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Universidade Federal do Piauí

Centro de Educação Aberta e a Distância

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
E DO DESENVOLVIMENTO
INFANTIL II

Algeless Milka Pereira Meireles da Silva


Ronaldo Matos Albano
Paulo Henrique Paspardelli
Ministério da Educação - MEC
Universidade Aberta do Brasil - UAB
Universidade Federal do Piauí - UFPI
Universidade Aberta do Piauí - UAPI
Centro de Educação Aberta e a Distância - CEAD

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL II

Algeless Milka Pereira Meireles da Silva


Ronaldo Matos Albano
Paulo Henrique Paspardelli
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REVISÃO GRÁFICA: Profª. Iracildes Maria de Moura Fé Lima
Prof. Dr. João Renór Ferreira de Carvalho

S586p Silva, Algeless Milka Pereira Meireles da.


Psicologia da educação e do desenvolvimento infantil II / Algeless Milka
Pereira Meireles da Silva, Ronaldo Matos Albano, Paulo Henrique Paspardelli.
– Teresina : CEAD/EDUFPI, 2014.
120 p.

ISBN: 978-85-7463-789-1

1. Psicologia da Educação. 2. Educação a Distância. I. Albano, Ronaldo Matos.


II. Paspardelli, Paulo Henrique. III.Título.

CDD 370.15

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distribuição deste material.
SUMÁRIO

UNIDADE I 13

FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO

Vida e obra................................................................................................................ 13
Influências teóricas aos estudos de Skinner..............................................................16
Conceitos fundamentais............................................................................................ 19
Comportamento operante........................................................................................ 20
Reforço...................................................................................................................... 22
Modelagem do comportamento............................................................................... 24
A teoria de Skinner e a educação.............................................................................. 25

UNIDADE II 35

JEAN PIAGET: TEORIA PSICOGENÉTICA E EDUCAÇÃO


Vida e obra................................................................................................................ 35
Visão interacionista do desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem...................37
Estágios do desenvolvimento cognitivo....................................................................40
Construtivismo piagetiano e educação.....................................................................46

UNIDADE III 55

L. S. VYGOTSKY: ABORDAGEM SOCIOCULTURAL DO


DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
Vida e obra................................................................................................................ 55
Visão sociocultural do desenvolvimento e da aprendizagem....................................56
Atualidades na abordagem sociocultural: interatividade e mecanismos de influencia
educativa segundo César Coll.................................................................................... 62
Implicações às práticas educativas............................................................................ 64
Algumas reflexões sobre o sócio-construtivismo e a educação................................66

UNIDADE IV 75

Vida e obra................................................................................................................ 75
Conceitos fundamentais............................................................................................ 78
As teorias do aparelho psíquico................................................................................ 78
Conceitos de libido e de pulsão................................................................................. 82
Mecanismos de defesa.............................................................................................. 86
Teoria do desenvolvimento psicossexual..................................................................89
Psicanálise e educação: algumas reflexões...............................................................91
UNIDADE I
FREDERIC SKINNER: TEORIA
BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO
Resumo

Nesta unidade buscaremos evidenciar reflexões acerca dos conceitos


centrais da teoria behaviorista de Frederic Skinner e os desdobramentos
desta no âmbito educacional. Assim, a partir da sua vida e obra, abordaremos
conceitos importantes como o comportamento operante, os programas de
reforçamento bem como sua classificação e tipologia, perpassando pelos
procedimentos de extinção e punição, convergindo para a compreensão
da modelagem do comportamento que caracteriza a própria perspectiva de
aprendizagem desenvolvida por este autor. A fundamentação teórica desta
unidade se pauta em estudiosos da teoria behaviorista bem como em obras
do próprio autor.

Vida e obra

Burrhus Frederic Skinner (1904 - 1990)

Burrhus Frederic Skinner nasceu em


20 de março de 1904 em Susquehanna, na
Pensilvânia. Filho de Willian e Grace Skinner,
segundo seu próprio relato, seu ambiente
familiar da infância era estável e não lhe faltou
afeto. Era filho de um advogado e de uma dona
de casa.
Segundo Schultz e Schultz (2005)
quando criança e adolescente, gostava de Fonte: http://www.crystalinks.
construir coisas: trenós, carrinhos, jangadas, com/skinner.html
carrosséis, atiradeiras, modelos de aviões e até um canhão a vapor com
o qual atirava buchas de batata e cenoura nos telhados dos vizinhos.
Apresentava ainda um forte interesse pelo comportamento dos animais
vindo mais tarde a desenvolver inúmeros estudos com diversos animais.
Em sua adolescência, apresentou um período de comportamento
caracterizado pela revolta, a qual pode ser evidenciada num texto escrito

FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 11


por ele mesmo, a época em que estudava no Hamilton College de Nova
York:

Nunca me adaptei à vida de estudante. Ingressei numa


fraternidade acadêmica sem saber do que se tratava.
Não era bom nos esportes e sofria muito quando as
minhas canelas eram atingidas no hóquei sobre o gelo
ou quando melhores jogadores de basquete faziam
tabela na minha cabeça... Num artigo que escrevi no
final do meu ano de calouro, reclamei de que o colégio
me obrigava a cumprir exigências desnecessárias
(uma delas era a presença diária na capela) e que
quase nenhum interesse intelectual era demonstrado
pela maioria dos alunos. No seu último ano, eu era um
rebelde declarado (SKINNER, 1967, p. 392).

