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F o n te d e

A lim e n ta ç ã o

Para começar

Este capítulo tem por objetivo apresentar o projeto de uma fonte de alimentação não regulada.
Apresenta também os circuitos integrados de reguladores de tensão fixos e variáveis, bem como
exemplos de circuitos de aplicação.

A qualidade de uma tensão contínua é dada principalmente pela quantidade de ondulação


(ripple) em relação à componente contínua do sinal. Obviamente, quanto menor o ripple e maior a
componente contínua, melhor é o sinal.

No caso particular da tensão contínua ideal, conforme indica o Gráfico 7.1, não há ripple, ape­
nas a componente contínua.

Gráfico 7.1 - Tensão contínua ideal

Vdc --------------------------

Para sinais contínuos reais a tensão de ripple é, necessariamente, diferente de zero.

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Um circuito retificador possui em sua saída a tensão DC pulsante e, portanto, com ripple
muito alto.
O procedimento mais simples para reduzir o ripple da tensão de saída de um circuito retifica­
dor é a conexão de um capacitor de filtro.

7.1 F o n te d e a lim e n ta ç ã o n ão re g u lad a


A Figura 7.1 apresenta o diagrama em blocos de uma fonte de alimentação não regulada.

Figura 7.1 - Diagrama em blocos de uma fonte de alimentação não regulada.

O conjunto formado pelo transformador, circuito retificador e capacitor de filtro já corres­


ponde a uma fonte de alimentação, possuindo diversas aplicações.

No entanto, conforme veremos no decorrer deste capítulo, esse tipo de fonte de alimentação
não produz uma tensão perfeitamente estabilizada, pois ainda há ripple, de modo que a sua apli­
cação se restringe à alimentação de dispositivos que têm elevada tolerância em relação à tensão de
alimentação, como o motor DC, o solenoide, o relé eletromagnético, o LED, a lâmpada etc. Há tam­
bém diversos circuitos eletrônicos que são tolerantes ao ripple da fonte de alimentação, como os de
sinalização, de acionamento de carga etc.

7 .1 .1 R e tific a d o r d e m e ia - o n d a c o m f ilt r o c a p a c itiv o


Considere o circuito retificador de meia-onda com carga resistiva mostrado na Figura 7.2, que
foi ligado em paralelo com a carga um capacitor de filtro.

Se o capacitor não tivesse sido ligado, a forma de onda da tensão na carga seria a senoidal reti­
ficada em meia-onda, como a apresentada no Gráfico 7.2(a).

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Gráfico 7.2 - Formas de onda da saída

(a) Sem o capacitor

(b) Com o capacitor

Quando se coloca um capacitor em paralelo com a carga, a forma de onda passa a ser a apre­
sentada em linha cheia no Gráfico 7.2(b).
Observe que essa tensão também não é constante, mas ela varia entre um valor mínimo, que
não é mais zero, e um valor máximo, que é igual ao valor de pico da onda senoidal.
Para entender como essa forma de onda é gerada, vamos supor que o capacitor esteja inicial­
mente descarregado. Assim, o primeiro ciclo de tensão senoidal carrega-o até o valor de pico.
A partir daí, ele se descarrega e se carrega na mesma frequência da tensão retificada (60 Hz),
conforme apresenta detalhadamente o Gráfico 7.3.

Gráfico 7.3 - Formas de onda no retificador de meia-onda com filtro capacitivo

Primeiramente, analisemos a tensão na carga VL. No instante em que se inicia o intervalo de


tempo de carga do capacitor (tc), a tensão no secundário do transformador (linha pontilhada) passa
a ser maior que a tensão no capacitor (linha cheia), como indica a Figura 7.3.

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Tensão no secundário Tensão no
do transformador capacitor

\ /

°------------[» ------------o
Figura 7.3 - Polarização do diodo.

O diodo entra em condução, de modo que a corrente no diodo (IF) atinge rapidamente o pico,
conforme mostra o Gráfico 7.3.

