1) O documento analisa o TED Talk "O perigo de uma história única" da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e como a falta de referências culturais nacionais em sua infância a afetou.
2) O documentário "Babies" mostra a vida de bebês de diferentes culturas e como comportamentos biológicos se manifestam de forma culturalmente distinta em cada localidade.
3) Embora culturas sejam únicas, existem semelhanças nos comportamentos humanos básicos e nas relações entre mães e
1) O documento analisa o TED Talk "O perigo de uma história única" da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e como a falta de referências culturais nacionais em sua infância a afetou.
2) O documentário "Babies" mostra a vida de bebês de diferentes culturas e como comportamentos biológicos se manifestam de forma culturalmente distinta em cada localidade.
3) Embora culturas sejam únicas, existem semelhanças nos comportamentos humanos básicos e nas relações entre mães e
1) O documento analisa o TED Talk "O perigo de uma história única" da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e como a falta de referências culturais nacionais em sua infância a afetou.
2) O documentário "Babies" mostra a vida de bebês de diferentes culturas e como comportamentos biológicos se manifestam de forma culturalmente distinta em cada localidade.
3) Embora culturas sejam únicas, existem semelhanças nos comportamentos humanos básicos e nas relações entre mães e
Nicholas Gabriel Moura Bongiolo - 222049056 - Estudos de Mídia
Avaliação disciplina “Comunicação e Cultura” - Docente: Marildo Jose
Chimamanda N. Adichie: O perigo de uma história única
Chimamanda Ngozi Adichie é uma expoente escritora nigeriana reconhecida e premiada globalmente por seus livros e textos de ficção e não-ficção, que apresentam uma perspectiva de mundo a partir de uma mulher africana. Além disso, a escritora é prestigiada por seu ativismo social pelos direitos das mulheres e por seus textos que manifestam a importância do feminismo para a libertação da mulher e do homem contemporâneos. Dessa vez, analiso “O perigo de uma história única”, que fala sobre o peso de estereótipos e preconceitos sobre diferentes grupos sociais. Além de ser uma das palestras mais acessadas do programa “TED talk”, apresentada por Chimamanda em 2009 e se encontrando com mais de 30 milhões de visualizações nos dias de hoje. Na conferência, a nigeriana conta a história de como sua vida foi conectada com a literatura desde muito cedo quando tinha apenas quatro anos até depois de crescida quando teve a oportunidade de estudar comunicação e ciência política nos Estados Unidos pela Universidade de Drexel, na Filadélfia. Porém, no seu discurso, a autora também narra as dificuldades vividas no seu crescimento como escritora e leitora de um dos países considerados “periféricos”. Um relato muito tocante de Chimamanda fala como a falta de acessibilidade de autores e livros nacionais naquela época moldou seu senso de pertencimento com o prevalecimento de uma cultura importada que era pouco correlativa com a sua própria realidade. Quando diz que retratava pessoas e costumes da cultura branca européia ao escrever suas próprias histórias ainda na infância, a escritora expõe um caso delicado de endoculturação enfatizado por Roque de Barros Laraia no livro “Cultura: um conceito antropológico”, no qual o autor diz “Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado.”. É possível relacionar o caso de Chimamanda com o conceito falado por Laraia, pois, por ser criada apenas com referências midiáticas estrangeiras, a escritora se encontrou num paradoxo onde sua noção de neutralidade e normalidade era a partir de signos, hábitos e comportamentos predominantemente europeus porque era o que lia nos livros ingleses que tinha acesso e por isso reproduzia nas sua próprias produções literárias essas mesmas características, mesmo que tivesse pouca relação com sua vivência como criança nigeriana de classe média daquele período. Tal caso exemplifica como a falta de referências midiáticas culturais nacionais pode alterar o modo que um povo olha para a sua própria cultura. Outras duas ocorrências que devem ser vistas com maus olhos são o comportamento da colega de quarto de Chimamanda na faculdade e de seu antigo professor, que entraram em choque ao tomarem conhecimento de que a vivência de Chimamanda como nigeriana de classe média era mais parecida com a vida deles próprios do que com aquela construída pela grande mídia ocidental dos países africanos como sinônimos de “guerras, doenças e miséria”. Mais chocante ainda foi o modo de que o seu professor universitário na época julgou sua escrita por não parecer com sua visão pré-concebida da vida nigeriana. Esse caso é um exemplo do discurso que Claude Levi-Strauss apresenta no livro “Raça e Cultura”: A atitude mais antiga e que repousa, sem dúvida, sobre fundamentos psicológicos sólidos, pois que tende a reaparecer em cada um de nós quando somos colocados numa situação inesperada, consiste em repudiar pura e simplesmente as formas culturais, morais, religiosas, sociais e estéticas mais afastadas daquelas com que nos identificamos. Ao olhar sobre uma cultura julgada como completamente diferente da sua sem uma perspectiva de relativismo cultural, o professor cometeu um erro de determinar social e geograficamente diversas populações sob uma visão preconceituosa e etnocêntrica. Só de ficar incrédulo por uma cultura julgada como “inferior” ser parecida com a sua própria, o docente deslegitima e descredibiliza a escrita de Chimamanda por supostamente não retratar a realidade africana de forma verossímil. Isso legitima o discurso de Levi-Strauss que diz que o indivíduo olha por um olhar negativo culturas diferentes da sua porque é inconcebível que uma cultura estrangeira e “subdesenvolvida” seja tão parecida com aquela vista como referência de desenvolvimento social. A conferência ainda é fechada com chave de ouro quando Chimamanda discursa sobre a construção de estereótipos “A questão não é que estereótipos são errados e mentirosos, mas que são incompletos”. Isso porque na construção de estereótipos de um povo numa mídia cinematográfica, por exemplo, se coloca algums características da vivência de alguns grupos sociais de um povo e as apresentam como determinações sobre diferentes pessoas de uma mesma cultura. Por isso afirmo: uma cultura não se constrói com regras e determinações arbitrárias, mas sim a partir nuances, diversidade, contextos sociais, históricos e geográficos e exceções que fazem parte de contextos minoritários, mas que ainda afetam a cultura majoritária devido a volatilidade e plasticidade do ser humano.
