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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS


CAMPUS DE BOTUCATU

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE FIBRAS LIGNOCELULÓSICAS


NA SORÇÃO DE ÓLEOS DIESEL E BIODIESEL

ADRIANA FERLA DE OLIVEIRA

Tese apresentada à Faculdade de Ciências


Agronômicas da Unesp - Campus de
Botucatu, para obtenção do título de Doutor
em Agronomia (Energia na Agricultura).

BOTUCATU – SP
Novembro – 2010
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS
CAMPUS DE BOTUCATU

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE FIBRAS LIGNOCELULÓSICAS


NA SORÇÃO DE ÓLEOS DIESEL E BIODIESEL

ADRIANA FERLA DE OLIVEIRA

Orientador: Prof. Dr. Alcides Lopes Leão


Co-Orientador: Prof. Dr. José Cláudio Caraschi

Tese apresentada à Faculdade de Ciências


Agronômicas da Unesp - Campus de
Botucatu, para obtenção do título de Doutor
em Agronomia (Energia na Agricultura).

BOTUCATU – SP
Novembro – 2010
IV

DEDICO

Aos meus pais, Bernardino e Nely ao meu irmão


Bernardo e em especial ao meu esposo Luciano
pelo amor e contribuições na vida pessoal e
acadêmica.
V

AGRADECIMENTO

Aos meus pais, Bernardino e Nely, pelo amor e compreensão em todos os momentos da minha
vida e por sempre acreditar em min.

Ao meu irmão Bernardo por sempre estar do meu lado.

A meu esposo Luciano Caetano de Oliveira pela colaboração neste trabalho.

Ao meu sogro e sogra Ailton e Vera pelo carinho e auxílio durante o doutorado.

Ao meu orientador Prof. Dr. Alcides Lopes Leão pela orientação e amizade.

Ao meu co-orientador Prof. Dr José Cláudio Caraschi pelas sugestões e contribuições neste
trabalho.

Ao meu tio Adilson pelo auxilio e amizade.

As professoras Maria Márcia Sartori e Margarida Juri Saeki pelas sugestões e contribuições
no exame de qualificação.
Ao meus amigos e colegas Evaristo, Joyce, Humberto, Sivoney, Vitor, Matheus pela amizade
e grande ajuda no desenvolvimento do trabalho.

Ao técnico de laboratório Diego do Laboratório de Resíduos Sólidos e Compósitos pela


amizade e auxílio neste trabalho.

A todos os Professores da Pós-graduação em Agronomia – Energia na Agricultura pela


contribuição em minha formação.

Aos funcionários do Departamento de Ciências Ambientais.

Aos funcionários do Programa de pós-graduação.

Ao meu aluno Gláucio José Gomes do curso Tecnologia em Biocombustíveis pela


colaboração na execução desta pesquisa, meu reconhecimento pela dedicação e
responsabilidade.
VI

Aos colegas professores da UFPR - Campus Palotina, Helton José Alves, Suzana Stefanello,
Patrícia da Costa Zonetti e Carina Kozera pela colaboração no decorrer desta pesquisa.

Aos técnicos de laboratório Éderson e Sandonaid da UFPR - Campus Palotina pelo auxílio
com as imagens de microscopia.

Ao técnico de laboratório Cleber Moretti da UFSCar pelas imagens de MEV.

Ao Sr. Martinho (CETESB - Botucatu-SP) pela atenção e informações prestadas.

Ao Programa de Pós-graduação em Agronomia, e a Capes pela concessão da bolsa de


doutorado e a todos os funcionários, professores do curso e aos amigos cujos nomes não citei
agradeço por toda ajuda.
VII

SUMÁRIO

Página
LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................ X
LISTA DE SIMBOLOS....................................................................................... XI
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... XII
LISTA DE TABELAS......................................................................................... XIV
RESUMO............................................................................................................. XV
SUMARY............................................................................................................ XVII
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 1
2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................ 4
2.1 Óleo Diesel................................................................................................. 4
2.1 BioDiesel.................................................................................................... 5
2.3 Derramamento de óleo................................................................................ 6
2.4 Sorventes..................................................................................................... 7
2.5 Fibras Vegetais Comerciais........................................................................ 9
2.5.1 Coco .................................................................................................. 11
2.5.2 Curauá ............................................................................................... 12
2.5.3 Turfa .................................................................................................. 14
2.6 Materiais Vegetais Não Comerciais........................................................... 15
2.6.1 Paina................................................................................................... 15
2.6.2 Macrófitas Aquáticas ........................................................................ 17
2.6.2.1 Taboa.............................................................................................. 15
2.6.2.2 Aguapé............................................................................................ 19
3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................. 21
3.1 Materiais..................................................................................................... 21
3.1.1 Biosorventes....................................................................................... 21
3.1.2 Óleos Combustíveis........................................................................... 22
3.2 Métodos...................................................................................................... 22
3.2.1 Coleta e Preparação dos Biosorventes............................................... 22
3.2.2 Caracterização dos Biosorventes....................................................... 23
VIII

3.2.2.1 Determinação do Teor de Umidade...................................... 24


3.2.2.2 Determinação do Teor de Cinzas.......................................... 24
3.2.2.3 Preparo das Amostras para Determinação do Teor de
25
Lignina e Holocelulose........................................................................................
3.2.2.4 Determinação de Lignina....................................................... 25
3.2.2.5 Teor de Holocelulose............................................................. 26

3.2.2.6 Teor de Celulose.................................................................... 26

3.2.2.7 Teor de Hemecelulose........................................................... 27

3.2.2.8 Teor de Gordura..................................................................... 27


3.2.2.9 Análise Elementar.................................................................. 28
3.2.2.10 Densidade Aparente das Fibras............................................ 28
3.2.2.11 Classificação Granulométrica.............................................. 28
3.2.2.12 Hidrofobicidade das Fibras.................................................. 29
3.2.2.13 Testes de Flutuabilidade ..................................................... 29
3.2.2.14 Análise Termogravimétrica – TGA..................................... 30
3.2.2.15 Microscopia Eletrônica de Varredura - MEV...................... 30
3.2.2.16 Microscopia Óptica.............................................................. 31
3.2.2.17 Método para Determinação do Poder Calorífico Superior
31
(PCS), Inferior (PCI) e Útil (PCU) .....................................................................
3.3 Ensaios de Sorção....................................................................................... 32
3.3.1 Ensaios em Sistema Seco................................................................... 33
3.3.2 Ensaios em Sistema Estático.............................................................. 35
3.3.3 Ensaios em Sistema Dinâmico........................................................... 35
3.3.4 Determinação da Água Sorvida pelos Biosorventes.......................... 36
3.4 Análise Estatística....................................................................................... 36
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................... 38
4.1 Caracterização Físico-Química dos Biosorventes....................................... 38
4.2 Sorção de Óleo em Sistema Seco ............................................................... 46
4.3 Sorção de Óleo em Diferentes Sistemas (Seco, Estático e Dinâmico)....... 65
4.4 Caracterização Microscópica dos Biosorventes.......................................... 73
4.5 Análise Termogravimétrica dos Biosorventes............................................ 77
IX

4.6 Análise Energética dos Biosorventes.......................................................... 84


5 CONCLUSÕES................................................................................................ 86
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 88
7 APÊNDICE....................................................................................................... 98
X

LISTA DE ABREVIATURAS

Aguapé ID - Aguapé inteiro Diesel


Aguapé IB - Aguapé inteiro Biodiesel
ANP - Agência Nacional do Petróleo
ASTM - American Society Testing Materials
B - Biodiesel
BIOPAR - Bioenergia do Paraná
D - Diesel
ECOSORB - Empresa que comercializa a turfa como biosorvente
EPA - Environmental Protection Agency
Eq. - Equação
G1 - Granulometria ≤180μm
G2 - Granulometria 180-424μm
G3 - Granulometria 425-850μm
G4 - Granulometria 850-3350μm
ITOPF - The International Tankers Owner Pollution Federal Limited
MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura
PETROBRAS - Petróleo Brasileiro S.A
PCS – Poder Calorífico Superior
PCI – Poder Calorífico Inferior
PCU – Poder Calorífico Útil
Taboa ID - Taboa inteira Diesel
Taboa IB - Taboa inteira Biodiesel
TAPPI - Technical Association of Pulp and Paper Industry
TGA – Análise Termogravimétrica
XI

LISTA DE SÍMBOLOS

μm - Micrometro
°C - Graus Celsius
mL - Mililitro
g - Grama
rpm - Rotação por minuto
min - Minutos
kJ/kg - Kilojoule por kilograma
%C - Teor de Carbono
%H - Teor de Hidrogênio
%N - Teor de Nitrogenio
XII

LISTA DE FIGURAS

Página
Figura 2.1 - Fibra de Coco.................................................................................. 12
Figura 2.2 – Curauá............................................................................................ 13
Figura 2.3 - Fibra de Curauá............................................................................... 13
Figura 2.4 - Turfa ............................................................................................... 14
Figura 2.4 - Paineira (Ceiba speciosa St. Hil.) .................................................. 15
Figura 2.5 - Fruto verde da paineira................................................................... 16
Figura 2.6 - Fruto maduro e a paina................................................................... 16
Figura 2.7 – Taboa (Typha dominguensis) ........................................................ 18
Figura 2.8 - Aguapé (Eichhornia crassipes) ...................................................... 19
Figura 3.1 – Biosorventes Utilizados ................................................................. 22
Figura 3.2 – Sistema Seco ................................................................................. 34
Figura 3.3 – Sistema de Filtração ...................................................................... 34
Figura 3.4 – Sistema Estático ............................................................................ 35
Figura 3.5 – Sistema Dinâmico ......................................................................... 36
Figura 4.1 – Distribuição granulométrica para os biosorventes (% massa)....... 42
Figura 4.2 – Valores médios de sorção de diesel e erro padrão em relação à
granulometria para os biosorventes; Coco, Curauá e Turfa................................. 50
Figura 4.3 - Valores médios de sorção de diesel em relação à granulometria e
tempo de exposição para os biosorventes Coco, Curauá e Turfa........................ 51
Figura 4.4 - Valores médios de sorção de biodiesel e erro padrão em relação à
granulometria para os biosorventes; Coco, Curauá e Turfa................................. 52
Figura 4.5 - Valores médios de sorção de biodiesel em relação à granulometria
e tempo de exposição para os biosorventes Coco, Curauá e
Turfa..................................................................................................................... 54
Figura 4.6 - Valores médios de sorção de diesel e erro padrão em relação à
granulometria para os biosorventes; Taboa inteira, Taboa aérea e Turfa............ 55
Figura 4.7 - Valores médios de sorção de diesel em relação à granulometria e
tempo de exposição para os biosorventes Taboa inteira, Taboa aérea e Turfa.... 57
Figura 4.8 - Valores médios de sorção de biodiesel e erro padrão em relação à
granulometria para os biosorventes; Taboa inteira, Taboa aérea e Turfa............ 58
XIII

Figura 4.9 - Valores médios de sorção de biodiesel em relação à granulometria


e tempo de exposição para os biosorventes Taboa inteira, Taboa aérea e
Turfa..................................................................................................................... 59
Figura 4.10 - Valores médios de sorção de diesel e erro padrão em relação à
granulometria para os biosorventes; Aguapé inteiro, Aguapé aérea, Aguapé
raiz e Turfa........................................................................................................... 60
Figura 4.11 - Valores médios de sorção de diesel em relação à granulometria e
tempo de exposição para os biosorventes; Aguapé inteiro, Aguapé aérea,
Aguapé raiz Turfa................................................................................................ 61

Figura 4.12 - Valores Médios de sorção de biodiesel e erro padrão em relação


à granulometria para os biosorventes Aguapé inteiro, Aguapé aérea, Aguapé
raiz Turfa.............................................................................................................. 63
Figura 4.13 - Valores médios de sorção de biodiesel em relação à
granulometria e tempo de exposição para os biosorventes Taboa, Curauá e
Turfa..................................................................................................................... 64
Figura 4.14 – Valores médios de sorção de diesel em relação ao tempo de
exposição e sistema para os biosorventes Paina, flor da Taboa e Turfa.............. 66
Figura 4.15 - Valores médios de sorção de biodiesel em relação ao tempo de
exposição e sistema para os biosorventes Paina, flor da Taboa e Turfa. ............ 69
Figura 4.16 - Valores médios de sorção de diesel em relação ao tempo de
exposição e sistema para os biosorventes Aguapé inteiro, Taboa inteira e
Turfa..................................................................................................................... 70
Figura 4.17 - Valores médios de sorção de biodiesel em relação ao tempo de
exposição e sistema para os biosorventes Aguapé inteiro, Taboa inteira e
Turfa. .................................................................................................................. 71
Figura 4.18 – Imagens em Microscopia Eletrônica de Varredura - MEV.......... 76
Figura 4.19 – Imagens em Microscopia Óptica. ................................................ 77
Figura 4.20 - Comportamento Termogravimétrico da fibra de Coco................. 78
Figura 4.21 - Comportamento Termogravimétrico da fibra de Curauá.............. 79
Figura 4.22 - Comportamento Termogravimétrico para a Paina........................ 80
Figura 4.23 - Comportamento Termogravimétrico da flor da Taboa................. 80
Figura 4.24 - Comportamento Termogravimétrico da Taboa inteira................. 81
Figura 4.25 - Comportamento Termogravimétrico do Aguapé inteiro............... 82
Figura 4.26 - Comportamento Termogravimétrico Turfa................................... 82
XIV

LISTA DE TABELAS

Página
Tabela 4.1 – Resultados da Análise Elementar (C, H, N) para os biosorventes
(% massa)............................................................................................................. 39
Tabela 4.2 - Caracterização bioquímica dos biosorventes (% massa)................ 41
Tabela 4.3 - Caracterização física e físico-química das frações
granulométricas dos biosorventes (% massa)...................................................... 43
Tabela 4.4 - Flutuabilidade em água deionizada dos biosorventes (% massa)... 46
Tabela 4.5 - Sorção de óleo diesel pelos biosorventes (± desvio padrão).......... 47
Tabela 4.6 - Sorção de biodiesel pelos biosorventes (± desvio padrão)............. 48
Tabela 4.7 - Comportamento térmico dos biosorventes..................................... 83
Tabela 4.8 - Poder Calorífico Superior (PCS), Inferior (PCI) e Útil (PCU) dos
biosorventes......................................................................................................... 85
XV

RESUMO

Acidentes envolvendo derramamento de óleo e seus derivados no solo


e em corpos hídricos são comuns e preocupantes, uma vez que comprometem a qualidade do
ecossistema. Uma forma econômica e eficiente de combater derramamentos de óleo é o
emprego do método de sorção utilizando materiais sorventes. Existe uma gama de materiais
sorventes, no entanto, os naturais como biomassa e fibras vegetais demonstram interesse pelo
baixo custo e boa capacidade sorvente. Existem trabalhos acerca da sorção de óleo cru, no
entanto para diesel e biodiesel, que vem aumentado sua produção, pouco ou nada existe na
literatura. O objetivo deste trabalho foi investigar a capacidade sorvente das fibras vegetais
coco (Cocos nucifera) e curauá (Ananas erictifolius), paina (Ceiba speciosa) e das macrófitas
aquáticas, taboa (Typha domingensis) e o aguapé (Eichhornia crassipes) frente aos
combustíveis, diesel e biodiesel e compará-las com a turfa utilizada comercialmente. Os
biosorventes também foram submetidos à caracterização físico-química e energética. As
amostras foram moídas e classificadas com exceção da paina. Grande parte dos testes foi
realizada nas faixas granulométricas de ≤180 μm; 180-425 μm; 425-850 μm e 850-3350 μm.
Os testes de sorção com diesel e biodiesel foram conduzidos primeiramente em sistema seco e
os biosorventes com melhor desempenho, submetidos a ensaios de sorção com água, sistema
estático e dinâmico. A porcentagem de água que pode ser sorvida juntamente com óleo e a
flutuabilidade também foram investigadas para avaliar a viabilidade destes biosorventes em
corpos hídricos. Cada material vegetal possui características físico-químicas e anatômicas
XVI

distintas, que influenciam na sorção de óleo, seja por absorção ou adsorção. Os biosorventes
investigados apresentaram capacidade de sorção de diesel e biodiesel semelhante ou superior
ao sorvente comercial à base de turfa. As fibras de coco e curauá, devido à baixa
flutuabilidade, mostram-se adequadas somente para sorção destes óleos em superfícies sólidas.
As macrófitas aquáticas mostraram ser eficientes na sorção dos óleos nos três sistemas, assim
como a paina que apresentou o melhor desempenho se comparada a todas as outras. A
determinação do poder calorífico dos biosorventes mostra que estes podem ser utilizados na
geração de energia antes e após serem utilizados como sorventes. Desta forma, esses materiais
poderão ser empregados após estudos de viabilidade econômica neste setor e ainda
incrementar a economia de regiões onde estes são abundantes.

_______________________
Palavras-chave: sorção, diesel, biodiesel, fibras vegetais e macrófitas.
XVII

PERFORMANCE EVALUATION OF THE LIGNOCELLULOSIC FIBERS IN THE


SORPTION OF DIESEL AND BIODIESEL OILS. Botucatu, 2010. 98p.
Tese (Doutorado em Agronomia/Energia na Agricultura) – Faculdade de Ciências
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.
Author: ADRIANA FERLA DE OLIVEIRA
Adviser: ALCIDES LOPES LEÃO

SUMMARY

Accidents involving oil spills and its derivatives on the soil and in
hidric bodies they are common and worrying once they endanger the quality of the ecosystem.
An economical and efficient way of combating oil spills is the use of the sorption method
using sorbents materials. There is a range of sorbents materials, however, the natural ones like
biomass and vegetable fibers demonstrate interest due to the low cost and good sorbent
capacity. There are works concerning the sorption of crude oil, however for diesel and
biodiesel, which had their production increased, there is a little or even nothing exists in the
literature. The aim of this work was investigate the sorption capacity of coir vegetable fibers
(Cocos nucifera) and curauá (Ananas erictifolius), silk floss (Ceiba speciosa) and the aquatic
macrophite cattail (Typha domingensis) and the water hyacinth (Eichhornia crassipes)
confronting to the fuels, diesel and biodiesel and to compare them with the peat commercially
used. The biosorventes were also submitted to the physiochemical and energy
characterization. The samples were grinded and classified except for the paina. Most of the
tests were performed on the granulometric size range of ≤180 μm; 180-425 μm; 425-850 μm e
850-3350 μm. The sorption tests with diesel and biodiesel were first conducted in dry system
and the biosorbents with had shown the best performance were submitted to tests of sorption
with freshwater, static and dynamic system. The percentage of water that can be sipped
together with oil and the buoyancy were also investigated to evaluate the viability of these
biosorbents in hidric bodies. Each vegetable materials has different physiochemical and
anatomical characteristics that influence in the oil sorption, whether by absorption or
adsorption. The investigated biosorventes presented capacity of diesel and biodiesel sorption
XVIII

similar or higher to the commercial sorbent made of peat. The coir and curauá fibers, due to
the low buoyancy, were shown appropriated only for sorption of the oils in the three systems,
as well as the silk floss, which presented the best performance when compared to the others.
The determination of the calorific power of the biosorbents shows that they can be used for
energy generation before and after they are used as sorbents. This way, those materials can be
used after studies of economical viability in this sector and still to increase the economy of the
areas where they are abundant.

