Você está na página 1de 67

Ciclagem de materiais em ecossistemas

terrestres e aquáticos
Ecossistemas terrestres e aquáticos

Reciclagem de nutrientes

- detritos na superfície dos solos


- sedimentos de fundo nos sistemas aquáticos
Reciclagem em Florestas Tropicais

- Ambientes tropicais: ação climática com intenso


intemperismo, baixa capacidade de intercâmbio catiônico
em muitos solos, baixa fertilidade. Mas apresentam uma
alta taxa de reciclagem e boa retenção de nutrientes –
fatores de compensação para uma alta produtividade.
Maior estoque de nutrientes na biomassa viva.

Reciclagem em Florestas Temperadas

- Ambientes temperados, mais susceptíveis a maiores


amplitudes térmicas, sazonais, com outono e inverno
apresentando baixa taxa de reciclagem de nutrientes.
Estoque de nutrientes relativamente elevado na
necromassa e na matéria orgânica do solo.
Alguns comparativos médios para matéria orgânica
em florestas temperadas e tropicais

Florestas Temperadas Florestas Tropicais

Necromassa: 20% serapilheira e detritos Necromassa: 1-2% serapilheira e detritos

Razão necromassa de Razão necromassa de


serapilheira/folhas vivas = 5-10 serapilheira/folhas vivas = < 1

COT > 50% em solos e serapilheira COT < 25% em solos e serapilheira

Lenta decomposição, importante estoque Rápida decomposição, importante


nutricional nos solos e na necromassa (matéria estoque nutricional retido na biomassa
orgânica morta) viva, e às vezes nos solos (eutróficos x
oligotróficos)
?
Metodologia

Área de Estudo
Coleta de Dados
Análise Estatística

https://www.google.com/search?q=coleta+de+serapilheira&newwindow=1&sxsrf=ALeKk00shKl2vR0mkqQeQTHBjESRQrX6UA:1601766271294&source=lnms&
tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiE-_OsxJnsAhWyGbkGHUgTDlgQ_AUoAXoECAwQAw&biw=1366&bih=576#imgrc=cHG3WVgKaRD3MM
ESPACIALIZAÇÃO DOS DADOS,
CONSIDERANDO UM CICLO/PERÍODO DE AMOSTRAGEM
Bacia de drenagem
Taxas de intemperismo, heterogeneidade evidenciada
PILARES BÁSICOS, CONCEITUAIS, QUE ORIENTAM
OS ESTUDOS DE CICLAGEM DE NUTRIENTES
EM SISTEMAS TERRESTRES

PROCESSOS ASSOCIADOS À MOBILIZAÇÃO,


CIRCULAÇÃO E CICLAGEM DE NUTRIENTES
EM ECOSSISTEMAS TERRESTRES/FLORESTAIS.
Circulação biogeoquímica num sistema terrestre
Exemplo conceitual de entradas e saídas de nutrientes,
incluindo estoques, disponibilidades, assimilações, perdas e
retranslocações biológicas num sistema terrestre do tipo
solo-vegetação florestal-serapilheira.
Processos de decaimento, decomposição, degradação, oxidação,
mineralização, e respiração da matéria orgânica morta.
Modelo conceitual de degradação, decomposição, incluindo
despolimerização de moléculas orgânicas nitrogenadas
no solo e a mineralização subsequente em amônio e nitrato.

https://www.researchgate.net/figure/Overview-of-soil-N-cycle-with-emphasis-on-nitrogen-mineralization-immobilization_fig1_236406778
Micorrizo (associação entre certos fungos e
raízes de muitos tipos de plantas)
- endomicorrizo e ectomicorrizo

Vantagens para as plantas


- aumenta a capacidade da planta em
assimilar minerais do solo
- aumenta a superfície de contato da raiz
- favorece a disponibilidade de certos
minerais pela produção de H ou ácidos orgânicos
- ação protetora às infecções (ação física e
antibiótica)