Voltando à VL, à medida que o capacitor se carrega, a corrente no diodo diminui, até que, com
a carga máxima, ela cessa (IF = 0).
Nesse instante, a tensão no secundário do transformador (linha pontilhada) passa a ser menor
do que a tensão no capacitor, levando o diodo ao corte. Inicia-se o intervalo de tempo de descarga
do capacitor (td).

Quanto maior for a constante de tempo do circuito (x = RL-C), mais lenta é a descarga do capa­
citor. Isso faz com que a tensão na carga RL se sustente com um valor médio Vdc mais elevado e com
uma tensão de ripple pico a pico Vrpp menor, conforme mostra o Gráfico 7.4.

Gráfico 7.4 - Meia-onda filtrada com ripple

Voltando ao Gráfico 7.3, observamos que a tensão no diodo (VF) é quase nula no intervalo de
tempo de sua condução.
A tensão reversa atinge praticamente o dobro do valor máximo no instante de pico do semici-
clo negativo do secundário do transformador (-VSmáx). Nesse instante, a tensão no capacitor é quase
+VSmáx, como na Figura 7.4.

-vmáx

2.Vmáx

Figura 7.4 - Tensão de pico reversa no diodo.

O resultado é que a tensão na carga deixa de ser pulsante para se tornar quase constante.
Quanto menor o ripple, melhor é a qualidade da tensão na carga.

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A tensão pico a pico do ripple (Vrpp) é diretamente proporcional à corrente na carga (IL), mas é
inversamente proporcional à sua frequência (f = 60 Hz, no Brasil) e ao valor do capacitor (C).
Essas relações permitem apresentar uma fórmula prática para o projeto de fonte de alimentação:

Y ~ ^Lmáx
rpp- {JC em que: f = 60 Hz

Esta fórmula é aproximada e pode ser usada para um ripple máximo de 20% em torno da ten­
são média na carga (VL).
Para a determinação do capacitor de filtro, deve-se lembrar que, além da escolha de um valor
comercial mais próximo do valor calculado, a sua tensão de isolação deve ser superior à tensão de
pico do secundário do transformador.
Observando o Gráfico 7.4, podemos tirar também uma fórmula aproximada que relaciona a
tensão média na carga (VL) com o ripple:

V.rpp
vL = vdc = vmáx- em que: Vmax
, = V„Smax
, - 0,6

7 .1 .1 .1 E sp ecificaçõ es do dio d o
Para especificar o diodo, é preciso calcular a corrente média máxima, a corrente de surto e a
tensão reversa máxima.
A corrente média no diodo é a soma das correntes médias no capacitor (Ic) e na carga (IL).
No circuito, o capacitor trabalha carregando e descarregando, ou seja, a corrente Ic ora é posi­
tiva ora é negativa, de modo que o seu valor médio pode ser desconsiderado.
No entanto, o valor de pico da corrente no capacitor deve ser observado, análise que faremos
mais adiante.
Podemos considerar como referência para especificar a corrente média máxima no diodo o
valor da corrente média máxima na carga.

^Fmáx ^ ^Lmáx

Em relação à tensão reversa de pico, conforme já vimos, ela é o dobro da tensão máxima,
portanto:

^Rmáx > ^ ' ^Smáx

A corrente de surto no diodo também é um fator importante quando se acrescenta um capaci­


tor de filtro ao retificador.
No Gráfico 7.2 vimos que o intervalo de tempo de condução do diodo é pequeno, correspon­
dente apenas ao tempo de carga do capacitor do valor mínimo ao máximo do ripple.

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A corrente de carga do capacitor pode atingir valores de pico um tanto elevados, de modo que
não se deve escolher diodos que operem muito próximos de sua máxima capacidade de corrente.
Há, no entanto, no retificador com filtro capacitivo, um outro problema que, se não for levado
em conta, pode danificar o diodo. Trata-se da corrente direta de surto (surge peak forward current),
cuja nomenclatura mais comum encontrada nos manuais é IFSM.

A corrente de surto tem uma duração muito pequena e é produzida apenas no momento em
que o circuito é ligado.

