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Volume 1

© 2009 William Natale


Danilo Eduardo Rozane
Henrique Antunes de Souza
Daniel Angelucci de Amorim

Capa e Diagramação: Flávia Maria Martucci Vidureto


Impressão: Gráfica e Editora Santa Terezinha
Revisão Gramatical: Vitório Barato Neto

Pedidos para: Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”


Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/nº - km 5
Departamento de Solos e Adubos
CEP: 14884-900 – Jaboticabal – SP
Tel: (016) 3209-2672

C968 Cultura da goiaba do plantio à comercialização / Editores William


Natale...[et al.]. – Jaboticabal : FCAV, Capes, CNPq, FAPESP,
Fundunesp, SBF, 2009
284 p. : il, Vol. I.

Bibliografia
ISBN: 978-85-61848-06-4

1. Goiaba - Cultivo. 2. Goiaba - Produção. 3. Goiaba - Adu-


bação. I. Natale, William. II. Rozane, Danilo Eduardo. III. Souza,
Henrique Antunes de. IV. Amorim, Daniel Angelucci de. V. Título.

CDU 634.42

Ficha catalográfica elaborada pela seção técnica de aquisição e tratamento


da informação – serviço técnico de bibliografia e documentação da FCAV/
Unesp.

Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra sem a autorização


expressa dos editores.

Tiragem: 1.000 exemplares


APRESENTAÇÃO
Para manter o Brasil como o maior produtor de goiabas
vermelhas do mundo, o estudo da goiabicicultura faz-se necessá-
rio, tendo em vista a demanda por informações técnico-científicas
pelos setores produtivo e consumidor, os quais exigem alimentos
saudáveis, ricos em vitaminas e em sais minerais e produzidos
nas conformidades da “qualidade total”.
Nos dois volumes que compõem a obra estão contidos 23
capítulos de renomados especialistas nacionais e internacionais
que colocaram dentro de cada tema abordado suas experiências
e dedicação científica ao estudo da Cultura da Goiaba.
Complementando a obra, está o CD-ROM do III Simpó-
sio Brasileiro da Cultura da Goiaba, no qual são apresentados
inúmeros trabalhos técnico-científicos e debatida a evolução
das técnicas empregadas, bem como as atualizações exigidas
nos manejos do plantio à comercialização. Além disso, o CD
contém o Software Fert-Goiaba, que auxiliará na recomendação
de calagem e adubação da Goiabeira cultivar Paluma, irrigada e
manejada com poda drástica.
Esta fonte de consulta contribuirá para a reflexão sobre
o estado da arte da tecnologia do plantio à comercialização da
goiaba, colaborando para a ampliação e a consolidação do atual
arranjo produtivo da goiabicultura, dirimindo dúvidas, consoli-
dando conceitos e ampliando o debate sobre o assunto.

Os Editores
PREFÁCIO
A fruticultura brasileira é um dos setores mais evoluídos
tecnicamente e que traz uma enorme contribuição financeira ao
País, pelo alto valor agregado de sua produção, receitas advindas
das exportações e, principalmente, pela rentabilidade por área.
Além disso, é um dos setores que mais usam mão de obra por
área plantada, e esta deve ser das mais qualificadas, pelo que, os
conhecimentos técnicos necessitam ser renovados e repassados
aos usuários com frequência. Esse quadro, em resumo, traz como
consequência a necessidade de pesquisa e extensão que atendam
aos anseios dos produtores.
A cultura da goiabeira passou por uma grande evolução
técnica nas últimas décadas, fruto da pesquisa e extensão prati-
cadas pelos órgãos públicos, apoiados pela iniciativa privada.
Destaque-se o lançamento de novas cultivares, métodos de pro-
pagação e manejo que modificaram e modernizaram a produção
de goiaba no Brasil. Essa evolução resultou em maiores produção
e produtividade e, principalmente, na qualidade do produto.
O lançamento de um novo livro, em dois volumes, abor-
dando aspectos relevantes da cultura da goiabeira, ampliando o
conhecimento em outras áreas e de outros países, apoiado no co-
nhecimento de técnicos que trabalham na área, certamente é uma
contribuição das mais importantes ao setor frutícola brasileiro,
devendo ser um marco importante e fonte obrigatória de consulta
a técnicos, produtores, estudantes e interessados em geral.
Congratulamo-nos com os editores, autores e patrocinado-
res destes dois volumes que compõem a obra pela visão de futuro
e pela contribuição ao conhecimento.

Luiz Carlos Donadio


REALIZAÇÃO
Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Câmpus Jaboticabal
Departamento de Solos e Adubos

APOIO
• CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior
• CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico
• FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo
• Fundunesp - Fundação para o Desenvolvimento da Unesp
• Funep - Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão
• SBF – Sociedade Brasileira de Fruticultura

COLABORAÇÃO
• VAL – Indústria de Polpas e Conservas VAL Ltda.
• Ibraf – Instituto Brasileiro de Frutas
• All Plant
• Stéfani – Concessionária Massey Ferguson
AGRADECIMENTOS
Aos autores dos capítulos, que enobreceram esta obra com
informações técnicas e auxiliaram na reflexão, dirimindo dúvidas,
consolidando conceitos e ampliando o debate sobre o assunto.
A coautoria: Beneficiário de Auxílio Financeiro da FCAV,
CAPES-Brasil, CNPq, FAPESP, Fundunesp e SBF.
Ao Prof. Vitório Barato Neto, pela dedicação à revisão
gramatical dos textos e pela serenidade e competência no desem-
penho do trabalho.
Às Senhoras Nubia Josefina Lopes Brichi e Tieko T.
Sugahara, pela dedicação à revisão das literaturas citadas em
cada capítulo e pela serenidade e competência no desempenho
do trabalho.
A todas as empresas e entidades que colaboraram de
diferentes maneiras, possibilitando a edição deste importante
Livro, que seguramente contribuirá de maneira marcante para o
desenvolvimento da cultura da goiaba.
À Viviane Cristina Modesto e aos funcionários do setor de
eventos da Funep, pela compreensão e atenção que dispensaram
durante a execução desta obra.
À Flávia Maria Martucci Vidureto, pela dedicação na
elaboração da capa dos Livros, na diagramação e na edição das
imagens.
Aos funcionários da Gráfica e Editora Santa Terezinha,
pela seriedade e profissionalismo, assegurando a qualidade da
obra.
PRÓLOGO

"Trate bem a terra.


Ela não foi doada a você pelos seus pais.
Ela foi emprestada a você pelos seus filhos."

Provérbio do Quênia
.
ÍNDICE
Volume 1

Capítulo 1
O potencial da fruticultura para o século XXI ............................... 13
Carlos Ruggiero

Capítulo 2
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve
histórico e perspectivas futuras ..................................................... 27
Henrique Antunes de Souza, Daniel Angelucci de Amorim, Danilo
Eduardo Rozane e William Natale

Capítulo 3
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura ............................. 83
Antonio Enedi Boaretto

Capítulo 4
Custo de implantação e produção da goiabeira no Estado de São
Paulo ............................................................................................... 113
Paul Frans Bemelmans, Marina Brasil Rocha e Danilo Eduardo
Rozane

Capítulo 5
Comercialização de goiaba no mercado nacional .......................... 133
Helio Satoshi Watanabe

Capítulo 6
Frutas, polpas e sucos: exportações de acordo com as exigências
do mercado internacional - demandas e entraves ........................... 151
Moacyr Saraiva Fernandes

Capítulo 7
Produção integrada de goiaba ........................................................ 193
Ryosuke Kavati
Capítulo 8
Riego y fertirrigacion ................................................................... 235
Ivan Vidal Parra

Capítulo 9
Adubação, nutrição e calagem na goiabeira ................................. 257
William Natale

Capítulo 10
Fert-Goiaba: software para recomendação de calagem e adubação
para goiabeira cultivar paluma, irrigada e manejada com poda
drástica .......................................................................................... 281
Silvia Helena Modenese Gorla da Silva, William Natale, Eduardo
Maciel Haitzmann dos Santos e Hugo do Nascimento Bendini

Volume 2
Capítulo 11
Rastreabilidade e normas para a produção e cultivo orgânico da
goiaba ........................................................................................... 285
Douglas Yoshimi Harada

Capítulo 12
Epidemiologia e manejo de doenças pós-colheita de goiabas ...... 309
Lilian Amorim, Marise Cagnin Martins Parisi e Angelo Pedro
Jacomino

Capítulo 13
Manejo integrado de pragas na goiabeira ..................................... 327
Miguel Francisco de Souza Filho e Valmir Antonio Costa

Capítulo 14
Manejo integrado de nematoides na cultura da goiabeira ............ 349
Gilson Soares da Silva
Capítulo 15
Melhoramento genético da goiabeira ........................................... 371
Fernando Mendes Pereira e Jair Costa Nachtigal

Capítulo 16
Propagação da goiabeira ............................................................... 399
Antonio Baldo Geraldo Martins e Ronaldo Hissayuki Hojo

Capítulo 17
Condução, arquitetura e poda da goiabeira para ‘mesa’ e/ou ‘in-
dústria’ ........................................................................................... 407
Danilo Eduardo Rozane, Valdemir Brugnara, Henrique Antunes
de Souza e Daniel Angelucci de Amorim

Capítulo 18
Pós-colheita e processamento mínimo de goiabas ......................... 429
José Fernando Durigan, Ben-Hur Mattiuz e Cristiane Maria Ascari
Margado

Capítulo 19
Nutrientes e substâncias bioativas da goiaba (Psidium guajava L.)
e seus efeitos na saúde ................................................................. 471
Delia Rodriguez Amaya e Jaime Amaya Farfan

Capítulo 20
Goiabeira (Psidium guajava L.) como bioindicador de poluentes
atmosféricos ................................................................................... 489
Claudia Maria Furlan e Regina Maria de Moraes

Capítulo 21
A cultura da goiabeira irrigada no nordeste brasileiro ................... 507
José Egídio Flori e José Mauro da Cunha e Castro

Capítulo 22
Cultivo, producción y postcosecha de la guayaba en Venezuela ... 525
Jesús Aular e Yerfinson Echeverría

Capítulo 23
A cultura da goiaba em Israel ........................................................ 557
Flávio Scharfstein
.
13

Capítulo 1

O POTENCIAL DA FRUTICULTURA
PARA O SÉCULO XXI
Carlos Ruggiero1

Procuraremos, nestas considerações, abordar vários fatores que,


direta ou indiretamente, possam contribuir para o desenvolvimento da
fruticultura brasileira para o século XXI, de tal forma que este material
estimule sua discussão e possa auxiliar na geração de empregos aos
jovens egressos dos cursos de agronomia e afins, bem como para o
grande contingente de pós-graduandos que, muitas vezes, são mal
aproveitados pelo mercado de trabalho, e para que o produtor seja mais
bem amparado. São elas:

1. REQUISITOS BÁSICOS PARA UMA BOA PESQUISA

Para que sejam realizadas boas pesquisas e para que tenham como
objetivo principal atender ao produtor, deveremos considerar alguns
pontos fundamentais para que isso ocorra.

1
Professor Titular Aposentado, Departamento de Produção Vegetal, Universidade
Estadual Paulista – UNESP, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Cam-
pus Jaboticabal. Editor chefe da Revista Brasileira de Fruticultura, desde 1998. Via
de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n. 14870-000, Jaboticabal-SP. E-mail:
ruggiero@fcav.unesp.br
14 Carlos Ruggiero

Boas pesquisas são frutos de um tripé formado por bons orientadores,


bons alunos e recursos suficientes. Teceremos considerações sobre
cada um.

1.1. Bons Orientadores


Vamos dar uma rápida passada para examinar como surgiram bons
orientadores em ciências agrárias no Brasil, onde predominantemente
se localiza a cultura da goiabeira, que será o objetivo deste simpósio.
O primeiro marco dentre os consultados, encontraremos na cria-
ção do IAC-SP (www.iac.sp.gov.br - 1887), praticamente o primeiro
centro importante de pesquisa brasileiro, com notáveis resultados à
agricultura, que veio a ser seguido por outros, como o INCAPER-ES
(www.incaper.es.gov.br - 1958) e o IAPAR-PR (www.iapar.br - 1972),
que foram consolidados no plano federal pela criação da EMBRAPA
(www.embrapa.br - 1973).
Mas, sem dúvida alguma, o grande marco na criação de bons
orientadores encontraremos na criação das universidades brasileiras,
merecendo destaque a USP (www.usp.br - 1934), embora a ESALQ
(www.esalq.usp.br), onde me graduei em 1966, já centenária, teve
notável participação neste processo, o que seguramente ocorreu com
outras instituições brasileiras, podendo-se destacar:
• UFFBA (www.ufba.br - 1946)
• UFRRJ (www.ufrrj.br - 1946)
• UFRGS (www.ufrgs.br - 1947)
• UFG (www.ufg.br - 1960)
• UNB (www.unb.br - 1962)
• UNICAMP (www.unicamp.br - 1966)
• UFPEL (www.ufpel.tche.br - 1969)
• UNESP (www.unesp.br - 1976)
• UENF (www.uenf.br - 1993), dentre outras.
Resumindo, se cotejarmos estes números com padrões interna-
cionais, veremos que somos muito jovens, pois algumas universidades
européias têm mais de 400 anos. E uma ainda jovem universidade, onde
estive em fevereiro de 2009, como a University of Hawaii, completará
este ano o seu centenário, comparada às nossas, onde se destacam as
suas criações, sendo a maioria na década de 60.
O potencial da fruticultura para o século XXI 15

1.2. Bons Alunos


Inquestionavelmente, para a condução de boas pesquisas, temos
de oferecer apoio aos alunos, preferencialmente aos dos cursos de pós-
graduação, um grande suporte, pois proporcionam mão de obra alta-
mente qualificada, sem as implicações trabalhistas que a mão de obra
contratada traria. Podemos destacar a opinião de um emérito Professor
norte-americano, que esteve no Brasil participando dos simpósios sobre
a cultura do mamoeiro, realizado na UNESP/Jaboticabal, que dizia:
“o estudante de pós-graduação é um escravo do sistema”, o que é uma
verdade, e a pesquisa agradece a valorosa contribuição.
Vejamos então como foram criados os cursos de pós-graduação
em ciências agrárias no Brasil, merecendo destacar os seguintes, dentre
outros:
• UFRGS (www.ufrgs.br - 1963),
• ESALQ (www.esalq.usp.br - 1964),
• UFRJ (www.ufrj.br - 1965),
• UNB (www.unb.br - 1969),
• UNICAMP (www.unicamp.br - 1969),
• UFV (www.ufv.br - 1970),
• UFPEL (www.ufpel.tche.br - 1973),
• UNESP (www.unesp.br - 1976).
Resumindo, cotejando estes números com padrões internacionais,
somos ainda muito jovens.

1.3. Recursos
No terceiro ponto desse tripé, encontraremos, na alocação de
recursos para o desenvolvimento destas pesquisas, um importante elo,
com ênfase nas dos institutos de pesquisas e universidades citadas
acima, destacando-se no plano federal a criação do CNPq (www.cnpq.
br - 1951), que vieram a ser consolidados pelas criações das fundações
estaduais, com destaque para a FAPESP (www.fapesp.br - 1962), que
serviu de norte à criação de outras fundações, como a FAPERJ (www.
faperj.br - 1980), FAPEMIG (www.fapemig.br - 1985), FAPESB (www.
fapesb.ba.gov.br - 2001), dentre outras.
Outro ponto importante nesse quesito são os fundos para o desen-
volvimento de culturas, com destaque para o FUNDECITRUS (www.
fundecitrus.com.br - 1977), o mais importante, e proporcionando um
16 Carlos Ruggiero

bom suporte à citricultura. O Fundo Passiflora (www.passiflora.org.


br), que acompanhamos desde a sua criação, em 1989, para servir de
suporte ao desenvolvimento para a cultura do maracujazeiro e para cujo
bom desempenho luta com dificuldades. Destacam-se ainda algumas
associações, embora com conotações diferentes dos fundos, mas que
exercem um papel importante, principalmente para a cultura da maçã,
como AGAPOMI (www.agapomi.com.br - 1979) e ABPM (www.abpm.
org.br - 1978), bem como a criação da BRAPEX –ES (www.brapex.
net - 2001), atuando como auxiliar na exportação de mamão.
Verifica-se, nesse aspecto, que existem poucos fundos criados
para o desenvolvimento de várias frutíferas, o que inegavelmente
precisaria ser estimulado, pois além de darem um aval qualitativo nas
pesquisas prioritárias a serem realizadas, com a participação de indús-
trias e produtores, sem dúvida seriam uma ferramenta importante ao
desenvolvimento de uma determinada frutífera. E seria oportuno que,
aproveitando a realização deste Simpósio sobre a cultura da goiabeira,
fosse lançada a proposta da criação de um fundo específico para dar
suporte a esta cultura, muito importante neste momento, quando ela
enfrenta sérios problemas fitossanitários.

2. A FRUTICULTURA E A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA

Em 1900, o planeta Terra tinha 2,9 bilhões de habitantes, passando


para 6 bilhões em 2000, e segundo projeções, seremos 9,5 bilhões em
2100, e precisaremos, nos próximos 91 anos, ser capazes de alimentar
com qualidade mais 3,5 bilhões de habitantes (Figura 1).

Figura 1. Razões do crescimento da Fruticultura.


O potencial da fruticultura para o século XXI 17

Analisando estes dados, com o crescimento da expectativa de


vida, constatamos que, em 1900, ela era de 47 anos, passando para 76
anos em 2000 e dando um salto para 90 anos em 2100 (Figura 2).

Figura 2. Razões do crescimento da Fruticultura.

Vemos que precisamos estar antenados com esses números, com


o aumento de pessoas na ‘melhor idade’, que seguramente terão um
forte aliado na fruticultura.
Para que isso seja obtido, a pesquisa deverá procurar atender
a todos os elos da cadeia produtiva de uma determinada frutífera, e a
cultura da goiabeira deve passar por uma ampla divulgação sobre seu
valor nutricional. Para o Prof. Fernando Mendes Pereira (Unesp – Cam-
pus Jaboticabal), a goiaba é considerada uma superfruta, passando por
um melhor aproveitamento do teor de licopeno que a goiaba apresenta,
além, é claro, de procurar resolver alguns problemas técnicos, como o
novo surto causado pelo nematóide, pelo aproveitamento mais racional
dos subprodutos como, no caso, as sementes.
Deveremos, por exemplo, estimular pesquisas integradas também
para outras culturas, como a do mamoeiro, do qual deveríamos explorar
o potencial em produzir papaína, aproveitando a imensa massa verde,
que é descartada em várias fases da cultura.
Para que isso seja obtido, é preciso que o aluno faça sua pesquisa
devidamente orientada para resolver gargalos na cadeia produtiva, e
18 Carlos Ruggiero

não a desenvolver para atender a exigências acadêmicas. Com isso,


seguramente, o aluno estará capacitando-se para ser um empreendedor
nessa atividade.

3. DIFUSÃO DE INFORMAÇÕES

Em nossa opinião, reside neste aspecto um grande gargalo entre


os conhecimentos gerados e aqueles que chegam ao produtor. A pesquisa
deve ser destinada a atender às necessidades do produtor rural, se nós
definirmos o que venha a ser um produtor ideal. Aí poderemos ter um
balizamento de como proceder. Particularmente, gosto da seguinte de-
finição: “é aquele que utiliza toda a tecnologia disponível, comercializa
sua produção, procurando sempre agregar valor ao produto”.
Como editor da RBF (Revista Brasileira de Fruticultura) desde
1998, tenho solicitado aos autores de trabalhos para que também nos
enviem uma versão mais jornalística do material publicado, e temos
recebido basicamente duas respostas:
1) “Prof., não vou escrever por não saber fazer isso”. - O que infeliz-
mente é uma verdade.
2) “Prof., não vou escrever, pois a Faculdade não valoriza muito este
tipo de publicação” - o que infelizmente é outra dura realidade.
Resumindo, podemos dizer que existe um volume muito grande
de informações geradas que, literalmente, ficam ‘paradas’ nas gavetas
dos pesquisadores, nas bibliotecas, etc.
Enorme esforço deve ser feito, procurando aglutinar os vários
setores envolvidos, como as Universidades, os Centros de Pesquisas,
os Institutos, as Empresas, bons produtores, etc., para trabalharmos em
conjunto na solução de problemas na cadeia integrada de produção.
Aproveitamos a oportunidade para deixar algumas sugestões.
• Todo curso deve ter um setor jornalístico para uma real difusão de
suas realizações.
• Nos cursos de Agrária, a criação de uma central de atendimento aos
produtores, com o envolvimento dos alunos devidamente orienta-
dos.
• Que se promova uma avaliação mais qualitativa do que quantitativa
dos trabalhos encaminhados às boas revistas.
O potencial da fruticultura para o século XXI 19

• Uma dinamização no uso da Internet para a difusão de informações,


merecendo destaque o desempenho do TodaFruta (www.todafruta.
com.br), com os seguintes números de visitantes desde a sua criação,
em setembro de 2002 (Figura 3), sendo ele visto em 117 países, mos-
trando que a comunidade está ávida por informações (Figura 4).
• A elaboração de boletins por culturas, unindo todos os segmentos
envolvidos, em uma linguagem acessível aos produtores.
• Estímulo ao empreendedorismo, por exemplo, no caso da UNESP/
Jaboticabal, e que uma parcela dos trabalhos de graduação seja con-
duzida na forma de projetos agrícolas.

Figura 3. Número de visitantes ao site www.todafruta.com.br desde


sua criação.

Figura 4. Número de visitantes ao site www.todafruta.com.br ao redor


do mundo.
20 Carlos Ruggiero

Merece destaque, ainda, nesse campo de difusão de informações,


o papel das revistas científicas, no movimento “Open Acess”, liderado
pela FAPESP, através do www.scielo.org.br, onde se insere a Revista
Brasileira de Fruticultura, criada como órgão de difusão de informações
da Sociedade Brasileira de Fruticultura em 1978, publicando 4 edições
por ano, com 150 a 200 trabalhos inéditos anuais sobre várias frutas.
Esses trabalhos são deixados on line, com um expressivo número de
visitações (Figura 5).

N° de acessos Fascículo N° de acessos Fascículo


166178 v.24 n.1 abr. 2002 67368 v.28 n.3 dez. 2006
164487 v.23 n.3 dez. 2001 61489 v.29 n.1 abr. 2007
159480 v.25 n.2 ago. 2003 58311 v.27 n.2 ago. 2005
158700 v.25 n.1 abr. 2003 55899 v.27 n.3 dez. 2005
156919 v.23 n.2 ago. 2001 55344 v.28 n.1 abr. 2006
150375 v.24 n.3 dez. 2002 50765 v.29 n.3  2007
140471 v.24 n.2 ago. 2002 48708 v.28 n.2 ago. 2006
130235 v.25 n.3 dez. 2003 40713 v.29 n.2 ago. 2007
106641 v.26 n.1 abr. 2004 37544 v.30 n.1 mar. 2008
97134 v.27 n.1 abr. 2005 35869 v.30 n.2 jun. 2008
93316 v.26 n.2 ago. 2004 21117 v.30 n.3 set. 2008
82549 v.26 n.3 dez. 2004 15916 v.30 n.4 dez. 2008
3112 vol.31 n.1 mar. 2009

Figura 5. Visitação dos fascículos da RBF on line no www.scielo.com.


br, em 06 de jul. de 2009.

Os resultados desses trabalhos precisariam ser transformados em


uma linguagem acessível ao produtor.

4. POLOS DE FRUTICULTURA

Conforme comentamos, é necessário que cada aluno defina cla-


ramente sua possível área de atuação, para capacitar-se como um bom
profissional, e não tenho dúvida em afirmar que o aluno que souber esta
resposta o mais cedo possível, será um profissional melhor.
O potencial da fruticultura para o século XXI 21

É também necessário que, no plano nacional, cada município


defina sua vocação. Nós poderemos encontrar no Polo de fruticultura
de Petrolina-PE, um bom exemplo, onde, independentemente da cor
partidária de cada prefeito, o projeto tem sido continuado.
Destaco, para mostrar a pujança deste Polo, o acontecimento de
que tive o prazer de participar, a convite de um café da manhã organizado
no aeroporto de Congonhas-SP, pelo prefeito de Petrolina, na época o Dr.
Guilherme Coelho, do qual também participou o então vice-presidente
da Republica, Dr. Marco Maciel, procurando-se mostrar, naquela oca-
sião, as adequações recebidas em câmaras frias no Polo, para auxiliar
na exportação de frutas, com ênfase para mangas e uvas.
Podemos considerar que o Polo de Fruticultura de Petrolina é um
bom exemplo a ser seguido na criação ou na consolidação de outros.

5. MUDANÇA DE COMPORTAMENTO DOS ESTUDANTES

Antenados com esta nova tendência do mercado, onde o emprego


formal se encontra com grandes restrições, temos procurado orientar
nossos alunos ao longo destes 40 anos de exercício profissional na
UNESP - Jaboticabal, a terem dois tipos de comportamento ao ingres-
sarem no curso:
1) É preciso que cada aluno responda para si mesmo, em que área ele
gostaria de atuar profissionalmente, procurando orientar as disciplinas a
serem cursadas, os estágios, e mesmo os cursos de especialização, bem
como na execução de pesquisas, na concretização deste objetivo.
2) Procurar ser um empreendedor ao se formar e não permanecer
passivamente ao longo da carreira universitária, apenas antevendo um
emprego futuro.
Temos a certeza de que, com estas mudanças, conseguiremos
resultados espetaculares. Nesse particular, tive o prazer de orientar
o aluno Eder Ignásio da Silva, em 1999 (SILVA, 1999), na execução
de seu trabalho de graduação na realização de um projeto para iniciar
uma lavoura de abacaxi, no município de Indiaporã-SP. O primeiro
procedimento adotado foi colocar o aluno em contato com diferentes
áreas produtoras de abacaxi, iniciando pela região de Bauru-SP, onde
permaneceu por uma semana. A seguir, acompanhou as atividades dos
22 Carlos Ruggiero

produtores da cooperativa de Guaraçaí-SP, por igual período, finali-


zando por conhecer as atividades executadas pelos produtores de
Frutal-MG. O segundo procedimento foi realizar uma boa pesquisa
bibliográfica para compor o projeto em todos os elos da cadeia pro-
dutiva. O Eder seguiu esta trilha e, atualmente, é produtor de uva em
Petrolina-PE.
Seria interessante que cada cultura tivesse um projeto semelhante,
pois tenho utilizado nas aulas com bons resultados, bem como servir
de rumo a um produtor que pretenda iniciar-se na cultura.

6. QUANTO IMPORTAMOS PARA PRODUZIR?

No equacionamento de nossa balança de pagamento, não basta


apenas exportar, mas precisamos saber quanto importamos nos dife-
rentes elos da cadeia de produção, para que, na medida do possível,
possamos pensar em produzir aqui esses produtos, contribuindo inclu-
sive na geração de empregos. A resposta a este questionamento tem-me
deixado profundamente preocupado. Irei relatar alguns fatos.
• Visita a uma indústria de suco - visitando uma grande indústria
produtora de sucos de maracujá com alunos da pós-graduação da
UNESP, fizemos a seguinte pergunta: “O que é importado nesta fase
da indústria para produzir sucos?”. “Aquela máquina que engarrafa
os sucos veio da Alemanha”, respondeu o técnico.
• Visitando uma grande firma produtora e exportadora de mamão,
a mesma pergunta foi formulada, e obtivemos as seguintes respostas:
“A máquina que classifica os frutos quanto ao tamanho, etc., veio
da Espanha”; “A máquina que formata as caixas de papelão veio da
Itália”.
• Visitando um laboratório de mudas (in vitro), com ênfase para
banana, morango, etc., o técnico esclareceu-nos que diversos produtos
eram importados.
• Visitando a Agrishow de Frutas em Jundiaí-SP, o mesmo pro-
cedimento foi adotado e observamos que vários produtos eram
importados.
Não é nossa pretensão fazer destes depoimentos um manifesto
contra as importações, mas que os responsáveis elaborassem um do-
O potencial da fruticultura para o século XXI 23

cumentário sobre tudo aquilo que importamos para produzir frutas.


Estamos em um simpósio de frutas, onde seria essencial o mais amplo
documentário a respeito para ser mostrado aos alunos no início dos
cursos de graduação e pós-graduação das diversas áreas. Assim, sen-
sibilizaremos os docentes, os alunos, a coordenação dos cursos de
pós-graduação a estimularem que as pesquisas, tanto quanto possível,
sejam conduzidas nestas linhas, em pesquisas integradas.
Acreditamos que, com este procedimento, conseguiremos, de um
lado, aumentar a colocação dos nossos alunos como futuros empreen-
dedores, e de outro, ajudar no fortalecimento da economia brasileira.

7. CRESCIMENTO DA FRUTICULTURA

Procuraremos mostrar, na Tabela 1, o desempenho em área colhi-


da, que destaca a importância brasileira como grande centro produtor
de frutas. A maioria é destinada ao mercado interno brasileiro, mas
com avanços significativos na exportação. Destacamos que nossa fru-
ticultura tem apresentado resultados que podemos dizer espetaculares,
colocando o Brasil com grande potencial para ampliar a área com várias
frutíferas, embora, para algumas, precisamos resolver sérios problemas
fitossanitários.
24

Tabela 1. Área colhida (ha) com frutas no Brasil, de 1990 a 2007.


