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Direito Administrativo II

ATENÇÃO: FLORESTAS PÚBLICAS

Lei n.º 11.284/2006 - Art. 3o Para os fins do


disposto nesta Lei, consideram-se:
I - florestas públicas: florestas, naturais ou
plantadas, localizadas nos diversos biomas
brasileiros, em bens sob o domínio da União, dos
Estados, dos Municípios, do Distrito Federal ou
das entidades da administração indireta;

- bens de pessoas jurídicas de direito privado vinculados à


DIREITO ADMINISTRATIVO II
execução de um serviço público.

PROFESSOR: Leonardo Medeiros Júnior 2. CLASSIFICAÇÃO

ROTEIRO DE AULA 01 2.1. QUANTO A TITULARIDADE - quanto a titularidade,


os bens públicos classificam-se em federais, estaduais,
1. DOMÍNIO PÚBLICO E DOMÍNIO EMINENTE distritais e municipais.

Antes de falar sobre bens públicos, é de bom alvitre 2.2. QUANTO A DESTINAÇÃO – considerando o objetivo
tecermos alguns comentários sobre domínio público e a que se destinam, os bens públicos classificam-se em
domínio eminente. bens de uso comum do povo, bens de uso especial e bens
dominicais.
O termo domínio público é noção mais abrangente que
propriedade, pois aí se incluem os bens que não são do Código Civil Art. 99. São bens públicos:
Poder Público. I - os de uso comum do povo, tais como rios,
mares, estradas, ruas e praças;
É o poder de dominação ou de regulamentação que o II - os de uso especial, tais como edifícios ou
Estado exerce sobre os bens do seu patrimônio (bens terrenos destinados a serviço ou estabelecimento
públicos), ou sobre os bens do patrimônio privado – bens da administração federal, estadual, territorial ou
particulares de interesse público – ou sobre as coisas municipal, inclusive os de suas autarquias;
inapropriáveis individualmente, mas de fruição geral da III - os dominicais, que constituem o patrimônio
coletividade. das pessoas jurídicas de direito público, como
objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma
Precisamos compreender, ainda, que temos de um lado o dessas entidades.
Parágrafo único - Não dispondo a lei em contrário,
poder político, superior a tudo, chamado domínio
consideram-se dominicais os bens pertencentes às
eminente, que autoriza as limitações impostas pelo
pessoas jurídicas de direito público a que se
Estado ao exercício de direitos em todo território tenha dado estrutura de direito privado.
nacional, e, de outro lado, um poder sobre os bens de
que é proprietário ou simples administrador, conhecido
2.2.1. BENS DE USO COMUM DO POVO - são aqueles
como domínio patrimonial, exercido sobre os bens
que têm por destinação a utilização pela população em
públicos.
geral. O uso, evidentemente, está sujeito à
regulamentação pelo Poder Público, e eventualmente
2. BENS PÚBLICOS
poderá até mesmo ser oneroso. O essencial, para
caracterizar tais bens, é sua destinação à coletividade em
geral.
Código Civil. Art. 98. São públicos os bens do
domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os JURISPRUDÊNCIA:
outros são particulares, seja qual for a pessoa a
que pertencerem. ADMINISTRATIVO E CIVIL. AÇÃO POSSESSÓRIA. TERRENO
DE MARINHA. OCUPAÇÃO PRECÁRIA. RETENÇÃO POR
BENFEITORIAS. INADMISSIBILIDADE. SUPREMACIA DO
- pessoas jurídicas de direito público interno? INTERESSE PÚBLICO.
1. Tratam os autos de Ação de Manutenção de Posse ajuizada por
CAMPING MATINHOS LTDA contra a UNIÃO FEDERAL
Código Civil. Art. 41. São pessoas jurídicas de
direito público interno: objetivando a proteção de área situada no Município de Matinhos,
litoral do Estado do Paraná, em face de justo receio de turbação.
I - a União; Alegou o autor exercer a posse na área localizada em terreno de
II - os Estados, o Distrito Federal e os marinha há mais de cinco anos, onde realiza suas atividades
Territórios; comerciais (camping), recolhendo impostos e taxas pertinentes,
III - os Municípios; além de haver edificado diversas benfeitorias. Tendo ocorrido em
IV – as autarquias, inclusive as associações 06/05/2001 o fenômeno denominado “ressaca marítima”, foi-lhe
públicas; exigida pela União a imediata desocupação do imóvel pelo perigo
V - as demais entidades de caráter público decorrente de sua localização. Em primeiro grau, julgou-se
criadas por lei. improcedente o pedido. O TRF/4ª Região negou provimento à
apelação, concluindo pela não-configuração de cerceamento de
defesa e pela constatação de irregularidade da ocupação, não
Bens públicos são aqueles que estão disciplinados por um vislumbrando posse justa nem de boa-fé, sendo defeso ao
regime jurídico diferenciado, exorbitante do direito ocupante alegar retenção pelas benfeitorias. O recurso especial é
comum, marcado essencialmente por quatro fundamentado na alínea “a” do permissivo constitucional
características: inalienabilidade (ou alienabilidade apontando vulneração dos arts. 535, II, CPC, 516 do CC e 6º da
condicionada), imprescritibilidade, impenhorabilidade e Lei 9.363/98, defendendo a anulação do aresto ante a constatação
não-onerabilidade. de omissões; sua reforma, por ser inaplicável o art. 6º da Lei
9.363/98; ser possuidor de boa-fé, devendo ser reconhecido seu
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direito à indenização pelas benfeitorias conforme o teor do art. uma finalidade pública, conclui-se que houve violação do art. 14 da
516 do CC. Em contra-razões, a recorrida aduz que o acórdão Lei 8.025/90, impondo-se a rescisão do julgado (AR 698/DF, 1ª
merece manutenção, se ultrapassada a questão de ser matéria Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 16.5.2005).
fática a deduzida, o que atrairia a Súmula 07/STJ. 5. Por outro lado, quanto ao imóvel cuja venda foi determinada em
2. A posse do ocupante não se sobrepõe juridicamente ao favor da demandada VALDA EUSTÁQUIA CARDOSO DE SOUZA,
domínio da União sobre imóvel. Tendo em vista a ocupação se situado na SHCES Q. 1.303, bloco C, do Cruzeiro Novo, não
revestir de caráter precário, não sendo justa nem se sustentando prospera a pretensão da União, haja vista que não se constata de
em boa-fé, estando exercida sobre bem público (terreno de que forma teria havido violação literal dos dispositivos apontados
marinha), assim reconhecida pelo próprio recorrente, não lhe (arts. 1º, § 2º, I, e 14, da Lei 8.025/90, 8º, parágrafo único, do