Skinner passa a desenvolver um interesse em escritas mais


científicas após as leituras sobre John B. Watson e Ivan Pavlov. Foi
estudar numa pós-graduação em Harvard na área da psicologia mesmo
sem nunca ter tido nenhum estudo nessa área. Doutorou-se três anos
mais tarde e após cursar vários pós-doutorados vai ministrar aulas na
Universidade de Minnesota retornando a Harvard em 1947. (SCHULTZ;
SCHULTZ, 2005)

John B. Watson (1878-1958) Ivan Pavlov (1849-1936)

Influenciado
pelas ideias de
Watson e Pavlov,
Skinner vai cada vez
mais ampliando os
seus estudos sobre
o comportamento
humano e sobre
os processos de
condicionamento.
Publica em 1938
Fonte: <http://www. sua primeira Fonte: <http://www.
damninteresting.com/doctor- haciendapub.com/articles/
watsons-phobia-factory> obra intitulada critique-psychologist-b-f-
Comportamento dos skinner%E2%80%99s-beyond-
freedom-and-dignity>
organismos, ainda fundamentado no conceito

12 UNIDADE I
de reflexo condicionado (desenvolvido por Pavlov e Watson) e amplia o
que vem a ser o conceito-chave do seu pensamento: o condicionamento
operante. (SILVA; AGUIAR, 2009).
No desenvolvimento dos seus estudos,
Skinner utiliza-se de pesquisas em que utiliza
o controle científico em inúmeras experiências
“com animais inferiores, principalmente ratos e
pombos, evoluindo para experiências realizadas
com seres humanos” (SILVA; AGUIAR, 2009, p.
48).

Skinner em um dos laboratórios de


pesquisa com animais

Skinner quando mais jovem


Fonte: <http://www.skeptically.
org/skinner/id5.html>

Skinner casou-se com


Yvonne Blue em 1936, com quem teve
dois filhos e dedicava-se também,
em boa parte do seu tempo às
atividades acadêmicas e de pesquisa
evidenciando o grande interesse por
Fonte: <http://psicoskinner.blogspot.com.
br/2011_03_01_archive.html
esse universo.

Skinner e suas filhas


Débora e Júlia

Skinner manteve-se produtivo


até as suas últimas horas de vida,
como nos evidencia Schultz e Schultz
(2005, p. 279):

Fonte: <http://psicoskinner.blogspot.com.
br/2011_03_01_archive.html>

FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 13


Aos setenta e oito anos, escreveu um artigo intitulado
“Auto-Administração Intelectual na Velhice”, citando
suas próprias experiências como estudo de caso
(Skinner, 1983a). Ele mostrava que é necessário que o
cérebro trabalhe menos horas a cada dia, com períodos
de descanso entre picos de esforço, para a pessoa lidar
com a memória que começa a falhar e com a redução
das capacidades intelectuais na velhice. Doente terminal
com leucemia, apresentou uma comunicação na
convenção de 1990 da APA, em Boston, apenas oito dias
antes de morrer; nela, atacava a psicologia cognitiva.
Na noite anterior à sua morte, estava trabalhando em
seu artigo final, “Pode a Psicologia ser uma Ciência da
Mente?” (Skinner, 1990), outra acusação ao movimento
cognitivo que estava suplantando sua definição de
psicologia. [Grifos dos autores]

Morreu aos 86 anos em 18 de agosto de 1990, em Cambridge,


Massachusetts, vítima de leucemia, como evidenciado acima, deixando uma
rica obra das quais podemos destacar: Ciência e comportamento humano
(1953), Tecnologia do ensino (1968), Para além
da liberdade e da dignidade (1971), Sobre o
behaviorismo (1974), Questões recentes na
análise comportamental (1989), dentre outras.
Suas ideias tiveram grande evidência no meio
científico bem como no universo educacional,
das quais discutiremos ao longo desta unidade
algumas das mais significativas da sua teoria.
“O que uma pessoa é, de fato, pode
significar o que seria se pudéssemos tê-la visto
antes de seu comportamento ter sido submetido
à ação de um meio ambiente”. (SKINNER, Fonte: <http://
wwwmdtbcomportamental.
1974, p. 130)
blogspot.com.br/>

Influências teóricas aos estudos de Skinner

As ideias de Skinner no campo da psicologia se desenvolveram


a partir de fortes influências sofridas por ele em relação aos estudos e
ideias de dois grandes teóricos do comportamentalismo: Ivan Pavlov e J.
B. Watson. Diante desta perspectiva, vamos evidenciar brevemente o eixo
sobre o qual estas ideias foram sendo construídas. Como nos evidenciam
Figueiredo e Santi (2010, p. 68):

