Você está na página 1de 45

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

MBA EM PLATAFOMA BIM – MODELAGEM, PLANEJAMENTO E


ORÇAMENTO

RODRIGO JOSÉ PIMENTEL BEZERRA

GESTÃO DA INFORMAÇÃO EM BIM:


NOMENCLATURA DE COMPONENTES E ORGANIZAÇÃO DE
BIBLIOTECAS

RIO DE JANEIRO
2018
RODRIGO JOSÉ PIMENTEL BEZERRA

GESTÃO DA INFORMAÇÃO EM BIM:


NOMENCLATURA DE COMPONENTES E ORGANIZAÇÃO DE
BIBLIOTECAS

Monografia apresentada ao curso de MBA


em Plataforma BIM – Modelagem,
Planejamento e Orçamento, Universidade
Cidade de São Paulo, como requisito
parcial para obtenção do título de
Especialista.

RIO DE JANEIRO
2018
RODRIGO JOSÉ PIMENTEL BEZERRA

GESTÃO DA INFORMAÇÃO EM BIM:


NOMENCLATURA DE COMPONENTES E ORGANIZAÇÃO DE
BIBLIOTECAS

Monografia apresentada ao curso de MBA


em Plataforma BIM – Modelagem,
Planejamento e Orçamento, Universidade
Cidade de São Paulo, como requisito
parcial para obtenção do título de
Especialista.

Área de concentração:
Data da apresentação:

Resultado: ______________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Para Camila
AGRADECIMENTOS

À amiga Renata Fonseca, por me avisar sobre o curso e me incentivar a fazê-


lo. Ao amigo Renato Carvalheira, por me ensinar tudo o que sabia e instigar a minha
vontade de aprender mais. Ao INBEC, pelo tempo extra.
“If I have seen further than others, it is by
standing upon the shoulders of giants.”
Isaac Newton
RESUMO

A informação dos modelos BIM reside no conjunto de componentes paramétricos dos


quais eles são compostos. Muitos autores ressaltam a importância da padronização
da forma como esses dados são apresentados, mas pouco se comenta sobre a gestão
de bibliotecas de componentes, especialmente sobre a padronização de nomenclatura
para as famílias de componentes. A gestão de bibliotecas de componentes BIM é área
de interesse de projetistas da Arquitetura, Engenharia e Construção, construtoras e
consumidores de modelos BIM. Neste estudo, o autor pesquisa práticas e
recomendações para a nomenclatura de famílias de componentes, em bibliotecas de
componentes paramétricos para modelagem de informação para construção. Este
trabalho reúne conhecimento teórico para gestão de informação, localizar instruções
para nomenclatura de famílias BIM, identificar a relação entre gestão de repositórios
e as instruções para nomenclatura conseguidas. Algumas contribuições para o tema
ou aprofundamento da pesquisa são sugeridas. As considerações finais trazem
opiniões sobre os padrões encontrados, a aderência desses padrões para a rotina de
trabalho e a sugestões para a ampliação do debate.

Palavras-chave: BIM, nomenclatura, família, biblioteca de componentes


ABSTRACT

The information of BIM models lies in the set of parametric components of which they
are composed. Many authors emphasize how important it is to standardize the way the
data should be presented, but little is said about how to manage component libraries,
especially on the standardization of component families’ names. The management of
BIM component libraries is an area of interest for Architecture, Engineering and
Construction designers, as well for builders and consumers of BIM models. In this work
the author investigates practices and recommendations for the nomenclature of
components families, in parametric component libraries for information modeling for
construction. This study gathers theoretical knowledge for information management,
locate instructions for naming BIM families, and identify the relationship between
management of repositories and the instructions for nomenclature enlisted. Some
contributions to the topic or deepening the research are also suggested. The final
considerations bring opinions about the patterns found, the adhesion of these
standards to work routine and suggestions for expanding the debate.

Keywords: BIM, naming, families, components libraries


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AEC Arquitetura, Engenharia e Construção
AEC-FM Arquitetura, Engenharia e Construção, e Facilities Management
AsBEA Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
BIM Building Information Model (Modelo – ou modelagem – de informação
para construção
CAD Computer Aided Design (Projeto auxiliado por computador)
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção
ISO International Organization for Standardization
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10
1.1 Justificativa e objetivos ................................................................................. 11
1.2 Metodologia de pesquisa .............................................................................. 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 13


2.1 Gestão da informação e organização do conhecimento ............................ 13
2.2 Repositórios de componentes BIM .............................................................. 17
2.3 Ontologias na Arquitetura, Engenharia e Construção, e aplicação em BIM
............................................................................................................................... 19
2.4 Síntese ............................................................................................................ 22

3 PUBLICAÇÕES BRASILEIRAS CONTENDO ORIENTAÇÕES PARA


BIBLIOTECAS DE COMPONENTES BIM................................................................ 24
3.1 NBR-ISO 12006-2:2010 ................................................................................... 25
3.2 Guia BIM ABDI ................................................................................................ 26
3.3 Diretrizes gerais para intercambialidade de projetos CAD: integração
entre projetistas, construtoras e clientes .......................................................... 28
3.4 Guia AsBEA Boas Práticas em BIM.............................................................. 28
3.5 Coletânea implementação do BIM para construtoras e incorporadoras .. 29

4 ANÁLISE DOS DADOS ..................................................................................... 31


4.1 Estrutura de pastas para arquivos de componentes .................................. 31
4.2 Nomenclatura de arquivos de componentes ............................................... 33
4.3 Conformidade de nomes e pastas com a NBR 15965 ................................. 34
4.4 Designação dos usos dos componentes no nome dos arquivos.............. 36
4.5 Estabelecimento de rotinas para manutenção das bibliotecas de
componentes ........................................................................................................ 36
4.6 Notas sobre os dados analisados ................................................................ 37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 40

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42
10

1 INTRODUÇÃO

É comum a todos os agentes envolvidos na indústria da Arquitetura,


Engenharia e Construção a noção empírica de que o potencial de trocas de
informação de projeto na plataforma CAD (Computer Aided Design) não é
amplamente aproveitado. Cambiaghi et al. (2002) atribuem esse fenômeno à falta de
padrão nacional para o desenvolvimento de documentação de projeto em ambiente
digital, levando cada escritório de projetos a desenvolver sua própria metodologia para
utilização de layers e outras funções inerentes aos arquivos de softwares CAD. Existe
também a barreira do nível de habilidade dos usuários de sistemas CAD de se valer
das melhores ferramentas para otimizar seus fluxos de trabalho. Santos e Amorim
(2004) sugerem que parte do retrabalho que acontece normalmente no processo de
desenvolvimento de projeto tem causa na inconsistência das informações contidas
nos documentos do projeto, ou até mesmo omissão de informações seja por qual
razão elas aconteçam.
Neste cenário, a modelagem de informação para construção – ou BIM (Building
Information Modeling) – apresenta-se como uma evolução do conceito de CAD,
segundo Eastman et al. (2014), por tratar-se de um modelo digital que simula as
características do projeto a ser edificado, atribuindo a cada componente modelado no
ambiente computacional todas as características que sejam relevantes para
construção – preenchendo, portanto, as lacunas de informação às quais Santos e
Amorim se referiam. No entanto, os autores destacam que desafios são esperados,
principalmente na colaboração entre equipes de projeto: são muitos os domínios
específicos de conhecimento que ajudam a compor um edifício, nem todos os times
estão familiarizados com os conceitos de um outro domínio, e mesmo dentro de
domínios conhecidos há dificuldades como terminologias diferentes para processos e
produtos comuns devido a fenômenos culturais, idiomas, etc. Para Amorim e Peixoto
(2006), a padronização de terminologias de referência e classificação de objetos é o
caminho para a construção de uma base que possibilite o desenvolvimento de
ferramentas de gestão de informação e análise de dado que repercutiria em eficiência
na colaboração entre agentes no desenvolvimento de projetos e construção.
11

