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Professor(a): Anderson Nascimento Professor(a): Anderson Nascimento

Unidade 2 | Aula 1
Unidade 2 Modelo Relacional de Banco de Dados

Aula 1 – Modelo Relacional


Objetivo da Aula

Conhecer o modelo relacional de dados, que define conceitos, restrições e mecanismos


de armazenamento de dados para a construção de bancos de dados do tipo relacional.

Apresentação

O modelo relacional de banco de dados é o modelo de implementação para os bancos


de dados do tipo relacional, lembrando que existem outros tipos como o não-relacional e
de objetos.
Nesta aula, você vai conhecer um pouco da história desse tipo de banco de dados, além
disso, você também vai entender os fundamentos do modelo relacional e as principais
ferramentas que apoiam o uso e a construção dos bancos de dados.
Os bancos de dados relacionais são os mais populares atualmente, assim, este conteúdo
é fundamental para que você inicie os seus estudos na área.
Vamos nessa?

1. Histórico

O modelo relacional de banco de dados foi criado pelo matemático e cientista da


computação Edgar Frank Codd, a partir do artigo “Relational Model of Data for Large
Shared Data Banks”, publicado em 1970. Este artigo descrevia as suas teorias, bastante
focadas na matemática, em particular na teoria dos conjuntos, para o armazenamento e
manipulação de dados.

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Figura 1: Edgar Frank Codd

Fonte: Wikipedia. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Edgar_F._Codd>. Acesso em: 12 de abril de 2023.

De modo simples e prático, podemos dizer que um banco de dados do tipo relacional
armazena dados em linhas e colunas, sendo as linhas as instâncias de um banco de dados,
e as colunas as suas características.
De modo genérico, esse formato se assemelha a uma planilha eletrônica, em que cada
linha representa uma instância. Por exemplo, em uma tabela aluno, cada linha trará um aluno
diferente, e cada coluna uma característica, como nome, endereço, gênero, telefone etc.
A partir do advento dos bancos de dados relacionais, os bancos de dados antigos passaram
a ser classificados como bancos de dados hierárquicos e bancos de dados em rede. Eles foram
sendo preteridos por essa nova forma de armazenar dados, porém alguns ainda continuaram
a ser utilizados, dada a dificuldade de esforço e custo que a substituição demandaria.
Essa forma de armazenar dados trouxe algumas inovações importantes, sendo a principal
delas a independência de dados, que significa que os bancos de dados não dependem mais
do software, podendo ser acessado por diversas aplicações e usuários ao mesmo tempo.
Com o surgimento dos bancos de dados relacionais, surgiram também os Sistemas de
Gerenciamento de Bancos de Dados (SGBDs), que são as ferramentas que apoiam o processo
de criação e manutenção dos bancos de dados, tornando-se uma interface importante
para que o profissional possa acessar e se comunica com os dados que foram armazenados.
Mas como podemos definir se um banco de dados é ou não relacional? Em 1985, Codd
criou treze regras para que um SGBD fosse considerado relacional. Essas regras foram
chamadas de “As 12 regras de Codd”, que forma numeradas de 0 a 12.

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De acordo com Codd (1985), as 12 Regras são1:


• Regra 0 – O sistema precisa ser qualificado como relacional, como um banco de dados
e como um sistema de gerenciamento.

Para um sistema se qualificar como um sistema de gerenciamento de banco de


dados relacional (SGBD), este sistema precisa usar suas facilidades de relacionamento
(exclusivamente) para gerenciar o banco de dados.
• Regra 1 – A Regra da Informação:

Todas as informações no banco de dados necessitam estar representadas de apenas


uma forma, nomeadas por valores em posições de colunas dentro de registros de tabelas.
• Regra 2 – A Regra de Acesso Garantido:

Todos os dados necessitam ser acessíveis. Esta regra é essencialmente uma reafirmação
do requisito fundamental para chaves primárias. Diz que todo valor na base de dados
necessita ser logicamente endereçável por um nome específico do conteúdo tabela, o nome
do conteúdo da coluna e o valor da chave primária do conteúdo registro.
• Regra 3 – Tratamento Sistemático de Valores Nulos:

O SGBD deve permitir que cada campo possa permanecer nulo (ou vazio). Especificamente,
ele deve suportar uma representação de “falta de informação e informações inaplicáveis” que é
sistemática, diferente de todos os valores regulares (por exemplo, “diferente de zero ou qualquer
outro número”, no caso de valores numéricos), e independente de tipo de dados. É também
implícito que tais representações devem ser manipuladas pelo SGBD de maneira sistemática.
• Regra 4 – Catálogo Online Baseado no Modelo Relacional:

Os metadados devem ser armazenados e gerenciados como dados comuns, ou seja, em


tabelas no interior do Banco de Dados. Esses dados devem estar disponíveis aos usuários
autorizados, utilizando a linguagem de consulta padrão do Banco de Dados.
• Regra 5 – Sub-linguagem Ampla de Dados:

O sistema necessita suportar ao menos uma linguagem relacional que possua uma
sintaxe linear; possa ser utilizada interativamente ou por meio de programas; suporte
operações de definição de dados (incluindo definições de Visualizações); suporte operações
de manipulação de dados (atualização, bem como recuperação), de segurança e restrições
de integridade e transação; suporte operações de gerenciamento (begin, commit e rollback).

1
Adaptado de https://pt.wikipedia.org/wiki/12_regras_de_Codd.

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• Regra 6 – Atualização por Meio de Visualizações:

Todas as Visualizações que são teoricamente atualizáveis devem ser atualizáveis


pelo sistema.
• Regra 7 – Inserção, Atualização, e Exclusão de Alto Nível:

O sistema necessita fornecer suporte à configuração do nível de operações de insert, update


e delete. Isso significa que os dados podem ser recuperados a partir de um banco de dados
relacional em conjuntos de dados construídos a partir de várias linhas e/ou várias tabelas.
Esta regra afirma que as operações de inserção, atualização e exclusão devem ser apoiadas
para qualquer conjunto recuperável e não apenas para uma única linha em uma única tabela.
• Regra 8 – Independência Física de Dados:

Aplicativos e recursos ad hoc não são afetados logicamente quando os métodos de


acesso ou as estruturas de armazenamento físico são alterados.
• Regra 9 – Independência Lógica de Dados:

Aplicativos e recursos ad-hoc não são afetados logicamente quando de alterações de


estruturas de tabela que preservem os valores originais da tabela (alteração da ordem ou
inserção de colunas). Alterações nas relações e nas visualizações causam pouco ou nenhum
impacto nas aplicações.
• Regra 10 – Independência de Integridade:

Todas as restrições de integridade necessitam ser especificadas separadamente dos


programas de aplicação e armazenadas no catálogo. É necessário que seja possível mudar
essas restrições sem que necessariamente tenha-se que modificar as aplicações.
• Regra 11 – Independência de Distribuição:

A Distribuição de partes do SGBD em várias localidades deve ser transparente para os


usuários. Aplicações existentes necessitam continuar a operar com sucesso: quando uma
versão distribuída do SGBD é introduzida pela primeira vez e quando dados distribuídos
existentes são redistribuídos em outras localidades físicas.
• Regra 12 – A Não-Transposição das Regras:

Se o SGBD dá suporte ao acesso de baixo nível aos dados, não deve haver um modo de
negligenciar as regras de integridade dele.
Essas regras foram definidas justamente para garantir que o seu modelo fosse respeitado
ao ser utilizado em novos produtos e ferramentas de bancos de dados.

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2. Bancos de Dados Relacionais

Uma vez que você entendeu quais são as características que fazem com que um banco
de dados seja considerado relacional, podemos destacar algumas principais características
desse tipo de tecnologia.
Os bancos de dados possuem estrutura de dados tabular, ou seja, armazena os dados
em tabelas, que são estruturas relativamente fáceis de entender. Esse processo faz com
que o armazenamento e a recuperação de dados sejam mais eficientes e fáceis de gerenciar.
Quanto à consistência, o modelo relacional permite definir relações entre tabelas,
garantindo a integridade dos dados, o que chamamos de Integridade Referencial, ou seja,
um objeto só é referenciável se ele existir.
Como abordei anteriormente, a independência dos dados e do software é outra
característica marcante no modelo relacional, porque os dados são separados do software
que os acessa. Isso permite que seja possível alterar o programa sem precisar alterar as
bases de dados, e que diferentes softwares acessem os mesmos dados.
Os bancos de dados relacionais também se destacam pela sua flexibilidade, pois permitem
a criação de querys (consultas) complexas, que podem envolver várias tabelas e condições,
tornando mais simples o processo de manipulação dos dados.
O fato de os bancos de dados relacionais serem independentes do software também
favorece o quesito da escalabilidade, ou seja, o crescimento do tamanho do banco de dados
é algo bastante simples.
Por fim, cabe destacar que os bancos de dados relacionais possuem outra característica
marcante e fundamental para o seu sucesso. Trata-se da Linguagem SQL, que é padrão no
que diz respeito à criação, manipulação, controle e consultas em qualquer SGBD.
Atualmente, os bancos de dados relacionais continuam sendo os bancos de dados mais
populares, sendo encontrados em praticamente qualquer aplicação comercial.