Consideremos que, ao ligarmos o circuito, o capacitor de filtro esteja completamente descar­


regado.
Nesse estado, no início do processo de carga o capacitor comporta-se como um curto-circuito.
As únicas resistências que atuam como limitadoras da corrente de carga são a resistência do enro-
lamento do secundário do transformador (rtr) e a resistência direta do diodo (rd), ambas de valores
muito baixos, conforme a Figura 7.5.

Figura 7.5 - Corrente de surto ao ligar o circuito.

Isso faz com que essa corrente inicial, denominada corrente de surto do circuito (Is), possa atin­
gir um valor de pico muitíssimo elevado. O pior caso (Ismáx) ocorre quando o circuito é ligado no
instante em que a tensão do secundário do transformador encontra-se no seu valor de pico (VSmáx).
Normalmente, se o capacitor de filtro é menor do que 1000 pF, o impacto da corrente de surto
é muito pequeno; caso contrário, é preciso considerá-lo.
Nesse caso, deve-se medir a resistência do secundário do transformador com um ohmímetro
(rtr) e calcular o valor aproximado da resistência direta do diodo (rd) por meio de suas especificações
hmáx e VFmáx e Pela fórmula a seguir:
V,Fmáx 0,6 -

Ta =
I Fmáx

A corrente de surto máxima vale: Ism dx = ySmáx


rd + rtr
Por fim, o diodo escolhido deve ter: IFSM > L

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Exercício resolvido

1) Projete uma fonte de alimentação com tensão de saída VL = 12 V, capacidade de corrente


I[ máx = 500 mA e ripple máximo de ± 10%.

Figura 7.6 - Fonte de 12 V x 500 mA com retificador de meia-onda.

Solução

A tensão de ripple pico a pico vale:

V - 2 .! ™ L - 2 .1 ° ^ ? V.rpp 2.4V
,pp 100 100

Gráfico 7.5 - Meia-onda filtrada com ripple

A tensão máxima na carga é:

V.rpp
vmáx= v L+ V™x = l2 + ^ = > V máx=13,2V

Para o retificador de meia-onda, em que f = 60 Hz, faz-se necessário um capacitor cujo valor é:

V__
rpp
- Ií » => C = _ => C = => C = 3472 p.F
f C Vrpp f 2,4-60

A tensão de isolação do capacitor adotado deve ser maior do que 13,2 V. Portanto, adote um
capacitor com valor nominal C = 3300 pF e tensão de isolação de, no mínimo, 25 V.

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O transformador deve ter uma tensão eficaz de secundário (Vs) dada por:

VSmáx = Vmáx + 6 VSmáx = 13,2 + 0,6 = 13,8 V

v - n 8
y = _jnax_ => V - ’ => vs = 9,76 V
V2 V2 b

Para o retificador de meia-onda, a potência do transformador deve ser 3,49 vezes a potência na
carga (consulte o Tópico 5.1.2). Assim:

Ptr = 3,49 •Pdc - 3,49 • VL • ILmáx = 3,49 -12 •0,5 =* Ptr = 21 W

Use um transformador comercial com especificação de secundário de 9 V x 3 A. Observe que


a tensão eficaz do secundário não é exatamente a calculada (9,76 V), pois esse valor não é
comercial e que a potência do transformador adotado é 27 W, bem maior do que 21 W.

Esse transformador, normalmente, tem uma resistência de enrolamento do secundário em tor­


no de 0,2 Q.

O diodo a ser usado deve atender às seguintes exigências do circuito:

^Frriáx > ^Lmáx ^ ^Fmáx > 5 0 0

Vr,»» > 2 ' VSmáx => > 2 ■9 ■ S => VRmàx > 25,5 V

Escolha, por exemplo, o diodo 1N4002, cujas especificações são:

VRmáx = 100 V; IFmáx = 1A @ VFmáx = 1,1 V; IFSM = 30 A

Para calcular a corrente de surto máxima desse circuito (Ismáx)> primeiramente deve-se deter­
minar a resistência direta do diodo:

V Fmáx 0 ,6 1,1 0,6


-

rd = ^ rd = rd = 0,5 Q
Fmáx

máx 13,2
1smáx I„ Ismáx = 19 A
rd + r tr 0,5+ 0,2

O diodo escolhido é adequado, pois IFSM > Ismáx

Nos próximos tópicos, são apresentados outros circuitos que permitem obter resultados mais
próximos dos desejados.