1.1 Justificativa e objetivos

A letra I em BIM corresponde à informação contida nos modelos,


posteriormente impressa e publicada nos projetos, mas a informação perde valor se
não for de fácil compreensão e recuperação. Pesquisas superficiais sobre BIM
revelam que padronização e aspectos da modelagem são recorrentes, mas a
abordagem de assuntos mais fundamentais como a gestão de nomes de
componentes é rara.
Se modelos BIM são compostos por componentes, a gestão da informação dos
modelos começa com os componentes e seus nomes. Na busca da padronização de
uma classificação de componentes que ajude na gestão dos repositórios de
componentes e uma estrutura de nomenclatura dos arquivos de componentes que
seja de fácil utilização. Este trabalho tem como objetivo fomentar a discussão sobre o
tema.
Inúmeras publicações mencionam a importância de seguir uma padronização
de modelagem e de gestão da informação BIM, ou seja, das famílias de componentes
paramétricos. Partindo da premissa de que a força motriz e vantagem fundamental da
modelagem paramétrica de informação para construção é justamente a gestão não
apenas de desenhos, mas de toda informação de projeto, observa-se aí uma lacuna
a ser preenchida: como gerir a informação modelada e a modelar?
Sendo esse tema – a gestão da informação modelada e a modelar – muito
abrangente, será feito um recorte dele visando a gestão das bibliotecas de
componentes modelados. Delimitando ainda mais o tema e trazendo para uma
abordagem prática e próxima da rotina diária da elaboração de projetos para
Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC), será abordada a padronização de
nomenclatura de famílias de componentes BIM.
Este trabalho tem como objetivo geral pesquisar práticas e recomendações
teóricas para a nomenclatura de famílias de componentes em bibliotecas de
componentes paramétricos para modelagem de informação da construção. Os
objetivos específicos são:
• Reunir conhecimento teórico para gestão de informação, especificamente
para gestão de repositórios;
• Localizar instruções para nomenclatura de famílias BIM no Brasil;
12

• Identificar a relação entre gestão de repositórios e as instruções para


nomenclatura conseguidas;
• Sugerir contribuições para o tema ou aprofundamento da pesquisa.
Embora de reconhecida importância, o aspecto do intercâmbio de informações
através de formatos abertos não é abordado neste trabalho, delimitando o escopo
apenas ao aspecto mais gerencial e organizacional da montagem biblioteca. Fica
também fora do escopo deste a questão da normatização e padronização de
parâmetros dos componentes – assunto amplo e diretamente relacionado com o
intercâmbio de informações através de formatos abertos.

1.2 Metodologia de pesquisa

Esta é uma pesquisa exploratória visando, em princípio, conhecer o que já foi


trabalhado nos temas de gestão de informação, BIM e padronização para BIM. A
coleta de informações baseia-se na leitura e revisão de artigos e publicações
acadêmicas; consulta de normas técnicas, documentos oficiais, guias e publicações
de entidades de classe; e consulta de livros – impressos e/ou digitais.
A abordagem da apresentação dos dados é qualitativa e fenomenológica, ou
seja, trata do conteúdo da informação coletada como ele se apresenta e como é
percebida no contexto.
13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica se dará em três partes. A primeira parte resume


conceitos básicos sobre a gestão conhecimento, discorre sobre a importância de
organizar repositórios de informações, e quais são as ferramentas mais utilizadas para
o registro, classificação e recuperação de informações em um repositório. Para isso,
foram selecionados os trabalhos de Chaumier (1988), Santos e Nascimento (2002),
Vargas (2016), e Vignoli et al. (2013).
A segunda parte, que conceitua a construção de repositórios de informação e
aplicação desses para BIM, traz trechos de Checcucci et al. (2013) , Eastman et al.
(2014), e Nardelli e Oliveira (2014). Neste trecho será abordada a percepção dos
autores sobre os impactos da criação e utilização de repositórios ou bibliotecas de
componentes BIM sobre a indústria da Arquitetura, Engenharia e Construção.
A terceira parte expande o assunto ontologias. Serão examinadas algumas
definições para o termo e a sua relação com a AEC: como ontologias podem ajudar
na desambiguação de termos da AEC e na classificação de componentes. Para tal,
serão passados em revista os trabalhos de Amorim et al (2007), Correa e Santos
(2014), e Niknam e Karshenas (2017).
Por último, uma síntese de tudo o que foi visto.

2.1 Gestão da informação e organização do conhecimento

Para Vargas (2016), o armazenamento das informações de projeto atende aos


objetivos de registrar decisões e aprovações das partes interessadas, facilitar a
revisão da estrutura de um projeto, garantir a segurança e o acesso das informações
quando necessárias, e servir de base para projetos futuros.
A simples acumulação de informações, entretanto, não resulta em efeito prático
se a armazenagem não facilita a recuperação dessas informações para reutilização
posterior. Em outras palavras, um repositório de informações deve ser organizado de
modo que facilite a recuperação de um dado específico a qualquer momento quando
necessário. De acordo com Vargas (2016), são características necessárias a um
14

repositório de informações o controle do acesso – quem pode ler ou modificar, um


sistema de backup, controle de versão das informações, indexação que facilite
buscas, e um fluxo estabelecido para aprovação das informações que serão
armazenadas.
Um sistema de organização que funcione é essencial para a efetividade do
armazenamento de informações. Do contrário, ainda que armazenada a informação
pode ser ignorada pelos agentes que deveriam utilizá-la, desatualizar-se e tornar-se
obsoleta. Para Vignoli et al. (2013), a aplicação de conceitos de ontologias e
taxonomias é fundamental para a organização e representação do conhecimento, uma
vez que são ferramentas para tradução do conhecimento para Sistemas de
Organização do Conhecimento. Esses sistemas são pensados para o usuário final,
para ajudá-lo na recuperação da informação.
Vignoli et al. (2013) destacam ainda que a organização da informação é o
tratamento físico da informação registrada, composta por organização sistemática de
objetos dispostos em bibliotecas. Caracterizam a organização da informação:
aplicação, finalidade e resultados. Aplicação é o mundo dos objetos físicos.
Finalidade, descrição física dos objetos. Resultados são resumos, índices, fichas
catalográficas.
A representação da informação pode ser interpretada como o conjunto de
atributos que representam objetos, a partir de descrições físicas e de conteúdo do
mesmo.
A organização do conhecimento pode ser vista como a construção de modelos
que se constituem de abstrações da realidade. Em outras palavras, ideias e conceitos.
Caracterizam a organização do conhecimento aplicação (mundo dos conceitos),
finalidade (análise dos conceitos), e resultados (tesauros, taxonomias e ontologias).
Os sistemas de organização do conhecimento se relacionam com a
organização da informação e do conhecimento visando a organização da produção
intelectual. São sistemas de representações semânticas, compostos de conceitos,
frutos da organização do conhecimento e utilizados em processos de classificação e
indexação.
O processo de indexação de informações e/ou documentos é composta pelas
seguintes etapas: conhecimento do conteúdo, escolha dos conceitos a serem
representados, tradução desses conceitos em linguagem, e a incorporação de
elementos sintáticos como ponderações e elos.
15

Chaumier (1988) afirma que a indexação inadequada ou insuficiente da


informação como causa para 90% das ocorrências de ruído, quando o resultado da
busca não corresponde ao assunto buscado, e silêncio, que é a ausência de
resultados de buscas, em pesquisas de informação em sistemas. O autor destaca que
a indexação é a caracterização de um documento pela transcrição dos conceitos nele
contidos, após análise e utilização de ferramentas como classificações e tesauro,
entre outras.

