativo,
sendo introduzido pela locução DE QUEM. Neste caso, há uma aproximação formal
com a estrutura substantiva Gustaposta). Entretanto, feita a equivalência com deste,
verificamos que a oração desempenha a função de ADJUNTO ADNOMINAL, o que
confirma sua classificação como adjetiva
Exemplo:
(1) Não me lembro do nome [de quem me entregou esta pasta].
4
(= deste)
(a oração é ADJETIVA porque “deste” é ADJUNTO ADNOMINAL)
A preposição que antecede o pronome relativo não tem nenhuma relação com a ora-
ção principal. Como já vimos em capítulo anterior", sua existência se prende à função
sintática que o relativo desempenha em sua própria oração.
Exemplo:
(2) O livro [de que preciso] está em sua casa,
— A preposição de é exigida pelo verbo “precisar” (o pronome relativo desempe-
nhaa função de objeto mdireto dentro da oração adjetiva = Eu preciso dolivro)
Essas estruturas adjetivas cujo pronome é regido por preposição têm, além da forma
mama
e
* Recomenda-se rever atentamente o item que examinou as funções sintáticas dos pronomes relativos no ca
pitulo sobre Estrutura da Oração,
120 SINTAXE
Exemplos: 8
(6) Essa moça não é a [que você encontrou na prata]?
+, +
= aquela - = a qual
fpron demonstr ) + (pron. relativo)
+
O demonstrativo a (= aquela) eo PREDICATIVO DO SUJEITO da oração principal
(7) Obina estava escalado, o [que deu à torcida uma sensação de ahvio]
+ 4 ”
= 18s0 + = o qual
(pron. demonstr ) + (pron relativo) -
3033 MAS.
(16) O pior de tudo é / que ela ammda te ama
— ha duas orações (principal + substantiva predicativa)
(17) Este g o homem / que resolverá tudo para você.
> há duas orações (principal + adyetiva restritiva)
(18) Se digo deste modo, / é (= digo) / que (— porque) ainda não aprendi as boas ma-
fu
neiras
> ha tiês orações (adverbial condicional + principal + adverbial causal)
[Nessa ltase, O verbo ser esta empregado como vicario (em lugar de digo) Fm portugues, o
verbo fazer tambem pode ter esse emprego Exemplo: Pretendo escrever um livro, mas so 0 fa
rel excreverer) na velhice Outras palavras podem atuar como vicarias em português os pio
nontes pessoais, que substituem um substantivo nem sempre expresso no texto (p ex FU sem
pre substituto do talante), os demonstrativos anaforicos, que substituem um substantivo ex
presso anteriormente, as particulas sim e não quando condensam a resposta a uma indagação.
(Ct. M Câmara, DLG,p 2141)!
Em casos onde ocorie o desmembramento dessa expressão, alem de ser possivel a contamm-
nação de concordância, tambem se pede obscrvar uma modificação no tempo do verdadeiro
verbo da oração
Exemplos:
Parto para sempre. | mboja seja! os amigos que me expulsam, sinto tristeza.
> expressão expletiva desmembrada (“verbo” ser no plual e subjuntivo, o verbo expuhar
poderia estar no subjuntivo)
h) O pronome relativo QUEM não pode desempenhar a função de objeto direto (a não
ser preposicionado).
Exemplos:
(21) A lei condenou o bandido [a quem o delegado prendera].
> e objeto direto preposicionado (de prendera)
1) Quando introduz uma oração adjetiva que acumula a função de principal em relação
a uma outra subordinada, o pronome relativo pode não desempenhar sua função na
oração adjetiva, mas sim naquela que lhe é subordinada
Exemplos:
p lºot. |] | 2ºor. | [ 3or. ]
(24) Não trouxemos o livro / que você pediu / que nós comprássemos
y
[ principal da 2º ] [adjetiva e princ. da 3º] [ substantiva |]
> O pronome relativo é OBJETO DIRETO (de comprássemos). O segundo que e con-
junção integrante.
[to | [ 2ºor. ] [ Pa ]
(25) Essa é a professora / que a turma não sabia / de onde viera.
J v y
[ principal da 2º | [adjetiva e princ da 32) [substantiva/justaposta]
=> O pronome relativo é SUJEITO (de vrera)
Coordenação & Subordinação 123
Vambém se empregam como relativos ONDE, QUANDO e COMO, que sempre desem-
penham função adverbial - e por isso podem sei chamados de “adverbios relativos”
Exemplos:
(29) Estanher muto a maneira [como você falou com sua esposa]
—+ COMO é adjunto adverbial de modo (de falou)
Mas .
(30) Hoje [que csse dever esta cumprido, | voltamos ao nosso posto (Júlio Ribeiro)
— QUE é adjunto adverbial de tempo (de est cumprido), e seu antecedente é HOJE
T— “a E “= E ati ara “ o EE
sa. “2 4 ox
nt
as
Analisando o relacionamento que a oração sublinhada mantem com a principal, reconheça o tipo
E
de adjetiva
a) Não conheço os lucros que tanto comemoras
b) Falam isso de nós, que somos seus amigos
cCON-
c) Hoge verei os cadernos de quem
não pergunta nada
d) Catra uma chuva, uma chuva Impredosa, que afugentara todos os turistas
e) Sublimavam apenas o que lhes interessava
Recorrendo a pontuação, una com pronome relativo os fragmentos abaixo de modo que os resulta-
dos correspondam as frases propostas
- os elettores podem mudar o destino do pais
- os eleitores são bem informados
124 SINTAXE
frase a: Todos os eleitores são bem informados e podem mudar o destino do pais
frase b Apenas os eleitores bem informados podem mudar o destino do pais.
3 Empregando pronomes relativos, complete as lacunas das frases abaixo, de acordo com a norma
padrão x
a) Ela teve um gesto nunca esqueceremos
b) A conclusão chegamos e impar.
c) Censuraram a reportagem teor discordet
d) Elefez uma revelação | devemos dedicar muita atenção.
e) Temos aqui uma situação se deve evitar.
9 Ojovem acaba de se formar ja conseguiu um emprego
g) A mão afaga é a mesma apedreja
h) As Investigações eu estou fugindo poderão nos comprometer
) O banqueiro eu fu; enganado ja esta preso
) Escapou pela janela o passarnho ganhei de meu pai
k Talvez seja essa a cena o professor se referiu naquela aula
) Quero fazer tudo eu tenho direito
m) Foste trocada por um cabra não tem onde cair morto.
n) Minha melhor amiga, braços chore! muitas magoas, acaba de roubar meu marido
o) Eu, você agora ofende tão facilmente, trago ainda na lembrança as palavras am!-
gas turrecebido nesta casa . | morei quando era criança
4 Faça a substituição das estruturas adjetivas sublinhadas por outras de igual valor
a) O jovem que acaba de se formar ja conseguiu um emprego
b) A mala velha que deixou no porão e que estava cheia de teias
de aranha continuava no mesmo
lugar t0
5. À unica opção cuja resposta não convém a compreensão gramatical do que ou qual e
a) Você não vê que isso é um jogo (conjunção integrante)
) O que você quer e prejudicar-me. (pronome relativo)
)
too
8 Escreva uma frase (sem adjetivos) que tenha a seguinte estrutura sintatica SUJ+VTD+OD+AAL
Depois, acrescente para cada um dos termos um adjunto adnominal em forma de oração adjetiva
Evite a repetição do relativo Ao final, comente o resultado textual
Ss am
otender algum colega com o qual eventualmente discorde das ideias ”
Explique se o emprego dos relativos em (a) e (b) esta de acordo com as regras de regência da
ingua padrão, observando
— em (a) o emprego duplo do relativo e a possibilidade de uma reesentura que evite essa repetição,
— em (b) o uso das preposições "com" e “de” em relação ao verbo “discordar”
10 Afoto mostra um cartaz afixado no vidro traseiro de ônibus do municipio do Rio de Janeiro Nele, o
pronome relativo esta empregado três vezes
Explique se a frase serve como exemplo de uso compativel com a lingua padrão
ra
os tran iss
sta quiser,
O dia que ele tiver vontaade.
na hora que
uro.
vá de ônibus. É legal. É mais seg
» UE "
geo
NUA
dedo
És +? ni ú
126 SINTAXE
12 Observe os pronomes relativos empregados nas frases abaixo Em que alternativas a segunda
construção representa um uso que, éslilisticamente, pode ser criticado? Por quê?
(a) Este é um pais que vai pra frente X Este e um pais o qual vai pra frente
(b) Fiz a comida que você adora X Fiz a comida a qual você adora.
(c) Compro livros que não pedes X Compro livros os quais não pedes
(d) São obras de que me orgulho X São obras das quais me orgulho
(e) E um frio a que não me acostumo X E um frio ao qual não me acostumo
Os trechos abaixo foram extraidos do romance Isaura, de José de Alencar Examine o emprego de
virgula antes do pronome relativo “que” e explique por que, numa das alternativas, e possivel Inter-
pretar sua oração como restritiva, em vez de explicativa
(a) Logo a direita do corredor encontramos aberta uma larga porta, que da entrada a sala de re-
cepção, vasta € luxuosamente mobiliada
(b) Continua a cantar tens a voz tão bonita!, mas eu antes quisera que cantasses outra coisa, 1:
por que é que você gosta tanto dessa cantiga tão triste, que você aprendeu não seronde? . co!
(c) Ela aqui e livre, mais livre do que eu mesma, coitada de mim, que ja não tenho gostos na vida
nem forças para gozar da liberdade. far
(d) Refletindo porém um momento, sentiu que lhe seria mais vantajoso empregar contra o seu
agressor a mesma arma de que se servira contra ele, o sarcasmo, que as circunstâncias lhe
que
permittam vibrar de modo vitorioso e decisivo
(e) Parecia um desses vasos de louça, de formas fantasticas e grotescas, que se enchem de flores
para enfeitar bufetes e aparadores rão
cor
14 A locução "é que”, empregada em frases como “nós e que somos os culpados”, está assim comen- pos
tada por Julio Nogueira em O Exame de Português (p 246-7), livro publicado em 1918
5!
Essa construção, impenetravel a análise, tem sido explicada mediante interpretações cerebri 6:
nas nos é (certo) que somos os culpados — e certo que nós somos os culpados ( ) Basta atender
ao acento oracional, que traduz bem a nossa intenção ao proferir tais frases, para reconhecer que
essa interpretação artificiosa foge completamente ao verdadeiro sentido
À critica de Júlio Nogueira é pertinente? Explique.
15 A materia de Ricardo Dias Felner tor publicada em 2007 no jornal português Publico
Assessor de Cavaco Silva lança duras críticas a alteração do Estatuto do Aluno
O assessor de Cavaco Silva para os Assuntos Sociais, David Justino, não gostou nada da pro-
posta de alteração ao Estatuto do Aluno aprovada, na generalidade, na Assembleia da Republica.
No dia 27 de Outubro, três dias depois de o diploma ser votado, o ex-ministro da Educação ati-
rou-se contra “a marca emergente de algumas visões românticas do processo educativo”, que tão
“nefastas” têm sido para o ensino
A opinião de David Justino — que foi responsavel pelo Estatuto do Aluno ainda em vigor — for es-
crita no blogue colectivo Quarta Republica, onde tambem escrevem a assessora para a Educação
do actual Presidente da Republica, Suzana Toscano, alguns ex-deputados do PSD, Tavares Mo
reira, ex-secretario de Estado de Cavaco Silva, e o deputado Miguel Frasquilho aa
Coordenação & Subordinação 127
David Justino —- que o PUBLICO não conseguiu contactar - começa por fazer uma critica gene
rica do lobby do “eduquês”, numa recensão do livro À Lógica dos Burros — O Lado Negro das Poli-
ticas Educativas, da autoria do professor Gabriel Mitha Ribeiro Mas acaba por relacionar directa
mente a tese defendida pqr esse grupo — “que está muito longe de deixar de exercer o poder” — e
as alterações ao Estatuto do Aluno “Afinal os estudantes (que vão a escola e estudam), os esco-
lantes (que vão a escola e não estudam) e os faltantes (os que não vão a escola e não estudam)
passam a ser tratados ao mesmo nivel, com os mesmos direitos, mas raramente com os mesmos
deveres Assim não há volta a dar”, comenta.
()*Osr primeiro ministro não discutiu com o sr Presidente da Republica o Estatuto do Alu-
no”, la-se numa nota, enviada ontem a Lusa, pelos assessores do primeiro-ministro, em que se
acrescentava serem as noticias “falsas e sem qualquer fundamento”
ter Examine as orações adjetivas e comente as peculiaridades de seu uso no texto
CHAVE DE RESPOSTAS.
1 a) restritiva, b) explicativa, 0) restritiva (justaposta), d) explicativa (é defensavel interpretar como restritiva se
onsiderarmos que as vírgulas são exclusivas do aposto), €) restritiva
2 a) Os elestores, que são bem informados, podem mudar o destino do país // b) a) Os eleitores que são bem in
*nrmados podem mudar o destino do pais
4 a) O jovem recém-formadoja conseguiu um cmprego, b) A mala velha e cheia de teias de aranha deixada no po
do continuava no mesmo lugar c) Às Investigações bem conduzidas trazem beneficios a todos d) O advogado
corrupto fugiu com o dinheiro do aposentado, e) À lagarta, transformada em borboleta, fugiu pela janela, f) A res
osta apresentada à pergunta feita não esclareceu o assunto
& Resposta livre (exemplo Minha tia (S) encontrou (VTD) um cachorro (OD) na rua (AAL) // Minha tia cuja casa
tca meio Isolada, encontrou um cachorro que era de raça na rua onde eu moro) / Quanta ao resultado textual é
bem provavel que tenha sido produzida uma frase pouco expressiva (como a que colocamos na sugestão)
9 Esta de acordo apenas em (a) cada relativo empregado se relaciona com um antecedente diferente (Tostão &
coluna) e não caberia o uso de nenhum outra relativo (substituir por “de quem e de que” sena discutivel estilistica
nente) A frase (b) contem um solecismo que não exemplifica as chamadas retativas cortadora e copiadora pois
ERAS
uverbo “discordar rege a preposição “de” (quem rege “com” e seu antonmmo “concordar”), O antecedente do re
ativo é "algum colega” que na oração adjetiva desempenha a função de adjunta adnominal de "ideias" (Eventual
10 Afrase do cartaz exemplifica o que se chama de "relativa cortadora”, pois nas três ocorrências a preposição
cem” for omitida o que não e compativel com o Liso padrão
tac
dc at
11 Hã ambiguidade, que decorre da possibilidade de o antecedente do que ser “a irmã" ou ' o colega” Desfaz se
7 ambiguidade utilizando-se o relativo “o qual” ou “a qual”, conforme o caso
128 SINTAXE
12 Nasopções (a) (b) e (c) o pronome “o/als) qual(1s)" não e precedido de preposição e por isso pode ser cnti
cado estilisticamente, já que não ha risco de ambiguidade
13 Nas opções (a) e (b) a virgula que antecede 0 pronome separa à oração acetiva clo termo de seu anteceden
te “uma larga porta” e “dessa cantiga tão triste” respectivamente Nas opções (c) e (d), a virgula que antecede o
pronome é cumulativa, pois a oração adjetiva está precedida de um expletivo de escusa em (c) e de um aposto em
(d) Em tc) o antecedente do “que” é 9 pronome “eu” Retirado o expletivo, a virgula permanece, tendo em vista a
impossibilidade logica de se supor
a existôncia de um outro "eu mesma” Em (d) o antecedente do “que” e 'sar-
casmo” (aposto de "arma"), nucleo do proprio aposto, cuja segunda virgula foi intencionaimente colocada pelo
escritor para dar a adietiva a ideia explicativa, pois poderia ter escrito, restritivamente “o sarcasma que as cir-
cunstâncias lhe permitiam vibrar ( )" Resta a opção (e), na qual o antecedente do pronome é 'vasos”, separado
do relativo par um sintagma adnominal entre virgulas Retirado o sintagma “de formas fantasticas e grotescas” E;
seria possivel defender a idéia de que a oração adjetiva restringe “vasos de louça” (e não teria virgula), embora
também fosse possivel dizer que a aração continua explicativa (e a vírgula seria mantida)
14 E pertinente a entica à explicação de que a expressão e uma corruptela de “e certo que” A clivagem continua
uma "construção impenetravel à analise” - sintática, mas não à análise discursivo-textual
15 O comentário (livre) deve destacar a necessidade do jornalista de separar algumas das adjetivas por traves-
sões e por parênteses Tambem merece registro ng ultima parágrato, o distanciamento entre o relativo e seu an-
tecedente
2.3.3. ADVERBIAIS
Desempenham, em relação à principal, uma única função sintática (de natureza Ne
ta
adverbial). adjunto adverbial,
Como se observa nos dois quadros, as adverbiais tanto podem estar à direita da prin-
cipal quanto à esquerda dela, não sendo exagero afirmar que, em português, a ordem in-
versa e muito praticada nas estruturas adverhiais.