Vantagem para os fungos


- se servem de carbono fotossintético que é
transportado às raízes
Corpo vísivel de frutificação fúngica produzido por hifas
www.ipla.org/prl_07.htm

Micorriza di Ixocomus Granulatus osservata al


microscopio ottico.
Decomposição/Degradação (serapilheira)

• Lixiviação
•(remoção de nutrientes inorgânicos e orgânicos solúveis)

• Organismos detritívoros (vermes, insetos, fungos e bactérias) –


ação digestiva, química e física sobre detritos

• Mineralização do C, N, P e S etc por bactérias e fungos

• Resistências específicas - material lábil x refratário


Fluxo e acúmulo (estoque) de serapilheira (necromassa)

https://docplayer.com.br/74286703-Universidade-federal-do-parana-jonas-eduardo-bianchin.html
https://www.google.com/search?q=coleta+de+serapilheira&newwindow=1&sxsrf=ALeKk00shKl2vR0mkqQeQTHBjESRQrX6UA:1601766271294&source=
lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiE-_OsxJnsAhWyGbkGHUgTDlgQ_AUoAXoECAwQAw&biw=1366&bih=576#imgrc=_LcKp-_WUeBJJM&imgdi
i=SVoNBiuhXE0ysM
Decomposição, resistências específicas

n=4
(de um total de 11 sp.
analisadas)

Rápido... Lento...

Lixiviação Resistência ao ataque microbiano (razão lignina:N)


Lixiviação Resistência ao ataque microbiano (razão lignina:N)
ECOSSISTEMAS TERRESTRES

Nutrientes novos
(intemperismo da rocha matriz + entrada atmosférica)

• Estado estacionário
•(fluxos de saída = fluxos de entrada)

• Taxas de intemperismo (estimativas a partir da entrada por deposição


atmosférica menos a perda total, incluindo biomassa e escoamentos
hídricos)

• Elementos para avaliação (ex. Ca, Mg, Na, K) traçadores


relativamente conservativos, associados a rochas matrizes

• Cátions maiores – como Ca, Mg, K e Na são essenciais, mas


requeridos em baixas quantidades para a produtividade primária (PP)
se comparados ao C, N, P, e S, os quais são intimamente associados
aos fluxos de matéria orgânica, viva e morta.
Exemplos de composição iônica majoritária em água de chuva
(em mol ha-1 ano-1).
The Hubbard Brook
LTER located at the
Hubbard Brook
Experimental Forest in
New Hampshire
Exemplo para Ca (Floresta experimental de Hubbard Brook, USA)

Entrada (chuva/atmosfera) = +2 kg/ha*ano

Saída (águas de drenagem) = -14 kg/ha*ano

Remoção biológica (crescimento, biomassa vegetal) = -9 kg/ha*ano

Saldo = (+2)+(-14) +(-9) kg/ha*ano = -21 kg/ha*ano

Intemperismo (considerando equilíbrio estacionário) para Ca


(e geologia = 1,4% por peso da rocha matriz)

= 21 kg/ha*ano/0,014
= 1500 kg de rocha matriz/ha*ano (~1 mm/ha/ano)
UM EXEMPLO HISTÓRICO RELACIONAL ENTRE
CHUVA ÁCIDA, CICLAGEM DE NUTRIENTES E FISIOLOGIA
VEGETAL EM UM ECOSSISTEMA FLORESTAL:

FLORESTA EXPERIMENTAL DE HUBBARD BROOKE


Chuva ácida (1960), e a consequente Lei do Ar Limpo (1970, EUA)

Solos que são comprometidos pela


deposição de ácido são menos capazes de
neutralizar quantidades adicionais de
deposição de ácido, fornecem condições
de crescimento mais pobres para as
plantas e retardam a recuperação do
ecossistema.

Amostras de chuva, coletadas em 1963,


eram até 100 vezes mais ácidas do que se
esperava.