Frutas 1990 1995 2000 2001 2003 2005 2006 2007
Abacate 17.385 13.441 12.699 11.833 10.053 11.548 11.548 10.500
Banana 487.883 509.365 524.750 510.290 509.588 491.180 504.074 508.845
Caju 551.844 647.499 580.000 590.000 598.000 600.000 600.000 600.000
Coco 213.908 242.549 264.311 279.338 280.382 290.515 280.158 273.459
Figo 3.295 2.249 2.805 2.904 3.109 2.911 2.911 3.100
Laranja 912.996 856.419 856.422 824.665 836.041 805.665 802.820 799.356
Tangerina, Mandarina e Clementina 44.926 50.319 61.513 63.328 64.999 61.000 61.000 61.000
Limões e Lima 40.400 40.147 50.323 49.371 50.950 50.266 50.266 50.400
Toranja (inc. Pomelo) 2.650 3.100 3.500 3.500 3.600 4.000 4.000 4.300
Carlos Ruggiero

Uva 58.663 60.810 59.788 63.273 68.432 73.203 73.988 76.426


Goiaba, Manga e Mangostão 45.303 56.502 67.590 67.226 85.710 84.449 84.449 89.800
Mamão 16.012 32.926 40.202 35.299 36.244 32.5595 32.559 36.700
Pêssego e Nectarina 20.029 20.258 22.039 23.129 24.507 23.794 23.794 24.200
Pera 2.190 2.238 2.073 1.948 1.784 1.759 1.759 1.800
Persimmons 3.960 4.819 6.230 6.900 7.472 8.309 8.309 8.600
Abacaxi 33.167 44.384 60.406 62.597 57.986 61.787 61.326 64.615
Frutas (exc. Melão) 2.298.607 2.420.169 2.429.685 2.382.357 2.428.603 2.386.499 2.397.387 Não disp.
O potencial da fruticultura para o século XXI 25

• Abacate: merece destaque o esforço realizado para promovermos


o Avocado, representado pelas variedades Fuerte e Hass, liderado
pela empresa Jaguacy, na cidade de Bauru, dentre outras atividades,
com destaque pela realização de um simpósio em abril de 2009, para
promoção de avocado, do qual tive o prazer de participar.
• Abacaxi: registra-se com esta cultura o lançamento de novos ma-
teriais, podendo destacar, dentre outros, a cv. Vitória, lançada pelos
técnicos do INCAPER-ES, resistente à Fusariose.
• Banana: o lançamento pela EMBRAPA de novas variedades possibi-
lita aos produtores enfrentarem o problema representado pela recente
entrada no Brasil da Sigatoka Negra.
• Cítrus: enfrentamos sérios problemas representados pela Greening,
que está a exigir esforços integrados para vencermos este desafio, com
alguns depoimentos preocupantes: “a citricultura paulista corre o risco
de ficar restrita a grandes produtores”, o que seria lamentável.
• Goiaba: os produtores deparam-se com sério problema representado
pela ocorrência em várias lavouras de nematoide, havendo a erradi-
cação de pomares inteiros. Mas temos a certeza de que este simpósio
representará um marco no equacionamento do problema, em sintonia
com a evolução apresentada no lançamento de novos materiais, como
a Paluma, Século XXI, bem como na tecnologia de propagação e
condução das lavouras.
• Mamão: registra-se o magnífico avanço obtido na produção de mudas
em viveiros telados, e boas sementes obtidas através de árduos pro-
gramas de melhoramento. Com relação às viroses, é necessária uma
atuação mais efetiva dos técnicos com relação à liberação de plantas
transgênicas, não transformando o assunto em questões políticas.
• Maracujá: a magnífica evolução apresentada no sistema de propa-
gação de plantas, bem como o lançamento de novos materiais que
representam um estímulo ao crescimento da cultura. Enfrentamos,
no entanto, problemas fitossanitários na cultura, como o vírus do
endurecimento, que a transformou em cultura praticamente anual.
• Uva: registra-se o lançamento de novos materiais selecionados pe-
los técnicos da EMBRAPA, que poderão incrementar sua cultura e
produção.
No entanto, observa-se, pelos dados acima, que temos um imenso
potencial de frutas, que nem aparecem nas estatísticas, verificando-se
26 Carlos Ruggiero

que temos um longo caminho a ser percorrido.

8. RECOMENDAÇÕES FINAIS

• Que o ensino venha a ter a conotação mais integrada possível, o que


não acontece no presente momento, na maioria das Faculdades de
Agronomia, onde determinados assuntos são ministrados com inter-
valos de vários anos e, em muitos casos, não sendo nem ministrados,
o que compromete o aprendizado.
• Que passem a olhar as frutas dentro de uma visão a mais abrangente
possível, como produtora de defensivos; na indústria de perfumes,
como medicamentos; no aproveitamento do potencial nutricional,
como produtora de enzimas; como produtora de alimentos funcionais,
na indústria de alimentos; como corantes; como grande potencial de
frutas em vasos, etc.
• Que o fundo de apoio à cultura da goiabeira venha a ser consolida-
do.

9. LITERATURA CITADA

SOUZA, E. I. O projeto de implantação da cultura do abacaxizeiro


Ananas comosus (L.) Merril no município de Indiaporã – SP. Jabo-
ticabal: FCAV, UNESP, 1999. Trabalho de iniciação científica.
27

Capítulo 2

PESQUISAS COM GOIABEIRA


(Psidium guajava L.) NO BRASIL:
BREVE HISTÓRICO E
PERSPECTIVAS FUTURAS
Henrique Antunes de Souza1
Daniel Angelucci de Amorim1
Danilo Eduardo Rozane2
William Natale3

1. INTRODUÇÃO

O conhecimento da história é importante para qualquer ser hu-


mano, pois somos agentes modificadores, principalmente do ambiente
em que vivemos. A oportunidade de conhecer as pesquisas e a evolução

1
Pesquisador, Doutorando em Produção Vegetal, Departamento de Solos e Adubos,
Universidade Estadual Paulista – Unesp, Faculdade de Ciências Agrárias e Veteriná-
rias (Unesp/FCAV) – Câmpus Jaboticabal. Via de Acesso Prof. Paulo Donato Cas-
tellane, s/n, km 5, Jaboticabal – SP, CEP: 14884-900.
E-mail: henrique.antuness@yahoo.com.br, danie@epamigcaldas.gov.br
2
Pesquisador, Doutor em Produção Vegetal, Departamento de Solos e Adubos, Unesp/
FCAV. E-mail: danilorozane@yahoo.com.br
3
Professor Adjunto, Departamento de Solos e Adubos, Unesp/FCAV. Bolsista de PQ
do CNPq. E-mail: natale@fcav.unesp.br
28 Souza, H. A. de, et al.

dos estudos com a goiabeira é de extrema relevância, além de mostrar


os desafios enfrentados no passado, poderemos conhecer os caminhos
que estão sendo trilhados pela pesquisa brasileira com a cultura.
As goiabeiras são plantas nativas da América Tropical e, no Brasil,
encontram-se distribuídas naturalmente por todo o território nacional.
Relatos antigos já demonstravam o apreço à fruta. Atualmente, seu
cultivo é muito importante sob o ponto de vista econômico e social,
tanto para o Estado de São Paulo, quanto para o Brasil.
Como ocorreu com outras importantes frutas nacionais (abacaxi,
jabuticaba, pitanga, etc.), verifica-se que, com o processo de colonização
e desenvolvimento do País, estas frutas ficaram em segundo plano, do
ponto de vista econômico, sempre atrás das consagradas frutas exóticas
(Laranja, Maçã, Uva, Pera, Pêssego, etc.). Muitas delas, que inicialmen-
te eram importadas, passaram a ser produzidas no País e, atualmente,
ocupam as primeiras posições no ranking brasileiro das principais
frutas, considerando a quantidade produzida e o retorno econômico.
A Goiaba encontra-se em posição de destaque entre as frutas nativas,
sendo uma das mais cultivadas no Brasil, o que demonstra a sua grande
importância. Porém, nem sempre foi assim, e sua evolução comercial
e técnica tiveram avanços muito grandes nas últimas três décadas, o
que engrandece os fruticultores, que acreditando e valorizando a fruta,
tornaram-se pioneiros na produção comercial da goiaba. Além disso,
os centros de pesquisas e seus respectivos pesquisadores passaram a
buscar soluções tecnológicas para a pujante “nova” atividade da fruti-
cultura brasileira. Sendo assim, este capítulo objetiva fazer um relato
histórico da pesquisa com goiabeiras no Brasil, iniciando na década de
30, sem, no entanto, ter o intuito de relatar todos os trabalhos realizados,
e, sim, buscar os fatos e pesquisas marcantes nesse processo de rápido
desenvolvimento da cultura.
O presente capítulo inclui dados de estudos com a goiabeira pu-
blicados em diversos periódicos. A seleção das revistas aqui utilizadas
não partiu de nenhum ranking ou classificação de citação ou fator de
impacto, nem mesmo caracterização específica de estudos (por exemplo:
nutrição, fisiologia, pós-colheita...), mas de revistas que aceitassem tra-
balhos de diferentes áreas (fitotecnia/pragas/adubação...). Obviamente,
um dos periódicos escolhidos foi a Revista Brasileira de Fruticultura, por
ser o principal meio de divulgação de pesquisa com frutíferas. Também
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 29

foram escolhidas revistas de todas as regiões do País, para saber como


se situa a difusão dos estudos com a cultura da goiaba. Tentou-se buscar,
ainda, os primeiros volumes dos periódicos, com o objetivo de conhecer
os históricos da pesquisa com esta frutífera. As revistas pesquisadas
foram: Revista Brasileira de Fruticultura (Jaboticabal-SP), Anais da
ESALQ e Scientia Agrícola (Piracicaba-SP), Pesquisa Agropecuária
Brasileira (EMBRAPA – Brasília-DF), Bragantia (IAC – Campinas-SP),
Revista Ceres (Viçosa-MG), Ciência e Agrotecnologia (Lavras-MG),
Semina (Londrina-PR), Revista Brasileira de Ciências Agrárias (antiga
Agrária – Recife-PE), Revista Brasileira de Agrociência (Pelotas-RS),
Pesquisa Agropecuária Tropical (Goiânia-GO), Ciência Rural (Santa
Maria-RS), Bioscience Journal (Uberlândia-MG), Caatinga (Mossorá-
RN) e Científica (Jaboticabal-SP).
Assim, para facilitar, dividiu-se o tema em seis áreas técnicas
denominadas: melhoramento e cultivares (incluindo competição de
variedades e produção); propagação; fitotecnia (abrangendo botânica,
fisiologia vegetal, frutificação); solos e nutrição; fitossanidade (pragas
e doenças); pós-colheita e processamento (fazendo parte análises quí-
micas de frutos). Os resultados foram apresentados com o intuito de
elucidar os caminhos da pesquisa com a goiabeira, e maiores detalhes
poderão ser vistos nos próprios artigos, que estão citados na literatura
consultada. Além disso, outras informações podem ser obtidas nos
demais capítulos que compõem este Livro e trazem informações es-
pecíficas dos setores aqui elencados, com maior riqueza de detalhes e
informações.

2. MELHORAMENTO E CULTIVARES

Pelo levantamento realizado, o primeiro artigo encontrado na área


de melhoramento (Soubihe Sobrinho, 1962) estudou a taxa de pan-mixia
da goiabeira, que variou de planta a planta entre 25,7 e 41,3%, sendo
considerado que o valor médio de 35,6% seria apenas uma aproximação
ao verdadeiro valor da polinização cruzada dessa Myrtaceae. Este autor
relata a escassa literatura sobre a reprodução da goiabeira existente na
época, e das nove citações, apenas uma era brasileira, exatamente a
tese de doutoramento de Soubihe Sobrinho (1951), intitulada: “Estu-
30 Souza, H. A. de, et al.

dos básicos para o melhoramento da goiabeira (Psidium guajava L.)”,


realizada na então E.S.A. “Luiz de Queiroz”. Brasil Sobrinho et al.
(1961) citam, além desta tese, o artigo de Schrader (1954), intitulado:
“Pesquisas sobre o melhoramento da goiabeira (Psidium guajava L.)”,
publicado na revista Agronomia. Portanto, há seis décadas surgiam os
primeiros trabalhos sobre melhoramento da goiabeira.
Já na década seguinte, em 1974, instala-se um experimento em
Visconde do Rio Branco- MG, para testar 10 variedades selecionadas
de uma coleção da Universidade Federal de Viçosa. As variedades
foram: ‘São José Periforme’ ‘Tetraploide de Limeira’ ‘Brune-Branca’
‘Pirassununga-Branca’ ‘Riverside-Vermelha’ ‘IAC-4’ ‘Pirassununga-
Vermelha’ ‘Brune-Vermelha’ ‘Industrial de Montes Claros’ e ‘Pera’.
Avaliando diversos parâmetros produtivos (peso e número de frutos por
ha) e qualitativos (Vitamina C, teor de sólidos solúveis, acidez total e
relação polpa/miolo), os autores concluíram que as melhores foram a
‘Industrial de Montes Claros’ e a ‘Pirassununga-Vermelha’, tendo em
vista o aproveitamento para a opção para a acidez reduzida e elevada,
respectivamente (Passos et al., 1979). Esses autores destacam, utilizando
a palavra recentemente, que alguns trabalhos de avaliações de varie-
dades estavam sendo conduzidos e citam o trabalho de dissertação de
Barbosa (1975), intitulado: “Competição de seis variedades de goiaba
(Psidium guajava L.) em Pirapora – MG”, defendida na UFV e outros
três trabalhos, porém internacionais. Pinheiro et al. (1984), dando
continuidade aos estudos destas 10 variedades, seguindo as mesmas
avaliações anteriores e acrescentando em suas análises a classificação
das variedades em função da época de colheita, avaliação de pectina e
dos produtos industriais (goiabada, geleia e goiaba em caldas), deter-
minaram as variedades aptas para mesa e para os diferentes produtos
testados, destacando a ‘Pirassununga-Vermelha’ como de dupla aptidão
(mesa e indústria), atingindo produtividades de 36 t ha-1 no quarto ano
de produção.
Manica et al.(1984) e Manica (1988) também estudaram seis
cultivares de goiabeiras em Pirapora: ‘Pirassununga-Branca’, ‘Brune-
Branca’, ‘IAC-4’, ‘Pirassununga-Vermelha’, ‘Goiaba de Campos’ e
‘Goiaba-Ouro’, com destaque para a primeira cultivar em relação à
produtividade e peso dos frutos.
Em 1976, implantou-se na FCAV/Unesp, Câmpus Jaboticabal-SP
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 31

um campo de seedlings, com mudas formadas por sementes obtidas


de polinização aberta de nove variedades de origens diversas (EEF,
Webber-Supreme, Supreme, FAO-1, Patillo, Creme-arredondada, Rubi-
Supreme, Israel e IAC-4). Deste programa de seleção de goiabeira,
surgem as cultivares Paluma e Rica, que foram lançadas no VII Con-
gresso Brasileiro de Fruticultura (Pereira, 1984). No IX CBF, Pereira
e São José (1988) apresentaram estudos sobre o desenvolvimento dos
frutos e fenologia destas cultivares.
Também nessa época, em 1975, os pesquisadores Gonza-
ga Neto e colaboradores iniciaram uma série de ensaios de seleção,
competição e comportamento de cultivares na região do Vale do Rio
Moxotó, em Pernambuco, que culminaram em várias publicações na
Revista Brasileira de Fruticultura, objetivando selecionar cultivares
adaptadas à região para a substituição das goiabeiras de pomares cul-
tivados com pouca tecnologia e de origem desconhecida. Dentre as
cultivares testadas, destacaram-se: Patillo (01 e 02), seleção IPA (B14,
B15, B22 e B38), Surubim, Ruby-Supreme, E.E.F., Red Selection of
Flórida, que se apresentaram promissoras para fins industriais (Gonza-
ga Neto et al., 1986). Com a continuidade deste experimento, os auto-
res concluem que, com irrigação, as goiabeiras apresentam excelentes
produtividades e apresentaram dois ciclos de produção (Gonzaga Neto
et al., 1991a).
Outros experimentos com outras cultivares, White Selection
of Florida, Pentecoste, Grande-Vermelha, além de Patillo (01 e 02)
e seleção IPA-B 38, demonstraram que todas estas cultivares foram
consideradas adaptadas às condições edafoclimáticas da região e pro-
missoras para o consumo in natura (Gonzaga Neto et al., 1987). Com
avaliações posteriores deste experimento, concluiu-se que a região
do Rio Moxotó é promissora para o cultivo de goiabeiras e, também,
notou-se que elas apresentavam dois ciclos de produção anual (Gonza-
ga Neto et al., 1991b). Em outro ensaio, testando as cultivares IAC-4,
Red Selection of Flórida, Pêra-Veremelha, Tipo Redonda Grande, IPA
(B18, B22, B24 e B29), os mesmos autores concluíram que todas as
cultivares apresentaram características favoráveis à industrialização e
foram recomendadas as cultivares IPA B-22 e Red Selection of Flórida
para plantios irrigados, objetivando colheita na entressafra (Gonzaga
Neto et al., 1988). Ainda em Pernambuco, em 1988, foi implantado
32 Souza, H. A. de, et al.

um ensaio para avaliação e caracterização de seleções de goiabeiras na


chapada do Araripe, testando as cultivares: Patillo (1.1, 1.2, 1.3, 2.1,
2.2, 2.3), seleção IPA (B22.1, B 15.1, B14.3, B14.2, B38.1, B38.3),
Surubim, Ruby-Supreme 2 e 3, E.E.F., Red Selection of Flórida 1 e 2,
Surubim 3, EEF.3, Pentecoste 3, Grande-Vermelha 2, White Selection
of Flórida 1 e White Selection of Flórida 2 (Pedrosa et al., 1992).
Em São Paulo, no ano de 1985, implantou-se uma coleção de
cultivares de goiabeiras na Estação Experimental de Monte Alegre do
Sul, que resultou em diversos trabalhos publicados na Revista Brasileira
de Fruticultura. As cultivares testadas foram: Indiana-Vermelha, L4 P14
Branca, Monte Alto Vermelha, F.A.O.-61, F.A.O.-5, L1 P2 Vermelha,
L7 P28 Vermelha, L2 P4 Vermelha, Campos, Webber-Supreme, L3 P10
Vermelha, Torrão-de-Ouro, L2 P6 Vermelha, IAC-4, Ruby Supreme, L6
P22 Branca, Australiana Vermelha, Rica J-2, Ogawa-3 Vermelha, Monte
Alto Comum 1, L3 P9 Vermelha, com procedências do IAC, Unesp-
Jaboticabal e de produtor rural. De forma sintetizada, os resultados
demonstraram superioridade de produção para as cultivares Indiana-
Vermelha, L4 P14 Branca, Monte Alto Vermelha, F.A.O.-61 (Santos
et al., 1991a), sendo que a ‘Australiana-Vermelha’ destacou-se das
demais em todas as características avaliadas, exceto ao teor de sólidos
solúveis (Santos et al., 1991b). Ainda desta coleção, os pesquisadores
avaliaram, em dois trabalhos, respectivamente, 23 e 22 cultivares dis-
tintas e concluíram que todas podem ser utilizadas no processamento
industrial se considerarem os teores de sólidos solúveis, sendo que a
cultivar Shimoda-Vermelha-Comprida (P1.162) apresentou maior índice
de SST (15,2%) com correspondente valor baixo de ATT (0,34% de
ácido cítrico), importantes para o consumo in natura (Nascimento et
al., 1991a), e a cultivar Red-Selection apresentou ATT entre 1,5 – 2,0
%, valores desejáveis para produtos processados (Nascimento et al.,
1991b).
Outro trabalho de competição entre cultivares foi realizado por
Silva Júnior et al.(1999), que avaliaram oito cultivares para a indústria
(‘Pera Vermelha’, ‘Red Selection of Flórida’, ‘Tipo Redonda-Grande’,
‘IAC-4’, Seleções ‘IPA B-18’, ‘IPA B-22’, ‘IPA B-24’, ‘IPA B-29’) na
Chapada do Araripe-PE, concluindo que as cultivares IAC-4 e Pera
Vermelha destacaram-se como as mais promissoras, por apresentarem
as melhores características físico-química de frutos.
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 33

Gonzaga Neto et al. (2003), em trabalho desenvolvido na Estação Ex-


perimental de Bebedouro da Embrapa Semi-Árido em Petrolina-PE,
avaliaram as cultivares Paluma, Red Fleshed, Surubim, Red Selection
of Flórida e Ruby-Supreme, observando que a ‘Surubim’ apresentou
tendência de maior produção e maior número de frutos, após avaliação
de duas safras da primeira e segunda podas de frutificação.
Em trabalho realizado dentro do programa de melhoramento
da goiabeira da FCAV-Unesp, Câmpus Jaboticabal, Lima et al. (1999)
avaliaram frutos de 19 genótipos, objetivando conseguir genótipos
superiores aos já consagrados Paluma e Rica, que foram avaliados esta-
tisticamente através da análise de “cluster” e formaram-se quatro grupos
de similaridade, onde três genótipos se agruparam à cultivar Paluma,
destacando-se, em especial, o 8502-1, pelo alto rendimento, espessura
do pericarpo e coloração róseo brilhante da polpa. Ainda dentro deste
programa, 219 plantas originárias de cruzamentos entre cinco cultivares
(Rica x EEF-3; Supreme 2 x Paluma; Rica x Patillo 5 e Paluma x Rica)
foram plantadas em 1987, originando a ‘Século XXI’ após 10 anos de
avaliações (Pereira, 2003), cultivar esta mais recentemente lançada.
Paiva et al. (1994) avaliaram frutos de cultivares de goiabeiras intro-
duzidas no Estado do Rio Grande Sul: ‘Brune-Vermelha’, ‘IAC-4’,
‘Pirassununga-Vermelha’ e ‘Rubi x Supreme’, mais três seleções locais:
‘RBS1’, ‘RBS2’ e ‘RBS3’. As avaliações consistiram na caracterização
dos frutos adequados ao consumo in natura e à industrialização. Os
autores constataram que as cultivares locais apresentaram os maiores
tamanhos de frutos; não houve diferença entre as cultivares e as seleções
locais para os seguintes parâmetros: espessura de polpa e espessura de
miolo.
Outro estudo foi realizado para comparação de peso e número
de frutos por hectare, peso médio do fruto e crescimento vegetativo
das plantas (cultivares: Riverside- Vermelha, Brune-Vermelha, IAC-4,
Pirassununga-Vermelha e três clones: RBS-1, RBS-2 e RBS-3) em Porto
Leucena-RS. A ‘Pirassununga-Vermelha’ apresentou o maior peso e
número de frutos por hectare; já a RBS-1 teve os frutos de maior peso
médio. A ‘Pirassununga-Vermelha’ e a ‘Riverside’ destacaram-se como
as mais produtivas; a ‘IAC-4’ e a ‘RBS-1’, com as maiores medidas
quanto a perímetro do tronco, a ‘RBS-2’ da altura da planta e a ‘RBS-1
do diâmetro da copa (Gehardt et al., 1995). Com o mesmo objetivo e
34 Souza, H. A. de, et al.

com as mesmas plantas, Gehardt et al. (1997) avaliaram as caracterís-


ticas físico-químicas, em que a ‘Riverside-Vermelha’ mostrou o maior
peso médio da polpa e do miolo, maior diâmetro transversal, maior
espessura do miolo e maior firmeza do fruto, elevada pectina, maior
teor de açúcares não redutores. A ‘Riverside-Vermelha’ destacou-se,
especialmente pelas características físicas, e ‘IAC-4’, ‘RBS-2’ e ‘RBS-
1’, pelos atributos químicos, tanto para o consumo in natura, quanto à
viabilidade de industrilização.
No Estado de São Paulo, Santos et al. (1998) avaliaram varieda-
des de goiabeiras em Monte Alegre do Sul-SP. Estudaram 21 acessos
e destacaram que, com base nos valores das características estudadas,
o maior desenvolvimento vegetativo não pode ser considerado como
parâmetro favorável a altas produções.
Mais recentemente, em caracterização preliminar de germo-
plasma de Psidium, em diferentes ecorregiões brasileiras, Santos et
al. (2008) utilizaram 119 acessos de goiaba e 40 acessos de araçazeiro
identificados em 35 regiões brasileiras, de acordo com normas interna-
cionais (UPOV). Constaram que a maioria dos acessos de araçazeiros
(91%) apresentaram cor branca para a polpa do fruto, enquanto 58%
das de goiabeiras apresentaram cor de rosa-clara a rosa-escura. Os
frutos de açaizeio foram classificados como pequenos, e os de goiaba
apresentaram tamanho médio a grande; as folhas de araçazeiros apre-
sentaram grandes espaços entre as nervuras, enquanto os de goiabeira
apresentaram espaços pequenos.
Lima et al. (2002) avaliaram, para diversas características, fru-
tos provenientes da coleção de genótipos da Estação Experimental de
Bebedouro da Embrapa Semi-Árido, em Petrolina-PE, de cultivares de
polpa branca (Alabama Safed, Lucknow 49, Banahas, White Selection
of Florida e Seleção IPA B 38.1) e de polpa vermelha (Paluma, Patillo
2.1, Surubim, Red Selection of Florida e Seleção IPA B 14.3). Con-
cluíram que os maiores valores de SST foram observados em Paluma
(10,4°Brix) e Luchnnow (10,9°Brix); a ATT foi baixa na maioria dos
genótipos, exceto Surubim e Seleção IPA B 14.3; o pH variou de 3,72 a
4,22. Em geral, os genótipos de polpa branca tiveram os maiores teores
de AST (5 a 7%) e vitamina C atingindo 200 mg de ácido ascórbico
100 g-1.
A fim de verificar a estabilidade fenotípica de genótipos de
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 35

goiabeira e identificar grupos de acessos com potenciais alternativos


para o melhoramento genético e/ou para a exploração comercial, foram
avaliados 63 acessos do Banco de Germoplasma do Instituto Agronô-
mico, Campinas-SP. O período de avaliação compreendeu seis safras,
de 1987 a 1992. A metodologia de regressão linear simples foi utilizada
para estudo de estabilidade fenotípica no tempo. Os caracteres avaliados
foram peso de fruto, duração de colheita e precocidade. Destacaram-se
os acessos Campos e Creme Arredondada como de valores médios e
estabilidade desejáveis para os três caracteres, além de acessos estáveis
para dois caracteres simultaneamente e acessos estáveis para caracteres
isolados (Souza Junior et al., 2002).
Existem outras variedades de grande importância na cadeia
produtiva da goiaba, porém, nesta revisão não aparecem, ou aparecem
pouco, quando consultados os trabalhos de melhoramento e avaliação de
cultivares em campo (competição). Como colocado por Kavati (1997),
muitas destas cultivares foram selecionadas pelos próprios produtores,
como exemplo, as cultivares Ogawa e Kumagai, batizadas com os
sobrenomes destes dedicados e excepcionais fruticultores. Este autor
ressalta, ainda, que apesar da grande variabilidade de goiabas no Brasil,
as maiores contribuições para a melhoria das plantas e de sua produção
se devem, em grande parte, a alguns materiais introduzidos a partir da
Austrália, Estados Unidos da América e Índia. Dentre eles, os de origem
australiana, introduzidos no início do século pelo engenheiro agrônomo
Edmundo Navarro de Andrade, tiveram participação fundamental na
melhoria genética de cultivares brasileiras, principalmente destinadas
para frutos de mesa.
Certamente a cultivar é um dos pilares da cultura da goiabeira,
podendo-se notar que os trabalhos se intensificaram em meados da dé-
cada de 70, quando os pesquisadores começaram a implantar pomares
para competição entre cultivares, sendo estes publicados na década de
80.
Outra observação interessante foi que os pesquisadores elege-
ram a Revista Brasileira de Fruticultura para a apresentação de seus
resultados, sendo que 51% dos trabalhos levantados nesta revisão estão
publicados neste veículo de divulgação.
Nota-se um enorme número de cultivares que foram e estão
sendo avaliadas, porém, quando analisada a realidade atual da cultura
36 Souza, H. A. de, et al.

da goiaba, verifica-se que a grande maioria dos pomares é formado


com poucas cultivares, podendo-se citar a ‘Paluma’ de domínio pleno
no Brasil e, também, a ‘Pedro Sato’, plantada com o fim de “fruta de
mesa”. Este fato demonstra a importância de diversos outros fatores
técnicos nas definições das cultivares, entre eles, a facilidade da pro-
pagação, o potencial da cultivar à resposta à adubação e irrigação, as
preferências da indústria e do consumidor, entre outros. Em síntese, é
o setor produtivo e de mercado que acabam definindo a cultivar.
Foram os acessos a grande número de plantas de goiabeiras,
realizados pelos institutos de pesquisa e por fruticultores, que propor-
cionaram as cultivares consagradas atualmente. É muito importante
que o trabalho de melhoramento genético continue com a incansável
busca dos melhoristas pelas cultivares com as características produtivas
mais adequadas. Porém, novos cenários, muitos não favoráveis aos
produtores, apontam para outras necessidades quando da avaliação dos
diferentes genótipos de goiabeira, podendo-se destacar a necessidade
de obtenção de cultivares de Psidium resistentes e/ou tolerantes ao
nematoide Meloidogyne mayaguensis.