_____________________
Keywords: sorption, diesel, biodiesel, vegetable fibers and aquatic plants.
1

1 INTRODUÇÃO

A preocupação mundial com as questões ambientais tem aumentado


consideravelmente nos últimos anos, não só no sentido a minimizar os efeitos causados pela
poluição, mas na busca de meios alternativos e eficientes para recuperação de locais afetados.
A iniciativa em buscar essas soluções, parte não somente de órgãos governamentais, mas
também de organizações ambientais e institutos de pesquisa.
Derramamentos de óleo na terra e na água são uma preocupação para
todos os países do mundo. Poluição por petróleo e seus derivados não representam somente
uma perda física de material, produzem também efeitos negativos para a fauna, a flora e a vida
humana, afetando a economia, turismo e laser devido às propriedades destes materiais (LIM;
HUANG, 2007b, ANNUNCIADO et al., 2005).
Para combater estes derramamentos processos físicos, químicos e
biológicos podem ser usados para remover ou recuperar o óleo em situ (SALANITRO et al.,
1997; RIBEIRO et al., 2000). Um grande problema é que os estados e municípios raramente
estão preparados e equipados para enfrentarem esta situação. Os órgãos que estão diretamente
envolvidos nas ações de atendimento emergencial de acidentes com produtos perigosos são o
Corpo de Bombeiros e os órgãos de meio ambiente.
O bom planejamento das ações a serem desencadeadas em situações
emergenciais é de grande relevância para a minimização dos danos para a saúde humana, meio
ambiente e o patrimônio público ou privado. O tempo de resposta, a eficiência das ações
2

empregadas, a magnitude dos danos evitados e a disponibilidade dos recursos necessários são
alguns dos parâmetros importantes para a avaliação da eficácia de um atendimento
emergencial (GOUVEIA; NARDOCI, 2007).
No caso específico de derramamento de óleo emprega-se geralmente
material sorvente, podendo este ser de origem natural ou sintética (CHOI; CLOUD, 1992;
LEE et al., 1999; TEAS et al., 2001). As fibras vegetais (fibras lignocelulósicas e resíduos
agrícolas) são ecologicamente mais amigáveis que os sorventes sintéticos podendo apresentar
maior capacidade de sorção a um baixo custo (ANNUNCIADO et al., 2005).
Algumas plantas aquáticas apresentam alternativa para o tratamento de
águas poluídas através da técnica da fitorremediação e do aproveitamento da biomassa seca
como sorventes naturais (HERY-SILVA; CAMARGO, 2002). Quando o meio aquático em
que vivem é rico em nutrientes (nitrogênio e fósforo), apresentam uma fantástica capacidade
de reprodução (GENTELINI, 2007). Nessas situações, são consideradas infestantes e nocivas,
pois obstruem rios, lagos e represas, impedindo a navegação e alterando o ecossistema
aquático. Esta biomassa abundante é aproveitada na produção de papel, alimentação animal,
na produção de biogás e na fertilização de solos (HERY-SILVA; CAMARGO, 2002). Após
seca e moída, a macrófita Salvinia herzoggi mostrou-se eficiente na sorção de óleo cru puro,
em sistemas hídricos e como filtro (RIBEIRO et al., 2000; RIBEIRO et al., 2003).
Muitos são os trabalhos que relatam à capacidade de sorção de óleo
cru, mas poucos descrevem a sorção de óleos menos viscosos como o diesel. Com o incentivo
à produção de biocombustíveis, em especial o biodiesel, produto que vem para competir
diretamente com o diesel de origem fóssil, é interessante que metodologias que visem
remediar acidentes com o diesel também sejam testadas com o biodiesel. O estudo
comparativo de metodologias de combate à poluição para os dois combustíveis poderá servir
para aplicação em situação que venha a acontecer e como um incentivo à produção do
biocombustível já que estes são menos nocivos ao ambiente.
O sorvente natural mais empregado em derramamentos de óleo é à
base de turfa, sendo importado do Canadá e apresentando um alto custo R$93,57 o saco de 3,5
kg (R$26,73/kg). Visto o fator econômico e a necessidade de pesquisas na área, torna-se
necessário o estudo de sorventes alternativos a um baixo custo, com boa capacidade sorvente e
um destino adequado para estes.
3

Portanto, os objetivos desse trabalho são:

• Avaliar a capacidade sorvente das fibras vegetais coco (Cocos


nucifera) e curauá (Ananas erictifolius), paina (Ceiba speciosa) as macrófitas aquáticas taboa
(Typha sp.), o aguapé (Eichhornia crassipes) e a turfa frente aos óleos combustíveis diesel e
biodiesel;
• Verificar a sorção de óleo diesel e biodiesel pelos biosorventes
em sistema seco; em água doce, sendo que este com e sem agitação (sistema dinâmico e
estático);
• Determinar para os biosorventes as características físico-
químicas e energéticas.
• Sugerir formas de descarte para os biosorventes após utilização.
4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Óleo Diesel

Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), óleo diesel é definido


como: “Fração do petróleo composta principalmente por hidrocarbonetos alifáticos". O óleo
diesel é ligeiramente mais denso do que o querosene e destila na faixa entre 250 e 400ºC. É
usado como combustível em motores de combustão interna, nos quais a ignição ocorre pelo
aumento de temperatura ao invés de faiscação. Os óleos diesel são classificados em: interior,
metropolitano e marítimo (ANP, 2008).
Acidentes com óleo diesel no ambiente, constituem um evento comum
e, muitas vezes, uma ocorrência de grandes proporções (GAO et al., 2000). O óleo diesel não é
apenas fisicamente prejudicial para o ambiente, mas também quimicamente prejudicial,
porque contém muitos compostos tóxicos em concentrações relativamente grandes
(SALANITRO et al., 1997).
Existe um número elevado de postos revendedores de combustíveis no
país. Segundo dados da Cetesb (2005), o Estado de São Paulo concentra 7.861 postos
revendedores de combustíveis, o que representa 26% do total desses estabelecimentos no país
(29.804). Somente no Estado de São Paulo foram realizados 541 atendimentos emergenciais
em postos de revenda de combustíveis e de prestação de serviços, no período de 1984 a junho
5

de 2004. Dentre essas emergências destaca-se que 19% dos acidentes ocorreram com o óleo
diesel (CETESB, 2005).

2.2 Biodiesel

Segundo Shay (1993 apud FANGRUI; HANNAB, 1999) “Há cem


anos atrás, Rudolf Diesel testou óleo vegetal como combustível em motores”. No entanto, com
o advento do petróleo barato, frações de óleo cru foram refinadas para servir como
combustível. Um dos combustíveis derivados do petróleo largamente utilizados em motores
foi o óleo diesel o que ocasionou uma evolução considerável na tecnologia dos motores a
diesel. Em 1930 e 1940 os óleos vegetais foram usados novamente como combustível, mas
em geral em situações de emergência.
Devido aos altos preços do óleo cru, reservas limitadas de óleo fóssil e
preocupação ambiental, novamente nos dias atuais os óleos vegetais e agora também gorduras
animais tornam-se objeto de estudo como combustíveis (FANGRUI; HANNAB, 1999). A
diferença é que desta vez, o foco são estudos para produção de biodiesel a partir de óleos
vegetais e gorduras animais e não sua utilização in natura.
O biodiesel no Brasil surgiu de um estudo de viabilidade conduzido
por um Grupo Interministerial, coordenado pela Casa Civil da Presidência da República. A
definição brasileira do biodiesel, ditada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), em sua resolução No 42, define o biodiesel como: “Combustível
composto de alquilésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de óleos vegetais ou de
gorduras animais, conforme especificação da ANP. RESOLUÇÃO Nº 7, DE 19.3.2008”.
(ANP, 2008).
A Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, introduz o biodiesel na
matriz energética brasileira, sendo fixado em 5% (cinco por cento), em volume, o percentual
mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final,
em qualquer parte do território nacional. Esse percentual obrigatório será de 5% oito anos após
a publicação da referida lei (LEI 11.0097, 2005).
6

Desde 1º de janeiro de 2010, o óleo diesel comercializado em todo o


Brasil contém 5% de biodiesel. Esta regra foi estabelecida pela Resolução nº 6/2009 do
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), publicada no Diário Oficial da União
(DOU) em 26 de outubro de 2009, que aumentou de 4% para 5% o percentual obrigatório de
mistura de biodiesel ao óleo diesel (RESOLUÇÃO, Nº 6, 2009). A contínua elevação do
percentual de adição de biodiesel ao diesel demonstra o sucesso do Programa Nacional de
Produção e Uso do Biodiesel e da experiência acumulada pelo Brasil na produção e no uso em
larga escala de biocombustíveis.
O Brasil está entre os maiores produtores e consumidores de biodiesel
do mundo, com uma produção anual, em 2009, de 1,6 bilhões de litros e uma capacidade
instalada, em janeiro de 2010, para cerca de 4,7 bilhões de litros (ANP, 2010).
Desta forma, além dos benefícios ambientais como, livre de enxofre e
de compostos aromáticos, alto número de cetano, teor médio de oxigênio, maior ponto de
fulgor, menor emissão de partículas: HC, CO e CO2, caráter não tóxico e biodegradável,
(FERRARI et al., 2005) a produção de biodiesel proporcionará benefícios sociais como novos
postos de trabalho em todas as etapas da cadeia produtiva.

2.3 Derramamentos de Óleo

A "era da propulsão mecânica", iniciada em 1887, com a invenção dos


motores à explosão, passou a utilizar a gasolina e o diesel como combustível. A indústria
petroquímica surgiu em 1930, possibilitando a utilização de derivados do petróleo como
componentes de explosivos (glicerina e tolueno), matéria sintética para roupas, solventes e
medicamentos entre outros, que tiveram muita utilidade na Segunda Guerra Mundial (1939-
1945) e que são utilizados até hoje. Da década de trinta até os dias atuais, a indústria do
petróleo vem crescendo progressivamente (CETESB, 2008).
Dados da ITOPF (International Tanker Owners Pollution Federation),
que dá assistência técnica em casos de derramamento, por razões históricas, os vazamentos
são caracterizados por quantidade (maior que 7 toneladas, entre 7 e 700 toneladas e maior que
7

700 toneladas). A maioria dos acidentes ocorridos (84%) estão na categoria “menor que 7 t”
(ITOPF, 2008).
O número de grandes vazamentos (>700 t) tem diminuído nos últimos
trinta anos e a maioria dos acidentes é de médio ou pequeno porte (ITOPF, 2008), mas
considerando que médio a pequeno porte são quantidades de 7 a 700 t os impactos ambientais
criados são bastante expressivos.
Segundo Lim e Huang (2007a) estes acidentes podem ser ocasionados
por falha humana ou displicência, atos deliberados como vandalismo, guerras e despejo ilegal,
ou por catástrofes naturais como furacões e terremotos. As águas da costa e da linha costeira
podem ser poluídas por petróleo em operações de perfuração, acidentes envolvendo
petroleiros, escoamentos na exploração e produção, e derrames em operações de carregamento
e de descarregamento (LIM; HUANG, 2007b).
Os óleos que são encontrados em águas contaminadas não são
exclusividade do setor petroleiro e seus derivados como óleo cru, óleo diesel, e
hidrocarbonetos leves como querosene, combustível de injeção e gasolina, podem ser também
gorduras de origem vegetal e animal. As principais fontes industriais de resíduos oleosos
incluem refinarias; indústria metal/mecânica e usinagem; e processadores de alimentos e as
fontes de óleo em águas residuais municipais são de cozinha e resíduos humanos
(SRINIVASAN; VIRARAGHAVAN, 2008).
Resíduos de óleo na água podem existir na forma livre, dispersa ou
emulsificada. Métodos convencionais como separação por gravimetria, dissolução por
flotação, coalescência, centrifugação, floculação e coagulação, muitas vezes não removem o
óleo efetivamente ou a relação custo benefício não compensa a operação, pois alteram as
características do óleo derramado (SRINIVASAN; VIRARAGHAVAN, 2010).

2.4 Sorventes

Sorventes do latim “sorbere” são materiais que têm capacidade de se


encharcar de líquido. Os mecanismos de sorção dos materiais sorventes são absorção e
adsorção, que podem atuar separadamente ou em conjunto (ANNUNIADO et al., 2005). A
8

sorção é um termo geral utilizado para designar os processos de adsorção e absorção


(TANOBE et al., 2007).
A adsorção envolve a acumulação entre fases ou a concentração de
uma determinada substância ou classe de compostos em uma superfície ou interface e é um
processo que está baseado na afinidade química entre o sorvente e sorvato através de uma
grande área específica (WEBER et al., 1991). Portanto, adsorção é um processo de separação
no qual certos componentes de uma fase fluída são seletivamente transferidos para a superfície
de um sólido. Por outro lado, a absorção ocorre principalmente por ação da capilaridade e
mecanismos de sucção nas operações envolvendo remoção de óleo por sorventes porosos
(RIBEIRO et al., 2000).
A Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency
– EPA) dos Estados Unidos define absorventes como materiais que captam e retém o líquido
de forma distribuída através da sua estrutura molecular causando um inchamento do sólido em
50% do seu volume inicial ou mais quando exposto a pelo menos 70% de excesso do fluido.
Adsorventes são materiais insolúveis que são cobertos pelo líquido, por exemplo óleo na sua
superfície, incluindo poros e capilares, sem o inchamento do sólido quando exposto em
excesso de líquido acima de 50% (EPA, 2008).
A hidrofobicidade e a oleofilicidade são os fatores primários
determinantes do sucesso dos sorventes. Outros fatores importantes incluem a retenção de óleo
por longo período de tempo, quantidade de óleo sorvido por unidade de peso do sorvente e a
reutilização e biodegradabilidade do sorvente (TEAS et al., 2001).
Segundo Rajakovic-Ognjanovic et al. (2008), a sorção, no estágio de
tratamento de água poderia ser eficiente, não somente para a remoção de óleo, mas também,
para remover todas as substâncias que possuem afinidade física (adsorção) ou química
(quimisorção) por influência dos grupos ativos presentes nos sorventes. Devido às
características multifuncionais dos sorventes, também são aplicados em vários estágios do
tratamento de águas residuárias oleosas, com equipamentos adicionais no tratamento.
Os sorventes sugeridos para este setor podem ser agrupados em três
grandes categorias: produtos minerais inorgânicos, produtos orgânicos sintéticos e produtos
vegetais (LEE et al., 1999).
9

Segundo Melvold et al. (1988 apud, CHOI; CHOUD, 1992), os


produtos minerais incluem perlita, vermiculitas, argila adsorvente e diatomita. Esses materiais
não mostram suficiente flutuabilidade e retenção de óleo, sendo a capacidade de sorção
geralmente baixa.
Fibras sintéticas como polipropileno, poliéster e poliamida (náilon) são
largamente usadas como sorventes de óleo. No entanto, o uso de biodegradáveis ou resíduos
agrícolas como sorventes de óleo ou filtros são uma alternativa preferível. Várias fibras
biodegradáveis têm sido estudadas em pesquisas recentes para aplicação na limpeza em
derramamentos de óleo e como filtros (LIM; HUANG, 2007a).
Segundo World Catalogue of Oil Spill Response Produts (1997/1998
apud SAITO et al., 2003) existe uma certa evolução na taxa sorção para os sorventes
orgânicos. Para a sorção de óleo por fibras em geral, considera-se nos tempos de 5 minutos
que a sorção é baixa, 5 - 10 minutos razoável e acima 10 minutos é boa.
Erva-de-leite (milkweed) e o algodão mostraram absorver
significativamente mais óleo quando comparadas a materiais sorventes sintéticos comerciais
(CHOI; CLOUD, 1992). Segundo Varghese e Cleveland (1998 apud LIM; HUANG,
2007b) filtros de quenafe (kenaf) podem remover do meio 70–95% de óleo estabilizado por
surfactantes e emulsão de óleo na água. Deschamps et al. (2003) usaram algodão como um
filtro para remover a camada de óleo na água deixando o efluente quase livre do óleo. Pasila
(2004) estudou palheta alpista, fibra de linho e cânhamo e constatou que os materiais fibrosos
foram capazes de separar óleo de água durante a filtração de água oleosa. A planta aquática
salvinia, mostrou-se excelente na separação do óleo da água (RIBEIRO et al., 2003).
Annunciado, et al. (2005) avaliaram a sorção de óleo cru pela paina mostrando absorver 85g
de óleo cru/g de fibra.

2.5 Fibras Vegetais Comerciais

Os recursos naturais apresentam papel de destaque dentro das


atividades econômicas de muitos países. No caso de países em desenvolvimento e não
desenvolvidos, eles também contribuem para o desenvolvimento social e econômico. Este fato
10

não surpreende, pois o mundo passa por um momento onde se busca utilizar ao máximo os
recursos naturais e desenvolver novos processos e produtos (SATYANARAYANA et al.,
2007).
Segundo Kozlowski (2004, apud SATYANARAYANA et al., 2007)
entre tais recursos estão os materiais de lignocelulosicos, dos quais aproximadamente 2,5
bilhões de toneladas estão disponíveis e que foram usados desde 6000 a.c. Fibras estão
disponíveis em muitos destes materiais, sendo também chamadas de plantas fibrosas, fibras
naturais ou fibras vegetais.
As fibras lignocelulósicas são constituídas principalmente por três
macromoléculas, um polifenol, a lignina, e dois polissacarídeos, a celulose e as hemiceluloses.
A celulose é o principal constituinte dos organismos vegetais, embora
também seja encontrada em alguns organismos do reino animal, é considerado o mais
abundante composto orgânico natural, sendo o principal componente da parede celular dos
vegetais (NELSON; COX, 2006). Raramente ocorre na natureza no estado puro, mas é
encontrada geralmente, misturada com ligninas, hemiceluloses, pectina, etc. A celulose é um
homopolissacarídeo formado por unidades do monossacarídeo β-D-glicopiranose unidas por
ligações glicosídicas do tipo β-(1→4), sendo a unidade repetitiva a celobiose (SOLOMONS;
FRYHLE, 2002).
A medida que a densidade de empacotamento da celulose aumenta, re-
giões cristalinas são formadas (MARTIM et al., 2009). Portanto, pode-se dizer que o aumento
do índice de cristalinidade refere-se ao aumento da quantidade de celulose ao longo da fibra.
Em adição a estrutura cristalina, celulose contém áreas amorfas, não
cristalinas, onde a estrutura ordenada inexiste. Esta composição, somada as irregularidades
observadas nas cadeias cristalinas, tal como curvaturas que aumentam sua superfície, atribuem
característica paracristalina a estrutura (Desvaux, 2005).
As hemiceluloses são polissacarídeos formados principalmente por
pentoses e hexoses, constituindo cadeias moleculares ramificadas e de baixas massas molares.
A natureza química das hemiceluloses varia nas plantas, de tecido para tecido e de espécie
para espécie. O conteúdo de polioses nas madeiras duras (angiospermas) varia de 25 a 35%;
11

nas madeiras moles (gimnospermas) varia de 15 a 29% e nas gramíneas este conteúdo varia de
25 a 50% (FENGEL; WEGENER, 1984; D’ALMEIDA, 1988).
A grande quantidade de grupos hidroxila presente na celulose e nas
hemiceluloses, confere propriedades hidrofílicas às fibras lignocelulósicas.
Os monossacarídeos que constituem as hemiceluloses podem ser
divididos em quatro grupos principais: as pentoses, as hexoses, os ácidos hexurônicos e as
desoxihexoses (FENGEL; WEGENER, 1984; D’ALMEIDA, 1988).
A lignina pode ser definida como uma macromolécula aromática
altamente ramificada, amorfa, possuindo um grande número de grupamentos funcionais
variados, de estrutura química muito complexa, baseada na unidade fenilpropânica (NELSON;
COX, 2006).