Atualmente, a acidez da precipitação na


Floresta Experimental de Hubbard Brook é
cerca de 80% menor do que era em 1963,
mas como esta precipitação se dá em
solos com baixa capacidade de neutralizar
ácidos, o efeito ecológico ainda persiste.

lternet.edu/ vignettes/hbr.html

https://yalebooks.yale.edu/2016/05/04/the-discovery-of-acid-rain/
OUTROS EXEMPLOS DE PERTURBAÇÕES
QUE AFETAM A CICLAGEM DE NUTRIENTES
EM AMBIENTES TERRESTRES:
DESMATAMENTO,
AGRICULTURA, MINERAÇÃO ETC.
Desmatamento – produção agrícola e/ou animal (pastagens)
10.129

Fonte: http://ipam.org.br/desmatamento-na-amazonia-brasileira-em-2016-prenuncio-de-um-retrocesso/
Solos Antigos, Pobres-Inférteis (ex. tropical)

- profundamente intemperizados
- corte e queima de culturas agrícolas
disponibiliza nutrientes para 1-2 anos de cultivo
- entretanto as perdas por lixiviação
exportam esses mesmos nutrientes do local
- resultado 1: solos empobrecidos
- resultado 2: solos expostos a seca
formam laterita (óxidos de Fe e Al)
- resultado 3: escoamento superficial
intensificado e erosão acentuada – efeitos
secundários em sistemas aquáticos
Solos lateríticos - laterização
http://io.uwinnipeg.ca/~simmons/Chap5498/
Laterita – óxidos/hidróxidos de Fe + Al

Bauxita – hidróxidos de Al
IMPORTÂNCIA DA
COBERTURA
VEGETAL/FLORESTAL

The Hubbard Brook


LTER located at the
Hubbard Brook
Experimental Forest in
New Hampshire
Laboratório Hidrológico de Coweeta, Carolina do Norte
(experimento)Importância da cobertura vegetal sobre a
migração/ciclo de elementos em ecossistemas terrestres

Cobertura vegetal (+) Cobertura vegetal (-)

Exportação de cátions = 1 unidade arbitrária Exportação de cátions = 3-20 unidades arbitrárias

Entrada úmida atmosférica = 7 kg ha-1 ano-1 Entrada úmida atmosférica = 7 kg ha-1 ano-1
Ganho no sistema: 1-3 kg ha-1 ano-1 (ivia FBN*) (entrada bruta nos solos)

Nitrogênio orgânico nitrato Nitrogênio orgânico nitrato

Reassimilação de N no sistema solo-vegetação = Exportação de N do solo por escoamentos/água=

54 kg ha-1 ano-1 54 kg ha-1 ano-1

* FBN = fixação biológica de nitrogênio


RESUMO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA COBERTURA
VEGETAL NO CICLO E CIRCULAÇÃO DE NUTRIENTES

• Retenção de nutrientes do solo (vertical e horizontal),

• Atua no sentido de diminuir o escoamento de águas


superficiais (evapotranspiração),

• Portanto, diminui a intensidade erosiva,

• Preserva os solos (estruturalmente e quimicamente).


ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS - Aspectos importantes

Metabolismos autotrófico e heterotrófico


- zona eufótica (´estratificação` óptica)
- zona trofogênica
- sedimentação
- zona trofolítica (zona afótica?)

Estratificação/desestratificação térmica-eólica
- Epilímnio-lagos (ambiente marinho: camada, zona de mistura)
- Metalímnio-lagos (ambiente marinho: termoclina, haloclina, picnoclina)
- Hipolímnio-lagos (ambiente marinho: camada, zona profunda)

Estratificação química (salinidade)


- Exemplo, região estuarina

- óxico/anóxico (receptores/doadores de elétrons)


- óxico/anóxico (compostos solúveis x insolúveis)
- ressurgência
- fonte de nutrientes (autóctone e alóctone)
- sistemas aquáticos oligotróficos
- sistemas aquáticos eutróficos
Fluxos de N-orgânico particulado (ex. Lago Ontário, Canadá)
A partir do uso de limnocurrais... (Liao and Lean)
dados em [microgramas/L/dia]