Figura 1 Processo de Indexação

Fonte: (CHAUMIER, 1988)


16

A capacidade de se consultar dados sobre um determinado projeto diminui à


proporção que o volume de informações trocadas entre os times em colaboração
aumenta. Grandes quantidades de informação armazenada de forma imprópria
podem gerar o que se chama de sobrecarga de informação: quando uma busca por
dados retorna muitas respostas, sem que muitas delas sejam necessariamente
relevantes para o que está sendo buscado (SANTOS e NASCIMENTO, 2002).
As técnicas de recuperação da informação desenvolvidas desde a década de
1950 tentam automatizar as buscas e refinar os resultados de pesquisas baseando-
se na forma como a informação foi armazenada, considerando três fatores principais:
a indexação, ou modo como os documentos estão representados; as consultas
(queries); e a pesquisa, ou modo de analisar itens fazendo relações com as consultas
feitas para retorno de respostas. A introdução de sistemas informatizados possibilitou
o desenvolvimento de algoritmos de busca mais sofisticados, e a avaliação dos dados
retornados em consultas (SANTOS e NASCIMENTO, 2002).
A avaliação do recuperação de informação pode ser feita medindo a precisão
e a revocação, como explica a Figura 2. A saber, precisão é o percentual de itens
relevantes que retornam como resultados de consultas. Revocação é o percentual de
itens relevantes que foi recuperado. A precisão de uma consulta aumenta na medida
que o sistema de recuperação de informações é capaz de descartar itens recuperados
que não sejam relevantes (SANTOS e NASCIMENTO, 2002).

Figura 2 Avaliação de algoritmos de recuperação de informações

Fonte: (SANTOS e NASCIMENTO, 2002)


17

2.2 Repositórios de componentes BIM

Desenvolvendo mais o conceito de BIM, Eastman et al. (2014) descrevem o


modelo virtual como um conjunto de objetos. Esses objetos, também conhecidos
como BEM (Building Element Model), são representações geométricas 2D e 3D de
produtos como portas, janelas, elementos estruturais, equipamentos e etc. Esses
objetos podem ter geometria fixa ou paramétrica, e carregar consigo informações
específicas como dados de desempenho, consumo de energia, informações
comerciais, e até características visuais que suportem renderização, conforme
esquema apresentado na Figura 3.

Figura 3 Diferentes tipos de informações que podem ser incorporadas num BEM.

Fonte: (CBIC, 2016)

Esse conjunto de objetos pode começar a partir de bibliotecas básicas,


genéricas, mas é o desenvolvimento mais específico do conteúdo técnico e visual
desses objetos que minimiza o risco de erros e ocorrência de omissões de informação
no desenvolvimento de um projeto. Mais adiante, os autores destacam que a
preparação de bibliotecas personalizadas de componentes que sejam adaptados às
necessidades de cada projeto e empresa é relevante para a melhoria da
18

produtividade, considerando que componentes de modelagem paramétrica são mais


sofisticados do que os tradicionais blocos de Computer Aided Design (CAD).
Sejam sofisticados ou nem tanto, os componentes utilizados na modelagem
virtual de uma construção são pedaços de informação que compõem um todo –
informação que precisa ser organizada, para que seja rastreável para aplicação, e
mesmo depois de aplicada em um projeto. A padronização e organização da
informação impulsiona o progresso, facilita o gerenciamento do conteúdo dos
repositórios de componentes ou (BEM), e torna a utilização de modelos BIM mais
atraente (EASTMAN et al., 2014). Corroboram com essa afirmação Checcucci et al.
(2013), em cujas pesquisas o assunto “normatização dos componentes” é recorrente.
Em especial porque é grande o percentual de entrevistados que acredita que a criação
das bibliotecas de componentes paramétricos seja de responsabilidade dos
fornecedores de produtos.
Os autores reconhecem a importância da ampliação da oferta de componentes
BIM específicos para o mercado brasileiro e enxergam essa oferta como motivação
extra para a adoção do BIM por mais agentes envolvidos na AEC. No entanto, como
mencionado nos resultados observados em seu trabalho, a normatização é necessária
para que as bibliotecas de componentes sejam disponibilizadas ao público.
O desafio de elaborar um repositório de componentes para modelagem de
informação para construção não é pequeno. Envolve a acumulação e classificação de
informações sobre um sem número de materiais, produtos e equipamentos de
centenas de milhares de fornecedores. Nardelli e Oliveira (2014) comentam que a
criação de uma biblioteca de componentes BIM passa pela definição das informações
que sejam mais relevantes para cada categoria de elementos. Essas informações são,
inclusive, determinantes para a implantação de um sistema de nomenclatura dos
componentes que facilite sua identificação para aplicação. Em seu exercício de
desenvolvimento de bibliotecas de componentes BIM – ou famílias – Nardelli e Oliveira
(2014) utilizaram a versão 2 do AEC BIM Standards, sob a justificativa de que essa
convenção seria, para a nomenclatura de componentes, a mais completa entre outros
padrões avaliados. Os autores não citam, entretanto, quais outros padrões foram
avaliados, quais critérios foram utilizados na avaliação e quais seriam as deficiências
que os fizeram preteri-los sobre o AEC BIM Standards.
19

2.3 Ontologias na Arquitetura, Engenharia e Construção, e aplicação em BIM

De acordo com Grubber (1995 apud AMORIM et al., 2007), uma ontologia é
uma especificação formal e explícita de uma conceituação compartilhada. Em outras
palavras, é um conjunto de conceitos formalizados dentro de uma lógica, um contexto
ou uma linguagem específica. Ontologias partem de uma base de conhecimento
podem se adaptar de acordo com os dados, se combinar com modelos maiores
conforme esquema da Figura 4, e servir de base para a dedução de conhecimento
quando dados limitados geram incerteza (CORREA e SANTOS, 2014).

Figura 4 Integração da informação a partir da combinação de dois domínios de conhecimento

Fonte: (NIKNAM e KARSHENAS, 2017), traduzido pelo autor

Uma das aplicações de ontologias na AEC é na comunicação entre agentes


humanos e sistemas informatizados. Para humanos, ontologias aprimoram o
entendimento e as interações entre conceitos que são comuns à vários domínios de
20

conhecimento. Para sistemas informatizados, ontologias agem como facilitadoras da


interoperabilidade, automatizando a tradução de informações originadas de
representações ímpares (GURSEL et al., 2009).
Em um campo amplo como a construção civil, dentro do qual estão contidas
várias áreas de domínio de conhecimento, com termos, produtos e processos
particulares que fazem interseções com vários outros (AMORIM et al., 2007), muitas
podem ser as aplicações de ontologias (CORREA e SANTOS, 2014).
Um dos usos pretendidos para as ontologias é no auxílio da ordenação de
informações de domínios específicos sob uma ontologia que seja abrangente o
suficiente para conter em si todos os domínios da AEC. E que cada domínio
desenvolva uma ontologia em si, constantemente atualizada e que atualize a ontologia
AEC na qual estará contida, numa grande rede de troca de informações (NIKNAM e
KARSHENAS, 2017). Silva e Amorim (2011) pensam em ontologias como o resultado
da implantação de um sistema de classificação de objetos e informações mais
completo e que padronize nomenclaturas. A padronização de nomenclatura é, para
Silva e Amorim (2011), um dos pilares para a ampliação da interoperabilidade entre
sistemas diferentes que dão suporte ao BIM e à AEC.
Niknam e Karshenas (2017) discorrem sobre os métodos com os quais se
poderia conseguir uma ontologia única para a construção. O primeiro seria uma
ontologia global de vocábulos compartilhados dentro da semâncida de framework1 da
AEC-FM. O problema desse método é que, além da dificuldade de implementação
devido ao tamanho do escopo, a grande quantidade de conceitos e relações seria
difícil de entender e de manter.
O segundo método compreenderia o mapeamento e cruzamento de ontologias
de domínios específicos desenvolvidos por especialistas nesses domínios (Figura 5,
p.21). Apesar de parecer mais simples de executar, encontra problemas na falta de
termos compartilhados entre diferentes domínios. O processo de mapeamento de
ontologias é manual e consome tempo, portanto não seria melhor do que processos
de intercâmbio de informação que já estão em uso.

