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3.2.1 Da década de 20 à de 70
A família, que é “parceira” legal na garantia dos direitos dos idosos, encontra
grandes entraves no cumprimento desse dever, sendo o mais grave deles o
seu empobrecimento. A preocupação com as pressões que pesam sobre a
família dos idosos aparece no relatório da Assembléia da ONU, em 1982 e
perpassa todas as políticas de atenção ao idoso. No entanto, quando se faz
referência a setores mais vulneráveis, o que no Brasil representa mais de 1/3
da população, conforme Censo do IBGE 2000, essa preocupação ainda não se
concretizou em ações que possibilitem às famílias o cumprimento desse dever.
A outra parceira, a sociedade civil, tem respondido a este chamado por dupla
via: por um lado, assumindo as responsabilidades governamentais pelas
políticas que não possibilitam lucro, através de entidades sem fins lucrativos;
e, de outro lado, privatizando o atendimento às necessidades sociais, estas
com possibilidades de lucro (saúde, educação, previdência, entre outras).
Atualmente este fato pode ser atestado com a proliferação de planos privados
de saúde e de aposentadoria cujo alvo é o idoso.
Para esse autor outro episódio que contribuiu para a regulamentação dessa Lei
foi a tragédia da Clínica Santa Genoveva, no Rio de Janeiro, que resultou na
morte de cem idosos vítimas de abandono, descaso e negligência, conforme
consta no relatório da fiscalização da vigilância sanitária. Ao se tornar pública,
a tragédia teve uma repercussão negativa nacional e internacionalmente e
evidenciou um dramático quadro do envelhecimento populacional no Brasil.
A autora Pastorini (1997) contribui com esse argumento quando afirma que o
Estado se antecipa outorgando determinados benefícios para as classes
subalternas diante de pressões – implícitas ou explícitas – e ou mesmo para
evitá-las.
[...] O Estado é um ator que tem capacidade de iniciativa e que,
enquanto tal, pode antecipar-se às pressões e reivindicações dos
subalternos, inibindo-as ou canalizando-as, ou seja, o Estado pode
antecipar-se mesmo que não sejam declaradas as reivindicações e
as lutas [...] (PASTORINI, 1997, p.99)
Essa política tem por objetivo garantir a efetivação desse direito, através de
políticas de saúde, cultura, lazer, habitação, dentre outras, dirigidas
especificamente para este grupo. De caráter bem abrangente, incluiu a
participação dos Ministérios da Previdência e Assistência Social, Educação,
Justiça, Cultura, Trabalho e Emprego, Saúde, Esporte e Turismo e Secretaria
do Desenvolvimento Urbano. As ações conjuntas destes ministérios objetivam
uma maior integração do cidadão idoso na sociedade, como descreve o Plano
Integrado de Ação Governamental para o Desenvolvimento da Política
Nacional do Idoso do Ministério da Previdência e Assistência Social, a partir
das diretrizes traçadas:
Criada pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria 1.395 de 09/12/99, esta
política, em sua introdução, assume que o principal problema que pode afetar
os idosos, como conseqüência da evolução de suas enfermidades e de seu
estilo de vida, é a perda de sua capacidade funcional, isto é, a perda das
habilidades físicas e mentais necessárias para a realização de suas atividades
básicas e instrumentais da vida diária.
Esta política encontra grandes entraves em sua execução, sendo a mais grave
deles a deteriorada estrutura de saúde pública, sem capacidade para atender
a essa demanda, numa visão mais abrangente, é demasiadamente complexo
um programa de saúde suprir a necessidades numa realidade marcada pela
iniqüidade social. A subcondição de vida de grande parte da população
brasileira – a pobreza, a discriminação, o isolamento social, dentre outros -
reflete diretamente no aumento da demanda por saúde.
Em seus 118 artigos, o Estatuto do Idoso versa sobre diversas áreas dos
direitos fundamentais e das necessidades de proteção dos idosos. Institui,
dentre outras coisas, que os idosos não poderão ser vítimas de negligência,
discriminação, violência, crueldade ou opressão. Está previsto também que,
para a pessoa a partir de sessenta anos, há prioridade no atendimento
prestado pelo Sistema Único de Saúde e o acesso a medicamentos sem
custos. A lei prevê ainda o direito a um salário mínimo a partir dos 65 anos, ou
seja, dois anos a menos do que já estava estabelecido, a todos em situação de
carência comprovada. O critério de “carência comprovada" é o instituído na
LOAS, ou seja, ¼ do salário mínimo de renda per capita. Além disso, o
parágrafo único do artigo 34 exclui desse cômputo o recebimento por parte de
outros idosos membros da família do benefício assistencial. Está previsto
também o direito a transporte gratuito a partir dos sessenta e cinco anos, bem
como desconto de pelo menos 50% em atividades culturais, esportivas e de
lazer.
Observa-se que, embora o artigo primeiro dessa lei tenha firmado a definição
de idoso como sendo a pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos,
alguns direitos só são adquiridos pelos idosos a partir de sessenta e cinco
anos, como é o caso da gratuidade no transporte coletivo e do benefício da
prestação continuada.