Primavera (5 de junho),
•Assimilação pelo fitoplâncton = 18,5
•Transferência para o zooplâncton (pastagem) = 9,7
•Perda de MOP por sedimentação = 2,6

•Fim do verão (5 de setembro)


•Assimilação pelo fitoplâncton = 129
•Transferência para o zooplâncton (pastagem) = 27
•Perda de MOP por sedimentação = 63

Verifica-se que as perdas de N-orgânico particulado


por sedimentação representaram, respectivamente, 14% e 49%
da assimilada pelo fitoplâncton [(2,6/18,5*100) e (63/129*100)].
Exemplos de coletores para amostragens em sistemas aquáticos

Exemplos de equipamentos para coleta de amostras de sistemas aquáticos

GARRAFA DE VAN
DORN

‘SEDIMENT TRAP’ AMOSTRADOR DE


TESTEMUNHO SEDIMENTAR
REDES
DE PESCA E
DE
PLÂNCTON
Fontes autóctones de matéria
orgânica, viva ou morta. Exemplo:
fitoplâncton, oceano aberto
Fontes alóctones de matéria orgânica, essencialmente morta.
Exemplo, detritos, folhas, frutos, sementes da vegetação terrestre.
Decomposição de matéria orgânica alóctone em um riacho
Estratificação térmica, cíclica, em lagos temperados

https://www.britannica.com/science/dimictic-lake
Bases físicas da estratificação térmica de verão e de
inverno em lagos temperados

http://portalduvidasdequimica.blogspot.com/2014/03/como-fazer-um-calculo-de-densidade.html
Exemplo
de distribuição
vertical
de oxigênio e
fósforo
em um perfil de
oceano.
Considerando os seus conhecimentos sobre estratificação térmica e
óptica de sistemas aquáticos, apresente uma hipótese que poderia
explicar essa variação de clorofila-a nesse perfil de profundidade.
HNLC... ANBC (Estequiometria, razões de Redfield)

3 Map of high nutrient-low chlorophyll (HNLC) regions around the world. Measurement in map is of nitrate, with the scale as a
gradient of color pictured on the bottom (http://www. atmosphere.mpg.de/media/archive/1058.gif)
https://www.researchgate.net/figure/Map-of-high-nutrient-low-chlorophyll-HNLC-regions-around-the-world-Measurement-in-map_fig3_318154708
UM EXEMPLO DE PERTURBAÇÃO
TIPICAMENTE ANTROPOGÊNICA.

EXCESSO DE NUTRIENTES, ESGOTOS, FERTILIZANTES

HIPÓXIA: ‘ZONAS MORTAS’


HIPÓXIA: ‘ZONAS MORTAS’
(ex. estuário do Mississipi, Golfo do México)

http://slideplayer.com/slide/9039859/
HIPÓXIA: ‘ZONAS MORTAS’

http://www.pnas.org/content/105/40/15452
HIPÓXIA: ‘ZONAS MORTAS’

Os níveis baixos de oxigênio no oceano aberto e nas águas costeiras afetam processos que
vão desde a biogeoquímica até à segurança alimentar. O mapa global indica locais
costeiros onde os altos níveis de nutrientes antropogênicos causaram declínios de O2 para
<2 mg litro-1( em águas costeiras, pontos vermelhos) e, a 300 m de profundidade ,(áreas
sombreadas em azul). [Mapa criado a partir de dados fornecidos por R. Diaz, atualizado por membros da rede GO2NE e baixado do World
Ocean Atlas 2009].

https://www.science.org/doi/10.1126/science.aam7240
https://aslopubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/lol2.10297

Resumo A hipóxia nas águas costeiras e nos lagos é amplamente reconhecida como uma questão
ambiental prejudicial, mas falta-nos uma compreensão comparável da hipóxia nos rios. Investigamos
situações da hipóxia usando 118 milhões de observações de oxigênio dissolvido (OD) e da
temperatura da água em mais de 125.000 locais em rios de 93 países. Encontramos hipóxia (DO < 2
mg L−1) em 12,6% de todos os locais fluviais em 53 países...

Você também pode gostar