2.5.1 Coco

O coqueiro (Cocos nucifera) é uma árvore da espécie Arecaceae,


família Palmae, e seu fruto um produto industrial valioso em países tropicais
(CHAKRABORTY et al., 2009).
A fruta é composta de três partes exocarpo, mesocarpo e endocarpo,
sendo que do mesocarpo são retiradas às fibras (CHAKRABORTY; MITRA , 2008). As fibras
de coco (Figura 2.1) são materiais lignocelulósicos e se caracterizam pela dureza e
durabilidade, atribuída ao alto teor de lignina, quando comparadas com outras fibras naturais
(JÚNIOR, 2007). Estas fibras contêm 44,4% de celulose, 29,3% de lignina, 16,9% de
pentosanas, 3,3% de cinzas e 0,4% incluem outros componentes como sílica (HAN;
ROWELL, 1997).
12

Figura 2.1 - Fibra de Coco.

Grande quantidade de água de coco e produtos derivados do coco são


produzidos e consumidos no Brasil e em muitos países. De acordo com dados oficiais são
produzidos anualmente 6,7 milhões toneladas de resíduos de coco (casca). A casca é
constituída principalmente de lignina e celulose (RODRIGUES et al., 2008).
O desenvolvimento de alternativas de aproveitamento de cascas de
coco possibilita a redução da disposição de resíduos sólidos em aterros sanitários e
proporciona uma nova opção de rendimento junto a sítios de produção (JÚNIOR, 2007).

2.5.2 Curauá

A Ananas erictifolius é uma espécie hidrofílica da região amazônica.


Suas folhas são duras, eretas e possuem uma superfície plana (Figura 2.2). Elas têm em média
comprimento de um metro e largura de quatro centímetros, com espinhos em toda sua
extensão (CARASCHI; LEÃO, 1999).
13

Figura 2.2 – Curauá (Ananas erictifolius).

O curauá não necessita de solos muito ricos, podendo ser plantado em


solos de textura arenosa. Cada planta produz cerca de 24 folhas e o rendimento de fibra seca é
de aproximadamente 6%. Um hectare produz 3.600 quilos de fibra seca (Figura 2.3) ao ano,
embora esses valores variem bastante.

Figura 2.3 - Fibra de Curauá.

A composição química para o curauá é de 73.6% de celulose, 9.9% de


hemiceluloses, 7,5 % de lignina e 0,9% de cinzas (CARASCHI; LEÃO, 2001).
O curauá está entre as fibras mais competitivas, figurando entre as
mais economicamente viáveis (LEÃO; CARASCHI, 2000). Devido as suas características, a
fibra de curauá também vem despertando o interesse da indústria automobilística podendo ser
usadas como agente de reforço em painéis de carros e caminhões (SCHUH; GAYER, 1997).
14

2.5.3 Turfa

A turfa é uma substância fóssil, organo-mineral, originada da


decomposição de restos vegetais, encontrada em áreas alagadiças como várzeas de rios,
planícies costeiras e regiões lacustres (FRANCHI, 2004). Ela representa o estágio inicial da
formação de carvão, originando-se da acumulação de matéria vegetal composta de musgos,
plantas aquáticas diversas, material lenhoso, arbustos e líquens (Figura 2.4) (MORAES, 2001).

Figura 2.4 – Turfa.

O processo de decomposição da matéria orgânica ocorre em um


ambiente ácido e de pouca oxigenação (PETRONI et al., 1999). A turfa contém, em geral,
90% ou mais de água e quando recolhida e seca ao ar, esse teor abaixa para valores médios
próximos de 40% (MORAES, 2001). Do material seco possui acima de 70% de matéria
orgânica em relação ao seu peso, podendo ser mais ou menos fibrosa, dependendo do grau de
decomposição da matéria base (CANTHÉ, 2010).
Sob o ponto de vista físico-químico, é um material poroso, altamente
polar, com elevada capacidade de adsorção para metais de transição e moléculas orgânicas
polares (FRANCHI, 2004). A forte atração da turfa pela maioria dos cátions metálicos em
solução deve-se, principalmente, ao elevado teor de substâncias húmicas (ácidos húmico e
fúlvico) na sua matéria orgânica (ROSA et al., 2000). Essas substâncias, também conhecidas
como polímeros naturais, são ricas em grupos funcionais com cargas negativas, tais como
ácidos carboxílicos e hidroxilas fenólicas e alcoólicas, que são justamente os sítios de
adsorção dos metais em solução (PETRONI et al., 1999).
15

Além do uso consagrado da turfa como fonte energética, observa-se,


nos últimos anos, o incremento de sua utilização na agricultura, como insumo para produção
de condicionadores de solos, biofertilizantes e substratos de mudas (SUFFERT, 1998). Nos
últimos vinte anos, a turfa tem sido muito estudada, principalmente no Canadá, Estados
Unidos e Europa, como alternativa tecnológica de utilização de um adsorvedor natural de
baixo custo, aplicado ao tratamento de águas e efluentes contaminados por metais pesados e
outras substâncias tóxicas (PETRONI et al., 1999).

2.6 Materiais Vegetais Não Comerciais

2.6.1 Paina

Paina é o nome dado aos tricomas (pêlos), comumente chamados de


fibra e obtida dos frutos da paineira. Atualmente a paineira é chamada Ceiba speciosa A. St. -
Hil. (Figura 2.4), sinônimo de Chorisia speciosa St. Hil. (TROPICOS, 2010).
A paineira é uma grande árvore da família Malvaceae (Figura 2.5),
(DUARTE, 2010) nativa da região tropical e subtropical da América do Sul (CARNEIRO-
BELESKI et al., 2002). No hemisfério norte, até as Antilhas e o sul dos Estados Unidos
(SOUZA et al., 2003). No Brasil ocorre em uma ampla área, que abrange, principalmente, as
florestas mesófilas semidecíduas nos estados brasileiros de São Paulo, Minas Gerais, Goiás,
Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (FANTI; PEREZ, 2004).

Figura 2.5 - Paineira (Ceiba speciosa St. Hil.).


16

Conhecida popularmente como paineira-rosa, paineira, árvore-de-


paina, paina-de-seda, árvore-de-lã, barriguda, paineira-fêmea, paineira-de-espinho (CARNEIRO-
BELESKI et al., 1999).
A espécie comumente apresenta 10 m a 15 m de altura e 30 cm a 60
cm de diâmetro à altura do peito (DAP - 1,3 m), podendo atingir 20 m a 30 m de altura e 120
cm de DAP (SOUZA et al., 2003).
As flores são hermafroditas e o fruto é uma cápsula oblonga deiscente
(Figura 2.6). As sementes são envoltas por pêlos (paina) (Figura 2.7), que auxiliam a dispersão
pelo vento. Cada árvore produz em média 300 a 700 frutos cada um com cerca de 120 a 200
sementes (ESPÉCIES ARBÓREAS BRASILEIRAS, 2010).

Figura 2.6 - Fruto verde da paineira.

Figura 2.7 - Fruto maduro e paina.


17

Além da importância ecológica e ornamental, a madeira da paineira


pode ser empregada na confecção de canoas, cochos, forros de móveis, na caixotaria e no
fabrico de pasta celulósica (FANTI; PEREZ, 2004).

2.6.2 Macrófitas Aquáticas

Segundo Esteves, (1998) uma das primeiras menções às macrófitas


aquáticas foi proposta por WEANER e CLEMENTS em 1938, que definiram, de maneira
muito ampla, como plantas herbáceas que crescem na água, em solos cobertos por água ou em
solos saturados com água. Macrófitas aquáticas é a denominação mais adequada para
caracterizar vegetais que habitam desde brejos até ambientes totalmente submersos (isto é,
debaixo d'água).
As macrófitas aquáticas são, em sua grande maioria, vegetais
terrestres que, ao longo de seu processo evolutivo, adaptaram-se ao ambiente aquático; por
isso apresentam algumas características de vegetais terrestres e uma grande capacidade de
adaptação a diferentes tipos de ambientes, o que torna sua ocorrência muito ampla (TUNDISI;
TUNDISI, 2008).

Segundo Esteves (1998), o fato das macrófitas aquáticas constituírem


um grupo muito grande, elas são geralmente classificadas em cinco principais grupos,
baseados em seu modo de vida (biótopo) no ambiente aquático. Esses grupos são:

a) Macrófitas aquáticas emersas: enraizadas no sedimento, porém as


folhas crescem para fora da água. Ex: Typha, Pontederia, Echinodorus.

b) Macrófitas aquáticas com folhas flutuantes: enraizadas no


sedimento e com folhas flutuando na superfície da água. Ex: Nymphaea, Vitoria e
Nymphoides.

c) Macrófitas aquáticas submersas enraizadas: enraizadas no


sedimento e crescendo totalmente submersa a água. Ex: Myriophyllum, Elodea, Egeria.
18

d) Macrófitas aquáticas submersas livres: Permanecem flutuando


submergidas na água. Podem se prender a pecíolos e caules de outras macrófitas. Ex:
Utricularia e Ceratophyllum.

e) Macrófitas aquáticas flutuantes: Flutuam livremente na superfície da


água. Ex:.Eichhornia crassipes, Salvinia, Pistia.

2.6.2.1 Taboa

A taboa (Typha sp.) é uma espécie de água doce pertencente à família


Typhaceae, comumente conhecida como taboa, é uma planta perene, herbácea, rizomatosa,
aquática, com caule cilíndrico, podendo atingir até 3 m de altura, nativa da América do Sul
(Figura 2.8). Sua inflorescência ocorre, mais ou menos, na altura das folhas, com longo
pendúnculo provido de folhas caulinas e longa espiga terminal. As flores são masculinas no
ápice e femininas na base (ALMEIDA et al., 2007).

Figura 2.8 – Taboa (Typha dominguensis).

Propaga-se por sementes e vegetativamente e forma densos


agrupamentos. É bastante vigorosa, chegando a produzir 7.000 kg de rizomas por hectare.
19

Seus rizomas são comestíveis, possuindo valor protéico igual ao do milho e de carboidratos
igual ao da batata (BIANCO et al., 2003). É uma espécie emergente cujas folhas são
anfiestomáticas e apresentam grupos de fibras esclerenquimáticas por entre as células do
parênquima paliçádico, logo abaixo da epiderme, e associados aos feixes.
É muito freqüente em margens de lagos, reservatórios, canais de
drenagem e várzeas. Possui importância comercial, pois serve de matéria-prima para
confecção de móveis e de celulose (KISSMANN; GROTH, 2000). Plantas de T. dominguensis
absorvem metais pesados, inclusive o cobre, podendo contribuir para o saneamento ambiental.
Indicada, também, como depuradora natural de ambientes aquáticos (GALLARDO-
WILLIAMS et al., 2002).

2.6.2.2 Aguapé

O aguapé (Eichhornia crassipes) é uma planta aquática de flotação


livre (Figura 2.9) originária da Amazônia na América do Sul. Hoje aparece em mais de 50
países nos cinco continentes em razão da sua utilização como planta ornamental pela beleza
das suas flores (TAN et al., 2008).

Figura 2.9 - Aguapé (Eichhornia crassipes).

Essa espécie prolifera rapidamente em lagos com elevadas


concentrações de nutrientes, que a planta utiliza para o seu metabolismo. Além da
possibilidade de absorção dos nutrientes presentes na água, o que é extremamente útil em
20

ambientes eutrofizados, o aguapé também tem a capacidade de remover metais pesados e


outros contaminantes da água (GENTELINI et al., 2008). Contudo, durante sua senescência
(período de envelhecimento da planta), os nutrientes absorvidos e metais pesados são
liberados para o meio novamente, pelo seu processo de decomposição (ESTEVES, 1998).
Como esta planta pode remover contaminantes como metais pesados
mostra-se interessante, pois tratamentos convencionais são caros e produzem elevada
quantidade de lama tóxica. Neste contexto, a E. crassipes pode ser usada contribuindo para a
sociedade e o meio ambiente (TAN et al., 2008).
21

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

3.1.1 Biosorventes

As fibras vegetais selecionadas para os ensaios como biosorventes,


coco (Cocos nucifera), (Figura 3.1) foram obtidas junto à empresa Sindifibras, Salvador-BA e
a fibra de curauá (Ananas erictifolius) (Figura 3.1) foi obtida da empresa Poematec, Santarém-
PA. A paina (Figura 3.1) foi coletada na Fazenda Experimental Edgardia – UNESP, Botucatu-
SP.
As macrófitas aquáticas taboa (Typha sp.) e o aguapé (Eichhornia
crassipes) (Figura 3.1), também estudadas neste trabalho como biosorventes foram coletadas
no Setor de Aqüicultura da FMVZ - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
localizada na Fazenda Experimental Lageado - UNESP, Botucatu-SP.
O sorvente comercial à base de turfa (Figura 3.1), Peat Sorb importado
do Canadá foi adquirido junto à empresa Ecosorb de Americana-SP.
22

Figura 3.1 – Biosorventes Utilizados.

3.1.2 Óleos Combustíveis

O óleo diesel usado em todos os experimentos de sorção é comercial


denominado como interior S1800, tendo sido adquirido em posto de combustível
PETROBRAS, no município de Botucatu - SP. O biodiesel utilizado foi adquirido junto à
empresa BIOPAR localizada no município de Rolândia - PR.

3.2 Métodos

3.2.1 Coleta e Preparação dos Biosorventes


23

As fibras de coco e curauá não necessitaram de coleta e preparação


prévia uma vez que foram obtidas já desfibradas e secas.
A paina foi coletada de frutos secos das paineiras, posteriormente
retiraram-se as sementes e acondicionou-se a fibra em sacos de polietileno.
As macrófitas aquáticas foram coletadas, lavadas com água corrente e
em seguida foram drenadas naturalmente.
A macrófita taboa (Typha sp.) foi coletada cortando-se a planta
próximo da raiz. No processo de preparação, uma parte da planta foi seca inteira e outra foi
seca após separação da inflorescência do restante da planta (folhas e caule). A planta aguapé
(E. crassipes) também foi seca inteira (parte aérea e raiz) e outra parte foi seca separadamente,
parte aérea e raiz.
A secagem foi feita em estufa MARCONI, com circulação de ar à
temperatura de 60 ºC até peso constante. Após seco o material foi armazenado em sacos de
polietileno e guardado em local seco e arejado.
As amostras conforme preparadas foram submetidas à moagem em
moinho de facas MARCONI, modelo MA-680.
Em seguida foram separadas em agitador de peneiras BERTEL,
utilizando-se conjunto de peneiras com as respectivas aberturas: 3350 μm, 850 μm, 425 μm e
180 μm. O material classificado foi armazenado em sacos de polietileno, devidamente
etiquetado em local seco e arejado.

3.2.2 Caracterização dos Biosorventes

As amostras submetidas à caracterização química foram moídas em


moinho de facas e selecionadas em agitador de peneiras, tendo tamanho compreendido entre
40-60 mesh (F40/60), isto é, diâmetro inferior a 425 μm e superior a 250 μm.
24

3.2.2.1 Determinação do Teor de Umidade

O teor de umidade dos biosorventes foi determinado pelo método


TAPPI 264 cm-97. Em uma balança com precisão de 0,0001 g e com o auxílio de um pesa
filtro previamente tarado pesou-se aproximadamente 2 g de biomassa (m1). Após 4 h em
estufa à temperatura de 103 ± 2 °C, levou-se o pesa filtro ao dessecador até atingir temperatura
ambiente, pesando-o novamente (m2). O teste foi realizado em duplicata e o cálculo do teor de
umidade foi realizado utilizando a equação:

Umidade (%) = [(m1 – m2)/m1]x100....................................(Eq. 1)


Sendo:
m1 = massa da biomassa úmida (g)
m2 = massa da biomassa seca (g)

3.2.2.2 Determinação do Teor de Cinzas

A determinação do teor de cinzas foi feita de acordo com a norma


TAPPI T 211 om-93. Colocou-se o cadinho de porcelana na mufla sob tempertura de 525 ±
25 ºC por 30-60 minutos. Retirou-se o cadinho e, após esfriar em dessecador com sílica,
pesou-se (m1) em balança analítica. Encheu-se o cadinho com 2 g de biomassa e deixou-se em
estufa de um dia para o outro à temperatura de 103 ± 2° C. Após este tempo, retirou-se da
estufa, deixou-o esfriar em dessecador com sílica e pesou-se (m2). Levaram-se os cadinhos
para a mufla sob temperatura de 525 ± 25 ºC durante 3-5 h. Retirou-se da mufla e colocou-se
em dessecador até temperatura ambiente e pesando-os (m3). Para as amostras de paina e flor
da taboa, em razão do grande volume utilizaram-se para esta determinação as massas de 0,5 g
e 1 g; respectivamente. O teste foi realizado em duplicata e o teor de cinzas foi determinado
pela equação:

Cinzas (%) = [(m3-m1) x 100]/(m2-m1)...................................(Eq. 2)


25

Sendo:
m1 = massa cadinho (g)
m2 = massa do cadinho + massa biomassa seca (g)
m3 = massa do cadinho + massa de cinzas (g)

3.2.2.3 Preparo das Amostras para Determinação do Teor de Lignina e


Holocelulose

Para a determinação do teor de lignina pesou-se 1 g a.s. de amostra e


para determinação do teor de holocelulose 2 g a.s. em cartuchos extratores de celulose.
Extraiu-se em soxhlet com álcool-tolueno (1:2) durante 6 a 8 h. Substituiu-se a mistura de
álcool-tolueno por álcool 96º e extraiu-se novamente durante 6 a 8 h. Removeu-se o saquinho
do extrator e extraiu-se com água quente, por 1 h, 3 vezes. Deixou-se a amostra secar ao ar
dentro do saquinho de papel de filtro durante 2 dias ou mais.

3.2.2.4 Determinação de Lignina

A determinação da lignina foi realizada empregando-se a norma


TAPPI T222 om-98. Após a preparação prévia da amostra (3.2.2.3), transferiu-se toda a
amostra do cartucho extrator de celulose para um béquer de 100 mL com 15 mL de H2SO4
72%, à temperatura de 18-20 ºC por 2 h homogeneizando periodicamente. Após 2 h,
transferiu-se a amostra para erlenmeyer de 1 L usando 560 mL de água destilada mantendo em
ebulição por 4 h, mantendo-se o volume de água constante. Após 4 h (sedimentação total da
lignina), filtrou-se através de cadinho de vidro sinterizado (nº2) com auxilio de uma bomba à
vácuo. Secou-se o cadinho em estufa a 103 ± 2 ºC, esfriou-se em dessecador e pesou-se. O
teste foi realizado em duplicata e o teor de lignina foi determinado pela equação:

Lignina (%) = (massa do resíduo/1,0000)x100............................(Eq. 3)


26

Sendo:
massa do resíduo = massa total - tara do cadinho

3.2.2.5 Teor de Holocelulose

A determinação da holocelulose foi realizada empregando-se a norma


TAPPI T257 om-85. Transferiu-se toda a amostra preparada conforme 3.2.2.3, para um
erlenmeyer de 125 mL e adicionaram-se 55 mL de água destilada, 3 mL de solução de clorito
de sódio 20 % (NaClO2 20 %) e 2 mL de ácido acético (1:5). Colocou-se a amostra em banho
termoestático a 70 ºC e a cada 45 minutos adicionaram-se mais 3 mL de NaClO2 e 2 mL de
ácido acético, totalizando cinco adições. Após o último tratamento, filtrou-se através de
cadinho de vidro sintetizado tarado de porosidade fina e lavou-se com 250 mL de água
destilada. Secou-se em estufa, esfriou-se em dessecador e pesou-se. O teste foi realizado em
duplicata e calculou-se a porcentagem de holocelulose através da expressão:

Holocelulose (%) = (massa do resíduo/2,0000)x100.......................(Eq. 4)

Sendo:
peso resíduo = peso total final – tara

3.2.2.6 Teor de Celulose

Em um béquer de 100 mL colocou-se 1 g de holocelulose resultante do


procedimento de determinação do “Teor de holocelulose” (2.2.2.5) e 15 mL de hidróxido de
potássio a 24,0%. Após 15 h sob agitação, filtrou-se a mistura em cadinho de vidro sinterizado
(no2) previamente tarado, lavando o precipitado com água destilada até a neutralidade; em
seguida, lavou-se com ácido acético 1 % e finalmente último com etanol em excesso. A
celulose obtida foi seca ao ar por 48 h e em estufa a 103 ± 2 ºC por 30 minutos. Resfriou-se a
27

celulose em dessecador até massa constante. Determinou-se o teor de celulose a partir da


seguinte expressão:

Celulose (%) = m1/m2x100............................................(Eq. 5)

Sendo:
m1 = massa de celulose seca (massa final do cadinho – tara)
m2 = massa de holocelulose seca

3.2.2.7 Teor de Hemecelulose

Uma vez que, a holocelulose consiste na massa de celulose mais


hemicelulose pode-se determinar a hemicelulose segundo a equação:

Hemicelulose (%) = Holocelulose (%) - Celulose (%)......................(Eq. 6)


Sendo:
Holocelulose (%) = Eq. 4
Celulose (%) = Eq. 5

3.2.2.8 Teor de Gordura

Para a determinação do teor de gordura, pesaram-se 2 g a.s. de amostra


em cartuchos extratores de celulose (SILVA; QUEIROZ, 2002) Extraiu-se em soxhlet com
éter de petróleo durante 6 a 8 h. Em seguida, destilou-se o éter presente no balão, secou-se o
éter em estufa e pesou-se após esfriar em dessecador.

