Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

ALISSON FERNANDO FERREIRA DA SILVA

Artigo: Paisagem e as diferentes abordagens geográficas.

Trabalho acadêmico apresentado a disciplina


de Introdução a Ciência Geográfica, do curso
de Bacharelado em Geografia da
Universidade Estadual de Ponta Grossa-
Paraná, como requisito parcial de avaliação.
Professora: Ana Paula Ferreira Alves.

PONTA GROSSA

2013
Paisagem e as diferentes abordagens geográficas.

Monique Cristine de Britto

Cássia de Castro Martins Ferreira

Segundo Corrêa, na Geografia Tradicional o conceito de paisagem que incluía região


natural e região paisagem, juntamente com o conceito de região, era muito
privilegiado. Porem, na Geografia Teorética – Quantitativa esse conceito de paisagem
foi reduzido, dando o lugar de conceito-chave ao conceito de espaço, pois essa
geografia estava sendo muito influenciada pelos modelos matemáticos, e recebeu
muita influencia da física.

Já na Geografia Critica, a paisagem não apareceu muito nas teorias e artigos daquela
época, e o conceito de espaço continua como conceito-chave. Mas andando paralela a
Geografia Critica, a Geografia Humanista e Cultural andou revalorizando o conceito de
paisagem e região, mostrando que paisagem e região são conceitos que se interligam
entre eles, complementando e explicando.

De uma forma geral, é possível perceber vários conceitos e diferentes formas de se


pensar em paisagem:

No nosso cotidiano estamos sempre lidando com uma forma de perceber paisagem,
no modo mais comum de compreensão, que seria do recorte da natureza voltado ao
belo, como por exemplo: uma praia, a vista de mirante, natureza, etc..

Já no senso mais cientifico, geográfico, a paisagem é vista de varias outras formas,


agregando a ela valores e significados, formas e culturas, etc..

No dicionário temos duas acepções do que seria paisagem: a primeira como espaço
de terreno que se abrange num lance de vista, e a segunda como pintura, gravura ou
desenho, tendo nesses dois casos o sentido da visão como o mais explorado para
pensar em paisagem.

Baseado nisso, Vitte cita dois pintores que expressaram o que seria paisagem para
eles, que seria Leonardo da Vinci partindo da paisagem como uma forma de conexão
entre os elementos do mundo, de uma forma quase que perfeita. E Rembrandt
explicando que o espaço de paisagem seria constituído como um jogo de
luminosidade e cores produzindo uma perspectiva cosmológica do espaço.

Essas representações de paisagem deram origem a duas concepções metafísicas do


mundo, uma, defendida pelos italianos da escola Neoplatonica, de que o olho envia luz
para fazer as coisas visíveis, e outra, defendida pelos holandeses, de que o olho
deveria percorrer o mundo, não por fora, mais pelo meio dele. Essas concepções
juntamente com os avanços tecnológicos nos deram o telescópio e o microscópio que
contribuíram para a maximização do desenho, nos dando a ideia de que a visão de
ver, pintar e desenhar nos traria mais próximo da realidade.

Essa representação da paisagem no ocidente transformou-a em fenômeno social, que


deu varias discussões sobre trabalhar apenas com o sentido da visão, que reduziria a
nossa percepção e observação, e assim surgindo novas ideias sobre paisagem, nas
mãos de Kant, Goethe e Von Humboldt, grandes pensadores da época.

Segundo Vitte, Kant nos fala sobre a percepção da realidade como uma percepção
mais voltada a estética, onde nos faria pensar nas diferenças entre o bom, o belo e o
agradável, quase que como uma percepção comum, porem com um pensamento
geográfico. Já Goethe nos fala sobre uma nova visão do mundo, que seria um mundo
vivo, dinâmico e sem homogeneidade linear, de uma analise mais artística.

Influenciado por Kant e Goethe, Humboldt cria uma teoria mais complexa, onde
agrega ideias dos outros dois pensadores, que teria a forma como um elemento
integrador na paisagem em si, criando assim o conceito de paisagem geográfica.

Nessa época também teríamos duas formas de analisar a configuração de mundo, que
seria a Geografia Fisica, ligada mais a Natureza e tendo como defensores Humboldt,
Dokuchaev, Passarge, Berg etc.. e também uma analise da paisagem a partir da
biologia.E uma outra ligada mais a Geografia Humana, em que não se levava muito
em consideração o elemento da Natureza.

Na década de 60, Victor Sotchava realizou trabalhos com ênfase nas interações entre
os componentes, com uma abordagem mais sistemática e destacando a necessidade
da Geografia Física de analisar o meio natural incluindo as modificações antrópicas,
desse modo a paisagem foi considerada uma formação sistêmica composta por 5
atributos fundamentais: estrutura, funcionamento, dinâmica, evolução e informação.

Ainda nessa mesma época, a geografia era composta por 2 ramos bem diferentes, a
Geografia Física com duas vertentes, sendo que uma estudava componentes naturais
isolados e outra que estudava paisagem como totalidades parciais, esquecendo a
interação com a sociedade. Já a Geografia Econômica e Humana, ela esquecia da
natureza como base dos comportamentos sociais, e nessa época essas duas visões
de concepção eram bem visíveis e fáceis de distingui-las.

Nos anos 70, Bertrand classificava as paisagens naturais em seis níveis espaço-
temporais: zona, domínio, região, geossistema, geofácies e geótopos. Nos anos 80, foi
criada a abordagem da Ecologia das Paisagens, recriando a paisagem como
expressão social dos ecossistemas, e nessa mesma época, a Geografia Física das
paisagens começou a ser chamada de Ecogeografia ou Geoecologia, desenvolvida
principalmente pela escola de Jean Tricart.

Tricart determinou as paisagens em si por meio de três grandes tipos de meios


morfodinâmicos: meios estáveis, considerados como o auge da paisagem, meios
intergrades, sendo como se fosse a parte de transição da paisagem, e meios instáveis,
considerado o inicio de um recorte de paisagem.

Atualmente Bertrand apresentou um método de analise da paisagem, que busca reunir


os principais pontos das metodologias abordadas anteriormente.

Você também pode gostar