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7 .1 .2 R e tific a d o r e s d e o n d a c o m p le ta c o m f ilt r o c a p a c itiv o

Considere os circuitos retificadores de onda completa com carga resistiva e capacitor de filtro
mostrados na Figura 7.7.

(a) Retificador com ponto neutro

Figura 7.7 - Retificadores de onda completa com filtro capacitivo.

Nesses dois circuitos, a tensão retificada na carga sofre a ação do capacitor nos dois semiciclos,
conforme mostra o Gráfico 7.6.

Gráfico 7.6 - Onda completa filtrada com ripple

Em relação à tensão reversa máxima nos diodos, no retificador com ponto neutro ela é
2.VSmáx> enquanto no retificador em ponte ela é VSmáx.

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A frequência da tensão na carga é o dobro da frequência da rede, em função da retificação de
onda completa, de modo que o valor pico a pico da tensão de ripple (Vrpp) é:

y ~ ^Lmáx em que f = 120 Hz


■PP- f . C

A tensão de isolação do capacitor deve também ser superior à tensão de pico do secundário do
transformador.

A relação entre a tensão média da carga (VL) e o ripple é dada aproximadamente por:

V.
vL = vmáx- rpP

em que: Vmáx = VSmáx -0,6 (retificador com ponto neutro)

Vmáx = VSrnáx ~1>2 (retificador em ponte)

7 .1 .2 .1 E sp ecificaç õ es do d iodo

Nos dois circuitos, a corrente média nos diodos é a metade da corrente média na carga, já que
cada um deles conduz apenas em um semiciclo. Assim:

^Lmáx
I Fmáx >
2

A tensão reversa máxima dos diodos deve ser:

Retificador com ponto neutro: Retificador em ponte:

^Rmáx ^ 2 ^Smáx VRmáx > VSmáx

A corrente de surto, no pior caso, é:

Retificador com ponto neutro: Retificador em ponte:

j _ Ysmáx V<Smáx
rd + r tr 2 ‘ rd + r tr

Portanto, o diodo escolhido deve ter: IFSM > Ismáx

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A tensão de ripple pico a pico vale:

V = 2 • 1° ' Vl = 2 • => V 2,4 V


rpp 100 100 ,pp

Gráfico 7.7 - Onda completa filtrada com ripple

A tensão máxima na carga é:

V.rpp
vmáx = v L+ Xiiáx = \2 +=> Vmáx = 13,2 V

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Para o retificador de onda completa em ponte, em que f = 120 Hz, torna-se necessário um
capacitor cujo valor é:

y _ ^Lmáx q _ ^Lmáx 0,5


=> c = C = 1736 pF
^ f .c vrpp.f 2,4 •120

A tensão de isolação do capacitor adotado deve ser maior do que 13,2 V. Portanto, adote um
capacitor com valor nominal C = 2200 p.F (valor comercial facilmente encontrado) com ten­
são de isolação de, no mínimo, 25 V. Note que, adotando esse valor de capacitor sensivelmente
maior que o calculado, o ripple é menor que ± 10%, melhorando a performance da fonte.

O transformador deve ter uma tensão eficaz de secundário (Vs) dada por:

= 13,2 + 1,2 = 14,4 V

Para o retificador de onda completa em ponte, a potência do transformador deve ser 1,23 vezes
a potência na carga (veja o tópico 5.3.4). Desta forma,

Ptr = 1>23 • Pdc = 1,23 • Vj • ILmáx = 1,23 12 •0,5 => Ptr = 7,38 W

Use um transformador comercial com especificação de secundário de 9 V x 1 A. Veja que


neste caso a tensão nominal do secundário do transformador é ainda menor do que a calcu­
lada (10,14 V).