14 UNIDADE I
Em completa oposição à psicologia de Titchener e em
relativa oposição ao funcionalismo – mas devendo a ele
alguns pressupostos básicos – surgiu, no começo do
século XX, um outro projeto de psicologia científica: o
comportamentalismo. Segundo esse projeto, elaborado
originalmente pelo psicólogo americano J. B. Watson
(1878-1958), o objeto da “psicologia” científica já não
é a mente (por isso o termo psicologia foi colocado
entre aspas). O objeto é o próprio comportamento e
suas interações com o ambiente. O método deve ser
o de qualquer ciência: observação e experimentação,
mas sempre envolvendo comportamentos publicamente
observáveis e evitando a auto-observação. [Grifos dos
autores]

Na tentativa de adquirir o status de ciência, a psicologia buscava,


dentre outras questões, a definição de um método que desse conta
de compreender o funcionamento psíquico do homem e, para tal, os
behavioristas elegeram o comportamento como objeto central desse
processo. Tecendo críticas especialmente ao método da auto-observação
desenvolvido por outras correntes/escolas psicológicas, vê na observação
e nos experimentos de laboratório o meio para atingir tal objetivo.
Concretamente, as bases do comportamentalismo se estruturam
em meio a esta perspectiva de um método objetivo. Vejamos uma síntese
dessas ideias iniciais:

O que Watson pretendia era estudar de forma mais


objetiva possível o comportamento, sendo este seu
objeto de estudo. Para tal, adotou como métodos a
observação com e sem o uso de instrumentos, o relato
verbal, o reflexo condicionado, os métodos de teste e
a experiência com animais. A observação era a base
dos outros métodos, além de ser também claramente
compreendida. [...] O método mais importante
naquele período, contudo, era o método do reflexo
condicionado, adotado dois anos após o inicio formal
do comportamentalismo. Este procedimento envolve o
comportamento reflexo ou respondente, definido como
toda e qualquer resposta involuntária frente a algum
estímulo do ambiente como, por exemplo, a contração
da pupila diante de uma luz forte e as lágrimas quando
cortamos uma cebola. Essas respostas independem
da aprendizagem, mas podem ser emitidas frente
a estímulos que anteriormente não as produziriam
(LUSTOSA, 2010, p. 22).

FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 15


Esta perspectiva de Watson sobre o comportamento humano foi
embasada nos estudos do cientista russo Ivan Pavlov, que desenvolveu o
conceito de reflexo condicionado.

Durante sua notável e produtiva carreira, Pavlov


trabalhou três temas de pesquisa. O primeiro se
relacionava com a função dos nervos cardíacos, e o
segundo, com as glândulas digestivas primárias. [...] Sua
terceira área de pesquisa, graças à qual ele ocupa um
lugar proeminente na história da psicologia, foi o estudo
dos centros nervosos superiores do cérebro. Dedicou-se
a esse trabalho com sua energia e determinação típicas,
de 1902 até morrer, em 1936. Em seu trabalho sobre
esse tópico, ele usou a técnica do condicionamento,
sua maior realização científica. [...] Seus primeiros
experimentos foram simples. Ele mostrava ao cão um
pedaço de pão que tinha nas mãos antes de dá-lo ao
animal para que comesse. Com o tempo, a salivação
começava assim que o cão via o pão. A resposta da
salivação, quando o pão era colocado na boca do animal,
era uma resposta reflexa natural do sistema digestivo;
não há necessidade de aprendizagem para que isso
ocorra. Pavlov denominou-a reflexo não condicionado
ou inato. Salivar diante da visão da comida não é,
contudo, um ato reflexo, mas uma resposta que tem de
ser aprendida. Pavlov denominou esta última de reflexo
condicionado (em vez de usar a expressão mentalista
reflexo psíquico), porque essa resposta dependia de
uma associação ou conexão entre a visão da comida
e sua subsequente ingestão, ou estava condicionada
a ela (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005, p. 226). [Grifos dos
autores]

Percebemos então que o conceito-chave de reflexo condicionado


para a corrente comportamentalista foi desenvolvido por Pavlov e embasou
a construção teórica de Watson na estruturação do método científico que
dará condições posteriores a Skinner desenvolver e ampliar sua teoria.
Watson passa a compreender e sugerir o método do reflexo
condicionado como principal método de pesquisa dos comportamentalistas
e com isso passa a ganhar evidência e inúmeros adeptos à sua perspectiva
em vários segmentos da sociedade da época. Segundo Schultz e
Schultz (2005, p. 254) “a agitação do público decorreu da proposta de
Watson de uma sociedade baseada no comportamento cientificamente
modelado e controlado, livre de mitos, costumes e convenções”. Os

16 UNIDADE I
autores evidenciam ainda que em parte essa esperança vinha da ênfase
do efeito do ambiente na determinação do comportamento e da negação
da influência de tendências instintivas ou herdadas. No que chamaram
de “surto de popularização da Psicologia” estes autores explicitam que
a psicologia já se tornava popular por volta dos anos vinte e delegam a
Watson a influência no contexto americano em função especialmente do
seu carisma, poder de persuasão e mensagem de esperança.