Gordura (%) = [(m3-m2)/m1]x100........................................(Eq. 7)

Sendo:
m1 = massa da amostra
28

m2 = massa do balão
m3 = massa do balão + gordura

3.2.2.9 Análise Elementar

A caracterização das amostras quanto aos elementos carbono,


hidrogênio e nitrogênio (C, H e N) foi realizada por análise elementar em equipamento Perkim
Elmer CHN 2400, na Central Analítica do Instituto de Química da USP.
O teor de hidrogênio foi utilizado para determinação do Poder
Calorífico Inferior (PCI)

3.2.2.10 Densidade Aparente das Fibras

Em uma balança com precisão de 0,0001 g e com o auxílio de uma


proveta de 100 mL previamente tarada pesou-se a amostra do biosorvente. Calculou-se a
densidade aparente dos biosorventes pela equação:

d = m/v............................................................. (Eq. 8)

d = densidade
m = massa (g)
v = volume (mL)

3.2.2.11 Classificação Granulométrica

Tomou-se 10 g (m1) de amostra moída em moinho de facas, e colocou-


se no peneirador com as quatro peneiras de abertura 3350μm, 850 μm, 425 μm, 180 μm por 1
29

h. Em seguida, pesou-se a massa correspondente a cada granulometria (m2) e calculou-se a


porcentagem de cada fração presente na amostra.

Granulometria (%) = (m2x100)/m1.........................................................(Eq. 9)

Sendo:
m1 = massa inicial da amostra (g)
m2 = massa correspondente a granulometria (g) em cada peneira correspondente

3.2.2.12 Hidrofobicidade das Fibras

A hidrofobicidade dos biosorventes foi determinada empregando-se a


metodologia descrita por Ribeiro et al. (2003). Pesou-se 1 ± 0,0001g de amostra (m1) em um
béquer, em seguida adicionou-se 20 mL de água destilada sob agitação com bastão de vidro.
Posteriormente adicionou-se 20 mL de hexano agitando-se por 3 minutos, seguido de repouso
por 5 minutos. O material transferido para a fase orgânica foi retirado com um coletor, seco e
pesado (m2). A hidrofobicidade foi calculada pela equação:

Hidrofobicidade (%) = (m2/m1)x100.................................(Eq. 10)

Sendo:
m1 = massa de amostra inicial (g)
m2 = material transferido para a fase orgânica (g)

3.2.2.13 Testes de Flutuabilidade

Os testes para determinação da flutuabilidade foram conduzidos


segundo metodologia descrita por Ribeiro et al. (2000). Os testes foram conduzidos em
situação de inexistência de agitação (sistema estático) e com agitação (sistema dinâmico). Para
30

o sistema estático 2 ± 0,0001g de amostra foi imersa em uma coluna de água deionizada de 80
mm durante 15 minutos e a porção flutuante foi recolhida e calculada em relação à porção
total. Para o sistema dinâmico 2 ± 0,0001g da amostra é colocada em uma coluna de 80 mm de
água sob agitação (100 rpm) em agitador magnético durante 10 minutos e a porção flutuante é
recolhida e calculada como no sistema estático. A flutuabilidade foi calculada seguindo a
equação:

Flutuabilidade (%) = (m2/m1)x100....................................(Eq. 11)


Sendo:
m1 = massa inicial
m2 = massa flutuante

3.2.2.14 Análise Termogravimétrica – TGA

A análise termogravimétrica dos biosorventes foi realizada no Instituto


de Química da USP, utilizando o analisador térmico NETZSCH TG 209 F1. A análise
termogravimétrica foi conduzida em atmosfera de nitrogênio com uma taxa de aquecimento de
10 ºC/min. até 600 ºC com uma vazão de 100 mL/min.

3.2.2.15 Microscopia Eletrônica de Varredura - MEV

As amostras com melhor desempenho como sorventes foram


submetidas à análise por Microscopia Eletrônica de Varredura - MEV, para se analisarem as
características morfológicas dos biosorventes. Este procedimento foi realizado na de
Universidade Federal de São Carlos-UFSCar, utilizando Microscópio Eletrônica de Varredura
LEO STEREOSCAN 440 com amostras não metalizadas.
31

3.2.2.16 Microscopia Óptica

As amostras com melhor desempenho como sorventes foram


analisadas em microscópio óptico Diag Tech, para se determinarem as características dos
biosorventes após sorção do óleo. Este procedimento foi realizado no Laboratório de
Microscopia da Universidade Federal do Paraná – Campus de Palotina.

3.2.2.17 Método para Determinação do Poder Calorífico Superior


(PCS), Inferior (PCI) e Útil (PCU)

As amostras utilizadas para análise do poder calorífico superior (PCS)


foram moídas, secas e peneiradas em peneira ABNT 70, segundo norma ABNT – NBR 8633 e
prensadas na forma de pastilhas com aproximadamente 1 ± 0,0001g cada uma e foram levadas
em estufa a 103 ±2º C até a estabilização do peso, o que indica que a amostra está seca.
Após esse procedimento, as amostras foram novamente pesadas e
queimadas em bomba calorimétrica ALEMMAR Modelo KL-5. A metodologia para obtenção
do poder calorífico superior foi baseada no manual de instruções do calorímetro e adaptado
segundo a norma ABNT-NBR 8633.
O calorímetro tem como unidade de calor kcal/kg, mas optou-se em
transformar para kJ/kg (Sistema Internacional de Medidas), multiplicando-se os valores
determinados nas equações para PCS, PCI e PCU por 4,18. A constante K da máquina
utilizada foi determinada com ácido benzóico, sabendo-se previamente que o PCS do ácido
benzóico é de 6318 kJ/kg. O valor obtido de K foi de 413,1228.
Para cada amostra de biosorvente testado determinou-se o poder
calorífico superior médio, segundo a equação:

PCS = [(K+ mH2O)xΔT]/m1......................................................(Eq.12)


32

Sendo:
PCS = poder calorífico superior
K = constante do equipamento (413,1228)
mH2O = massa de água (2700 g)
ΔT = variação de temperatura (ºC)
m1 = massa seca (g)

O poder calorífico inferior (PCI) e o poder calorífico útil (PCU), foram


determinados, segundo Brito (1993), segundo as equações descritas a seguir.

PCI = PCS-{600x[(9xH)/100]}......................................(Eq. 13)

PCU = PCIx{[(100- U)/100]- (6xU)..................................(Eq. 14)

Onde:
PCS = poder calorífico superior, determinado através de bomba calorimétrica
PCI = poder calorífico inferior
PCU = poder calorífico útil
H(%)= teor de hidrogênio
U(%)= umidade do material

O PCI foi calculado com o material a 0% de umidade, e o PCU com as


umidades determinadas (Eq. 1).

3.3 Ensaios de Sorção

Os ensaios de sorção foram realizadas no Laboratório de Resíduos


Sólidos e Compósitos - Departamento de Recurso Naturais da FCA - Faculdade de Agronomia
na UNESP – Campus de Botucatu-SP e no Laboratório de Bioquímica da Universidade
Federal do Paraná – Campus Palotina-PR.
33

Nos ensaios de sorção empregou-se metodologia semelhante à descrita


por Lee et al. (1999).

3.3.1 Ensaios em Sistema Seco

Foi utilizado 0,5000 g da amostra, com a exceção da paina e da flor da


taboa, onde empregou-se 0,1000 g devido ao grande volume ocupado. As amostras foram
postas em contato com 20 g de óleo (aproximadamente 30 mL) de óleo (Figura 3.2) à
temperatura de 20 a 25 0C durante tempos de 5, 10, 20, 40, 60 e 1440 minutos. Os materiais
foram filtrados em filtro de náilon com abertura 60 mesh, com auxílio de um sistema de
filtração QUIMIS por 1 minuto sob vácuo (Figura 3.3), em seguida pesados em uma balança
digital analítica. Experimentos de sorção foram realizados para cada uma das fibras vegetais
com três repetições. Para descontar qualquer óleo retido no filtro foram realizadas provas em
banco em que o material sorvente foi substituído por pérolas de vidro, assim determinou-se a
massa de óleo retida no filtro descontando-a da massa final. A sorção foi expressa em forma
de quantidade de óleo sorvido por massa seca do material (m1) sorvente como mostra a
equação:

S = (m2-m1-m3)/m1.................................................(Eq. 15)
Sendo:

S = sorção (g de óleo/g de sorvente seco)

m1 = massa inicial da amostra (g)


m2 = massa da amostra + óleo (g)
m3 = massa do filtro + óleo (g)
34

Figura 3.2 – Sistema Seco.

Figura 3.3 – Sistema de Filtração.

As amostras que demonstraram melhor desempenho de sorção em


sistema seco e a melhor flutuabilidade foram submetidas aos ensaios com água para simular
condição de derramamento em corpo hídrico.
35

3.3.2 Ensaios em Sistema Estático

Em um béquer contendo 80 mL de água destilada foram adicionados


20 g de óleo (Figura 3.4); em seguida as amostras foram adicionadas ao sistema e nos tempos
de 5, 20, 60 e 1440 min. Após os tempos estabelecidos, as amostras foram filtradas e pesadas
nas mesmas condições descritas no item 3.3.1.

Figura 3.4 – Sistema Estático.

3.3.3 Ensaios em Sistema Dinâmico

Empregou-se a mesma metodologia no item 3.3.2, porém, com a


agitação (aproximadamente 100 rpm) com auxílio de um agitador magnético (Figura 3.5).
36

Figura 3.5 – Sistema Dinâmico.

3.3.4 Determinação da Água Sorvida pelos Biosorventes

Para as amostras submetidas aos ensaios em Sistema Estático (3.3.2) e


Sistema Dinâmico (3.3.3), fez-se a determinação do teor de água sorvido empregando-se o
método de destilação (ASTM D9570). O método consiste na destilação da amostra do
biosorvente (após ser usado em testes de sorção) com a mistura de arraste tolueno/xileno (1:4).
A quantidade de água presente na amostra é arrastada pelo vapor da mistura de solventes
aquecidos para o coletor do dean stark. Como a água é mais densa, fica retida na parte
inferior, enquanto que a mistura de arraste menos densa é depositada na parte superior do
coletor, formando uma interface de separação (menisco), possibilitando a quantificação do teor
de água da amostra. A quantificação de água em gramas foi obtida pela leitura na escala do
coletor, pois a sua densidade é aproximadamente 1 g/cm3. A massa de amostra a ser destilada
deve ser suficiente para permitir acúmulo de água no coletor e possibilitar leitura do volume.
37

3.4 Análise Estatística

O delineamento experimental utilizado para o sistema seco para cada


grupo de biosorvente foi um fatorial 3X6X4, que consiste em três biosorventes, seis tempos de
exposição, quatro granulometrias com três repetições cada. Exceto para o biosorvente aguapé,
para o qual se utilizaram quatro biosorventes na análise.
Para análise dos sistemas para cada grupo de biosorvente, o
delineamento experimental utilizado foi um fatorial 3X4X3 que consiste em três biosorventes,
quatro tempos de exposição e três sistemas com três repetições cada. A variável resposta de
ambas as análises foi sorção média de diesel e biodiesel.
Os dados experimentais foram submetidos a análise de variância
(ANOVA) e a posteori ao Teste de Tukey a um nível de significância de significância de 95%.
O software Statistica 7.0 foi utilizado para a análise estatística tão como a plotagem gráfica.
38

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Caracterização Físico-Química dos Biosorventes

Os biosorventes foram caracterizados quanto às suas propriedades


químicas e físicas. Os resultados são apresentados nas Tabelas 4.1 a 4.4.
Os resultados da análise elementar do conteúdo de C, H e N para as
amostras dos biosorventes (Tabela 4.1) mostram que, com exceção do aguapé inteiro, todos os
biosorventes apresentam porcentagem de carbono em torno de 40%. Esses resultados são
condizentes com a maior presença de cinzas (material mineral) no aguapé (Tabela 4.2).
Para a turfa, observa-se menor porcentagem de nitrogênio (Tabela 4.1)
se comparada às macrófitas. Segundo Fuchsman (1980 apud FRANCHI, 2004), as plantas
vivas, das quais a turfa se origina, contêm principalmente proteínas, carboidratos, lipídeos e
substâncias polifenólicas e pequenas quantidades de ácidos nucléicos, pigmentos, alcalóides e
outras. As proteínas são as primeiras a serem decompostas, onde pequena porcentagem do
nitrogênio protéico pode ser preservada, e conferir pequenos teores à tufa. Na sequência,
decompoem-se os polissacarídeos (celulose e hemiceluloses principalmente), que
compreendem a maior fração dos carboidratos nas plantas. Os lipídeos constituem um grupo
heterogêneo, que inclui gorduras e óleos (triacilgliceróis), ácidos graxos livres, ceras (ésteres
39

não glicéricos, álcoois de cadeia longa, hidrocarbonetos e cetonas), esteróides e terpenos. Na


decomposição dos lipídeos, triglicerídeos prontamente hidrolisam para ácidos graxos e
glicerol, que é consumido pelos microorganismos como fonte de carbono e oxigênio. Os
ácidos graxos residuais, ceras e esteróides persistem na turfa. A lignina constituída de
compostos fenólicos de alta massa molar, é relativamente estável à decomposição, embora
sejam decomponíveis em condições aeróbicas, em estruturas designadas quimicamente como
ácidos húmicos.
Para os teores de nitrogênio, destaca-se que a paina apresentou o
menor valor (0,32%), uma vez que os tricomas são formados de parede celular primária onde
o teor de nitrogênio seria devido a estruturas celular. Destaca-se elevado teor de nitrogênio na
inflorescência da taboa 1,11%. Para a inflorescência da taboa, como trata-se de aquênios de
taboa (nome do fruto para esta espécie), existem reservas energéticas e protéicas, responsáveis
diretas pelo teor de nitrogênio.
O aguapé inteiro apresentou o maior teor de nitrogênio 2,39%.
Diversos estudos têm demonstrado que a composição química das diferentes partes das
macrófitas aquáticas reflete a função da estrutura vegetal (ESTEVES; NOGUEIRA, 1991) e
que ainda é provável existirem variações intraespecíficas, associadas às diferentes condições
tróficas dos ambientes aquáticos, que podem influenciar nos conteúdos de nutrientes dos
tecidos vegetais (ESTEVES, 1998).

Tabela 4.1 – Resultados da Análise Elementar (C, H, N) para os biosorventes (% massa).

Biosorvente %C %H %N
Turfa 42,68 5,06 0,68
Coco 47,55 6,08 0,97
Curauá 42,92 6,51 0,45
Paina 45,52 5,78 0,32
Taboa inteira 43,82 5,84 0,79
Taboa flor 46,06 5,96 1,11
Aguapé inteiro 36,00 5,03 2,39
40

Na Tabela 4.2 são apresentados os valores da caracterização química


dos biosorventes. Quanto ao teor de cinzas, Ribeiro et al. (2000) determinaram o teor de cinzas
de 9,8% para o biosorvente à base de turfa, enquanto no presente estudo obteve-se o teor de
cinzas de 15,20%. O teor de cinzas da turfa está relacionado com o conteúdo de argilo
minerais presentes. A elevada quantidade de cinzas para a turfa deve-se à sílica presente nas
turfeiras, como conseqüência das inundações periódicas do terreno. As turfas podem ser
divididas em: turfa quase pura, com teores de cinza variando entre 10% e 15%; turfa impura
ou argilosa, contendo teores de cinzas de 15% a 40%, e argilo-turfosa, quando o teor de argilo
minerais se situa entre 40% e 70%, podendo coexistir em um mesmo local (MORAES, 2001).
Para o aguapé (E. crassipes), determinou-se um teor de cinzas de
13,6% para a planta inteira. Tan et al. (2008) quantificaram um teor de cinzas para a macrófita
E. crassipes de 21,16% (raízes) e 12, 72% (parte aérea), no entanto Scheneider e Rubio (1999)
determinaram para a planta inteira o teor de 20,3%, indicando que o teor de cinzas pode variar
em razão de características do meio onde estas são coletadas e da preparação do material. Em
especial para o teor de cinzas do aguapé (E. crassipes), pode-se atribuir a maior contribuição
das raízes, uma vez que, como estas possuem a função de absorver nutrientes em contato com
o meio líquido. As raízes são permeáveis a compostos solúveis e retêm em seus tecidos algas e
microorganismos, que, por sua vez, contêm altas concentrações de materiais insolúveis como
silicatos (RIBEIRO, 2000).
No que diz respeito à caracterização dos teores de lipídeos, lignina,
celulose e hemicelulose (Tabela 4.2), o valor determinado de lipídeos para o aguapé inteiro (E.
crassipes) é semelhante ao determinado por Henry-Silva; Camargo (2002) (4,7%). Os lipídeos
e as proteínas são responsáveis pela estrutura da membrana celular e suas concentrações
podem variar em virtude das condições tróficas dos ambientes em que vivem (ESTEVES,
1998). A composição lipídica não se deve somente às gorduras propriamente ditas, mas
também, as ceras que, são biosintetizadas pelas plantas vasculares (RAVEN et al., 1976).
A fibra de coco possui o teor de lignina mais elevado entre os
biosorventes (31,5%), este valor assemelha-se ao teor de 31% de lignina determinado por Hill
et al. (1998) para esta fibra. Determinaram-se, neste estudo, teores de celulose e hemicelulose
de 47,63% e 27,38% respectivamente. Esses valores condizem com os descritos na literatura
41

para a celulose de 47% (HILL et al., 1998) e 47,7% (RAVEENDRAN et al. 1995) e 25,9%
determinado para a hemicelulose por Raveendran et al. (1995).
Para a fibra de curauá, determinaram-se teores de lignina, celulose e
hemicelulose de 6,50%, 61,94% e 3,04% respectivamente. Esses teores são próximos àqueles
encontrados na literatura; para a lignina (1,0 – 7,5%), celulose (69,0 – 74,1%) e hemicelulose
(9,9 – 21,1%) (SANTOS et al., 2009; NEWSLETTERS, 2008; ARAÚJO, J. R. 2009).
Os teores dos principais constituintes da paina, se encontra dentro da
faixa encontrada para as outras fibras, exceto para os teores de hemicelulose e celulose, os
quais ficaram levemente superiores em relação às demais fibras. Para a caracterização da paina
obtivemos teores de celulose e hemicelulose de 59,24% e 29,44%, respectivamente. Estes
valores são semelhantes àqueles determinados por Annunciado et al., (2005); 54,1% e 27,5%.
No entanto, para o teor de lignina, determinou-se 3,32%, inferior àquele determinado por estes
autores de 15,1%.