3. PROPAGAÇÃO

Entre os trabalhos encontrados na literatura, os primeiros da-


tam de 1982, resultantes de uma tese de Magister Scientiae. Gonzaga
Neto et al. (1982a) estudaram métodos de produção de porta-enxerto
e de enxertia da goiabeira, sendo testados diferentes recipientes para
a produção de porta-enxertos (4,6; 5,3; 7,0 litros e viveiro), diferentes
processos de enxertia (garfagem no topo em fenda cheia, garfagem no
topo à inglesa simples e borbulhia de placa em janela aberta) e épocas
de enxertia (inícios de agosto, de setembro e de outubro). Os melhores
resultados foram com as enxertias realizadas em agosto e setembro, no
viveiro, com o processo de garfagem. Verificaram, também, a viabili-
dade dos recipientes de 5,3 ou 7,0 litros, com 35 cm, quando utilizado
o processo da borbulhia de placa em janela aberta. Gonzaga Neto et
al. (1982b), no mesmo experimento, verificaram que as condições de
viveiro proporcionaram maior vigor aos porta-enxertos, reafirmando
a viabilidade dos recipientes de 5,3 ou 7,0 litros.
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 37

Sampaio (1986), estudando a enxertia em seedlings novos e


envasados, verificou ser um bom método de propagação da goiabeira,
sendo que os processos de enxertia de garfagens a fenda-inteira e a
inglês-simples resultaram em 63,3% e 72,5%, respectivamente. Ob-
servou, ainda, que as mudas eram formadas com período inferior a 12
meses.
Em trabalho desenvolvido em Guaíba-RS, pesquisadores avalia-
ram o efeito da época de enxertia (outubro, janeiro e maio), realizada
com o processo de garfagem em fenda cheia e o tipo de garfo utilizado
(basal, mediano e apical), sobre o pegamento de enxertos de goiabei-
ras. Verificaram que o mês de maio possibilitou o maior pegamento da
enxertia, alcançando 59,16%, enquanto outubro apresentou 30,83% e
janeiro 4,16% (Nogueira et al., 1989).
Concomitantemente aos estudos de propagação por enxertia,
relatados acima, já se iniciavam no Brasil estudos com propagação por
estaquia de ramos herbáceos, algo que já era pesquisado na Índia há 20
anos. Assim, Pereira et al. (1983) iniciam estudos em Jaboticabal-SP,
evidenciando que estacas da cultivar Paluma, retiradas de ramos verdes
e preparadas com dois pares de folhas cortadas pela metade, imersas em
solução de ácido naftalenoacético 2.000mg/l/5 segundos, apresentaram
70,22% de enraizamento, 70 dias após terem sido colocadas no subs-
trato. Pereira et al. (1991) avaliaram diferentes concentrações de IBA:
0; 100; 200 e 400 mg/L/14 horas, concluindo que a maior porcentagem
de enraizamento foi observada na ‘Paluma’ com o emprego do IBA 200
mg/L/14 horas.
González et al. (1992) realizaram experimento em Londrina-PR,
testando duas concentrações de AIB-ácido indolbutírico (1.000 e 2.000
ppm) e duas de ANA-ácido naftalenoacético (5 e 10%), além da testemu-
nha, no enraizamento de estacas da cultivar Kumagai. Verificaram que,
mesmo sem o uso de hormônio, consegue-se obter boa percentagem de
sobrevivência das estacas (75%); o AIB teve desempenho melhor que
o ANA, sendo sua maior eficiência na concentração de 1.000 ppm.
Outro trabalho com AIB foi realizado por Kersten e Ibañez
(1993), que avaliaram o enraizamento de estacas de goiabeira ‘Ku-
magai’, extraídas da posição mediana e apical de ramos, tratadas com
2.000, 3.000, 4.000 e 5.000 ppm de AIB, em câmara de nebulização.
Avaliaram, também, o teor de aminoácidos totais destas estacas. Ve-
38 Souza, H. A. de, et al.

rificaram maior percentagem de estacas enraizadas quando utilizaram


5.000 ppm de AIB; não houve efeito do tipo de estaca (posição mediana
ou apical); o teor de aminoácidos aumentou da base para o ápice do
ramo.
Tavares et al. (1995a) avaliaram a época de coleta e estaquia de
ramos (fevereiro, abril, julho e outubro) e de concentrações de AIB
(zero, 4.000, 5.000, 6.000 e 7.000 ppm) no enraizamento de estacas
de goiabeiras. Utilizaram grupo de goiabeiras de polpa branca e de
polpa vermelha, sem definição de cultivar, retirando-se estacas apicais
e medianas dos ramos. A época de estaquia influiu significativamente
em todas as variáveis estudadas, sendo que a maior média de estacas
enraizadas ocorreu em fevereiro, com a estaca apical, apresentando
51,52% de enraizamento. Os tratamentos com AIB incrementaram o
enraizamento.
Tavares et al. (1995b) avaliaram a germinação e o vigor de se-
mentes de goiaba submetidas a métodos para superação da dormência.
Os tratamentos foram estratificação durante 0; 10; 20 e 30 dias em
geladeira, com temperaturas em torno de 5°C, escarificação com ácido
sulfúrico concentrado, com imersão por 15 minutos, e com areia média
lavada atritando-se as sementes igualmente por 15 minutos, aplicados
em sementes de frutos maduros de um pomar comercial de Pelotas-RS.
O melhor tratamento de escarificação foi com areia.
Os estudos avaliando concentrações de ácido indolbutírico e
épocas de coleta das estacas continuam intensamente até os dias atuais,
e alguns pesquisadores, inseriram outros fatores nas avaliações, como o
Etefon, fungos micorrízicos, estiolamento de ramos, tipos de substratos,
sacarose, entre outros.
Objetivando verificar o efeito do Etefon (ácido 2-cloroetil fos-
fônico) em estacas apicais e medianas de goiabeira, desenvolveu-se
experimento, em estufa com sistema de nebulização intermitente, em
Pelotas-RS. Coletaram-se ramos herbáceos de pomar comercial de sete
anos e prepararam-se estacas das porções medianas e apicais, deixando-
se dois nós e um par de folhas cortadas pela metade. Seguiu-se trata-
mento com etefon nas concentrações de 0; 25; 50; 75 e 100 mg l-1, em
imersão rápida da base das estacas por 5 segundos e acondicionadas
em sacos de polietileno contendo serragem como substrato. As estacas
apicais apresentaram maior percentual de enraizamento, número e peso
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 39

de matéria seca das raízes do que as medianas. O tratamento das estacas


com etefon não foi efetivo (Dias et al., 1999).
Samarão e Martins (1999) avaliaram a influência de fungos mi-
corrízicos arbusculares (Glomus clarum e Gigaspora margarita) sobre
o crescimento e os conteúdos de nutrientes de mudas de goiabeira, sob
três doses de P (0; 10 e 15 mg kg-1), e o efeito do composto fenólico
rutina sobre o desenvolvimento dos fungos micorrízicos arbusculares.
Verificaram que ambas as espécies de fungos, nas doses de 0 e 10 mg
kg-1 de P, proporcionaram aumentos significativos na produção de
matéria seca e nos conteúdos de nutrientes da parte aérea de mudas
de goiabeira. A espécie G. margarita foi mais eficiente no aumento do
crescimento das mudas do que a G. clarum, onde, na dose de 0 mg kg-1
de P, observou-se aumento na produção de matéria seca da parte aérea
de 5.100% e 3.425%, respectivamente. Ainda observaram que a rutina
não influenciou significativamente na colonização micorrízica.
Schiavo e Martins (2002) realizaram experimento testando
dois tratamentos microbiológicos: o controle e o fungo micorrízico
arbuscular Glomus clarum (FMA); dois sistemas de produção de
mudas: blocos prensados e tubetes plásticos, sobre o crescimento de
mudas de goiabeira. Observaram que o FMA proporcionou aumentos
significativos na produção de matéria seca, conteúdo de N e P da parte
aérea das mudas, apenas para o sistema de blocos prensados. Mudas
produzidas e inoculadas em blocos prensados mostraram aumento de
88% na matéria seca, 82% e 89% para os conteúdos de N e P da parte
aérea, respectivamente, em relação ao tratamento-controle.
Outro trabalho interessante foi a tentativa de utilização de Psi-
dium guajava em testes com outra espécie da família da goiabeira.
Assim, mudas de goiabeira foram estudadas como porta-enxerto para
enxertia do camu-camu [Myrciaria dúbia (Humb., Bonpl. & Kunth)],
planta da família Myrtaceae, encontrada em áreas inundáveis da região
Amazônica. Não houve compatibilidade (Suguino et al., 2003).
Costa Júnior et al. (2003), com o objetivo de verificar a influên-
cia do estiolamento em plantas-matrizes de goiabeira, cultivares Rica
e Kumagai, e da aplicação do ácido indolbutírico no enraizamento de
estacas, desenvolveram um experimento fatorial, estudando a concen-
tração de AIB (0 e 2.000 mg L-1) e o sombreamento (0; 30 e 50%).
Verificaram que as cultivares testadas possuem diferentes capacidades
40 Souza, H. A. de, et al.

de enraizamento. Para a ‘Kumagai’, a utilização de 30% de sombrea-


mento proporcionou os melhores resultados de enraizamento. Para a
cultivar Rica, a utilização de 30% de sombreamento na planta-matriz ou
a aplicação de 2.000 mg L-1 de AIB na estaca proporcionaram as maiores
percentagens de estacas enraizadas. A utilização de ácido indolbutírico
aumentou o número de raízes formadas em estacas de goiabeira.
Em estudo com o ácido indolbutírico e sacarose no enraizamento
de estacas de goiabeira cv. Paluma, Vale et al. (2008) concluíram que
a concentração de 300 mg L-1 de AIB foi a que proporcionou o melhor
resultado, tanto para percentagem de estacas enraizadas como para o
número e peso médio da matéria seca das raízes; a presença de sacarose
não apresentou efeito significativo para as características analisadas; a
simples permanência das folhas nas estacas não influenciou no enraiza-
mento das mesmas; naquelas estacas tratadas com 300 mg L-1 de AIB,
não houve a necessidade de que as folhas persistissem por 60 dias.
Colombo et al. (2008) avaliaram o efeito do enraizamento das
estacas herbáceas da seleção 8501 de goiabeira submetidas a lesão na
base e a concentração de AIB. Pelos resultados obtidos, concluiu-se
que não houve diferenças significativas entre as concentrações de
AIB testadas quanto à variável percentagem de estacas enraizadas;
entretanto, foram observadas diferenças significativas para as variáveis
número de raízes por estaca e massa fresca e seca de raízes por es-
taca; as doses de 2.000 e 3.000 mg L-1 resultaram nas maiores médias.
O emprego de lesão na base da estaca não resultou em melhoria nos
parâmetros de enraizamento. A utilização do AIB na concentração de
3.000 mg L-1 propiciou o maior número de raízes por estaca.

4. FITOTECNIA

Um dos primeiros trabalhos com goiabeira certamente é o de


Soubihe Sobrinho (1956), em que apresenta alguns pontos da cultura,
principalmente a propagação. O autor comenta que, na época, a goia-
beira era propagada por semente, sendo, na maioria das vezes, gerada
de maneira espontânea, pois a cultura não despertava interesse econô-
mico. Sua propagação espontânea era devida aos animais que comiam
seus frutos e expeliam as sementes através dos excrementos. Porém,
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 41

também havia goiabais provindos de sementes de frutos selecionados,


muito em função de indústrias processadoras da fruta. Soubihe Sobrinho
(1956) comenta, ainda, que quando há necessidade de se multiplica-
rem plantas com boas características, deve-se recorrer à propagação
vegetativa, citando: enxertia (de preferência nos meses de dezembro,
janeiro e fevereiro, que dão melhores resultados); garfagem (período
mais adequado de junho a outubro), e, que o cavalo (porta-enxerto)
deverá ter um ano de idade. Pode-se utilizar, também, a alporquia ou a
estaquia de raiz. Por fim, o autor cita que a propagação pode ser reali-
zada por sementeira, que consiste em preparar um canteiro e realizar a
semeadura.
Observa-se que, entre este primeiro trabalho citado e os demais
que serão relatados a seguir, houve um espaço de tempo grande sem
artigos com a goiabeira, na área de fitotecnia. Não é conveniente afirmar
que não houve pesquisas fitotécnicas com a goiabeira neste período, mas
que, talvez, tais trabalhos tenham sido publicados em anais de eventos
ou boletins de extensão. A preocupação em disseminar os dados de pes-
quisa em periódicos científicos é relativamente recente, verificando-se
que há grande quantidade de revistas científicas hoje, em comparação
com 20 ou 30 anos atrás.
Em trabalhos recentes, Corrêa et al. (2002) avaliaram o pegamen-
to de frutos em goiabeira. Os autores citam que estudos como esse são
importantes na caracterização biológica, comparação entre cultivares e
predição de safra. Foram avaliadas as cultivares Paluma, Pedro Sato e
Rica. Marcaram-se botões, flores e frutinhos nas plantas, realizando-se
a quantificação a cada 30 dias, até uma semana antes da colheita nas
goiabeiras ‘Paluma’ e ‘Rica’, e com frutos maiores a 3 cm nas plantas
de ‘Pedro Sato’. Os índices de pegamento foram: ‘Pedro Sato’ (32,3%),
‘Paluma’ (18,7%) e ‘Rica’ (12,2%).
Algumas técnicas para avaliações morfológicas são mais recentes,
como a utilização do microscópio eletrônico de varredura. Assim, Moro
et al. (2003) avaliaram a morfologia de frutos de goiabeira, utilizando
amostras do pericarpo de goiabas ‘Paluma’. Os autores observaram
cutícula espessa, cera epicuticular, três camadas subepidérmicas de
células compactas e grande quantidade de esclerídeos, bem como a
presença esporádica e dispersa de estômatos, que podem constituir-se
barreiras para a absorção e movimentação de nutrientes e substâncias
42 Souza, H. A. de, et al.

aplicadas aos frutos de goiabeira.


Em 2003, Teixeira et al. (2003) estimaram o consumo hídrico
da goiabeira (cv. Paluma), utilizando estações agrometereológicas
automática e convencional. O trabalho foi realizado em Petrolina-PE.
A evapotranspiração da cultura, acumulada entre uma poda realizada
em junho de 2001 e a colheita (dezembro de 2001), foi de 906 mm
em 200 dias, correspondendo ao valor médio de 4,53 mm dia-1. O Kc
apresentou valores entre 0,75 e 0,93 e de 0,61 e 0,84, quando foram
usadas as estações convencional e automática, respectivamente.
Em avaliação do crescimento e relações hídricas em plantas de
goiabeira submetidas a estresse salino com NaCl, Távora et al. (2001)
trabalharam com mudas da frutífera, em doses crescentes de NaCl,
verificando que, dentre as variáveis biométricas estudadas, a área foliar
foi a mais afetada, com uma redução de 92% quando submetida a um
nível de salinidade de 150 mmol L-1. Os autores concluíram que plantas
jovens de goiabeira são sensíveis à salinidade.
Em estudo para a avaliação do efeito de substâncias húmicas e
condições meteorológicas nas alterações bioquímicas foliares em goia-
beira fertirrigada, durante a formação do pomar, realizado por Dantas et
al. (2007a) em Petrolina-PE, os autores concluíram que os tratamentos
de fertirrigação e a idade das plantas não apresentaram resultados efe-
tivos quanto aos teores de carboidratos, proteínas e aminoácidos nas
folhas de goiabeiras em formação; por outro lado, os teores foliares
dessas moléculas se correlacionaram-se às condições climáticas.
Com o objetivo de avaliar os efeitos da salinidade da água de
irrigação no Ceará, em duas goiabeiras como porta-enxerto, cv. Rica e
Ogawa, Santos et al. (2007) prepararam a água com a seguinte relação
de íons: 7:2:1 (Na:Ca:Mg). Observaram que o incremento da salinida-
de da água afetou o crescimento das cultivares em número de folhas,
diâmetro do caule e altura da planta, tendo esta última variável sido
mais afetada na cultivar Ogawa. Na cv. Rica, o sistema radicular foi
mais afetado negativamente e, na Ogawa foi a parte aérea.
Fracaro e Pereira (2004) relatam que o conhecimento da dis-
tribuição do sistema radicular de plantas, principalmente de perenes,
não é muito estudado, devido a inúmeros fatores, dentre os quais a
dificuldade inerente ao método de amostragem. Assim, desenvolveram
uma pesquisa que objetivou conhecer o sistema radicular da goiabeira
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 43

‘Rica’, proveniente de muda por estaquia herbácea. Através do método


de escavação, utilizando jatos de água, retiraram um enorme volume
de terra (10 m3), que foi subdividido em paralelepípedos de 0,1 m3,
expondo o sistema radicular da planta. Verificaram um vigoroso siste-
ma radicular sem a caracterização da raiz principal e com distribuição
homogênea, grande número de raízes primárias, proporcionado pela
adequada formação da muda.
A utilização da poda é uma técnica de extrema importância, prin-
cipalmente para se conseguirem produções em épocas mais propícias,
como na entressafra, além de melhorar a arquitetura da planta.
De maneira geral, o estudo de poda encontra-se disseminado em
algumas regiões do País, porém, concentrado na ‘ Paluma’ e na ‘Pedro
Sato’, haja vista a primeira ser cultivar de dupla aptidão, servindo à
indústria e ao consumo in natura, além de ser a mais cultivada atual-
mente; a segunda é a principal cultivar dentre as de polpa vermelha
para o consumo in natura.
A avaliação da produção e a qualidade de frutos da goiabeira
‘Paluma’, em diferentes sistemas de cultivo, épocas e intensidades de
poda de frutificação no Estado do Espírito Santo (Pedro Canário, ES),
foram realizadas por Serrano et al. (2007), cujas parcelas foram culti-
vos irrigado e sequeiro; as subparcelas, as épocas de poda (novembro/
dezembro/janeiro/fevereiro), e as subsubparcelas, as intensidades de
poda (curta, média e longa). Segundo os autores, as maiores produções
foram obtidas nas intensidades de poda média e longa, em fevereiro,
enquanto os frutos mais pesados foram obtidos independentemente do
tipo de poda, porém nas plantas podadas em dezembro. As variáveis de
pós-colheita, como acidez e sólidos solúveis, não foram influenciadas
pelo sistema de cultivo e a época de poda. As plantas em condição
irrigada produziram mais frutos do que as não irrigadas.
Hojo et al. (2007a) publicaram trabalho sobre produção e quali-
dade de frutos da goiabeira ‘Pedro Sato’, submetida a diferentes épocas
de poda, nas condições de Lavras-MG. Os autores avaliaram a poda em
quatro épocas (setembro/dezembro/março/junho). O período de poda
avaliado influenciou nas características físico-químicas dos frutos, po-
rém não na firmeza. Informaram, ainda, que é possível a produção de
frutos de boa qualidade ao longo de nove meses do ano, com o manejo
da poda adequado.
44 Souza, H. A. de, et al.

Em avaliação das épocas e intensidade da poda de frutificação na goia-


beira ‘Paluma’, em Pinheiros-ES, com 3 tipos de poda (curta, média e
longa) e 4 épocas (novembro/dezembro/janeiro/fevereiro), Serrano e
al. (2008b) citam que, da poda à colheita, houve variação de 189 a 203
dias. Independentemente da época, as plantas submetidas a poda longa
apresentaram maior emissão de brotos novos e maior número de ramos
estabelecidos. A época e a intensidade de poda de frutificação afetaram
a brotação e a produção da goiabeira ‘Paluma’.
Hojo et al. (2007b) citam que a prática da poda escalonada é
fundamental para auxiliar o produtor a colher frutos em praticamente
todos os meses do ano. Com esse intuito, os autores mensuraram as
fenofases da goiabeira cv. Pedro Sato, em pomar irrigado, para a região
de Lavras-MG, sendo a duração entre a poda e o início da brotação
de 30,8 a 39,2 dias; da poda ao florescimento, de 68,6 a 133 dias; da
abertura da flor (floração plena) à maturação do fruto, de 118,3 a 148,4
dias; e do ciclo poda à colheita, foi em média de 214,2 a 247,8 dias.
Serrano et al. (2008a) também estudaram as características fe-
nológicas e produtivas da goiabeira ´Paluma’, podada em diferentes
épocas (agosto/outubro/ dezembro/fevereiro) e a intensidade de poda
(curta/média/longa), em São Francisco do Itabapoana-RJ. Os autores
concluíram que o período entre a poda e a colheita foi de 168 a 210 dias.
A poda longa promoveu maior número de ramos produtivos e maior
número de frutos por ramo. A intensidade da poda afetou o crescimento
dos ramos novos, mas não influenciou no tamanho dos frutos. A maior
produção ocorreu nas plantas podadas em dezembro.
Em relação à polinização da goiabeira, pode parecer ser um as-
sunto apenas de livros relativos à cultura, porém encontram-se alguns
estudos recentes.
Guimarães et al. (2009) avaliaram abelhas visitantes das flores da
goiabeira em pomar comercial em Salinas-MG. Segundo os autores, a
investigação da diversidade de abelhas em pomares de goiabeira pode
ser subsídio para estratégias de incremento da produtividade. Coletaram-
se 705 abelhas de 17 espécies, no período das 6 às 18 horas, em maio
de 2005, totalizando 44 horas, sendo que Trigona spinipes foi a mais
frequente e dominante na cultura da goiaba; Apis melífera, Melípona
quadrifasciata e Tetragonisca angustula foram consideradas acessórias;
aproximadamente 84% dos indivíduos foram coletados no período da
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 45

manhã, das 6 às 10 horas.


A influência da distância de fragmentos florestais na polinização
da goiabeira apresenta diferentes resultados em relação à riqueza de
insetos polinizadores. Boti et al. (2002) avaliaram tal riqueza, em que os
pomares próximos aos fragmentos florestais apresentam maior riqueza e
abundância de insetos polinizadores. As abelhas mais abundantes e po-
tenciais polinizadores foram: Apis melífera, Trigona spinipes, Epicharis
flava, Eulaema nigrita, Euglossa sp., Centris tarsata, Augochloropsis
patens e Xylocopa frontalis. Acredita-se que os fragmentos florestais
sirvam de refúgio e abrigo aos insetos polinizadores.

5. SOLOS E NUTRIÇÃO

Alguns pesquisadores pioneiros, no início da década de 60, re-


latam que nada encontraram na literatura nacional ou estrangeira, com
relação à adubação da goiabeira. Sendo assim, iniciaram uma série de
ensaios com essa Myrtaceae, visando a estudar aspectos da sua nutrição
mineral (Acorsi et al., 1960; Brasil Sobrinho et al., 1960, citados por
Brasil Sobrinho et al., 1961). Nesta década, iniciavam-se os estudos
com a nutrição da goiabeira, buscando interpretar, principalmente, a
composição da planta e de seus frutos, em função dos macronutrien-
tes.
Um dos primeiros trabalhos sobre nutrição de goiabeiras é datado
da década de 60, com omissão de nutrientes (Accorsi et al., 1960). Os
autores citam que havia a necessidade de se avaliarem os sintomas de
carência dos macronutrientes e não havia referências bibliográficas,
exceto de Smith (1957) citado por Accorsi (1960), em que essas carac-
terísticas eram descritas de modo sumário. Foram avaliadas mudas em
solução nutritiva de Hogland e Arnon, com omissão de N, P, Ca, Mg
e S até 6 meses de idade. Os sintomas morfológicos decorrentes das
deficiências de N, Mg e S foram folhas com clorose, sendo uniforme
para N, internerval para Mg e manchas cloróticas para o S. As plantas
deficientes em P apresentavam coloração arroxeada nos bordos, a
qual progredia em direção à nervura central. Para o potássio, as folhas
apresentavam numerosas manchas marron-avermelhadas, pequenas,
aglomeradas, com formas e contornos variáveis. Na carência de Ca, as
46 Souza, H. A. de, et al.

folhas apresentavam os bordos crestados, em toda sua extensão, porém


acentuando-se da base para o ápice da folha. Os sintomas internos ob-
servados pelos autores foram variações nos cloroplastos, no citoplasma,
quantidade de amido e em outros componentes.
Na década de 80, um dos trabalhos apresentados sobre adubação
de goiabeira foi de Martinez Júnior (1986), em que o autor avaliou a
resposta da frutífera a diferentes quantidades de N, P e K. As doses
estudadas foram: 0; 150; 300 e 600 g planta-1 de nitrogênio, fósforo e
potássio, sendo que a goiabeira apresentou respostas positivas ao N;
para o P, as repostas foram positivas até às doses de 150 g de P2O5
por planta, e para o potássio, as respostas foram positivas enquanto as
quantidades aplicadas foram iguais ou inferiores às de nitrogênio.
Em 1993, Haag et al. (1993) avaliaram o desenvolvimento de
frutos de goiabeira e extração de nutrientes em três variedades. Conclu-
íram que a exportação dos macronutrientes pela planta e por unidade de
área obedeceu à seguinte ordem crescente: Mg, Ca, P, S, N e K; entre
os micronutrientes, o B, o Zn e o Fe foram os mais exportados.
A preocupação com uma boa qualidade das mudas é primordial, e
isto passa por um adequado balanço nutricional antes de irem a campo.
Assim, desde meados da década de 90, há trabalhos com adubação em
mudas de goiabeira.
Em estudo avaliando o efeito do fósforo no desenvolvimento ini-
cial de mudas de goiabeira, tendo como substrato Argissolo Vermelho-
Amarelo, os resultados obtidos mostram que as plantas respondem à
adubação fosfatada até a concentração de 200 mg dm-3. Os teores de N
e K no tecido diminuíram, e de P aumentaram com o incremento dos
níveis de adubação fosfatada (Tavares et al., 1995c).
O estudo da avaliação do estado nutricional, seja em mudas,
seja em plantas adultas, é de extrema relevância. Assim, Salvador et
al. (1998) avaliaram deficiências em mudas de goiabeira decorrentes
da omissão simultânea de dois macronutrientes. Os autores citam que
o acúmulo de matéria seca total foi reduzido em todos os tratamentos
com omissão de nutrientes, mormente nos portadores de carência de
N e P, cuja redução chegou a ser de 77% e 54%, respectivamente. Os
resultados indicaram, ainda, que houve ocorrências conjugadas de NS,
PK, PS e KS.
Ainda na década de 90, Salvador et al. (1999) avaliaram sintomas
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 47

visuais de deficiências de micronutrientes e composição mineral de fo-


lhas em mudas de goiabeira. Observaram que a quantidade de matéria
seca produzida apresentou redução em todos os tratamentos em que a
solução nutritiva omitia um micronutriente, exceto naquele em que o
Mo estava ausente.
No fim da década de 90, Miami et al. (2000) avaliaram a influ-
ência da aplicação de Ca, Mg e K no solo sobre a produção de goiaba
cv. Paluma. Segundo os autores, na primeira colheita, a produção foi
mais dependente do tratamento em que o magnésio se fez presente; já
na segunda colheita, os valores de Ca, Mg e K no solo não interferiram
significativamente no incremento da produção em relação à testemu-
nha.
Já no início do século, Ferreira et al. (2001) avaliaram a dis-
tribuição da matéria seca e composição das raízes, caule e folhas de
goiabeiras submetidas a estresse salino. Observaram que os teores de
Na e Cl aumentaram sob estresse, com maior acúmulo desses elementos
nas folhas, seguido das raízes.
A preocupação com o manejo correto dos nutrientes, como o
fósforo, elemento extremamente escasso nos solos brasileiros, e as
grandes oscilações de preços dos adubos, motivaram vários trabalhos
não apenas para avaliação dos seus efeitos no solo, mas uma melhor
dose para a cultura. Corrêa et al. (2003) avaliaram a resposta de mudas
de goiabeira a doses e modos de aplicação de P, em que a dose próxima
de 100 mg dm-3 foi suficiente para o bom desenvolvimento das plantas,
sendo a aplicação do adubo em todo o volume de substrato.
Estudos com micronutrientes são escassos na literatura de uma
maneira geral, mas na cultura da goiaba acentua-se mais ainda. Natale
et al. (2002) avaliaram a resposta de mudas de goiabeira à aplicação
de Zn, elemento escasso nas regiões tropicais. Os autores constataram
que o maior desenvolvimento esteve associado à dose de 2 mg de Zn
por dm3 de substrato.
Em 2004, Natale e Prado (2004) avaliaram a aplicação de calcá-
rio no desenvolvimento radicular e na nutrição de cálcio de goiabeiras
cultivadas em Latossolo. Os autores citam que concentrações de Ca
próximas de 30 mmolc dm-3 no solo e o teor deste nutriente de 7,5 g
kg-1 nas raízes estiveram associados ao maior crescimento da planta.
Correia et al. (2005) avaliaram a formação de porta-enxertos
48 Souza, H. A. de, et al.

de goiabeira em tubetes e em diferentes substratos: vermiculita +


vermicomposto, casca de arroz carbonizada + vermicomposto, ver-
micomposto + tegumento de amêndoa de caju decomposto, casca de
arroz carbonizada + esterco bovino curtido, casca de arroz carbonizada
+ vermiculita e pó da casca de coco maduro + folha de carnaubeira
triturada e decomposta. Porta-enxertos produzidos aos 120 dias propi-
ciaram os maiores valores de altura da parte aérea (30,2 cm), diâmetro
do caule (5,3 mm), massa da matéria seca da parte aérea (5,7 g) e das
raízes (3,0 g), e número de folhas (14,5) quando foi usado o substrato
vermiculita + vermicomposto. Maior facilidade de retirada da muda
do tubete foi encontrada nos substratos vermiculita + vermicomposto,
vermicomposto + tegumento de amêndoa de caju decomposto, casca de
arroz carbonizada + vermiculita e casca de arroz carbonizada + esterco
bovino curtido. Todos os substratos apresentaram ótima agregação do
substrato às raízes.
Nesta mesma linha de pesquisa, Zietemann e Roberto (2007a)
avaliaram diferentes substratos para a produção de mudas de goiabei-
ras ‘Paluma’ e ‘Século XXI’, sendo testados: solo puro (Latossolo),
mistura de solo+areia+matéria orgânica (esterco de curral) (2:1:1),
Plantmax® e fibrade coco Sococo®. Concluíram que os melhores subs-
tratos para a produção de mudas destas cultivares foram a mistura de
solo+areia+matéria orgânica (esterco de curral) (2:1:1) e o Plantmax®.
Esses mesmos autores também avaliaram, para estas duas cultivares,
épocas de coleta das estacas (primavera e verão), doses de AIB (0;
500; 1.000; 1.500 e 2.000 mg/L) e dois substratos (casca de arroz car-
bonizada e vermiculita), no enraizamento das estacas em câmara de
nebulização. Verificaram o maior enraizamento das estacas coletadas
no verão e que as doses de 1.500 e 2.000 mg/L de AIB são as mais
adequadas para promover as melhores características de enraizamento
das estacas para as cvs. Paluma e Século XXI, respectivamente. Os
dois substratos utilizados são indicados para a estaquia das goiabeiras
estudadas (Zietemann e Roberto, 2007b).
A preocupação com a cadeia de metais pesados nos alimentos
é recente, principalmente devido à preocupação ambiental estar em
voga nos dias atuais. Desta forma, não poderia ser diferente para a
goiabeira, em que Collier et al. (2004) avaliaram o efeito do composto
de resíduo sólido urbano no teor de metais pesados em solo e em goia-
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 49

beira. Os autores indicam que há necessidade de monitoramento das


concentrações de metais no solo e nas plantas, devido ao incremento
de metais pesados em solos tratados com resíduo sólido urbano. Em
se tratando de uso de resíduos, Mantovani et al. (2004) avaliaram a
aplicação do resíduo da indústria processadora de goiabas, apesar de
este ser um subproduto “limpo” (composto basicamente por sementes
da fruta), há preocupação ambiental com o fim adequado e correto de
resíduos ou subprodutos que não têm um destino definido. Sabe-se que,
muitas vezes, a agricultura aparece como a salvadora dos problemas
ambientais com resíduo, cabendo em algum processo agrícola a sua
utilização. Assim, trabalhos que demonstrem o correto manejo destes
produtos-problema, e que possam trazer informações, são de extrema
importância. A agroindústria da goiaba produz um resíduo, que foi
avaliado pelos autores mencionados acima, com o intuito de estudar
o seu efeito na fertilidade do solo. Concluíram que o subproduto da
indústria processadora de goiabas proporcionou aumentos de P e K no
solo.
Prado et al. (2003) avaliaram a reposta de mudas de goiabeira
à aplicação de escória de siderurgia como corretivo de acidez do solo.
Vale ressaltar que a escória também é um subproduto, e que tais tra-
balhos mostram a preocupação recente com a correta utilização destes
materiais na agricultura, e também na cultura da goiaba. Os autores
concluíram que a escória se mostrou viável na produção de mudas de
goiabeiras, como corretivo de acidez do solo e fonte de Ca e Mg.
O estudo de marcha de absorção em mudas de goiabeira é recente.
Franco et al. (2008) avaliaram a marcha de absorção de micronutrientes
em mudas de goiabeiras cultivares Paluma e Século XXI, verificando
que houve diferença entre as cultivares no acúmulo dos elementos.
Estudos sobre adubação/nutrição de goiabeiras não se restringe
à região Sudeste. No Nordeste, em trabalho recente, Lima et al. (2008)
avaliaram os efeitos de níveis de N e K na produtividade e na matura-
ção dos frutos de goiabeira irrigada no Vale do São Francisco, em que
aplicações de 200 kg de N + 100 kg de K favorecem a qualidade dos
frutos. Ainda no NE brasileiro, Dantas et al. (2007) avaliaram as respos-
tas metabólicas de goiabeiras irrigadas com diferentes níveis de N e K
no Vale do São Francisco. Os autores citam que para as características
metabólicas avaliadas há resposta específica para a adubação NK, e
50 Souza, H. A. de, et al.

que as condições meteorológicas também influenciaram nas respostas


da goiabeira aos níveis de nitrogênio e potássio.
Em estudo sobre a composição mineral de folhas de goiabeira
‘Paluma’, em função da adubação sulfato-nitrogenada, na Paraíba,
Cavalcanti et al. (2008), aos 22 dias após o transplantio, observaram
que as plantas se apresentaram adequadamente equilibradas em N, Mg,
S, Fe, Mn e Zn, mas deficientes em Ca, B e Cu.
Franco e Prado et al. (2007) avaliaram a taxa de absorção rela-
tiva de macro e micronutrientes em mudas de goiabeira cultivadas em
solução nutritiva. Para isto, utilizaram mudas das cultivares Paluma e
Século XXI, propagadas vegetativamente por estaquia. A maior taxa
de absorção dos macros e micronutrientes pelas mudas da goiabeira
‘Paluma’ ocorreu no período de 75-90 dias e da ‘Século XXI’, de 45-60
dias após o transplante.
Boa parte das pesquisas realizadas em condições de campo, com
calagem, adubação e nutrição, pode ser encontrada de forma resumida
em Natale et al. (1996), Natale (2003) e Natale et al. (2007a e b).
Souza et al. (2009) apresentaram resultados em que a correção
da acidez do solo com calcário promove benefícios sobre variáveis
biométricas de goiabeiras cv. Paluma.
Verifica-se que estudos com correção, adubação e nutrição da
goiabeira são recentes, e a grande maioria deles realizada em mudas. Por
ser uma cultura perene, a goiabeira necessita de vários anos de experi-
mentação para se terem resultados consistentes, por isso o predomínio
destes tipos de trabalhos (com mudas). Vale destacar, também, a maior
quantidade de artigos com os macronutrientes, em relação aos micro-
nutrientes. Observa-se, ainda, que há preocupação dos pesquisadores
em avaliar os efeitos da aplicação de resíduos na cultura, demonstran-
do, assim, que nos estudos com a goiabeira, há interesse no adequado
balanço nutricional da planta, independentemente da fonte utilizada.