Exemplos:
— Já que ela tomou essa decisão, vou cuidar da minha vida
— Assim como falham as palavras, assim falham os pensamentos.
— Mesmo que você não goste de filmes de super-heróis, esse vale a pena.
— Se nós demorarmos mais um pouco, vamos perder o filme
— Conforme reza a tradição acadêmica, o professor convidado fala primeiro
— Para uma pessoa entrar de graça, e preciso mostrar a cartema de idoso.
OB
— Quanto mais
eu rezo, mais assomb ração me aparece.
— Quando o último san, apague a luz.
Coordenação & Subordinação 129
egos Essa mobilidade postcional recomenda atenção quanto ao emprego de vírgula nas ad-
veibaais, o que depende fundamentalmente de dois prinapios:
so” (1º) c obrigatoria quando a subordinada antecede a principal ou está nela inserida
om (ordem inversa);
EE (22) e dispensável quando a principal antecede a subordinada (ordem direta), exceto
à sa nos casos de orações adverbiais de grande extensão ou nos casos em que 1a20es estikis-
na - ticas justifiquem a presença da vírgula.
sErado
scas Ixemplos:
ira (a) Quando os noivos se begaram, todos os convidados aplaudiram.
(b) Todos os convidados, quando os noivos se beyjaram, aplaudiram.
e (c) Todos os convidados aplaudiram (,) quando os noivos se beijaram
(d) Todos os convidados aplaudiram, quando do fundo da igreja surgiram aquelas
Vesês lindas crianças vestidas com tanto esmero.
ada (e) Todos os convidados aplaudiram quando, do fundo da igreja, surgiram aquelas
lindas cranças vestidas com tanto esmero.
Nasletras (a), (b) e (d), o emprego da vírgula é obrigatorio; na letra (c), é estilístico
urieá Naletra (e), melho: será evitar a vírgula divisória em virtude da contiguidade que ela te-
tia com outras duas
As orações adver bras são nove, CSFPT — pelas iniciais de cada tipo E cabe lembrar que
o conectivo que introduz as orações adverbrais e uma conjunção subordimativa, que tem o
nesmo nome da oração
a prir. | Convem observar que as coordenadas sindéticas e as subordinadas adverbiais têm pontos se-
em'r- manticos em comum, mas estruturas sintaticas diversas (adversativas f concessivas, conclu
stvas / consecutivas; explicativas / causais) Por isso, justifica-se o recurso didatico de opo-las
zelas siglas& A*CKEX x CºFPT
pelas
= CAUSAIS:
Conjunção-base: PORQUE
Exemplo:
— Todos ficaram em casa [porque estava chovendo).
OBSERVAÇÃO
As conjunções como e se, posicionadas à esquerda da principal, quando significam “ja
que” tambem são causais Também são causais uma vez que, visto que, dado que.
130 SINTAXE
A lingua culta de gor acadêmico rejeita as expressões “de vez que” ou “eis que” (se-
gundo E. Bechara, não são “locuções legítimas”: MGP, p. 493). Tambem se deve evitar à
locução “posto que” como causal (e concessiva), a despeito de sua presença muto comum
com smonima de “porque” em textos jornalisticos e hterários, como por exemplo no co-
nhecido verso de Vinícius de Moraes “Eu possa me dize: do amor (que tive): Que não seja
imortal, posto que c chama. Mas que seja infimto enquanto dure”.
Exemplos:
(1) [Se você quer assim], nada mais posso fazer
(2) [Como vacê não compareceu |, chamamos outra pessoa.
(3) Não posso comparecer, [uma vez que fu convocado como escruttnador]
a)
COMENTÁRIO DIDÁTICO SOBRE O USO DAS
FORMAS POR QUE, POR QUE, PORQUE E PORQUÊ
et: = usa ou scuncasscmso ETA CO CO ueção | qaeSss SEcscadassssssss as
Como ja vimos, do ponto de vista da teoria gramatical, não e tareta elementar aistiriginie se a
conjunção “porque” esta empregada com valor explicativo ou causal, embora o falante co-
mum muitas vezes faça um uso espontaneo bastante expressivo dessa palavra. Quanto a gra-
fia, porem, observem -se o» procedimentos abarno à
— por quê = po) que motivo ou 1azao (antes da interrogação)
— por que = por que coisa, por que motivo ou razão (com ou sem interrogação), por qual(is),
pelo/ats) qual(is)
Exemplos: Po? que você se interessa no momento? Gostana de saber por que eles não se casa-
iram Não se: ainda poi que cles brigaram. Por que pessoa ela o trocou” Preciso conhecer os |
motivos por que ela o abandonou. (Obs : No último exemplo e pronome relativo)
- porque = ssmonimo de causa, motivo, razão (é substantivo)
”
nm <= COMPARATIVAS:
tar à Conjunções-base: COMO e QUE
mum Exemplos;
IO «O- — Seus olhos brilham [como as estrelas]
O sela y
comparativo de igualdade (= como as estrelas brilham)
OBSERVAÇÕES
RD) Como se vê nos exemplos, a oração comparativa deixa o verbo subentendido quando
e o mesmo da principal Entretanto, é perfeitamente possível fazermos comparações
de fatos (ou atos) verbais diferentes.
Exemplos:
Tot d (4) Seus irmãos viajam tanto [quanto eu troco de camnsa).
Qui) (5) Nosso time ganha ma:s [(do) que perde]
| gra-
D) As conjunções comparativas podem estar combinadas com outras conjunções subor-
dinativas, cabendo sempre considerar nesses casos a existência de duas orações, a pri-
meira delas quase sempre com o verbo implícito
Exemplos:
(6) Seus olhos brilham [como! [se fossem estrelas).
o.
z
CET ts (7) Os torcedores festejaram mais hoje [do que] [quando ganharam a Copa].
[= do que festejaram / quando ganharam a Copa)
> comparativa + temporal
spara Exemplo:
O vil
Seus olhos são estrelas
[A base de comparação entre sets olhos e estrelas esta em aberto: ambos são brilhantes, ou to-
cantes, ou longinquos, ou lindos, ou insprradores de algum sentimento. a]
Roman Jakobson, no capitulo “Dois Aspectos da Linguagem e Dois Tipos de Afasia” (p 34-62), de T imguis
soe Comutação (São Paulo Cultrix, 1973), discorre sobre os polos metatorico e mctonimuco e sobre os tc
vas da seleção e da combinação, que env ols em essas figuras
132 SINTAXE
As Exemplo: Ed
Exemplos:
(8) Os pesquisadores vicram aqui ontem, [conguanto nem entrassem]
(9) Comprei-lhe um presente [sem que ela percebessc].
(10) À crueldade não o deixara de todo, [suposto parecesse outro homem]
-** CONDICIONAIS:
Conjunção-base: CASO
Exemplo:
— | Caso você me abandone], na certa vou chorar
OBSERVAÇÃO
Também são condicionass se (que pode ficar subentendido), contanto que, dado que e
ser que.
Exemplos:
(11) (Se) I/fosse menos insensível], verta como as mulheres são incríveis.
nie (12) [Dado que fosse sensivel|, chegara às lágrimas.
= CONFORMATIVAS:
Conjunção-base: CONFORME
Exemplos:
— |Conforme é desejo de todos], parto amanhã para a Europa
— | Como todos já sabem], amanha haverá uma palestra sobre cinema
Tolo
CONSECUTIVAS:
41
3 O Es
Conjunção-base: QUE
io M
100 0s
Exemplo:
“din — À coitada levou tal susto [que morreu]
cont
OBSERVAÇÕES
Sal
a) À conjunção consecutiva se prende a uma palavra intensiva da oração principal
Tar ie-
no 1 (TAL, TANTO, TAMANHO, TÃO, CADA), as vezes subentendida. Sempre sera pos-
sivel acrescentar a expressão “em consequência” depois da conjunção (ou da locução
sem que quando uma das duas orações exprimir ideia negativa)
134 SINTAXE
Exemplos:
(14) Sua sorte cra tanta, [que (em conseguência) ganhou cem vezes na loteria].
(15) Sua voz era (tão) esganiçada que (em consequência) chegava a doer]
(16) O filho lhe dava cada susto [que (em consequência) cla nunca estava sosssegada].
(17) Pensei em você [sem que (em consequência) chegasse a uma conclusão].
(18) Nunca conversa com o pat |sem que (em consequência) acabem brigando).
b) As consecutivas são as unicas adverbrais que não podem ser colocadas antes da
principal O motivo é de base logica: por informar a consequencia expressa na princi-
pal, não tem uso no português uma imversão como “Sem que açabem brigando, /
nunca conversa com o par” ou “Que (em consequência) ganhou cem vezes na loteria,/
sua sorte era tanta”.
= FINAIS: | o
| ocução conjuntiva-base: PARA QUE
Exemplos:
— Saio de casa, [para que possas ieavaliar nossa relação).
— [A fim de que aprendas logo,| deves refazer todos os exercicios
“= PROPORCIONAIS: -
Iocuçao conjuntiva-base: À PROPORÇÃO QUE Hs
Exemplo:
— [A proporção que envelheçe), mais idiota fica o bomem à
OBSERVAÇÃO
Tambem são proporcionais a medida que, ao passo que, quanto (ou tanto) mais (ou
menos) *
Exemplos:
(19) Pequenos cogumelos, [ao passo que devoram os tecidos dos insetos], semeiam os
seus esporos moi tais. (Osman Lins) g
(20) | Quanto mais eu estudo Português,| mais eu admuro sua riqueza. fa
c= TEMPORAIS: 1
Conjunção-base: QUANDO
Exemplo:
— Lla say [quando cu entrei].
um:
a , trar
Semanticamente, toda oração proporcional tem valor temporal (de concomtancia) Talvez fosse mais eco
nomico sea NGB as agrupasse genericamente como temporais ses 1
Coordenação & Subordinação 135
OBSERVAÇÕES
a) Tambem são temporais enquanto, assim que, sem que (= antes / até que), cada vez
que.
da
Exemplos:
(21) [Assim que eu voltar], eu te telefono.
(22) Não comemores nada [sem que recebas o aviso da vitoria].
tes da
b) A locução “ao passo que” pode não ter valor proporcional, caso em que costuma
ninct-
equivaler a “enguanto”, devendo sua oração ser classificada como temporal (amda
ado.
por conta da idéia de concomitância contiastiva).
Exemplo:
(23) Ela é dedicada, [ao passo que o irmão nada quer com as estudos].
Exemplos:
Ela chorou não quando o marido morreu, mas quando soube que não lhe deixara nada
—- A modelo ganhara o prêmio não se desfilasse melhor, mas se tivesse um belo sorriso.
- Meu tio falou não como meu parente (falaria), mas como um estudioso de leis (falaria)
Fssa forma negativa, porém, pode sei deslocada para antes do verbo da oração prmeopal.
Exemplo:
— O piloto não bateu na árvore [porque estava correndo].
qts OU A aparente incoerência da frase desfaz-se no nível do discurso, que enunciará a oração
ç causal,
que contém “o real motivo da batida na arvore” mas porque havia oleo na pista).
Não podemos nos esquecer de que a situação e o contexto são elementos que interferem na
construção de frases, A negativa em O vizinho não levou o cachorro ao veterinario não se refere
jamos necessariamente a “levar” ou a “levar o cachorro” ou a “levar o cachorro ao vetermário”. Ou |
seja, o vizinho pode ter dado o cachorro ao veterinário (e não levado) ou ter levado o gato no ve-
termmário (e não o cachorro) ou ter levado o cachorro ao canil (e não ao veterinário). Esse deslo-
camento da negativa pode ter consequências mais pragmálticas do que sintáticas, mas é um
tema que pode ser bem explorado didaticamente
> Os trechos sublinhados têm a mesma função sintática: adj adv. de assunto.
Jogo sinuca contra qualquer um. X Jogo sinuca contra quem quiser
> Os trechos sublimbados têm a mesma função sintatica: ad). adv de oposição
Apontei para
o ceu. X Apontei para onde passava o bando de maritacas
> Os trechos sublmbados têm a mesma função sintática adj. adv de direção.
Todos foram convidados, ate eu X Todos foram convidados, inclusive quem mora
longe
> Os trechos sublinhados têm a mesma função sintatica: ad). adv. de inclusão,
Todos foram convidados, exceto eu X Todos foram convidados, exceto quem mora
longe.
> Os trechos sublinhados têm a mesma função sintática: ad). adv de exclusão
Partiremos com lagrimas nos olhos. X Partiremos chorando.
> Os trechos sublinhados têm a mesma função sintatica: ad;. adv. de modo.
OBSERVAÇÕES 1
a) Nas frases (g) e (h), serta discutível alegar-se que o pronome “eu” é sujeito de uma
segunda otação eliptica, equivalendo a “.. até eu (fu convidado)” e “exceto eu (fun |
convidado)”, Note-se anda que a descrição dessas estruturas é tão controvertida que '
se chega a encontrar em dicionários a classificação de “ate” e “mclusive” como adver-
bios e de “exceto” como preposição. Aceitar essas descrições significa dizer que é pos-
sível uma preposição estar acompanhada de pronome reto e que e possível um adver-
bro atuar como elemento de ligação.
Ss
b) Orações com o perfil desses exemplos, embora não sejam introduzidas por conjun-
ções, são adverbiais.** Por isso, devem ser analisadas normalmente, apenas com a 1€s-
salva de serem justapostas, classificação que se aplica a qualquer oração desprovida de
conectivo, como ocorre também com outras estruturas adverbiais:
Exemplos:
(24) Não fora eu um eximio bailarino, teria sido acertado pelas balas.
> condicional (mais-que-perfeito em lugar do imperfeito do subjuntivo)
(25a) Ha/laz muitos meses (que) não nos encontramos.
(25b) Não ng» encontramos há/faz muitos meses.