A carreira produtiva de Watson na psicologia durou


menos de vinte anos, mas afetou profundamente o
curso do desenvolvimento da ciência. [...] A contribuição
primordial de Watson foi a defesa de uma ciência do
comportamento totalmente objetiva. [...] Um simpósio
realizado na Universidade Furman, em Greenville,
Carolina do Sul (cujo laboratório de psicologia tem o
nome de Watson), atraiu psicólogos e outros estudiosos
de todos os Estados Unidos. Entre os palestrantes
esteve B. F. Skinner, cuja conferência teve como título
“O que J. B. Watson significou para mim”. (SCHULTZ;
SCHULTZ, 2005, p. 260). [Grifos dos autores]

No trecho citado acima percebemos, além da importante


contribuição de Watson para a psicologia, a dimensão deste teórico
também para Skinner, uma vez que, anos mais tarde, na citada palestra,
este demonstra a admiração e a referência teórica que Watson, bem
como Pavlov, tiveram na estruturação da sua teoria do comportamento.
Assim, mediante essa reflexão sobre as bases a partir das quais Skinner
desenvolveu seus estudos e ideias na psicologia do comportamento,
veremos a seguir alguns dos conceitos centrais de sua teoria.

Conceitos fundamentais

A teoria de Skinner traz em seu bojo uma série de conceitos que


tiveram uma enorme disseminação na psicologia, na sociedade da época
bem como na educação. Diante da explicitação sobre algumas ideias
de Pavlov e Watson que promoveram as reflexões e bases iniciais para
Skinner desenvolver seus estudos e teorias, faz-se necessário abordarmos
os conceitos centrais que fundamentam suas ideias. Diferentemente do
behaviorismo de Watson, o behaviorismo de Skinner,

[...] enfatizou as consequências agradáveis e


desagradáveis que seguem a produção de uma

FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 17


determinada conduta (condicionamento operante),
entendendo que as metas buscadas se relacionam não
só com a satisfação de necessidades instintivas, mas
também com a necessidade de aprovação, de afeto, de
diversão, etc. (COLL, 2004, p. 24).

Skinner, ao suceder Watson e suas ideias, passa a ser considerado


um dos mais importantes behavioristas por ter influenciado muitos
psicólogos americanos e por suas ideias terem se ampliado no contexto
da experimentação bem como da aprendizagem e, consequentemente,
do contexto educacional. Dentre os principais conceitos desenvolvidos
por ele, discutiremos sobre os seguintes: comportamento operante,
reforçamento (perpassando os conceitos também de extinção e de
punição) e modelagem do comportamento.

Comportamento operante

Ao desenvolver o conceito de comportamento operante,


Skinner tem como um dos elementos de parâmetro, o conceito de
comportamento respondente, amparado especialmente nos estudos
de Pavlov. O comportamento respondente, por sua vez, diz respeito à
discussão anteriormente apontada acerca de reflexo condicionado e
reflexo não condicionado de Pavlov. Diante destes, Skinner amplia o seu
entendimento em relação ao comportamento, desenvolvendo o conceito
de comportamento respondente, considerado como o conceito central da
sua teoria.
Schultz e Schultz (2005, p. 281) apontam sobre essa discussão
em relação

[...] a ênfase de Skinner no comportamento operante,


em oposição ao respondente. Na situação de
condicionamento pavloviana, um estímulo conhecido é
associado com uma resposta em condições de reforço.
A resposta comportamental é suscitada por um estímulo
observável específico; Skinner dava-lhe o nome de
comportamento respondente. O comportamento
operante ocorre sem nenhum estímulo externo
observável; a resposta do organismo é aparentemente
espontânea – no sentido de não estar relacionada
com a resposta, mas sim que não se detecta nenhum
estímulo quando da ocorrência da resposta. Do ponto
de vista dos experimentadores, não há estímulo porque

18 UNIDADE I
eles não aplicaram nenhum e não podem ver nenhum.
Outra diferença entre o comportamento respondente e
o operante é que o comportamento operante opera no
ambiente do organismo, ao passo que o respondente
não o faz. [Grifos dos autores]

Percebemos que o grande salto qualitativo que o conceito de


Skinner propôs foi exatamente eleger a condição ativa do organismo em
relação ao ambiente no exato processo da aprendizagem, não limitando a
ação/comportamento do organismo a uma consequência reflexa imediata
e involuntária a um determinado estímulo.
A aprendizagem se dá exatamente pela característica representativa
do comportamento operante nos organismos, especialmente, na vida
humana. A partir desta perspectiva “Skinner derivou sua lei de aquisição,
segundo a qual a força de um comportamento operante aumenta quando
ele é seguido pela apresentação de um estímulo de reforço” (SCHULTZ;
SCHULTZ, 2005, p. 282).
Em seus estudos, um importante instrumento que passou a
caracterizar e a ser bastante representativo da dimensão experimental do
condicionamento operante foi a caixa criada por ele em laboratório para
condicionamento de animais, especialmente ratos e pombos, a chamada
caixa de Skinner.