6. FITOSSANIDADE

Já é sabido que há poucos defensivos registrados para a goiabeira,


tanto inseticidas quanto fungicidas. Em contrapartida, há uma grande
quantidade de doenças e pragas que atingem a cultura. Isto também
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 51

se pronuncia na pesquisa, pois pode-se afirmar que são poucos, quase


raros, os trabalhos científicos sobre o assunto antes da década de 90.
Verifica-se, também, que a maior parte dos trabalhos relatados nesta
seção é muito recente, ou seja, publicados nos últimos 5 anos. Por outro
lado, observa-se que os estudos não estão concentrados em determinada
região, mas, sim, distribuídos em vários centros de pesquisa no País.

6.1. Doenças
Nesta seção, há relatos de trabalhos com a cultura da goiaba em
relação a doenças e controles químicos.
Goés et al. (2004) avaliaram o efeito de fungicidas cúpricos,
aplicados isoladamente ou em combinação com mancozeb, na expres-
são de sintomas de fitotoxicidade e controle da ferrugem causada por
Puccinia psidii em goiabeira (cv. Paluma), nos municípios paulistas de
Monte Alto e Vista Alegre do Alto. Os autores citam que a combinação
de fungicidas cúpricos com mancozeb causou sintomas de fitotoxicidade
em níveis leves, enquanto com a aplicação de mancozeb isoladamente
não foram verificados tais sintomas. Os fungicidas cúpricos, aplicados
isoladamente, foram eficientes no controle da ferrugem da goiabeira,
apresentando eficiência comparável ao tratamento-padrão representado
pelo tebuconazole.
Em 2006, Silva et al. (2006) avaliaram a patogenicidade causada
pelo fungo Colletotrichum gloesporioides (Penz) em diferentes espécies
frutíferas, entre as quais a goiabeira. Segundo os resultados encontra-
dos, a goiaba é o hospedeiro que apresenta menor suscetibilidade aos
diversos isolados de C. gloesporioides. Tal fungo é causador de uma
série de doenças, dentre as quais a antracnose.
Na avaliação da seca dos ponteiros da goiabeira causada por
Erwinia psidii, tanto nos níveis de incidência como nos aspectos epide-
miológicos, Marques et al. (2007) investigaram as causas, em goiabeiras
no Distrito Federal. Os autores citam que a doença foi identificada em
56% das propriedades avaliadas no DF, com 81,9% de correlação entre
a presença de sintomas e o diagnóstico laboratorial; a melhor faixa de
temperatura de multiplicação de E. psidii foi de 23 a 33°C, e a bactéria
permaneceu viável por até 120 dias em suspensão de água.
Pessoa et al. (2007) avaliaram em Pernambuco o efeito do trata-
mento hidrotérmico associado a indutores de resistência no manejo da
52 Souza, H. A. de, et al.

antracnose da goiaba em pós-colheita. Avaliaram tratamento hidrotér-


mico (47, 50 e 53°C), isolado e associado com indutores de resistência
no controle da antracnose em goiaba, em diferentes tempos (três, seis
e nove minutos) de exposição. No tratamento hidrotérmico com tem-
peratura ao redor de 47 ºC, independentemente do tempo de exposição
e da associação ou não com indutor, obtiveram os menores índices de
severidade da doença. Da mesma forma, a temperatura em torno de 50
ºC, nos intervalos de tempo de três e seis minutos, independentemente da
associação ou não com indutor, apresentou os melhores resultados.
Em trabalho que avaliou a eficiência de vestimentas hidrorrepe-
lentes novas na proteção do tratorista, em pulverizações de agrotóxicos
em goiabeira, com turbopulverizador, Tácio et al. (2008) observaram
que a exposição dérmica potencial nas regiões do corpo mais expostas
do tratorista à pulverização, em ordem decrescente, foram: pés, braços,
coxas+pernas-frente e tronco-atrás. Foram classificados, ainda, como
seguras as pulverizações de três dos 17 agrotóxicos considerados, e
sete com uso das vestimentas de proteção individual, sendo as demais
consideradas inseguras.

6.2. Pragas
Nesta seção, são apresentados os dados referentes a algumas
pragas que atacam a cultura da goiaba.
Barbosa et al. (1999) avaliaram a eficiência e a seletividade do
imidacloprid e lambdacyhalothrin no controle do psilídeo (Triozoida
sp.), em goiabeira cv. Paluma. Concluíram que as plantas não tratadas
diferiram significativamente das tratadas pelos inseticidas.
Santos et al. (2003), em estudo de biologia comparada e consumo
foliar por Anisodes sp. (Lepidóptera: Geometridae), de folhas novas
e velhas de eucalipto e goiabeira, observaram que o inseto consumiu
maior biomassa ou área foliar de goiabeiras, apresentando seis estádios
quando alimentado com folhas velhas de goiabeira, em comparação
com o eucalipto, em que apresentou 5 estádios.
Em trabalho recente, Costa et al. (2007) avaliaram o parasitismo
de Anastrepha sp. (Díptera: Tephritidae) por Aganaspis pelleranoi
(Brèthes, 1924) e Dicerataspis sp. (Hymenoptera:Figitidae: Eucoili-
nae). Segundo os resultados apresentados houve parasitismo natural
de 20%.
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 53

Objetivou-se conhecer a diversidade de espécies de moscas-das-frutas


(Diptera: Tephritidae) em pomar de goiabeiras, no município de Russas-
CE, e avaliar a influência dos fatores abióticos na flutuação populacional
desses tefritídeos. A flutuação populacional das moscas foi estabelecida
com base no índice MAD (mocas/ armadinha/dia), considerando-se os
números totais de machos e fêmeas de Anastrepha e Ceratitis coletados
nas armadilhas ao longo do ano. Segundo Araújo et al. (2008), foram
capturados 1.164 moscas-das-frutas pertencentes a quatro espécies –
Anastrepha zenildae Zucchi (77,45%), A. sororcula Zucchi (18,69%),
A. obliqua (Macquart) (0,15%) e Ceratitis capitata (Wied.) (3,71%).
Dentre os fatores abióticos, a temperatura e a umidade relativa do ar
foram os que mais influenciaram indiretamente na flutuação populacio-
nal das moscas-das-frutas. Porém, a disponibilidade de frutos é o fator
preponderante, e que determina os picos populacionais das espécies de
moscas-das-frutas ao longo do ano no pomar.
Com o objetivo de conhecer a flutuação populacional do psilídeo
(Triozoida limbata) em goiabeiras, na região de Londrina-PR, em áreas
de ocorrência natural de plantas de goiaba, foi realizado o monitora-
mento da população de adultos, utilizando-se de 10 armadilhas adesivas
amarelas, uma por planta, distanciadas cerca de 30 metros entre si. As
coletas foram realizadas mensalmente, de março de 2002 a maio de
2003. Populações de T. limbata ocorreram durante todos os meses do
ano, com pico em outubro. Temperaturas médias e máximas apresen-
taram correlação significativa com a população do psilídeo, afetando-a
positivamente. Períodos com alta pluviosidade ou baixas temperaturas
não foram limitantes, mas causaram redução na população (Sassiotti et
al., 2004).
Colombi e Galli (2009) avaliaram a dinâmica populacioanl e
a evolução de dano de Triozoida limbata (Hemipetera: Psillydae) em
goiabeira, em Jaboticabal-SP, submetida ao uso mínimo de inseticida.
A densidade populacional do psilídeo aumentou com o surgimento
das brotações e apresentou correlação positiva com a temperatura. O
dano do psilídeo acompanhou a densidade populacional da praga; as
maiores densidades populacionais ocorreram nos meses de setembro a
novembro, e as menores de maio a julho.
54 Souza, H. A. de, et al.

7. PÓS-COLHEITA E PROCESSAMENTO

Os trabalhos que versam sobre a pós-colheita de frutos e o


processamento, encontrados na literatura, de certa forma, são muito
recentes e foram publicados nas duas últimas décadas. Desta forma,
destacaram-se 37 artigos encontrados na revisão realizada nas revis-
tas selecionadas, sendo esta a área de maior atenção, atualmente, da
pesquisa com a cultura da goiaba. Dada a perecibilidade da goiaba,
estudos que possibilitem técnicas que ampliem a conservação da fruta
e reduzam as perdas pós-colheitas são muito importantes para toda a
cadeia produtiva.

7.1. Pós-colheita dos frutos


Uma das preocupações básicas dos pesquisadores foi determinar
o estádio de maturação ideal das goiabas, a fim de definir o ponto ótimo
de colheita, principalmente das cultivares Paluma, Rica, Pedro Sato e
Kumagai.
Nesse contexto, aparece o primeiro trabalho, realizado em 1990,
que objetivou verificar o melhor estádio de maturação da goiaba na
colheita para consumo in natura, das cultivares Paluma e Rica. Os
pesquisadores verificaram que os frutos de ambas as cultivares perma-
neceram em condições de consumo por 4 dias, quando colhidos nos
estádios “de vez” ou “maduro” e, 7 dias, quando colhidos no estádio
“verde”. Os frutos colhidos neste último estádio foram os que melhor se
conservaram e mantiveram boas características qualitativas. A cultivar
Paluma apresentou frutos com maior peso e melhor conservação que a
‘Rica’ (Pivetta, et al. 1992).
Azzolini et al. (2004a) utilizaram frutos da cv. Pedro Sato colhidos
nos estádios de maturação (1: casca verde-escura; 2: casca verde-clara,
e 3: casca verde-amarela), que foram armazenados a 25±1oC e 80±5%
UR. Avaliaram as transformações físicas e químicas e o percentual de
podridão. Entre outras observações, verificaram que o período máxi-
mo de viabilidade do fruto para comercialização foi de dois, quatro e
seis dias após a colheita, nos estádios 3; 2 e 1 respectivamente. A cor
da casca, a firmeza da polpa e a relação sólidos solúveis totais/acidez
total titulável foram considerados índices de maturação adequados
para a goiaba ‘Pedro Sato’. Nesta mesma linha de trabalho, Azzolini
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 55

et al. (2004b) observaram que ao final do período de armazenamento,


os frutos colhidos no estádio 1 se apresentavam com a cor da casca
mais verde (hº > 101,55), com maior teor de acidez e menor relação
SST/AT que nos demais estádios. Os frutos colhidos nos estádios 2 e
3 não diferiram quanto às características físico-químicas, ao final do
período comercializável, porém apresentaram diferenças significativas
quanto às características sensoriais, sendo aqueles colhidos no estádio
3 superiores aos demais.
Em trabalho realizado para determinar índices de maturação que
permitam identificar o ponto de colheita, Cavalini et al. (2006) utiliza-
ram goiabas ‘Kumagai’ e ‘Paluma’, em cinco estádios de maturação,
avaliando a cor da casca, firmeza, teor de sólidos solúveis, acidez
titulável, ratio e teor de ácido ascórbico. Verificaram que os índices de
maturação mais adequados para ‘Kumagai’ foram cor da casca e firmeza
da polpa, e para ‘Paluma’ foram cor da casca, firmeza da polpa, acidez
titulável e relação sólidos solúveis/acidez titulável.
Objetivando a maior conservação pós-colheita das goiabas,
diversos trabalhos foram realizados testando os efeitos do cálcio e do
armazenamento refrigerado.
Carvalho et al. (1998), com a finalidade de avaliar tratamentos
com sais de Cálcio na cv. Kumagai, visando a prolongar a vida útil da
goiaba, realizaram um experimento onde os frutos foram imersos em
suspensões aquosas aquecidas a 48oC, contendo 0; 4,0; 5,0 ou 6,0% de
CaCl2, durante 5; 10; 20 ou 30 minutos. Verificaram que o tratamento
com cloreto de cálcio não reduziu a perda de peso dos frutos (média
de 8,32%). Não houve interação significativa para a variável teor de
cálcio na casca do fruto, em função das concentrações de cloreto de
cálcio e do tempo de imersão. A combinação mais adequada foi de 4%
de cloreto de cálcio e 5 minutos de imersão, que proporcionaram melhor
aparência externa e interna dos frutos, ao final do período de armaze-
namento (temperatura de 10 ± 0,5 oC e U.R. de 90 ± 5%, avaliada aos
28 dias).
Nesta mesma linha de pesquisa, Gonzaga Neto et al. (1999) estu-
daram dois ambientes de armazenamento (condição natural e ambiente
refrigerado), três concentrações de Ca (0,5; 1,0 e 1,5%) e dois tipos de
embalagem do fruto (saco de polietileno transparente e saco de papel-
manteiga). Verificaram que frutos da cultivar Paluma, colhidos de vez
56 Souza, H. A. de, et al.

(completamente desenvolvidos, mas com a casca verde) mantiveram


suas características comerciais por até dezesseis dias de armazenamento
quando foram embalados em saco de polietileno transparente e sem
furo, e armazenado em ambiente refrigerado a 10oC e 90% de umidade
relativa.
Com o objetivo de estudar o efeito do tratamento pós-colheita
com cloreto de cálcio, pelo método da temperatura diferenciada, na
conservação e qualidade de goiabas ‘Branca de Kumagai’, Botelho
et al. (2002) conduziram experimento em que frutos, na temperatura
de 26ºC, foram imersos em soluções de cloreto de cálcio a 5ºC, nas
concentrações de 0%; 0,5%; 1,5%; 2,5% e 3,5%. A testemunha foi
representada por frutos que não receberam qualquer tipo de aplicação.
Após a imersão, os frutos foram mantidos à temperatura ambiente. O
tratamento na concentração de 0,5% de cloreto de cálcio estendeu em
34,8% (3,2 dias) o período de conservação dos frutos, reduziu a taxa
respiratória e a perda de massa fresca, aumentou ligeiramente os teores
de sólidos solúveis totais, sem alterar a acidez titulável e o teor de ácido
ascórbico. O tratamento a 0% de cloreto de cálcio reduziu a conservação
e aumentou a taxa respiratória dos frutos, indicando que a temperatura
da solução de 5ºC foi prejudicial ao metabolismo dos frutos.
Lima e Durigan (2002) avaliaram os efeitos da aplicação exógena
de solução de ácido giberélico (GA), 6-benzilaminopurina (6-BAP) ou
ácido indol-3-acético (IAA) a 100 ou 200 mg L-1 e de CaCl2 a 1% ou
2%, na conservação pós-colheita de goiabas ‘Paluma’, por infiltração a
vácuo (500 mmHg.20 minutos-1). Os frutos tratados foram armazenados
ao ambiente (21,6ºC, 73,4% UR) e analisados, periodicamente, física
e quimicamente. Os tratamentos com cloreto de cálcio a 1% ou 2%
foram os melhores na conservação destas goiabas, propiciando vida
útil comercial de 7 dias. Os tratamentos utilizados não apresentaram
efeitos significativos na evolução da coloração e da firmeza dos frutos
durante o amadurecimento.
Outro estudo, com foco no manejo agronômico, demonstra a
importância do cálcio na estrutura celular do fruto. Natale et al. (2005)
avaliaram as modificações na parede celular de goiabas, em frutos
de plantas submetidas à aplicação de cálcio (Ca), via calagem. Para
tanto, os frutos de goiabeira cultivar Paluma foram colhidos em área
sem aplicação de calcário e com aplicação de corretivo. Os frutos que
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 57

receberam aplicação de Ca apresentaram as paredes celulares e as la-


melas médias bem definidas e estruturadas; nos frutos sem aplicação
de cálcio, as paredes celulares estavam desestruturadas e com desorga-
nização da lamela média. Concluíram que a aplicação de Ca é efetiva
na organização subcelular de frutos de goiabeira, aumentando sua vida
de prateleira.
Werner et al. (2009) avaliaram a aplicação de CaCl2 [0; 1%;
2% e 3% (p/v)] em goiabas Cortibel, por imersão durante 15 minutos,
realizando diversas análises. Concluíram que a concentração de 1% foi
responsável pela menor perda de massa fresca, maior firmeza e menor
atividade da pectinametilesterase, demonstrando que o cálcio é impor-
tante para a conservação do fruto, uma vez que atua na regulação do seu
amadurecimento. Essa concentração retardou a perda de coloração e
manteve o maior teor de ácido ascórbico na casca sem, contudo, diferir
estatisticamente das outras concentrações no teor de sólidos solúveis
totais e pH. Verificaram, também, que as maiores concentrações de
cálcio não beneficiaram as características pós-colheita da goiaba.
Preocupados com os problemas de manuseio das frutas no campo,
durante o transporte, e em todas as etapas subsequentes de percurso das
frutas, alguns pesquisadores passaram a investigar o efeito de diferentes
injúrias na conservação das goiabas, bem como os princípios científicos
que regem estes processos.
Assim, Mattiuz e Durigan (2001a) avaliaram o efeito das injú-
rias mecânicas por impacto, compressão ou corte, sobre a firmeza e a
coloração de goiabas ‘Paluma’ e ‘Pedro Sato’, colhidas no estádio de
maturação “de vez” e armazenadas sob condições de ambiente. Entre
outras observações, não detectaram diferença significativa entre as culti-
vares testadas com relação à injúria por compressão, mas com relação ao
impacto, os frutos da ‘Paluma’ tiveram firmeza significativamente maior
que os da ‘Pedro Sato’. Os frutos da ‘Pedro Sato’ foram caracterizados
como mais escuros e mais esverdeados que os da ‘Paluma’ ao longo do
período de armazenamento, independentemente das injúrias.
Esses autores realizaram os mesmos procedimentos acima des-
critos e avaliaram o efeito destas injúrias na atividade respiratória e na
composição química das goiabas colhidas e armazenadas da mesma
forma. Verificaram um incremento na evolução da atividade respira-
tória dos frutos em todos os tratamentos, durante o armazenamento,
58 Souza, H. A. de, et al.

com os injuriados produzindo maior quantidade de CO2 (184,12 mg de


CO2.kg-1 h-1) que os do controle (164,23 mg de CO2 kg-1 h-1). Os frutos
da ‘Paluma’ apresentaram essa atividade mais intensa (178,39 mg de
CO2 kg-1 h-1) que os da ‘Pedro Sato’ (169,35 mg de CO2 kg-1 h-1). Os
teores de sólidos solúveis totais (9,39 °Brix), açúcares redutores (2,24
g de glicose.100 g-1), acidez total titulável (706,25 mg de ácido cítri-
co.100 g-1) e ácido ascórbico (65,33 mg.100 g-1) dos frutos injuriados
apresentaram-se com valores menores que os do controle, ao longo do
período de armazenamento (Mattiuz e Durigan, 2001b).
Ainda nesta linha de trabalho, Mattiuz et al. (2002) estudaram
o uso da tomografia de ressonância magnética, como método não
destrutivo, para avaliar os efeitos das injúrias mecânicas em goiabas.
Verificaram que o estresse físico causado pelo impacto produziu um
colapso interno nos lóculos desses frutos (internal bruising), levando
à perda da integridade celular e à consequente liquefação dos tecidos
placentários. A cultivar Pedro Sato mostrou suscetibilidade maior à
injúria por impacto que a ‘Paluma’. A injúria por compressão tornou-se
mais evidente no pericarpo externo do fruto, de ambas as cultivares. A
injúria por corte levou à lignificação dos tecidos no local injuriado e a
deformações superficiais devido à perda acentuada de matéria fresca
no local da lesão, evidentes no sexto dia de avaliação. Concluíram
que a tomografia de ressonância magnética nuclear mostrou-se uma
ferramenta eficaz na detecção de injúrias internas de frutos.
Martins et al. (2007) avaliaram goiabas do mercado, no CE-
AGESP, usando metodologia detalhada e específica para o trabalho,
quanto à incidência de danos pós-colheita nas frutas. Quantificaram as
diferentes doenças e a influência, ou não, das injúrias e do ensacamento
dos frutos na presença delas. Verificaram que as injúrias mecânicas
pós-colheita estavam presentes em 63 % dos frutos, mas apenas 5,5 %
destes mostraram sintomas de doenças.
Outros estudos referem-se ao uso de ceras e biofilmes na con-
servação pós-colheita de frutos, podendo-se mencionar os trabalhos
descritos abaixo.
Jacomino et al. (2003) avaliaram os efeitos de ceras à base de car-
naúba na conservação pós-colheita de goiabas Pedro Sato sob condição
ambiente. Utilizaram-se cinco ceras comerciais: Citrosol AK (18%),
Citrosol M (10%), Fruit wax (18 a 21%), Meghwax ECF–100 (30%) e
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 59

Cleantex wax (18,5 a 20,5%), as quais foram aplicadas manualmente,


na proporção de 0,15 a 0,20mL por fruta. Verificaram que as ceras
exerceram pouca influência nos teores de sólidos solúveis totais, acidez
total titulável e ácido ascórbico, porém foram eficientes em retardar o
amadurecimento, reduzir a perda de massa e a incidência de podridões.
A cera Meghwax ECF–100 apresenta potencial para utilização em
goiabas, entretanto há necessidade de ser avaliada em maior diluição,
para evitar alterações indesejáveis.
Ribeiro et al. (2005) avaliaram os efeitos de coberturas de cera
de carnaúba (Premium citrus) na conservação de goiabas ‘Paluma’,
armazenadas (pós 12 dias) sob refrigeração e, em condição ambiente,
sobre as características de perda de massa, deterioração, teores de sóli-
dos solúveis totais (SST), acidez titulável (AT), teor de ácido ascórbico,
clorofila total e firmeza da polpa. Concluíram que o revestimento com
cera de carnaúba diminuiu a perda de massa e a degradação de cloro-
fila das goiabas, contudo sua aplicação propiciou aumento de vida útil
apenas para as frutas mantidas sob condição ambiente.
Com o objetivo de avaliar o uso de biofilmes de fécula de man-
dioca na manutenção da qualidade pós-colheita de goiabas ‘Pedro Sato’,
Vila et al. (2007) realizaram experimento no qual as frutas foram imersas
nas concentrações de 2, 3 e 4% de fécula de mandioca e armazenadas
sob refrigeração (9±1ºC e 90±5% UR), durante 20 dias. O biofilme, nas
concentrações de 3 e 4% de fécula de mandioca, foi efetivo em retardar
o amadurecimento de goiabas, proporcionando maior teor de açúcares
não redutores e de vitamina C, menor teor de açúcares totais, açúcares
redutores, pectina solúvel, percentual de solubilização e menor ativida-
de de pectinametilesterase e poligalacturonase. Os autores concluíram
que a aplicação de biofilme de fécula de mandioca apresentou-se como
alternativa viável à conservação dos frutos.
Outro parâmetro de estudo encontrado foi o efeito da tempe-
ratura nos processos fisiológicos da goiaba. Como exemplo, cita-se o
trabalho de Bron et al. (2005), que estudaram diferentes temperaturas
de armazenamento (1; 11; 21; 31 e 41ºC) e avaliaram a atividade res-
piratória (AR) e a produção de etileno (PE), em períodos de 12; 36;
84 e 156 h, e o coeficiente Q10. Observaram aumento da AR e da PE,
quando se aumentou a temperatura, exceção a 41ºC que apresentou
baixo PE, devido ao dano por alta temperatura. Já o coeficiente Q10
60 Souza, H. A. de, et al.

apresentou valor médio de 3,0, na faixa de 1-11ºC, enquanto esse valor


quase duplicou na faixa de 11-21ºC, atingindo 5,9. O Q10 decresceu
nas faixas de 21-31ºC e 31-41ºC, apresentando valores de 1,5 e 0,8,
respectivamente. Os autores concluíram que, conhecendo-se a variação
do Q10, da taxa respiratória e do comportamento do amadurecimento em
resposta a diferentes temperaturas, as condições de armazenamento e
comercialização dos frutos podem ser otimizadas para reduzir as perdas
na qualidade.
Bassetto et al. (2005) avaliaram os efeitos e concentrações do
antagonista competitivo do etileno, 1-metilciclopropeno (1-MCP), na
conservação de goiabas ‘Pedro Sato’. Os frutos foram tratados com 0;
100; 300 e 900 nL L-1 de 1-MCP durante três horas, e armazenados a
25ºC e a 10ºC com 90±5% UR. Verificaram, entre outras observações,
que a aplicação de 900 nL L-1 de 1-MCP foi eficiente em retardar a
perda de coloração da casca e em manter a firmeza dos frutos, nas duas
temperaturas de armazenamento. O efeito do 1-MCP foi bastante signi-
ficativo em diminuir a incidência de podridões, nas duas temperaturas
de armazenamento. A taxa respiratória foi menor nos frutos tratados
com 300 e 900 nL L-1 de 1-MCP, durante o armazenamento a 25ºC.
O 1-MCP foi eficiente em retardar o amadurecimento dos frutos, e a
concentração de 900 nL L-1 produziu o melhor resultado.
As diferentes embalagens também são importantes pontos de
estudos nos trabalhos de pós-colheita. Assim, será descrito de forma
pormenorizada o trabalho realizado por Lima e Durigan (2000), que con-
duziram experimentações bastante detalhadas, estudando a conservação
pós-colheita de frutos de goiaba ‘Pedro Sato’ em dois experimentos.
No Experimento I, a temperatura de armazenamento foi de 10oC, e os
tratamentos utilizados foram: sem embalagem (testemunha); embala-
gem em saco de polietileno de baixa densidade (0,02mm), com furos
(∅=5mm) integrando 5% de sua área total (SP 5%); saco de polietileno,
cujos furos integraram 10% da superfície total (SP 10%); bandeja de
isopor recoberta com filme de PVC esticável, contendo no seu interior
sachê de KMnO4 fixado em vermiculita (BPC); e bandeja de isopor
recoberta com filme PVC esticável. Os resultados obtidos mostraram
que o saco plástico, com 5% ou 10% de área perfurada, apresentou-se
como a melhor embalagem, proporcionando menor perda de massa
fresca, manutenção da aparência e menor desenvolvimento de doen-
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 61

ças, quando comparado com a bandeja de isopor revestida com filme


de PVC esticável, a qual facilitou o desenvolvimento de podridões.
As embalagens BSP e BCP mostraram comportamento muito seme-
lhante, indicando que o sachê de KMnO4 não foi eficiente na absorção
de etileno. No Experimento II, utilizou-se a mesma temperatura, e os
tratamentos foram: sem embalagem; SP 5%; embalagem em bandeja
de isopor recoberta com filme de PVC esticável com aproximadamente
5% da área perfurada; saco plástico “Everfresh”, ao qual se atribui a
capacidade de absorver etileno; e a vácuo em saco plástico “Cryovac
PD 900”. O saco plástico “Cryovac” foi o que propiciou a menor per-
da de massa fresca, abaixo de 1%, porém levou a cheiro alcoólico e
desagradável e coloração verde, após 15 dias sob refrigeração, sendo
seu uso recomendado para os períodos menores que 10 dias. O filme
plástico “Everfresh” comportou-se, aparentemente, como filme comum
de polietileno. Os conteúdos de vitamina C e de acidez titulável dimi-
nuíram com o tempo de armazenamento, e os de sólidos solúveis totais
aumentaram, possivelmente como efeito do amadurecimento.
Já em estudo realizado por Pereira et al. (2006), foram investi-
gados os efeitos da temperatura de armazenamento (24oC e umidade
relativa de 74%) e da embalagem na vida útil de goiabas de polpa bran-
ca, cv. Cortibel, sendo analisados diversos parâmetros. Os resultados
mostraram que houve maior perda da cor verde da casca de frutos com
e sem embalagem, a partir do quinto dia de armazenamento, sendo mais
acentuada nos frutos sem embalagem. A perda de massa dos frutos sem
embalagem foi de 22,94% e dos frutos com embalagem foi de 10%,
com relação à massa inicial. A elevada perda de massa dos frutos sem
embalagem afetou sua firmeza, que diminuiu com o tempo de armazena-
mento. Esses resultados mostraram que a embalagem flexível utilizada
para o armazenamento de goiabas foi eficiente no aumento da vida útil
dos frutos por 13 dias.
Outros trabalhos associam diversos parâmetros de estudo, como
o realizado por Linhares et al. (2007), que objetivando estudar o efeito
dos tratamentos com cloreto de cálcio e com 1-MCP associando-se à
refrigeração, realizaram um experimento em que frutos da cv. Pedro Sato
foram tratados com solução de CaCl2 a 2%, por 5 minutos, e com 1-MCP
na concentração de 150 nL L-1, por 12 horas em câmara hermeticamente
fechada. Após os tratamentos, os frutos foram armazenados em câmara
62 Souza, H. A. de, et al.

refrigerada a 10ºC e 90 ± 2% de umidade relativa, por período de 25 dias.


Os resultados indicaram que os tratamentos foram efetivos em manter
a qualidade da fruta, salientando-se os frutos tratados com 1-MCP, que
mantiveram melhor aparência interna e externa, apresentando menor
perda de massa, maior firmeza, menor síntese de vitamina C, menor
solubilização de pectinas e menor atividade enzimática, aumentando
desta forma a vida pós-colheita das goiabas.