Tabela 4.2 - Caracterização bioquímica dos biosorventes (% em massa).


Umidade Cinzas Lipídeos Lignina Celulose Hemicelulose
Biosorvente
(%) (%) (%) (%) (%) (%)
Turfa 12,61 15,20 2,65 15,22 36,40 12,23
Coco 9,19 1,35 0,97 31,52 47,63 27,38
Curauá 7,79 2,91 2,31 6,50 61,94 3,04
Paina 8,82 0,43 0,71 3,32 59,24 29,44
Taboa inteira 6,25 3,61 0,64 9,07 36,26 26,10
Taboa flor 9,33 2,06 2,41 1,62 33,95 33,24
Aguapé
10,80 13,60 3,60 3,61 24,58 25,40
inteiro

Quando submeteu-se as amostras a moagem, pôde-se observar o


comportamento quanto à friabilidade dos biosorventes. Apesar de utilizar as mesmas
condições para moagem e separação nas peneiras (3350 μm, 850 μm, 425 μm e 180 μm),
constata-se distribuição granulométrica distinta para cada biosorvente (Figura 4.1).
42

Quanto à caracterização granulométrica dos biosorventes inicialmente


estudados (Figura 4.1), observa-se para a turfa uma distribuição homogênea de granulometria
em torno de 20–28 %, o que não foi observado para os outros biosorventes. Pode-se destacar
para a fibra de coco elevada quantidade de fibras (57,3%) com tamanho compreendido na
faixa de 180-425 μm e pouquíssima quantidade na faixa de 850-3350 μm (0,6%).

60,0

50,0
Porcentagem (%)

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
Turfa Coco Curauá Taboa Aguapé

<180 180 - 425 425 - 850 850 – 3350

Figura 4.1 – Distribuição granulométrica para os biosorventes (% em massa).

Na Tabela 4.3, pode-se observar as características físicas, físico-


químicas e teor de cinzas para os biosorventes. Em uma caracterização mais detalhada dos
biosorventes, estão expostos os teores de cinzas e o grau de hidrofobicidade para os intervalos
granulométricos das frações.
Na fração de menor tamanho de partícula (≤ 180 μm) para turfa, o
aguapé (inteiro e raízes) verifica-se elevado teor de cinzas relacionado à presença de sílica nas
menores frações. Para a hidrofobicidade do sorvente comercial à base de turfa verificou-se um
valor de 69,9% menor que os determinados por Ribeiro et al. (2000) (100 %) e Annunciado et
al. (2005) (85,5%). As macrófitas taboa e o aguapé apresentaram valores de hidrofobicidade
89,8% e 83,9% respectivamente.
43

Tabela 4.3 - Caracterização física, físico-química e teor de cinzas das frações granulométricas
dos biosorventes (% em massa).

Granulometria Distribuição Umidade Cinzas Hidrofobicidade Densidade


(μm) (%) (%) (%) (%) (g/cm3)

≤180 28,2 9,3 36,3 63,3 0,26


180 - 425 24,0 12,2 17,7 63,3 0,20
425 - 850 26,9 12,5 11,5 57,2 0,24
Turfa
850 – 3350 20,8 12,8 7,3 42,7 0,27
bruta - 11,5 15,2 66,9 0,28
≤180 9,7 8,9 4,3 86,9 0,06
180 - 425 34,5 8,4 4,3 90,3 0,09
Taboa
425 - 850 25,2 8,5 4,5 87,6 0,06
inteira
850 - 3350 30,6 9,5 3,4 92,1 0,10
bruta - 10,9 4,1 89,8
≤180 23,6 10,7 4,2 79,1 0,21
Taboa 180 - 425 34,2 10,5 3,6 68,1 0,19
425 - 850 30,6 10,1 4,4 64,6 0,17
superior 850 - 3350 11,6 10,4 4,3 57,4 0,15
bruta - 10,3 4,1 68,4 0,19
≤180 16,3 17,6 23,3 94,0 0,22
180 - 425 17,2 13,7 19,2 71,9 0,11
Aguapé
425 - 850 26,3 9,6 17,3 77,7 0,10
inteiro
850 - 3350 40,2 7,9 12,9 89,2 0,09
bruta - 11,2 13,7 83,9 0,14
44

Tabela 4.3 - Caracterização física e físico-química das frações granulométricas dos


biosorventes (% em massa). Continuação.

Granulometria Distribuição Umidade Cinzas Hidrofobicidade Densidade


(μm) (%) (%) (%) (%) (g/cm3)

≤180 16,7 12,3 15,2 77,1 0,14


180 - 425 21,7 12,2 14,3 80,0 0,10
Aguapé
425 - 850 27,4 12,4 13,4 84,3 0,13
aérea
850 – 3350 34,1 11,8 12,4 85,2 0,12
bruta - 12,1 15,2 80,9 0,12
≤180 65,9 11,5 19,4 51,2 0,17
180 - 425 13,2 12,0 16,2 82,3 0,16
Aguapé
425 - 850 17,4 12,6 11,7 92,1 0,13
Raiz
850 – 3350 3,4 12,2 14,8 ND ND
bruta - 12,4 19,3 60,15 0,14
ND = não determinado

Para o aguapé inteiro e parte aérea, observa-se uma maior quantidade


das maiores frações, que também apresentam hidrofobicidade superior em relação às frações
menores.
Apesar de representarem uma porção menos hidrofóbica no que se
refere à planta total, nos testes de hidrofobicidade constatou-se que a raiz migra da fase água
para a fase de hexano, portanto são hidrofóbicas, como observado para a macrófita Salvinia
herzoggi (RIBEIRO, 2000).
Para a macrófita taboa, analisando-se o comportamento da planta
inteira e da parte superior, verifica-se hidrofobicidade superior na taboa inteira. Este resultado
pode ser relacionado ao fato de que, na taboa inteira, tem-se a inflorescência que possui uma
hidrofobicidade 100%.
A densidade para materiais vegetais pode ser determinada por
diferentes metodologias, portanto observam-se valores distintos na literatura. A densidade
45

aparente determinada para a turfa e as macrófitas mostrou-se inferior a densidade da água


(Tabela 4.3).
A paina e a flor da apresentaram as menores densidades aparentes 0,02
g/cm3 e 0,04 g/cm3, respectivamente. Segundo Annunciado et al. (2005), a paina apresenta
densidade inferior a 0,64 g/cm3 determinada pela norma NBR 11931.
Os sorventes para compostos orgânicos, principalmente óleos, são
empregados diretamente, no caso de derramamentos em superfícies sólidas ou corpos hídricos,
portanto é importante avaliar as características de flutuabilidade (RUBIO, 2000).
Com o intuito de investigar os biosorventes na sorção de diesel e
biodiesel em sistemas hídricos, realizaram-se testes de flutuabilidade e os resultados nos
sistemas estático e dinâmico são apresentados na Tabela 4.4. O fato da fibra do curauá ser
menos densa que a água, não garante boa flutuabilidade, por causa da afinidade com água. As
amostras de coco e curauá mostraram flutuabilidade baixa nos dois sistemas como descrito por
Choi e Cloud (1992); materiais vegetais apresentam baixa flutuabilidade devido à baixa
hidrofobicidade. Segundo Annunciado et al. (2005), em condições semelhantes às empregadas
neste estudo, a flutuabilidade para o coco em sistema dinâmico foi de 49,9% e em estático de
20,6%, no entanto para a paina os resultados de flutuabilidade foram semelhantes.
A flor da taboa apresentou excelente flutuabilidade nas duas condições
simuladas. Os resultados obtidos demonstram que o coco e o curauá não são interessantes para
serem empregados na sorção de óleo em sistema aquoso em virtude de sua baixa
flutuabilidade, portanto possuem potencial para serem empregadas em derramamentos de óleo
sobre superfícies sólidas. As macrófitas apresentaram flutuabilidade maior em sistema
estático, uma vez que esta condição diminui o contato com a água, diminuindo a sorção desta.
46

Tabela 4.4 - Flutuabilidade em água deionizada dos biosorventes (% em massa).


Flutuabilidade
Biomassa
Estático Dinâmico
Turfa 87,5 65,6
Coco 57,3 11,3
Curauá 6,5 0,8
Paina 100,0 100,0
Taboa inteira 89,7 56,3
Taboa flor 100,0 100,0
Aguapé inteiro 91,6 66,8

4.2 Sorção de Óleo em Sistema Seco

Inicialmente, o material comercial à base de turfa e os biosorventes


(amostras brutas) foram submetidos a ensaios de sorção de óleo diesel nos tempos de 5, 10,
20, 40, 60 e 1440 min. Podem-se observar (Tabela 4.5) os valores médios de sorção deste óleo
pelos biosorventes. Os biosorventes, com exceção das fibras de coco e curauá, apresentaram
valores médios de sorção maiores ao da turfa, largamente empregada na biorremediação de
acidentes envolvendo derramamentos de óleo.
A paina apresenta o maior valor médio de sorção de óleo diesel entre
os biosorventes testados. Esta sorção assemelha-se ao observado para a fibra quenafe 7 a 8 g/g
(massa de óleo diesel por massa de fibra) (LEE et al. 1999).
Segundo Annunciado et al. (2005), a paina quando submetida a testes
de sorção de óleo cru apresentou um aumento da capacidade de sorção, de 73,9 g/g e 84,9 g/g,
nos tempos de sorção de 5 e 1440 min. A viscosidade dos óleos influencia na sorção destes
pelos sorventes. Como observado no presente estudo, a paina apresenta valores inferiores nos
tempos de 5 e 1440 min. para a sorção de diesel (Tabela 4.5), se comparada como sorvente de
óleo cru, mostrando que a característica de viscosidade dos óleos influencia no desempenho do
sorvente.
47

Tabela 4.5 - Sorção de óleo diesel pelos biosorventes (± desvio padrão)

Sorção (g/g) nos tempos (min)

Biosorvente 5 10 20 40 60 1440 Média

Turfa 1,26± 1,22± 1,17± 1,21± 1,26± 1,28± 1,23±


0,11 0,02 0,09 0,03 0,05 0,06 0,07

Coco 0,68± 0,78± 0,66± 0,70± 0,73± 0,98± 0,76±


0,22 0,10 0,08 0,09 0,08 0,16 0,16

Curauá 1,10± 1,18± 1,15± 1,27± 1,32± 0,74± 1,12±


0,18 0,18 0,08 0,21 0,30 0,05 0,25

Paina 7,89± 7,65± 6,97± 7,23± 7,02± 7,39± 7,36±


0,81 0,73 0,95 0,91 1,65 0,95 1,01

Taboa (inteira) 1,87± 1,96± 1,90± 2,08± 1,82± 2,13± 1,96±


0,28 0,15 0,17 0,27 0,13 0,17 0,22

Taboa (flor) 2,18± 2,40± 2,50± 2,60± 2,60± 2,59± 2,48±


0,17 0,20 0,17 0,08 0,28 0,17 0,23

Aguapé (inteiro) 2,15± 1,73± 1,65± 1,94± 1,48± 2,05± 1,83±


0,18 0,13 0,16 0,17 0,18 0,25 0,32

Esta diferença na sorção deve-se a diminuição da viscosidade do óleo


reduzir a absorção dentro dos poros e vasos capilares, o óleo cru apresenta maior sorção pelos
materiais devido a aderência na superfície do material e dentro dos poros durante a drenagem
(TEAS et al., 2001). Portanto, o óleo diesel com baixa viscosidade é liberado pelo sorvente
com mais facilidade diminuindo a eficiência do sorvente.
Quando os biosorventes foram submetidos a ensaios de sorção em
biodiesel apresentaram os seguintes resultados (Tabela 4.6).
48

Tabela 4.6 - Sorção de biodiesel pelos biosorventes (± desvio padrão).

Sorção (g/g) nos tempos (min)

Biosorvente 5 10 20 40 60 1440 Média

Turfa 0,81± 0,81± 0,87± 0,83± 0,81± 0,97± 0,85±


0,05 0,02 0,02 0,10 0,06 0,04 0,08

Coco 0,62± 0,64± 0,77± 0,70± 0,75± 1,08± 0,76±


0,03 0,03 0,14 0,01 0,02 0,08 0,17

Curauá 1,55± 1,07± 1,07± 0,99± 0,98± 1,31± 1,16±


0,36 0,21 0,22 0,02 0,24 0,30 0,30

Paina 5,44± 6,76± 5,45± 5,99± 5,54± 7,39± 6,09±


0,45 0,22 0,29 0,38 0,15 0,32 0,80

Taboa (inteira) 2,19± 2,29± 2,31± 2,33± 2,46± 2,52± 2,35±


0,10 0,09 0,07 0,04 0,13 0,08 0,13

Taboa (flor) 2,66± 2,43± 2,31± 2,68± 2,59± 2,53± 2,70±


0,01 0,41 0,02 0,26 0,21 0,42 0,47

Aguapé (inteiro) 2,16± 1,78± 1,68± 1,94± 1,28± 2,03± 1,81±


0,07 0,03 0,07 0,06 0,09 0,26 0,31

A partir dos resultados preliminares das amostras brutas dos


biosorventes, (Tabela 4.5 e Tabela 4.6), buscou-se investigar a capacidade sorvente das
amostras com resultados superiores ou iguais ao obtido para a turfa. A investigação ocorreu
nos quatro intervalos granulométricos G1 (≤180 μm); G2 (180-425 μm); G3 (425-850 μm) e
G4 (850-3350 μm), com exceção da paina e da flor da taboa, nos seis tempos de exposição 5,
10, 20, 40, 60 e 1440 min. A partir destes ensaios, pode-se analisar qual a fração e/ou tempo
apresenta maior eficiência na sorção de óleo diesel e biodiesel.
No decorrer do experimento, observou-se grande influência da
granulometria sobre os valores médios de sorção, o tempo de exposição dos biosorventes aos
óleos também teve influência. Em estudos semelhantes onde se fez utilização de biomassa
49

vegetal como sorventes de óleo verifica-se a influência da granulometria, embora poucos


façam estudo em diversos tempos (LEE et al. 1999; SAITO et al., 2003).
Diesel e biodiesel, embora tenham a mesma utilização como óleos
combustíveis, são de origem e possuem características químicas distintas. O biodiesel é
constituído de moléculas de alquil ésteres, que, embora tenham características hidrofóbicas
possuem pontos polarizados em suas moléculas (carboxila); no entanto, o diesel constituído de
hidrocarbonetos alifáticos não possui pontos polares em sua estrutura. Sabendo das diferenças
existentes entre estes dois combustíveis (APÊNDICE), fez-se a investigação da sorção destes
pelos biosorventes.
Iniciou-se a investigação da capacidade de sorção de óleo diesel, para
as fibras de coco e curauá, em comparação ao sorvente comercial à base de turfa. Testou-se a
interação biosorvente versus granulometria com diferença significativa (F=307,25; p<0,05).
Na Figura 4.2, observou-se os valores médios de sorção para cada biosorvente em cada
granulometria. A fibra de coco apresentou maiores valores de sorção média na G3 e G4, não
diferindo significativamente, sendo que para G4 temos a maior sorção média (1,37 g/g) se
comparada aos demais. Para o biosorvente coco na G2 verificou-se o menor valor de sorção
(0,49 g/g) em comparação a todos os outros biosorventes em todas as granulometrias. O
curauá apresentou um padrão constate na sorção de diesel em todas as granulometrias exceto
na menor G1 com o menor valor (0,71 g/g).
Annunciado et al. (2005) determinaram a sorção de óleo cru pela fibra
de coco, nas frações >3350 μm e 850-1700 μm; 1,8 g/g e 5,4 g/g, respectivamente para o
tempo de 60 min. No presente estudo, para este tempo na fração de 850-3350 μm, observa-se
o valor médio de sorção de 1,5 g/g, como já discutido anteriormente a sorção de óleo cru é
superior devido a viscosidade superior e as interações deste com o material sorvente. Este
resultado está de acordo com o citado por Srinivasan e Viraghavan (2008) a penetração do
óleo no interior do sorvente é inversamente proporcional à viscosidade do óleo, pois a
viscosidade aumenta a sorção uma vez que o óleo permanece por mais tempo nos poros,
portanto é esperada uma menor sorção do diesel em comparação ao óleo cru devido a sua
viscosidade distinta.
50

4,0

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

2,0 Coco D
Curauá D
Turfa D
1,5 aA
aA
aA
bA bAbA bA
1,0
aB aB
aB cB
cC
0,5

0,0
≤ 180 180-425 425-850 850-3350
Granulometria (μm)

Figura 4.2 – Valores médios de sorção de diesel e erro padrão em relação à granulometria
para os biosorventes Coco, Curauá e Turfa. Letras maiúsculas diferentes (p<0,05) sorção em
cada granulometria. Letras minúsculas diferentes (p<0,05) sorção do biosorvente nas suas
respectivas granulometrias.

Para a interação biosorvente, tempo de exposição e granulometria para


as fibras de coco, curauá e a turfa (Figura 4.3) houve diferença significativa (F=5,48; p<0,05).
Observaram-se comportamentos distintos para cada biosorvente em relação à sorção média de
óleo diesel. Para o coco na menor granulometria (G1), houve oscilação de sorção nos tempos
testados, em contrapartida na G2 este apresentou um incremento na sorção em função do
tempo, embora estes sejam os menores valores de sorção quando comparados aos outros
biosorventes (Figura 4.3A e B). Para as maiores granulometrias, o coco demonstrou maiores
valores de sorção com aumento do tempo de exposição da fibra com o diesel. Nos maiores
tempos de exposição ao diesel pela fibra de coco G3 e G4 verifica-se a maior sorção de diesel
(Figura 4.3C e D). O curauá na granulometria G2 e G4 apresenta comportamento de sorção
semelhante, no entanto, o padrão de sorção ao longo do tempo não se repete na fração G3
(Figura 4.3B e D; 4.3C).
51

4,0
A B C D

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

2,0 C oco D
C urauá D
Turfa D
1,5

1,0

0,5

0,0
5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440
Tempo (min)

Gran. (μm) ≤180 180-425 425-850 850-3350

Figura 4.3 - Valores médios de sorção de diesel em relação à granulometria e tempo de


exposição para os biosorventes Coco, Curauá e Turfa. A) ≤180 μm; B) 180-425 μm; C) 425-
850 μm e D) 850-3350 μm.

Os resultados de sorção média de biodiesel das fibras coco, curauá e a


turfa para cada granulometria também são apresentados. Testou-se a interação biosorvente
versus granulometria com diferença significativa (F=195,7; p<0,05). A fibra de coco
apresentou maiores valores de sorção média na G3 e G4, sendo que para G4 temos a maior
sorção média (1,66 g/g) se comparado aos demais (Figura 4.4). No entanto, a sorção média
na G3 não diferiu significativamente da sorção média da turfa na granulometria G2 (1,46 g/g).
Na menor granulometria G1 não houve diferenças significativas entre a turfa e o curauá, no
entanto para o curauá com o aumento da granulometria ocorreu um aumento de sorção de
biodiesel. O biosorvente turfa apresentou os maiores valores médios de sorção nas
granulometrias, G2 e G3 respectivamente, e nas granulometrias extremas G1 e G4,
apresentaram os menores valores de sorção para o biodiesel.
52

4,0

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

2,0 C oco B
aA C urauá B
aB Turfa B
aA
1,5 bA
bA bB

1,0 bB
aB bC cC
cC cC
0,5

0,0
≤ 180 180-425 425-850 850-3350
Granulometria (μm)

Figura 4.4 - Valores médios de sorção de biodiesel e erro padrão em relação à granulometria
para os biosorventes Coco, Curauá e Turfa. Letras maiúsculas diferentes (p<0,05) sorção em
cada granulometria. Letras minúsculas diferentes (p<0,05) sorção do biosorvente nas suas
respectivas granulometrias.