(25c) De/ Desde ha muitos meses (que) não nos encontramos.
47 € Azeredo (PGP, p 233) dv que onde ea unica conjunção locativa, mas adverte que essa palavra, nesse pa-
pel de transpositor, anda conserva a característica do adverbro relativo onde, qual seja à possibilidade de ser
precedida de preposição Tles levaram as crianças para onde clas pudessem ter sossego
Coordenação & Subordinação 137
Mesmo para os descrentes ha a pergunta duvidosa. e depois da morte? Mesmo para os descren-
tes ha o instante de desespero que Deus me ajude... Venha, Deus, venha, Mesmo que eu não me-
reça, venha Sou inquieta, ciumenta, aspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu te-
nha So que eu não sei usar amor as vezes parecem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e
continuo inquieta e infeliz, e porque preciso que Deus venha. Venha antes que seja tarde demais
O sexto periodo desse paragrafo de Clarice Lispector contem apenas uma oração “Embora
amor dentro de mim eu tenha " Por que não se trata de uma oração absoluta?
No periodo “Não a conhecesse e diria que contempla, interessada, o que la fora lhe chama a aten
ção”, existe(ím)
a) 4 orações subordinadas,
b) 2 orações substantivas / ) oração adverbial,
c) 1 oração substantiva/ 1 adjetiva/ 1 adverbial,
d) 2 orações coordenadas,
e) somente 1 oração principal
1«
4 As propagandas de bebidas terminam com a advertência que aparece no cartaz acima A oração
que inicia a mensagem e condicional com valor temporal ou temporal com valor condicional?
5 Assinale a conjunção ou locução conjuntiva que expressa uma circunstância diferente das demais.
cr
(a) Posto que a luta fosse longa e encarniçada, venceram
Se economizar bastante, mesmo que Isso sacrrfique algumas de suas atividades de lazer, você tera
uma boa reserva financeira para que, quando se fizer necessario, possa utiliza la
Divida o periodo em orações e classifique-as Observe que o trecho tem problemas de constru-
ção, por conta da excessiva quantidade de orações de mesma natureza. Fazendo uso de outras es- fic
truturas sintaticas, reescreva o (em 1 ou 2 periodos) mantendo seu significado primitivo uti
Coordenação & Subordinação 139
escren- 7 Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanida-
ão me de, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam
1eute- viver
aceb e A frase de Cristovam Buarque emprega três vezes a conjunção “quando” Essa repetição ca-
nais racteriza vício de linguagem ou tem expressividade? Explique
trbora 8 Reescreva as frases abaixo substituindo as estruturas coordenadas por subordinadas (e vice ver-
sa) Procure preservar a significação onginal e faça as adaptações necessarias Depois, classifi
que as orações
aaten
a) Eusaio com os meus amigos nos fins de semana, mas nunca vou aos lugares de minha prefe
rência
b) Esta cando tanta chuva que, com certeza, as ruas ficarão alagadas
c) O navio ja deve ter partido, pois as pessoas estão voltando para seus carros
9 Uma marca de biscoitos perguntava em um comercial “Vende mais porque está sempre fresqui-
nho ou está sempre fresquinho porque vende mais?”
Qual a finalidade da inversão das idetas de causa no texto do anuncio?
10 Observe as “metaforas conceituais” abaixo transcritas e construa “metaforas linguisticas” para elas
a) vida=um liquido Os anos escorriam entre seus dedos
b) trabalho = ato digno
c) futebol = querra
d) leitura = viagem
e) maternidade = santidade
2 Aoração e subordinada adverbial concessiva e sua principal é a oração que figura isolada no periodo anterior
A esentora separou em frases autônomas duas orações que se vinculam par dependência sintática Fez isso para
oração acentuar a pausa que deseja fazer entre as duas orações, contrariando as regras gramaticais, mas explorando as
mai? regras do discurso
3 € Nãoaconhecesse / e dina/ que contempla, interessada o/ que la fora lhe chamaa atenção (1º oração subor
temais
dinada adverbial condicional — a conjunção se esta subentendida, 22 oração principal — o e e expletivo, 32 oração
subordinada substantiva objetiva direta da 2º e principal da 4º, 4º oração subordinada adjetiva restntiva)
4 Agração “Se beber" é condicional, mas contém um valor temporal, pois as duas ações mencionadas na frase
(beber e dingr) estão vinculadas cronologicamente, pois ninguem esta proibido de “beber depois de dingir"
6 Se economizar bastante, / mesmo que isso sacrifique algumas de suas atividades de lazer, / você tera uma boa
reserva hnancerra/ paraque, /quandose fizer necessário, / possautilzá-la (13oração subordinada adverbial
Scé tera condicional 2º oração subordinada adverbial concessiva, 3E oração principal 4º oração subordinada adver-
bral final da 32 e principal da 52, 5º oração subordinada adverbial temporal)
constru Sugestão de reescritura sem a “exclusividade” de adverbiais Para economizar bastante, talvez seja preciso sacr!
tras es- ficar algumas de suas atividades de lazer No entanto isso lhe dara uma boa reserva financeira, que você podera
utilizar quando se tizer necessário
140 SINTAXE
7 Astrês orações adverbiais temporais estão usadas de modo expressivo À Intenção do professor for realçar a OE
urgência das medidas que defende Comprovam isso dois fatos a primeira temporal esta destocada para o inicia
do parágrafo (topicalizada) as outras duas estão simetricas e formam uma gradação ascendente
Jus
8 a) Eu saio com os meus amigos nos fins de semana, mas nunca vou aos lugares de minha preferencia A oração
e coordenada sindetica adversativa À reestrilura com uma subordinada adverbial concessiva poderia ser
Embora eu saia com meus amigos nos fins de semana nunca vou aos lugares de minha preferencia //b) Estaca
indo tanta chuva que com certeza, as ruas ficarão alagadas À oração e subordinada adverbial consecutiva À re
escritura com uma coordenada sindética conclusiva podena ser Esta caindo muita chuva, portanto, as ruas fica
rão alagadas // c) O navio já deve ter partido, pois as pessoas estão voltando para seus carros À oração é coor-
denada sindética explicativa À reescritura com uma subordinada adverbial causal poderia ser Como o navio já
deve ter partido as pessoas estão voltando para seus carros
9 Ainversão tem o objetivo de relativizar a relação de causa e efeito entre as duas Ideias (vender e estar fresqui b)
nho), mostrando que essas noções estão vinculadas implicitamente a uma questão temporal
| 2.4. ORAÇÕES
dm Aba fofo pttas SEA
E NS
REDUZIDAS
DER ao tela cmeetidid mdenio ué agcioronbiinloipS
e min 6o] ui mid 45 1 so qosimtal
13) reconhecer que o verbo de uma oração está em forma nominal (infimtivo, gerúndio ou
particípio)
— Nas locuções verbais, esse reconhecimento se faz pelo verbo auxiliar.
2:) estabelecer, quando possível, uma equivalência entre a oração reduzida e sua forma de-
senvolvida (ou desdobrada).
Le
e ce e Dem A e do ZA 1 rito a e a VS A O LOS ORAS A SEN 6 0 2 2 a 0 Lo = = DE CESSsSSSIstedas a
1 1
“E. Bechara (LPAS,p 162-4), que adota o «nterso tradicional na classificação dessas orações, expoe mnucio-
samentea conceituação de oração reduzida Refere-se inclusive ao carater historico de certas construções com
participio (nas adjetivas) ou com gerundio (nas adverbiais de modo, meio e instrumento), nas quais o valor
nominalimpediria o seu reconhecimento como reduzidas — nesses casos, haverta adjunto adnonunal e adjun-
to adverbial, respectivamente
Coordenação & Subordinaçao RD!
OBSERVAÇÕES
du) Orações sem conecuvo (e, em geral, sem verbo em forma nominal) são chamadas
usiapostas
Exemplos:
(1) Na fazenda de meu tio, todos sabem como se faz um bolo de aniversario.
> justaposta
(2) Na fazenda de meu tro, todos sabem como fazer um bolo de anrversanio
justaposta
Exemplos:
(3) Seria interessante avisarmos os tesponsaveis.
—> e atração reduzida porque tem verbo no infimtivo & não tem conectivo
+ desdobramento. .. que avisassemos os responsaveis.
> classificação subordimada substantiva subjetiva, reduzida de infinitivo.
Exemplo:
Rede O
(7) Sentia apenas que a mala de couro que eu carregava, embora estando torrada, te-
ME un dia cheirava mal (“No dia em que eu vim-me embora”, de Gilberto Gil)
e valor -> não há oração reduzida porque: tem gerundio com valor de imperfesto do sub-
“au
juntivo & tem conectivo.
142 SINTAXE
E de bom tom evitar o acumulo de orações reduzidas num mesmo periodo ou parágrato, so-
bretudo se lorem de mesmo tipo Todavia, seu emprego equilibrado confere ao texto mais 2.4
clegancia e clareza, como neste trecho de “A Mão no Ombro”, de Lygia Fagundes Telles
4)
Five um sonho, ele disse passando poi detrás da mulher e tocando-lhe o ombro. Ela
atetou curiosidade no leve arqueai das sobrance lhas, um sonho? F recomeçou a espa-
lhar o creme em torno dos olhos, preocupada demais com a própria beleza para pensar
em qualquer coisa que não tivesse relação com essa propria beleza. Que ja esta perden-
do e viço, cle resmungou ao entrar no banheiro. Examinou-se no espelho: estava mais
magro ou essa ;magem era apenas um eco mult iplicador do jardim?
b)
Há três tipos de orações reduzidas:
paIs- v) ADVERBIAIS
3 Pe- Exemplos:
- Ficavamos nos vanglorando de termos vencido o favorito. causal
— De tanto ficar sozipha em casa, acabou nessa situação. causal
— Aquele menino, talvez por ser órtão, acertou o emprego causal
Um
— Apesar de ser feriado, iremos trabalhar. concessiva
mãos
— Amavam as mulheres sem as desejar. eoncessiva
SC Uto
— Não deseje uma mulher sem a amar. condicional
a A
Não podia ver uma mulher sem a desejar. -bconsecutiva
— Fazia um frio de congelar até as palavras consecutiva
pstru-
— À fim de resolver o problema, ele matou o gato >final
— Paro agora a nairação por não cansar mais os leitores. > final
— Sou Flamengo ate mon er temporal
— Ela não pode ir para casa sem eu lhe devolver a bola. temporal
b) ADJETIVAS
Exemplo:
- Havia ali alguem caindo de sono. -brestritiva
c) ADVERBIAIS
Exemplos:
— Não tendo outra alternativa, aceitou a incumbência causal
— Agiu de modo autoritário, mesmo estando à morte. —concessiva
— Tirando notas boas, talvez meu pai me perdoasse. condicional
— Perguntou meu nome, examinando a ficha de matricula. temporal
OBSERVAÇÕES
à) Como já vimos no trecho em que tratamos das funções dos pronomes oblíquos, existe
uma estrutura Lradicional em que a oração 1eduzida pode ter como sujeito um prono-
me átono obliquo, o que so acontece quando na oração principal há um verbo causa-
tivo (mandar, deixar, fazer...) ou sensitivo (ver, ouvir, sentir...).
Exemplos:
(1) O soldado mandou |-o descer do carro.
-» desdobramento” .. mandou [que ele descessc do carro.
> vlassificação: substantiva objetiva dieta
Exemplos:
(3) Encontre: seus familiares [a excursionar pela Florida].
— certas estruturas reduzidas são de tal forma consagradas que seu eventual desdobra-
mento pode soar como inviavel ou muito pouco comum.
Exemplos:
(5) Competia a mim [fazer os convites para a formatura).
> desdobramento questionável: ... que fizesse os convites para a formalura
— classificação: substantiva subjetiva, reduzida de infimtivo
(6) A felicidade esta [em valorizar os pequenos momentos].
> desdobramento questionável: .. em que valor;zemos os pequenos momentos
Coordenação & Subordinação 145
Exemplos:
(8) Aquela mulher ganha sua vida [cantando|.
— classificação. adverbial modal, reduzida de gerúndio
(10) Sua família não inha outra alternativa, [a não ser rezar].
> classificação. adverbial de exceção, reduzida de infinrtivo (a não ser é locução
denotativa de exceção)
ções
mero co) O adjetivo participial não deve ser confundido com o particípio (forma nominal do
verbo) Este concordará obrigatoriamente com um termo que será o seu sujeito,
aquele, com um termo que pode desempenhar uma função smtática qualquer no pe-
úodo (inclusive sujeito, mas de outro verbo).
Exemplos:
(11) Envolvido um membro da família, todos se revoltaram.
ménics
146 SINTAXE
“deixada” concorda com um substantivo que e seu próprio sueito [o qual se re-
pete anaforcamente na segunda oração, i.e., janela = ela]
> e particípio (há oração reduzida, subordinada advei bial causal = Como a jane-
la for deixada solta. ). O adjetivo “solta” e predicativo de “a janela”
"y
q
5
a
Q
á
a
O
> A
>
=
S
des
(C
1º Q exemplo que esta na 36º ediçao (Cia Tdit Nacional), e seguido de comentario em que Bechara concorda noi
Aga
que considerar o partiaipio como mero adjetivo simplifica a analise Cita para isso os ensinamentos de Adolfo
Coelho RU
Coordenação & Subordinação 147
“) “Não ouvia os instantes perdidos (— que se perderam, que foram perdidos), mas os minu-
tos ganhados (- que se ganharam, que foram ganhos)" (M de Assis) — apud L Bechara
Io (TPAS,p 169):
d) “Hospedaram se em minha casa uns parentes chegados ontem do interior. — apud R
é o. »”
Ne
Lima (GNIP, p. 273).
e) '“Astosas brancas agrestes/ Lrazidas do fim dos montes / Vos mas lrrastes, que as destes
(- Pessoa) - apud € Cunha & L Cintra (NGPC, p. 616),
d) Nas locuções verbais colocadas na voz passiva com o pronome SF, há casos cm que
existe um obstaculo semântico para que se continue reconhecendo a locução. Quan-
do isso ocorre, dizemos que ha duas orações, sendo principal a do verbo “aspectual”
ou “modal” (ja estudados neste capitulo) que era auxiliar e subjetiva a do verbo noin-
finitivo,
Exemplos:
(16a) Devem construir dois túneis na área.
(16b) Devem / construir dois túneis na área.
> VOZ ATIVA: (16a) com locução verbal, (16b) sem locução verbal.
que
ver
“Rocha ima tambem cita exemplos de oração adjctiva reduzida de participio presente (latrusmo hoje em
desuso) “Quando me acontecer alguma pecunia, / passante de um milhao de cruzeiros, / compro uma ilha
€ D de Andrade) - trata-se, cm anáhse sincrônica, de predicativo do sujeito (seguido de complemento
jo ra nominal)
Aduntn 'S“A presença de oração, nesses casos e inadmissível o particpio, ar, pelo seu valor adjetivo, ( ) não tem
sujeito proprio” (A G KRurv NIAS,p 85)
148 SINTAXE
Nos casos assinalados com (*), há duas orações: principal (deve-se ou pretende-se) e
subjetiva, reduzida de infinitivo (construir dois túneis na area).