7.2. Processamento dos frutos


Nesta seção, são apresentados alguns trabalhos realizados com o
processamento de goiabas, em ordem cronológica. Os estudos são sobre
sucos, polpas, goiabas minimamente processadas, geleias e outros.
Com o objetivo de estudar as modificações físicas e fisico-
químicas durante o processamento do suco de goiaba clarificado, Brasil
et al. (1995a) utilizaram goiabas-vermelhas (Psidium guajava L. var.
pomifera), e realizaram o tratamento de liquefação da polpa, utilizando-
se de 600 ppm de enzima pectinolítica a 45 oC, durante 120 minutos,
sendo que a clarificação do suco extraído foi efetuada, empregnando-se
Baykisol-30 e Hidrogel como agentes fining. Observaram modifica-
ções siginificativas em cada fase do processamento do suco: polpa
in natura, polpa tratada com enzima, suco integral, suco clarificado
e suco clarificado preservado pelo método Hot-Pack. Verificaram um
decréscimo significativo (62,92%) da viscosidade e um acréscimo no
teor de sólidos solúveis (25,74%), açúcares redutores (275,10%), ácido
ascórbico (6,65%) e taninos (11,53%) entre as duas primeiras fases do
processamento. Em relação à cor e turbidez, ocorreu um decréscimo
na absorbância, entre as fases de suco integral e suco clarificado, de
95,30% e 96,49%, respectivamente.
Ainda nesta mesma linha de trabalho, com a mesma metodologia
de processamento do suco, os autores realizaram determinações quí-
micas e físico-químicas em intervalos de 30 dias, durante 120 dias de
armazenagem, para o estudo da estabilidade do suco de goiaba clarifi-
cado. As determinações constaram de: pH, viscosidade, acidez titulável
total, sólidos solúveis, glicídios redutores, ácido ascórbico, taninos,
cor e turbidez. Realizou-se análise sensorial do produto após o proces-
samento e com 120 dias de armazenagem. O produto apresentou boa
estabilidade com relação às determinações químicas e físico-químicas,
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 63

além de ausência total de turvação durante a vida de prateleira (Brasil


et al., 1995b).
A partir da polpa de goiaba, preparou-se um néctar na proporção
de 1/1,5. As gomas e concentrações foram: xantana a 0,075; 0,125 e
0,225%; amido ceroso: 0,75; 1,25 e 1,75% e carragena a 0,125; 0,175
e 0,225%. Fez-se análise sensorial e físico-química das amostras e a
estabilidade foi avaliada, medindo-se a separação de fases a cada 2 dias,
durante 15 semanas. A xantana a 0,175% estabilizou 99% do volume do
néctar e garantiu a preferência no teste sensorial (Godoy et al.,1998).
Furtado et al. (2000) estudaram a qualidade da polpa de goiaba
refrigerada submetida a 2 tratamentos térmicos diferentes [85oC/15 min
(pasteurização lenta) e 92oC/30s (pasteurização rápida)] e concluíram
que os dois tipos de tratamentos permitiram obter polpas com carac-
terísticas microbiológicas adequadas; entretanto, devido a problemas
sensoriais, a polpa de goiaba submetida às condições de pasteurização
lenta não deve ser indicada para consumo direto, mas sim, para a produ-
ção de geleia ou doce em massa, enquanto a polpa de goiaba submetida
ao processo de pasteurização rápida poderá ser utilizada para consumo
direto, pois suas características sensoriais foram mantidas.
Sousa et al. (2003) desenvolveram um trabalho objetivando de-
terminar parâmetros do processo de desidratação osmótica da goiaba e
avaliar as características físico-químicas e microbiológicas dos produ-
tos. Verificaram que, no final da secagem as goiabas pré-tratadas com
osmose a vácuo diminuem o tempo de secagem, reduzindo os gastos
com o processo. Observaram, também, maior escurecimento no produto
tratado com osmose sob vácuo nos processos de osmose e de secagem,
enquanto a textura não apresentou diferença entre os dois tratamentos.
Outro fato que destacam foi a ausência de contaminação microbiológica
dos dois produtos no final da secagem, sendo a metodologia empre-
gada efetiva na prevenção do desenvolvimento microbiano. Por fim,
concluíram que é possível obter goiaba desidratada como produto de
umidade intermediária, através de pré-tratamento osmótico seguido de
secagem.
Com o objetivo de estudar a qualidade e a vida de prateleira da
goiaba ‘Paluma’, processada na forma de polpa triturada e polpa íntegra
congelada, durante o armazenamento a -20ºC, BRUNINI et al. (2003)
realizaram experimento que testou dois processos, realizando diversas
64 Souza, H. A. de, et al.

avaliações, e concluíram que os dois procedimentos, como técnicas de


preservação de goiabas pelas indústrias de alimentos, podem ser usados
durante o período de safra, sendo uma boa alternativa para evitar perdas
pós-colheita.
Fernandes et al. (2006) avaliaram sucos de acerola, goiaba e
manga, de cinco marcas diferentes, por meio de análises químicas,
físico-químicas e microbiológicas. Das amostras avaliadas, apenas três
de goiaba estavam em desconformidade com os parâmetros químicos e
físico-químicos de identidade e qualidade dos sucos integrais em pelo
menos, um item. Em relação às determinações microbiológicas, todas
as quinze amostras atenderam às condições higiênico-sanitárias esta-
belecidas pela legislação em vigor, sendo satisfatórias para o consumo
humano.
Em trabalho que objetivou avaliar o efeito do ácido ascórbico, do
lactato de cálcio e do branqueamento na qualidade da goiaba desidratada
osmoticamente, os pesquisadores verificaram que o tratamento com
xarope de sacarose e lactato de cálcio obteve produto com maior pH.
Observaram que a imersão das amostras em solução osmótica aumentou
os valores de sólidos solúveis e reduziu, em média, 10% a umidade
das amostras. Nos frutos em que foi realizado o branqueamento antes
da imersão na solução osmótica, observaram menores valores de pH,
acidez titulável e de textura em relação ao tratamento apenas com o
xarope de sacarose. Os frutos-controle apresentaram tonalidade de luz
mais intensa comparado aos outros tratamentos (REIS, et al. 2007).
Queiroz et al. (2007) desenvolveram um trabalho com o objetivo
de avaliar as características físico-químicas e sensoriais de goiabas in
natura e submetidas à desidratação por imersão-impregnação e à se-
cagem complementar por convecção, realizando diversas avaliações.
Os autores concluíram que as goiabas submetidas à desidratação por
imersão-impregnação tiveram boa aceitação sensorial, e aquelas secadas
apenas por convecção não foram aceitas pelos provadores.
Doll Hojo et al. (2008) realizaram um trabalho com o objetivo
de determinar os efeitos do 1-MCP na qualidade de goiabas ‘Paluma’
minimamente processadas, armazenadas a 3ºC, e verificaram que o
1-metilciclopropeno (1-MCP) não afetou a qualidade de goiabas ´Pa-
luma` minimamente processadas e armazenadas a 3ºC, durante 12 dias,
na concentração e no período de exposição estudados.
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 65

Zontarelli et al. (2008) avaliaram mistura de geleias de goiaba e mara-


cujá, com o objetivo de se conseguir uma geleia com alto teor de vita-
mina C, e de modo que as características sensoriais fossem mantidas.
Na determinação do teor de vitamina C, detectou-se que, na elaboração
de um mix de geleia de maracujá e goiaba, consegue-se preservar os
teores de vitamina C.

8. PERSPECTIVAS FUTURAS
Os trabalhos apresentados são apenas uma parte da pesquisa
com a cultura da goiaba. Há outras informações que não foram levan-
tadas, incluídas as dos dois primeiros Simpósios Brasileiros sobre a
cultura, realizados em Jaboticabal-SP, em 1997 (Pereira et al., 1997)
e, em Viçosa-MG, em 2003 (Rozane e Couto, 2003), além de livros,
boletins e outros periódicos que não os citados neste capítulo, mas que
caberiam plenamente neste breve histórico sobre as pesquisas com
a cultura. Pode-se resumir que muito do que se tem publicado, hoje,
são trabalhos recentes, com menos de 10-20 anos. Assim, a goiabeira
necessita, ainda, de muitas pesquisas, pois tem muito a evoluir, haja
vista os problemas enfrentados por técnicos, produtores e viveiristas.
De maneira geral, observa-se que grande parte da experimentação
está concentrada na cultivar Paluma, que é a mais plantada em todo o
Brasil. Outro ponto importante a destacar é a perenidade da cultura, o
que dificulta a obtenção de resultados conclusivos com a rapidez muitas
vezes desejada por empresários do setor e pelos órgãos que apoiam
a pesquisa. São necessários vários anos de experimentação para que
os dados sejam consistentes e possam ser publicados e colocados em
prática.
A pesquisa de qualidade sempre terá espaço nos bons periódicos,
e estas sempre trazem informações importantes ao agricultor brasileiro.
Diga-se de passagem que as informações geradas por pesquisas bra-
sileiras, com recursos brasileiros, e em centros de pesquisa nacionais
devem resolver ou ajudar a solucionar problemas enfrentados pelo
agricultor brasileiro, sempre na busca de maiores produtividades, quali-
dade do produto final e com o mínimo de prejuízo ambiental. Portanto,
tais resultados devem chegar ao produtor e, um meio para isto, seria a
publicação de tais resultados nas revistas nacionais. O que adiantaria
pesquisas voltadas com o único fim de ter citações internacionais, ou
66 Souza, H. A. de, et al.

mesmo publicações em revistas que tenham fator de impacto extrema-


mente elevado, mas que não atendam aos objetivos de uma pesquisa
cujo cunho seja resolver problemas de nossa agricultura. É importante
a troca de informações, conceitos e técnicas, porém deve-se repensar
os meios de divulgação de nossas pesquisas.
Algumas grandes ideias do Professor Carlos Ruggiero (FCAV/
Unesp), sempre mencionadas, poderiam ser implementas facilmente
dentro da estrutura de um Centro especializado em fruticultura. Entre
estas ideias, pode-se citar a criação de fundos específicos para a cultu-
ra da goiaba, bem como para outras frutas, e o centro de extensão ao
agricultor, especialmente ao fruticultor local, onde, com facilidade e
familiaridade no atendimento, o fruticultor poderia buscar informações
técnicas diversas (controle fitossanitário, cultivares, potencialidades da
fruta, mercado, etc.). Este Centro de Fruticultura, ao qual se poderia
até arriscar um nome: “FRUTUNESP”.
Nos tempos atuais, é importante e crucial o planejamento das
atividades frutícolas a longo prazo, objetivando a utilização de recursos
de forma mais consciente e programada, permitindo que a atividade de
produção de frutas possa estabelecer-se duradoura e competitivamente,
frente aos diferentes novos países produtores.
Um contato maior, mais íntimo, entre os fruticultores, os exten-
sionistas rurais e os pesquisadores é condição sine qua non para que
haja o atendimento às demandas técnicas que surgem constantemente
na fruticultura. Assim, identificado um problema técnico nos pomares,
avaliada a situação e prevista a potencialidade de agravamento deste
problema em um futuro próximo, torna-se condição para uma ação
imediata de realização de pesquisas, de busca de soluções técnicas em
qualquer parte do mundo, de alerta à região produtora (ação extensionis-
ta “preventiva”) e intensificação (união) de reuniões entre os diferentes
atores da cadeia produtiva da fruta em prol da definição das estratégias
frente ao novo problema.
Como exemplo, na região de Jaboticabal, duas atividade frutícolas
importantes economicamente migraram para outras regiões brasileiras
por apresentarem problemas técnicos, mais especificamente, fitossani-
tários. São as culturas do maracujá e do mamão. Fica uma questão: será
que não poderiam estar até hoje fortemente representadas na região? A
exemplo da cultura do maracujá, em Araguari-MG, que está em plena
Pesquisas com goiabeira (Psidium guajava L.) no Brasil: breve histórico e perspectivas futuras 67

atividade há 25 anos consecutivos.


Quando ocorre uma mudança, o fim de uma atividade frutícola de
maneira drástica, muitas perdas acompanham esse processo, e o que é
mais importante ainda é a perda da mão de obra qualificada. Para uma
região tornar-se frutícola, exige-se que os trabalhadores aprendam a lidar
com frutas, o que leva tempo e muito esforço, exigindo um processo de
qualificação profissional quase que “natural”. Com o fim da atividade,
grande parte destes trabalhadores passam a exercer atividades fora da
fruticultura. Pode-se dizer que isso não é uma perda e sim, uma pena!
Um país em desenvolvimento não pode dar-se ao luxo de permitir essas
realidades.
Como ilustração, em meados do século XIX, os vinhedos da
Europa foram atacados pelo filoxera, o que provocou a erradicação de
milhares de vinhedos, pois as plantas de Vitis vinifera L., propagadas
por pé-franco, não toleram a praga. A solução inicial não foi a migração
dos vinhedos para outras regiões, o que seria difícil, visto que todas as
regiões da França, Espanha, Itália, Portugal e outros países europeus
possuem videiras, e, sim, a utilização de porta-enxertos de variedades
resistentes ao patógeno. Em seguida, trabalhos realizados por viveiris-
tas e instituições oficiais de pesquisa obtiveram hibridações, de onde
provém a maioria dos porta-enxertos utilizados atualmente. Assim, essa
atividade vitícola perdura por centenas de anos nas mesmas regiões,
sendo quase impossível quantificar sua importância socioeconômica.
Realizando um retrospecto dos aprendizados frutícolas repassados
pelos Professores de Agronomia, de diferentes universidades brasileiras,
pode-se relembrar da discussão de potencialidade da fruticultura, talvez
empolgados tanto pela expansão da atividade nos últimos anos como,
certamente, pela real vocação brasileira para a fruticultura. Ainda hoje,
passados muitos anos, esse tema “potencialidade” é bastante atual. Fica
uma pergunta: por que a impressão de que não avançamos o suficiente,
haja vista a “Potencialidade” da fruticultura? A palavra potencial origina
de potência e significa, entre outras coisas, poder, vigor, força, domínio,
capacidade de realizar, bem como pode significar possível (Dicionário
Aurélio de 1988). Talvez, se disséssemos o potencial edafoclimático
para a fruticultura, ter-se-ía maior possibilidade de sucesso, devido à
diversidade de fruteiras existentes, com exigências diferenciadas em
relação ao clima e às condições de solo. Assim, poder-se-ia afirmar
68 Souza, H. A. de, et al.

que, no Brasil, as fruteira podem ser cultivas de norte a sul, pois ha-
veria condições agronômicas favoráveis, além da comercialização e a
possibilidade de criação de empresas ligadas ao setor, etc.

9. LITERATURA CITADA

ACCORSI, W. R.; HAAG, H. P.; DE MELLO, F. A. F.; BRASIL


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83

Capítulo 3

Histórico da nutrição de
plantas na fruticultura
Antonio Enedi Boaretto1

1. Introdução

A primeira necessidade básica do ser vivo é a alimentação. O


homo sapiens foi sempre onívoro, com variações, segundo as épocas
e as regiões, para os alimentos vegetais ou para os alimentos animais
(Flandrin e Montanari, 1996a). O homo sapiens, desde o início da
humanização, certamente consumia alimentos de origem vegetais, e
entre eles muitos tipos de frutos. De forma poética, no primeiro livro
da Bíblia, o Gênesis mostra a origem da vida humana e sua relação com
o consumo dos frutos: “Deus criou o homem e o colocou no Jardim do
Éden para que o cultivasse e o guardasse e de onde podia recolher e
comer de todos os frutos das árvores, menos da árvore do conhecimen-
to do bem e do mal”. Relata ainda que ao desobedecerem ao Criador,
“comendo o fruto da árvore proibida, perceberam que estavam nus e
então entrelaçaram folhas de figueira e teceram tangas”.

1
Prof. Dr., Colaborador Senior, Universidade de São Paulo, Centro de Energia Nucle-
ar na Agricultura, Divisão de Produtividade Agroindustrial e Alimentos, Laboratório
de Nutrição Mineral de Plantas, Av. Centenário, 303 - São Dimas, Piracicaba, SP,
Caixa-Postal: 96, CEP: 13400-970. E-mail: a.e.boaretto@cena.usp.br
84 Boaretto, A. E.

A partir dos primeiros humanos, como ocorreu o aumento popula-


cional? A ecologia diz que o aumento populacional de qualquer espécie
é diretamente dependente da quantidade de alimento disponível. Os
conhecimentos de nutrição vegetal informam que a produtividade dos
vegetais está diretamente relacionada com a quantidade de nutrientes
disponíveis.
Quais foram os alimentos consumidos durante a história da
humanidade? Como foram produzidos os alimentos consumidos e quais
os passos importantes que possibilitaram o aumento da disponibilidade
destes? Qual a perspectiva alimentar para o futuro da humanidade?
Para tentar responder às perguntas acima formuladas, a história
da humanidade foi dividida em partes: a pré-história e as idades antiga,
média, moderna e contemporânea.
Há cerca de 100 mil anos, os humanos modernos começaram
a expandir a área onde viviam e coletavam os alimentos e chegaram
ao Oriente Médio, à Ásia, à Austrália, à Europa e ao Extremo Oriente
e, finalmente, chegaram às Américas do Norte e do Sul (Olson, 2003).
A evolução demográfica pode ser visualizada na Figura 1, na qual
se destacam três períodos distintos. O primeiro vai desde o início do
aparecimento do homem moderno, com o início da agricultura, até o
século 19, quando a população atingiu 1 bilhão de habitantes. O segundo
período vai até a primeira metade do século 20, quando a população
atingiu 2 bilhões de habitantes, e o terceiro período, a partir daí até a
atualidade, que se caracteriza pela fase de explosão demográfica, pois,
em aproximadamente meio século, a população mais que triplicou,
chegando atualmente a 6,8 bilhões de habitantes.
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 85

Figura 1. Estimativa da população mundial desde o início da agricultura


até meados do século 21 d.C. (1804*: ano em que atingiu 1
bilhão de habitantes e, sequencialmente, os anos das demais
unidades de bilhões de habitantes).

2. A PRÉ-HISTÓRIA: POPULAÇÃO E ALIMENTOS

A pré-história vai desde o aparecimento do homem até a invenção


da agricultura (ocorrida há 10 mil anos a.C.), para alguns historiadores,
ou até a invenção da escrita, que se presume ter ocorrido por volta de
4 mil anos a.C., pelos Sumérios, que viveram ao sul da Mesopotâmia.
Nos milênios anteriores à agricultura, os homens viviam em bandos
de seis a 30 membros e por serem coletores de alimentos e caçadores
de animais, necessitavam de áreas imensas para conseguir os alimen-
tos. Sobre os alimentos consumidos pelos humanos, na pré-história,
pouco se sabe, mas foram os frutos, as folhas ou as sementes que lhes
forneceram o essencial para satisfazer as suas necessidades calóricas
(Flandrin e Montanari, 1996a).
Com o início da agricultura se processa uma grande revolução
na civilização, pois os humanos vão tornando-se sedentários, produ-
zindo, nos locais onde viviam, os alimentos de que necessitavam, por
86 Boaretto, A. E.

meio da domesticação dos animais e das plantas. A mudança de hábitos


e a consequente modificação das relações entre o homem e o mundo
natural vão processar-se por um longo período. Na verdade, essa mu-
dança nunca chegou ao fim, pois ainda hoje existem tribos que vivem
da coleta de alimentos e de pequena área de agricultura.
Com a agricultura, que, para alguns historiadores, iniciou-se
no Oriente Médio, nas proximidades da antiga cidade de Jericó (Ol-
son, 2003) e, para outros, ela ocorreu simultaneamente em diversas
regiões (Carneiro, 2003), os humanos adquiriram os conhecimentos
básicos do cultivo e da criação e puderam ter maior disponibilidade
de alimentos.
As causas dessa mudança de hábito são temas atuais de debates.
Para alguns, foi o desequilíbrio entre a demografia humana e os recursos
disponíveis que fez surgir a agricultura, como uma necessidade de in-
tensificar a produtividade das espécies consumidas. Para outros, foi uma
mutação de ordem social e ideológica que conduziu à modificação das
relações profundas entre o homem e o mundo natural (Perlès, 1996).
O desenvolvimento da agricultura foi influenciado pelas ca-
racterísticas particulares de cada região. Destas, a mais importante
era o número de plantas e animais que se prestavam à domesticação
(Olson, 2003). Neste aspecto, o Oriente Médio foi local privilegiado,
pois nenhuma parte do mundo apresentou tal variedade de plantas
domesticáveis. Das 56 gramíneas silvestres com as maiores sementes,
32 foram aí encontradas e, entre estas, o trigo e a cevada. Os animais
mamíferos importantes de hoje, a cabra, a ovelha, o porco e a vaca,
vieram de ancestrais selvagens, que habitavam o Oriente Médio. Essa
feliz confluência de recursos biológicos possibilitou o surgimento das
primeiras civilizações e, consequentemente, surgiram as primeiras
cidades, entre o mar Mediterrâneo e o golfo Pérsico. Os historiadores
afirmam que, nesse período, foram assentadas as bases alimentares dos
milênios seguintes.
A população do mundo, no período de transição de humanos
nômades para sedentários com a adoção da agricultura, era provavel-
mente de uns 6 milhões de habitantes. Com a agricultura, a população
aumentou rapidamente, e a expectativa de vida ao nascer variava entre
18 a 33 anos (Wikipedia, 2009a).
Nas Américas, os primeiros vestígios do Homo sapiens apare-
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 87

cem há cerca de 20 mil anos e os primeiros indícios de cultivos agrícolas


são de 4 a 5 mil anos a.C., sendo as culturas mais importantes o milho,
a abóbora, a batata, o cacau, a mandioca e o girassol.
Os seres humanos pré-históricos não entendiam os aconteci-
mentos da natureza e, por isso tinham atitudes de medo e de espanto
diante dos fenômenos naturais. Num segundo momento, a inteligência
humana evoluiu do medo para a tentativa de explicação dos fenômenos
que via ao seu redor, por meio do pensamento mágico, das crenças e
das superstições. Assim, a tempestade podia ser fruto de uma ira divina
e a boa colheita, da benevolência dos espíritos.
Os conhecimentos sobre as plantas, principalmente sobre as
épocas em que produziam frutos ou outras partes comestíveis, foram
sendo acumulados com o passar das eras.

3. A IDADE ANTIGA: POPULAÇÃO E ALIMENTOS

A idade antiga, ou antiguidade, é o período que vai do início da


agricultura, ou da invenção da escrita, até fins do século 4 d.C. e início do
século 5 d.C., quando se deu a queda do Império Romano do Ocidente.
Neste período, de aproximadamente 1.000 anos, desenvolveram-se as
chamadas civilizações antigas, os povos: do Egito, da Mesopotâmia,
da China, da Grécia, de Roma, dos Persas, dos Hebreus (a primeira
civilização monoteísta), dos Fenícios (senhores do mar e do comércio),
além dos Celtas, dos Etruscos e de outros povos.
A população mundial, estimada em 6 milhões de habitantes no
início da agricultura, ou pouco antes, pode ter atingido, no início da
era cristã, cerca de 170 milhões e, no final da idade antiga, chegado a
200 milhões de habitantes. Durante o império romano, estima-se que
a expectativa de vida era em torno de 25 anos (Wikipedia, 2009a).
O trigo, o mais importante cereal entre todas as plantas culti-
vadas, teve origem na Ásia Menor, entre 6.000 a 7.000 anos a.C., e
expandiu-se no delta do Nilo, na Mesopotâmia e na China (Carneiro,
2003). O revolvimento da terra, por um instrumento precursor do arado,
foi uma grande conquista, ligada ao cultivo do trigo. O arroz, originado
na Indochina, por volta de 2.000 a.C., era cultivado em solo seco e foi
posteriormente adaptado para o cultivo semi-aquático, o que permitiu
88 Boaretto, A. E.

a ampliação da produtividade.
O milho, o terceiro cereal mais importante, teve início de cultivo
nas Américas, por volta de 3.000 a 3.500 anos a.C.. A batata, de origem
andina, pressupõe-se que tenha sido cultivada desde 2.000 anos a.C.
Os antigos já conheciam algumas técnicas de cultivo, como a
seleção das melhores sementes para o plantio dos cereais, a prática da
irrigação, além do uso de esterco animal para adubação da terra e do
pousio de um ano, para recuperar sua fertilidade.
Há pouca informação sobre os frutos consumidos pelas civili-
zações antigas. A civilização Fenícia, que se desenvolveu numa estreita
faixa de terra entalada entre o mar e as cordilheiras montanhosas onde
hoje é o Líbano, cultivava árvores de frutos, como tâmara, figo, maçã,
romã, marmelo, amêndoa, pistáchio e sidra. A romã é uma fruta bastante
difundida e, devido à abundância de suas sementes, era um símbolo
da fertilidade e, segundo a Bíblia, era, com os figos e as uvas, frutas
características da Palestina.
Os gregos consumiam frutos frescos ou secos, silvestres ou cul-
tivados, como melões, uvas, figos, peras, maçãs, marmelos, nêsperas,
romãs, sorva e amêndoas (Amouretti, 1996).
Os humanos da antiguidade consumiam alimentos que eles
mesmos cultivavam ou recolhiam. Entretanto, com o surgimento das
cidades, os cidadãos que não produziam alimentos necessitavam de
ser abastecidos. Por exemplo, 15 a 20% dos romanos moravam nas
cidades e não exerciam controle sobre os produtos da terra (Flandrin
e Montanari, 1996a). A base alimentar, fundamentada no trigo, era
complementada com a cevada e as favas, além de algumas hortaliças,
como alhos, cebolas, couve, etc. Com os cereais, era elaborada uma
espécie de sopa e só mais tardiamente passou-se a elaborar o pão,
comido principalmente pelos cidadãos. A videira e a oliveira eram
consideradas plantações sagradas, pois delas produziam-se o vinho e
o azeite, consumidos diariamente.
A cultura grega, que dominou na antiguidade, caracterizou-se
pelo que poderia ser chamado de segundo momento do uso da razão.
Para os gregos, a essência mais íntima do mundo (cosmo) é a harmo-
nia, a ordem, simultaneamente justa e bela. Esta estrutura do universo
não é apenas “divina”, mas é também “racional”, de acordo com o que
os gregos chamam de logos, de onde deriva a palavra lógica. Alguns
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 89

historiadores consideram que a vivência da democracia foi um fator


fundamental para a evolução ocorrida na Grécia. Nas assembleias,
frequentadas pelos cidadãos gregos, era hábito discutir, deliberar e argu-
mentar permanentemente e em público, fazendo com que desenvolvesse
o pensamento e o uso da razão (Ferry, 2007), ou seja, a evolução “por
dentro” (Chardin, 1955).
Dessa época da história, é comum citar o ensinamento do filó-
sofo Empédocles (492-432 a.C.), que dizia que os seres viventes são
constituídos por quatro “elementos”, terra, fogo, ar e água, ensinamento
que perdurou até o início da era moderna.
Com relação à agricultura, a obra escrita importante deste pe-
ríodo foi a de Lucius Junius Moderatus, apelidado de Columella, que
nasceu no sul da Espanha, mas viveu em Roma. Duas obras importantes
são citadas. O livro De re rústica (12 volumes) trata dos trabalhos no
campo, desde a prática da agricultura até a elaboração de produtos e
conservas. O segundo livro, De arboribus, discorre sobre o cultivo,
desde o de fruteiras (videira, oliveira e outras), até o de flores (rosa,
violetas, etc.). As obras de Columella são os documentários mais im-
portantes da história antiga (Wikipedia, 2009b).

4. IDADE MÉDIA: POPULAÇÃO E ALIMENTOS

A Idade Média, que abrange um período de aproximadamente


1.000 anos, iniciou-se no século 5 d.C. com a desintegração do Império
Romano do Ocidente, pela invasão dos povos denominados bárbaros
e que habitavam as regiões norte e nordeste da Europa e noroeste da
Ásia. A Idade Média terminou no século 15 d.C., com o fim do Império
Romano do Oriente, o Império Bizantino, com a tomada de Constan-
tinopla.
No final da idade antiga, por causa das invasões, os cidadãos
romanos, donos de terras, abandonaram as cidades, indo morar nas suas
propriedades no campo. Os cidadãos pobres buscaram proteção e tra-
balho nas terras dos grandes senhores e, para poderem utilizar as terras,
eles eram obrigados a entregar ao proprietário parte do que produziam.
Nasceu assim o regime feudal, no qual o trabalhador rural é servo do
grande proprietário. Os historiadores afirmam que a sociedade, no início
90 Boaretto, A. E.

da Idade Média, era formada por aqueles que lutam (os nobres), por
aqueles que rezam (o clero) e por aqueles que trabalham (os servos).
A cidade de Roma, depois do apogeu, foi perdendo importân-
cia. No século 2 d.C. havia mais de 1 milhão de habitantes e, após o
seu colapso, no final do século 4 d.C., nela habitavam menos de 50
mil habitantes. Roma só voltou a ter mais de 1 milhão de habitantes
por volta de meados do século 20 d.C., ou seja, depois de 1.800 anos
(Wikipedia, 2009c).
A partir do século 10 d.C. o continente europeu viveu um pe-
ríodo de paz, o que trouxe transformações, pois, a partir do século 11
d.C., até o século 15 d.C., ocorreu a decadência do feudalismo. Com o
aumento populacional, surgiu a necessidade de cultivar mais terras, e
os trabalhadores desenvolveram novas técnicas, que lhes facilitaram o
trabalho. Os arados e os instrumentos agrícolas passaram a ser fabri-
cados de ferro, inventaram-se os moinhos movidos pelo vento e pela
água para moerem os grãos. O cavalo começou a ser usado como força
de trabalho, em substituição aos bois.
O excesso de produção passou a ser comercializado e foram
desenvolvidas rotas comerciais terrestres e marítimas. Com o comércio,
houve multiplicação das grandes cidades, formadas agora por cidadãos
livres.
A única instituição que se manteve neste período foi a Igreja
Cristã, que após ser perseguida pelos imperadores romanos, foi-lhe
concedida liberdade pelo imperador Constantino. Esta instituição foi
fortalecendo-se cada vez mais como a religião oficial do Império. O
cristianismo manteve na Idade Média o que restou de força intelectual,
principalmente por meio da vida monástica, que floresceu tanto no
oriente como no ocidente, pois o homem instruído desse período era
quase sempre um religioso. Na metade da Idade Média, foram fundadas
as primeiras universidades, o que possibilitou o avanço das ciências
em geral.
Com a expansão do cristianismo, a visão grega do mundo,
que até então prevalecia, foi sendo substituída pela visão cristã do
mundo: não é mais na ordem do cosmos que a humanidade deve bus-
car as normas para o bem viver e, sim, nos ensinamentos de Jesus. O
entendimento grego do “logos” impessoal é substituído pelo “logos”
encarnado. A partir daí, não era mais a “razão” o meio para contemplar
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 91

e compreender o divino, mas a fé, a confiança na pessoa de Jesus, ma-


nifestada pela hierarquia religiosa, que indicava o que é o “bem viver”
(Ferry, 2007). Para se ter uma noção do que isso significou, basta lem-
brar que o mundo grego era basicamente aristocrático, ou seja, existia
uma hierarquia natural dos seres, onde os mais bem aquinhoados pela
natureza deveriam estar acima e aos menos aquinhoados, reservava-se
a escravidão. O cristianismo trouxe a noção de igualdade dos seres
humanos, pois todos são irmãos e filhos do mesmo Criador, portanto
iguais em dignidade, apesar de terem dons diferentes.
A população do mundo conhecido, que no início da Idade Média
era próxima de 200 milhões, apesar de guerras e de doenças, chegou
aos 400 milhões de habitantes por volta do século 15 d.C., ou seja, a
população cresceu ao redor de 20 mil por ano, tendo demorado 1.000
anos para dobrar o número de habitantes.
Os alimentos produzidos eram consumidos nos locais de pro-
dução e somente no final da Idade Média é que foram comercializados
em locais mais distantes de onde eram produzidos. O território rural
europeu era um mosaico de terras cultivadas e incultas, e as cidades
eram “ruralizadas”, pois os campos, os bosques, as hortas, os prados
as invadiam (Montanari, 1996).
Aos produtos da agricultura juntam-se os alimentos fornecidos
pelas terras não cultivadas (caça, peixes e gado criado nas clareiras e
bosques). Havia regimes alimentares diversos nos grupos sociais, mas
os historiadores afirmam que uma alimentação variada e equilibrada,
apesar de ser uma época marcada por flagelos naturais e sociais, foi
garantida neste período.
A carne era obtida de diferentes animais, de acordo com a
região, como o porco, o carneiro (que, além da carne, fornece a lã e o
leite), o boi (que, além de força de trabalho passa a fornecer leite e carne
a partir do século 15 d.C.), e também da caça, que a partir dos séculos
9 e 10 d.C. era privilégio apenas da nobreza. O peixe, que na época
era considerado de pouco valor alimentício, era obtido dos recursos
hídricos e raramente de criações artificiais. O leite, pouco consumido
in natura, considerado como um sinal de barbárie, era usado para fa-
bricar o queijo, que era feito, na maioria das regiões, a partir do leite
de cabra ou de ovelha, e com menos frequência a partir do leite de vaca
(Montanari, 1996).
92 Boaretto, A. E.