Pode-se perceber a importância do controle do tamanho das fibras de


coco e curauá para um bom desempenho como sorventes de óleo diesel e biodiesel. Para
ambos os óleos as fibras demonstraram um aumento da capacidade de sorção com o aumento
da granulometria. Saito et al. (2003) constataram que para a fibra Sugi Bark o tamanho de 600
μm mostrou-se 50% mais eficiente que a fibra com 53 μm, neste estudo determinou-se que a
capacidade de sorção de óleo está diretamente relacionada com o aumento do tamanho da
fibra, para estas fibras e estes óleos.
As fibras de coco e curauá, e a turfa apresentaram sorção superior de
biodiesel em comparação ao diesel, naquelas granulometrias de melhor desempenho,
evidenciando uma maior afinidade destas por este combustível. Esta maior afinidade pode
estar relacionada com semelhanças químicas deste óleo com constituintes das fibras que
aumentam a hidrofobicidade, e por conseqüência aumentam as interações de Van der Waals
(LEE et al., 1999; LIM, HUANG, 2007b; TEAS et al., 2001).
53

Quando analisada a interação biosorvente, tempo de exposição ao


biodiesel e granulometria não houve diferença significativa (F=1,51; p=0,06). Observou-se
comportamento distinto para cada biosorvente em relação à sorção média de biodiesel (Figura
4.5). Para o curauá na menor granulometria G1 independente do tempo de exposição o
resultado de sorção média foi constante e superior aos outros biosorventes nesta granulometria
(Figura 4.5A). No entanto, este padrão de sorção não se manteve, nas outras granulometrias
em função do tempo de exposição. Para o coco nas menores granulometrias verifica-se um
comportamento de sorção com valores médios constantes até o tempo de 60 minutos e quando
submetido a 1440 minutos de exposição ao biodiesel ocorre um incremento significativo de
sorção, exceto na G3 (Figura 4.5C). Para as maiores granulometria o coco tem os maiores
valores de sorção se comparado aos outros biosorventes e também um incremento com
aumento do tempo de exposição da fibra com o biodiesel. No comparativo da capacidade de
sorção do biosorvente comercial turfa com as fibras de coco e curauá, apenas na granulometria
G2 este apresentou valores superiores em todos os tempos (Figura 4.5B).
54

4,0
A B C D

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

2,0 C oco B
C urauá B
Turfa B
1,5

1,0

0,5

0,0
5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 Tempo (min)

Gran. (μm) ≤180 180-425 425-850 850-3350

Figura 4.5 - Valores médios de sorção de biodiesel em relação à granulometria e tempo de


exposição para os biosorventes Coco, Curauá e Turfa. A) ≤180 μm; B) 180-425 μm; C) 425-
850 μm e D) 850-3350 μm.

Diante da análise dos resultados de sorção em ambos os óleos as fibras


de coco e curauá demonstraram resultados satisfatórios quando comparadas com a turfa.
Verifica-se a necessitada de controle de granulometria uma vez que os melhores resultados
foram obtidos para as maiores granulometrias. No entanto, são fibras de elevado valor
agregado uma vez que são empregadas na produção de vários produtos automotivos e
produtos domésticos (SATYANARAYANA et al., 2007). As fibras que não possuam padrão
adequado para serem utilizadas em fins mais nobres, após preparação adequada podem vir a
ser empregadas como sorvente.
Os resultados de sorção média de diesel para os biosorventes taboa
inteira, taboa aérea e turfa para cada granulometria mostrou diferença significativa na
interação biosorvente versus granulometria (F=280,09; p<0,05). O comportamento da taboa
inteira em relação à sorção média de diesel apresentou maiores valores de sorção 2,37 g/g e
2,28 g/g nas menores granulometrias G1 e G2, respectivamente (Figura 4.6) diferindo de todos
55

biosorventes nas granulometrias. O aumento da granulometria para a taboa inteira ocasionou


redução na sorção média de diesel. A taboa área apresentou uma tendência inversa na sorção
se comparada à taboa inteira, com o aumento da granulometria ocorre um aumento da sorção,
no entanto a menor granulometria registrou sorção de (0,55 g/g) semelhante à turfa (0,60 g/g)
para a mesma granulometria.

4,0

3,5

3,0

2,5 aA
aB
Sorção (g/g)

2,0 Taboa ID
aC
Taboa AD
aD
Turfa D
1,5
bA
bB
bA
1,0
cB
bC cC
cC
bD
0,5

0,0
≤ 180 180-425 425-850 850-3350

Granulometria (μm)

Figura 4.6 - Valores médios de sorção de diesel e erro padrão em relação à granulometria para
os biosorventes; Taboa inteira, Taboa aérea e Turfa. Letras maiúsculas diferentes (p<0,05)
sorção em cada granulometria. Letras minúsculas diferentes (p<0,05) sorção do biosorvente
nas suas respectivas granulometrias.

Como reportado por Shukla et al. (2002) é importante o controle da


granulometria das fibras estudadas como sorventes, uma vez que a sorção é dependente entre
outras coisas da área superficial (fibras com menor granulometria). No entanto, é necessário o
conhecimento das características de cada material empregado como biosorvente, uma vez que
nem sempre menores granulometrias resultam nas maiores sorções.
Segundo Lee et al. (1999) para menores granulometrias da fibra
quenafe há um aumento da sorção de diesel, no entanto, a partir da granulometria 180 µm
56

inicia-se a diminuição da sorção. A sorção de óleo cru também é influenciada pela diminuição
da granulometria, para as fibras de coco, sisal, bucha vegetal, serragem e resíduos folhosos
(ANNUNCIADO et al., 2005). Comportamento similar de aumento de sorção com a
diminuição da granulometria também foi verificado para a taboa inteira, contrariando o
comportamento da taboa aérea na sorção de diesel.
Para a interação biosorvente, tempo de exposição ao diesel e
granulometria houve diferença significativa (F=2,69; p<0,05) (Figura 4.7). A taboa inteira
apresentou aumento de sorção ao longo do tempo, no entanto, reduziu a sorção com o aumento
da granulometria. Ainda para este biosorvente, na menor granulometria os valores médios de
sorção em todos os tempos foram aproximadamente cinco vezes superiores à taboa aérea e a
turfa (Figura 4.7A). A taboa aérea obteve os menores valores de sorção média nas três
menores granulometria independente ao tempo de exposição em comparação aos outros
biosorventes, no entanto apresentou valores de sorção constantes ao longo do tempo (Figura
4.7A, B e C).
57

4,0
A B C D

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

2,0 Taboa ID
Taboa AD
Turfa D
1,5

1,0

0,5

0,0
5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440
Tempo (min)

Gran. (μm) ≤180 180-425 425-850 850-3350

Figura 4.7 - Valores médios de sorção de diesel em relação à granulometria e tempo de


exposição para os biosorventes Taboa inteira, Taboa aérea e Turfa. A) ≤180 μm; B) 180-425
μm; C) 425-850 μm e D) 850-3350 μm.

A sorção média de biodiesel para os biosorventes taboa inteira, taboa


aérea e turfa para cada granulometria demonstraram diferença significativa na interação
biosorvente versus granulometria (F=328,65; p<0,05). A taboa inteira em relação à sorção
média de biodiesel apresentou o maior valor de sorção (3,52 g/g) na menor granulometria G1
(≤180μm) diferindo de todas as granulometrias e biosorventes (Figura 4.8). Este biosorvente
apresentou uma redução na sorção média de biodiesel com o aumento da granulometria,
mesmo assim mostrou-se mais eficiente em relação aos demais biosorventes. A taboa área
apresentou uma tendência inversa da sorção com aumento da granulometria, no entanto houve
um incremento na capacidade de sorção com o aumento da granulometria. Para a turfa as
granulometrias intermediárias apresentaram maior sorção que a taboa aérea.
58

4,0

aA
3,5

3,0

aB
2,5
Sorção (g/g)

aC
aC
2,0 Taboa IB
Taboa AB
Turfa B
1,5 bA
bB
bA
cB cB
1,0 bB
cC cC

0,5

0,0
≤ 180 180-425 425-850 850-3350

Granulometria (μm)

Figura 4.8 - Valores médios de sorção de biodiesel e erro padrão em relação à granulometria
para os biosorventes; Taboa inteira, Taboa aérea e Turfa. Letras maiúsculas diferentes
(p<0,05) sorção em cada granulometria. Letras minúsculas diferentes (p<0,05) sorção do
biosorvente nas suas respectivas granulometrias.

Na comparação do desempenho de sorção dos biosorventes taboa


inteira, taboa aérea e turfa verificam-se uma sorção superior de biodiesel se comparado à
sorção de diesel, sugerindo uma maior afinidade destes biosorventes pelo biodiesel em
comparação ao diesel.
Para a interação biosorvente, tempo de exposição ao biodiesel e
granulometria houve diferença significativa (F=1,62; p=0,03). A taboa inteira apresentou um
aumento de sorção no tempo de 1440 minutos para as granulometrias testadas, com exceção
da menor granulometria (Figura 4.9A), ainda verifica-se que esta é superior em capacidade de
sorção aos demais biosorventes. A taboa aérea também apresenta um aumento de sorção ao
longo do tempo para as granulometrias com exceção da G2 onde está apresenta uma constante
sorção ao longo do tempo na exposição ao biodiesel (Figura 4.9B).
59

4,0
A B C D

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

2,0 Taboa IB
Taboa AB
Turfa B
1,5

1,0

0,5

0,0
5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440
Tempo (min)
Gran. (μm) ≤180 180-425 425-850 850-3350

Figura 4.9 - Valores médios de sorção de biodiesel em relação à granulometria e tempo de


exposição para os biosorventes Taboa inteira, Taboa aérea e Turfa. A) ≤180 μm; B) 180-425
μm; C) 425-850 μm e D) 850-3350 μm.

A taboa inteira apresentou um desempenho na sorção de diesel e


biodiesel nos sistemas seco, estático e dinâmico superior se comparada ao material comercial.
A taboa já é empregada na produção de móveis e celulose, sendo a sua exploração como
sorvente uma outra possibilidade de aplicação. Um ponto positivo em relação à taboa é a
disponibilidade, uma vez que é abundante no ambiente e em sistemas de tratamento de
efluentes.
Os resultados de sorção média de diesel para os biosorventes aguapé
inteiro, aguapé aérea, aguapé raiz e turfa para cada granulometria apresentam diferença
significativa na interação biosorvente versus granulometria (F=204,02; p<0,05). O aguapé
inteiro apresenta um aumento na sorção de óleo com o aumento da granulometria, também
verifica-se que com exceção da sorção na menor granulometria (0,86 g/g) a sorção deste é
superior em todas as granulometrias se comparado aos outros biosorventes atingindo o maior
valor (2,45g/g) na G4 (Figura 4.10). A raiz do aguapé apresentou também um incremento da
60

sorção com o aumento da granulometria, no entanto para a G4 a sorção diminui. Para a parte
aérea do aguapé o comportamento de sorção mostra um acréscimo com o aumento da
granulometria, no entanto com um decréscimo de sorção na G3. Para a turfa obtivemos os
menores valores de sorção em todas as granulometrias se comparada aos demais biosorventes.

4,0

3,5

3,0

aA
2,5 aB
Sorção (g/g)

bA
Aguapé ID
2,0
aC Aguapé AD
bA bB Aguapé RD
bB bB Turfa D
1,5 cC
cA
aC dB
bD
1,0 bD

cC cC
0,5

0,0
≤ 180 180-425 425-850 850-3350
Granulometria (μm)

Figura 4.10 - Valores médios de sorção de diesel e erro padrão em relação à granulometria
para os biosorventes; Aguapé inteiro, Aguapé aérea, Aguapé raiz e Turfa. Letras maiúsculas
diferentes (p<0,05) sorção em cada granulometria. Letras minúsculas diferentes (p<0,05)
sorção do biosorvente nas suas respectivas granulometrias.

A interação biosorvente, tempo de exposição ao diesel e granulometria


para aguapé inteiro, aguapé aérea, aguapé raiz e turfa apresentou diferença significativa
(F=4,31; p<0,05). Cada biosorvente tem comportamento distinto em relação à sorção média de
óleo diesel. O aguapé inteiro apresenta menores resultados de sorção na G1, onde verifica-se
que somente para este com o aumento do tempo de exposição ao diesel ocorre um decréscimo
na sorção (Figura 4.11A). Também na G1 pode-se destacar que a raiz do aguapé mostrou-se
superior aos outros biosorventes. Para as granulometrias G2, G3 e G4 observaram-se que os
61

resultados de sorção do aguapé inteiro oscilaram, mas em um contexto geral são superiores
aos outros biosorventes (Figura 4.11A, B e C). A parte aérea e raiz do aguapé apresentam
comportamento semelhante quanto à sorção de diesel (Figura 4.11D). De uma maneira geral
para todas as granulometrias e tempos à turfa foi inferior na sorção de diesel se comparada ao
aguapé.
4,0
A B C D

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

Aguapé ID
2,0
Aguapé AD
Aguapé RD
Turfa D
1,5

1,0

0,5

0,0
5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 Tempo (min)

Gran. (μm) ≤180 180-425 425-850 850-3350

Figura 4.11 - Valores médios de sorção de diesel em relação à granulometria e tempo de


exposição para os biosorventes; Aguapé inteiro, Aguapé aérea, Aguapé raiz Turfa. A) ≤180
μm; B) 180-425 μm; C) 425-850 μm e D) 850-3350 μm.

O maior incremento na sorção em todas as granulometrias pode estar


relacionado a uma maior área superficial. Scheneider et al. (1995) determinou a área
superficial pela técnica que emprega azul de metileno para a planta inteira e para as partes do
aguapé (E. crassipes). Para a planta inteira este autor determinou a área superficial de 231
m2/g, para a parte aérea 223 m2/g e para a raiz 243 m2/g. Para o sorvente à base de turfa (Peat
Sorb) Ribeiro et al. (2003) determinaram pela mesma técnica uma área superficial 274m2/g.
Possuindo áreas superficiais semelhantes, o aguapé e suas partes poderiam possuir valores de
sorção médios semelhantes e a turfa sorção superior. No entanto, a adsorção é baseada na área
62

superficial do adsorvente e nas interações hidrofóbicas do adsorvente com ao adsorvato


(Ribeiro, 2000). O aguapé inteiro apresenta uma menor densidade (1,1 g/cm3) em relação à
turfa (1,38%). Segundo Toyoda et al., (1999) quanto menor a densidade de um sorvente, maior
é a capacidade de sorção. Uma menor densidade sugere mais espaços vazios na estrutura do
sorvente potencializando a sorção do óleo.
A capacidade de sorção de biodiesel, para os biosorventes aguapé
inteiro, aguapé aérea, aguapé raiz e turfa apresentaram diferença significativa para interação
biosorvente versus granulometria (F=180,89; p<0,05).
O aguapé inteiro apresenta um aumento na sorção de biodiesel com o
aumento da granulometria (Figura 4.12). Para a raiz do aguapé temos um incremento de
sorção com o aumento da granulometria, com exceção da G4 onde observa-se um decréscimo;
também para este biosorvente a maior sorção em G3 é superior a todos os outros biosorventes.
A turfa mostrou para as G3 e G4 sorção inferior se comparada aos outros biosorventes.
63

4,0

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

aA

bA Aguapé IB
2,0 aA aB Aguapé AB
aA
Aguapé RB
bB D bCD
bA bC cB
1,5 aC
Turfa B
dB

bC
1,0 cD
dC cC

0,5

0,0
≤ 180 180-425 425-850 850-3350
Granulometria (μm)

Figura 4.12 - Valores Médios de sorção de biodiesel e erro padrão em relação à granulometria
para os biosorventes; Aguapé inteiro, Aguapé aérea, Aguapé raiz e Turfa. Letras maiúsculas
diferentes (p<0,05) sorção em cada granulometria. Letras minúsculas diferentes (p<0,05)
sorção do biosorvente nas suas respectivas granulometrias.

Para a interação biosorvente, tempo de exposição ao biodiesel e


granulometria para o aguapé (inteiro, parte aérea e raiz) e turfa (Figura 4.13) houve diferença
significativa (F=3,10; p<0,05). O aguapé inteiro apresenta oscilações na sorção ao longo do
tempo nas granulometrias. Para a G2 verifica-se que os resultados de sorção nos tempos de 5 –
40 minutos são inferiores aos demais, no entanto na G4 estes são superiores nos tempos de 5 -
40 minutos (Figura 4.13B e D). Para a parte aérea do aguapé os resultados de sorção são
constantes em G1, com um pequeno decréscimo no maior tempo. Na G2 ainda para a parte
aérea ocorre um decréscimo na sorção nos tempos iniciais seguido de um aumento (Figura
4.13B), em G3 e G4 observa-se mesmo comportamento na sorção de aumento ao longo do
tempo de contato com o biodiesel (Figura 4.13C e D). A raiz o aguapé mostrou na G3
resultados superiores aos demais (Figura 4.13C) e a turfa menores resultados de sorção em G1,
G3 e G4.
64

4,0
A B C D

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

Aguapé IB
2,0
Aguapé AB
Aguapé RB
Turfa B
1,5

1,0

0,5

0,0
5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440 5 10 20 40 601440
Tempo (min)

Gran. (μm) ≤180 180-425 425-850 850-3350

Figura 4.13 - Valores médios de sorção de biodiesel em relação à granulometria e tempo de


exposição para os biosorventes; Aguapé inteiro, Aguapé aérea, Aguapé raiz e Turfa. A) ≤180
μm; B) 180-425 μm; C) 425-850 μm e D) 850-3350 μm.

De maneira geral, a granulometria configura-se juntamente com a


viscosidade do óleo como fatores reguladores da sorção de óleos em sistemas isentos de água.
No entanto, existe a necessidade de se conhecer o comportamento da sorção diante dos óleos
diesel e biodiesel pelos biosorventes, pois como verificado para alguns biosorventes a
diminuição da granulometria aumenta a sorção (LEE et al., 1999; SHUKLA et al., 2002)
enquanto para outros o aumento do tamanho da fibra aumenta a sorção (LEE et al., 1999;
SAITO et al, 2003). Tornam-se importante estas informações de sorção, pois o desempenho
dos biosorventes varia de acordo com a viscosidade dos óleos a serem sorvidos (TEAS et al.,
2001; RIBEIRO et al., 2000, ANNUNCIADO et al., 2005).
O tempo de exposição de 1440 minutos é aquele onde se verificam as
maiores variações de sorção para ambos os óleos. Neste tempo, ocorreram incrementos na
sorção e também decréscimos para algumas fibras. O maior tempo de contato do biosorvente
com o óleo pode aumentar ou diminuir a sorção. Este tempo de contato permite que seja
65

absorvido internamente na estrutura, ou levar a solubilização de componentes hidrofóbicos


diminuindo efeitos de adsorção ocasionando um maior escoamento deste durante a filtração
por sucção.