sobejam direitos sobre o imóvel ou à indenização pelas Decreto-Lei 1.390/75, e 142, § 1º, da Constituição Federal). O que
benfeitorias que realizou. se observa, na realidade, é que o art. 1º, § 2º, I, da Lei 8.025/90,
3. Os terrenos de marinha, discriminados pelo Serviço de citado pela demandante, excluiu expressamente dos bens
Patrimônio da União com base em legislação específica, só alienáveis os imóveis residenciais administrados pelas Forças
podem ser descaracterizados pelo particular por meio de ação Armadas, destinados à ocupação por militares, não mencionando
judicial própria. nada a respeito dos imóveis ocupados por servidores civis. Assim,
4. A ocupação de área de uso comum do povo por um a Terceira Seção desta Corte, interpretando a norma, acolheu o
particular configura ato lesivo à coletividade e, mesmo se pedido da então autora no mandado de segurança, entendendo
concedida pela União, poderia ser revogada pela possibilidade de venda dos imóveis por eles ocupados,
discricionariamente. O interesse público tem supremacia considerando que não se incluíam entre aqueles cuja alienação
sobre o privado, pois visa à proteção da comunidade, da havia sido vedada pela referida Lei 8.025/90.
propriedade do Estado, do meio ambiente e, no presente 6. Também não prospera a alegação de que o Poder Judiciário não
caso, da própria integridade física do recorrente. poderia determinar a venda de imóveis funcionais, sob o
5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, argumento de que há apenas uma autorização para sua alienação,
improvido. não existindo norma imperativa nesse sentido. Isso porque o Poder
(STJ. REsp 635980 / PR. Primeira Turma. Relator Ministro JOSÉ Executivo, ao editar o Decreto 99.266/90, que regulamentou a Lei
DELGADO. DJ. 03.08.2004) 8.025/90, consignou de modo inequívoco a sua vontade de
proceder à alienação dos bens em comento, não havendo falar,
2.2.2. BENS DE USO ESPECIAL - são aqueles após o advento do citado decreto, em juízo de conveniência e
destinados à execução das atividades administrativas e à oportunidade das autoridades administrativas (STF, RMS
prestação dos serviços públicos em geral. Segundo a 21.778/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de
Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, bens de uso 23.9.1994).
especial “são todas as coisas, móveis ou imóveis, 7. Pedido julgado parcialmente procedente para rescindir o julgado
corpóreas ou incorpóreas, utilizadas pela Administração no que se refere aos imóveis pertencentes ao complexo do
Hospital das Forças Armadas.
Pública para realização de suas atividades e consecução
(STJ. AR 1157 / DF. Primeira Seção. Relatora Ministra DENISE
de seus fins”.
ARRUDA. DJ. 24.10.2007)
JURISPRUDÊNCIA:
2.2.3. BENS DOMINICAIS - são aqueles que não estão
AÇÃO RESCISÓRIA. IMÓVEIS FUNCIONAIS SITUADOS NA sendo utilizados pela coletividade em geral ou para a
ÁREA INTERNA DO HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS. prestação de serviços públicos. São bens utilizados pelo
BENS DE USO ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE Estado, basicamente, para a obtenção de recursos
DE ALIENAÇÃO. VIOLAÇÃO LITERAL DO ART. 14 DA LEI financeiros.
8.025/90. IMÓVEL SITUADO NA QUADRA 1.303 DO CRUZEIRO
NOVO. VENDA DETERMINADA A SERVIDORA CIVIL. LEI 3. CARACTERÍSTICAS
8.025/90. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DE LITERAL
DISPOSIÇÃO DE LEI. PEDIDO JULGADO PARCIALMENTE 3.1. INALIENABILIDADE - significa que tais bens,
PROCEDENTE. enquanto afetos à sua destinação específica (coletividade
1. Nos termos do art. 485, V, do CPC, a sentença de mérito ou serviços administrativos), não podem ser alienados pelo
transitada em julgado pode ser rescindida quando violar literal Poder Público. Alguns autores denominam tal característica
disposição de lei, considerando-se ocorrida essa hipótese no de alienabilidade relativa ou condicionada, já que, se
momento em que o magistrado, ao decidir a controvérsia, não perderem tal destinação, os bens de uso comum e de uso
observa regra expressa que seria aplicável ao caso concreto. especial podem ser alienados.
2. Na hipótese dos autos, a Terceira Seção desta Corte concedeu
a segurança pleiteada pelas ora demandadas, determinando a
alienação de imóveis situados no Setor Residencial Interno do Código Civil. Art. 100. Os bens públicos de uso
Hospital das Forças Armadas, bem como de um imóvel situado na comum do povo e os de uso especial são
Quadra 1.303 do Cruzeiro Novo, todos ocupados por servidoras inalienáveis, enquanto conservarem a sua
civis. qualificação, na forma que a lei determinar.
3. Assiste razão à União quanto aos imóveis situados na área Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser
interna do Hospital das Forças Armadas. Isso porque, conforme alienados, observadas as exigências da lei
se afere no documento de fl. 158, os referidos imóveis constituem
benfeitorias do hospital, sendo parte integrante deste, que é bem
público de uso especial, ou seja, afetado a uma finalidade pública, Atenção: Os bens dominicais são alienáveis, pois não estão
de modo que, ao se determinar a venda desses bens, acabou-se sendo utilizados em alguma finalidade especial.
por criar uma autorização não-prevista na Lei 8.025/90. Ressalte-
se que somente é possível a transferência de domínio de 3.2. IMPRESCRITIBILIDADE - significa que os bens
bens imóveis pertencentes ao Poder Público quando se tratar públicos (e aqui incluídos os dominiais) não podem ser
de bens dominicais. Tanto os bens de uso especial - como se adquiridos por usucapião. Seja qual for o tempo em que o
classificam os bens mencionados - quanto os de uso comum particular fique na posse de um bem público, jamais terá
do povo são inalienáveis enquanto conservarem essa direito a adquirir sua propriedade.
destinação. Em outras palavras, não há como determinar a
venda dos imóveis em comento enquanto forem parte CF/1988 – Art. 183.
integrante do Hospital das Forças Armadas, ou seja, § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos
enquanto constituírem bens afetados a uma finalidade por usucapião.
pública.
4. Tendo sido determinada a venda de imóveis que integram o
complexo do Hospital das Forças Armadas, ou seja, destinados a
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3.3. IMPENHORABILIDADE - significa que os bens privado.