1
Framework é um abstrato conjunto de classes orientadas ao objeto, que captura conceitos e padrões de
interação entre esses objetos (SAUVÉ).
21

Figura 5 Mapeamento de ontologias desenvolvidas de forma independente

Domínio de
Planejamento

Outros Domínios

Legenda:
Ontologia

Mapeamento de Ontologias

FONTE: (NIKNAM e KARSHENAS, 2017), traduzido pelo autor

O terceiro método, sugerido por Niknam e Karshenas (2017) e demonstrado


pela Figura 6, p.22, visa preencher as lacunas do segundo, com uma ontologia
compartilhada de conceitos que são comuns a vários domínios presentes nos
diferentes estágios do ciclo de vida de um edifício. O objetivo principal dessa ontologia
compartilhada seria o de oferecer um vocabulário que seja comum entre outras
ontologias específicas, facilitando a integração entre essas.
A capacidade da modelagem de informação para melhorar os fluxos de troca
dentro da cadeia produtiva da construção civil e da gestão de edifícios é diretamente
proporcional à qualidade que a informação modelada mantém quando é transmitida
para outras plataformas, ou seja, importada de ou exportada para outros softwares. O
desenvolvimento de mecanismos mais sofisticados que garantam que o intercâmbio
de informações entre diferentes domínios, softwares, e até entre diferentes atores da
AEC-FM é fundamental para que a filosofia de colaboração dentro do BIM possa ser
amplamente exercida (CORREA e SANTOS, 2014).
22

Figura 6 Mapeamento de ontologias por uma ontologia compartilhada

Fonte: (NIKNAM e KARSHENAS, 2017), traduzido pelo autor

2.4 Síntese

Conforme visto, fluxos de trabalho eficientes dependem da capacidade de uma


organização ou grupo de trabalho de gerir e recuperar as informações que são
importantes para um fim específico. A capacidade de recuperação dessas
informações é tão boa quanto os sistemas de organização que são aplicados na
gestão do armazenamento dessas.
Modelos de informação para construção são conjuntos de blocos menores de
informações (os componentes), montados no ambiente digital de forma a simular uma
edificação pronta. Um modelo é bem construído e documentado na medida que as
informações nele contidas são completas e fáceis de encontrar. A armazenagem de
componentes BIM em repositórios passa pela gestão da informação e do
conhecimento dentro das organizações e/ou grupos de trabalho, e é dependente da
clareza e padronização da informação.
A simplificação da interpretação da informação e a facilitação do intercambio
dessa entre diferentes plataformas digitais e agentes envolvidos depende da criação
de procedimentos e vocabulários que sejam capazes de traduzir essa informação para
23

diferentes domínios de conhecimento específico. Contudo, essa informação traduzida


não pode perder em qualidade, ou seja, deve ser integralmente conduzida de um
domínio para o outro sem que haja perda de dados.
Ontologias são ferramentas que podem facilitar a tradução e o trânsito de
informações entre diferentes plataformas e agentes.
24

3 PUBLICAÇÕES BRASILEIRAS CONTENDO ORIENTAÇÕES PARA


BIBLIOTECAS DE COMPONENTES BIM

Independentemente da origem, se foram ofertadas pelos fornecedores de


componentes da AEC ou modeladas e parametrizadas pelo próprio autor do modelo
BIM, alguma lógica é necessária para que as famílias sejam classificadas e guardadas
em repositórios ou bibliotecas. Silva e Amorim (2011) comentam que é necessária a
criação de um sistema nacional de classificação. Desta forma, a indústria terá
parâmetros eficazes que suportem o desenvolvimento do BIM.
O esforço para o desenvolvimento de normas para modelagem de informação
para construção ocorre em vários países. Cheng e Lu (2015) classificam os Estados
Unidos como o país mais avançado no desenvolvimento do BIM devido às suas
políticas de adoção nas forças armadas e esferas superiores do governo federal, e
que acabaria levando à adoção da metodologia na iniciativa privada. Ainda segundo
os autores, o Reino Unido vem se destacando como referência em BIM graças ao
precoce comprometimento do governo com o desenvolvimento do BIM. Enquanto
isso, a Austrália vem lançando guias de conformidade para conteúdo criado em
Autodesk Revit®. Entretanto ainda não há consenso sobre quais informações são
realmente relevantes para a modelagem da informação para construção e como essas
informações devem ser introduzidas no modelo. As divergências ocorrem pela grande
quantidade de softwares autorais diferentes, e pela imensa quantidade de
fornecedores e produtos para construção que existem. Isso foi observado por Zhang
e Xing (2013), que propõem uma discussão sobre a definição das informações que
devem ser incluídas nas famílias paramétricas, como integrar as famílias com as
informações comerciais, e como criar de repositório que permita navegação, buscas
e validação do conteúdo. Os autores sugerem a criação de uma estrutura de
repositório baseada em ontologias e que esteja em conformidade com o formato
Industry Foundation Classes – IFC – e o International Framework for Dictionaries –
IFD 2.

2 Segundo Zhang e Xing (2013), o IFD é uma iniciativa de normatização global para terminologias da

AEC, independentemente de idiomas. O conceito de IFD deriva de normas ISO 12006-2, ISSO
12006-3 e ISSO 15926, compatível com sistemas de classificação como OmniClass, MasterFormat,
and UniFormat e em conformidade com o IFC.
25

Apesar de serem poucas e incipientes (NARDELLI e TONSO, 20104), já se


verificam no Brasil inciativas de normatização pensadas para a modelagem de
informação para construção. Uma das mais importantes foi o desenvolvimento de um
conjunto de normas para classificação e padronização de terminologias para a
construção civil – ação destacada como importante pelo Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, para o preenchimento da lacuna de
falta de padrões nacionais (SILVA e AMORIM, 2011).

3.1 NBR-ISO 12006-2:2010

Essa norma é uma tradução e adaptação da ISO 12006-2:2001 (ABNT, 2010).


Seu objetivo “é definir a estrutura e o conjunto de títulos recomendados de tabelas
apoiados por definições, (...)identificando as classes para a organização da
informação e indicando a inter-relação entre elas” (SILVA e AMORIM, 2011).
Usando a NBR ISO 12006-2:2010 como base, outras normas complementares
foram publicadas. São elas:
• ABNT NBR 15965-1:2011 Sistema de classificação da informação da
construção – Parte 1: Terminologia e estrutura;
• ABNT NBR 15965-2:2012 Sistema de classificação da informação da
construção – Parte 2: Características dos objetos da construção;
• ABNT NBR 15965-3:2014 Sistema de classificação da informação da
construção – Parte 3: Processos da construção;
• ABNT NBR 15965-7:2015 Sistema de classificação da informação da
construção – Parte 7: Informação da construção.
As partes 4, 5 e 6 da norma encontram-se em desenvolvimento.
26

Tabela 1 - Princípios de especialização aplicados a classes de objetos

Tabela de
Classe Princípio de especialização
referência
Forma A.1
Unidade de construção
Atividade ou função de usuário A.2, A.6
Complexo de construções Atividade ou função de usuário A.3, A.6
Grau de fechamento A.4
Espaço
Atividade ou função de usuário A.5, A.6
Classificada pelas tabelas relacionadas de
Parte ou unidade de
elementos, elementos projetados e resultados de A.7, A.8, A.9
construção
serviço de construção
Função característica predominante da unidade de
Elemento A.7
construção
Elemento projetado Elemento por tipo de serviço A.8
Resultado de serviço de
Tipo de serviço A.9
construção
Processo de gestão Tipo de processo A.10
Classificado por tabela relacionada de resultados
Processo construtivo A.9
de serviços de construção
Etapa do ciclo de vida de
Caráter geral dos processos durante a etapa A.11
unidade de construção
Etapa de projeto Caráter geral dos processos durante a etapa A.12
Produto de construção Função A.13
Apoio à construção Função A.14
Agente da construção Disciplina A.15
Informação da construção Tipo de mídia A.16
Propriedade/
Tipo A.17
característica
Fonte: (ABNT, 2010)

3.2 Guia BIM ABDI

Em 2017 a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI –


disponibilizou para consulta pública fascículos de um Guia BIM, elaborados com o
intuito de consolidar práticas para projetos BIM e orientar os agentes envolvidos na
cadeia da construção civil (ABDI, 2017.1).
A fase inicial de consulta encerrou-se em julho de 2017 após algumas reuniões
para discussão e receber a contribuição de pesquisadores, projetistas, construtores,
fornecedores de produtos e fabricantes de software. O lançamento oficial da versão
completa do Guia é previsto para outubro de 2017 (ABDI, 2017.2).
27

