Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Entrega de Trabalho
Entrega de Trabalho
FACULDADE DE LETRAS
Mestrado em História
1º Semestre 20223/2024
30 de Novembro de 2023
A fonte que estamos a tratar é um manuscrito escrito por Felipe Guaman Poma de
Ayala, chama-se El Primer Nueva Coronica y Buen Gobierno. Embora a sua origem
seja peruana, atualmente pode encontrar-se na Biblioteca Real de Dinamarca e desde
2001 no site web da biblioteca1, onde fizeram modificações para poder organizar
melhor a crónica porque há errores por parte do autor porque, depois de terminar de
escrever, decidiu aderir umas páginas mais entre alguns capítulos2. Este manuscrito
autógrafo trata-se de uma carta dirigida ao rei Felipe III de Espanha, composto por
desenhos e textos relatados onde este indígena tenta de abordar vários assuntos que ele
acha de muita importância para que o destinatário poda conhecer melhor a situação de
esses momentos do vice-reino3.
Uma das perguntas mais complicadas de responder é como nasceu esta obra. Entre elas,
um estudo feito por Rolena Adorno sugeria que podo ser produto de um litígio judicial
ao que Guaman Poma enfrentou-se contra um grupo de índios, os chachapoyas, por
umas terras da propriedade da família do autor que foram roubadas por estos índios.
Como resultado, ele perdeu e foi condenado ao desterro de Huamanga em 1600, data
onde a investigadora acha que foi o momento da criação da carta ao rei, como denúncia
da corrupção dos funcionários do vice-reino peruano4. No entanto, há uma crença geral
de que a data de finalização podo estar entre 1615 e 1616, como diz uma carta do
1
Rolena Adorno, “Guaman Poma and his ilustrated chronicle from colonial Peru: from a century of
scholarship to a new era of reading/ Guaman Poma y su crónica ilustrada del Perú colonial: un siglo de
investigaciones hacia una nueva era de la lectura.” S.F. em El sitio de Guaman Poma / The Guaman
Poma Website. Un Centro digital de investigación de la Biblioteca Real de Dinamarca, Copenhague/A
Digital Research Center of the Royal Library, Copenhagen, Denmark. http://wayback-
01.kb.dk/wayback/20101108104655/http:/www2.kb.dk/elib/mss/poma/presentation/index.htm
2
Rolena Adorno, “Un testigo de sí mismo. La integridad del manuscrito autógrafo de El primer Nueva
Corónica y buen gobierno de Felipe Guaman Poma de Ayala (1615/1616).” S.F. em El sitio de Guaman
Poma / The Guaman Poma Website. Un Centro digital de investigación de la Biblioteca Real de
Dinamarca, Copenhague/A Digital Research Center of the Royal Library, Copenhagen, Denmark.
http://wayback-
01.kb.dk/wayback/20101108105524/http://www2.kb.dk/elib/mss/poma/docs/adorno/2002/testigo.htm
3
Rolena Adorno, “Waman Puma: el autor y su obra”, em Felipe Guamán Poma de Ayala. Nueva crónica
y buen gobierno. Tomo A, edited by John V. Murra, Rolena Adorno e Jorge L. Urioste (Madrid: Historia
16, 1987), 17-47.
4
Rocío Quispe-Agnoli, “Enigmas de la Nueva Corónica y buen gobierno de Guamán Poma de Ayala,”
Lienzo, n 042 (2021): 90-101. https://doi.org/10.26439/lienzo.2021.n042.5361
mesmo autor fechada em 16135. Além disso, no início do capítulo “Camina el autor”,
pode-se ver os números 160, mas falta um dígito. Esto pode explicar-se porque Guaman
Poma tentou de terminar a crónica antes de 1610, mas não conseguiu (Galen Brokaw,
“Texto y contexto en la Nueva corónica y buen gobierno de Felipe Guaman Poma de
Ayala”).
Como indica o cronista, esta obra foi reatada no vice-reino do Perú às finales do séc.
XV e inícios do XVII. No entanto, em estos últimos anos surgiram dúvidas sobre se este
é o verdadeiro autor o não. Esta crencia aumentou com o a publicação de um estudo
acerca de Historia et Rudimenta, escrita por Blas Valera e outros jesuítas onde
afirmavam ser os autores e que Guaman Poma só foi a pessoa que deu seu nome a
cambio de uma carruagem com cavalo6.
Apesar disso, não podemos negar a existência de marcas de uso, como por exemplo, o
uso da tinta em alguns parágrafos, onde pode ver-se o troco e recarga da tinta7. Também
os errores que o autor cometeu quando tentava de quadrar o texto dentro dos desenhos e
se olhamos a sua encadernação, a investigadora Rolena Adorno sinala quatro
modificações em os 400 anos que a crónica tem.