públicos não podem ser objeto de penhora, pois as b) Atos administrativos, atos da administração e atos de
dívidas do Estado devem ser pagas por meio de gestão administrativa são expressões sinônimas.
precatórios c) O exercício de cargo público em caráter efetivo é
conditio sine quae non para prática do ato administrativo.
3.4. NÃO-ONERABILIDADE – significa que o bem d) Mesmo nos casos em que o administrador público
público não pode ser dado como garantia das dívidas do contrata com o particular em igualdade de condições, está
Estado. caracterizado o ato administrativo, pois a administração
pública está sendo representada por seu agente.
4. EXERCÍCIOS:
Roteiro de aula elaborado com base nos livros:
(ESAF. Procurador do Distrito Federal/2004) - Marque a
assertiva correta. ALEXANDRINO, Marcelo e PAULO, Vicente. Direito
a) Consideram-se bens públicos apenas aqueles que Administrativo Descomplicado. Rio de Janeiro: Editora
podem ser utilizados livremente Impetus, 2007.
pelo público em geral.
b) Os bens públicos de uso especial são inalienáveis e não CARVALHO FILHO, José dos Santos. Direito Administrativo.
podem ser adquiridos por 18. ed. Rio de Janeiro: Ed. Lúmen Júris, 2007.
usucapião.
c) A venda de bens dominicais depende de autorização MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. Volume 1. 3ª
legislativa específica. edição. Salvador: Editora Juspodivm, 2007.
d) Todos os bens públicos são inalienáveis.
e) A alienação de bens de uso especial depende de Atualizado em 10 de fevereiro de 2008.
autorização passada por decreto
executivo.

