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PONTA GROSSA
2013
Paisagem e as diferentes abordagens geográficas.
Já na Geografia Critica, a paisagem não apareceu muito nas teorias e artigos daquela
época, e o conceito de espaço continua como conceito-chave. Mas andando paralela a
Geografia Critica, a Geografia Humanista e Cultural andou revalorizando o conceito de
paisagem e região, mostrando que paisagem e região são conceitos que se interligam
entre eles, complementando e explicando.
No nosso cotidiano estamos sempre lidando com uma forma de perceber paisagem,
no modo mais comum de compreensão, que seria do recorte da natureza voltado ao
belo, como por exemplo: uma praia, a vista de mirante, natureza, etc..
No dicionário temos duas acepções do que seria paisagem: a primeira como espaço
de terreno que se abrange num lance de vista, e a segunda como pintura, gravura ou
desenho, tendo nesses dois casos o sentido da visão como o mais explorado para
pensar em paisagem.
Baseado nisso, Vitte cita dois pintores que expressaram o que seria paisagem para
eles, que seria Leonardo da Vinci partindo da paisagem como uma forma de conexão
entre os elementos do mundo, de uma forma quase que perfeita. E Rembrandt
explicando que o espaço de paisagem seria constituído como um jogo de
luminosidade e cores produzindo uma perspectiva cosmológica do espaço.
Segundo Vitte, Kant nos fala sobre a percepção da realidade como uma percepção
mais voltada a estética, onde nos faria pensar nas diferenças entre o bom, o belo e o
agradável, quase que como uma percepção comum, porem com um pensamento
geográfico. Já Goethe nos fala sobre uma nova visão do mundo, que seria um mundo
vivo, dinâmico e sem homogeneidade linear, de uma analise mais artística.
Influenciado por Kant e Goethe, Humboldt cria uma teoria mais complexa, onde
agrega ideias dos outros dois pensadores, que teria a forma como um elemento
integrador na paisagem em si, criando assim o conceito de paisagem geográfica.
Nessa época também teríamos duas formas de analisar a configuração de mundo, que
seria a Geografia Fisica, ligada mais a Natureza e tendo como defensores Humboldt,
Dokuchaev, Passarge, Berg etc.. e também uma analise da paisagem a partir da
biologia.E uma outra ligada mais a Geografia Humana, em que não se levava muito
em consideração o elemento da Natureza.
Na década de 60, Victor Sotchava realizou trabalhos com ênfase nas interações entre
os componentes, com uma abordagem mais sistemática e destacando a necessidade
da Geografia Física de analisar o meio natural incluindo as modificações antrópicas,
desse modo a paisagem foi considerada uma formação sistêmica composta por 5
atributos fundamentais: estrutura, funcionamento, dinâmica, evolução e informação.
Ainda nessa mesma época, a geografia era composta por 2 ramos bem diferentes, a
Geografia Física com duas vertentes, sendo que uma estudava componentes naturais
isolados e outra que estudava paisagem como totalidades parciais, esquecendo a
interação com a sociedade. Já a Geografia Econômica e Humana, ela esquecia da
natureza como base dos comportamentos sociais, e nessa época essas duas visões
de concepção eram bem visíveis e fáceis de distingui-las.
Nos anos 70, Bertrand classificava as paisagens naturais em seis níveis espaço-
temporais: zona, domínio, região, geossistema, geofácies e geótopos. Nos anos 80, foi
criada a abordagem da Ecologia das Paisagens, recriando a paisagem como
expressão social dos ecossistemas, e nessa mesma época, a Geografia Física das
paisagens começou a ser chamada de Ecogeografia ou Geoecologia, desenvolvida
principalmente pela escola de Jean Tricart.