Há, então, duas considerações a serem feitas:

» A diferença entre a tensão calculada para o secundário do transformador e a tensão


nominal do secundário do transformador adotado fará com que essa fonte tenha um
valor médio real menor que o desejado (12 V);
» O valor médio real estará dentro da tolerância sugerida no projeto, além de ser mais
estável que o da fonte anterior.

Quanto à potência do transformador, ela é de 9 W, sendo apenas um pouco maior que 7,38 W.

Esse transformador tem uma resistência de enrolamento do secundário um pouco maior que o
transformador do exercício anterior. Adote rtr = 0,3 Q.

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O diodo a ser usado deve atender às seguintes exigências do circuito:

‘Fmâx>í l f L = ^ = > I F„ ^ > 2 5 0 tn A

^Rmáx > Ysmáx ^ ^Rmáx > ^ ^ ^Rmáx > 12,7 V

Da mesma forma, adote, por exemplo, o diodo 1N4002, cujas especificações são:

VRmáx = 100 V ’ W ’ A @ V fmáx = 1,1 V JIFSM = 30 A

Para calcular a corrente de surto máxima desse circuito (Ismáx)> primeiramente deve-se deter­
minar a resistência direta do diodo:

^Fmáx 0,6 1,1-0,6


rd = ^ rd = 0,5 Q
Fmáx 1

i _ v Smáx 12 7
i ________ ’ —< t = 9 77 A
l Smáx
2 > r d + r tr smáx 2-0, 5+ 0,3 smáx

O diodo escolhido é adequado, pois IFSM > ISmáx.

Se compararmos este últim o projeto com o anterior, concluímos que este é mais vantajoso em relação à qualidade da
tensão na saída (ripple menor) e ao custo, pois o capacitor de filtro é de menor valor e o transformador é de menor capa­
cidade de corrente.

7 .2 R e g u la d o r de te n s ã o em c irc u ito in te g ra d o
Para melhorar a qualidade do sinal de saída de uma fonte de alimentação, há a necessidade de
se acrescentar na saída uma etapa de regulação, como mostra o diagrama em blocos da Figura 7.9.

Figura 7.9 - Diagrama em blocos de uma fonte de alimentação regulada.

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Uma forma simples de realizar esta etapa de regulação é a utilização de reguladores de tensão
em circuito integrado.
Existem diversos tipos de reguladores de tensão fabricados em circuito integrado. A maio­
ria possui internamente um circuito limitador de corrente. Outros possuem também um circuito
de proteção contra sobrecarga térmica ou sobrecarga de potência, desligando o circuito quando a
temperatura interna atinge o seu limite.

Destacam-se como vantagens dos CIs reguladores de tensão: menor tamanho, menor custo,
alta confiabilidade e alta durabilidade. A Figura 7.10 mostra o símbolo de um regulador de tensão.

O Cl regulador de tensão fornece na saída uma tensão fixa a partir de uma tensão de entrada
não regulada, que pode ser positiva ou negativa. Existe também o regulador cuja tensão de saí­
da pode ser ajustada por um circuito externo.
Os CIs reguladores de tensão mais simples têm apenas três terminais. A Tabela 7.1 mostra as
principais especificações desses CIs.

Tabela 7.1 - Especificações dos CIs reguladores de tensão

Especificação Descrição Símbolos

* Especificações válidas somente pana os reguladores de tensão ajustáveis.

A Tabela 7.2 mostra alguns tipos de CIs reguladores de tensão comerciais, bem como as suas
principais características e especificações.