3. Ferramentas

Existem diversos SGBDs que permitem ao profissional utilizar bancos de dados relacionais.
Essas ferramentas apoiam o dia a dia do profissional de banco de dados na criação,
armazenamento, atualização e recuperação eficiente de dados, assim como garantem a
integridade e a segurança dos dados armazenados.
Essas ferramentas também oferecem recursos de segurança para proteger os dados
armazenados contra acesso não autorizado, controle de autenticação de usuário, backup
e recuperação de dados através de arquivos de log.

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Atualmente, alguns dos principais bancos de dados relacionais são:

• Oracle Database
• Microsoft SQL Server
• MySQL
• PostgreSQL
• DB2
• MariaDB

Notem que os bancos de dados citados são todos do tipo relacionais, ou seja, armazenam
dados em relações (tabelas) organizadas em linhas e colunas. Vale a pena chamar a atenção
para isso, pois existem outros bancos de dados muito populares, como o MongoDB, Cassandra
e Redis, mas estes não são do tipo Relacional.
A Figura 2 mostra o ranking dos 10 bancos de dados mais populares em março de 2023.

Figura 2: Os 10 bancos de dados mais populares em março de 2023

Fonte: DB Engines. Disponível em: <https://db-engines.com/en/ranking>. Acesso em: 12 de abril de 2023.

Alguns desses bancos de dados são livres, como é o caso do PostgreSQL e do MySQL, ou
seja, você pode instalar em seu computador para estudar e para criar os bancos de dados
de suas aplicações.
O site https://db-engines.com/en/ranking traz não apenas o ranking dos bancos de
dados, mas também dados detalhados sobre mais de 400 ferramentas diferentes, basta
clicar em cima do nome da ferramenta que você deseja pesquisar.
Há também alguns serviços de banco de dados na Web, em que você pode praticar a
linguagem SQL sem precisar instalar nada em seu computador.

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Um desses ambientes é o SQLite (https://sqliteonline.com/), que é um ambiente


agradável e fácil de usar, permitindo a criação de códigos para o próprio banco de dados
SQLite, para o MariaDB, PostgreSQL e MS SQL. A Figura 3 mostra um exemplo de código
criado na ferramenta.

Figura 3: O ambiente online do SQLite

Fonte: Elaboração própria.

Outra ferramenta livre que destaco fortemente é o PostgreSQL, que é um SGBD


excepcional, capaz de dar suporte eficaz e eficiente a praticamente qualquer projeto de
banco de dados, incluindo bancos de dados objeto-relacional e, até, NoSQL.

Considerações Finais da Aula

Finalizamos a nossa primeira aula abordando o histórico do modelo relacional, focando


nas características desse tipo de banco de dados e nas vantagens viabilizadas pelas suas
principais qualidades.
Abordamos também as 12 Regras de Date, que apresentam 13 características que um
SGBD precisa para que uma ferramenta seja considerada um banco de dados relacional.
Destacamos ainda as características marcantes de um banco de dados relacional, como
consistência, segurança, independência de dados, flexibilidade e escalabilidade, que apoiam
o dia a dia do profissional de banco de dados.
Por fim, apresentamos uma série de ferramentas de banco de dados que podem ser
utilizadas para os seus estudos e práticas em bancos de dados relacionais.

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Materiais Complementares

Ted Codd - O pai dos bancos de dados relacionais


2021, Aulas de Computação.
Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=Bso55VPsLUc (acesso em 22
mar. 2023).

Top 10 SGBDs mais usados no mundo


2022, Hashtag Programação.
Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=_f5mDCpfA2Y (acesso em 22
mar. 2023).

Referências

CODD, Edgar Frank. Is Your DBMS Really Relational?. ComputerWorld, 1985. Disponível:
em https://www.seas.upenn.edu/~zives/03f/cis550/codd.pdf. Acesso em: 22 mar. 2023.

DB ENGINES. DB-Engines Ranking. Disponível em: https://db-engines.com/en/ranking.


Acesso em: 12 abr. 2023.

ELMASRI, Ramez; NAVATHE, Shamkant B. Sistemas de Banco de Dados. 7. ed. São Paulo:
Pearson, 2016.

HEUSER, Carlos Alberto. Projeto de Banco de Dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.

WIKIPEDIA. Edgar F. Codd. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Edgar_F._Codd.


Acesso em: 12 abr. 2023.

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