Algumas destas alterações puderam ser bem investigadas por os anos que a crónica
estive perdida. Investigações realizadas desde o descobrimento da obra na Real
Biblioteca de Dinamarca em 1908 fazem esforços por explicar como chegou e onde
estive tudo esse tempo8.
5
Galen Brokaw, “Texto y contexto en la Nueva corónica y buen gobierno de Felipe Guaman Poma de
Ayala”. Letras (Lima) 91, n133 (Jan-Jun 2020): 57-80. http://dx.doi.org/10.30920/letras.91.133.3
6
Laura Laurencich-Minelli, “Historia et Rudiementa Linguae Piruanorum ¿un estorbo o un
acontecimiento?” Anthropological 16, n16 (1998): 349-367.
https://doi.org/10.18800/anthropologica.199801.015
7
Rolena Adorno, “Un testigo de sí mismo. La integridad del manuscrito autógrafo de El primer Nueva
Corónica y buen gobierno de Felipe Guaman Poma de Ayala (1615/1616).” S.F. em El sitio de Guaman
Poma / The Guaman Poma Website. Un Centro digital de investigación de la Biblioteca Real de
Dinamarca, Copenhague/A Digital Research Center of the Royal Library, Copenhagen, Denmark.
http://wayback-
01.kb.dk/wayback/20101108105524/http://www2.kb.dk/elib/mss/poma/docs/adorno/2002/testigo.htm
8
Rolena Adorno. “Waman Puma: el autor y su obra”, em Felipe Guamán Poma de Ayala. Nueva crónica
y buen gobierno. Tomo A, editado por John V. Murra, Rolena Adorno e Jorge L. Urioste, 17-47. Madrid:
Historia 16, 1987.
El Primer Nueva Corónica y Buen Gobierno está composta por 1179 páginas, das quais
398 são desenhos, os quais podiam ter inspiração de Martín de Murúa9. Formado por
duas partes, “Nueva Corónica” e “Buen Gobierno” em 26 cuadernillos e folhas
adicionais de papeis doblados duas vezes10, pode-se diferenciar quatro subtemas dentro:
sociedade indígena pré-hispânica, a sua história e governo, conquista espanhola e a
administração colonial, o calendário andino e as suas atividades interligadas entre sí e
um perfil das cidades do Perú colonial e conselhos para reformar a administração
colonial11. É importante o uso não só do espanhol, mas também termos em quíchua e
aymara12, embora há alguns que não tenta de traduzir ao castelhano.
A intenção que o autor tinha quando escrever sobre a história pré-hispânica era a de
estabelecer uma ligação entre as passagens do Antigo Testamento para justificar que os
índios também eram cristianos13. Com estas premissas, o autor pedia, além de denunciar
a situação que muitos indígenas viviam com as encomendas, que embora em essos anos
já não estava em vigor, havia ainda zonas onde estavam sometidos. No entanto, o autor
comenta acontecimentos que não ocurreram assim. Um exemplo pode ser quando, num
capítulo comenta quando as suas terras foram roubadas e seu direito de ter, mas segundo
a lei que ele avoga, isso não funcionava assim14. Também, Guamán Poma troca a
9
Paulina Numhauser, “¿Quién fue el autor de la Primer Nueva Coronica y Buen Gobierno? Emblemas,
símbolos y retórica en una curiosa obra jesuita del siglo XVII”. Anales del Museo de América, n 27
(2019): 204-231.
10
Rolena Adorno, “Un testigo de sí mismo. La integridad del manuscrito autógrafo de El primer Nueva
Corónica y buen gobierno de Felipe Guaman Poma de Ayala (1615/1616).” S.F. em El sitio de Guaman
Poma / The Guaman Poma Website. Un Centro digital de investigación de la Biblioteca Real de
Dinamarca, Copenhague/A Digital Research Center of the Royal Library, Copenhagen, Denmark.
http://wayback-
01.kb.dk/wayback/20101108105524/http://www2.kb.dk/elib/mss/poma/docs/adorno/2002/testigo.htm
11
John V. Murra, “Una visión indígena del mundo andino”, em Felipe Guamán Poma de Ayala. Nueva
crónica y buen gobierno. Tomo A, editado por John V. Murra, Rolena Adorno e Jorge L. Urioste (Madrid:
Historia 16, 1987), 49-63.
12
Rocío Quispe-Agnoli, “Enigmas de la Nueva Corónica y buen gobierno de Guamán Poma de Ayala,”
Lienzo, n 042 (2021): 90-101. https://doi.org/10.26439/lienzo.2021.n042.5361
13
González Díaz, Soledad, “Guaman Poma y el repertorio anónimo (1554): una nueva fuente para las
edades del mundo en la Nueva Corónica y Buen Gobierno”. Chungara. Revista de Antropología Chilena
44, n3 (Set 2012): 377-388. http://dx.doi.org/10.4067/S0717-73562012000300002
14
José Carlos de la Puente Luna, “Cuando el «punto de vista nativo» no es el punto de vista de los
nativos: Felipe Guaman Poma de Ayala y la apropiación de tierras en el Perú colonial” Bulletin de
história para ligar a sua família com os Yarovilcas, que estiveram em Perú antes dos
incas15.