Tabela 7.2 - Características e especificações de CIs comerciais

Código Características Especificações

» Regulador positivo V0 = 5 V (típ)


7805 » Tensão fixa V, = 8 a 35 V (mín/máx)
» Alta corrente l0 = 1,5 A (máx)

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Código Características Especificações

» Regulador positivo V0 = 12 V (típ)


78L12 » Tensão fixa Vj = 13,7 a 35 V (mín/máx)
» Baixa corrente l0 = 100 mA (máx)

» Regulador negativo V0 = -1 2 V (típ)


79L12 » Tensão fixa V| = -13,7 a -3 5 V (mín/máx)
» Baixa corrente l0 = 100 mA (máx)

V0 = 1,2 a 37 V (mín/máx)
V| = 5 a 40 V (mín/máx)
» Tensão ajustável
LM 317M l0 = 500 mA (máx)
» Média corrente
V| - Vo = 3,0 V (mín)
PD = limitada internamente

Um mesmo regulador de tensão integrado é fabricado com diferentes encapsulamentos (plás­


tico, cerâmico ou metálico), dependendo da corrente máxima de saída e com diferentes tipos de
conexão (soquete dual-in-line ou solda direta).

A seguir, apresentamos algumas aplicações práticas dos CIs reguladores de tensão.

7 .2 .1 F o n te d e a lim e n ta ç ã o c o m te n s ã o d e s a íd a fix a
A aplicação mais comum do Cl regulador de tensão fixo é para a obtenção de tensões constantes
a partir de uma tensão não estabilizada (com ripple) proveniente de um retificador com filtro capacitivo.
No circuito da Figura 7.11, a tensão do secundário do transformador é retificada pela ponte de
diodos e filtrada pelo capacitor Q .

Figura 7.11 - Fonte de alimentação com tensão de saída fixa.


O regulador estabiliza a tensão de saída no valor fixo VL = V0, podendo fornecer à carga uma
corrente IL < Iomáx.
Caso o regulador de tensão esteja distante do capacitor de filtro Cl5 os fabricantes aconselham
a ligação de um outro capacitor próximo ao terminal de entrada do circuito integrado (C2), para evi­
tar que ondulações surgidas nos condutores prejudiquem o seu desempenho.

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O capacitor C3 tem a função de filtro, sendo exigido em alguns CIs, dependendo da aplicação e
do tipo de carga que é alimentada.
Os valores desses capacitores são fornecidos nos manuais dos fabricantes em função da apli­
cação, estando entre 100 nF e 2,2 pF para a maioria dos CIs.

7 .2 .2 F o n te d e a lim e n ta ç ã o s im é tr ic a
O circuito da Figura 7.12 mostra uma fonte de alimentação simétrica usando um par de regu­
ladores de tensão integrados (positivo/negativo).

ci2
Figura 7.12 - Fonte de alimentação simétrica.

O funcionamento do circuito é semelhante ao anterior, com a diferença de que o Cl] estabiliza


as variações positivas do retificador, enquanto o CI2 estabiliza as variações negativas.
O único cuidado que deve ser tomado é em relação à capacidade de corrente dos dois regu­
ladores. A maioria dos circuitos que operam com tensões simétricas exige a mesma capacidade de
corrente dos terminais + Vcc e - Vcc da fonte de alimentação.
Para fontes simétricas com tensão de saída fixa, os circuitos integrados mais utilizados são os
da série 78XX/79XX, que são fabricados para tensões de saída desde ± 2 V até ± 24 V, com corrente
de saída de 100 mA até 3 A.

7 .2 .3 F o n te d e a lim e n ta ç ã o a ju s tá v e l
Uma fonte de alimentação com tensão de saída ajustável, feita com regulador de tensão inte­
grado de três terminais, é extremamente simples e segura.

O circuito da Figura 7.13 mostra um exemplo que utiliza o regulador de tensão LM317.

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Figura 7.13 - Fonte de alimentação com saída ajustável com o LM317.

O primeiro ponto a ser considerado no projeto é que esse circuito integrado só mantém a ten­
são de saída regulada se a tensão diferencial for maior ou igual à especificada pelo manual do fabri­
cante, por exemplo, Vi - Vo > 3,0 V, para o LM317M.
Os manuais de circuitos integrados lineares fornecem, para cada tipo de regulador de tensão
ajustável, as expressões necessárias para o projeto de fontes de alimentação.

