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Análise crítica 02 - O Perigo de uma História Única

Duração: 2:30

Na palestra “O Perigo de uma História Única”, Chimamanda Adichie, escritora nigeriana,


conta sobre sua relação com a literatura desde a infância, onde começou a questionar o
porquê de não reconhecer sua realidade nos personagens que eram loiras de olhos claros e
que viviam em climas frios, assim indagando por que o que lia era tão diferente do que vivia
em sua vida. Logo começou a busca por escrever histórias que trouxessem a autenticidade
de seu povo, que diferente do que sempre foi retratado sobre sua pobreza e situação
precária, também era um país com muitos pontos positivos e características únicas. Nesta
palestra, podemos perceber o quanto os países considerados de “primeiro mundo”,
distorcem a visão de seus habitantes sobre os outros países. Destacando em como uma
única história pode distorcer a realidade e reforçar desigualdades, muitas vezes através da
mídia havendo manipulação dos acontecimentos, ocasionando uma visão distorcida. As
informações divulgadas possuem um histórico tendencioso permeado por preconceitos
estabelecidos pelo colonialismo que persiste até os dias atuais, classificando países
menores como inferiores para se morar e visitar utilizando alguns aspectos negativos do
local de modo a estereotipa-los nessa posição, tratando displicentemente toda a
complexidade que os acarreta, como se a cultura daquele povo se resumisse as
vulnerabilidades que apresentam em comparação com as grandes potências corroborando
com a crença de que não possuem qualidades que oferecessem grande impacto para o
mundo. Consequentemente, a população fica alienada quanto a isso e a maioria das
pessoas não busca conhecer para além da mídia popular, repassando inverdades em
massa. Os países que estão localizados no continente africano têm um grande histórico de
pobreza visto os imensos abusos que foram impostos durante toda a sua história. O objetivo
é informar e ensinar pessoas sobre a quebra de paradigmas e estereótipos ante
conhecimentos previamente tidos como verdade. Questões contemporâneas de identidade,
como o colonialismo e poder são grandemente abordados no documentário, isto faz com
que os espectadores questionem suas narrativas estereotipadas, e a buscar uma
compreensão mais ampla e inclusiva do mundo ao seu redor. A autora reproduz ideias
preconceituosas que permeiam seu ambiente cotidiano. Ao perceber que o irmão de Fide
seria incapaz de criar um cesto tão belo por “simplesmente ser pobre”, evidenciando como o
contexto social molda nossas percepções e comportamentos. Este episódio ilustra a
influência do ambiente sobre nossas atitudes. Em outra ocasião, ela relata que uma colega
presumiu sua incompetência na utilização do fogão, refletindo uma discriminação similar
àquela direcionada ao irmão de Fide. Há também o equívoco comum entre pessoas de fora
da Nigéria de que seus habitantes não apreciam literatura ou cultura. No entanto,
Chimamanda desmente essa noção ao destacar a proliferação de escritores e o interesse
generalizado pela literatura dentro da sociedade nigeriana. Além disso, ela faz uma crítica
social ao limitado acesso a livros em seu país, questionando como as crianças podem ser
incentivadas à leitura se os livros não estão disponíveis de forma acessível para todos.
Chimamanda viveu em um contexto governamental extremamente vulnerável, onde havia
momentos sangrentos por conta de guerras e conflitos. Portanto, em seu país, é comum e
observável que diversas famílias vivam em situações de vulnerabilidade. Contudo, a
escritora não gosta de ser conhecida apenas por coisas negativas, pelo estereótipo ao povo
da Nigéria, fazendo assim eles serem conhecidos por apenas uma história: a de guerra,
pobreza e destruição. E sim como uma população que carrega uma grande história, povos e
uma rica cultura. Por fim, Chimamanda alerta em seu discurso o perigo da história única, ou

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seja, definir algo pelo senso comum ou pelas informações transmitidas pelas grandes
mídias. Este mal categoriza, discrimina e retira a singularidade do outro, colocando um
grupo em uma caixa de preconceitos e estereótipos; apagando, muitas vezes, o “humano”
do “ser humano”. A escritora finaliza a palestra dizendo sobre a importância da quebra de
padrões quando falamos sobre o outro e que quando essa quebra acontece, chegamos ao
“paraíso”, isso significa que, quando o olhar para o outro se vê focado apenas em seu
próprio ser, conseguimos enxergar o mundo com mais autenticidade.

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