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DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS

O art. 5º dispõe que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

Assim, vemos que o princípio da igualdade deve estar necessariamente presente,


quando consideramos os direitos fundamentais do homem.
Observamos também que a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade são assegurados não só aos brasileiros, mas também aos
estrangeiros residentes no país. Pois, estes são os direitos fundamentais da pessoa humana,
e a CF os assegura dentro do território nacional.
Fernando Capez lembra que o art. 5º destina-se principalmente às pessoas físicas,
Mas as pessoas jurídicas também são beneficiárias de muitos dos direitos e garantias ali
elencados, tais como, o princípio da isonomia, o princípio da legalidade, o direito de
resposta, o direito de propriedade, o sigilo de correspondência, a garantia de proteção ao
direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada, e o direito de impetrar
mandando de segurança.
Alexandre de Moraes julga importante distinguir direitos e garantias individuais,
Lembrando que tal diferenciação remonta a Rui Barbosa, e ao longo da história
renomados estudiosos como Canotilho e Jorge de Miranda também, apontam tais
diferenças, assim elegemos: “O direitos representam só por si certos bens, as garantias
destinam-se a assegurar a fruição desses bens; os direitos são principais, as garantias
acessórias...” (Canotilho, J. J. Gomes, apud Alexandre de Moraes, Direito Constitucional,
p. 62)
Norma constitucional de eficácia plena
As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata,
independente da criação de ordenamento infraconstitucional (cf. parágrafo 1º do art. 5º)
Núcleo constitucional intangível
Os direitos e garantias individuais foram erigidos ao nível de cláusulas pétreas, uma vez
que há uma limitação material explícita ao poder constituinte derivado de reforma.
Nesse passo, o art. 60, parágrafo 4°, IV, é expresso, ao dispor que não será objeto de
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais.
Assim, só podem ser ampliados. Do contrário, serão imodificáveis.
Vamos a análise do art. 5.º da CF
O art. 5º da CF enumera 78 incisos, dos quais temos que o direito à vida é o mais
fundamental de todos os direitos, já que se constitui em pré-requisito à existência e
exercício de todos os demais direitos.
Por isso, podemos afirmar que não poderá ser aprovada lei tendente a retirar este direito,
assim, se a Lei do Aborto vier a ser aprovada, esta será inconstitucional.
Direito à vida
A CF proclama, portanto, direito á vida, cabendo ao estado assegurá-lo em sua dupla
acepção, sendo a primeira relacionada ao direito de continuar vivo e a segunda de se ter
vida digna quanto à subsistência.
È importante ressaltar que a CF protege a vida de forma geral, inclusive a uterina.
O direito à vida é o direito de não ter interrompido o processo vital, senão pela morte
espontânea e inevitável.

A pena de morte só é admitida excepcionalmente, no caso de guerra externa declarada,


nos termos do art. 84, XIX (cf. art. 5°, XLVIII, “a” ).
O direito a integridade física constitui também um dos direitos fundamentais da pessoa
humana, pois é um modo de agredir à vida.
O respeito a integridade física dos presos é assegurada pelo art. 5º, XLIX. Do mesmo
modo, ninguém será submetido à tortura ou a tratamento desumano ou degradante (art. 5º,
III).

A integridade moral é resguardada pela CF, sendo assegurada o direito de resposta


proporcional ao agravo, além de indenização por dano moral ou à imagem (art. 5º,V).
Aos presos se assegura também o respeito à sua integridade física e moral (art. 5º, XLIX)
São ainda invioláveis , a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (art.
5º, X)
A casa é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou durante o dia, por determinação judicial (art. 5º, XI).