Exemplos:
(18) As pessoas parecem sofrer com o calor intenso
- locução verbal: parecer é auxiliar
Exemplos:
(20) Desejo ser da turma dos
formandos de 2003. — adjunto adnomunal
(21) Amar é apreciar a natureza. > sujeito e predicativo
(22) A porta deentrar é aquela. > adjunto adnominal
(23) Sua ira e de (se) compreender. (= compreensível) — predicativo
(24) Eis uma peça dificil de (se) entender. — complemento nominal
g) As formas nominais do verbo atuam externamente como nomes, ou seja, podem ocu-
par a segunda posição de um relacionamento sintático, do mesmo modo como acon-
tece com qualquer nome, podendo ser inclusive regidas com ou sem preposição
Exemplos:
(254) Quero CANTAR.
- “cantar” e objeto direto de “quero”
(26a) Tenho um período reservado para CANTAR.
-+ “para cantar” é complemento nominal de “reservado”
(27a) Meu sonho é CANTAR.
-» “cantar” é predicativo de “meu sonho”
*º Minuciosa explicação acerca dos casos em que o infinitivo não constitui oração reduzida pode ser encontra-
da em E. Bechara (LPAS, p. 179 82).
Coordenação & Subordinação 149
» Essas palavras de bom senso são de Domingos Paschoal Cegalla, no Dicionário de Dificulda-
| desda Lingua Portuguesa (Rio de Janeiro: Nova Frontera, 1996, p. 169— Iº edição) Sobre este
assunto, é também oportuna a leitura do verbete “inlimtivo pessoal” no Dicionário de Ques-
tões Vermaculas (São Paulo” Ática, 1996, p. 271-82 — 3º edição), de Napoleão Mendes de
Almeida - desconsiderados os comentários irados do auto? — e do capitulo “O Infinitivo Pes-
prortra
150 SINTAXE
Excluindo da descrição abaixo as ocorrencias ja expostas ao longo deste hvro e o caso óbvio
dointinitivo da ilexao verbal (sempre impessoal), merecem atenção as const uções em que à
oração do infinitivo
— Sairam para festejar (e neo testejarem), por estarem (e não estar) de acordo
[a flexão ocorre quando a adverbial vem antes da prneipal OU por harmonia ]
c) e completiva-nominal:
— Os dois acham que têm o direito de se encontrar (ou se encontrarem).
— ÀS crianças tinham a necessidade de andar (e não andarem) de avião.
[a flexao so ocorre, opcionalmente, quando o infimtivo e reflexivo.|
d) relaciona-se com verbo causativo ou sensitivo da principal:
— Ele mandou-os comprar (e não comprarem) retrigerantes.
- Ele mandou-os comporem-se (e não compor-se)
— Não nos deixeis cair (e não carrmos) em tentação
(ER “ q a mo AD AN miri , ,
Analisando o relacionamento que as orações mantêm entre si, sublinhe, desenvolva (caso seja
possivel) e classitique as orações reduzidas dos periodos abaixo
a) Falta-me ainda, meu tio, recomendar-lhe um ponto (J de Alencar)
b) Talvez tivesse medo de comover se ()] A de Almeida)
c) Terminada a cermônia, o diabo foi conduzido pra trnipeça, principiando a adoração U de
Alencar)
d) E sena ndiculo pensar em Arabela, isto e, em Carmela (C dos Anos)
e) Agora vem uma carta dizendo que ele caiu (R Braga)
t Oseuromance, descontadas as imperfeições de todo o escritor que começa, não tem senão
um defeito é um esboço, não é um quadro (M A, de Almeida)
g) Sabe-se que o estrangeiro, ao jogar futebol, ataca o balão de couro como se fosse inimigo (J
Ubaldo)
h) Foro caso que, uma segunda-feira, voltando eu para o seminario, vi cair na rua uma senhora
(M de Assis)
) Entra Cancão, vindo do interior, empurrando a cadeira de Dona Guida, vestido como Frei Ro
que, com barbas postiças e imitando seu sotaque (A Suassuna)
|) Isto não era ter visto cadaver (R Pompeia)
Os missionarios protestantes, vindos em sua companhia, logo perceberam que o uso da lingua ne
erlandesa na Instrução religiosa prometia escasso êxito, não so entre os africanos como entre o
gentio da terra. (Sergio Buarque de Holanda)
Reescreva uma unica vez o periodo acima, sem alterar-lhe o sentido, substituindo
— a oração reduzida por outra introduzida por conechvo,
— a expressão correlativa não so como por expressão equivalente
S Era ave-maria quando chegamos ao adro, perdida a esperança de romper a mole” de gente que
murava cada uma das portas da Igreja, nos resignamos a gozar da fresca viração que vinha do mar,
contemplando o delicioso panorama da baia e admirando ou criticando devotas que também ti
nham chegado tarde e pareciam satisfeitas com a exibição de seus adornos
(Jose de Alencar, Diva)
“mole = massa
O paragrafo de lose de Alencar tem bastante material para ilustrar o assunto “orações reduz!
das” Escolha três passagens e comente as
HR A: DE [RR
1 a) recomendar lhe um ponto = que eu lhe recomende um ponto subordinada substantiva subjetiva, reduzida
de infinitivo, b) de comover se = de que se comovesse subordinada substantiva completiva nominal reduzida de
infinitivo c) terminada a cerimônia = quando terminou a cerimônia subordinada adverbial temporal, reduzida
de particípio, principtando a adoração = e principiou a adoração coordenada sindetica aditiva, reduzida de ge
rundio d) pensar em Arabela, isto e em Carmela = que pensasse em Arabela, tsto é em Carmélia subordinada
substantiva subjetiva reduzida de infinitivo e) dizendo = que diz subordinada adjetiva restritiva, reduzida de ge-
rundio f) descontadas as imperfeições de todo o escritor= se desconiarmos as imperteições de todo o escritor
subordinada adverbial condicional, reduzida de participio, 9) ao jogar futebol= quando joga futebol subordinada
adverbial temporal, reduzida de infinitivo, h) voltando eu para o seminário = quando voltava eu para O seminário
subordinada adverbial temporal, reduzida de gerundio, 1) vindo do interior = que vinha do interior subordinada ad
jetiva explicativa, reduzida de geruncio, empurrando a cadeira de Dona Guida =X subordinada adverbial modal
reduzida de gerundio, e imitando seu sotaque =X subordinada adverbial modal, reduzida de gerundio, |) ter visto
cadáver = X subordinada substantiva predicativa, reduzida de infinitivo
2 Os missionanos protestantes, que vieram em sua companhia, loga perceberam que o uso da lingua neerlande
sa na Instrução religiosa prometia escasso êxito tanto entre os africanos quanto entre o gentio da terra
4 EC
3ma”
30.77
Combinações
de Estruturas Oracionais
Exemplos:
a) [Convém] tapronta: nossos apetrechos] [e partir.]
-»a 2ºe a 3º orações são subjetivas, reduzidas, em relação à principal (1º)
Classificam-se como subordinadas substantivas subjetivas (reduzidas de infinitivo),
o
h
q:
coordenadas entre si. Não há oração sindética aditiva (o papel do e é ligar elementos
*
a qm
Boo
b) [Os bravos soldados não tinham certeza] |se voltariam enfim para suas casas] [e pas-
tm
o
c) [Aolongo das várias reuniões com aqueles empresarios, ouvimos propostas] [que nos
surpreenderam pelo tom profetico] [ou nos mcomodaram pela absoluta falta de pa-
râmetros |
“a Zica 3! orações são restritivas em relação à principal (14)
154 SINTAXE
d) | Quando você passou poi mim] [mas fingiu] [não me reconhecer, ) [eu percebi] [que
tudo havia acabado entre nos |]
>a lica 2º orações são temporais em relação à principal (4º)
Classificam-se como subordinadas adve:biais temporais, coordenadas entre si Não
há oração sindetica adversativa (o papel do mas é ligar elementos opostos, no caso
duas orações subordinadas idênticas).
Como fnisamos, todas as relações sintáticas são duplas. Assim, num período onde haja
três ou mais orações, sera possível encontrar as diferentes combinações de relacionamento.
Exemplo:
[Eu sei] [que vocês vão dizer | |queé tudo mentira, ] [que não pode ser], [mas, depois
de tudo o] [que ela me fez,| [eu jamais poderia tentar outra vez.)
(trecho da canção “Malambo”, de Jayme Florence e Augusto Mesquita)
lº oração: Fu sei
> principal da 2º e coordenada assindélica da 5º.
COMBINAÇÕES DE ESTRUTURAS ORACIONAIS 155
E o Rg OS CERSNRRIO VU RARE
1 Analisando o relacionamento que as orações mantêm entre si, divida os periodos abaixo em ora-
ções e classifique-as
a) Não fora esta ultima frase, alertando para o que havia de bondade e desprendimento no com-
portamento desse homem, Jesus com essa parabola talvez viesse a despertar hoje em dia con
troversias e contestações nos meios sindicais trabalhistas, em relação as reivindicações sala-
riais (Fernando Sabino)
b) Afonso tomou uma colher de sopa, depois rolou a sua poltrona para junto do fogão; e ali ficou
envoluido pouco a pouco naquele melancólico crepusculo de dezembro, com os olhos no
lume, escutando o sudoeste contra as vidraças, pensando em todas as cousas terríveis que
assim invadiam num tropel patetico a sua paz de velho (Eça de Queirós)
c) Experimente prazer profundo em receber a sua estimavel cartinha de 1º do fluente, por orgão
da qual fu conhecedor de boas noticias de todos dar, exceção feita de loró que havia passado
uns dias mais incomodado, porem que agora entrava em um estado de saude mais satisfatorio
o que me aprouve sobremodo (Augusto dos Anjos)
d) Enquanto os cangacerros infestavam o Estado, permitia o governo que se abusasse da tran-
quilidade de um cidadão pacatissimo, homem de convicções firmes, que punha os Interesses
de sua terra cima de sua conveniência de familia (José Lins do Rego)
De nada adianta que me contem coisas, que me apontem retratos, que busquem pontos referenciais
de haja
A alternativa incorreta quanto à descrição do periodo e
ento
(a) apresenta uma oração principal,
(b) possur três orações coordenadas assindeticas,
depot» (c) contem três orações subordinadas substantvas subjetivas,
(d) existem objetos diretos nas orações subordinadas,
(e) encontram-se sujeitos indeterminados nas três orações subordinadas
156 SINTAXE
Não e necessario ser fã das bandas inglesas para gostar do livro, mas uma dose de nostalgia pelas
velhas narrativas dos viajantes do seculo XIX pode ajudar a fazer um paralelo, pelo menos afetivo,
com os caminhos que o autor descreve
A alternativa correta quanto ao numero de orações do periodo e.
(a) 7 orações,
(b) 6 orações,
(c) 5 orações,
(d) 4 orações,
(e) 3 orações.
Você me abandonou
e até agora eu não sei
qual for o perfume, a camisa, o cigarro,
o relogio, O carro
que não usei (Millôr Fernandes, m Literatura Comentada)
Analise sintaticamente o texto acima, classificando suas orações
O poeta e um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que e dor
A dor que deveras sente (Fernando Pessoa, mn Poesia Completa)
As ocorrências da palavra QUE, na texto de Fernando Pessoa, classificam se, na ordem em que
aparecem, como
(a) conjunção subordimativa integrante / conjunção subordinativa integrante/ conjunção subordi-
nativa causal,
) conjunção subordinativa consecutiva / conjunção subordinativa integrante / pronome relativo,
c) conjunção subordinativa consecutiva/ pronome relativo / conjunção subordinativa integrante
d) particula expletiva / conjunção subordinativa integrante / pronome relativo,
e) conjunção subordinativa integrante / conjunção subordinativa consecutiva/ conjunção subor
dinativa final
ze!as
(c) Ao assumirem
a culpa, ganharam alguns pontos com o jutz
( d) ) Sem construirem ninada, fizeram uma fortuna
(e) e) Se lamberem sabão, jogarão bolinhas no ceu
10 “O livro é uma reportagem escrita por Gilberto Lima durante o acompanhamento das excursões de
crianças em seus passetos escolares pelos barros de suas residências ”
O problema da frase acima e que so tem uma oração (longuissima), o que lhe tira a naturalidade
da Ingua, dando-nos a impressão de ter sido premeditadamente elaborada assim
MA Gue Reescreva a, no outro extremo do artificialismo, empregando seis orações
DE RESPOSTAS
1 a) f2oração Não fora esta ultima frase (subordinada adverbial condicional e principal da 2º), 22 oração aler
tando para o (subordinada adjetiva explicativa, reduzida de gerundio e principal da 3º) 3º oração que havia de
bondade e desprendimento no comportamento desse homem (suborcinada adjetiva restritiva), 4º oração Jesus
com essa parabola talvez viesse a despertar hoje em dia controverstas e contestações nos metos sindicass traba
Ihistas em relação as reivindicações salariais (principal)
b) Iºoração Afonso tomou uma colher de sopa (coordenada assindetica), 22 oração aepois rolou a sua poltrona
para junto da fagão (coordenada assindética) 3º oração e ali ficou envolvido pouco a pouco naquele melancol
co crepusculo de dezembro com as olhos no lume (coordenada sindética aditivae principalda 4º e da 5º), 4º ora-
ca
0
o
R
ção escutando o sudoeste contra as vidraças (subordinada adverbial modal ou temporal reduzida de gerundio),
5º oração pensando em todas as cousas tertiveis (subordinada adverbia: modal ou temporal reduzida de gerun-
dio e principal da 6º), 6! oração que assim invadiam num tropel patético a sua paz de velho (subordinada adjetiva
restritiva) Nota 'ficou envolvido" pode ser locução verbal passiva com o entendimento de “ficou envolvido por
alguem” OU verbo de ligação+predicativo, com o entendimento de "permaneceu envolvido/pensativo”
158 SINTAXE
c) 1º oração Experimente: prazer profundo (principal - o substantivo prazer rege a preposição em), 2º oração
em receber a sua estimavel cartinha de 1º do fluente (subordinada substantiva completiva nominal, reduzida de
infimtivo) 32 oração pororgão da qual fu conhecedor de boas noticias de todas da! exceção feita de loio (subor
dinada adjetiva explicativa e principal da 4º e da 5º), 4º oração que havia passado uns dias mais incomodado (su
bordinada adjetiva explicativa — mesmo sem a mrgula não colocada por lapso ou estilo) 5º oração porem que
agora entrava em um estado de saude mais satisfatono, o (subordinada adjetiva explicativa e principal da 6º) 6º
oração que me aprouve sobremodo (subordinada adjetiva resteitiva) Nota A virgula antes de “porem” e cumula
tiva (pela oração explicativa e pela idea adversativa) as duas orações subordinam se a loió, que havia passado
uns dias incomodado e/mas que agora entrava em estado de saude mais satistatorio
d) 1º oração Enquanto os cangaceiros infestavam o Estado (subordinada adverbial temporal), 2º oração permi
tia a governo (principal), 3º oração que se abusasse da tranquilidade de um cidadão pacatissimo, homem de
convicções firmes (subordinada substantiva objetiva diretae principal da 4º), 4º oração que punha os Interesses
de sua terra cima de sua conveniência de familia (subordinada adjetiva explicativa)
2 B(hatres orações subordinadas substantivas subjetivas coordenadas entre st mas não há orações coordena
das no periodo)
3 B(6orações Não e necessáno / ser fã das bandas inglesas / para gostar do livro / mas uma dose de nostalgia
pelas velhas narrativas dos viajantes do seculo X!X pode ajudar/ a fazer um paralelo pelo menas afetivo com os
caminhos / que o autor descreve)
5 1ºoração Você me abandonou (coordenada assindetica), 2º oração e ate agora eu não sei (coordenada sin
detica adversativa e principal da 3º), 3 oração qualfo! o perfume a camisa, o cigarro o relogio o carro (subordi
nada substantiva objetiva direta, justaposta, e principal da 4º), 4º oração que não usei (subordinada adjetiva res
irtiva) Ce
8 B Cx
ral
de
Da frase ao texto
tu
hr
a
4
Exemplos:
— Por tavor, traga-me vinho. P
Exemplos:
— Valha-me Deus, você tem certeza do que esta me dizendo?