O fascículo 1 (ABDI, 2017.1) destaca aspectos importantes para a criação de


componentes e bibliotecas BIM. Entre eles, que o desenvolvimento de componentes
e bibliotecas de componentes BIM deve ser feito de acordo com as normas ISO
16354:2013 (Guidelines for Knowledge Libraries and Object Libraries), ISO 16757-
1:2015 (Data structures for electronic building services product catalogues – Part 1:
Concepts, architecture and model), e ISO 16757-2:2016 (Data structures for electronic
product catalogues for building service – Part 2: Geometry). A pesquisa não identificou
se existe tradução oficial dessas normas para o português.
A nomenclatura de arquivos de componentes BIM também é abordada e deve
ser feita no formato CodTab2C_Responsavel_DescriçãoTipo_Subtipo_Livre,
onde:

Quadro 1 Composição dos nomes de arquivos de componentes BIM


Código da Tabela 2C norma ABNT NBR 15965-4, níveis 2 a 5, sem
separadores, com 2 dígitos por nível, preenchido com 00 nos níveis mais
CodTab2C baixos, se necessário. Se o arquivo contiver diversos componentes de
mesmo tipo, o CodTab2C deverá ser de um nível superior, que reflita essa
característica

Grafado na forma CaixaAltaCaixaBaixa sem acentos e caracteres especiais.


Responsável Indica o responsável pelo componente (não necessariamente seu
desenvolvedor);

A descrição do tipo de componente deve ser baseada no correspondente


DescriçãoTipo
termo da Tabela 2C (NBR 15965-4), sendo permitidas abreviações

Opcional. Ao referir-se a dimensões, usar o seguinte formato


Subtipo
ComprimentoxLarguraxEspessura

Texto opcional com demais informações relevantes para a identificação do


Livre
componente

Fonte: (ABDI, 2017.1)

Os campos que compõem os nomes são separados por sublinhado (“_”). O


controle de versão do arquivo é feito pelo próprio usuário, acrescentando número da
versão somente ao nome de arquivos desatualizados.
O fascículo trata ainda de requisitos para a criação de parâmetros novos para
a melhor representação das propriedades dos componentes utilizado na construção
civil, LoD (Level of Development) ou ND (Nível de Desenvolvimento) dos
28

componentes, geometria, e representação gráfica dos componentes. Esses assuntos,


entretanto, não são alvo deste trabalho.

3.3 Diretrizes gerais para intercambialidade de projetos CAD: integração entre


projetistas, construtoras e clientes

O trabalho de CAMBIAGHI et al. (2002) visa a padronização de layers,


diretórios, arquivos e definição de responsabilidades entre os agentes envolvidos no
processo de projeto. Foi lançado pensando para preencher a lacuna de normas e
procedimentos para projetos em CAD, quando o método era hegemônico no Brasil.
A proposta baseia-se na adaptação nacional de campos de classificação da
norma ISO 13567, para que na hipótese de trabalhos realizados fora do Brasil o
mínimo de alterações seja necessário. Todo o trabalho é baseado fundamentalmente
nas fases de projeto, e nas diferentes disciplinas ou domínios de conhecimento que
ajudam a compor a totalidade de um projeto de uma edificação. A individualização de
objetos ou componentes acontece apenas no interior dos arquivos CAD, através da
separação dos elementos desenhados em layers ou camadas.
Embora trate da estrutura de diretórios e nomenclatura de arquivos para
projetos, o trabalho não aborda bibliotecas de conteúdo, apesar do seu uso ser uma
prática consolidada.

3.4 Guia AsBEA Boas Práticas em BIM

Concebido para servir como orientação para arquitetos, projetistas e demais


agentes da indústria da AEC. Foi planejado para distribuição em fascículos (ASBEA,
2013) mas teve apenas 2 lançados.
O fascículo 1 (ASBEA, 2013) destaca que as bibliotecas de componentes são
a base da informação de um projeto. Por essa razão, a produção e criação de novos
itens deve ser controlada por procedimentos internos, para que obedeça a critérios
mínimos e que se mantenha a uniformidade da organização das informações.
29

A publicação sugere que a estrutura de nomenclatura de pastas e dos


componentes BIM deve ser padronizada e registrada em documento para consulta, e
é recomendável que a estrutura de pastas para guarda dos componentes esteja
organizada e separada por categorias, conforme demonstrado na Figura 7: o
repositório ou biblioteca BIM fica disponível para consulta na rede, e os arquivos
individuais para cada categoria de objeto dentro de pastas que que levam os nomes
dessas categorias.

Figura 7 Organização de Pastas

Fonte: (ASBEA, 2013)

3.5 Coletânea implementação do BIM para construtoras e incorporadoras

Essa coletânea de cinco volumes é patrocinada pela Câmara Brasileira da


Indústria da Construção – CBIC, e tem como objetivo esclarecer o que é BIM e facilitar
a adesão à metodologia.
O volume 1 (CBIC, 2016) sugere a adoção de um código que indique os usos
previstos para o componente por seu desenvolvedor, seja ENp – Analise
energética/preliminar, PLc – Planejamento/construção, ou ambos, conste na estrutura
de nomenclatura desses. Contudo, são feitas ressalvas sobre a introdução dessas
informações, seja pelo risco de se gerar nomes muito extensos para os arquivos, seja
por causa do tamanho dos arquivos para armazenagem e desempenho de
30

computadores.
Também é mencionada a estrutura de nomenclatura dos arquivos de
componentes no mesmo formato do Guia BIM ABDI
(CodTab2C_Responsavel_DescriçãoTipo_Subtipo_Livre). Contudo, as formas como
os códigos referentes aos usos do modelo poderiam se aderir à estrutura de
nomenclatura proposta aos arquivos de componentes não é sugerida pela publicação.
31

4 ANÁLISE DOS DADOS

Depois de revisar algumas das publicações mais importantes sobre CAD e BIM
disponíveis para a indústria da AEC no Brasil, e suas respectivas instruções sobre a
estruturação e manutenção de bibliotecas de componentes BIM, este capítulo objetiva
uma análise dessas informações para verificação da consistência das propostas.
Antes de proceder à análise, todavia, é oportuno que se façam algumas ressalvas.
A primeira é que as normas ISO sobre as quais se baseiam várias das
publicações e pesquisas mencionadas neste trabalho precisam ser compradas, e não
estão disponíveis para consulta. Uma análise melhor embasada e que verifique a
aplicação das normas nas propostas precisa ser feita por outra pesquisa que tenha
fundos para a aquisição das normas ISO. Outra, é que a análise feita neste trabalho
não tem objetivo de estabelecer juízo de valor, mas, à luz dos conceitos de gestão da
informação e organização do conhecimento destacados no Capítulo 2, verificar
inconsistências e identificar lacunas perceptíveis.