A carne era geralmente conservada pela salga e depois era co-


zida, raramente assada, para ser consumida. No final da Idade Média,
quando as cidades se tornaram importantes, o consumo de carne fresca
era um sinal de identidade citadina.
Na Idade Média, o vinho era consumido diariamente pelos
cidadãos. A cerveja, inicialmente consumida pela população alemã e
povos não cristianizados, mais tarde passou a ser consumida em toda a
Europa. A água, quase sempre poluída pela má condição de saneamento
básico, era consumida misturada com o vinho por medida sanitária, pois
os cidadãos acreditavam que a presença do vinho matava os germes
nela contidos.
O trigo, principal cereal produzido até então, na Idade Média,
foi sendo substituído por outros cereais, como o centeio, a aveia, a
cevada e o sorgo. O consumo desses cereais era acompanhado das
leguminosas, como a fava, o feijão, a ervilha e outras. Os cereais, ar-
mazenados ao longo do ano, eram usados para preparar uma espécie de
sopa, ou para produzir um tipo de pão não fermentado, que endurecia
rapidamente depois de cozido debaixo das cinzas ou sobre placas de
barro endurecidas pelo fogo. Este pão duro, para ser consumido, era
molhado na sopa, no vinho e na água. Com o desenvolvimento das
cidades, o pão branco passou a ser um sinal distintivo do cidadão.
A produção dos cereais e leguminosas apresentava variações
regionais, mas o que caracterizava todas as regiões era a diversidade
das culturas, que era considerada como medida de prudência, pois era
medida preventiva contra os contratempos climáticos.
A população da Idade Média consumia também grande va-
riedade de produtos hortícolas (o nabo, a couve, o repolho, a cebola,
o alho, a alface, a chicória, a acelga, a cenoura, o rabanete e várias
plantas aromáticas), que complementavam os cereais e leguminosas.
As hortaliças eram produzidas em pequenas hortas ao lado das casas,
tanto no campo como nas cidades.
Os povos diversos que constituíam a civilização Árabe tinham
abundância de frutos, quanto à variedade e qualidade, como melões,
uvas, ameixa, pêssegos (Rosenberger, 1996). As uvas de mesa e, sobre-
tudo as passas, eram apreciadas entre os povos Árabes, mas prevalece a
ideia de que os frutos não são um alimento muito bom. As frutas secas,
como amêndoas, nozes, avelãs e pistáchios, eram usadas na preparação
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 93

de doces e bolos.
Na Idade Média, o consumo de frutos é extremamente limi-
tado, mas, a partir do século 13 d.C., ocorreu certo desenvolvimento
da arboricultura. A vinha tem importância fundamental neste período
da história, pois o vinho era consumido em grande quantidade, por
exemplo, na região onde é hoje a Itália (Cortonesi, 1996).
Para os historiadores, o sistema agrossilvopastoril, predominan-
te na Idade Média, garantiu uma alimentação suficiente para a sobrevi-
vência da população. Salienta-se ainda, que, sem dúvida, houve falta
de alimentos, que foi sendo superada. Assim, apesar das guerras, com
pilhagens frequentes, e das precárias condições de higiene reinantes
nas cidades, o conhecimento aprofundado das plantas e dos animais
permitiu que a população da Idade Média explorasse esses recursos e
assegurasse a sua sobrevivência quotidiana (Montanari, 1996).
Com o crescimento populacional, houve a aglomeração nas
cidades, onde os padrões de higiene eram os piores, fazendo com que
surgissem problemas com resíduos urbanos (esgoto e lixo), que disse-
minavam as doenças. Por exemplo, em meados do século 14 d.C., uma
doença, denominada peste negra, devastou a população Europeia. Esta
doença era transmitida por meio da picada de pulgas que tinham como
hospedeiros ratos doentes. Como as cidades medievais não tinham
condições higiênicas adequadas, a peste negra espalhou-se facilmente,
infectando as pessoas e causando muitas mortes.

5. A IDADE MODERNA: POPULAÇÃO E ALIMENTOS

A idade moderna, para a maioria dos historiadores, é um período


específico da história do Ocidente, que teve início com a tomada de
Constantinopla, em 1453, pelos turcos otomanos, e terminou com o
início da revolução francesa, em 1789. Apesar de haver divergências
quanto ao início e o fim desse período, há certo consenso de que foi um
período de transição, em que houve uma verdadeira revolução social,
pois o sistema feudal de produção foi sendo substituído pelo sistema
capitalista. Esse período da história pode ser caracterizado, também,
por uma diminuição da chamada “triologia negra” - fomes, pestes e
guerras - criando condições propícias às descobertas marítimas e ao
94 Boaretto, A. E.

encontro de povos. No fim do século 15 d.C. e início do século 16 d.C.,


aconteceram as viagens de Cristóvão Colombo ao continente americano
(1492), a de Vasco da Gama à Índia (1497) e a de Pedro Alvarez Cabral
(1500) à terra de Santa Cruz.
A população mundial, que, no início da idade moderna, é
estimada em 400 milhões, vai crescer, atingindo no início do século
19 d.C. (1804) o primeiro bilhão de habitantes.
Todo o conhecimento, desde o início do cristianismo até a
idade moderna, tem por base a confiança na autoridade religiosa. Por
exemplo, a crença de que a Terra era o centro do universo, ensinada
por Ptolomeu (século 2 a.C.), permaneceu até o século 16 d.C., quando
esta concepção foi modificada por Copérnico.
No século 16 d.C., pensadores dos diferentes campos do
conhecimento começaram a contestar os ensinamentos baseados na
autoridade. Copérnico (1473-1543) e depois Galileu (1564-1642) pro-
puseram o heliocentrismo, contestando o que afirmara Ptolomeu. Isaac
Newton (1643-1727) demonstrou que o cosmos “não é absolutamente
um universo de paz e harmonia, não é mais uma esfera fechada em si
mesma, como uma casa aconchegante, onde seria bom viver desde que
tivéssemos encontrado nela o justo lugar (como no pensamento grego),
mas é um mundo de forças e de choques” (Ferry, 2007). Por conseguinte,
o cosmos não podia mais servir de modelo para a arte do bem viver.
Pode-se dizer que o pensamento moderno colocou o homem no lugar
e na posição do cosmos (pensamento grego) e da autoridade religiosa
(pensamento cristão). René Descartes (1596-1650) explicitou as bases
do método experimental, e as seguintes palavras escritas por ele resu-
mem o “pensamento cartesiano”: “Já há algum tempo me dei conta de
que, desde os meus primeiros anos de vida, aceitei como verdadeira uma
quantidade de falsos conceitos e o que construí depois sobre princípios
tão inseguros só poderia ser muito duvidoso e incerto; de modo que
se fazia necessário que eu decidisse seriamente me desfazer de todas
as opiniões recebidas até então e recomeçar a partir dos alicerces, se
quisesse instituir algo de sólido e permanente nas ciências…”
O crescimento das cidades contribuiu para que a agricultura
de subsistência passasse a uma agricultura de mercado, sendo que a
organização do abastecimento foi assumida pelo Estado. A ausência
de progressos significativos das técnicas agrícolas desencadeou o
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 95

alargamento das terras dedicadas ao cultivo dos cereais. Os números


são raros para que se possa realmente quantificar a ração alimentar das
pessoas do povo nesse período, mas alguns historiadores estimam que
a população Europeia passou a consumir mais cereais, com decréscimo
no consumo de carne. Assim, para poder alimentar a população cres-
cente, as terras dedicadas aos cereais foram ampliadas em detrimento
das áreas dedicadas a pastagem. Um hectare de trigo produzia, nas
condições técnicas da época, cerca de 1,5 milhões de calorias, enquanto
a mesma área dedicada à pastagem produzia no máximo a quarta parte
em termos calóricos (Flandrin e Montanari, 1996b).
A população das Américas, formada por um mosaico de povos,
que era de cerca de 100 milhões de habitantes na época da chegada de
Colombo, alimentava-se basicamente de milho, de batata, de batata-
doce e de mandioca. A conquista da América pelos espanhóis levou
à dizimação da população nativa, pois meio século depois esta havia
diminuído cerca de 90% e a agricultura pré-colombiana intensiva foi
desarticulada, e os cultivos dispersos que restavam, foram atacados
pelo gado dos colonizadores (Carneiro, 2003).
Com o início das grandes navegações, ocorreu o intercâmbio
de produtos entre os diferentes continentes. As especiarias asiáticas
(pimenta, canela, cravo, noz-moscada) e as plantas alimentícias da
América (milho, batata, tomate, amendoim, cacau e abacaxi) chegaram à
Europa. As plantas tropicais, como a cana-de-açúcar, o algodão e o café,
chegaram ao Novo Mundo, onde tiveram um desenvolvimento muito
grande. A bananeira, o inhame e a videira foram plantados em todas
as regiões do mundo (Carneiro, 2003) e foram sendo paulatinamente
introduzidas à mesa dos europeus.
A necessidade de mais alimentos na Europa fez com que se
iniciasse, ainda que de forma modesta, a experimentação agrícola.
Desse período da história, Epstein e Bloom (2006) citam o experimento
de J. B Von Helmont (1580-1644). Este médico belga foi o primeiro a
empregar a ciência experimental cartesiana para responder à pergunta:
do que são formados os vegetais? Em um experimento famoso, ele
investigou a fonte de materiais dos quais as plantas são compostas. O
experimento foi bem conduzido, mas a conclusão a que chegou, hoje,
sabe-se que não está correta, pois afirmava que as plantas são consti-
tuídas exclusivamente de água.
96 Boaretto, A. E.

Pouco mais tarde, o inglês John Woodward (1765-1828) re-


conheceu que os minerais retirados do solo têm importância para o
desenvolvimento das plantas, conclusão a que chegou após realizar
experimento no qual cultivou plantas fornecendo a elas água destilada
ou água com sólidos em suspensão.
Na evolução do conhecimento da nutrição de plantas, nesse
período, não podem ser esquecidos alguns outros cientistas, a seguir
mencionados.
Stephen Hales (1730), inglês, publicou o primeiro livro sobre
a nutrição de plantas. Ele realizou experimentos em que mensurou a
quantidade de água que é absorvida e transpirada pelos vegetais. Hales
intuiu que o ar também “contribuía para o corpo da planta”. Como
outras pessoas de sua época, Hales acreditava na “teoria flogística”,
afirmando que todos os materiais combustíveis eram compostos de
uma substância chamada “flogístico”, que na combustão era perdida,
restando as cinzas.
Joseph Priestley (1770) constatou que as plantas expeliam o
mesmo gás (oxigênio) que era liberado quando o óxido de mercúrio
era aquecido, dando assim um passo em direção do esclarecimento da
fotossíntese.
Jan Ingen-Housz (1730-1799), holandês, verificou que os
vegetais somente expeliam o “oxigênio” quando estavam em presença
de luz.
Jean Senebier (1742-1809) deu importante contribuição para o
entendimento da fotossíntese, pois verificou que a quantidade de “oxi-
gênio” emitida por folhas verdes mantidas em água era proporcional à
quantidade de “gás carbono” dissolvido na água.
Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794), considerado o pai da
química, foi o grande personagem que deu impulso a essa área do co-
nhecimento, preparando assim a base para a fisiologia e a bioquímica,
que se desenvolveram a partir dos fins do século 18 d.C.. Lavoisier
aboliu de vez a errônea teoria “flogística”, afirmando que nas reações
químicas não são criados elementos, nenhum é transmutado em outro,
nenhum é destruído, mas as reações químicas promovem mudanças
nas combinações dos elementos. Por ter sido sócio de uma sociedade
cobradora de impostos para o governo francês, teve contra ele e os
demais acionistas o ódio dos líderes revolucionários, sendo condena-
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 97

do e guilhotinado em 8 de maio de 1794. A Academia de Ciências, da


qual Lavoisier era membro, foi dissolvida, mas os cientistas de toda
a Europa, antes de a sentença ser promulgada, enviaram uma petição
aos juízes para que o poupassem em respeito a seu valor científico. O
presidente do tribunal julgador recusou o pedido, lavrando a frase que
ficou famosa: “A França não precisa de cientistas”. Ao matemático
Lagrange, contemporâneo de Lavoisier, é atribuída a frase que serviu
de bom epitáfio ao infortunado químico: “Não bastará um século para
produzir uma cabeça igual à que se fez cair num segundo”.
         Nicolas-Théodore de Saussure (1767-1845) foi o primeiro cientista
a usar a nova química de Lavoisier na pesquisa de nutrição de plantas.
Seu trabalho ampliou o conhecimento sobre a absorção, pelas raízes,
de elementos do solo. Ele formulou o princípio da essencialidade dos
elementos, afirmando que alguns deles são absorvidos pelas plantas,
mas poderiam não ser essenciais, e alguns eram indispensáveis.
A pesquisa sobre nutrição de plantas alcançou o seu ponto alto,
nesse período, com o pesquisador francês Jean-Baptiste Boussingault
(1802-1887). Diferentemente de seus predecessores, que davam ênfase
à composição elementar dos vegetais, Boussingault calculou o balanço
entre as quantidades dos elementos contidos nas plantas cultivadas e
as quantidades retiradas por área cultivada. Deve-se a ele a evidência
da fixação de nitrogênio pelas leguminosas.
Desse período da história, é necessário relembrar uma perso-
nagem que, pela primeira vez, pensou na relação entre população e
alimentos: Thomas Robert Malthus (1766-1834). Malthus, de descen-
dência inglesa, foi pastor anglicano e economista e tornou-se famoso
pela sua importante contribuição ao estudo da demografia, com suas
teses publicadas no livro “Principle of Population” (1798). A pobreza
das classes populares parecia-lhe um fato a ser considerado, pois para
Malthus a população aumentava em ritmo muito mais rápido que os
meios de subsistência, os alimentos. Inaugurou-se então o debate sobre
um assunto que cada vez mais vem tornando-se necessário: quantas
pessoas a Terra pode alimentar?
No período moderno continua em processo a formação acele-
rada das cidades, as quais se tornaram cada vez mais populosas. Por
volta do século 17 d.C., problemas sociais e sanitários, que haviam
começado na Idade Média, intensificaram-se.
98 Boaretto, A. E.

6. IDADE CONTEMPORÂNEA: POPULAÇÃO E ALIMENTOS

A idade contemporânea é o período específico da história


do mundo ocidental, iniciado a partir da Revolução Francesa (1789)
até o momento atual e, hoje, discute-se até quando ela se prolongará.
Na França, a monarquia foi deposta e houve a tomada do poder pela
burguesia, revolução feita sob o lema: “liberté, égalité, fraternité”. A
revolução francesa proclamou a “Declaração dos direitos do homem e
do cidadão”, que diz no seu Artigo 1: Os homens nascem e são livres e
iguais em direitos. O exemplo dos franceses repercutiu intensamente nos
outros países europeus e americanos e preparou a revolução industrial
que viria em seguida.
O início da idade contemporânea foi bastante marcado pela
corrente filosófica iluminista, que elevava a importância da razão.
Havia um sentimento de que as ciências iriam sempre descobrindo
novas soluções para os problemas humanos e que a civilização humana
progrediria a cada ano, com os novos conhecimentos adquiridos.
Na história da humanidade, chamam-se de pós-modernas as
ideias que fizeram críticas ao humanismo moderno, em especial, ao
iluminismo, a partir de meados do século 19 d.C.. Da mesma forma
que na era das “luzes”, quando se atacaram ideias consideradas
antigas, substituindo-as pela razão e pela liberdade humana, ou seja,
o homem no centro e construtor da história, a pós-modernidade fez
críticas ao humanismo e ao racionalismo. O principal filósofo da pós-
modernidade é Friedrich Nietzche (1844-1900). Ocorreu então uma
ruptura com o modernismo, que estabeleceu o humanismo moderno
afirmando reiteradamente sua crença no progresso, sua convicção de
que a difusão das ciências e das técnicas iria produzir dias melhores,
e a política deveria ser guiada por um ideal, ou utopia, que permitiria
tornar a humanidade mais respeitosa em relação a si mesma (Ferry,
2007). Entretanto, com o evento das duas grandes guerras mundiais, o
ceticismo passou a imperar no mundo, com a percepção de que nações
consideradas tão avançadas e instruídas foram capazes de cometer
atrocidades.
A população, que atingiu o primeiro bilhão de habitantes no
início do século 19 d.C., vai chegar à marca de 2 bilhões de habitantes
em 1927, depois de mais de 120 anos. A partir daí ocorreu uma explosão
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 99

demográfica, pois em 1960, a população chegou a 3 bilhões de habitantes


e continuou a crescer num ritmo cada vez mais rápido, chegando a
quase 6,8 bilhões de habitantes no início do século 21 d.C., como
pode ser visto na Figura 1. Sem considerar as grandes variações entre
os diferentes países, a média mundial de expectativa de vida, que em
1900 era de 30 anos, saltou para 62 anos em 1985, e para 65 em 2005
e estima-se que a expectativa média de vida do mundo atinja 75 anos
em meados do século 21 d.C.
No início do século 19 d.C., cerca de 80 a 90% das pessoas
viviam no campo quando teve início o êxodo rural, e atualmente cerca
de 50% da população mundial vive nas cidades.
Com a explosão demográfica, houve a necessidade de maior
volume de alimentos para satisfazer a dieta alimentar básica da
população, o que foi conseguido principalmente pelo aumento de
produtividade das culturas, a partir de meados do século 20 d.C., o que
foi conseguido pela evolução do conhecimento das ciências agrárias.
Com o intercâmbio comercial entre os continentes, a partir da
conquista dos oceanos, houve mudança na alimentação ocidental. Além
dos alimentos tradicionais (trigo, outros cereais, vinho e azeite), o chá,
o chocolate e o açúcar vão paulatinamente aumentando em consumo. A
batata, o milho, o arroz, a mandioca, o tomate, a berinjela e o amendoim
passaram a tomar parte na mesa, sendo que alguns deles tornaram-se
a base alimentar de alguns países, como a batata, na Irlanda e o milho,
na Itália.
No que diz respeito à nutrição de plantas, nessa fase da his-
tória, houve um grande avanço em continuação aos estudos iniciados
no século 18.
Um dos nomes importantes que merece ser citado é Philipp
Carl Sprengel (1787-1859), alemão. Alguns autores consideram que
os seus escritos marcam o começa de uma nova época na agronomia,
pois Sprengel publicou em 1826 um artigo no qual a teoria humista foi
refutada e, em 1828, publicou outro artigo que continha em essência
a lei do mínimo (Ploeg et al., 1999), que foi depois desenvolvida por
Justus Von Liebig (1803-1873). Liebig, alemão, foi nomeado, em 1824,
Professor da Universidade de Giessen, fundada em 1607 e, após a 2ª
guerra mundial, recebeu o nome “Justus Liebig University Giessen”
(Scientific-Hessen, 2009) e o antigo laboratório onde o professor traba-
100 Boaretto, A. E.

lhou foi transformado em Museu (Liebig Museum, 2009). Para fazer


jus a estes dois cientistas, a “Association of German Agricultural Expe-
rimental and Research Stations” criou a medalha Sprengel-Liebig. Com
justificativa semelhante foi proposto por Pleg et al. (1999) que a lei do
mínimo fosse denominada de “lei do mínimo de Sprengel-Liebig”.
Liebig estabeleceu a lei do mínimo em 1855, em 3 partes (Pleg
et al., 1999): “1. By the deficiency or absence of one necessary consti-
tuent, all others being present, the soil is rendered barren for all those
crops to the life of which that one constituent is indispensable. 2. With
equal supplies of the atmospheric conditions for the growth of plants,
the yields are directly proportional to the mineral nutrients supplied in
the manure. 3. In a soil rich in mineral nutrients, the yield of a field
cannot be increased by adding more of the same substances”.
Em resumo, a lei de “Sprengel-Liebig” esclarece que o cres-
cimento das plantas é determinado pelo elemento presente no solo na
mínima quantidade adequada, ou seja, as plantas crescem de acordo com
os elementos encontrados no solo. Com base nesses conhecimentos,
teve o início da era dos fertilizantes químicos.
Em 1843, J.B. Lawes e J.H. Gilbert fundaram na Inglaterra
a famosa Estação Experimental Rothamsted (Rothamsted Research,
2009). Os experimentos sobre fertilidade do solo e nutrição de plantas
que eles iniciaram continuam até hoje. Os resultados demonstraram de
forma convincente que o suprimento de nutrientes declinou, quando os
solos foram cultivados ano após ano, com consequente diminuição na
produtividade. Entretanto, a adição de nutrientes na forma de adubos
manteve o nível de fertilidade do solo e a produtividade.
Julius Von Sachs (1832-1897), botânico alemão, em 1860, de-
monstrou que as plantas podiam crescer sem a fase sólida do solo, se
as raízes estivessem banhadas por uma solução contendo os nutrientes
necessários. W. Knop, em 1860, ampliou os estudos de cultivo de plantas
em solução nutritiva. A partir de então, o cultivo de vegetais sem solo
tornou-se uma técnica importante nos estudos de nutrição mineral de
plantas e na produção de culturas com fins comerciais, principalmente
hortaliças, sendo a técnica conhecida como hidroponia. Os pesquisa-
dores Sachs e Knop são considerados os pais dessa técnica.
D. R. Hoagland (1884-1949) elaborou, em 1936, uma nova solu-
ção nutritiva que ainda é muito usada nos estudos de nutrição mineral
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 101

de plantas, sendo o principal pioneiro do período moderno desse ramo


da ciência.
Os critérios de essencialidade foram propostos por Daniel I.
Arnon e P. R. Stout, em 1939, e até hoje são aceitos, apesar de algu-
mas modificações sugeridas por Emmanuel Epstein (Epstein e Bloom,
2006).
Em 1927, em Madison (USA), na “Wisconsin University”, foi
realizado o primeiro congresso internacional de solos no qual foi suge-
rido que o mundo podia alimentar 15,9 bilhões de pessoas. Em 1960,
na mesma cidade, o “7th International Congresso of Soil Science” teve
como tema: “Alliviate Hunger, Promote Peace through Soil Science”.
Com a evolução do conhecimento, sabe-se hoje que os seres
vivos são constituídos principalmente de C, H e O, mas têm necessidade
de outros nutrientes, dos quais se destaca o N. Este nutriente que, na
sua forma não reativa (N2) compõe 78% da atmosfera, é o quarto ele-
mento mais abundante nos seres vivos e é por meio da fixação biológica
que ele se torna disponível para os seres que não conseguem fixá-lo.
Postula-se que certos microorganismos específicos começaram a fixar
o N atmosférico há aproximadamente 3 bilhões de anos, mas a genia-
lidade do ser humano fez com que a fixação fosse feita em laboratório,
e depois em fábricas e, assim complementar-se o fornecimento natural
do nitrogênio escasso e necessário na alimentação humana.
A fixação industrial do N2 acontece pela reação com H, obtendo-
se amônia. O processo foi desenvolvido por Fritz Haber e Carl Bosh.
O primeiro recebeu o prêmio Nobel de Química em 1918, e Bosh
teve a sua participação mais tarde reconhecida, recebendo, também,
a mesma honraria, em 1932, dividindo-a com Friedrich Bergius. A
Academia justificou a láurea dizendo que “o invento é uma maneira
extremamente importante para melhorar os padrões da agricultura e o
bem-estar da humanidade”. A partir do gás amônia é possível obter os
demais diferentes fertilizantes nitrogenados, tornando possível alimentar
os vegetais e com estes a população humana, que já estava aumentando
rapidamente na época.
Norman Ernest Borlaug, agrônomo americano, recebeu em
1970 o prêmio Nobel da Paz, por ter desenvolvido o que passou a ser
chamado de revolução verde.
No Brasil, a ciência agronômica intensificou-se na segunda
102 Boaretto, A. E.

metade do século 19 d.C., sendo que no ano de 1875, foi fundada a pri-
meira Escola de Agronomia, no Brasil, que hoje integra a Universidade
Federal da Bahia, no Campus de Cruz das Almas. A segunda escola foi
criada em Pelotas, no Rio Grande do Sul, no ano de 1883, e atualmente
é parte integrante da Universidade Federal de Pelotas. A posse do saber
agrícola, historicamente acumulado pelo homem do campo, a partir daí
foi gradativamente deslocada para os meios intelectuais e incorporada
na tecnologia, na condição de propriedade do capital, aprofundando a
divisão entre a concepção e a execução do processo produtivo, restando
para o homem do campo o trabalho braçal (Toscano, 2009).
A Sociedade Brasileira de Ciência do Solo foi criada em
1948, conforme relato feito por Eurípedes Malavolta (1926-2008), na
abertura da “XX Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo e Nutrição
de Plantas”, no qual apresentou a história da nutrição de plantas no
Brasil (Malavolta, 1992). O relato é muito interessante e bem amplo e
destacam-se dois fatos importantes mencionados pelo autor. O primei-
ro é a criação do Instituto Agronômico de Campinas, que, no ano de
2009, completou 122 anos, e o austríaco F.W. Dafert foi o seu primeiro
diretor, convidado por D. Pedro II. Um segundo fato mencionado foi a
criação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em 1901.
Nesta instituição de ensino, até em 1964, a nutrição mineral de plantas
era ensinada como parte da fisiologia vegetal e da química agrícola,
mas com a criação dos cursos de pós-graduação de solos e nutrição de
plantas, passou a ser disciplina ensinada separadamente. A partir daí,
talvez por influência dos alunos saídos desse curso de pós-graduação, a
disciplina passou a ser ministrada em praticamente todas as faculdades
de Agronomia. Por que ensinar nestas faculdades a nutrição mineral
de plantas? Citando o Prof. Malavolta: “Pode-se dizer simplesmente: o
homem come planta ou planta transformada, portanto só alimentando a
planta pode-se alimentar o homem. O adubo é o veículo dos nutrientes
da planta”.
Nas diversas faculdades de Agronomia e nos institutos de pes-
quisa espalhados pelo Brasil, foram realizados muitos estudos sobre
temas importantes da nutrição de plantas e há muitos pesquisadores
brasileiros anônimos na história da nutrição de plantas, demonstrando,
assim, que, também em ciências agrárias, o conhecimento é cooperativo
e cumulativo.
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 103

Em termos mundiais, a FAO apresenta estatísticas de consumo e


produção de alimentos e evidencia-se que, nestes últimos anos, há certo
paralelismo de crescimento entre estes dois grupos de dados (Figura
2). Este é um “milagre” que tem como causa a aplicação das técnicas
agronômicas, pois nos últimos 50 anos, conseguiu-se triplicar a produ-
ção de alimentos com um aumento de aproximadamente 10% da área
cultivada. Como a população quase triplicou neste mesmo período, cada
ser humano é alimentado hoje pelos alimentos produzidos em metade
da área que era necessária há meio século (Dyer, 2006).

Figura 2. Produção e consumo de cereais (média mundial). FAO


(2009)

Entre as técnicas agrícolas responsáveis pelo aumento de pro-


dutividade ocorrido contemporaneamente, destaca-se o uso de fertili-
zantes. A Figura 3 (adaptada de Kaarstad, 1997) ilustra os aumentos da
população e da produtividade dos cereais, que cobrem quase a metade
das terras agricultáveis. Em meados do século 20 d.C., a produtividade
média mundial dos cereais era de 1,1 t ha-1, chegou a mais de 3,0 t ha-1
neste início do século 21 e deve continuar a crescer seguindo a marcha
do crescimento da população. Essa tendência deve continuar se a hu-
manidade quiser evitar a fome.
104 Boaretto, A. E.

Figura 3. Tendência global de crescimento populacional, de produti-


vidade de cereais e origem dos nutrientes (Os espaços entre
as linhas indicam a contribuição de diferentes fontes de
nutrientes para atingir a produtividade dos cereais).