- Alem do mais, sambista até morre: eu sou.
Qutro ponto a frisar é o que, nos capitulos anteriores, apresentamos como diferentes
possibilidades estruturais para a escritura de ideias. Cabe então neste ponto do estudo da
frase e do texto mostrar mais detidamente como se dão algumas dessas “parcerias”, em espe-
cial considerando que elas caracterizam opções expressivas para o redator de um bom texto
E o q que faremos, 3 a título
de ilustração,
ção, com três srup
grupos “discursivo-gi 8 amaticais”
e um
“discursivo-lexical”;
Reunn cada par de ideias num unico periodo requer o uso de conjunções especificas.
Para isso, a Ingua oferece duas estruturas sintaticas. a adversaliva (tas, porem, contudo,
todavia, no entanto, entretanto) e a concessiva (embora, armda que, mesmo que).
Exemplos:
(1a) Houve um acidente, mas ninguem se machucou.
38. (2a) Não estudei para a prova, porem: tirei boa nota.
sEm (3a) Acabou a bebida; todavia o baile continua
o
de (1b) Embora tenha havido um acidente, ninguem se machucou.
ac (2b) Mesmo não tendo estudado para a prova, tirei boa nota.
(3b) Asnida que à bebida tenha acabado, o baile continua
Ja para reuni-las num parágrafo como periodos tsolados, será preciso recorrer a ex-
pressões intiodutorias (marcadores discursivos ou operadores argumentativos) que fa-
cam a concatenação coerente entre elas
res Exemplos:
E (Ic) Houve um acidente Graças a Deus, ninguem se machucou
pe (2c) Nao estudei para à prova, Para sorte minha, tncr boa nota.
ue (3c) Acabou a bebida. Apesar disso, o baile continua.
ares
Agora cxaminemos este outro quadro:
art ' a e gmE EO rg
idesa (A) idéia (B)
Asideias (A) e (B) das frases do novo quadro, diferentemente, podem ser ieumdas de
forma justaposta (separadas por ponto ou poi ponto-e-vigula, por exemplo) ou de forma
progressiva Tambem e verdade que, no âmbito da estrutura frasal ou textual, a relação se
mantica entre essas ideias podera ser marcada de outras maneitas (causa, explicação,
Te conclusão, proporção e ate contraste) Entre elas, se mclui necessariamente à iclação
a aditiva, a que escolhemos para tocaltzar
jo « Reunit aditivamente cada par num único penodo requer o uso de conjuncões especi-
ms ficas Pata tss0, a lingua oferece uma estrutura aditiva com a conjunção “e” (na forma ne
E gativa nem) ou com a expressao corelativa “não so. mas (ou como) tambem”
162 SINTAXE
Exemplos:
(4a) As pessoas estão otimistas e têm motivo para isso
(5a) Não só os pássaros cantam, mas também as praças continuam cheias de gente
(6a) Nem a delegacia tem recursos nen: os policiais ganham bons salários.
De outro modo, para reuni-las num parágrafo como períodos isolados, caberá utili
za1 marcadores discursivos ou operadores argumentativos que façam a concatenação coe-
rente entre elas.
Exemplos:
(4b) As pessoas estão otimistas Diga-se de passagem que elas têm motivo para isso,
(5b) Os pássaros cantam. Compondo tão agradável cenario, as praças continuam cheias
de gente
(6b) A delegacia não tem recursos. Acrescente-se a isso o fato de os policiais não ganha-
rem bons salários.
O diálogo acima tem como continuidade natural duas informações: uma sobre o mo-
tivo (houve uma causa para que se suspendesse a festa programada?); outra sobre o objeti-
vo (haveria alguma finalidade para essa suspensão?). Observe, porém, que ambas as infor-
mações giram em torno de uma relação de causa e efeito, ou seja: existe uma causa para a
suspensão da festa & a suspensão da festa pode ter um efeito
Vejamos algumas das maneiras que o intei locutor poderia utilizar para dar a primeira
informação (o motivo da suspensão).
pa
vei
Da frase ao texto 163
OU
Como vemos, “a chuva torte de ontem” e apontada como a causa de “não haver festa
hoje” Na primeira série, a causa foi expressa por um grupo de palavias sem verbo (um ad-
junto adverbial de causa); na segunda, por um grupo que inclu: verbo (uma oração adver-
bial causal); na terceira, por um novo periodo, que deixou implícita a relação causal em
(3a) e (3b) ou explicitou-a por meio de um substantivo (3c), (3d) e (3€).
Vejamos agora algumas das maneiras que o interlocutor poderia utilizar para dar a segun-
da informação (o efeito pretendido com a suspensão, ou seja, a finalidade da suspensão),
Não vai mais haver festa hoje
(4) . para a preservação dos convidados de fora.
omMmo-
obrei:-
sintor-
). para que os convidados de fora sejam preservados.
para a
5b) ... a fim de que os convidados de fora sejam preservados.
ameira
)... para preservar os convidados de fora.
5d)... a fim de preservar os convidados de fora.
sença da palavra “que” apenas na primeira dupla), Na última série, por um novo período,
que derxou implicito o elo de finalidade em (6a), explicitou-o por meio de um substantivo
em (6b) ou usou um “concatenador” em (60) e (6d).
Note-se ainda que as relações dé causa e finalidade desse exemplo mantêm, com a
idéia principal, um vinculo cronologico (apenas semântico), que determina sua o: dem de
ocorrência Assim, nos exemplos acima, podemos o! denar as três info: mações da seguinte
forma
(7) chover forte ontem + não haver (esta + preservar os convidados de fora
4
os convidados serão preservados > consequência pretendida
a
Vejamos agora algumas outras possibilidades que a língua oferece para a construção
de frases que combinem essas relações semanticas de causa e cterto Uma delas diz respeito
a localização da ideia principal de uma frase, que pode ser apresentada de acordo com o
cnterio do lalante Observe, então, anda a respeito desses vinculos cronológicos entre
duas afirmações, o segumte exemplo, no qual a ideta principal deixa de ser a que trata dz
suspensão da festa e passa a ser a que menciona a chuva do dia anterior:
SO gs
pm rnrre arnearr
164 SINTAXE
sença da palavra “que” apenas na primena dupla); Na ultima série, por um novo periodo,
que deixou implícito o elo de finalidade em (6a), explicitou-o por meio de um substantivo
em (6b) ou usou um “concatenador” em (6c) e (6d).
Note-se ainda que as relações dê causa e finalidade desse exemplo mantêm, com a
ideia principal, um vínculo cronológico (apenas semântico), que determina sua ordem de
ocorrência. Assim, nos exemplos acima, podemos ordenar as três informações da seguinte
forma:
(7) chover forte ontem + não haver festa + preservar os convidados de fora
Vejamos agora algumas outras possibilidades que a lingua oferece para a construção
de frases que combinem essas relações semânticas de causa e cfeito Uma delas diz respeito
à localização da idéia principal de uma frase, que pode ser apresentada de acordo com o
critério do falante. Observe, então, ainda a respeito desses vínculos cronológicos entre
duas afirmações, o seguinte exemplo, no qual a idéia principal deixa de ser a que trata da
suspensão da festa e passa a ser a que menciona a chuva do dia anterior;
Ou seja, continua havendo a mesma relação semântica entre os dois fatos, agora apre-
sentados sob nova estrutura, na qual à oração que contém o efeito, a consequência, deixou
de ser a principal. Aqui, e à conjunção “que” a introdutora da idéia consecutiva.
As duas ideias dos exemplos anteriores representam dados reais, isto é, “de fato, cho-
veu forte ontem” e “de fato, não val haver festa”. No entanto, às vezes essa relação de causa
e efeito pode indicar uma suposição Com 1sso queremos dizer que há diferenças cstrutu- pas
rais quando existe uma “causa hipotética” ou quando existe um “efeito hipotetico” poi
Observe, por fim, os exemplos abaixo, nos quais essa relação está presente (0
por
(9a) Choveu forte ontem ..
tu.
» Jogo, não vaí mais haver festa hoje.
Ou seja, a relação semantica entre os dois tatos deixou de indicar apenas fatos 1cais e
passou a incluir fatos bipoteticas. Nos exemplos (9a) e (9b), com a causa real c o efeito hi-
potetico, a estrutura e conclusiva (conjuncões logo, portanto, por conseguinte); em (109) e
(10b), com a causa hpotetica e o efeito real, a estrutura é explicativa (conjunções por,
porque); cm (La) etl lb), coma causa mpotetica e o eterto mais hipotetico ainda, a estru-
tura e condicional (conjuncões se, caso, desde que).
Como se vé, as Iclações de causa e efeito, reais ou hipotéticas, têm aproximação se-
mântica e diferencas sintáticas. Cabe ao usuario competente dominar essas “maneiras de
escrever” e colocá-las em pratica de forma expressiva.
166 SINTAXE
As três idéias dos exemplos poderram ser redigidas, segundo a prefe:ência do usuário,
de variados modos:
(12) Como choveu forte ontem, 'não va: mais haver festa hoje e, com isso, os convida-
dos de fora serão preservados.
(13) A fim de que os convidados de fora sejam preservados, não vai mais haver festa
hoje, o que e uma consequência das chuvas fortes de ontem.
(14) A chuva de ontem for tão forte que, para preservar os convidados de fora, não vai
haver a festa de hoje.
(15) Os convidados de fora serão preservados porque não vai mais haver a festa de
hoje, suspensa em virtude das fortes chuvas de ontem.
(16) Choveu forte ontem e, po: 1sso, não vat have: a festa de hoje, o que preservará os
convidados de fora.
(17) Choveu forte ontem e não vai haver a festa de hoje; logo, os convidados de fora
serão preservados.
(18) Depois da chuva forte de ontem, caso a festa de hoje fosse mantida, os convidados
de fora não seriam preservados.
(19) Se não vai mais haver festa hoje para preservar os convidados de fora, é porque
choveu forte ontem
(20) Deve ter chovido forte ontem, pois não vai mais havet a festa de hoje e com 1ss0 08
convidados de fora serão preservados
Todas essas maneiras de redigir as Lrês ideias são adequadas, mas há diferenças for-
mais na construção das já citadas relações de causa e efeito, que envolvem obviamente as
noções aqui chamadas de “reais” ou “hipotéticas”.
Mas também poderiam, por fim, dar vez a uma forma de expressão mais desenvolvi-
da, resultando em trechos mais longos para cada uma delas Expandidas por decisão do re-
dator, caberia asssm redigi-las (na situação de “causa real” + “consequência real” + “con-
sequência pretendida”).
(21) A chuva de ontem foi bastante torrencial e causou muitos danos à cidade. Por
conta disso, a festa programada para hoje no principal salão da municipalidade foi sus-
pensa, Uma nova data sera marcada a fim de que se dé aos convidados de fora a oportuni-
dade de comparecerem a tão esperado acontecimento.
Exemplos:
(1) Quando o meu dinheiro acabou, eu fiquei gm casa vendo tev
>
naval — informação 1: o fim do dinheiro
— informação 2: ficar em casa vendo tevê
— Qual ocorre primeiro? o fim do dinheiro
o!
[au
fu
[o
y2a
vezes, um problema, o qual se resolve por mero de estrategias que associam léxico, semâán-
tica e sintaxe
Da frase ao texto 169
Para entende-la é indispensavel considerar que algum contexto irá responder a três
alcé perguntas.
(2) Todos os anos, Telma, o marido e os três filhos passam o Natal em Belo Horizonte,
na casa dos pais de Anselmo. Ela é uma dessas mulheres que não movem uma palha
dentro de casa. Aliás, não arruma nem a própria cama. Acontece que, como a sogra é
uma megera, cla só faz isso quando está lá.
(3) Ela (Telma) só faz isso (arrumaa própria cama) quando está lá (na casa da sogra).
[ou seja: Telma so arruma a própria cama quando esta na casa da sogra.)
(4a) Telma e uma mulher que tem um único defeito não move uma palha dentro de
casa. [um único defeito > não mover uma palha dentio de casa]
(4b) Telma é uma mulher que não move uma palha dentro de casa, e esse e seu único
-- defeito. [não mover uma palha dentro de casa + esse (único deferto)]
Eua
Em (4a), o elemento catafórico é “um úmco defeito”, que esta à esquerda de “não
Mu.l3s
move uma palha dentro de casa” com a finalidade de apontar para essa idéia à direita Em
HEI. 2T -
(4b), com a inversão, “esse único defeito” aponta para a ideia à esquerda, cabendo ao de-
monstrativo “esse” fazer o papel anaforico.
170 SINTAXE
(5) Todos os anos, Telma, o marido e os três filhos passam o Natal em Belo Horizonte,
na casa dos pais de Anselmo Ela é uma dessas mulheres que não movem uma palha
dentro de casa Aliás, não arruma nem a própria cama. Acontece que, como a sogra é
uma megera, ela só faz isso quando está lá. Assim, para manter as aparências, Telma
prefere não dar chance para que encha de novo a cabeça
chamando-a de parasita, ou coisa que o valha.
Lic
Como evitar a repetição viciosa nos dois trechos que deixamos com lacunas. A ques-
tão que propomos é: na primeira lacuna, deve-se escrever “a sogra”, “a mãe de seu mari-
do” ou “Dona Maria”?; e na segunda lacuna: “de Anselmo” ou “do filho”?
Na primeira lacuna, “a mãe de seu marido” substitui perfeitamente a palavra “sogra”
(empregada duas linhas antes) e evita uma repetição viciosa. A opção por “Dona Maria”
também seria adequada, pois o contexto da segunda lacuna identificaria sem dúvida a que
personagem se referiria.
Na segunda lacuna, “do filho” parece-nos mais conveniente do que a locução “de
Anselmo”, embora aqui não esteja caracterizada a repetição viciosa porque a outra ocor-
rência de “Anselmo” está distante, no início da parágrafo.
Em ambos os casos, porém, o redator teve de se valer de seu vocabulário pessoal para
buscar os sinônimos adequados às suas necessidades e às do texto.
Assim, podemos substituir o termo repetido por um pronome, um numeral substan-
tivado ou um advérbio, mas sempre deveremos observar as regras de funcionamento de
uns e outros vocábulos, a fim de que a clareza e a construção estejam em sintonia para que
a comunicação aconteça de maneira satisfatória.
172 SINTAXE
(13a) O motorista queria colocar o carro na vaga, mesmo sabendo que a vaga estava
reservada para o carro do diretor
(13h) O motorista insistiu que queria colocar o carro na vaga reservada para o diretor
— a idéia contrastiva da segunda oração foi deslocada para a esquerda = insistir; 0 ad-
jeuvo “reservada” foi antecipado para junto da primeira ocorrência do substantivo
“vaga”, o substantivo “carro” está subentendido no sintagma “para o diretor”, pois se
pressupõe que todos compreendam que a vaga não é para o diretor, mas para o seu
carro.