4.1 Estrutura de pastas para arquivos de componentes

Entre as publicações destacadas neste trabalho, apenas Diretrizes gerais para


intercambialidade de projetos CAD e o Guia AsBEA Boas Práticas em BIM abordam
a divisão de arquivos em estruturas de pasta organizadas e classificadas. O primeiro,
entretanto, não pode ser considerado em sua totalidade por não abordar a separação
e organização de arquivos de componentes, mas apenas os arquivos que compõem
o projeto pronto ou em desenvolvimento. O fascículo 1 do Guia AsBEA Boas Práticas
em BIM recomenda que os componentes BIM sejam armazenados dentro de pastas
separadas por categorias (Figura 7, p.29). No entanto, o Guia AsBEA não menciona
se a classificação deve considerar o sistema de classificação proposto pela NBR
15965. Tampouco comenta sobre a utilização de subcategorias para a criação de
camadas adicionais de organização.
Considerando que o Guia BIM ABDI tenta ser uma referência nacional com
respaldo do governo federal, deveria tratar de uma organização de pastas baseada
32

em ontologias e taxonomias orientadas para facilitar a busca de informações, mas não


o faz. Mesmo considerando que os repositórios ou bibliotecas de componentes
podem, porventura, estar armazenados na nuvem, disponíveis para todo um time
multidisciplinar de profissionais. Ficam implícitas, portanto duas circunstâncias. A
primeira, de que somente o código da tabela 2C seja suficiente para ordenar os
componentes dentro de um repositório, mas não estaria considerada a aderência dos
códigos na prática do dia-a-dia. Em outras palavras, não considera a dificuldade que
os usuários de um repositório BIM podem ter para decorar os códigos de centenas de
categorias de componentes. Outra circunstância implícita é de que ficaria a cargo das
empresas, entidades, grupos de trabalho e etc., combinar a forma de organização de
um repositório que lhes seja mais conveniente, desde que sejam obedecidos os
critérios de nomenclatura e codificação descritos no Guia.
A Coletânea implementação do BIM para construtoras e incorporadoras, faz
uma omissão importante ao deixar de tocar na organização estruturada da informação
em repositórios ou bibliotecas BIM, deixando neste aspecto de cumprir seu propósito
de esclarecer sobre modelagem paramétrica de informação para construção.
O que nenhuma das publicações abordou é como um sistema de classificação
diferenciado, pensado para padronização ampla e gestão eficiente da informação da
AEC, pode influenciar a relação dos usuários com os softwares BIM, conforme
demonstrado na Figura 8, p.33.
Softwares BIM, especialmente os softwares autorais para modelagem de
projetos como Autodesk Revit já fazem uma classificação de componentes, de modo
a facilitar a experiência do usuário – e fazer BIM. A adoção de uma nova classificação
pode provocar sutis, mas importantes mudanças nas classificações de alguns objetos
e/ou seus subcomponentes. É provável inclusive que essas modificações não sejam
exportadas para ou importadas de arquivos IFC, sendo, portanto, um entrave para o
intercâmbio de informações de projeto entre softwares e plataformas diferentes.
33

Figura 8 Captura de tela do software Autodesk Revit, com destaque para a classificação de
componentes no banco de dados interno

Fonte: o autor

4.2 Nomenclatura de arquivos de componentes

Mais uma vez a publicação Diretrizes gerais para intercambialidade de projetos


CAD falha como referência por tratar apenas de projetos, mas não de componentes,
ainda que estes já fossem utilizados em larga escala no desenvolvimento de projetos
em CAD.
34

O fascículo 1 do Guia AsBEA Boas Práticas em BIM ressalta a importância do


desenvolvimento de um sistema de nomenclaturas, mas não trabalha o aspecto
holístico da troca de informações entre agentes e sugere que o procedimento de
nomenclatura seja desenvolvido internamente dentro de cada empresa.
Tanto o fascículo 1 do Guia BIM ABDI quanto o volume 1 da Coletânea
implementação do BIM para construtoras e incorporadoras abordam a questão da
nomenclatura dos arquivos de componentes BIM e sugerem o formato
CodTab2C_Responsavel_DescriçãoTipo_Subtipo_Livre. No entanto, nenhuma
das publicações explica porque razão o nome do objeto deve começar com um código
– melhor abordado no próximo tópico – em vez do nome do responsável ou até mesmo
a descrição do tipo. Resta inferir que o código facilite alguma ferramenta de
organização para arquivos baseados na nuvem, ou ainda uma organização avançada
dentro de algum sistema computacional.
Sobre os campos Subtipo e Livre serem opcionais e – no caso do campo Livre
– não terem muitos critérios a obedecer, fica aberto o precedente para improvisações
indesejáveis dentro de ambientes de colaboração multidisciplinar envolvendo vários
agentes. Ainda que prevaleça a noção de que não é possível prever situações futuras
de uma indústria que está em constante desenvolvimento, ainda assim um conjunto
mínio de critérios poderia ser estabelecido. No mínimo para evitar que usuários
incorressem no equívoco de colocar nomes muito longos em seus arquivos,
atrapalhando assim a integração desses com outros sistemas informatizados.

4.3 Conformidade de nomes e pastas com a NBR 15965

Diretrizes gerais para intercambialidade de projetos CAD é uma publicação


anterior à publicação da primeira parte da norma.
O fascículo 1 do Guia AsBEA Boas Práticas em BIM não menciona a
necessidade de seguir as convenções de nomenclatura de componentes estabelecida
na norma, nem para estrutura de pastas nem para qualquer padrão de nomenclatura
de arquivos que venha a ser desenvolvido.
Ambos o Guia BIM ABDI e a Coletânea implementação do BIM para
construtoras e incorporadoras pedem observância à tabela 2C da NBR 15965-4.
35

Deste fato decorrem dois problemas. O primeiro, que a norma não foi lançada e a
naturalmente isso impede que as empresas comecem o processo de alinhamento de
seus padrões: faltam o código, e a terminologia que – em tese – vai unificar os nomes
e acabar com regionalismos.
O outro problema é que, ainda que a norma defina um nome e um código, é
improvável que ela seja abrangente e/ou flexível o suficiente para cobrir todas as
variedades de descrição do tipo. Em resumo, é improvável que infinitas variações
consigam ser resumidas em poucas palavras para facilitar a indexação, buscas e
recuperação da informação, conforme Vignoli et al. (2013) e Vargas (2016).
Para explicar melhor esse conceito, na Figura 9 segue parte do resultado da
busca pelo verbete “banqueta” no Google. A variedade de cores, tamanhos e formatos
não cabe apenas na descrição do tipo conforme proposto pelo fascículo 1 do Guia
BIM ABDI e o volume 1 da Coletânea implementação do BIM para construtoras e
incorporadoras.

Figura 9 Variedade de resultados para o verbete banqueta em busca no Google

Fonte: https://goo.gl/65eSr7

Ainda restaria a opção de utilização dos campos Subtipo e Livre, mas conforme
colocado no último parágrafo do tópico anterior, a falta de critérios para utilização
36

desses campos pode ser um empecilho para a transmissão da informação para


colaboradores externos. Além disso, há um limite na quantidade de caracteres que os
sistemas computacionais e softwares aceitam. Exceder esse limite para a transcrição
de uma descrição completa dos objetos é inviável dessa perspectiva.

4.4 Designação dos usos dos componentes no nome dos arquivos

Apenas a Coletânea implementação do BIM para construtoras e incorporadoras


menciona a possibilidade de uma norma que ainda está em desenvolvimento aborde
a utilização de grupos de caracteres para a indicação dos usos dos componentes. A
mesma publicação, no entanto, já levanta a questão de que os nomes dos arquivos
podem ficar grandes demais e gerar conflitos com os sistemas operacionais em uso e
a linguagem de transferência de dados pela internet.
Há um grupo de trabalho da ABNT desenvolvendo um estudo específico para
a publicação de normas para o desenvolvimento e usos de objetos BIM. Cogita-se a
possibilidade de que um mesmo objeto da AEC seja modelado mais de uma vez, para
cada uso ao qual à modelagem se destina, visando menores tamanhos de arquivo e
melhor desempenho para os computadores (CBIC, 2016).

4.5 Estabelecimento de rotinas para manutenção das bibliotecas de


componentes

Apenas o Guia AsBEA Boas Práticas em BIM reconhece por escrito a


importância de se estabelecer procedimentos internos – seja para uma empresa ou
para um time em colaboração – para criação de conteúdo, validação deste e
atualização/manutenção da biblioteca de componentes BIM. Há margem para inferir
que, observadas as boas práticas de codificação dos componentes conforme tabela
2C da NBR 15965, e preenchimento da estrutura de nomenclatura proposta – além
de todos os aspectos de parametrização que não são objeto deste trabalho – a
organização e qualidade do repositório estaria implicitamente garantida. Mas
37

nenhuma das publicações pesquisadas trata de procedimentos de manuseio de


componentes adquiridos em repositórios online.
Não há garantias de que uma empresa ou pessoa observarão todos os
requisitos das publicações pesquisadas e outras, para a modelagem de componentes
e disponibilização desse conteúdo em plataformas de distribuição na internet. A
complexidade para a construção de componentes BIM – observadas ou não as boas
práticas sugeridas – e a celeridade com que esses objetos precisam ser postos em
aplicação direcionam os usuários e empresas para a busca online de componentes
prontos que atendam aos critérios mais básicos para aplicação em projetos. Sem uma
rotina para avaliação desse material baixado da internet, os repositórios continuam
expostos ao risco de abrigar componentes que não atendem aos critérios de
informação indexada válida para aplicação.