Ilustração da Caixa de Skinner

Auto-falante

Armazenador Luzes
de grãos sinalizadoras

Pedal

Tubo do
Armazenador

Fio até o
gerador de
Copo para comida Grade eletrificada choques

Fonte: <http://lounge.obviousmag.org/culturiar/2014/04/o-gato-de-schrodinger-e-o-rato-
de-skinner.html>

FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 19


O comportamento operante do rato na caixa de Skinner,
no entanto, serve de instrumento para garantir o estímulo
(o alimento). Quando pressiona a barra, o rato recebe
comida; ele não recebe nenhuma comida enquanto
não pressionar a barra e, assim, opera no ambiente.
(Skinner deplorou o termo caixa de Skinner, usado
pela primeira vez por Hull em 1933, como rótulo para
o seu aparato de condicionamento operante. O termo,
porém, tornou-se tão popular que está na maioria dos
dicionários e é de uso aceito em psicologia) (SCHULTZ;
SCHULTZ, 2005, p. 281). [Grifos do autor]

O uso dos experimentos em laboratório com a caixa de Skinner


tornou-se uma prática efetiva no desenvolvimento de estudos sobre o
comportamento ou condicionamento operante. Até hoje, os centros de
formação na área da Psicologia adotam, em sua maioria, os laboratórios
com caixas de Skinner a fim de estudar o processo de condicionamento
operante.

Skinner e seus seguidores fizeram muitas pesquisas


sobre problemas de aprendizagem, tais como o papel
da punição na aquisição de respostas, o efeito de
diferentes programas de reforço, a extinção da resposta
operante, o reforço secundário e a generalização. Ele
também trabalhou com outros animais e com sujeitos
humanos, usando a mesma abordagem básica da caixa
de Skinner. Com pombos, o comportamento operante
envolve bicar uma chave ou um ponto determinado;
o reforço é o alimento. No caso dos seres humanos,
o comportamento operante envolve a resolução
de problemas, reforçada pela aprovação verbal ou
pelo conhecimento de ter dado a resposta correta.
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2005, p. 282)

Skinner, portanto, foi ampliando o seu conceito de condicionamento


operante a fim de compreender e difundir suas ideias sobre o
comportamentalismo. Ganhou adeptos e também alguns críticos, porém,
teve sua contribuição reconhecida pela psicologia, especialmente, a
americana. Suas ideias, no entanto, foram disseminadas em vários países
e teve grande aceitação no universo educacional. Desenvolveu outros
conceitos para caracterizar o condicionamento operante, tais como:
reforço, perpassando os conceitos de extinção e de punição, e modelagem
do comportamento.

20 UNIDADE I
Reforço

De acordo com Silva e Aguiar (2009, p. 66) o termo reforço deriva de


reforçamento que, na perspectiva da teoria skinneriana pode ser definido
“como um mecanismo de fortalecimento de respostas a partir das suas
consequências, levando a aumentar a sua frequência, condicionando-as”.
Segundo as autoras, em devido o comportamento ser reforçado pelas
suas consequências, essas próprias consequências são denominadas de
reforço.

Skinner classifica os reforços em primários, aqueles que


se situam no âmbito das recompensas físicas diretas,
portanto incondicionados – comida, água e conato
sexual ou outros eventos de importância biológica; e
secundários, aqueles condicionados que, associando-
se aos primários, atuam como recompensas – dinheiro,
aprovação social e outros. Os reforços primários
possuem propriedades reforçadoras, enquanto os
secundários precisam de pareamento prévio com outros
reforçadores para adquirir seus efeitos, tornando-se,
assim, um reforçador generalizado (SILVA; AGUIAR,
2009, p. 66).

Nas palavras do próprio Skinner (1953, p. 81) reforço é


“qualquer estímulo que, quando apresentado, aumenta a frequência do
comportamento ao qual é contingente”. Quanto aos tipos de reforço, estes
podem ser positivos e negativos. Para facilitar a nossa compreensão, no
quadro abaixo apontaremos algumas definições dadas por estudiosos da
temática acerca destes dois conceitos:

REFORÇO POSITIVO REFORÇO NEGATIVO


“Todo evento que aumente a “Todo evento que aumenta a
probabilidade de repetição futura do probabilidade de emissão de uma
comportamento” (LUSTOSA, 2010, p. resposta que remova o estímulo ou
23) que o atenue”. (LUSTOSA, 2010, p.
23)
“É todo evento que aumenta a “É todo evento que aumenta a
probabilidade futura da resposta que o probabilidade futura da resposta que
produz” (BOCK et al, 2005, p. 50) o remove ou atenua” (BOCK et al,
2005, p. 50)

FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 21


“Consiste na apresentação de estímulos “Consiste na retirada de um estímulo
recompensadores (acrescenta-se aversivo da situação” (SILVA;
alguma coisa à situação)” (SILVA; AGUIAR, 2009, p. 67)
AGUIAR, 2009, p. 67)

Ditos de formas diferentes, os tipos de reforços muitas vezes causam


dificuldade de entendimento, porém tudo vai depender da perspectiva que
se tem de quem assumirá a “função” de estímulo e de quem assumirá
a “função” de comportamento/resposta, para que possamos caracterizar
um evento/comportamento, a partir do uso de reforçadores, como sendo
positivo ou negativo.
Para facilitar a nossa compreensão sobre esta questão ilustraremos
os referidos conceitos com os exemplos dados por Silva e Aguiar (2009, p.
67):

O reforço positivo consiste na apresentação de


estímulos recompensadores (acrescenta-se alguma
coisa à situação). Um exemplo seria: o aluno que for
recompensado com boas notas por estudar bastante
tenderá a repetir tal comportamento. O reforço negativo,
por sua vez, consiste na retirada de um estímulo aversivo
da situação. Como exemplo, temos o fato de uma
pessoa que sente alívio da dor de cabeça (retirada de
um estímulo aversivo) ao tomar determinado remédio.
A ação de tomar o remédio tenderá a se repetir sempre
que tiver dor de cabeça.