4.3 Sorção de Óleo em Diferentes Sistemas (Seco, Estático e Dinâmico)

Os biosorventes testados em sistema estático e dinâmico para os dois


óleos (diesel e biodiesel) foram: a paina, a flor da taboa, o aguapé inteiro, a taboa inteira e a
turfa, em virtude destes terem apresentado melhores resultados gerais de sorção em sistema
seco. Estes testes foram conduzidos nos tempos de 5, 20, 60 e 1440 minutos. Para melhor
visualização do desempenho dos biosorventes nestes sistemas são analisados e discutidos
também os valores de sorção em sistema seco.
Na Figura 4.14 observa-se o comportamento da paina, flor da taboa e
da turfa frente ao combustível diesel em sistema seco, estático e dinâmico. Para a interação
biosorvente, tempo de exposição ao diesel versus sistema; para a paina, flor da taboa e turfa
houve diferença significativa (F=2,05; p<0,03).
Para a turfa verifica-se valores de sorção semelhantes nos três
sistemas, com um incremento da sorção com o aumento do tempo de exposição, exceto no
sistema seco (Figura 4.14A), sendo que para o sistema dinâmico a turfa apresenta valores de
sorção superiores nos maiores tempos (Figura 4.14C). Tanto em sistema estático como
dinâmico a turfa permanece na fase oleosa, fato este complementado pela sua hidrofobicidade
(RIBEIRO et al., 2000) e influenciada pelo seu elevado teor de lipídeos (2,65%).
A flor da taboa mostrou comportamento semelhante nos três sistemas,
à agitação proporcionou incremento da sorção de diesel ao longo do tempo de exposição. Este
aumento na sorção deve-se à agitação potencializar a absorção do óleo uma vez que esta
permanece na fase onde está o diesel.
De maneira geral a paina mostrou-se mais eficiente na sorção de diesel
se comparada aos outros biosorventes nos três sistemas. Um aspecto a ser relatado é a redução
da sorção de diesel, na comparação dos valores determinados para o sistema seco em relação
ao sistema dinâmico para todos os tempos amostrados (Figura 4.14A e C). Fato este similar ao
66

encontrado por Lee et al. (1999) para o algodão, onde uma considerável redução no na sorção
de diesel em água sob agitação de 30,62 para 8,07 g/g (redução de 74%) no tempo de 10
minutos. Esta redução da sorção do óleo ocorrida no estudo para estes autores pode ser
atribuída também à relação de água/diesel utilizada de 250/20 (v/v) enquanto que no presente
estudo empregou-se uma relação de 80/20 (v/v).
Os valores elevados de sorção de diesel pela paina e pela flor da taboa
devem-se também a hidrofobicidade elevada destes, 100 % contribuem para a seletividade da
sorção por diesel, assim como verificado por Johnson et a., (1973); Choi, Cloud, (1992), Lee
et al. (1999), Ribeiro et al. (2000), Annunciado et al., (2005), Lim; Huang, (2007b) sorventes
com elevada hidrofobicidade exibem maior sorção.

9
A B C
8

6
Sorção (g/g)

5
Paina D
Flor da Taboa D
4
Turfa D

0
5 20 60 1440 5 20 60 1440 5 20 60 1440 Tempo (min)

Seco Estático Dinânico

Figura 4.14 – Valores médios de sorção de diesel em relação ao tempo de exposição e sistema
para os biosorventes Paina, flor da Taboa e Turfa. A) Seco, B) Estático e C) Dinâmico.

Na interação entre sorção de diesel pelos biosorvente e sistema houve


diferença significativa (66,4; p<0,05).
67

Para a paina houve diferença significativa na sorção média de diesel


nos três sistemas. No sistema seco a sorção média foi maior seguido do estático e dinâmico,
7,33 g/g; 5,93 g/g; 4,89 g/g; respectivamente. Pode-se observar que a maior agitação leva a
uma maior interação com a água, assim há um decréscimo nos teores de diesel sorvido. Como
se trata de um óleo de baixa viscosidade sugere-se uma competição na sorção tanto das
moléculas de água quanto de diesel uma vez que sorventes vegetais são hidrofílicos por
natureza devido a sua constituição química (LEE et al., 1999). Como observado por
Rajakovic-Ognjanovic et al. (2008) para os sorventes é observado um efeito de saturação após
atingir o máximo da capacidade de sorção, a partir deste ponto a sorção de óleo decresce
devido à saturação do sorvente.
Para a flor da taboa houve diferença significativa na sorção média de
diesel nos três sistemas. O sistema dinâmico apresenta a maior sorção 3,22 g/g não diferindo
do estático 2,99 g/g, no entanto os dois sistemas diferiram do seco com sorção média de 2,49
g/g. Neste caso verifica-se comportamento distinto do observado para a paina, uma maior
agitação promoveu uma maior sorção de diesel sugerindo que a agitação potencializou a
sorção indicando uma maior afinidade pela porção hidrofóbica do sistema (óleo) e pelo fato da
paina possuir espaços vazios maiores em decorrência do lúmem nos tricomas. Esta maior
seletividade da flor da taboa pelo óleo pode estar associada ao maior teor de lipídeos 2,41%
em comparação a paina 0,71%, proporcionando uma maior adsorção superficial uma vez que
esta dispõe de menos espaços vazios em sua estrutura.
Na figura 4.15 está demonstrada a sorção de biodiesel em sistema
seco, estático e dinâmico para a paina, flor da taboa e turfa. Na interação biosorvente, tempo
de exposição ao biodiesel versus sistema houve diferença significativa (F=6,36; p<0,05).
O comportamento do biosorvente turfa frente ao biodiesel nestes
sistemas é semelhante ao apresentado na Figura 4.14 para o diesel.
A flor da taboa também demonstrou comportamento semelhante
àquele visto nos dois sistemas estático e dinâmico com diesel. Ocorreu um incremento de
sorção de biodiesel até o tempo de 20 minutos e decresceu ao longo do tempo, fato este
também verificado para a sorção de diesel (Figura 4.15B e C). No entanto, o decréscimo
ocorreu após 60 minutos de exposição.
68

A paina apresentou redução na sorção de biodiesel no sistema estático


entre 20 e 60 minutos (Figura 4.15B), seguido de um acréscimo de sorção no tempo de 1440
minutos, diferentemente do observado para o diesel. Sob agitação no presente estudo,
verificou-se que o biodiesel tende a se misturar-se mais com a água do que o diesel
diminuindo a sorção do óleo. Fato coerente uma vez que, trata-se de uma substância composta
de alquil ésteres possuindo porção polar que tende a interagir com as moléculas polares da
água. Desta maneira sob agitação tanto o biodiesel como a água encontram-se em contato
direto com o biosorvente.
Para testes de sorção de óleo em sistemas hídricos nem todo o ganho
de massa do sorvente se refere à sorção de óleo. A água pode ser incorporada na massa da
fibra em uma quantidade que pode variar de acordo com as características físico-químicas do
sorvente (CHOI; CLOUD, 1992).
Estudos demonstram que a destilação é a técnica mais indicada para se
aferir a quantidade de água sorvida, pois a subtração da sorção em sistema seco pela sorção em
sistemas contendo água não são precisos (LEE et al., 1999; TEAS et al., 2001;
ANNUNCIADO et al. 2005; LIM, HUANG, 2007b).
Para a capacidade de sorção de biodiesel dos biosorventes paina, flor
da taboa e turfa apresentou interação significativa para biosorvente versus sistema (F=6,42;
p<0,05).
A sorção média de biodiesel pela paina não apresentou diferença
significativa entre os três sistemas, embora o sistema seco a maior sorção 5,95 g/g, seguida do
sistema estático 5,83 g/g e o dinâmico 5,66 g/g.
Para a flor da taboa houve diferença significativa na sorção média de
biodiesel nos três sistemas. No sistema estático verificou-se sorção de 3,39 g/g, seguida do
dinâmico 3,29 g/g não diferiram entre si, mas diferindo na sorção do sistema seco 2,77 g/g.
A turfa não apresentou diferença significativa nas médias de sorção na
comparação entre os sistemas, no entanto ela apresentou a maior média de sorção no sistema
dinâmico (1,46 g/g) e para o sistema seco e estático valores similares 1,25 g/g e 1,21 g/g,
respectivamente.
69

9
A B C
8

6
Sorção (g/g)

5
Paina B
4
Flor da Taboa B
Turfa B

0
5 20 60 1440 5 20 60 1440 5 20 60 1440 Tempo (min)

Seco Estático Dinâmico

Figura 4.15 - Valores médios de sorção de biodiesel em relação ao tempo de exposição e


sistema para os biosorventes Paina, flor da Taboa e Turfa. A) Seco, B) Estático e C)
Dinâmico.

Para a interação biosorvente, tempo de exposição ao diesel versus


sistema para o aguapé inteiro, taboa inteira e turfa foi significativo (F=4,2; p<0,05).
O aguapé apresenta para o sistema seco uma sorção inicial elevada,
após 5 minutos de exposição houve uma diminuição da sorção, assim como no sistema
estático (Figura 4.16A). No entanto, no tempo de 1440 minutos de exposição ao óleo ocorreu
um elevado incremento de sorção, diferentemente no sistema dinâmico que apresentou uma
estabilização na capacidade de sorção nos tempos finais (Figura 4.16C).
A taboa em sistema seco e estático teve comportamento semelhante
com um aumento de sorção ao longo do tempo, diferente do observado em sistema dinâmico
onde no tempo de 1440 minutos ocorreu um grande decréscimo na sorção média (Figura
4.16C). A turfa apresenta os menores valores de sorção sendo que existe uma tendência de
aumento da sorção ao longo do tempo nos sistemas estático e dinâmico.
70

4,0
A B C

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

2,0
Aguapé ID
Taboa ID
Turfa D
1,5

1,0

0,5

0,0
5 20 60 1440 5 20 60 1440 5 20 60 1440 Tempo (min)

Seco Estático Dinâmico

Figura 4.16 - Valores médios de sorção de diesel em relação ao tempo de exposição e sistema
para os biosorventes Aguapé inteiro, Taboa inteira e Turfa. A) Seco, B) Estático e C)
Dinâmico.

A capacidade de sorção de diesel pelos biosorventes em cada sistema


para o aguapé inteiro, taboa inteira e turfa foi significativa na interação biosorvente versus
sistema (F=3,0; p<0,05).
A taboa no sistema dinâmico e estático apresenta as maiores médias de
sorção 2,27 g/g e 2,26 g/g não diferindo entre si, mas diferindo da sorção no sistema seco 1,93
g/g.
O aguapé não apresenta diferença significativa na sorção nos sistemas
estático e dinâmico. O resultado de sorção média no sistema dinâmico é a maior 2,04 g/g. No
entanto, os sistemas, seco e estático apresentam valores similares de sorção 1,84 e 1,81 g/g.
Quando analisada a interação biosorvente, tempo de exposição ao
biodiesel para aguapé inteiro, taboa inteira e turfa verifica-se que houve diferença significativa
(F=15,1; p<0,05).
71

A taboa nos sistemas seco e estático aumentou a capacidade de sorção


de biodiesel ao longo do tempo (Figura 4.17). No entanto no sistema dinâmico a sorção decai
a partir do tempo de 5 minutos (Figura 4.17C).
O aguapé possui comportamento similar no sistema seco e estático e
distinto do sistema dinâmico, assemelhando-se aquele encontrado para o diesel. No sistema
dinâmico ocorre um decréscimo na sorção de biodiesel a partir do tempo de 5 minutos, sendo
que a partir de 20 minutos inicia-se um aumento (Figura 4.17C).

4,0
A B C

3,5

3,0

2,5
Sorção (g/g)

Taboa IB
2,0
Aguapé IB
Turfa B

1,5

1,0

0,5

0,0
5 20 60 1440 5 20 60 1440 5 20 60 1440 Tempo (min)

Seco Estático Dinâmico

Figura 4.17 - Valores médios de sorção de biodiesel em relação ao tempo de exposição e


sistema para os biosorventes Aguapé inteiro, Taboa inteira e Turfa. A) Seco, B) Estático e C)
Dinâmico.

A capacidade de sorção de biodiesel testada dos biosorventes em cada


sistema para o aguapé inteiro, taboa inteira e turfa foi significativa na interação biosorvente
versus sistema (F=10,2; p<0,05).
Para a sorção média de biodiesel pela turfa houve diferença
significativa no valor médio de sorção. Os sistemas estático e dinâmico não diferiram entre si
72

e apresentaram as maiores médias de sorção, sendo que no dinâmico houve sorção de 1,28 g/g,
seguido do estático 1,23 g/g, estes diferiram do sistema seco 0,87 g/g.
Para a taboa inteira não houve diferença significativa na sorção de
biodiesel. A taboa no sistema estático apresenta a maior média de sorção 2,46 g/g, seguido do
seco 2,37 g/g e dinâmico 2,34 g/g.
O aguapé apresenta diferença significativa na sorção nos três sistemas.
O resultado de sorção média no sistema dinâmico foi superior 2,18 g/g. Os valores médios de
sorção nos sistemas seco e estático foram próximos 1,79 e 1,92 g/g, e não diferindo entre si.
Tanto na sorção de diesel como biodiesel para os três sistemas a taboa
inteira mostrou-se superior. Em meio aquoso a sorção de óleos por um sorvente é uma
interação óleo-sorvente, água-óleo e água-sorvente, (RIBEIRO, 2000; LIM; HUANG, 2007b),
portanto não é simples determinar o fator ou os fatores que governam a sorção para cada
biosorvente. Sugere-se que a maior sorção da macrófita taboa deva-se a maior hidrofobicidade
desta em comparação ao aguapé, 89,9 % e 83,9 %, respectivamente.
O aguapé inteiro e a taboa inteira apresentaram desempenho
satisfatório como sorvente nas condições as quais foram submetidos. Um ponto positivo em
relação ao emprego destas macrófitas como sorvente é o fato de serem abundantes.
As macrófitas nas últimas décadas vêm comprovando a eficiência no
tratamento de efluentes por biorremediação (GENTELINI et al., 2008), esse sucesso deve-se à
elevada capacidade de algumas espécies em assimilar e estocar nutrientes e as suas altas taxas
de produção primária (SIPAÚBA-TAVARES, 2003). O aguapé (E. crassipes), por exemplo,
pode dobrar de peso em 12 dias e alcançar uma produtividade de 150 toneladas/hectare/ano
(HENRY-SILVA; CAMARGO, 2002). Essa grande oferta de biomassa a partir das macrófitas
configura uma forma de disponibilidade de baixo custo e de extrema eficiência no
aproveitamento da biomassa.
Além das macrófitas investigadas como sorvente as fibras de coco e
curauá, a paina e a flor da taboa mostraram bons resultados se comparados ao sorvente
comercial à base de turfa.
73

4.4 Caracterização Microscópica dos Biosorventes

Vários são os fatores que devem ser levados em conta na escolha de


um biosorvente para ser empregado em acidentes com derramamento de óleo. Os principais,
como já citado anteriormente, são a hidrofobicidade e a oleofilicidade relacionadas à presença
de lipídeos em geral na constituição destes materiais. Além destes, também aspectos
anatômicos são fatores importantes uma vez que o óleo irá ocupar espaços internos dos
materiais quando absorvido e a superfície interna e externa por adsorção (LEE et al., 1999).
Na Figura 4.18 são apresentadas Micrografias de MEV para os
biosorventes: Paina, Flor da Taboa, Taboa inteira e Aguapé inteiro com melhor desempenho
na sorção dos óleos diesel e biodiesel.
Para a paina (Figura 4.18A1) destacam-se os espaços vazios entre os
tricomas (pêlos) onde pode ocorrer a adsorção do óleo. Em uma maior ampliação pode-se
observar a estrutura tubular do tricoma (lúmen) com grande espaço interno livre e a aparente
não porosidade (Figura 4.18A2). Estas imagens apresentam uma grande superfície de contado
externa entre os tricomas disponível para a adsorção e o espaço interno livre dentro do tricoma
para absorção do óleo.
Para as imagens da flor da taboa sugere-se em destaque na (Figura
4.18B1) que as estruturas finas e alongadas referem-se aos aquênios da taboa e na (Figura
4.18B2) parte do tecido que mantém a inflorescência presa ao pedúnculo.
Nas micrografias para a taboa observam-se partes das fibras
esclerenquimáticas por entre as células do parênquima clorofiliano. Na micrografia (Figura
4.18C1) destaca-se a presença provável do parênquima e na (Figura 4.18C2) a célula do
xilema (tecido condutor ou vaso celular). Nestas duas estruturas existe a possibilidade de
adsorção e absorção do óleo.
Para o aguapé inteiro na Figura 4.18D1 destaca-se as células
epidérmicas da raiz. Na micrografia (Figura 4.18D2) pode-se observar imagens do parênquima
paliçadico (A) e parênquima aerífero (B). Estas estruturas possuem espaços vazios onde o óleo
pode ser absorvido, evidenciando-se uma vantagem destas estruturas na sorção do óleo.
Como observado nas micrografias de MEV cada material vegetal em
virtude de sua estrutura anatômica pode sorver o óleo de maneira específica, de acordo com as
74

suas características estruturais. A diferença na anatomia do sorvente influencia diretamente a


capacidade de sorção como verificado para a paina com capacidade de sorção superior as
demais.
75

Figura 4.18 – Imagens em Microscopia Eletrônica de Varredura - MEV. Paina - A1


(Ampliação de 200X) e A2 (Ampliação de 4000X), Flor da Taboa - B1 (Ampliação de 250X)
e B2 (Ampliação de 500X), Taboa inteira - C1 (Ampliação de 500X) e C2 (Ampliação de
1000X) e Aguapé inteiro - D1 (Ampliação de 200X) e D2 (Ampliação de 1000X).
76

Em imagens microscopia óptica (lentes objetiva 10X e ocular 40X)


pode-se se observar as características dos biosorventes após sorção de óleo em sistema seco.
Todos os biosorventes aqui apresentados são amostras de exposição ao óleo por 60 minutos
(Figura 4.19).

Figura 4.19 – Imagens em Microscopia Óptica. Paina - A e B, Flor da Taboa C e D, Aguapé


inteiro - E e Taboa inteira - F.
77

As imagens da Figura 4.19A e B apresentam a paina após sorção de


biodiesel em sistema seco. Neste caso dois fenômenos de sorção podem ser observados:
adsorção e absorção. Em A o biodiesel apresenta-se adsorvido na superfície externa do
tricoma (paina), na forma de gotículas e em B fica claro que o óleo ocupa o lúmem interno.
Para a flor da taboa na imagem C (Figura 4.19) destaca-se a estrutura
do aquênio da taboa antes da sorção. Na imagem D encontra-se destacada a absorção do diesel
no aquênio, estrutura esta que possui espaços interno vazios.
O aguapé é representado por uma pequena amostra do material
utilizado na sorção, trata-se da amostra da planta inteira. Na imagem E (Figura 4.19) observa-
se claramente a interação deste com o diesel na indicação (1) sugere-se uma gotícula do óleo
absorvida e em (2) uma gotícula de óleo adsorvida na superfície do material. Para esta amostra
evidenciam-se as duas formas de sorção.
Na Figura 4.19F está exposta à imagem de uma amostra da taboa
inteira após sorção de diesel. Destaca-se o diesel absorvido em grande quantidade nos espaços
vazios do material vegetal. A taboa inteira exibiu alta capacidade de sorção para os óleos
estudados e a imagem permitiu observar a forma como ocorre a sorção evidenciando o
fenômeno de absorção.
Fez-se sugestões a partir das imagens ampliadas em microscópio
óptico a respeito da interação do óleo com o sorvente. Visualiza-se para alguns casos como
descrito por (Witka-Jezewska, et al., 2003) os dois processos de sorção pelos biosorventes: a
adsorção, dependente primariamente da estrutura química do biosorvente e a absorção, uma
função da estrutura do material vegetal.