No caso do LM317, a principal expressão é a que relaciona a tensão de saída em função dos
resistores externos, conforme segue:
f
11 + —
R2
V0 =l,25 + ^dj ' R 2
V R 17

O termo Iadj • R2 nesta expressão pode ser desprezado quando desejamos projetar uma fonte de
alimentação ajustável por um controle externo (fonte para laboratório), já que R2 é substituído por
um potenciômetro.

Quando utilizamos o regulador de tensão ajustável para projetar uma fonte de alimentação fixa
e de precisão, este termo deve ser considerado, pois ele define a tolerância da tensão de saída.

Exercício resolvido
3) Projete uma fonte de alimentação variável usando o LM317M com as seguintes especificações:
» Tensão de entrada: 20 V ± 10%;
» Tensão de saída: 2 a 15 V - estabilizada e ajustável;
» Corrente de saída: 500 mA - máxima.

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Figura 7.14 - Fonte de alimentação com saída ajustável LM317M.

Solução

Inicialmente, é preciso verificar se a tensão de entrada atende às especificações dadas pelo


fabricante do LM317M, ou seja, Vj - V0 > 3,0 V e V; < 40 V.

As tensões mínima e máxima na entrada são:

V
vi min = 0 Q.
7 v'I = 0 Q• 20 —
''•>
=^> V
vimm = 18 V
v

v. . =
v imáx 1 1 • Vv.i = 11,11 • 20 => V . = 22 V
v imáx ^ v

Assim, as tensões de entrada atendem às especificações do circuito.

Cálculo de R : e R 2

Como R2 é formado por um potenciômetro para ajuste da tensão de saída mínima e máxima,
adote um valor para R, e calcule o valor mínimo e máximo de R2, utilizando a fórmula simpli­
ficada de V0.

f R2^ => R 9 = f vn0 1


^
l li,25 )

Adotando-se Rj = 10 kQ, para V0 = 2 V, tem-se:

( 2 >
R 9 = ------- 1 1 0 1 0 3 = >R9 = 6 k Q
2 1^1,25 J 2

Valor comercial adotado R2 = 5,6 kQ

Para V0 = 15 V, tem-se:

R, = í — — 1^ -10 *103 => R9 =110kQ


2 1,1,25 ) 2

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Portanto, R2 é formado por um resistor de 5,6 kQ em série com um potenciômetro de 100 kQ,
como indica a Figura 7.15.

Vam os recapitular?

Foram descritos no capítulo os cálculos dos valores dos capacitores de filtro para o projeto de uma
fonte de alimentação não regulada com retificadores de meia-onda e onda completa.
Você aprendeu, ainda, como utilizar os circuitos integrados de reguladores de tensão em vários
circuitos aplicativos.

A g o ra é c o m v o c ê !

1) Considere o circuito da Figura 7.16 e calcule o ripple Vrpp e a tensão média VL na


carga RL.
Dados:
» VP = 1 1 0 V
» VS1 = VS2= 1 5 V
» Rl = 100 Q
» C = 1000 pF

Fonte de Alimentação

Editora Érica - Eletrônica Analógica Básica - Eduardo Cesar Alves Cruz e Salomão Choueri Júnior - 2“ Edição
Figura 7.16 - Retificador com ponto neutro e filtro capacitivo.

2) Projete uma fonte de alimentação formada por um transformador, ponte retificadora


e capacitor de filtro que produza tensão de saída d e l 2 V ± 1 5 % - 800 mA.

3) Projete uma fonte de alimentação simétrica formada por um transformador, ponte


retificadora e capacitor de filtro e reguladores de tensão da família 78XX e 79XX que
produza tensão de saída de +5 V/250 mA e -5 V/250 mA.

4) Calcule Vom{n e Vomáx para a fonte de alimentação variável mostrada na Figura 7.17,
considerando-se V, = 18 V ± 10%.

Figura 7.17 - Circuito de saída da fonte de tensão variável.

Eletrônica Analógica Básica

Editora Érica - Eletrônica Analógica Básica - Eduardo Cesar Alves Cruz e Salomão Choueri Júnior - 2“ Edição

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