O solo é a fonte natural dos nutrientes dos vegetais e é comple-


mentado pelos adubos orgânicos e pela fixação simbiótica de nitrogênio.
Entretanto, em termos mundiais, o suprimento de nutrientes por essas
fontes tem crescido apenas marginalmente. Os fertilizantes têm suprido
os nutrientes necessários para aumentar a produtividade, sendo que as
variedades melhoradas e as modernas técnicas agronômicas possibilitam
maior eficiência de uso destes nutrientes. Para que continue havendo
aumento da produtividade dos cereais, há necessidade do concomitante
aumento no uso de fertilizantes.
Quanto ao consumo de frutas, acontece no Brasil algo para-
doxal. O Brasil é o terceiro maior exportador mundial de frutas, mas
o consumo médio é de apenas um terço da quantidade recomendada
como mínimo de 400 g/dia por pessoa, segundo a Organização Mundial
de Saúde (OMS).
As informações científicas atuais sobre dietas saudáveis indicam
a necessidade de consumir frutas variadas de 2 a 4 porções diárias, por
forneceram fibra, vitaminas e minerais (Sizer, Whitney, 2003).
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 105

7. FUTURO: POPULAÇÃO, ALIMENTOS E RESÍDUOS

A população de hoje, de quase 6,8 bilhões, continuará a crescer


e estima-se que atingirá, por volta de 2050, em torno de 9 bilhões. A
expectativa de vida, em termos médios mundiais, na década de 2000 a
2005, era de 65 e chegará a 75 anos, em 2050, embora as discrepâncias
entre regiões continuarão. Por exemplo, na África, a expectativa de
vida de 49 anos atualmente, chegará a 65, em 2050, em contraste com
as regiões mais desenvolvidas, em que atualmente é de 76, devendo
chegar a 82, em 2050 (World, 2009).
Para se ter uma visão do que acontecerá, no futuro, com res-
peito à produção de alimentos, há necessidade de se ter um inventário
do que está acontecendo hoje, pois a população de quase 6,8 bilhões de
habitantes necessita de biomassa para se alimentar, que é proveniente
das terras agricultáveis, das florestas e do mar. O balanço de quanto é
produzido e quanto é consumido não é tarefa fácil, embora haja algumas
tentativas, como a de Pimm (2005) em seu livro “Terras da Terra: o que
sabemos sobre o nosso planeta”. Inicialmente, o autor citou que são
produzidas anualmente, na superfície terrestre, 132 bilhões de toneladas
de biomassa. A seguir, estimou quanto é consumido diretamente pela
humanidade ou pelos animais, que são depois abatidos e transformados
em alimentos, e também o consumo na produção da madeira utilizada,
chegando a um total de 5 bilhões de toneladas de biomassa. O autor
explica que esse total é apenas uma pequena fração do que é realmente
consumido, pois para consumir a mencionada quantidade de biomassa,
há uma grande parte desta que é desperdiçada. Dessa maneira, a cada
ano, estima-se que são usadas 26 bilhões de t de produção vegetal,
14 bilhões de t de biomassa de florestas, 17 bilhões de t de biomassa
de pastagens e ainda 3 bilhões de t de biomassa deixam de ser pro-
duzidas, pela ocupação das terras agricultáveis pelo crescimento das
áreas urbanizadas. Somando tudo, chega-se ao valor de 60 bilhões de
t de biomassa que são usadas pela população atual. Estas estimativas,
embora grosseiras, indicam que quase 50% da biomassa anual produ-
zida é consumida, direta ou indiretamente, pelos quase 6,8 bilhões de
habitantes existentes hoje.
Parte dos alimentos consumidos vem das águas, ou seja, dos
pescados. Da mesma forma, Pimm (2005) estimou que atualmente
106 Boaretto, A. E.

são utilizados em média cerca de 8% da produção de biomassa (fito-


plâncton) total para sustentar o pescado que a humanidade consome. O
autor ressaltou que essa média é bastante enganosa, pois, em alto-mar,
apenas 2% da produção de biomassa sustenta o pescado, todavia, em
lagos de água doce e em partes geograficamente restritas e altamente
produtivas dos oceanos, entre um terço a um quarto de toda a produção
vegetal sustenta o pescado consumido.
Estes números, por mais abrangentes que sejam, indicam que,
neste início do século 21 d.C., o planeta Terra está sofrendo enormes e
inequívocos impactos. O que significarão esses números se, de fato, a
população mundial atingir os estimados 9 bilhões de habitantes, num
futuro muito próximo, em 2050? O que fazer para que a população tenha
alimentos suficientes e de qualidade, hoje e no futuro? Qual o papel a ser
desempenhado por aqueles que militam nas áreas de ciências agrárias?
Nos parágrafos que seguem, encontram-se algumas especulações.
Inicialmente, há necessidade de que a humanidade entenda os
pressupostos necessários para que a vida no planeta continue sendo
viável. O primeiro é expresso na seguinte afirmação sobre a população
de Homo sapiens: “A pele de alguns é branca, de outros é escura. A
forma do rosto das pessoas, a cor do cabelo e dos olhos, o contorno dos
olhos, do nariz e da boca são maravilhosamente únicos. Esta diversidade
não é ilusória, pois os seres humanos são realmente uma das espécies
mais variadas que existem em nosso planeta. Durante toda a história
da humanidade, os grupos sempre se perguntaram a respeito da forma
como estavam relacionados com outros grupos. O estudo da genética
revelou que estamos todos ligados e somos membros da mesma família
humana (grifo do autor), produtos da genética e do acaso, nascidos
sem cessar para um futuro desconhecido” (Olson, 2003). Um segundo
pressuposto, para que seja possível uma “sobrevida”, pode ser assim
expresso (Chardin, 1955): “Quando o homem, tendo reconhecido que
carrega em si mesmo a sorte do mundo, se convence de que existe à
sua frente um porvir sem limites no qual não pode soçobrar... Eis o
que nos falta, um novo domínio de expansão psíquica e eis que está
precisamente diante de nós, se apenas erguermos os olhos”. Finalmente,
o terceiro pressuposto para a nova humanidade do futuro é o que está
promulgado na Declaração Universal dos Direitos Humanos durante a
“Assembleia Geral das Nações Unidas”, em 10 de dezembro de 1948,
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 107

que diz o seguinte no seu Artigo 1: “Todas as pessoas nascem livres e


iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e
devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade”.
Estes três pressupostos: todos os seres humanos são parte de uma fa-
mília humana, que juntos têm o poder sobre o futuro e por isso devem
respeitar e ajudar-se mutuamente, são imprescindíveis para que o porvir
da humanidade seja esperançoso.
O progresso, trazido pela técnica, e que possibilitou maior qua-
lidade de vida, não pode ser um fim em si mesmo. Há que estabelecer
uma nova referência, uma nova utopia. Qual será este novo sonho que
deve balizar a atividade humana? O progresso, motivado pelo conhe-
cimento, deve sempre ter como fim o “bem da humanidade”. Com
este referencial, podem-se estabelecer os desafios atuais e futuros das
ciências e, em especial, da nutrição mineral de plantas.
O primeiro desafio de hoje e no futuro da humanidade é produzir
alimento (frutas) para a população crescente. Esse desafio, colocado
sob a visão da nutrição mineral de plantas, poderia ser expresso na
pergunta: Como alimentar as plantas (as fruteiras) para que haja ali-
mento suficiente para todos, hoje, amanhã, depois de amanhã e assim
sucessivamente?
Quando o solo não consegue suprir a exigência nutricional dos
vegetais, há necessidade de lançar mão dos adubos para que se possa
aumentar a produtividade, pois, caso contrário, novas terras deveriam
ser destinadas à agricultura. Os dois adubos mais importantes são os
nitrogenados e os fosfatados. Hoje, um terço da proteína produzida no
mundo é decorrente do nitrogênio fixado industrialmente, e ao redor
de 40% dos alimentos produzidos dependem do uso de fertilizantes e
corretivos. O desafio das ciências agrárias é ensinar os produtores a
utilizarem os nitrogenados, sem prejudicar o ambiente e a utilizar os
fosfatos, provenientes de jazidas finitas, que são bens não renováveis,
de modo eficiente. A pesquisa sobre a fixação biológica de nitrogênio é
um desafio importante a ser enfrentado. Da mesma forma, o desenvol-
vimento de pesquisas que tenham como objetivo aumentar a eficiência
de absorção do fósforo é outro assunto de interesse.
O segundo grande desafio da nutrição mineral de plantas é
conscientizar a humanidade de “que não há refeição grátis”. As pessoas
que vivem nas cidades, hoje mais da metade da população é urbana,
108 Boaretto, A. E.

pouco sabem de onde vêm os alimentos e de onde vêm as frutas. O


homem come planta ou planta transformada, portanto só alimentando
as plantas pode-se alimentar o homem, e toda a população necessita
saber e refletir sobre isto, para que nasça a consciência de usar apenas
o necessário e sem desperdícios. As associações que têm relação com
a produção e comercialização, devem incentivar o consumo de frutas,
que ainda está muito aquém da quantidade recomendada pela OMS. O
Brasil deveria fazer um esforço muito grande no sentido de incentivar a
produção regionalizada de frutas de cada região. A Amazônia, o cerrado
e outros biomas têm muitas frutas que ainda são pouco encontradas nas
feiras e nos supermercados. Para citar somente o exemplo das frutas do
cerrado: pequi, mangaba, baru, cagaita, araticum, gabiroba, jenipapo e
cajuzinho do cerrado (Silva et al., 2009).
Com o aumento populacional e a concentração nos centros urba-
nos, ocorre, consequentemente, aumento dos resíduos que são produzi-
dos. Estes resíduos devem ser coletados e devidamente tratados. Hoje,
a grande maioria do lixo produzido é colocada nos aterros sanitários
e as águas servidas são despejadas nos mananciais, contaminando-os.
A consciência de que todos os seres humanos são responsáveis por
cuidar da casa comum exige que os resíduos sejam transformados em
fertilizantes, para retornar aos solos os nutrientes deles exportados pelas
colheitas. Os resíduos contêm nutrientes, principalmente nitrogênio e
fósforo, que devem ser restituídos aos solos agrícolas. Esse é o terceiro
grande desafio para os estudiosos da nutrição mineral de plantas: ensi-
nar que somente reciclando, principalmente o fósforo retirado do solo
com as colheitas, é que se poderá continuar alimentando a população
crescente.
Finalmente, o maior desafio atual e do futuro de todos os seres
viventes, e, em particular de todos os estudiosos da nutrição mineral de
plantas, é a construção de um mundo para a humanidade, implantando
uma nova ética para este milênio, para que o Homo sapiens não se tor-
ne o Homo demens, aquele ser que pode pôr fim à humanidade. Nesta
nova humanidade, o comer junto e solidário representará a suprema
realização humana.
É um sonho? Todos estão convidados a transformar este sonho
em realidade, começando a viver assim solidariamente.
Em resumo: o desafio maior para o Homo sapiens de hoje e do
Histórico da nutrição de plantas na fruticultura 109

futuro é produzir alimentos (com o conhecimento embasado na nutrição


mineral de plantas), sem contaminar o solo e sem depauperar a sua
fertilidade e os alimentos produzidos chegarem à mesa de todos.

8. LITERATURA CITADA

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em: <http://www.worldlifeexpectancy.com/>. Acesso em: 14 janeiro
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112
113

Capítulo 4

Custo de Implantação e
Produção da Goiabeira no
Estado de São Paulo

Paul Frans Bemelmans1


Marina Brasil Rocha1
Danilo Eduardo Rozane2

1. Introdução

Indicadores técnicos, econômicos e financeiros constituem-se


em ferramentas indispensáveis para tomada de decisão do empresário
rural. Dentre elas, destaca-se o custo de produção como sendo a prin-
cipal ferramenta para o direcionamento dos investimentos na empresa
agropecuária. Muitas vezes, o produtor, ao orientar-se apenas pela sua
intuição ou percepção da realidade do mercado, investe em atividades
cujo resultado econômico deixa a desejar. Ao se preocupar em estimar

1
Pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, Av. Miguel Stéfano, n°
3900, Água Funda, São Paulo, SP, CEP: 04301-903. E-mail: mabrasil@iea.sp.gov.br
2
Pesquisador, Doutor em Produção Vegetal, Departamento de Solos e Adubos, Uni-
versidade Estadual Paulista – Unesp, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias –
Câmpus Jaboticabal. Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n. CEP: 14884-
900, Jaboticabal-SP. E-mail: danilorozane@yahoo.com.br
114 Bemelmans, P. F. et al.

todos os gastos envolvidos no(s) processo(s) produtivo(s) e cotejá-los


aos preços esperados do produto em determinado período — normal-
mente o de colheita —, terá como avaliar, com maior probabilidade
de acerto, o resultado econômico de sua(s) atividade(s). Isso porque,
sabendo, a priori, qual ou quais fatores têm maior peso em seu custo
de produção, poderá, assim, avaliar as estratégias possíveis de serem
adotadas para maximizar a sua renda líquida ao final de um ciclo pro-
dutivo.
Por essa razão, e a fim de contribuir para estabelecer uma base
de preços nas negociações com os compradores de goiaba do Estado
de São Paulo, o Instituto de Economia Agrícola (IEA) elabora, com
regularidade, estimativas de custo para a cultura desenvolvida com a
cultivar Paluma, desde a formação até a manutenção do pomar, (Bemel-
mans e Rocha (2002); Rocha e Bemelmans, 2005). O presente estudo
procura ampliar este trabalho, disponibilizando estimativas de custo
para a cultura irrigada na safra de 2008/09.
Convém ressaltar que a produção paulista de goiaba para a in-
dústria, computadas as variedades, Comum e Paluma, vem apresentando
crescimento contínuo nos últimos cinco anos (Tabela 1).

Tabela 1. Goiaba para a Indústria, Estado de São Paulo, 2004-2008.

ANO Plantas novas Plantas em produção Produção em toneladas


2004 90120 382.150 50.997,50
2005 85450 660.401 75.473,10
2006 100840 228.101 59.651,37
2007 61710 662.341 78.295,35
2008 83610 713.970 85.340,04
Fonte: Banco de dados - IEA

2. Metodologia e Conceitos Utilizados

As estimativas dos custos para a formação e manutenção do


pomar originam-se de matrizes de coeficientes técnicos — que repre-
sentam as exigências de fatores físicos — e dos respectivos preços dos
fatores de produção, vigentes no período de apuração dos custos.
Esse procedimento tem como base uma estrutura de custo que
Custo de implantação e produção da goiabeira no Estado de São Paulo 115

tem sido tradicionalmente utilizada pelo Instituto de Economia Agrícola,


conforme Matsunaga et al.(1976). Nesse método, os custos operacio-
nais, efetivo e total, são considerados instrumentos de gerenciamento
de curto prazo. O custo operacional efetivo (COE) é composto pela
soma das despesas diretas, que correspondem ao real desembolso por
parte do produtor. Esse valor, acrescido dos custos indiretos relativos à
depreciação dos bens duráveis utilizados na atividade1 e à depreciação
do pomar, resulta no custo operacional total (COT).
Os custos de produção, portanto, para serem estimados, par-
tem da utilização de fatores de produção em quatro grupos:
a) Operações agrícolas: para cada operação, é definido o número de
horas de trabalho gasto por categoria de mão de obra, trator e/ou veículos
e equipamento envolvidos na operação;
b) Operações agrícolas efetuadas através de empreita: envolvendo
operações de manutenção, cultivo, colheita, transporte, etc.;
c) Materiais de consumo: aqueles utilizados no processo de produção,
podendo ser próprios e/ou adquiridos pelo produtor;
d) Os componentes de custos indiretos na produção: envolvendo obriga-
ções sociais, seguro, encargos financeiros para capital de custeio, custo
de uso da terra, outras despesas com impostos e administração e outros
custos fixos com capital ou com a formação da cultura perene.
As matrizes de coeficientes técnicos são elaboradas, por sua
vez, para um dado sistema de produção, representativo da atividade, que
pode ser regional, dependendo da dispersão espacial da atividade.
Conforme Mello et al. (1988), por sistema de produção,
entende-se o conjunto de manejos, práticas ou técnicas agrícolas rea-
lizadas na condução da cultura, de modo mais ou menos homogêneo,
por grupos representativos de produtores. Pode ser definido por uma
prática específica a que outras práticas estão vinculadas.
As amostras foram, para os sistemas de produção selecionados,
intencionais, abrangendo 20 produtores representativos do sistema
sem irrigação e, no caso da cultura irrigada, 14 produtores, além de
representantes da indústria e do comércio.
Para a goiaba, até 2008, utilizou-se, na elaboração dos custos
de formação e produção, de matrizes de coeficientes técnicos adotadas
1 A depreciação é definida pelo custo necessário para substituir os bens de capital quando torna-
dos inúteis pelo desgaste físico ou econômico.
116 Bemelmans, P. F. et al.

para um sistema de produção não irrigada, os quais estão apresentados


nas Tabelas 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
No presente trabalho, procurou-se elaborar novas matrizes,
referentes a um sistema de produção irrigada que vem sendo adotado
por significativa parcela de produtores, notadamente aqueles situados
em terras planas e com boa disponibilidade de água. Ressalta-se que as
estimativas apresentadas nas Tabelas 8, 9, 10, 11 e 12, constituem-se
em uma primeira tentativa de estimação dos coeficientes técnicos para
esse sistema de produção, ainda passíveis de revisão.

3. Resultados e Considerações Finais

Com base nas estimativas de custos previstas para a safra de


2008-09, verifica-se que, no caso da cultura irrigada, o item de maior
peso na formação do pomar é o Material Consumido, que engloba
despesas com mudas, análise de solo, adubo e fertilizantes, além de
inseticidas e fungicidas, totalizando 66,7% do custo operacional total.
Já na manutenção da cultura adulta irrigada, o item que mais onera o
custo de produção é o de Despesas com Operações em função dos gastos
de mão de obra, sobretudo a contratada em regime de empreita para
as operações de poda de manutenção e colheita, totalizando 70,1% do
COT. Apenas os gastos com empreita de mão de obra para a colheita
totalizam 53,0% do custo operacional total.
Para o cálculo da Receita Bruta Total auferida com a cultura
irrigada, utilizou-se o preço médio vigente na safra de 2007-2008, de
R$ 0,27 por quilo de goiaba. Deduzindo-se desse valor, que atinge R$
37.800,00 por hectare, o custo operacional total de R$ 12.438,89 por
hectare, obtém-se um resíduo excepcional, devido ao bom preço alcan-
çado na safra 2007-08, o qual deverá cobrir as demais despesas indiretas
da propriedade e remunerar os demais fatores fixos de produção — terra,
capital aplicado em máquinas e benfeitorias e o empresário. Note-se
que, mesmo considerando um preço menor para a safra de 2008-09, de
R$ 0,20 por quilo da goiaba, ainda assim, o resíduo obtido permanece
positivo, garantindo a cobertura dos fatores de produção.
A garantia de uma remuneração satisfatória, nesse caso, deve-se,
em essência, à produtividade do pomar, que, através da boa condução
Custo de implantação e produção da goiabeira no Estado de São Paulo 117

da cultura e da poda dirigida, permite obter duas colheitas a cada três


anos. Os dados acima apresentados consideraram uma safra e meia
por ano.
No sistema de produção sem irrigação, os resultados são mais
modestos em termos de valor do resíduo obtido a partir do 5º ano de
produção. Ainda assim, é positivo, garantindo a cobertura dos fatores
de produção, conforme os custos estimados para a safra de 2007-2008.
O grande diferencial desse sistema em relação ao sistema irrigado está
na produtividade, superior nesse último.
Para o produtor, é importante saber qual o menor preço a que
pode vender sua produção para cobrir as despesas realizadas que, na
metodologia aqui utilizada, corresponde ao COE por unidade e que,
na literatura econômica, conforme Leftwich (1997), corresponde ao
custo variável médio. No caso da produção do sistema sem irrigação,
esse preço corresponde a R$ 0,13 por quilo e, no sistema irrigado, a
R$ 0,08 por quilo.
Tabela 2. Estimativa de custo operacional de formação da cultura de goiaba para indústria, ‘Paluma’, por hectare,
118

espaçamento 7,0x 6,0 m, Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR- CATI) de Taquaritinga, Estado de
São Paulo, 1º ANO, 2007/2008.
Bemelmans, P. F. et al.

Continua...
Custo de implantação e produção da goiabeira no Estado de São Paulo 119

... continuação Tabela 2


Tabela 3. Estimativa de custo operacional de formação da cultura de goiaba para indústria, ‘Paluma’, por hectare,
120

espaçamento 7,0 x 6,0 m, EDR - CATI de Taquaritinga, Estado de São Paulo, 2º ANO, 2007/2008
Bemelmans, P. F. et al.
Tabela 4. Estimativa de custo operacional de formação e renda da cultura de goiaba para a Indústria, ‘Paluma’, 208
plantas, Espaçamento 7,0 x 6,0m, Produção de 728 cx. (16380 kg), EDR - CATI de Taquaritinga, São Paulo,
3º ANO, 2007/2008.
Custo de implantação e produção da goiabeira no Estado de São Paulo
121
122 Bemelmans, P. F. et al.

Tabela 5. Estimativa de custo operacional e renda da cultura de goiaba


para a indústria, 238 plantas, por hectare, ‘Paluma’, espa-
çamento de 7,0 x 6,0 m, produção de 833 cx. (18742 kg),
EDR - CATI de Taquaritinga, Estado de São Paulo, 4º ANO,
2007/2008.
Custo de implantação e produção da goiabeira no Estado de São Paulo 123

Tabela 6. Resumo da estimativa de custo operacional e renda da cul-


tura de goiaba para a indústria, apresentado nas tabelas 2,
3, 4 e 5.
Ano Custo Operacional RBT Líquido
1º 2438,19 -
2º 1222,18 -
3º 3210,85 4095,00
4º 4937,51 4685,63
Depreciação
Total 11808,73 8780,63 201,87
anual do pomar
Fonte: Instituto de Economia Agrícola.
124 Bemelmans, P. F. et al.

Tabela 7. Estimativa de custo operacional e renda da cultura de goiaba


para a indústria, ‘Paluma’, 238 plantas, por hectare, espaça-
mento de 7,0 x 6,0 m,
Tabela 8. Estimativa de custo operacional de formação da cultura de goiaba, para indústria, ‘Paluma’, por hectare,
espaçamento 7,0 x 5,0 m, região de Vista Alegre do Alto, Taquaritinga e Monte Alto, Estado de São Paulo,
1º ano, 2008/2009
Custo de implantação e produção da goiabeira no Estado de São Paulo
125

Continua...
... continuação Tabela 8
126
Tabela 9. Estimativa de custo operacional de formação da cultura de goiaba para indústria, ‘Paluma’, por hectare,
espaçamento 7,0 x 5,0 m, Região de Vista Alegre do Alto, Taquaritinga e Monte Alto, Estado de São Paulo,
2º ano, 2008/2009
Bemelmans, P. F. et al.
127
Tabela 10. Estimativa de custo operacional de formação da cultura de goiaba para indústria, ‘Paluma’, por hectare, es-
128

paçamento 7,0 x 5,0 m, Região de Vista Alegre do Alto, Taquaritinga e Monte Alto, Estado de São Paulo, 3º
ano, produção de 90 t, 2008/2009
Custo de implantação e produção da goiabeira no Estado de São Paulo

Continua...
Bemelmans, P. F. et al. 129

... continuação Tabela 10


Tabela 11. Estimativa de custo operacional de manutenção da cultura de goiaba para indústria, ‘Paluma’, por hectare,
130

espaçamento 7,0 x 5,0 m, Região de Vista Alegre do Alto, Taquaritinga e Monte Alto, Estado de São Paulo,
4º ano, produção de 140 t, 2008/2009.
Custo de implantação e produção da goiabeira no Estado de São Paulo

Continua...
Bemelmans, P. F. et al. 131

... continuação Tabela 11


132 Custo de implantação e produção da goiabeira no Estado de São Paulo

Tabela 12. Resumo da estimativa de custo operacional de manutenção


da cultura de goiaba para indústria, ‘Paluma’, por hectare,
espaçamento 7,0 x 5,0 m, Região de Vista Alegre do Alto,
Taquaritinga e Monte Alto, Estado de São Paulo, 2008/2009,
apresentado nas tabelas 8, 9 e 10.
Ano COT RBT Líquido Depreciação
1º 3881,80 -
2º 1932,25 -
3º 7983,81 24300,00
Total1 13797,86 24300,00 -10502,14 -525,11

1º 3881,80 -
2º 1932,25 -
3º 7983,81 18000,00

Total 2
13797,86 18000,00 -4202,14 -210,11
1
Considerando-se preço de R$0,27/kg
2
Considerando-se preço de R$0,20/kg
Fonte: Dados da pesquisa

4. LITERATURA CITADA

BEMELMANS, P. F.; ROCHA, M. B. Goiaba para indústria: custos de


formação e manutenção do pomar em 2002/03. Conjuntura, São Paulo.
Disponível em: <http://iea.sp.gov.br>. Acesso em 01 dez. 2002.
LEFTWICH, R. H. O sistema de preços e a alocação de recursos. 8.
ed. São Paulo: Pioneira, 1997. 452p.
MATSUNAGA, M.; BEMELMANS, P. F.; TOLEDO, P. E. N. de;
DULLEY, R. D.; OKAWA, H.; PEROSO, I. A. Metodologia de custo
de produção utilizado pelo IEA. Agricultura em São Paulo, São Paulo,
v.23, n.1, p.123-139. 1976.
MELLO, N. T. C. de; ARRUDA, S. T. ; CHABARIBERY, D.; CAMAR-
GO, J. R. V. de; RIBEIRO JÚNIOR, D. Proposta de nova metodologia
de custo de produção do Instituto de Economia Agrícola. São Paulo:
SAA/IEA, 1988. 13p. Disponível em: < http://www.iea.sp.gov.br/out/
verTexto.php?codTexto=10706>.
ROCHA, M. B.; BEMELMANS, P. F. Goiaba para indústria: estabilida-
de de preços requer controle severo de custos. Conjuntura, São Paulo.
Disponível em: <http://iea.sp.gov.br>. Acesso em 06 dez. 2005.
133

Capítulo 5

COMERCIALIZAÇÃO DE GOIABA
NO MERCADO NACIONAL
Helio Satoshi Watanabe1

1. A Goiaba no Mundo e no Brasil

Segundo dados estatísticos da Organização das Nações Uni-


das para Agricultura e Alimentação – FAO (2009), que contabiliza os
dados de manga (Mangifera indica L.), goiaba (Psidium guajava L.) e
mangostão (Garcinia mangostana L.) em conjunto, o mundo produziu
em 2007 mais de 33 milhões de toneladas das três frutas tropicais. Das
três frutas, a manga é a mais expressiva em valor e quantidade.
No Brasil, a produção anual em 2007 foi de 316 mil toneladas
de goiabas, com área plantada de aproximadamente 15 mil ha, sendo
ao Estado de São Paulo o maior produtor, com 4,2 mil ha, seguido dos
Estados de Pernambuco, com 3,8 mil ha, e Minas Gerais, com 0,89 mil
ha, sendo à maior parte destinada a indústria (IBGE-2007).
A goiaba é uma fruta tropical, originária da América Tropical,
encontrada em todas as regiões do Brasil. A produção para consumo in
1
Engenheiro Agrônomo do Centro de Qualidade em Horticultura (SECQH) da Com-
panhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), Av. Dr. Gastão
Vidigal, 1946, Vila Leopoldina, São Paulo - SP; CEP: 05316-900.
E-mail: hwatanabe@ceagesp.gov.br
134 Watanabe, H. S.

natura teve grande impulso no início da década de 70, principalmente


com os fruticultores familiares de origem japonesa, radicados nos Es-
tados de São Paulo e Rio de Janeiro, que implantaram pequenas áreas,
utilizando modernas técnicas produtivas, como seleção de cultivares,
poda, raleio e ensacamento de frutos, seleção e classificação, propor-
cionando melhorias significativas na qualidade, fator essencial para
se obter sucesso na comercialização de qualquer produto. No caso da
goiaba, os produtores obtiveram resultados econômicos significativos
em pequenas áreas e, como conseqüência, foi a ampliação de área e
adesão de novos produtores em diversas regiões do País, mas princi-
palmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ambos com maior
área de plantio e consumo de goiaba in natura no Brasil.
O cultivo da goiaba, até o início da década de 80, era inexpres-
siva, e só existiam algumas cultivares com características produtivas e
qualitativas que não atendiam às exigências dos produtores e consumi-
dores. Diante desse cenário, alguns produtores tradicionais de origem
japonesa procuraram, por iniciativa própria, através de seleção massal,
plantas que apresentavam características agronômicas produtivas, re-
sistentes a doenças, facilidades na condução, frutos grandes, melhor
conservação e saborosos. O trabalho persistente de alguns produtores
deu resultados com o surgimento de cultivares como a Kumagai, Sas-
saoka, Ogawa nº1, nº2 e nº3, Pedro Sato, Cascuda de Pariquera-Açu e
Iwao, e quase todas ainda permanecem sendo cultivadas em várias partes
do País. Vale lembrar que a Universidade Estadual Paulista, Câmpus
de Jaboticabal, na década de 80, lançou as variedades Paluma e Rica,
com dupla finalidade – indústria/ mesa, e, recentemente, a variedade
século 21.
As cultivares comercializadas no mercado, quase na sua tota-
lidade, foram introduzidas, ao longo dos anos, pelos próprios produto-
res.
Entretanto, a sua caracterização na comercialização não faz jus
a esta diversidade de cultivares. Isto promove o não reconhecimento
dos esforços de melhoramento, visto que, quando os atacadistas, os va-
rejistas e os consumidores são questionados sobre a cultivar da goiaba,
percebemos que a única informação existente é quanto à coloração de
polpa, branca ou vermelha.
Comercialização de goiaba no mercado nacional 135

2. Preferências do Consumidor de Acordo com


a Cor da Polpa

Como diz o ditado, “gosto não se discute”. No caso da goiaba


para consumo in natura, os consumidores brasileiros têm preferência
pela goiaba de polpa vermelha e, no mercado externo, a goiaba de polpa
branca.
As razões da preferência da polpa vermelha vão desde a cor
mais atraente, melhor para fazer doces e sucos e também pela facilidade
de visualizar a presença de bichos.
Segundo dados históricos da Seção de Economia e Desenvol-
vimento da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado
de São Paulo (SEDES-CEAGESP), a valoração no atacado da goiaba
de polpa vermelha sempre foi melhor do que a de polpa branca.

Tabela 1. Preços Históricos da Goiaba de Polpa Vermelha e Branca

Polpa Vermelha (R$/kg) Polpa Branca (R$/kg)


Mês
2007 2008 2007 2008

Janeiro 1,8 2,1 1,21 1,44


Fevereiro 1,64 1,92 1,13 1,38
Março 1,68 1,87 1,19 1,34
Abril 2,08 2,11 1,48 1,46
Maio 2,16 1,97 1,59 1,43
Junho 2,12 2,25 1,51 1,46
Julho 2,63 2,70 1,87 1,82
Agosto 2,56 2,62 1,77 1,79
Setembro 2,19 2,94 1,46 2,09
Outubro 2,17 3,01 1,45 2,18
Novembro 2,18 2,97 1,49 2,15
Dezembro 2,36 2,88 1,65 1,98
Média 2,13 2,45 1,48 1,72

Fonte: SEDES-CEAGESP (2008)


136 Watanabe, H. S.

De acordo com a Tabela 1, o preço médio, em 2007, da goiaba


de polpa vermelha foi 43,92% maior do que a de polpa branca e, em
2008, foi de 42,44%. Historicamente, a goiaba de polpa vermelha sem-
pre obteve melhores preços, e a diferença diminui em relação à polpa
branca no período de maior oferta. No mercado atacadista do Rio de
Janeiro, a preferência sempre foi da goiaba de polpa vermelha, sendo
que a participação da goiaba de polpa branca é muito pequena. Já em
São Paulo à preferência também é pela goiaba de polpa vermelha, mas
a goiaba de polpa branca tem participação expressiva.

3. Quantidades Produzidas e Valor da


Produção no Brasil

Tabela 2. Quantidade produzida e valor da produção por unidade da


federação, no Brasil, em 2007.
Produção Participa- Valor (Mil Participa-
Unidade da Federação
(t) ção % Reais) ção %
Pernambuco 103.108 32,60 58.365 30,91
São Paulo 102.965 32,55 62.106 32,89
Goiás 15.565 4,92 4.271 2,26
Bahia 14.774 4,67 7.468 3,96
Minas Gerais 12.992 4,11 10.660 5,65
Rio de Janeiro 11.995 3,79 5.982 3,17
Espírito Santo 10.413 3,29 6.502 3,44
Distrito Federal 9.709 3,07 10.194 5,40
Ceará 6.195 1,96 3.686 1,95
Pará 5.092 1,61 2.424 1,28
Paraíba 4.852 1,53 1.792 0,95
Rio Grande do Norte 3.815 1,21 2.198 1,16
Paraná 3.797 1,20 3.580 1,90
Piauí 2.731 0,86 1.992 1,06
Outros 1.880 0,59 7.586 4,02
Total 316.301 188.806 100
Fonte: IBGE (2009)
Comercialização de goiaba no mercado nacional 137

O Brasil colheu, em 2007, de acordo com o Instituto Brasileiro de Ge-


ografia e Estatística – IBGE (2009), 316.301 toneladas de goiaba, cujo
valor da produção foi de 188, 086 milhões de reais. A grande parte dos
pomares da produção de goiaba está concentrada nas regiões Nordeste
e Sudeste, com grande destaque para os Estados de Pernambuco e São
Paulo (Tabela 3), com 65% da produção total e, para consumo in natura,
desde a década de 80, o plantio e o consumo estão concentrados nos
Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Os principais mercados atacadistas de goiaba in natura, em
2007, segundo dados do PROHORT (2009), ocorreram nas Centrais de
Abastecimento (CEASAS) do Grande Rio, Grande São Paulo, Campinas
e Grande Belo Horizonte.