4.6 Notas sobre os dados analisados

Os ensaios de padronização tentados em Diretrizes gerais para


intercambialidade de projetos CAD merecem atenção por tentar traduzir normas
internacionais para a realidade brasileira, mas nada acrescenta no que tange a gestão
de bibliotecas de componentes. Cabe aqui a ressalva de que ferramentas CAD
continuam sendo utilizadas em larga escala.
O Guia AsBEA Boas Práticas em BIM, primeiro a tentar preencher o vazio de
publicações sobre BIM no setor de AEC do Brasil, tem omissões importantes que
viriam a ser abordadas em outras publicações posteriores, mas destaca aspectos do
dia-a-dia do ambiente de trabalho, como a necessidade de definição de
responsabilidades e o estabelecimento de procedimentos internos para controle de
qualidade, que passam ao largo nas publicações da ABDI e CBIC.
O Guia BIM ABDI joga luz em questões importantes sobre o manuseio de
componentes BIM, em especial ao definir uma estrutura para nomenclatura de
componentes. Essa estrutura proposta, inclusive, é bastante alinhada com iniciativas
britânicas de normatização como a NBS BIM Object Standard e o portal
bimstore.com.uk.
Para a NBS – que organiza e distribui componentes BIM pelo seu portal na
38

internet – o nome de objetos BIM deve ser composto pela estrutura de campos
<Role>_<Source>_<Type>_<Subtype/product code>_<Differentiator>, conforme
melhor explicado no Quadro 2. Já a estrutura de campos para nomenclatura de
componentes BIM utilizada e recomendada pelo portal de distribuição de
componentes bimstore.com.uk, conforme explicação no Quadro 3, é
<Source>_<Type>_<Product>_<Differentiator/Descriptor>_<2D if necessary>.

Quadro 2 Nomenclatura de objetos BIM

Campo Tipo Descrição

1 Role Informa o autor do objeto por um código de 3 à 6 dígitos

Usado para identificar o fabricante do objeto. O nome do


2 SourceI fabricante não deve ser abreviado. Para objetos genéricos esse
campo pode ser omitido.

3 Type Identifica o tipo do objeto

Informação adicional que define tanto o produto como a gama de


Subtype/Product produtos. A gama de produtos de fabricantes não deve ser
4
Code abreviada. Este campo também pode ser usado para identificar
subtipos pré-definidos.
5 Informação especializada não capturada nas informações de
Differentiator
(Opcional) propriedades do objeto.
Fonte: (NBS, 2014), tradução livre do autor

Quadro 3 Nomenclatura de componentes BIM


Campo/ Obrigatório
Descrição
Componente ou Opcional
Usado para identificar o fabricante do objeto. O nome do
<Source> Obrigatório fabricante não deve ser abreviado. Para objetos genéricos
esse campo pode ser omitido.

<Type> Obrigatório Identifica o tipo do objeto

Informação adicional que define tanto o produto como a


gama de produtos. A gama de produtos de fabricantes não
<Product> Obrigatório
deve ser abreviada. Este campo também pode ser usado
para identificar subtipos pré-definidos.
<Differentiator / Breve descrição de informação especializada não capturada
Opcional
Descriptor> nas informações de propriedades do objeto.
Conforme
<2D> Usado apenas para designar famílias 2D.
necessário
Fonte: (BIMSTORE, 2017), tradução livre do autor

Anterior ao Guia BIM ABDI, a Coletânea implementação do BIM para


construtoras e incorporadoras traz conteúdo muito similar ao do Guia da ABDI. A
comparação entre os dois documentos levanta uma sombra de dúvida sobre a
39

“propriedade” do BIM, ou seja, sobre quem tem autoridade para publicar diretrizes
para elaboração de modelagem paramétrica de projetos, componentes, etc.
As informações coletadas no capítulo 3 e comentadas neste capítulo são
resumidas no Quadro 4.

Quadro 4 Resumo de informações


Publicação
Diretrizes Coletânea
gerais para Guia AsBEA implementação
Guia BIM ABDI intercambialida Boas Práticas do BIM para
de de projetos em BIM construtoras e
CAD incorporadoras
Critérios

Não aborda.
Estrutura de
Apenas para Recomenda
pastas para
Não aborda. desenhos de dividir em Não aborda.
arquivos de
projetos categorias.
componentes
desenvolvidos.

Não aborda. Recomenda, no


Aborda, sem Aborda, sem
Nomenclatura Apenas para contexto de
explicar as explicar as
de arquivos de desenhos de padronização de
origens das origens das
componentes projetos processos
instruções. instruções.
desenvolvidos. internos.

Conformidade
Recomenda, Recomenda,
de nomes e Publicação
apenas para os Não aborda. apenas para os
pastas com a anterior à norma.
nomes. nomes.
NBR 15965

Menciona a
Designação dos
possibilidade, em
usos dos
antecipação à
componentes Não aborda. Não aborda. Não aborda.
norma que está
no nome dos
em
arquivos
desenvolvimento
Estabeleciment
o de rotinas Recomenda, no
para contexto de
manutenção Não aborda. Não aborda. padronização de Não aborda.
das bibliotecas processos
de internos.
componentes
Fonte: o autor
40

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O primeiro fato sobre a pesquisa realizada é que a quantidade de trabalhos


publicados sobre modelagem supera em muito a quantidade de trabalhos sobre
gestão da informação – um paradoxo interessante para o assunto modelagem de
informação. Mesmo em países onde a utilização do BIM é mais difundida, há poucos
trabalhos sobre o desenvolvimento de normas e procedimentos para gestão da
informação dos modelos e componentes. É natural que no Brasil, onde a temática BIM
tem menos tempo de desenvolvimento e pouca aderência junto à indústria, se observe
um número ainda menor de iniciativas. Ainda assim, a ABNT tem um grupo de trabalho
dedicado ao desenvolvimento de normas, e o governo federal no patrocina o
lançamento de um Guia dedicado ao tema BIM. Essas iniciativas sinalizam que o
Brasil não deve demorar a se alinhar com outras nações que desenvolveram bem
seus padrões e hoje conferem altos níveis de utilização de BIM.
Enquanto isso, no presente, a falta de trabalhos e iniciativas contundentes para
a normatização da gestão da informação em modelos digitais deixa um vazio que tenta
ser preenchido por inciativas isoladas e pontuais dos agentes da AEC. É notável que
nenhuma das publicações analisadas neste trabalho sejam abrangentes e expliquem
todos os pormenores das organizações de bibliotecas de componentes. É conveniente
manter o formato de organização dos softwares autorais de modelagem de projeto?
Deve ser criada uma estrutura de pastas alinhada com o que for estabelecido na
Tabela 2C da NBR 15965? Neste cenário, permanecem sem solução os problemas
de omissão e inconsistência característicos das metodologias de projeto e
orçamentação empregadas anteriormente.
Conforme colocado no início do capítulo 4, no decorrer da pesquisa foi
observado que as normas internacionais que precisam ser estudadas para a
observância dos critérios já estabelecidos precisam ser compradas, o que é impeditivo
para pesquisas que não contam com financiamento e o apoio de instituições.
Outro aspecto que merece ser comentado é que a complexidade estrutural para
a montagem de bibliotecas eficientes não é abordada nos cursos de arquitetura ou
engenharia. Arquitetos e engenheiros não aprendem sobre ontologias nas suas
graduações, ao contrário de biblioteconomistas e analistas de dados e sistemas
informatizados. Desta forma, este trabalho levanta mais questões do que respostas e
41