Estes conceitos são fundamentais na teoria de Skinner uma vez


que evidenciam o papel necessário do reforço no comportamento operante.
Para tanto, Skinner desenvolveu uma série de experiências para testar
diferentes índices e tempos de reforço. Neste processo ele categorizou
duas condições de programas de reforço: aquela em que o animal era
reforçado depois da passagem de um período fixo de tempo (programa
de reforço com intervalo fixo) e aquela em que o reforço é apresentado,
não pelo período fixo de tempo, mas mediante um número predeterminado
de respostas (programa de reforço de razão fixa). (SCHULTZ; SCHULTZ,
2005).
Associados a estes programas de reforço e de suas classificações,
outros dois conceitos perpassam esta temática na obra de Skinner, o
procedimento de extinção e o de punição. De acordo com Lustosa (2010)
o primeiro refere-se ao desejo de que um comportamento seja extinto e,

22 UNIDADE I
portanto, para que ocorra deve ser adotado um procedimento no qual o
comportamento deixe de ser reforçado. Já o segundo, a punição, refere-se
à remoção de um estímulo considerado positivo ou na apresentação de um
estímulo aversivo. Este último procedimento foi comprovado que não se
caracteriza como eficaz por contemplar apenas a ação e não a motivação
geradora do comportamento e, portanto, poderá reincidir posteriormente.
Ressaltamos ainda que apesar de estudar este procedimento, Skinner se
opõe ao uso da punição.

Modelagem do Comportamento

Ampliando as nossas reflexões sobre a teoria behaviorista de


Skinner mediante os conceitos já vistos até agora podemos compreender
o processo de modelagem do comportamento, que corresponde ao
comportamento aprendido pelo organismo/indivíduo como consequência
do comportamento/condicionamento operante. Nesta perspectiva, Skinner
vai consolidando a sua teoria da aprendizagem, a qual, para Silva e Aguiar
(2009, p. 71)

[...] é, pois, resultado de um processo de modelagem,


que tem como base o condicionamento operante. Este,
por sua vez, necessita do controle de estímulos, uma
vez que o número de respostas condicionadas pelo
organismo sem a presença de algum estímulo esterno
é mínimo. Nesse sentido, a aprendizagem não depende
exclusivamente do aprendente, da sua ação sobre o
meio ou da sua estrutura mental, mas das contingências
de reforço. Dadas às condições adequadas, todos os
seres aprendem.

Percebemos que o chamado processo de modelagem engendra


todas as “etapas” apontadas por Skinner no que vem a ser para ele
a constituição da aprendizagem em nível psicológico. Por meio do
comportamento operante, reflexo dos esquemas de reforçamento ou
extinção de comportamento, este vai sendo modelado, ou seja, vai
caracterizando a aprendizagem do organismo.
Para Schultz e Schultz (2005) a modelagem do comportamento
mediante o reforço positivo é uma técnica popular em fábricas, hospícios,
prisões, escolas, junto às crianças, no mundo dos negócios, dentre outros
espaços da sociedade, onde é usada para transformar comportamentos
indesejáveis em comportamentos mais aceitáveis e desejáveis. Em razão

FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 23


disso, teve muita abrangência e aceitação em alguns espaços, bem como
criticado veementemente por outros segmentos desta mesma sociedade.
Para alguns visto como um salvador, para outros um escravizador de
humanos, o certo é que a psicologia e a sociedade reconhece toda a
sua construção teórica e significativa no que tange a essa dimensão da
modelagem do comportamento, especialmente o humano.

A teoria de Skinner e a educação

Até aqui temos evidenciado os conceitos centrais da teoria


behaviorista de Skinner e os seus desdobramentos em vários espaços
da sociedade. Dentre estes, uma dimensão que, em consonância com
a própria consolidação da psicologia como ciência, foi utilizando e
articulando as ideias de Skinner foi a do universo educacional.
Além dos experimentos e instrumentais que perpassam o
comportamento operante, por meio do uso de reforçadores bem como da
modelagem de comportamento, a qual externa em si o próprio processo
de aprendizagem na perspectiva skinneriana, esta se mostra em trabalhos
direcionados pelo próprio Skinner voltados para o campo educacional
como os escritos e estudos feitos em relação aos métodos de ensino e às
máquinas de ensinar1.
De acordo com Lustosa (2010, p. 24),

O behaviorismo teve várias implicações para a


educação, tais como: a relevância do ambiente para
a compreensão do processo de ensino-aprendizagem;
o papel do reforço (elogios, prêmios e notas) na
aprendizagem, tornando realidade o planejamento
deste; a comprovação de que é possível mensurar
o comportamento humano e, consequentemente,
os fenômenos comportamentais, em especial, os
educacionais; a definição de aprendizagem como
modificação do comportamento. Além disso, a partir
das contribuições de Skinner, passou-se a estruturar o
assunto de forma sequenciada e com graus diferentes
de dificuldade, ou seja, do mais fácil para o mais difícil,
assim como se ressaltou a necessidade de delimitar
claramente os objetivos educacionais. É nesse período
também que a tecnologia passa a exercer importante
função como elemento motivador e de controle do
comportamento humano.
1
“Uma máquina de ensinar é simplesmente qualquer artefato que disponha de contingências de
reforço. Existem diferentes espécies de contingências e, portanto, existem muitas máquinas de
ensinar. Skinner inventou várias dessas máquinas” (SILVA; AGUIAR, 2009, p. 74).