Escolhi esta fonte de estudo porque não era a primeira vez que estudava a Guaman
Poma e achava interessante para a historiografia peruana seus aportes e conhecimentos
da sociedade do vice-reino. Como muitos investigadores sinalam, é uma obra
fundamental para compreender o ponto de vista das gentes que aí moravam e a suas
tradições, assim como conhecer muitas das situações que eles sofriam, sobre tudo se
estamos a falar das malas práticas na administração colonial e os abusos por parte de
15
Rolena Adorno, “Waman Puma: el autor y su obra”, em Felipe Guamán Poma de Ayala. Nueva crónica
y buen gobierno. Tomo A, edited by John V. Murra, Rolena Adorno e Jorge L. Urioste (Madrid: Historia
16, 1987), 17-47
16
Paulina Numhauser, “Documentos Miccinelli; un estado de la cuestión”, em Per Bocca d'altri. Indios,
gesuiti e spagnoli in due documenti segreti sul Peru del XVII secolo, editado por Laura Laurencich-
Minelli et al., (2007): 45-74.
17
González Díaz, Soledad, “Guaman Poma y el repertorio anónimo (1554): una nueva fuente para las
edades del mundo en la Nueva Corónica y Buen Gobierno”. Chungara. Revista de Antropología Chilena
44, n3 (Set 2012): 377-388. http://dx.doi.org/10.4067/S0717-73562012000300002
algumas partes do clero hacia as mulheres, em especial as índias, mas não só era
questão de raça, também de situação económica, lugar onde elas moravam, etc18.
Referências bibliográficas
Adorno, Rolena. “Guaman Poma and his ilustrated chronicle from colonial Peru: from a
century of scholarship to a new era of reading/ Guaman Poma y su crónica ilustrada del
Perú colonial: un siglo de investigaciones hacia una nueva era de la lectura.” S.F. em
El sitio de Guaman Poma / The Guaman Poma Website. Un Centro digital de
investigación de la Biblioteca Real de Dinamarca, Copenhague/A Digital Research
Center of the Royal Library, Copenhagen, Denmark. http://wayback-
01.kb.dk/wayback/20101108104655/http:/www2.kb.dk/elib/mss/poma/presentation/inde
x.htm
18
Pilar Pérez Cantó. “Warmin, mestizas y criollas en la obra de Guaman Poma de Ayala.”
Representación, construcción e interpretación de la imagen visual de las mujeres: coloquio Internacional
de la AEIHM (2003): 257-272.
de la Puente Luna, José Carlos, “Cuando el «punto de vista nativo» no es el punto de
vista de los nativos: Felipe Guaman Poma de Ayala y la apropiación de tierras en el Perú
colonial” Bulletin de l’Institut français d’études andines (BIFEA) 37, n1 (outubro
2008): 123-149. https://doi.org/10.4000/bifea.3357
González Díaz, Soledad, “Guaman Poma y el repertorio anónimo (1554): una nueva
fuente para las edades del mundo en la Nueva Corónica y Buen Gobierno”. Chungara.
Revista de Antropología Chilena 44, n3 (Set 2012): 377-388.
http://dx.doi.org/10.4067/S0717-73562012000300002
John V. Murra, “Una visión indígena del mundo andino”, em Felipe Guamán Poma de
Ayala. Nueva crónica y buen gobierno. Tomo A, editado por John V. Murra, Rolena
Adorno e Jorge L. Urioste, 49-63. Madrid: Historia 16, 1987.
Jorge L. Urioste, “Los textos quechuas en la obra de Waman Puma”, em Felipe Guamán
Poma de Ayala. Nueva crónica y buen gobierno. Tomo A, editado por John V. Murra,
Rolena Adorno e Jorge L. Urioste, 65-77. Madrid: Historia 16, 1987.
Pilar Pérez Cantó. “Warmin, mestizas y criollas en la obra de Guaman Poma de Ayala.”
Representación, construcción e interpretación de la imagen visual de las mujeres:
coloquio Internacional de la AEIHM (2003): 257-272.
Rolena Adorno, “Waman Puma: el autor y su obra”, em Felipe Guamán Poma de Ayala.
Nueva crónica y buen gobierno. Tomo A, edited by John V. Murra, Rolena Adorno e
Jorge L. Urioste, 17-47. Madrid: Historia 16, 1987.