É também inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, e o


sigilo das comunicações telefônicas, exceto por ordem judicial, nas hipóteses que a lei
estabelecer, para fina de investigação criminal ou instrução processual plena (art. 5º, XII).
Direito a liberdade
É o direito à escolha, à opção, o livre arbítrio, o poder de coordenação consciente dos
meios necessários à realização pessoal.
Fernando Capez agrupa o direito a liberdade em 4 grupos:
Liberdade da pessoa física;
Liberdade de pensamento;
Liberdade de expressão coletiva;
Liberdade de ação profissional.
Liberdade da pessoa física
É a possibilidade jurídica que se reconhece a todas as pessoas de serem senhoras de sua
própria vontade e de se locomoverem desembaraçadamente pelo território nacional, sem
que sejam privadas dessa faculdade.
Consiste basicamente na prerrogativa de ir e vir.
Assim:
É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer, ou dele sair com seus bens (art. 5º, XV);
Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder (art.
5º, LXVIII);

Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel (art. 5º, LXVII);
Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória
(art. 5º, LXVI);
A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária (art. 5º, LXV);

Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente,salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar definido em lei (art. 5º, LXI);

A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente


ao juiz competente e a família do preso ou á pessoa por ele indicada (art. 5º, LXII);

O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial (art. 5º, LXIV);
Não haverá penas de caráter perpétuo (art. 5º, XLVII, b);
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, de modo a atingir seus familiares (art. 5º,
XLV);
Ninguém será privado de sua liberdade sem o devido processo legal, onde se lhe assegure
o direito ao contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LIV e LV);

Ninguém será considerado culpado até trânsito em julgado da sentença penal


condenatória (art. 5º, LVII);
O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo da sentença (art. 5º, LXXV);
Os atos processuais serão públicos, salvo quando a defesa da intimidade ou o interesse
social exigir sigilo (art. 5º, LX).
Da liberdade de pensamento
Consiste:
Na liberdade de consciência e de crença, que são invioláveis (art. 5º, VI);
Na liberdade de manifestação do pensamento, vedado o anonimato (art. 5º, IV);
Na garantia de que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção religiosa ou política (art. 5º, VIII);

Na liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, cientifica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença;
Art. 220: a manifestação do pensamento, sob qualquer forma, não sofrerá qualquer forma
de restrição, nos termos da Constituição;
 vedada a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião (art. 5º, LII).

Liberdade de expressão coletiva


Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente
(art. 5º, XVI);
É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar (art. 5º,
XVII);

A criação de associações independem de autorização, sendo vedada interferência estatal


em seu funcionamento (art. 5º, XVIII);
As associações só poderão ser dissolvidas compulsoriamente ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial (art. 5º, XIX);
Ninguém será compelido a associar-se ou a continuar associado (art. 5º, XX);
As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial e extrajudicialmente (art. 5º, XXI)
Liberdade de ação profissional

É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações


profissionais que a lei estabelecer (art. 5.º, XIII).
Princípio da igualdade ou isonomia
A CF consagra que todos são iguais perante a lei e que homens e mulheres são em direitos
e obrigações.
Este princípio deve ser considerado sob duplo aspecto: o da igualdade na lei e o da
igualdade perante à lei.
Igualdade na lei
Igualdade na lei constitui exigência destinada ao legislador que, na elaboração da lei, não
poderá fazer qualquer discriminação.
Alias, a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais (art. 5º, XLI)

Igualdade perante a lei


A igualdade perante a lei não compreende a União e demais pessoas jurídicas de direito
público, em cujo favor pode a lei conceder privilégios impostos pelo interesse público,
desde que preservando os demais direitos constitucionais.
Igualdade entre homens e mulheres – art. 5°, I
Encontramos na CF, em seu art. 3º, IV, o objetivo de afastar qualquer forma de
preconceito, e em seu art. 7°, XXX, que não poderá haver diferença de salário para a
mesma função, em razão de diferença de sexo. Também no art. 226, parágrafo 5º, está
disposto que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente
pelo homem e mulher.
Obs.: Só valem as discriminações feitas pela CF,sempre em favor da mulher, como por
exemplo: aposentadoria com menor tempo de serviço (art. 40, III e 202, I a III), entre
outros.
Do principio da igualdade , decorrem ainda:
O princípio da igualdade na justiça, que consiste na condenação de juízo ou tribunais de
exceção 9art. 5º, XXXVII); e na garantia do juiz natural (art. 5º, LIII)
O princípio da igualdade perante a Justiça, eu consiste na garantia de acessibilidade a ela
(art. 5°, XXXV) e na assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados( art. 5°,
LXXIV)

O princípio da igualdade perante a tributação, que consiste na repartição do ônus fiscal de


modo mais justo possível ( art. 145, parág. 1º) ;
O princípio da igualdade sem distinção de sexo e orientação sexual, que visa proteger o
sexo feminino e os homossexuais, que sempre estiveram discriminados.
O princípio da igualdade sem distinção de raça, cor e origem, o que vai além do repúdio
ao racismo (art. 4º, VIII). A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeita à pena de reclusão, na forma da lei (art. 5.°, XLII).