24 UNIDADE I
Jovem utilizando uma máquina
de ensinar

Fonte: <http://pedagogiaonlinedaufc.blogspot.
com.br/2010/10/ambientes-virtuais-e-
aprendizagem-ava.html>

Máquina de ensinar ortografia e


aritmética

Toda essa construção por


meio do uso de instrumentos e ações
que possibilitam o desenvolvimento
da aprendizagem na perspectiva de
Skinner, são elementos que podem
direcionar inúmeras reflexões, inclusive Fonte: <http://www.uniriotec.
a dimensão crítica sobre as limitações br/~pimentel/disciplinas/ie2/infoeduc/
possíveis do método behaviorista no aprbehaviorismoskinner.html>
campo da educação. Ao mesmo tempo, percebemos que tal construção
teórica impulsionou e deu um caráter cientifico ao estudo de algumas
angustias e dilemas vivenciados pelos agentes educacionais acerca do
comportamento humano.
O comportamento operante, sobretudo o uso de reforçadores,
ganha evidencia e talvez se caracterize como o elemento central da
articulação behaviorismo e educação. Não apenas, ressaltamos, limitando
o processo educativo à dimensão técnica e objetiva que esta teoria
contempla, mas especialmente, criando as possibilidades de ampliar e
também de objetivar aquilo que se faz necessário no âmbito educativo.
Sobre essa questão, Silva e Aguiar (2009, p. 78) evidenciam:

Partindo da ideia de que somos sensíveis às


consequências de nossa ação, ou seja, que o nosso

FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 25


comportamento é regido por reforço, Skinner chama
a atenção para algumas questões que consideramos
pertinentes no que se remete à educação: primeiro, a
importância dos professores reforçarem positivamente os
alunos na sala de aula, de estarem sempre posicionando
retorno às suas produções e comportamentos como
forma de aumentar a probabilidade de sua ocorrência;
segundo, a inadequação dos métodos punitivos
predominantes no sistema educacional, que produzam
consequências emocionais (ansiedade, tensão, medo,
fuga, entre outros) incompatíveis com o aprender e com
o desenvolvimento de uma vida saudável; em terceiro a
ineficiência de um ensino de alta complexidade, gerador
de angústias, sacrifícios e penalidades, também
incompatíveis com o aprender. O aprender tem que
ser suave, prazeroso, agradável e gradual que tenha
sempre consequências reforçadoras positivas.

Diante destas reflexões, percebemos que os desdobramentos


no âmbito educacional das ideias de Skinner são intensos e bastante
significativos. Apesar de algumas críticas em torno de uma lógica
mecanicista do ensino, percebemos que ao lançarmos o olhar de forma
mais ampla, surgem inesgotáveis possibilidades atuais e urgentes que
podem ser iluminadas ou auxiliadas pela ótica behaviorista, sem que se
cometa nenhum equívoco ou reducionismo interpretativo.

É importante notar que a meta de Skinner era a


melhoria da vida das pessoas e da sociedade. Apesar
da natureza mecanicista do seu sistema, Skinner era
um humanitário, uma qualidade evidente em seus
esforços por modificar o comportamento nos ambientes
do mundo real – lares, escolas, fábricas e instituições
de saúde mental. Ele esperava que sua tecnologia do
comportamento aliviasse o sofrimento humano e sentia-
se cada vez mais frustrado com o fato de o seu sistema,
embora popular e influente, não estar sendo aplicado
mais amplamente. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005, p. 287)

A citação acima nos leva a pensar de que forma as contribuições


e os conceitos desenvolvidos por Skinner em sua teoria behaviorista
estão sendo aplicados e compreendidos, uma vez que, como percebemos
ao longo desta discussão, consolidou caminhos objetivos em relação a
algumas dimensões do psiquismo humano, em especial, a aprendizagem.
Tal contribuição, muitas vezes equivocadamente interpretada, tende a
reduzir o seu significado bem como limita as possibilidades de compreensão

26 UNIDADE I
acerca da teoria skinneriana. Os reflexos da teoria behaviorista não só
contribuíram para a emancipação da psicologia enquanto ciência, mas
para discussões e ações efetivas necessárias e profundas no âmbito da
educação e suas práticas, se fazendo presente até hoje na complexidade
deste universo educacional.

LINKS SUGERIDOS

• Link 1: <http://www.bfskinner.org/>

Este link corresponde ao site da Fundação Skinner originalmente


em inglês mas que apresenta a opção de tradução para o português e
dá acesso a consultas de livros, arquivos de áudio, vídeo e fotos sobre
Skinner e sua teoria comportamentalista.