Documentário Babies de Thomas Balmès
O longa-metragem documentário Bebês (Babies em Inglês ou Bébés em Francês) dirigido pelo francês Thomas Balmès retrata a vida desde o nascimento até o primeiro ano de vida de quatro bebês de regiões e culturas completamente diferentes, são eles: Ponijao, Mari, Bayar e Hattie da Namíbia, Japão, Mongólia e Estados Unidos respectivamente. Ao filmar os comportamentos das crianças, das famílias e dos ambientes em que vivem, o cineasta faz uma comparação de vivências completamente diferentes entre si, mas que possuem algumas semelhanças, até cômicas em algumas cenas, que se diferem apenas pela forma que eram executadas pelas pessoas de diferentes nacionalidades. Como já dizia o antropólogo alemão Franz Uri Boas no livro “Antropologia Cultural”: Muito do nosso comportamento social é automático. Uma parcela pode ser instintiva, isto é, organicamente determinada, mas a maior parte está baseada em respostas condicionadas, isto é, determinadas por situações tão persistentes e que nos foram incutidas desde tão cedo, que não estamos mais conscientes da natureza do comportamento. Isto é, o ser humano, em geral, possui necessidades comuns que são realizadas por todas as culturas sem exceção. O ato de tomar banho/se limpar, por exemplo, seja ele no rio ou no chuveio elétrico, é praticado (ou deveria) por todos da espécie humana, mas que devido a diversos fatores, acaba se tornando uma característica cultural e não apenas biológica. Não só por questões de conforto ou higiene, mas também por uma questão de saúde. Nesse quesito, o documentário faz um ótimo paralelo entre os costumes das quatro crianças sem privilegiar uma em detrimento de outra ou julgá-las como inferior ou superior. Ao filmar a forma que cada responsável lavava a sua criança, o cineasta comprova essa fala de Franz Boas em que existem comportamentos intrínsecos à espécie humana, mas que se modificam de cultura em cultura conforme as possibilidades de cada locação. Outro exemplo são as relações que cada bebê possui com o mundo exterior orgânico e inorgânico. Em outros termos, as quatro crianças possuem relações com objetos materiais inanimados, sejam eles móveis, pedras ou etc, e as quatro possuem dinâmicas com esses tipos de matérias: curiosidade ou entretenimento, basicamente. Desde o Ponijao que analisava e brincava com pedras, areia e terra no interior da Namibia, até a Mari que fazia o mesmo, dessa vez com cadeiras, celulares e brinquedos na capital Japonesa. Pode-se fazer esse paralelo até mesmo da relação delas com seus animais, como a Hattie que interagia com seu gato de formas parecidas que Bayar interagia com os diversos animais de sua convivência. Uma questão bastante pertinente que fica explícito no longa e que também aparece no discurso de Lévi-Strauss é a temporalidade e a localidade de cada cultura mostrada e como esses dois quesitos são tão importantes para percebermos as diferenças e as semelhanças óbvias. Isto é, mesmo sendo quatro culturas contemporâneas entre si, as localidades e os fatores geográficos se diferem tanto que o que diferencia e o que se assemelha de uma vivência para outra fica ainda mais marcante. Seria inconcebível o Ponijao da Namíbia de clima tropical usar as mesmas vestimentas que o Bayar usa na Mongolia de clima mais ameno, e vice-versa. Por outro lado, a relação de carinho, dependência e afeto dos bebês com as suas mães é uma semelhança que fica muito evidente, pois é algo que não muda mesmo com todas essas diferenças citadas anteriormente. A Mari, que vive no Japão, possui uma relação de simbiose muito específica com a sua mãe, mas que também se assemelha com a relação de Hattie e sua mãe, que vivem nos EUA, que também é paralelo com a relação de Ponijao e Bayar e suas respectivas progenitores. Essas relações mãe e filha/filho se tornam ainda mais poderosas quando notamos que ela permanece firme e forte mesmo contextos geográficos, culturais e sociais tão diferentes.