4.5 Análise Termogravimétrica dos Biosorventes

A degradação dos diferentes biosorventes foi estudada por


termogravimetria com o intuito de analisar as características de degradação dos diferentes
materiais vegetais.
A amplitude da perda de massa para estas duas etapas do processo de
conversão difere de uma espécie de biomassa para outra. Em geral, na segunda etapa do
78

processo a taxa de perda de massa é menor para as espécies com alto teor de lignina, o que
sugere uma correlação entre a amplitude da curva com o teor de lignina (GHETTI et al.,
1996).
Em geral três zonas de perda de massa podem ser observadas. A perda
de massa inicia na região de 50 - 100 ºC se deve principalmente à evaporação da umidade,
água adsorvida na amostra. A região de temperatura variando de 220-300 oC é atribuída
principalmente a despolimerização térmica da hemicelulose e clivagem de ligações
glicosídicas da celulose (GHETTI et al, 1996; MANFREDI et al., 2006). A decomposição da
lignina aparece como um pico largo na região de 200-500 ºC e a degradação da celulose
ocorrem entre 275 e 400 oC (ALVAREZ, VÁZQUEZ, 2004; OUAJAI, SHANKS, 2005).
As Figuras de 4.20 à 4.26 apresentam as curvas da termogravimetria
(TG) e a derivada da termogravimetria (DTG) para as amostras dos biosorventes.
O comportamento termogravimétrico para a fibra de coco (Figura
4.20), mostra uma perda massa 252,07 ºC devido à degradação da hemicelulose. Na curva de
DTG dois picos de decomposição aparecem, um em 321,59 ºC (perda de massa 21,75%)
referente à hemicelulose e outro em 334,70 ºC (perda de massa 43,58%) referente a celulose.

Figura 4.20 - Comportamento Termogravimétrico da fibra de Coco


79

A fibra de curauá (Figura 4.21) mostra uma perda brusca de massa


312,13 ºC pela degradação da hemicelulose. A curva de DTG mostra um pico de
decomposição em 350,30 ºC (perda de massa 77,30%) referente a celulose.

Figura 4.21 - Comportamento Termogravimétrico da fibra de Curauá

O comportamento termogravimétrico para a paina (Figura 4.22),


mostra uma perda brusca de massa 293,06 ºC como esperado pela contribuição da
hemicelulose. A baixa estabilidade térmica da hemicelulose é devido à presença de grupos
acetil (Shebani et al., 2008). A curva de DTG para a paina mostra dois picos. O primeiro em
347,08 ºC (perda de massa 79,32%), que é devido à decomposição térmica da celulose
(Alvarez e Va'zquez, 2004; Ray et al, 2002; Ray et al, 2004). O segundo pico menor em
520,31 ºC (perda de massa 12,75%).
80

Figura 4.22 - Comportamento Termogravimétrico para a Paina.

A flor da taboa (Figura 4.23) mostra uma perda brusca de massa


256,12 ºC devido a degradação da hemicelulose. A curva de DTG mostra dois picos de
decomposição um em 321,25 ºC (perda de massa 40,55%) referente a hemicelulose e outro em
350,30 ºC (perda de massa 25,04%) referente a celulose.

Figura 4.23 - Comportamento Termogravimétrico da flor da Taboa.


81

A taboa inteira (Figura 4.24) apresenta uma perda de massa em


276,25 ºC devido à degradação da hemicelulose. A curva de DTG mostra um pico de
decomposição um em 322,33 ºC (perda de massa 61,41%) referente a celulose.

Figura 4.24 - Comportamento Termogravimétrico da Taboa inteira.

O comportamento termogravimétrico para o aguapé (Figura 4.25),


apresenta uma perda de massa à temperatura de 266,43 ºC. A curva de DTG mostra um pico
de decomposição um em 324,48 ºC (perda de massa 43,06%) referente a celulose.
82

4.25 - Comportamento Termogravimétrico do Aguapé inteiro.

O comportamento termogravimétrico para a turfa (Figura 4.26), mostra


uma perda brusca de massa 245,53 ºC devido à degradação da hemicelulose. A curva de DTG
mostra dois picos de decomposição um em 292,20 ºC (perda de massa 18,78%) referente a
hemicelulose e outro em 354,07 ºC (perda de massa 26,81%) referente a celulose.

Figura 4.26 - Comportamento Termogravimétrico da Turfa


83

De uma maneira geral, as fibras de coco, a flor da taboa e a turfa


iniciaram a degradação em menores temperaturas (Tabela 4.7) se comparada às demais
indicando uma menor estabilidade térmica. A fibra de curauá e a paina apresentaram as
maiores temperaturas iniciais de degradação (Tabela 4.7) mostrando uma maior estabilidade
térmica.

Tabela 4.7 - Comportamento térmico dos biosorventes.


Evento A Evento B Evento C
Temp. do
Temp. Temp. Cinzas
Biosorvente 50-100oC início da Perda Perda
máxima máxima (%)
(%) Perda degradação (%) (%)
(ºC) (ºC)
(ºC)
Coco 1,88 252,07 334,70 65,33 352,58 25,59 7,2
Curauá 2,77 312,13 350,30 77,30 364,97 13,97 6,0
Paina 0,00 293,06 347,08 79,32 484,46 12,75 7,9
Taboa flor 0,00 256,12 350,30 65,59 366,06 21,11 13,3
Taboa int. 4,23 276,25 322,33 61,49 342,75 24,75 9,5
Aguapé int. 4,25 266,43 324,48 43,03 340,17 43,37 9,4
Turfa 4,35 245,53 354,07 45,59 376,30 45,92 4,1

Estas informações condizem com o determinado para os teores de


celulose superiores para o curauá e a paina (Tabela 4.2) refletem uma maior perda de massa,
enquanto que o aguapé inteiro e a turfa com menor teor de celulose (Tabela 4.2) apresentam
menor perda de massa.
A temperatura de degradação maior está associada ao fato da celulose
em estar organizada em fibras, que estão rodeados por um matriz de hemicelulose, lignina e
pectina. Hemicelulose estão intimamente integrado na estrutura da celulose, e localizada no
interior e entre as fibrilas de celulose. Essa forte associação entre a hemicelulose e fibrilas de
celulose é acreditado para diminuir a cristalinidade média das fibrilas de celulose (Duchesne et
84

al., 2001). Também o fato de existirem impurezas podem iniciar mais sítios ativos e acelerar o
início da degradação térmica.
Os teores de cinzas resultantes da degradação térmica dos biosorventes
são distintos aqueles determinados pela norma TAPPI T 211 om-93 (Tabela 4.2). Esta
diferença deve-se ao fato de que, o agente oxidante na degradação termogravimétrica é o
nitrogênio, enquanto que, para a outra metodologia é o oxigênio do ar.

4.6 Análise Energética dos Biosorventes

Sempre que possível, a mistura material sorvente e produto deverá ser


recolhida e encaminhada para destinação final adequada, mediante aprovação do órgão
ambiental competente (LOPES et al., 2005). Uma opção é que o destino deste resíduo seja a
incineração com um propósito a geração de energia. Na Tabela 4.8 estão apresentados os
resultados dos Poderes Calorífico Superior, Inferior e Útil dos biosorventes antes de sua
utilização.
A determinação do PCS torna-se importante uma vez que, após a
utilização dos biosorventes estes poderão ser empregados na geração de energia. Em função
do poder calorífico e conteúdo de cinzas, a turfa pode ser classificada em energética e agrícola.
Para a turfa energética considera-se o teor de cinzas inferior a 25% e poder calorífico superior
em base seca maior que 14653,8 kJ/kg (MORAES, 2001). A turfa comercial investigada como
sorvente de óleo diesel e biodiesel possui teor de cinzas inferior a 25% (Tabela 4.3) e poder
calorífico de 16823,6 kJ/kg indicando que esta também pode ser empregada como
combustível.
O baixo teor de cinzas dos biosorventes é uma característica favorável
do ponto de vista energético visando o reaproveitamento energético (RIBEIRO, 2000).
85

Tabela 4.8 - Poder Calorífico Superior (PCS), Inferior (PCI) e Útil (PCU) dos biosorventes.

Biomassa PCS (kJ/kg) PCI (kJ/kg) PCU (kJ/kg)

Turfa 16823,6 15704,5 13619,0


Coco 19226,1 17805,2 15977,0
Curauá 17418,2 15983,8 14504,5
Paina 17998,5 16693,8 14965,7
Taboa inteira 17418,2 15983,8 14504,4
Flor da Taboa 17253,9 15908,6 14251,1
Aguapé inteiro 14717,4 13523,4 11599,6

Destaca-se que o aguapé inteiro possui o menor teor de carbono


36,0 %, hidrogênio 5,03 % e maior teor de nitrogênio 2,39 % (Tabela 4.1) e um elevado teor
de cinzas 13,7 % (Tabela 4.3) se comparado aos demais biosorventes. Elevado teor de cinzas
em um material representa quantidade de material inerte na geração de energia.
A paina com 45,5 % de carbono, 5,78 % de hidrogênio e 0,32 % de
nitrogênio (Tabela 4.1) e 0,43 % de cinzas exibe um poder calorífico superior 17998,5 kJ/kg.
Diante da influencia direta das características químicas dos materiais sobre o poder calorífico
verifica-se para o aguapé o menor poder calorífico em relação aos demais.
No entanto, a sorção de óleo aumenta o poder calorífico, tomando
como exemplo a paina pode-se verificar a importância do aproveitamento energético do
biosorventes após sua utilização. Após sorção de diesel por um período de 60 minutos em
sistema seco temos um poder calorífico superior (PCS) de 39975,7 kJ/kg.
Desta forma, qualquer biosorvente após sorção de óleo representa um
resíduo que pode ser empregado na geração de energia, dando um destino adequado e útil para
estes.
86

5 CONCLUSÕES

Uma vez que, o biodiesel está sendo produzido para complementar ou


futuramente substituir o diesel, verifica-se a necessidade de estudos que avaliem o
comportamento dos sorventes frente ao óleo diesel e o biodiesel.
Os biosorventes (coco, curauá, paina, taboa, flor da taboa e aguapé)
apresentaram capacidade de sorção para ambos os óleos, diesel e biodiesel, equivalente e em
alguns casos superior à verificada para o sorvente comercial a base de turfa.
Os resultados indicam que existe relação entre as propriedades físico-
químicas e anatômicas dos biosorventes com a sorção. Essa relação é verificada onde os
biosorventes com elevada hidrofobicidade possuem sorção superior e pelas imagens de
microscopia onde observa-se a interação do óleo com o biosorvente.
As fibras de coco e curauá (amostras brutas) demonstraram capacidade
de sorção semelhante àquela apresentada para o sorvente comercial a base de turfa em ambos
os óleos. No entanto, somente para a aplicação em sistema seco uma vez que, existe baixa
flutuabilidade em sistemas hídricos.
A paina e a flor da taboa exibiram elevada capacidade de sorção se
comparada aos demais biosorventes nos três sistemas (seco, estático e dinâmico). Embora,
possuam menor disponibilidade no ambiente.
87

As macrófitas aquáticas (taboa e aguapé) foram eficientes na sorção


dos óleos estudados se comparadas à turfa. A abundância destas plantas em ambientes naturais
eutrofizados e sua utilização na biorremediação disponibilizam biomassa que pode ser
empregada para a produção de sorventes naturais.
Nos testes realizados com diferentes granulometrias (3350 μm, 850
μm, 425 μm e 180 μm) para os biosorventes verificou-se comportamento distinto de sorção.
Sabendo-se desta influência, estudos de moagem que garantam maior quantidade de
determinadas granulometrias ou preparo de material de granulometria específica por separação
física pode ser uma alternativa para um sorvente que exiba o melhor desempenho possível.
O emprego destes biosorventes em outras situações como filtros em
águas contaminadas por óleos, estudo de viabilidade econômica de preparo destes materiais
considerando todas as variáveis que influenciam o valor final do produto, determinação do
poder calorífico dos resíduos dos sorventes após utilização nos três sistemas e testes de sorção
com outros óleos como óleo cru em testes em água marinha são sugestões de estudos futuros.
Assim, a possibilidade do emprego de um biosorvente nacional em
com desempenho de sorção de óleo igual ou superior é uma vantagem e um incentivo uma vez
que a turfa utilizada no Brasil é importada do Canadá.
88

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98

7 APÊNDICE
Sorção de Óleo em Sistema Seco

Teste de Significância para Sorção de Diesel (Coco, Curauá e Turfa).


Efeito SQ GL QM F p
Intercept 191,2675 1 191,2675 31041,43 0,0000
Biosorvente 0,3523 2 0,1761 28,59 0,0000
Tempo 0,2535 5 0,0507 8,23 0,0000
Granulometria 6,3416 3 2,1139 343,07 0,0000
Biosorvente*Tempo 1,0195 10 0,1019 16,55 0,0000
Biosorvente*Granulometria 11,3591 6 1,8932 307,25 0,0000
Tempo*Granulometria 0,7481 15 0,0499 8,09 0,0000
Biosorvente*Tempo*Granulometria 1,0131 30 0,0338 5,48 0,0000
Error 0,8873 144 0,0062

Teste de Significância para Sorção de Biodiesel (Coco, Curauá e Turfa).


Efeito SQ GL QM F p
Intercept 242,0809 1 242,0809 16818,21 0,0000
Biosorvente 0,1166 2 0,0583 4,05 0,0194
Tempo 0,9696 5 0,1939 13,47 0,0000
Granulometria 12,9996 3 4,3332 301,04 0,0000
Biosorvente*Tempo 0,6001 10 0,0600 4,17 0,0000
Biosorvente*Granulometria 16,9015 6 2,8169 195,70 0,0000
Tempo*Granulometria 0,3456 15 0,0230 1,60 0,0802*
Biosorvente*Tempo*Granulometria 0,6560 30 0,0219 1,52 0,0552*
Error 2,0727 144 0,0144
*não diferiram

Teste de Significância para Sorção de Diesel (Taboa inteira, Taboa aérea e Turfa).
Efeito SQ GL QM F p
Intercept 315,1823 1 315,1823 46192,91 0,0000
Biosorvente 69,8084 2 34,9042 5115,54 0,0000
Tempo 1,2868 5 0,2574 37,72 0,0000
Granulometria 3,4889 3 1,1630 170,44 0,0000
Biosorvente*Tempo 0,4020 10 0,0402 5,89 0,0000
Biosorvente*Granulometria 11,4665 6 1,9111 280,09 0,0000
Tempo*Granulometria 0,2738 15 0,0183 2,68 0,0012
Biosorvente*Tempo*Granulometria 0,5512 30 0,0184 2,69 0,0000
Error 0,9825 144 0,0068
Teste de Significância para Sorção de Biodiesel (Taboa inteira, Taboa aérea e Turfa).
Efeito SQ GL QM F p
Intercept 487,8039 1 487,8039 31968,03 0,0000
Biosorvente 103,3000 2 51,6500 3384,86 0,0000
Tempo 0,7678 5 0,1536 10,06 0,0000
Granulometria 6,5933 3 2,1978 144,03 0,0000
Biosorvente*Tempo 0,1709 10 0,0171 1,12 0,3509*
Biosorvente*Granulometria 30,0891 6 5,0148 328,65 0,0000
Tempo*Granulometria 0,3671 15 0,0245 1,60 0,0792*
Biosorvente*Tempo*Granulometria 0,7424 30 0,0247 1,62 0,0320
Error 2,1973 144 0,0153
*não diferiram

Teste de Significância para Sorção de Diesel (Aguapé inteira, Aguapé aérea, Aguapé Raiz e
Turfa).
Efeito SQ GL QM F p
Intercept 567,6382 1 567,6382 54072,32 0,0000
Biosorvente 34,2479 3 11,4160 1087,47 0,0000
Tempo 1,8485 5 0,3697 35,22 0,0000
Granulometria 26,9091 3 8,9697 854,44 0,0000
Biosorvente*Tempo 0,4600 15 0,0307 2,92 0,0003
Biosorvente*Granulometria 19,2754 9 2,1417 204,02 0,0000
Tempo*Granulometria 1,4534 15 0,0969 9,23 0,0000
Biosorvente*Tempo*Granulometria 2,0368 45 0,0453 4,31 0,0000
Error 2,0156 192 0,0105

Teste de Significância para Sorção de Biodiesel (Aguapé inteira, Aguapé aérea, Aguapé Raiz e
Turfa).
Efeito SQ GL QM F p
Intercept 577,0102 1 577,0102 68678,52 0,0000
Biosorvente 15,5521 3 5,1840 617,03 0,0000
Tempo 1,3402 5 0,2680 31,90 0,0000
Granulometria 22,1468 3 7,3823 878,67 0,0000
Biosorvente*Tempo 0,3698 15 0,0247 2,93 0,0003
Biosorvente*Granulometria 13,6781 9 1,5198 180,89 0,0000
Tempo*Granulometria 0,7658 15 0,0511 6,08 0,0000
Biosorvente*Tempo*Granulometria 1,1730 45 0,0261 3,10 0,0000
Error 1,6131 192 0,0084
Sorção de Óleo em diferentes Sistemas (Seco, Estático e Dinâmico)

Teste de Significância para Sorção de Diesel (Paina, Flor da Taboa e Turfa).


Efeito SQ GL QM F p
Intercept 1266,321 1 1266,321 9550,989 0,0000
Biosorvente 422,495 2 211,248 1593,295 0,0000
Tempo 0,659 3 0,220 1,658 0,1836*
Sistema 4,505 2 2,252 16,988 0,0000
Biosorvente*Tempo 5,686 6 0,948 7,148 0,0000
Biosorvente*Sistema 35,208 4 8,802 66,387 0,0000
Tempo*Granulometria 1,252 6 0,209 1,574 0,1673*
Biosorvente*Tempo*Sistema 3,257 12 0,271 2,047 0,0318
Error 9,546 72 0,133
*não diferiram

Teste de Significância para Sorção de Biodiesel (Paina, Flor da Taboa e Turfa).


Efeito SQ GL QM F p
Intercept 1218,857 1 1218,857 10627,76 0,0000
Biosorvente 395,369 2 197,684 1723,70 0,0000
Tempo 2,507 3 0,836 7,29 0,0002
Sistema 1,569 2 0,785 6,84 0,0019
Biosorvente*Tempo 2,325 6 0,387 3,38 0,0054
Biosorvente*Sistema 2,946 4 0,736 6,42 0,0001
Tempo*Granulometria 6,090 6 1,015 8,85 0,0000
Biosorvente*Tempo*Sistema 8,749 12 0,729 6,36 0,0000
Error 8,257 72 0,115

Teste de Significância para Sorção de Diesel (Taboa Inteira, Aguapé Inteira e Turfa).
Efeito SQ GL QM F p
Intercept 344,4722 1 344,4722 7576,214 0,0000
Biosorvente 13,6439 2 6,8220 150,040 0,0000
Tempo 0,4600 3 0,1533 3,373 0,0229
Sistema 1,1695 2 0,5847 12,860 0,0000
Biosorvente*Tempo 1,4000 6 0,2333 5,132 0,0001
Biosorvente*Sistema 0,5465 4 0,1366 3,005 0,0237
Tempo*Granulometria 1,4786 6 0,2464 5,420 0,0001
Biosorvente*Tempo*Sistema 2,2948 12 0,1912 4,206 0,0000
Error 3,2737 72 0,0455
Teste de Significância para Sorção de Biodiesel (Taboa Inteira, Aguapé Inteira e Turfa)
Efeito SQ GL QM F p
Intercept 359,9854 1 359,9854 14401,98 0,0000
Biosorvente 29,6566 2 14,8283 593,24 0,0000
Tempo 1,2252 3 0,4084 16,34 0,0000
Sistema 1,2773 2 0,6386 25,55 0,0000
Biosorvente*Tempo 2,0013 6 0,3336 13,34 0,0000
Biosorvente*Sistema 1,0217 4 0,2554 10,22 0,0000
Tempo*Granulometria 0,1705 6 0,0284 1,14 0,3500*
Biosorvente*Tempo*Sistema 4,5320 12 0,3777 15,11 0,0000
Error 1,7997 72 0,0250
*não diferiram

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