Para concluir, acrescentemos uma outra possibilidade que ocorre no trabalho com
frases e textos. Referimo-nos àquelas situações em que há necessidade de se reiterar um
conceito, reforçar um ponto de vista ou retomar a expressão de um pensamento, uma
idéia, uma opinião. Fazer isso engloba uma série de aspectos da estrutura textual: a escolha
de palavras, o dominio das estruturas sintáticas, a viabilidade da repetição expressiva, O
conhecimento dos valores semânticos e a pericia estilística,
Para desenvolver essa tecnica, o redator é levado a um exame panorâmico do que pre-
tende dizer a fim de que faça as escolhas seguras conforme sua pretensão comunicativa.
Ilustremos essas considerações com dois exemplos de paráfrase a partir dos seguintes pa-
rágrafos:
(14a) À pessoa mais poderosa e exatamente aquela que esta em condições de fazer, ela
própria, o mínimo e de encarregar ao máximo os outros das coisas as quais empresta
seu nome, embolsando as vantagens. (Theodor Adorno)
(15a) Foi pelo trabalho que a mulher transpós, em grande parte, a distância que a se-
parava do macho; é só o trabalho que pode garantir-lhe uma liberdade concreta (Si-
mone de Beauvoir)
(14b) Tem mais poder precisamente quem reúne condições de produzir o mínimo
possível e encarregar os demais de fazerem o máximo, sempre porem levando as van-
tagens e recebendo os créditos por tudo.
Chamamos a esse tipo de exercício “redação smonimica”, Seu objetivo c manter a sig-
nificação global de um período ou de um paragrafo, a partir da alteração localizada de pa-
lavras e expressões de linguagem.
As reescrituras procuraram manter o sentido original, mas é recomendável avaliar as
qualidades estilísticas e expressivas de cada uma das formas adotadas para descrever a
mesma idéia.
Da frase ao texto 173
Iva
LEIA TAMBÉM
Livros que focalizam as relações entre produção textual e giamatica tum sido lançados com
fartura no mercado. Framos, para os nossos objetivos, com estes
— O Texto Argumentaino (hão Paulo Scipione, 1994), de Adilson Catellh;
— O Ensmu do Gramatica caminhos e descamintos (Rio de Janeiro. 1 ucerna, 2007), de Carlos
Eduardo lalcão Uchoa,
— Texto e Argumentação (Campinas-SP: Pontes, 2002), de Eduardo Gurmaides,
— 4 Coecrenaa Fextual (São Paulo Contexto, 1996) e Texto e Coeréncia (São Paulo Cortez,
19951, de IngedoreN KocheTuzC Travagla,
— À Coeao Textual (São Paulo Contexto, 1995) e Argumentação e | inguagem (São Paulo
Cortez, 1996), de Ingedore Y Koch;
— Manto Alem da Gramatica (Sao Paulo: Parabola, 2007), de Irande Antunes;
— Discurso, Coesão, Argumentação (Rio de Janeiro Ofiana do Autor, 1996), de Leonor W dos
Santos, ore,
— Texto e Gramatica (Sao Paulo: Contexto, 2006), de Mara Helena de Moura Neves,
e DO Fm ou
ES [eSe ds ) ”4
“e6 «L 1 us * 4.3 Nidt ”Fo ds + dor
Cm a .. .Y
No dia seguinte voitei para a escola Pelo caminho tambem fazia os meus calculos Para mim, todos
estavam enganados laser cemsacos Dai para mais Era so o que eu pensava, enquanto explicava
a professora por que havia faltado tanto tempo Ela disse que assim eu ia perder o ano e eu lhe dis-
se que foi assim que ganhe: um ano E quando deu meio-dia e a professora disse que podíamos ir,
sas correndo Corn ate ficar com as tripas saindo pela boca, a lingua parecendo que Ia se arrastar
pelo chão Para quem vem da rua, ha uma ladeira muito comprida e so no fim começa a cerca que
separa o nosso pasto da estrada E foi logo ali, bem no comecinho da cerca, que eu via maior des
graça do mundo o feijão havia desaparecido Em seu lugar, o que havia era uma nuvem preta su-
bindo do chão para o ceu, como um arroto de Satanas na cara de Deus Dentro da fumaça, uma in
me gua de fogo devorava todo o nosso fejão
(Antômo Torres, “Por um Pe de Fejão”)
A classiticação da oração sublinhada como subordinada adverbial de lugar espelha de modo
satisfatorio seu valor textual? Explique
nto
elz Reescreva os periodos abaixo, respeitando as recomendações propostas
a) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
> a frase e complementada com uma ideia de finalidade (acrescente “a fim de”)
b) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
> a frase é complementada com uma idéia de conclusão (acrescente “portanto”)
c) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone.
= a frase é complementada com uma idéia de causa (acrescente "porque”)
d) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
> a frase e antecedida por uma ideia de causa (inicie com “Por causa d ")
174 SINTAXE
e) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
— a ideia de consequência passa a ser a da oração principal, mas continua sendo a segunda
oração (retire o "que”)
f) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
> a frase e escrita com apenas úm verbo (troque “ligam” por ligações”)
g) Ligam tanto para nossa casa que ninguém mais quer atender o telefone
> aideta de consequência passa a ser a da coração principal e inicia o periodo (retire o “que”)
h) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
— as duas ideias deixam de ser reais e passam a hipoteticas (empregue “caso”)
) Ligam tanto para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone
> a frase é desmembrada em duas (substitua o “tanto” e retire o “que”)
) Ligam tanto para nossa casa que ninguém mais quer atender o telefone
— a idéia da oração principal e escrita de três outras formas (dica troque o “tanto”)
A frase “Quando eu estou aqui, eu vivo este momento lindo ” (de uma conhecida canção de Ro-
berto e Erasmo Carlos) possui uma conjunção temporal que indica a posterioridade da informa-
ção contida na oração principal, em relação a subordinada
Em outras palavras: “Eu so posso viver este momento lindo, porque — primeiro — eu estou
aqui” OU "Eu só posso viver este momento lindo se, primeiro, eu estiver aqui ”
Observe as opções abaixo, nas quais se substitutu a conjunção da frase original por outra, tam-
bem temporal
(a) Eu vivo este momento lindo toda vez que eu estou aqui
(b) Eu vivo este momento lindo desde que eu estou aqui
(c) Eu vivo este momento Indo enquanto eu estou aqui.
(d) Eu vivo este momento lindo antes mesmo que eu esteja aqui
(e) Eu vivo este momento lindo depois que eu estiver aqui
() Eu vivo este momento lindo assim que eu estiver aqui
(g) Eu vivo este momento lindo até que eu esteja aqui
5 Oprmerro quadrinho de uma das historias dos Fradins de Henfil contem uma interessante "desor-
dem” sintatica
Coloque a frase na ordem direta e interprete a hierarquia discursiva dada pelo cartunista.
A VIDA
PARAGRAFO-BASE:
Tenho tido muita dificuldade em definir com clareza, não so quais os aspectos mais importantes a
respeito de minha propria existência, mas também em relação ao conceito de viver Na sociedade
que habito, as pessoas e as Instituições parecem-me, em muitas ocasiões, indignas e irracionais
Isso se reflete sobre mim de alguma forma e é algo que me preocupa porque tenho a certeza de
que muito tenho a refletir e a investigar a respeito
PARAGRAFOS DE COMPLEMENTO
Proposia 1
— “Ha quem diga” começa o 2º paragrafo
— “Alias” inicia a 2º frase do 2º parágrafo
— “Desse modo” começa o 3º paragrato
— a conjunção “embora” esta empregada no 3º paragrafo
— “Assim sendo” começa o 4º paragrafo (conclusivo)
Obs.: e proibido usar as conjunções “mas, pois e porque”
Proposta 2
- “E bem verdade” começa o 2º paragrafo
- “Ate porque” Imcia a 2º frase do 2º paragrafo
- “Por outro lado” ou “Em contrapartida” começa o 3º paragrafo
176 SINTAXE
Escreva um paragrafo que termine com a seguinte trase Muitos deles com certeza anda voltariam
aquela casa de espetaculos sem lhe pedir autonzação
À correspondência sindical abaixo reproduzida não tem adequação sintatica Leia-a atentamente e
observe os trechos assinalados.
Prezado Associado
Pra
Deliberar poderes é, na maioria das vezes, uma atitude democratica Cabe, porem, a quem re-
cebe este “poder” estar apto a exercê-lo
O SINDFUN, teve, agora por esses dias, diante de mais uma situação com o CRH, onde a
Coordenadora se viu em dificuldades, tentando negociar amistosamente com este Sindicato en-
quanto, o chefe de pagamento se colocava de forma prepotente e arrogante diante de um erro
(mais um), onde 2 600 filiados sairam prejudicados com o processo sobre a redução do PCS, por
não ter sido entregue no prazo solicitado, os documentos exigidos (copias das fichas financeiras)
pelo juiz da 1º Vara Federal
Fo: constrangedor para a representante do SINDFUN, na figura da diretora de beneficios ter
presenciado a forma desrespeitosa com que o chefe de pagamento a tratava e ao seu superior
Lamentamos o fato de que pessoas não preparadas para algumas funções a estejam exercen-
do dentro da Instituição, principalmente quando se trata de lidar com a vida financeira do servi-
dor ja tão espoliado pelo Governo Federal Por outro lado nos congratulamos com o fato do Coor-
denador de Recursos Humanos ter tentado conduzir a conversa para a solução do caso, visto o
SINDFUN estar retornando a ação judicial para beneficiar seus filiados
Nem sempre o coordenador é o culpado mas sempre será responsável pelas atitudes e
14
escolha dos seus subordinados
Atenciosamente, E K E
Pergunta-se
- No primeiro paragrafo
a) E inadequada a construção “deliberar poderes"? Por quê?
— No segundo paragrato
b) A primeira virgula esta corretamente empregada? Por quê?
c) A forma verbal “teve” esta empregada em seu sentido proprio? Por quê”?
d) Falta um adjetivo depois do substantivo “situação”? Por que?
e) Os dois empregos de “onde” estão adequados? Por quê?
9) Avirgula depois de “enquanto” esta empregada corretamente? Por quê?
g) Qual o sujeito de “ter sido entregue"? A concordância esta correta?
178 SINTAXE
de aprender todas as linguas, escrevê-las, em três ou quatro meses. Em cada pais demorava-se
pouco, cinco ou seis anos, procurava os jornais, defendia esta ou aquela questão, ganhava dinher-
ro e vivia. Contava-me isso bebendo e à proporção que bebia vinhos franceses os seus olhos de
conta e azuis com reflexos metálicos ficavam mais brilhantes e penetrantes. Falou-me em poetas,
em filósofos, traçou, a grandes golpes, o destino da humanidade, provocou-me grandes e consola-
doras visões patrióticas, e so vim a deixa-lo saudoso pelas duas horas, quando me dirigi ao hotel.
Alt recebi a Intimação do delegado e corri à delegacia obedientemente, depois desse delicioso al-
moço que quase me fez esquecer os dolorosos momentos da manhã.
(Lima Barreto, Recordações do Escrivão Isaias Caminha)
CHA NE UA: E DD
RR
1 Sim, se considerarmos que a oração indica a perspectiva, o ângulo, o ponto de vista de quem “vem da rua”, Isso
nos permite interpretá-la como adverbial de lugar em relação à ideia de que "há (= vê-se) uma ladeira comprida”,
2 Sugestão de respostas a) Ligam tanto para nossa casa que ninguém mais quer atender o telefone a fim de não
se aborrecer; b) Ligam tanto para nossa casa que ninguém mais quer atender o telefone, portanto, e melhor desl-
gá-lo por um tempo, c) Ligam tanto para nossa casa que ninguém mais quer atender o telefone porque todos já
perderam a paciência, d) Por causa da semelhança com o numero da farmacia, ligam tanto para nossa casa que
minguém mais quer atender o telefone, e) Como ligam tanto para nossa casa, ninguém mais quer atender o telefo-
ne, f) Com tantas ligações para nossa casa, ninguém mais quer atender o telefone: g) Ninguém mais quer atender
o telefone porque ligam muito para nossa casa, h) Caso ligassem tanto para nossa casa, ninguém mais atendena
o telefone, 1) Ligam muito para nossa casa O resultado é que ninguém mais quer atender o telefone |) O numero
de ligações para nossa casa é tão grande que ninguem mais quer atender o telefone / É tamanha a quantidade de
ligações para nossa casa que ninguem mais quer atender o telefone / Ligam em tal quantidade para nossa casa
que mnguém mais quer atender o telefone
4 Resposta livre
5 Na ordem direta teremos “Quero ver de quem Deus vai ouvir a prece" À hierarquização dos componentes
mostra que a oração principal (a que contém o desafio) é a topicalizada. O segundo segmento da frse é o que, sin-
taticamente, estaria no final da frase, mas aqui esta antecipado pois e, na oração objetiva direta o elemento a ser
topicalizado. Destaque-se que esses dois componentes, juntos, criam um aparente paradoxo (Quero ver a pre-
ce) Os outros dois segmentos seguem a ordem natural sujeito+verbo
6 Respostas livres A expectativa é que as restrições à produção (em ambas as propostas) tenham resultado
num texto artificial No entanto, também poderá ocorrer de os textos terem tido uma solução satisfatória. O co-
mentário deve incluir ainda comparações entre ambos os textos produzidos
7. Resposta livre A expectativa é que as frases anteriores do paragrafo revelem “quem são eles?", “que casa de
espetáculos é aquela?” e “a quem não se pediria autorzação?”,
8.a) Por razões lógicas, “deliberar” não pode ter como objeto direto o substantivo “poderes” (talvez fosse o casg
de escrever “deliberar sobre"), b) A virgula que separa o sujeito do verbo não tem justificativa, c) A frase mostra
que a forma verbal correta é “esteve”, d) O substanthvo “situação” é vago e precisa ser qualificado (pelo contexto,
supõe se que a situação tenha sido “desagradáve!"), e) Os dois empregos de “onde” são impróprios seus ante-
cedentes não contêm uma idéia locativa que justifique o uso (“situação” e “erro”, respectivamente) No primeiro
trecho, caberia “em que”, no segundo, “a party do qual", f) A virgula deveria estar antes de “enquanto” ,g) Comoe
sujeito é “os documentos exigidos” o verbo devenia ser “terem sido entregues”, h) A ambiguidade ocorre porque
o possessivo “seu” poderia se refenr tanto ao “superiar dele mesmo (o chefe de pagamento)” quanto ao “supenor
dela (a diretora de beneficios)", 1) Como o pronome obliquo se refere a “algumas funções”, o correto seria empre-
Da frase ao texto 179
gar as”,!) Avirgulaimpedina que o trecho fosse interpretado coma um unico sintagma "o servidor
ja tão espolia
do e separana com clareza o predicativo k) O verbo 'retornar pede preposição “a (faltou então o acento de
crase) |) À segunda oração é adversativa e deve ser separada da primeira por virgula m) À adição e incoerente
pois a locução dos subordnados não se relaciona igualmente com os dois substantivos em “a atitude dos su
bardinados eseuagente possuidor tadunto adnominal), em “escolha dos subordinados” e seu pactente obje
to (complemento nomunal)
9 Asnadequação so não e semantica porque helicopteros não morrem E o conhecimento de mundo do leitor que
depreende que foram tres (pessoas) que morreram Houve nadequanção sintatica
10 O comentario (livre) dove destacar a presença de periodos curtos do orações independentes (absolutas e
coordenadas) Deve tambem relacionar a modalidade narrativa descritiva com as opções de estrutura sintatica
feitas peio autor, que incluem agumas orações reduzidas passíveis de Interpretação Iinguistica ' Contava-me
isso bebendo ou | que quase me fez esquecer os dolorosos momentos da manhã”
APÊNDICE
Exame Nacional
de Cursos - Letras
Ur
(8) Observe os empregos do pronome se neste trecho de artigo de 1evista:
O que se quer é atribuir ao elevador seu justo peso Que não se esqueça dele, quando se
fizer o balanço dos engenhos e artes que deram ao século XX o rosto que tem.