4.1. EXAME DE ORDEM 2007.3

Considere a seguinte situação hipotética para responder à


questão 01. O diretor-geral de determinado órgão público
federal exarou despacho concessivo de aposentadoria a
um servidor em cuja contagem do tempo de serviço fora
utilizada certidão de tempo de contribuição do INSS,
falsificada pelo próprio beneficiário. Descoberta a fraude
alguns meses mais tarde, a referida autoridade tornou
sem efeito o ato de aposentadoria.

01. (CESPE. OAB/RN 2007.3) Na situação hipotética


considerada, o princípio administrativo aplicável ao ato
que tornou sem efeito o ato de aposentadoria praticado é
o da
a) autotutela.
b) indisponibilidade dos bens públicos.
c) segurança jurídica.
d) razoabilidade das decisões administrativas.

02. (CESPE. OAB/RN 2007.3) Encontra-se sedimentado o


entendimento de que ao Poder Judiciário é defeso
apreciar o mérito dos atos administrativos, limitando sua
atuação quanto à aferição dos aspectos relativos à sua
legalidade. A esse respeito, assinale a opção correta.
a) A garantia constitucional de que ninguém será
obrigado a deixar de fazer algo senão em virtude de lei
assegura ao administrador público ilimitada
discricionariedade na escolha dos critérios de
conveniência e oportunidade nos casos de anomia.
b) Embora discricionariedade e arbitrariedade sejam
espécies do mesmo gênero e, portanto, legítimas, apenas
a segunda é passível de controle de legalidade em sentido
estrito.
c) O abuso de poder e a arbitrariedade têm como traço de
distinção o fato de que aquele se sujeita ao controle
judicial e esta, somente à revisão administrativa.
d) Não há discricionariedade contralegem.

03. (CESPE. OAB/RN 2007.3) Considerando que há


evidentes elementos de identidade entre ato jurídico e ato
administrativo, e que este é espécie do gênero ato
jurídico, assinale a opção correta.
a) Existem atos praticados pelos administradores públicos
que não se enquadram como atos administrativos típicos,
como é o caso dos contratos disciplinados pelo direito

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