• Link 2: <http://www.nasonline.org/publications/biographical-memoirs/
memoir-pdfs/skinner-b-f.pdf>

O link acima corresponde ao acesso em formato pdf de uma


biografia de Skinner em inglês, pela Academia de Ciências e verificada
pelo próprio Skinner em vida. Para acesso a informações específicas e de
fonte segura sobre o referido autor.

• Link 3: <http://www.youtube.com/watch?v=vmRmBgKQq20&feature=
youtu.be>

O link acima refere-se a um vídeo onde Skinner fala sobre as


máquinas de ensinar, importante instrumento desenvolvido e pesquisado
em sua teoria, quando esta fez articulação mais direta com a educação.

• Link 4: <www.psicoloucos.com\skinner>

O link acima refere-se ao acesso a outros links que apontam


textos ou consolidados de ideias da teoria skinneriana que podem auxiliar
na compreensão desta teoria.

FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 27


Alguns links relacionados que podem ser encontrados são:

• O destino do behaviorismo
• Skinner – o behaviorismo de Skinner
• Texto original extraído de Science and Human Behavior (1953), de
F. B. Skinner;
• A modificação do comportamento, dentre outros.

28 UNIDADE I
FILMES SUGERIDOS

“O show de Truman” - A imagem abaixo, a sinopse


em inglês e mais informações a respeito do filme
podem ser encontradas através do link:

<http://www.imdb.com/media/rm2845748224/
tt0120382?ref_=tt_ov_i#>

Truman é um jovem que vive sua vida em uma


cidade cenográfica totalmente controlada por uma
produtora de TV desde bebê até a sua idade atual e é
assistido por várias gerações que acompanham o seu
desenvolvimento e onde tem grande popularidade na
audiência televisiva. Porém o único que não sabe que
FICHA TÉCNICA: participa de um reality show e que sua vida “real” é
fruto de um cenário de tv é o próprio Truman. O filme
Direção: Peter Weir nos permite articular com alguns conceitos da teoria
Elenco: Jim Carrey, Ed Harris, skinneriana como a modelagem de comportamento e
Laura Linney; o uso de reforçadores.
Ano de Produção: 1998

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FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 29


“Laranja mecânica” - A imagem abaixo, a sinopse
em inglês e mais informações a respeito do filme
podem ser encontradas através do link:

< http://www.imdb.com/title/tt0066921/?ref_=fn_al_
tt_2>

O filme relata a história de Alex, que lidera uma


gangue de delinquentes envolvidos com roubos,
mortes e estupros. Quando este é preso pela polícia
é convidado a participar de um programa que pode
reduzir o seu tempo de prisão. Neste programa ele
se transforma em uma espécie de cobaia de uma
FICHA TÉCNICA: série de experimentos que objetivam diminuir os
impulsos destrutivos dos seres humanos. No filme
Direção: Stanley Kubrick podemos articular a dimensão experimental e de
Elenco: Stanley Kubrick, pesquisa de controle do psiquismo e modelagem de
Anthony Burgess; comportamento desenvolvida na teoria de Skinner.
Ano de Produção: 1971

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30 UNIDADE I
“Cão de briga” - A imagem abaixo, a sinopse
em inglês e mais informações a respeito do filme
podem ser encontradas através do link:

<http://www.imdb.com/title/tt0342258/?ref_=fn_al_
tt_1>

O filme relata a história de Danny um garoto órfão


que foi “adestrado” e treinado como um cão de briga
e portando desenvolveu um comportamento diferente
das crianças do seu contexto. Vive com hábitos
típicos do animal e desconhece outras experiências FICHA TÉCNICA:
tipicamente humanas que não seja a de lutar. Podemos
perceber claramente o processo de condicionamento Direção: Louis Leterrier
e da modelagem do comportamento, conceitos Elenco: Jet Li, Bob Hoskins,
centrais da teoria skinneriana. Morgan Freeman;
Ano de Produção: 2005

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FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 31


EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. De forma sucinta faça uma síntese da caracterização do contexto


pessoal e profissional de Skinner, especialmente as suas habilidades
e o encontro com o universo da psicologia.
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2. De acordo com o texto, quais as principais influencias sofridas por


Skinner em relação às ideias de Ivan Pavlov?
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3. De acordo com o texto, que ideias de J. B. Watson despertou o


interesse de Skinner e o influenciou na construção dos seus estudos?
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4. Diferencie os conceitos de reflexo condicionado e reflexo não


condicionado de Ivan Pavlov.
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32 UNIDADE I
5. Baseado nas leituras realizadas o que vem a ser o comportamento
operante, conceito central da obra skinneriana?
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6. Caracterize a chamada “caixa de Skinner” e qual a sua aplicabilidade


e objetivos?
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7. Na teoria de Skinner como este define o reforço? Diferencie o reforço


positivo do reforço negativo.
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8. Qual a diferença estabelecida por Skinner entre o programa de reforço


com intervalo fixo e o programa de reforço de razão fixa?
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FREDERIC SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA E EDUCAÇÃO 33


9. Na perspectiva de Skinner, diferencie os conceitos de extinção e
punição.
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10. Caracterize o processo chamado por Skinner de modelagem de


comportamento e evidencie quais as relações deste processo com o
contexto educacional.
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34 UNIDADE I

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