(A) Nostréês casos a se tem emprego semelhante, mas em apenas um deles tem função
sintática.
(B) No segundo caso, usou-se o se para indeterminar o sujeito de um verbo que, se-
gundo a gramática normativa, já devia ser pronominal.
(C) No segundo caso eno terceiro, as construções com se são de voz passiva, o que não
é possível dentro de uma mesma frase.
(D) Nenhuma das três construções com se é passiva, porque todos os verbos são tran-
sitivos indiretos.
(E) O sujeito de quando se fizer o balanço não pode ser encontrado na oração, porque
está elíptico.
(9) Observe esta frase de uma notícia de jornal: A equipe procurou convencer os
membros das gangues que a relação com as escolas poderia ser outra.
(A) Há dois objetos diretos, fato que ocorre com todos os verbos transitivos.
(B) O segundo dos dois complementos deveria ser um objeto direto.
(C) O segundo complemento, que é objeto indireto, está sem preposição.
(D) Há apenas um complemento verbal, sob forma composta
(E) Falta a preposição do primeiro complemento, para que a construção fique correta.
Apêndice 185
O argentino premio Nobel da Paz acha que a chancelaria dos dois parses decidirão o
EN dgca-
problema. .
(20) A molecada não gosta de regras, muito menos de castigos. O Brasil nenem não
gosta de leis. Não acredita que elas possam ser realmente aplicadas e detesta a idéia de
que transgredi-las possa resultar em punições
quando se
o quenão (A) Em Ie fl, ictoma-se o referente, substitundo-se o termo inicial por uma expres-
são nominal equivalente.
SãU tran- (B) Lm [, retoma-se o reterente, substituindo-se o termo inicial por uma pro-forma
gramatical; e em II, por pró-formas pronominais
o porque (C) Em I, retoma-se o 1eferente, substituindo-se o termo inicial por um grupo no-
munal mais abrangente, em II, substituindo-se o termo inicial por pro-formas
pronominais.
WEençer Os (D) Em1,o referente não éxetomado. molecada c Brasil neném não têm o mesmo refe-
rente; em II, as pró-formas pronominais substituem o mesmo termo.
(E) Em Ie li, retoma-se o referente: em |, subsltui-se o termo inicial por um grupo
nominal menos abrangente, em Il, subsutui-se o termo micial por grupos nomimais
equivalentes
equrteia
186 SINTAXE
El Rey
Prostrado aospêz de V.Magd., Pedro Bueno Cacunda, manifesto que aggregan-
do ássua companhia os primeyros povoadores da cidade de Sam Paulo, indios natu-
1ães do destricto damesma Cidade, cômessárão as conquistas daquellas terras, eser-
toens; e dos proprios Indios aggregados senoticiarão de duas nasçoens gentilicas,
huma chamada Coroados, que senhorca o Ryo de Itapeba, esuas vertentes; eoutra
chamada Puriz, que senhorca o Ryo de Mayguassu, e tambem suas vertentes; destas
duas nasçoens scaggregarão depois tambem alguns Indios, os quaes seachavão pos-
suidores demuitas folhetas de ouro, que lhes servirão dechumbadas das linhas com
que pescavão; ejuntamente de enfeites com que scornavão suas molheres: einquirin-
do, os dittos povoadores, estes mesmos Indios, de onde colhiam aquellas folhetas,
dezião, que havia naquelle sertão, Ribeyros que com amundação das agoas sedesbar-
rancavão as suas beyradas, enellas, diminuídas asmesmas agoas, áflor da terra as co-
lhião, não fazendo cazo da abundancia de Ouro empô, por lhenão ter aquelle minis-
terio que lhestinhão asfolhetas.
[Carta de Pedro Bueno Cacunda ao Rei, Arraial de Sancta Anna, em 08 set. 1734.
Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa, PT.]
Com relação ao trecho por lhenão ter aquelle ministerio que lhestinhão asfolhetas:
1. Existe uma ocorrência de interpolação sintática da negação na construção clítico
pronomunal + verbo.
Il As construções com essa interpolação sintática não são empregadas no português
brasileiro contemporâneo.
HI. Essa interpolação sintática é empregada apenas como recurso estilístico no portu-
guês brasileiro contemporâneo.
1. A música que ele gosta e a que toca no rádio todos os dias e faz o maior sucesso.
2. Não deixa de ser surpreendente o fato de que o Brasil sobreviva à crise.
3. Antômio afirmou várias vezes de que seria inútil vender o casarão.
É correto afirmar que
Apêndice 187
(A) nenhuma das sequências segue a regência padrão, suprimida pela linguagem oral.
(B) 2 segue a regência padrão.
(C) 2 e 3 seguem a regência padrão.
(D) 1 e 2 estão formadas a partir da regência padrão.
(E) 1,2 e 3 estão construídas a partir da regência padrão.
RORBESSRRTTA
[1] Eu queria surfar Então vamo nessa: a praia ideal que eu idealizo no caso particula-
nzado de minha pessoa, em primenamente, seria de frente para a casa da vó, com vista
para o meu quarto. la ter uma plantaçãozinha de água de coco e, invés de chão ser de
aresa, eu botava uns gramadão presidente. Assim eu, o Ze e os cara não fica grudando
quando vai dai os rolê de Corcel 1!
Na mumha praia dos meus sonhos, 1a rolar váaarias vós e uma pá de tia Anastacia fazen-
do umas merenda nervosa! Uns sorvetão sarado! Uns mingauzão federal! Umas vita-
minas servida! X-tudo! X-Calabresa Cebola Frita! Xister Mc Tony'se gemada à vonta-
de pros brother e pras neneca! Tudo de grátis! As mina, exclusive, 1a 1di olatar surfistas
chamados Peterson Ronaldo Foca (conhecidentemente como no caso da figura pai ti-
cularizada da minha pessoa, por exemplo). Pra ganhar as deusa, O xaveco campeão se-
ria. o meu “E aís, Nina (feminina)? Qual teu C.E.P ?
Tua tia já teve catapora? E teu tio? E tua avó? Uhu!! Já ganhei!!” E se ela falasse: “Vai
procura: a tua turma!”, minha turma estaria bem do meu lado, pra eu não ficar pro-
É
curando muto!
[2] Exclusive, eu queria surfar, mas na praia ideal dos meus sonho (aquela que eu de-
sacrediter, rachei o bico e faler “nooossa!”). Não haveriam tubarães (Iaveriam por-
que e vários tubarães!). A “Eu, o Zé e os Cara, Paneleiros and Friends Association” ia
encatregar o colocamento de placas aleatórias com os dizeres: “Sai fora, tubarão! Cê
num sabe quem cê é!” E os bicho ia dar area rapidinho! Cê acha, jovem?! Nóis num
quer ficar que nem um colega meu, O Cachorrão, da Associação dos Surfistas de Pei-
nambuco, umas entidade sem pe nem cabeça! Então vamo nessa: na prata dos sonhos
que eu falei “É o sooonho!”, teria menas água salgada! (Menas porque água e femimi-
na!) Eu ia consegunr ficar em pe na minha triquilha tigrada, sair do back side, subir no
lip, trabalhar a espuma, mhaa!! Meus pes 3a grudar na parafina c eu ia ficar so lá: dro-
pando os tubo e fazendo pose pias tiete, dando umas piscada de rabo de olho e rasgan-
do umas onda de 30 metros (tudo bem, vai! Um metro e meio.. ) Mesmo sem abrir à
boca, eu ia ser o centro das atençães e os reporter 1a me focalizar com ncon, luz estetos-
cópica robotizada e uns show de raio lazer! De 18 concorrentes, eu ia sagrar decimo
setimo, porque um esqueceu a prancha (Tamem, o cara marcou!) E as mina só la
“Uhu!! Foca é animal"! Focaliza o Focal! O cara c o propio galã de Óliud!”
188 SINTAXE
[3] Exclusivamente, eu queria surfar, daí os carinha da República me pediram pra fa-
lar na revista, a vo tirou um pelo de mim: “Cê nunca vai falar na revista, Peterson Ro-
naldo?” Daí eu falei: “Artigo?? Eu? É comigo? Tá limpo!” Eu já apareço no rádio! Por
que cu não posso falar na revista?! Então vamo nessa de novo: eu queria pensar, mas
eu nem tô ligado nesses lance de utopia .. Dormir na pia .. Supermetropia! Esses lance
ai quem pensa é o Zé! Eu queria escrever! Em súmula, eu parei de pensar, agora eu só
surto! Consequentemente, Peterson Foca.
(7) Sobre as explicações entre parênteses Haveriam porque é varios tubarães e Menas
porque água é femimna, é correto afirmar que os autores do texto,
(A) embora procurem representar um jargão de surfistas, preocupam -se em fazer uso
correto das regras de concordância verbal e nonunal da língua portuguesa.
(B) ao produzirem erros de concordância, caracterizam a personagem Peterson Foca
como falante de uma variedade do português associada somente a surfistas.
(C) ao proporem tais explicações, fornecem os motivos que levam muitas pessoas a
flexionar, nesses contextos, o verbo haver e o adverbio menos.
(D) ao atribuírem erros de concordância a um suposto surfista, procuram associar
aos surfistas em geral a imagem de não escolarizados.
(E) ao empregarem as formas haveriam e menas, os autores do texto evidenciam seu
desconhecimento das regras de concordância verbal e nominal da língua portuguesa.
Na minha praia dos meus sonhos [1| e Na praia ideal dos meus sonho [2]
Uns mingauzão tederal! [1] e Umas vitaminas servida! [1]
Meus pés 1a grudar na parafina |2) e Os carinha da República me pediram pra falar na
revista [3]
(A) [, apenas.
(B) II, apenas.
(C) II, apenas.
ONU
(E) 1, Mell
Atenção: Para responder às duas proximas questões, considere o texto abaixo, produ-
zido por um aluno da última serte do Ensmo Médio, a partir de proposta de elaboração dc
um texto narrativo.
Wody
Ilusões do Amor
[1| Lukas Care era um homem muto respeitado no estabelecimento de ensmo, pela
sua forma de alfabetização. Muito conservador exigia a perfeição de seus alunos, e
quando um saia de suas normas, era motivo para a palmatoria,
[2] Para os pais de Inácia, Lukas Carle era o homem ideal p/ o casamento de vossa fi-
lha. E assim sendo o noivado fora marcado.
[3] Lukas Carle vivia sua vida normal, no ensino, visitava a casa da senhonta Inacia, a
qual levaria aquela situação do casamento encomendado sem poder dizer uma pala-
à vra contra, afinal era costume da época. Pois ela não achava muito as qualidades de
Lukas adequadas p/ seu casamento
[4] Um dia antes do casamento Lukas Carlé, se exaltou na castigação de um aluno,
quebrando-lhe a mão, tal exaltação vimha das lembranças da infância, quando sua
mae foi pega cometendo o adultério Mas essa lembrança ele carrega p/ st, não se abre
com ninguém. Lukas naturalmente foi advertido a não usar mais a palmatoria.
[5] O casamento realizou-se em um pequeno espaço de tempo desde o dia em que foi
marcado. Não houve grandes comemorações, apenas uma cerimônia normal entre
familiares. Lukas Carlé com seu temperamento não muito estável quis a cerimônia fi-
nalizada. Inácia esperava anciosa a grande norte de sua vida, mas tanta anciedade em
vão, Lukas pegou-lhe pelo cabelo deu-lhe um tapa c jogou-a na cama como se fosse
um objeto qualquer. Para Inácia suas esperanças de encontiar um homem honrado
acabaria naquele momento.
[6] Os dias passavam c a rotina se estabelecia, tapas, grosserias e falta de drálogo ade-
quado a um casal normal. Inácia se sentia abalada emocionalmente e ao mesmo tem-
po fragilizada, sentindo a talta de um ombro p/ soltar suas mágoas.
[7] Tal situação de Inácia estava prestes a dar uma virada em sua vida com o apareci-
REBRS
namento, Lukas infurecido almentava suas doses de castidade. Inacia então resolveu
abandona-lo, o que foi a demonstração mais forte de falta de respeito. Lukas não se
conformava, e isso levou-o a perseguila de todas as formas, desmoralizando-a diante
de toda a comunidade e seus pais, não bastando o senhor Manoel vendo tal situação
fugiu e a deixou so. Inácia estava desesperada, não via soluçao p/ tal vexame, Lukas no
teor mais alto de seu ódio quemmou seu rosto com brasa, deixando cicatrizes profun-
das. Inacia viu-se desmoraltzada com tal situação, e se martirizou o resto de seus dias
em um convento,
(A) Em [2], constror-se adequadamente uma refer ência exoforica (externa ao testo),
por meio do pronome vossa.
(B) Em [7], 0 uso do pronome sua estabelece uma relação coesiva adequada com o an-
tecedente situação
(C) Em [7], o pronome sua produz uma ambiguidade, podendo referir-se tanto à
situação quanto a Inácia.
(D) Em [8], o uso do pronome seu ( .no teor mais alto de settodio . ) provoca uma am-
biguidade desfeita pelo contexto
(E) Em [8], 0 uso do pronome seu (. quermou seit rosto com brasa .) produz uma am-
biguidade que so pode ser desfesta por informações contextuais.
« (13) Considere a construção ela não achava minto as qualidades de | uhas adequadas p/
seu cnsumento |3] Nesse trecho constata-se que:
| Dada a colocação simtatica, o termo achar está dentro do escopo (alcance) do adver-
bio muito.
II. Dada a colocação sintática, o termo qualidades está dentro do escopo do adverbio
muito
HI. Do ponto de vista do sentido, o termo adequadas está dentro do escopo do adver-
bio muto
(A) I apenas.
(B) Le Il apenas
(C) 1 apenas
(D) 1 e Ul apenas.
(E) I, Ile TIL
Apêndice 191
12 (3) O autor do texto manifesta preocupação com o uso de “a gente” em vez de “nós”
No entanto, emprega outras formas que, do ponto de vista conservador, também são
sintomas de discrepância entrea prática e a gramática. São exemplos de formas mnova-
doras, não abonadas pelas gramáticas normativas:
(A) prestar atenção no uso em vez de prestar atenção ao uso; mobilidade em vez de
movimento.
(B) grafar em vez de escrever; prestar atenção no uso em vez de prestar atenção ao uso.
(C) desfavorávelem vez de desfavoravelmente, constitui-se erro cm vez de constitu erro.
(D) desfavorável em vez de desfavoravelmente; propuseram em vez de proporam.