é razoável sugerir que estudos mais aprofundados sobre o tema sejam realizados por
equipes multidisciplinares compostas por especialistas da construção civil,
biblioteconomia e tecnologia da informação.
Por último, destaca-se o fato de que mesmo passando por um período de
desenvolvimento, a política nacional de desenvolvimento do BIM não acompanha nem
o mercado nem a academia. A falta de um plano de metas para o estabelecimento de
diretrizes para a modelagem de informação para construção – como a demora para o
lançamento de uma norma nacional para objetos paramétricos – deixa um vazio de
gestão que é preenchido com improvisos e pode gerar prejuízo financeiro decorrente
de retrabalho. É provável que uma grande quantidade de empresas e instituições
brasileiras estejam pautando seus projetos e padrões em publicações com baixa
completitude, uma vez que muitas dessas empresas e instituições podem se apressar
para disponibilizar conteúdo BIM para manter-se na vanguarda de suas áreas de
atuação. Talvez seja este o momento adequado para a união das entidades
representativas do setor da AEC e do governo federal para o objetivo de acelerar a
padronização do BIM.
42

REFERÊNCIAS

ABDI. Guia 1 – Processo de Projeto BIM – Texto Consolidado, 24 abr. 2017.1.

ABDI. ABDI e MDIC encerram ciclo de debates sobre os Guias BIM. ABDI, 06 jul.
2017.2. Disponivel em:
<http://www.abdi.com.br/Paginas/noticia_detalhe.aspx?i=4198>. Acesso em: 23 set.
2017.

ABNT. NBR-ISO 12006-2: 2010 Construção de edificação – Organização de


informação da consrução Parte 2: Estrutura para classificação de informação. Rio de
Janeiro: ABNT, 2010.

AMORIM, S. R. L. D.; PEIXOTO, L. D. A. CDCON: classificação e terminologia para


a construção. Coletânea Habitare, v. 6, 2006. Disponivel em:
<http://www2.pelotas.ifsul.edu.br/~gpacc/BIM/referencias/ct_6_cap8.pdf>. Acesso
em: 21 fev. 20107.

AMORIM, S. R. L. D.; RABELO, P. F. R.; ANTUNES, G. An ontology development


based on the facets concept: the ONTOARQ Project, Niterói, 2007. Disponivel em:
<http://www.irbnet.de/daten/iconda/CIB7424.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2017.

ASBEA. Guia AsBEA Boas Práticas em BIM – Fascículo 1. [S.l.]: AsBEA, 2013.

BIMSTORE. bimstore bible (Version 15). [S.l.]: [s.n.], 2017. Disponivel em:
<https://storage.googleapis.com/bimstore-uploads/uk/uploads/software/bimstore-
bible-v15.pdf>. Acesso em: 10 Setembro 2017.

CAMBIAGHI, H. et al. Diretrizes gerais para intercambialidade de projetos CAD:


integração entre projetistas, construtoras e clientes. 1. ed. São Paulo: Pini, 2002.
Disponivel em:
<http://www.asbea.org.br/userfiles/manuais/7e942be1be1f79072a2cffe3f27a270a.pdf
>. Acesso em: 27 fev. 2017.

CBIC. Coletânea Implementação do BIM para Construtoras e Incorporadoras.


Brasília: Câmara Brasileira da Indústria da Construção, v. 1, 2016.

CHAUMIER, J. Indexação: Conceito, etapas e instrumentos. Revista Brasileira de


Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 21, n. 1/2, p. 164, jan-jun 1988.
ISSN 0100-0691.

CHECCUCCI, E. D. S.; PEREIRA, A. P. C.; AMORIM, A. L. Uma visão da difusão e


apropriação do paradigma BIM no BRASIL - TIC 2011. Gestão e Tecnologia de
Projetos, São Paulo, v. 8, n. 1, jan.-jun. 2013. 19-39.

CHENG, J. C. P.; LU, Q. A review of the efforts and roles of the public sector for BIM.
Journal of Information Technology in Construction (ITcon), v. 20, n. 27, out.
43

2015. Disponivel em: <http://itcon.org/papers/2015_27.content.01088.pdf>. Acesso


em: 20 set. 20107.

CORREA, F. R.; SANTOS, E. T. Ontologias na construção civil: Uma alternativa para


o problema de interoperabilidade com o uso do IFC. Gestão e Tecnologia de
Projetos, São Paulo, 9, n. 2, jul./dez 2014. 7-22.

EASTMAN, C. et al. Manual de BIM: um guia de modelagem da informação da


construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores.
Porto Alegre: Bookman, 2014. ISBN 978-85-8260-117-4.

GURSEL, I. et al. Contextual ontology support as external knowledge representation


for building information modeling. Joining Languages, Cultures and Visions:
CAADFutures, 2009. 487-500.

NARDELLI, E. S.; OLIVEIRA, J. T. BIM e Desempenho no Programa Minha Casa


Minha Vida - PMCMV. Blucher Design Proceedings, v. 1, Dezembro 2014. 312-
316. Disponivel em:
<http://pdf.blucher.com.br.s3.amazonaws.com/designproceedings/sigradi2013/0059.
pdf>. Acesso em: 18 fev. 2017.

NARDELLI, E. S.; TONSO, L. G. BIM – Barreiras institucionais para a sua


implantação no Brasil. Blucher Design Proceedings, v. 1, n. 8, Dezembro 20104.
408-411. Disponivel em:
<http://papers.cumincad.org/data/works/att/sigradi2014_292.content.pdf>. Acesso
em: 23 fev. 2017.

NBS. NBS BIM Object Standard. NBS National BIM library. Newcastle upon Tyne,
UK, p. 44p. 2014. Version 1.3/0616.

NIKNAM, M.; KARSHENAS, S. A shared ontology approach to semantic


representation of BIM data. Automation in Construction, n. 80, 2017. 22-36.
SANTOS, D. R.; AMORIM, S. R. L. Padronização de documentação de projeto:
Contrubuição para modelagem do processo de projeto de edificações. I Conferência
Latino-Americana de Construção Sustentável e X Encontro Nacional de Tecnologia
do Ambiente Construído. São Paulo: [s.n.]. 2004.

SANTOS, E. T.; NASCIMENTO, L. A. D. RECUPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO EM


SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL: O CASO DAS
EXTRANETS DE PROJETO. Seminário de Tecnologia de Informação e
Comunicação na Construção Civil. Curitiba: [s.n.]. 2002.

SAUVÉ, J. P. Definições de Frameworks. Projeto de Software Orientado a Objeto.


Disponivel em:
<http://www.dsc.ufcg.edu.br/~jacques/cursos/map/html/frame/deffw.htm>. Acesso
em: 16 dez. 2017.

SILVA, J. C. B.; AMORIM, S. R. L. A contribuição dos Sistemas de Classificação


para a tecnologia BIM: uma abordage teórica. ENCONTRO DE TECNOLOGIA DE
44

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO, v. 5, 2011. Disponivel em:


<https://goo.gl/J25BTh>. Acesso em: 21 fev. 2017.

VARGAS, R. V. Gerenciamento de Projetos: Estabelecendo diferenciais


competitivos. 8. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. ISBN 978-85-7452-774-1.

VIGNOLI, R. G.; SOUTO, D. V. B.; CERVANTES, B. M. N. Sistemas de organização


do conhecimento com foco em ontologias e taxonomias. Informação & Sociedade,
v. 23, n. 2, 2013. Disponivel em:
<http://periodicos.ufpb.br/index.php/ies/article/viewFile/15160/9685>. Acesso em: 17
set 2017.

ZHANG, J.; XING, Z. An IFC-based semantic framework to support BIM content


libraries. Proceedings of the 30th CIB W78 International Conference, Beijing,
China, 2013. Disponivel em:
<http://www.huzhenzhong.net/CIBW78Papers/html/files/7-3pdf/5.pdf>. Acesso em:
21 set. 2017.

Você também pode gostar