O princípio da igualdade sem distinção de idade, o que proíbe diferenciação de salários


por este motivo (art. 7º, XXX); idade mínima para ingresso no trabalho ( art. 7°, XXXIII, e
227, parágrafo 1º)
O princípio da igualdade sem distinção de trabalho, o que significa a liberdade de
exercício de qualquer trabalho, ofício e profissão (art. 5º, XIII), a igualdade de direitos
entre trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso (art. 7º,
XXXIV), e a paridade de direitos entre trabalho manual , o técnico e o intelectual (art. 7°,
XXXII). A CF estabelece exceção ref. trabalho noturno (art. 7º, iX).

O principio da igualdade sem distinção de credo religioso, pois a Constituição assegura a


liberdade de religião e o livre exercício de cultos religiosos (art. 5º, VI), e a garantia de que
ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa, salvo se as invocar pra
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei (art. 5º, VIII).
Principio da legalidade – art. 5º II
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
Tal principio visa combater o poder arbitrário do Estado.
O conceito de lei, a que se refere a Constituição, envolve todo ato normativo editado,
ordinariamente pelo Poder legislativo, ou excepcionalmente pelo Poder Executivo, como no
caso das leis delegadas (art. 68) e das medidas provisórias (art. 62), no desempenho de suas
competências constitucionais.

No campo do direito penal, o principio da legalidade protege o individuo, evitando que
seja surpreendido com qualquer incriminação, uma vez que não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem previa cominação legal (art. 5°, XXXIV), e também porque a
lei penal não retroagirá para prejudicar o acusado (art. 5º, XL).

A lei deverá prever a forma pela qual se dará a individualização da aplicação e da


execução da pena (art. 5º, XLVI), e as hipóteses em que o civilmente identificado deva se
submeter à identificação criminal (art. 5º, LVIII).
A lei disporá o processo mediante o qual haverá perda dos bens ou da liberdade,
garantindo o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LIV e LV)
Direito à prestação jurisdicional
A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º,
XXXV): é o princípio da indeclinabilidade da prestação jurisdicional;
Não haverá juízo ou tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII): é o direito à correta prestação
jurisdicional;
O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que necessitarem (art. 5º,
LXXIV);
São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data (art. 5º, LXXVII).
Direito à irretroatividade da lei prejudicial

A lei não pode prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art.
5º, XXXVI);

A lei penal não retroagirá para prejudicar o acusado (art. 5º, XL).
Direito de propriedade
Consiste no direito de usar, fruir e dispor de um bem, oponível contra qualquer pessoa.
A ordem econômica tem como princípios básicos o da propriedade privada e o da função
social da propriedade (art. 170, II e III);
É garantido o direito de propriedade (art. 5º, XXII);
A propriedade atenderá a sua função social (art. 5º, XXIII);

 No art. 5º, em seus incisos XXIV; XXV; XXVI; XXVII; XXVIII; XXX; XXXI;
correspondem a o direito de propriedade que a CF estabelece quanto a propriedade de bens
materiais como também de propriedade intelectual, e ainda, dispõe sobre a desapropriação
ou perda deste direito de propriedade quando a lei assim o autorizar, pois ninguém será
privado de seus bens sem o devido processo legal (art. 5°, LIV).

Ainda, nos arts. 176; 182, §§ 2º, 3º e 4º e incisos; 183 e 183, § 3º; 184, 185 e incisos; 186
e incisos; 191; e 243 da CF, encontramos disposições referentes ao direito de propriedade.
Vide referidos artigos.

Direito do consumidor
O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa dos direitos do consumidor (art. 5º,
XXXII).

O que já ocorre desde a criação da Lei nº. 8078, de 11 de setembro de 1990, o chamado
Código de Defesa do Consumidor – CDC.

Bibliografia
CAPEZ, Fernando . Direito Constitucional, São Paulo:MPM.
MORAES,Alexandre de. Direito Constitucional, São Paulo: Atlas.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, São Paulo:Malheiros.

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