(E) algumas figuras no cenário em vez de algumas figuras do cenário; mobilidade em vez
de movimento
192 SINTAXE
. VII
Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a beleza das frases,
mas a doença delas
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
— Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença, pode muito que você carregue para o
resto da vida um certo gosto por nadas. .
Eseriu.
Você não é de bugre? - ele continuou
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas —
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.
(A) “Veja que bugre só pega por desvios”, porque a gramática condena a elipse do su-
jeito em “veja que bugre ..”
(B) “Você não é de bugre?”, porque a gramática pede que venha explícito o núcleo do
piedicativo.
(C) “Há que apenas saber errar bem o seu idioma”, porque, para a gramática, “errar
bem” é um vício de linguagem.
(D) “A doença delas”, porque a gramática condena a violação de princípios semânti-
cos (frases não ficam doentes).
(E) “Esse Padre Ezequiel”, porque a gramática condena o uso de pronomes demons-
trativos diante de nomes próprios
Capítulo XIV
A inscrição
Tudo o que contet no fim do outro capítulo foi obra de um imstante, O que se lhe seguiu foi
anda mais rápido. Der um pulo, e antes que ela raspasse o muro, h estes dois nomes, abertos ao
prego, e assum dispostos:
Apêndice 193
Bento
Capitolina
01 Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, e ficamos a
02 olhar um para o outrp... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas,
03 mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nos.
04 Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pe-
05 gando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto
06 Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que
07 eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum,
08 tal era a diferença entre o estudante e o adolescente, Conhecia as regras do escre-
09 ver, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres
10 Não seltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esqueci-
11 das. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, torna-
12 vam-se a meter-se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela
13 como de um altar, sendo uma das faces a Epistola e a outra o Evangelho. A boca
14 podia ser o cálix, os lábios a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim que
15 ninguém aprende, e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrile-
16 go, leitora minha devota; a limpeza da intenção lava o que puder haver menos
17 curial no estilo. Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos,
18 faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos conti-
19 nuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca e que nem tentavam sair, tor-
20 navam ao coração caladas como vinham ..
14, (25) Na sintaxe típica do português, pronomes possessivos antecedem o nome, e sua
posposição produz efeitos de sentido diversos. Na expressão “leitora minha devota”
(inha 15),
(A) a posição de “nmunha” entre “leitora” e “devota” não produz efeito algum de ambi-
guidade, dado que “minha” não qualifica adjetivos, como “devota”.
(B) há uma simples
ples p posposição
Ç de “minha” em relação a “leitora”, sem que “devota”
seja qualificada de qualquer forma, porque não está no escopo de “minha”.
(C) não há posposição de “minha” em relação a “leitora”; “minha” simplesmente
ocorre antes de “devota”, o que faz desta uma construção tipica do português.
(D) a posição de “minha” entre “leitora” e “devota” sugere que “minha” qualifica tanto
“eitora” quanto “devota”, explorando-se a sintaxe para produzir efeitos de ambiguidade.
(E) a posição de “minha” antes de “devota” produz como efeito que a única leitura pos-
sivel é “minha devota leitora”, ficando claro que “minha” qualifica apenas “devota”.
- (26) Considere a sintaxe do trecho “... as mãos é que se estenderam pouco à pouco”
(linha 4). A expressão “é que”
(A) acentua a função de tópico de “as mãos”, o que salienta ainda mais o fato de o res-
tante do corpo não se ter movido.
(B) não tem função alguma na oração, que teria exatamente o mesmo sentido, no tex-
to, se a expressão fosse eliminada.
194 SINTAXE
(C) garante o mesmo sentido da oração original na alternativa sintática “é que as mãos
«s
16. (4)
À linguagem não e usada somente para veicular informações, Isto é, a função refe-
rencial denotativa da linguagem não é senão uma entre outras; entre estas ocupa uma
posição central a função de comunicar ao ouvinte a posição que o falante ocupa de
fato ou acha que ocupa na sociedade em que vive. As pessoas falam para serem “ouvi-
das”, às vezes para serem respeitadas e também para exercer uma influência no ambi-
ente em que realizam os atos linguísticos. O poder da palavra é o poder de mobilizar a
autoridade acumulada pelo falante e concentrá-la num ato linguístico (Bourdieu,
1977). Os casos mais evidentes em relação a tal afirmação são também os mais extre-
mos: discurso político, sermão na igreja, aula, etc. As produções linguísticas deste
tipo, e também de outros tipos, adquirem valor se realizadas no contexto social e cul-
tural apropriado. As regras que governam a produção apropriada dos atos de lingua-
gem levam em conta as relações sociais entre o falante e o ouvinte. Todo ser humano
tem que agir verbalmente de acordo com tais regras, isto é, tem que “saber”: a) quan-
do pode falar e quando não pode, b) que tipo de conteúdos referenciais lhe são con-
sentidos, c) que tipo de variedade linguística é oportuno que seja usada. (...) nem to-
dos os integrantes de uma sociedade têm acesso a todas as variedades e muito menos a
todos os conteúdos referenciais Somente uma parte dos integrantes das sociedades
complexas, por exemplo, tem acesso a uma variedade “culta” ou “padrão”, considera-
da geralmente “a língua”, e associada tipicamente a conteúdos de prestígio.
[GNERRE, Maurizzio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1985.)
Com relação ao primeiro período do texto de Gnerre, NÃO é correto afirmar que
(A) “não... somente” leva o ouvinte a reconhecer duas informações distintas na frase
em que aparece.
(B) “isto é introduz uma asserção que visa a precisar o sentido do enunciado ante-
rior, reiterando-o.
(C) “estas” se refere a algo que será enunciado na sequência
(D) “ou” combina proposições estabelecendo entre elas uma relação de exclusão.
(E) “não é senão uma” equivale a “é apenas uma”,
+ do
Apêndice 195
4
I
18. (22)
O animal que ri
O escritor Arthur Koestler, que escreve o verbete “humor” da “Encyclopaedia Bri-
tannica”, traz outras preciosas indicações. Retomando a discussão sobre a “gramáti-
ca” do humor, ele afirma que rimos quando percebemos um choque entre dois códi-
gos de regras ou de contextos, todos consistentes, mas excludentes entre si.
Um exemplo: “O masoquista é a pessoa que gosta de um banho frio pelas manhãs e,
por isso, toma uma ducha quente”. Sei que é um pouco ridículo explicar a piada,
mas... Aqui, o fato de o sujeito da anedota ser um masoquista subverte a lógica nor-
mal, invertendo-a Obviamente, a lógica normal não coexiste com seu reverso. Daí a
graça da pilhéria. Uma variante no mesmo padrão, mas com dupla inversão é: “O sá-
dico é a pessoa que é gentil com o masoquista”. Essa estrutura está presente em todas
as piadas. Até no mais mfame “trocadalho” que se possa conceber, há um choque en-
tre dois contextos, o do significado da palavra e o de seu som: “A ordem dos tratores
não altera o viaduto”.
196 SINTAXE
Mas essa “gramática” só dá conta da estrutura intelectual das piadas e há outros as-
pectos em jogo. Até bebês riem. Há, além do lado intelectual, uma dinâmica cmocio-
nal no humor Ele de alguma forma se relaciona com a surpresa.
Os sintagmas nonunaas listades abaixo foram retirados do texto A alteração da or-
dem do adjetivo em relação ao substantivo resulta em uma expressão aceitável, no
contexto dado, na alternativa
Meio-dia e meia
3. Acho muito simpática a maneira de a Rádio Jornal do Brasil anunciar a hora. (linha 1)
Apêndice 197
2. E, anda que seja errado, gosto da moça que diz: “Estou meia triste...” At, sim, pelo
gênio da língua, o “meia” esta certo. (linhas 13 e 14)
20 (5) A oração relativa assinalada em Lembrando o conselho que me deu certa vez um
amigo boêmio (Inha 08) e pouco sujeita a variação em virtude de o pronome relativo
ser objeto direto na subordinada, Já as construções relativas cujo pronome é regido
por preposição estão sujeitas a seguinte variação:
21 (6) Tomando como parâmetro a norma culta da língua, a autora apresenta um caso
de concordância no interior do sintagma nominal, Considerando-se esse contexto
linguístico, é correto afirmar que a avó espera que, quanto à concordância nominal, o
neto apreenda
- (2) Considere os textos abaixo, que tratam de questões relativas aos pronomes
pessoais.
Texto I
Texto Il
224, As observações sobre pronomes pessoais contidas nos textos evidenciam duas di-
ferentes concepções de gramatica. Identifique e caracterize cada uma delas.
22b. Por que se pode afi mar que essas duas concepções de gramática não se excluem ?
Poema do beco
(A) Arranjo por contiguidade, que, ao excluir o sintagma nominal antecedente a pai-
sagem, resulta em construção sintática pouco adequada aos padrões cultos da lingua,
sugerindo o desconforto do eu lírico em relação ao espaço que ocupa
(B) Coordenação que, incluindo um vocativo e dois complementos verbais, se refere
ao sintagma antecedente a paisagem e cria uma gradação do mais especificado para o
menos especificado.
(C) Justaposição, em que a combinação de um nome próprio com nomes comuns
rompe com os padrões normativos, segundo os quais so se coordenam partes da ora-
ção que tenham funções equivalentes.
(D) Sequência resumitiva, em que a oração predicativa começa por uma designação
individual é segue com definições descritivas ate produzir a relação de antonímuia en-
tre o primeiro e o último elementos da sequência.
(E) Enumeração, que, incidindo sobre o sntagma nominal antecedente a paisagem,
apresenta, em cada um dos seus elementos e no seu conjunto, unia particularização
do sentido, o que permite classificá-la como um aposto
Não é tão simples assim me despir do dr. Lambada. São quase dez anos nos Dou-
tores da Alegria, duas vezes por semana no hospital, fora as aulas paralelas, este ano
de canto e malabares, e as rodas de estudo na sede. O personagem fica introjetado,
às vezes desembesto a falar em casa, minha mulher diz chega, mas é assim que é.
Não basta comprar uma roupa (. ) e distribuir bala no ór:bus Não adianta estar
vestido se não se está preenchido. Muntas vezes somos a única referência de palhaço
para uma criança, ou o respiro emocional para uma mãe ou um pai, e aquilo preci-
sa ser bem feito.
(DR. ZAPATTA LAMBADA acredita em doentes saudáveis, duendes mentais
no triângulo das bermudas, roucas e afônicas e na inocência do Romário.)
(A) dêitica PORQUE o tempo a que faz referência só pode sei localizado em relação à
instância da enunciação.
Apêndice 201
(B) déitica PORQUE a localização temporal a que faz referência aponta para um mo-
mento preciso.
(C) déitica PORQUE aponta para uma outra referência temporal já feita no texto, a
saber, duas vezes por semana,
(D) anafórica PORQUE o tempo a que faz referência só pode ser localizado em rela-
ção à instância da enunciação.
(E) anafórica PORQUE retoma uma outra referência temporal ja feita no texto, a sa-
ber, duas vezes por semana.
(A) pronome demonstrativo — como em e aquilo precisa ser bem feito —, por meio do
qual um outro contrapõe sua visão depreciativa do trabalho da ONG à visão defendi-
da pelo enunciador.
(B) argumentos de autoridade — como os fornecidos para compor o perfil do Dr. Za-
patta Lambada, que do artista.
(C) discurso direto — como em mmimha mulher diz chega — em que a citação de um outro
enunciado expõe uma divergência para dar veracidade ao depoimento do enunciador.
(D) formas de inclusão - como em Mustas vezes somos. . — que instauram a cumplicida-
de entre enunciador e enunciatario por meio da inclusão deste ultimo no enunciado.
(E) imdices de ironia — como em Acredita em doentes saudáveis, que deve ser ido como
Duvida da existência de doentes saudáveis, pois o enunciador critica crenças ultrapas-
sadas dos Doutores da Alegria.
27. (16) Considerada a negação seguida da expressão correlativa tão... assim! em “Não é
tão simples assim me despir do dr. Lambada”, é correto afirmar que, no texto, esse
enunciado contradiz a suposição de que
[No dia da sua morte, estando de pé os homens bons da cidade onde ele era bispo, fa- es
jac
zendo... ou No dia de sua morte, estando os homens bons da cidade onde ele era bispo
fazendo...)
2. Andava per muitas cidades e per muitas vilas e per muitos castelos e pelas ruas e pe-
las casas dos hom'??s dizendo muitas santas paravoas.
[Caminhava por muitas cidades e por muitas vilas e por muitos castelos e pelas ruas e
pelas casas dos homens dizendo. .. ou Estava dizendo por muitas cidades e por muitas
vilas e por muitos castelos e pelas ruas e pelas casas dos homens ..]
[Adaptado de R V. Mattos e Silva, O português arcaico. |
A dúvida sobre o Português Arcaico, explicitada por Mattos e Silva, mantém-se nas
construções com estar e com andar seguidos de gerúndio do Português Contemporâneo
do Brasil? Explique e dê um exemplo de construção com cada um desses verbos para con-
firmar sua hipótese.
CHAVE DE RESPOSTAS :
D 5C 6E 7 B 8 c 9 B 10 E 11 B
A 18 C 17 B 18 € 19B 20D 21E
222 Os textos apresentam as seguintes concepções de gramatica | Gramatica descritiva - Resulta da preo-
cupação do linguista / gramático por apresentar o conjunto de regras que efetivamente é posto em uso, ou seja,
regras que de fato são utilizadas ou seguidas pelos falantes de uma determinada lingua, sistema de noções me-
diante as quais são desertos os fatos de uma lingua, bem como suas regras de uso Il Gramática normativa ou
prescntiva - Gramática é o conjunto sistemático de normas para se falar 6 se escrever corretamente, que os es-
pecialistas estabelecem com base no uso consagrado pelos bons escritores, ou seja, conjunto de normas que
devem ser seguidas
22b As abordagens descritiva e normativa não se excluem, ao contrario, elas se complementam na medida em
que o estabelecimento de normas exige o processo de descrição da gramática de uma Imgua em uso, em suas dr-
Apêndice 203
ferentes variedades Nesse sentido, a gramática tradicional não contem somente normas Ela tambem possu! um
componente descritivo
23 € 24 E 25 A 26 C 27 D
28 Resposta A duvida ainda existe no português contemporâneo do Brasil em relação a andar mas não existe
em todas as construções em que se emprega o verbo estar
Explicação À preservação da ambiguidade nas construções com andar deve se ao fato de que esse verbo
pode ser empregado com significado etimologico e tambem como verbo auxiliar semanticamente esvaziado No
caso de estar, o significado etimológico não se mantem Alem disso se a adjacência entre estar+ gerundic e pre
servada, o verbo so pode ser interpretado como integrante da locução, istoe como verbo auxiliar semanticamen
te esvaziado No entanto, a ambiguidade reaparece, anda que com alteração do significado etimologico quando
aadjacencia e rompida testar+ + gerundio) Nesse caso estar pode ser interpretado como tendo a função de
verbo principal ou de verbo auxiliar no Português Contemporâneo do Brasil
Exemplos possiveis Ele andava cantando musicas obscenas ou Ele andava, havia meses, cantando mu
sicas obscenas [Em ambos os contextos interpretação semanticamente plena/esvaziada] Ele estava can-
tando para o filho dormir [Interpretação semanticamente esvaziada quando a adjacência e preservada] Ele
estava no quarto cantando para o filho dormir [Interpretação semanticamente plena/esvaziada quando a ad
jacência é rompida]
Er