4. A Goiaba no ETSP da CEAGESP

O Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) da Companhia


de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) comer-
cializou 10.610 toneladas de goiaba em 2007, ou aproximadamente
3,2 % da produção nacional (indústria e Mesa). Em 2008, este volume
aumentou para 11.726 toneladas (SIEM CEAGESP, 2009). Há uma
pequena divergência de dados com o Programa Brasileiro de Moderni-
zação do Mercado Hortigranjeiro – PROHORT (2009), que aponta uma
comercialização de 12.689 toneladas para o mesmo ano (Tabela 4). Se-
gundo o PROHORT (2009), a comercialização no ETSP da CEAGESP
movimentou 35,02 milhões de reais em 2008, e o total nas CEASAs
monitoradas pelo sistema foi de 60,2 milhões de reais. É necessário
lembrar que importantes centrais, como o Mercado do Produtor de
Juazeiro e as demais CEASAs nordestinas ainda estão fora do sistema.
A comercialização de goiaba no entreposto paulistano acaba sendo um
ótimo retrato da produção brasileira, e pelas suas características de di-
versas origens, pelo grande volume comercializado e pela localização
no mercado mais exigente do País, a central de abastecimento é um
local adequado para o monitoramento e entendimento da comerciali-
zação e também de problemas que ocorrem na pós-colheita (Gutierrez,
2005).
De toda a remessa de produto que chega ao ETSP da CEAGESP,
138 Watanabe, H. S.

é recolhida na portaria uma via da nota fiscal que, posteriormente, é


encaminhada ao setor de codificação da Seção de Economia e Desen-
volvimento (SEDES), onde são digitados, codificados e inseridos em um
banco de dados com os seguintes itens: produto, variedade ou cultivar,
município, unidade da federação de origem, embalagem e atacadista
de destino. Este banco de dados é denominando Sistema de Informação
de Mercado ou SIEM-CEAGESP.

Tabela 3. Quantidade de goiaba comercializada em 2008 nas centrais


de abastecimento que fazem parte do Programa Brasileiro de
Modernização do Mercado Hortigranjeiro – PROHORT.
Central Quantidade (t)
CEAGESP –SP UNID. GDE. SAO PAULO 12.689
CEASA-MG UNIDADE GRANDE BH 4.745
CEASA CAMPINAS 2.877
CEASA-ES GRANDE VITÓRIA 1.864
CEASA-RJ UNID. GRANDE RIO 1.608
CEASA-PR UNID GRANDE CURITIBA 1.249
CIA. REG. DE ABAST. INT. S.ANDRÉ 391
CEASA-PR UNIDADE LONDRINA 310
CEASA-MG UNIDADE JUIZ DE FORA 236
CEASA-MG UNIDADE UBERABA 126
CEASA-MG UNID. BARBACENA 81
CEASA-MG UNIDADE VARGINHA 81
CEASA-MG UNIDADE UBERLÂNDIA 81
CEASA-PR UNID. FÓZ DO IGUAÇU 47
CEASA-MG UNID. GOV. VALADARES 35
CEASA-PR UNID. CASCAVEL 34
CEASA-PR UNIDADE MARINGÁ 25
CEASA-MG UNID CARATINGA 16
CENTRAL ABAST. PATOS DE MINAS 7
CEASA-MG UNIDADE ITAJUBÁ 0,10
Fonte: PROHORT (2009)
Tabela 4. Principais municípios no envio de goiaba ao ETSP da CEAGESP em 2007 e 2008.
Município 2007 (t) P. (%) Ordem 2008 (t) P. (%) Ordem Variação (2009/08)
Valinhos (SP) 3.708 31,94 1 3.000 24,11 2 -19,09
Vista Alegre do Alto (SP) 2.592 22,33 2 4.364 35,07 1 68,32
Campinas (SP) 1.820 15,67 3 1.685 13,54 3 -7,42
Pirangi (SP) 1.174 10,11 4 881 7,08 4 -24,89
Paranapanema (SP) 320 2,76 5 197 1,58 9 -38,62
Atibaia (SP) 307 2,64 6 300 2,41 6 -02,19
Monte Alto (SP) 263 2,27 7 399 3,20 5 51,43
Piracaia (SP) 217 1,87 8 173 1,39 10 -20,60
Itu (SP) 203 1,75 9 212 1,71 8 4,48
Mogi das Cruzes (SP) 191 1,65 10 265 2,13 7 38,62
Outros 814 7,01 967 7,77 18,87
Comercialização de goiaba no mercado nacional

Total 11.609 100,00 12.442 100,00


Fonte: SIEM-CEAGESP (2009)
139
Tabela 5. Estados produtores no envio de goiaba ao ETSP da CEAGESP em 2007 e 2008
140

Variação
Estado 2007 (t) P. (%) Ordem 2008 (t) P. (%) Ordem
(2008/2007)

São Paulo 11.524 99,25 1 12.235 98,33 1 6,17

Paraná 42 0,36 2 125 1,01 2 197,62

Minas Gerais 38 0,33 3 79 0,64 3 107,89

Pernambuco 0,38 0,05 4 1,50 0,01 4 2,95


Watanabe, H. S.

Outros 6,00 0,01 5 0,74 0,01 5 -87,67

Total 11.610,38 100,00 12.441,24 100,00

Fonte: SIEM-CEAGESP (2009)


Comercialização de goiaba no mercado nacional 141

Em 2007 e 2008, o ETSP da CEAGESP recebeu goiabas de


67 municípios de 4 estados brasileiros que foram comercializadas por
138 atacadistas (SIEM-CEAGESP, 2009). Os principais municípios
de origem (Tabela 4) representam de maneira perfeita as principais
regiões produtoras. Estes dados confirmam a excelente condição do
ETSP como local representativo e adequado ao estudo e entendimento
da comercialização de goiabas no Brasil. São Paulo é a principal origem
das goiabas no entreposto de São Paulo (98,33%), seguida por Paraná
(1,01%), Minas Gerais (0,64%) e Pernambuco (0,01%).
Há uma concentração excessiva da comercialização em poucos
atacadistas. Em 2008, mais de 142 atacadistas comercializaram goiabas,
e o maior deles vendeu 14,8 por cento do total. E os sete maiores
somados chegam a mais de cinquenta por cento do mercado. Portanto,
ainda há uma razoável quantidade de potenciais compradores de goiaba
no mercado atacadista de São Paulo.
Quanto às cultivares mais comercializadas no ETSP, são a
Kumagai, Pedro Sato, Sassaoka, Cascuda de Pariquera-Açu, Paluma
e Chinesa, com predominância da Kumagai na polpa branca e Pedro
Sato na polpa vermelha.
No ETSP, a quantidade comercializada de goiaba de polpa
vermelha vem aumentando de forma ascendente nos últimos anos, com
queda significativa na goiaba de polpa branca (Figura 2).
Os preços médios de comercialização no atacado são
diretamente proporcionais às qualidades das variedades, no entanto o
preço das duas variedades de goiabas teve oscilação em determinado
ano; porém, em 2008, a goiaba vermelha teve excelente recuperação e
leve na goiaba branca (Figura 1).
142 Watanabe, H. S.

Figura 1. Evolução do preço médio real (corrigido pelo IGP-M) e


ponderado ao longo do ano para as duas variedades de goiaba
comercializada no ETSP da CEAGESP

Figura 2. Evolução da quantidade comercializada no ETSP da


CEAGESP, em caixa de papelão ondulado de 3 kg, das duas
variedades mais importantes.
Comercialização de goiaba no mercado nacional 143

5. Valoração de Goiabas no Mercado Atacadista

5.1. Oferta e Demanda


Valoração é o ato ou efeito de valorar, de determinar a qualidade
ou o valor de algo (Houaiss, 2000). O valor monetário das goiabas e
de outros produtos hortícolas no mercado in natura é resultado do
equilíbrio entre a oferta e a demanda e a sua qualidade. Primeiro se
discutirá a importância da oferta e da demanda, depois como os fatores
qualitativos influenciam na formação dos preços.
A cotação de preços da CEAGESP é feita diariamente pela equipe
da Seção de Economia e Desenvolvimento (SEDES), nos principais
atacadistas de cada produto, para o qual é solicitado e registrado o
preço de venda “menor”, “comum” e “maior” de cada cultivar e de cada
classificação. Posteriormente, é feita uma média ponderada de acordo
com a quantidade comercializada de cada comerciante pesquisado, e o
resultado são os preços publicados diariamente no site da CEAGESP e
em diversos veículos de comunicação. Como é uma média esta cotação,
quando confrontada com os dados de quantidade do SIEM-CEAGESP ,
mostra como a oferta e a demanda se interagem na formação do preço
médio. Ao contrário de outras frutas, como o abacaxi e os citros, as
curvas de preço e oferta da goiaba parecem demonstrar que a demanda
não é muito influenciada pelo clima, ou seja, não há um grande aumento
de procura nos dias quentes nem uma diminuição brutal nos dias mais
fritos. A curva de preço espelha quase que perfeitamente a curva de
quantidade adentrada no entreposto (Figuras 3 e 4).

Figura 3. Quantidade adentrada versus preço de atacado da Goiaba de


Polpa Vermelha, em caixa de papelão ondulado de 3 kg, no
ETSP da CEAGESP em 2008.
144 Watanabe, H. S.

Figura 4. Quantidade adentrada versus preço de atacado de goiaba


de polpa branca, em caixa de papelão ondulado de 3 kg, no
ETSP da CEAGESP em 2008.

5.2 Fatores Qualitativos

As goiabas, como qualquer outro produto fresco, quando são


destinadas para o mercado in natura, não podem ser consideradas
uma commodity. Segundo a Wikipedia (2009), commodity é um
produto amplamente disponível, oferecido para comercialização, de
características homogêneas e facilmente reconhecíveis pelos agentes
comerciais. As frutas e hortaliças, justamente pela grande variação
das suas características qualitativas e outros valores que podem ser
adicionados, como, por exemplo, o tipo de sistema de produção, jamais
podem ser consideradas uma commodity. Exemplo de commodities
são os minérios, como os de ferro e cobre, e grãos, como a soja. E por
este motivo, a formação dos valores de comercialização não pode ser
explicada unicamente pela oferta e demanda. A qualidade das frutas é
fator de grande e vital importância. E é justamente na sua diferenciação
onde estão as maiores oportunidades de se obterem preços maiores.
A qualidade pode ser entendida como aquilo que determina a
natureza de algo, uma característica distintiva que o faz sobressair em
relação aos outros (Houaiss, 2000). Para as frutas, o que determina a
Comercialização de goiaba no mercado nacional 145

sua qualidade e excelência é a sua adequação a um determinado uso.


Isto exige a medida dos seus atributos de qualidade, que são os atributos
sensoriais (coloração, formato, gosto, aromas, sabor), o valor nutritivo,
os constituintes químicos, as propriedades funcionais e até seus defeitos
(Abbot, 1999).
No caso das goiabas, os fatores que determinam sua qualidade,
levantados a partir de entrevistas com agentes de comercialização
no ETSP da CEAGESP, são principalmente a cultivar, o estádio de
maturação, a coloração, o formato, o tipo ou calibre, a qualidade da
classificação e a sanidade e conservação pós-colheita.
As características dos diversos compradores de goiaba no
atacado e o seu entendimento fornecem base para se entender melhor
a formação de preços e o negócio de frutas no mercado atacadista de
São Paulo e do Brasil.
As melhores frutas são adquiridas, normalmente, por
ambulantes, frutarias, quitandas e os bons sacolões. Entende-se como
sacolão uma modalidade, um varejo que tem as frutas e hortaliças
ocupando a maior área de venda, mas também vendem outros perecíveis,
como carnes, pescado e laticínios, além de produtos industrializados
de conveniência. Os sacolões procuram trabalhar com uma qualidade e
uma diversidade maior que os supermercados, investem na orientação
ao consumidor e têm nestas características a maior força de atração. Os
sacolões funcionam em bairros de diversas camadas sociais, mas sempre
com este método de trabalho, com variações apenas na sofisticação
das instalações. Alguns supermercados pequenos e médios também
adquirem boas frutas, buscando uma seção de frutas e hortaliças mais
atrativa. É justamente aí que mais eles podem se diferenciar-se das
grandes redes.
As grandes corporações de varejo, em uma primeira análise,
teriam todo o potencial de venda para as frutas e deveriam adquirir as
de melhor qualidade. Nas suas instalações, o consumidor tem confortos,
como estacionamento, ar-condicionado, facilidade do pagamento com
cartões, segurança e, rotineiramente, já frequenta as lojas para a compra
de diversos itens. No entanto, a estratégia comercial dominante tem
sido de usar as frutas e hortaliças de baixo preço como atrativo. São os
chamados “feirões”, onde grandes quantidades de produtos de baixo
preço e de qualidade inferior são oferecidas a preços convidativos. As
146 Watanabe, H. S.

redes ainda carecem de compradores com conhecimento mais profundo


do produto, da sua valoração, das suas características qualitativas.
Nas lojas, faltam funcionários capacitados para o manejo, são feitas
pilhas altas nas gôndolas e não há gente com conhecimento para
orientar o consumidor. Algumas grandes redes possuem programas de
origem certificada, e nestas operações trabalham com frutas de melhor
qualidade, porém continua o entrave da falta de mão de obra mais bem
treinada nas lojas.
Uma tendência recente é a terceirização da seção de frutas
e hortaliças ou FLV (frutas, legumes e verduras), das melhores
lojas das grandes e médias redes de supermercados para atacadistas
especializados. Eles têm conseguido montar melhores seções,
principalmente pela compra melhor e um melhor manuseio, orientação
e degustação nas lojas. Todavia as grandes redes supermercadistas, pela
sua distribuição no território e pelo grande número de lojas não devem
ser desprezadas como pontos de incremento do consumo, desde que
se consigam ajustar os métodos de trabalho. A melhor operação com
frutas e hortaliças certamente causaria um grande impacto positivo nas
cadeias produtivas de frutas e de hortaliças.
Os feirantes são a categoria mais eclética de compradores,
ainda são os responsáveis por boa parte da venda de frutas e hortaliças
na Grande São Paulo. Somente no município de São Paulo há mais de
900 feiras e são montadas nos mais diversos bairros. O feirante compra
as mais diversas qualidades e calibres, dependendo do local onde vai
montar sua barraca e da clientela que vai atender. A grande dificuldade
dos feirantes tem sido o horário de funcionamento e a sua adequação
as normas de saúde pública. Eles têm o diferencial de serem grandes
conhecedores do produto e saberem convencer o cliente através de
abordagens, degustação, entre outras técnicas. Vários sacolões têm
contratado ex-feirantes como funcionários.
A maior parte da compra das melhores frutas é feita por varejistas
que possuem contato com o consumidor, como bons feirantes, sacolões,
terceirizadores de seções de supermercados e até mesmo ambulantes
e vendedores de semáforos. Estes varejistas, através de estratégias,
como degustação, esclarecimentos, simpatia, entre outras, conseguem
facilmente conquistar o consumidor para que adquiram o produto, que
mesmo sendo mais caro, irá causar-lhe muito mais satisfação.
Comercialização de goiaba no mercado nacional 147

5.3. Novas Tendências

Há a tendências de os fruticultores que mais se empenhem para


atender os consumidores, sejam mais exigentes e também os de maior
sucesso. A experiência tem mostrado que estes produtores vendem por
um preço mais alto, para clientes mais confiáveis, e no caso de excesso
de oferta, há maior facilidade para o escoamento dos produtos.
O crescimento de varejos do tipo dos sacolões que baseiam
sua estratégia de vendas na orientação e conquista do consumidor
através de degustações e orientações, tem criado um novo e interessante
mercado para produtores que buscam associar sua marca e reputação
a frutas de alta qualidade e principalmente saborosas. Boa parte dos
consumidores é de origem urbana e não conhece o sabor de uma fruta
de alta qualidade, saborosa e colhida no ponto adequado. Quando o
consumidor experimenta uma fruta assim, quase sempre é conquistado,
mesmo que tenha de pagar um preço mais alto. E se ele tiver a referência
para buscar novamente aquela fruta, ou seja, uma marca, são muito
grandes as possibilidades de sucesso.
Em busca de agradar ainda mais o consumidor, alguns
produtores de goiabas estão colhendo frutos maduros, colocando
redinhas de proteção nos frutos e utilizando embalagens que dão
melhor proteção. É necessário mais cuidado e há um aumento de custos,
porém a aceitação do consumidor urbano, ávido por frutas saborosas,
tem sido excelente. É o tipo de produto que necessita da parceria de
bons atacadistas e varejistas para dar certo, o crescimento tem sido
constante.
De maneira geral, os produtores de grande sucesso no mercado
passam pelas seguintes etapas:
1. Conhecimento das características qualitativas responsáveis por
melhor aceitação do consumidor final e no mercado atacadista.
2. Plantio em região com características climáticas adequadas e a adoção
de um sistema de produção que possibilite chegar o mais próximo
possível das características desejadas.
3. Associação do nome do produtor ou de sua marca a um produto de
alta qualidade.
4. Dispor de um sistema de informação que permita visualizar
constantemente as diferenças de preços de diversas qualidades de
148 Watanabe, H. S.

produto.
5. Ter um agente confiável no mercado de destino.

6. Venda no Mercado Atacadista do ETSP -


CEAGESP

Goiaba ‘Tailandesa’ embalada individualmente em caixa de papelão e


Cultivar Paluma embalada em caixa plástica no mercado atacadista
de São Paulo.

7. Principais Cultivares Comercializadas no ETSP


- CEAGESP
Comercialização de goiaba no mercado nacional 149

8. LITERATURA CITADA

ABOTT, J. A. Quality measurement of fruits and vegetables.


Postharvest Biology and Technology, Pullman, v. 15, n. 1, p. 207-
225, 1999.
150 Watanabe, H. S.

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations.


Statistical Databases. Disponível em: <http://faostat.fao.org/default.
aspx>. Acesso em: 25 jun. 2009.
GUTIERREZ, A. S. D. Danos mecânicos pós-colheita em pêssego
fresco. 2005. 124f. Tese (Doutorado em Produção Vegetal) - Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo,
Piracicaba, 2005.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção agrícola
municipal. Banco de Dados Agregados do IBGE, Sistema IBGE de
Recuperação Automática - SIDRA. Disponível em: <http://www.sidra.
ibge.gov.br/bda/acervo/acervo2.asp?e=v&p=PA&z=t&o=10>. Acesso
em: 10 jul. 2009.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; MELLO FRANCO, F. M. Dicionário
Houaiss de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 2922
p.
PROHORT – Programa de Modernização do Mercado Hortigranjeiro.
Informações gerencias. Disponível em: <http://dw.prohort.conab.gov.
br/pentaho/Prohort>. Acesso em: 8 jul. 2009.
SIEM CEAGESP: sistema de informação de mercado da companhia
de entrepostos e armazéns gerais de São Paulo (CEAGESP). São
Paulo: CEAGESP, Seção de Economia e Desenvolvimento, 2009. Não
publicado.
WIKIPEDIA. Commodity. 2006. Disponível em < http://en.wikipedia.
org/wiki/Commodity>. Acesso em: 25 jul. 2009.
151

Capítulo 6

FRutas, Polpas e Sucos:


Exportações de Acordo com
as Exigências do Mercado
Internacional - Demandas e
Entraves
Moacyr Saraiva Fernandes1

1. Introdução

As exportações de frutas brasileiras, suas polpas e sucos, sem


dúvida, caracterizam-se como excelentes oportunidades comerciais
para a cadeia produtiva das frutas.
As frutas, juntamente com legumes e hortaliças, produtos lácteos
e carnes brancas formam a base da alimentação humana saudável de
acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde.
Em decorrência a demanda internacional para as frutas e os seus
derivados é crescente, podendo favorecer o Brasil pela sua capacidade
de produção de frutas em volume e diversidade, devido à multiplicidade
de condições edafoclimáticas existentes no País e, fundamentalmente,
1
Diretor Presidente do Instituto Brasileiro de Frutas – IBRAF, Av. Ipiranga, n° 952,
12° andar, São Paulo – SP, CEP: 01040-906. E-mail: ibraf@ibraf.org.br
152 Silva, S. H. M. G. da, et al.

à disponibilidade de terras para a expansão da exploração da fruticul-


tura.
O Brasil é atualmente um dos três maiores produtores de frutas,
superando 43 milhões de toneladas em 2008, segundo levantamentos
da FAO. Isto representa cerca de 8,8% da produção mundial, e, desta
forma, estamos apenas atrás da China e da Índia, respectivamente.
O Brasil produz frutas tropicais, subtropicais e temperadas.
Cerca de 500 variedades de plantas em nosso território produzem fru-
tas comestíveis, das quais 220 espécies frutícolas nativas somente na
Amazônia.
Em termos do mercado global de frutas frescas, a produção
mundial está por volta de 488 milhões de toneladas, dos quais cerca
de 369 milhões correspondem a países em desenvolvimento, segundo
a FAO.
Da produção acima estimada, 434 milhões de toneladas são
comercializadas nos mercados internos dos países produtores (89% da
produção) e apenas 54 milhões de toneladas são comercializados no
mercado internacional, ou seja, 11% da produção global.

Fonte: Elaboração IBRAF, com dados da FAO e ITC.

Os dados acima apresentados merecem muita reflexão, porque


têm-se acumulado nos últimos 45 anos desenvolvimentos e tecnologias
no campo da fruticultura. Apesar de esta disponibilidade de conheci-
mentos, infelizmente, não ser acessível a muitos países pobres e também
a muitos produtores pequenos, os avanços têm permitido evoluções
importantes no aumento da produtividade
Fert-goiaba: software para recomendação de calagem e adubação para goiabeira... 153

Notam-se universalmente esforços para explorar mais áreas com


frutas e produção de mais espécies frutícolas. Os países em desenvolvi-
mento, principalmente, têm tentado expandir suas produções de frutas
para ofertar no mercado internacional, utilizando-se das exportações
para melhorar seus ganhos econômicos, como uma alternativa, muitas
vezes, estratégica por muitas nações pobres.
Em decorrência, a oferta mundial de muitas frutas está quantita-
tivamente tornando-se uma superoferta, pois devido a vários motivos,
nos países desenvolvidos, principalmente o consumo per capita de
frutas frescas vem declinando,estando sendo substituído pelos derivados
processados mais convenientes e práticos para o estilo de vida moderno
das grandes cidades.
Contudo, com frutas frescas ou polpas e sucos, os consumidores,
os agronegócios de distribuição e as instituições públicas de pratica-
mente todos os países, mostram mais preocupação pela qualidade, pela
segurança dos alimentos e, por extensão, pelos produtos frutícolas.
Isto vem exigindo por parte dos exportadores:
Confiança: deve ser transmitida de cada um dos segmentos da
cadeia ao seguinte, seja uma indústria, seja um serviço de alimentação,
seja o consumidor final.
Controle: em todos os segmento, é importante o controle dos
processos/produtos e isto deve ser assegurado a todos.
Rastreabilidade: é fundamental por permitir conhecer em qual-
quer momento desde a origem até o consumidor final, os processos e
etapas pelas quais passou o produto.
Responsabilidade: os agentes intervenientes na cadeia produti-
va devem cumprir a legislação vigente, nos países onde operam e nos
países de destino de seus produtos.
Respeito à Sociedade: é fundamental dar uma resposta a esta
demanda da sociedade (segurança dos alimentos), desenvolvendo
ferramentas para obter produtos que ofereçam garantias máximas ao
consumidor.
Finalizando, por outro lado, o papel do Brasil no mercado in-
ternacional de frutas e derivados, apesar de importante, com poucas
exceções, como melões, exemplificando frutas frescas e suco con-
centrado de laranja, exemplificando frutas processadas, ainda está em
desenvolvimento. O direcionamento estruturado agroexportador da
154

fruticultura brasileira é recente. Os avanços significativos começaram


em 1998 com o início do apoio institucional e financeiro sistematizado
da APEX - Brasil.
O quadro que abaixo apresentamos indica-nos o destino da
produção brasileira de frutas e os respectivos direcionamentos para a
agrocomercialização de frutas frescas e de agroindustrialização.

As exportações de frutas frescas em 2008 atingiram o patamar de


724,2 milhões de dólares (FOB), correspondendo a 888.098 toneladas.
Quanto às polpas e sucos, as exportações corresponderam a 2,2 bilhões
de dólares (FOB), equivalente a 1,4 bilhão de toneladas.

2. O Mercado Internacional de Frutas Frescas


155

2.1. Principais Frutas Representativas de Clima Temperado

2.1.1. Frutas de Caroço


O grupo frutas de caroço reúne pêssegos, nectarinas, ameixas,
damascos e cerejas.
• A família das frutas de caroço produz 34 Mt mundialmente, sendo
17,5 Mt de pêssegos e nectarinas; 10 Mt de ameixas; 3,5 Mt de da-
mascos, e 3 Mt de cerejas.
• Damascos, cerejas e algumas variedades de ameixa não são produ-
zidas no Brasil.
• Os pêssegos e nectarinas mostram uma tendência crescente de sua
produção de 14 a 17,5 Mt em 6 anos (+ 28%).
• A produção de ameixas nos últimos 6 anos cresceu 6%.
• Entre os pêssegos, cresce o consumo de polpa. O consumo de pêssego
in natura está estabilizado, e o consumo de pêssego em conserva está
em declínio.
• Quanto à produção de pêssegos e nectarinas, o maior produtor é a
China (7,8 Mt), seguido da Itália (1,7 Mt) e da Espanha (1,2 Mt).
• A China (4,6 Mt) é o maior produtor de ameixas, seguindo-se a Tur-
quia (0,86 Mt) e a Romênia (0,56 Mt).
• Quanto aos pêssegos e nectarinas, 74% das exportações são feitas
intraeuropa.
• Cerca de 3% da produção mundial são comercializados no mercado
internacional de frutas frescas.
• Entre os principais países exportadores de pêssegos e nectarinas,
destacam-se em 2005: a Itália (0,42 Mt), a Espanha (0,39 Mt), o Chile
(0,12 Mt) e os EUA (0,11 Mt).
• Entre os principais países exportadores de ameixas, destacam-se: o
Chile (0,1 Mt), a Espanha (0,09 Mt) e os EUA (0,06 Mt)..
• Não há sinergia e compatibilidade entre variedades de pêssego para
comércio in natura e para indústria.
• Não há estatísticas oficiais brasileiras referentes às produções de
várias variedades de ameixas.
• Entre os principais demandantes de pêssegos e nectarinas frescos
(base 2006), temos a Alemanha (0,27 Mt), a França (0,14 Mt), o Reino
Unido (93 mil toneladas), a Itália (78 mil toneladas) e a Federação
Russa com 132 mil toneladas, que representam 52% do mercado
156

mundial destas frutas.


• Entre os principais demandantes de ameixas frescas (base 2006), te-
mos o Reino Unido (65 mil toneladas), a Alemanha (47 mil toneladas),
a Federação Russa (60 mil toneladas) os EUA (31 mil toneladas).
Estes países representam 51% do mercado mundial.
• Para os produtores brasileiros de pêssegos e nectarinas frescas, a
França, a Federação Russa, a Bélgica, a Suécia e o Brasil estão
classificados como mercados de crescimento sustentado dinâmicos
para importação destas frutas e, portanto, os mercados mais atrativos
para o setor.
• Para os produtores brasileiros de ameixas frescas, a Federação Russa,
a França, o Brasil, a Dinamarca, a Suíça, a Suécia e Portugal estão
classificados como mercados de crescimento sustentado para impor-
tações destas frutas e, portanto, são os mercados mais atrativos para
os agronegócios deste segmento.

Dificuldades e Oportunidades
• As variedades para mesa e para processamento são diferentes.
• Atualmente, não existem tanto no Brasil quanto no exterior, variedades
adequadas ao processamento.
• A demanda para polpa de pêssego no Brasil é crescente, e a oferta
não atende às necessidades.
• A demanda crescente no Brasil por frutas frescas de caroço está bem
caracterizada como uma oportunidade comercial.
• As pesquisas para desenvolver e adaptar variedades estão bem enca-
minhadas, necessitando apenas de ações mais dinâmicas e recursos
para tornar seus resultados visíveis.
• No Brasil, a demanda por ameixas para sucos/polpas ainda é inexis-
tente e, no mercado internacional, limitada.
• Algumas variedades de ameixa podem servir tanto para a industria-
lização, como para o mercado in natura.
• A grande demanda e o grande nível de comercialização de derivados
da ameixa estão focados nas ameixas secas (desidratadas).

2.1.2. Maçãs
• Quarta fruta mais produzida (atrás da banana, laranja e uva).
• Produção mundial estável por volta de 60 milhões de toneladas.
157

• São produzidas em países de clima temperado, mas novas variedades


têm sido introduzidas em países e/ou regiões mais quentes.
• A China é destacadamente a maior produtora do mundo (46 milhões
de toneladas na safra 2006/07).
• Turquia, Iran e Índia são produtores importantes, mas suas produções
são absorvidas em grande parte pelos mercados internos.
• Os EUA, a França, a Alemanha, a Itália e a Rússia seguem a China
como principais produtores.
• No Hemisfério Sul os principais produtores são Chile, Argentina,
Austrália, Brasil, Nova Zelândia e África do Sul.
• Menos de 10% da produção mundial são comercializados no mercado
internacional de frutas frescas.
• A maior parte das trocas comerciais internacionais é entre mercados
de proximidade.
• Os líderes em exportação de maçã são China, França, EUA, Chile,
Itália, Nova Zelândia e África do Sull.
• O Brasil, com 0,86 MT em 2006, é o 10° produtor mundial, junta-
mente com o Japão.
• Entre os principais demandantes de maçãs frescas (base 2006), temos
Reino Unido (0,53 Mt), Alemanha (0,70 Mt), Federação Russa (0,81
Mt), Holanda (0,37 Mt) e México (0,20 Mt). Em conjunto, represen-
tam 44% do mercado mundial.
• Para negociantes brasileiros de maçã, a Federação Russa, Canadá,
França, Suécia, Irlanda, Lituânia, Arábia Saudita, Portugal e Brasil
estão atualmente identificados como mercados de crescimento sus-
tentado dinâmicos, pois o aumento das importações de maçãs no
período de 2002 a 2006 é superior ao crescimento das importações
de frutas de uma maneira geral. Desta forma, estes são os mercados
mais atrativos prioritários para a maçã..

Dificuldades e Oportunidades
• As principais dificuldades residem em:
- Custo elevado de produção;
- Instabilidade climática nas principais regiões produtoras, promovendo
quebra de safras e perda de qualidade dos frutos;
- Concentração dos plantios em poucas variedades.
• As principais oportunidades residem em:
158

- As principais variedades plantadas conseguiram a preferência do


consumidor brasileiro;
- As variedades exploradas, principalmente a Gala, também têm-se
mostrado adequadas para quase todos os mercados mundiais;
- O Brasil poderá plantar maçãs em outras regiões menos frias, visando
inclusive aos plantios para exploração de sucos concentrados;
- Quanto ao comércio internacional, temos uma boa janela nos merca-
dos do Hemisfério Norte.

2.1.3. Frutas Vermelhas


O grupo de frutas vermelhas, cujos componentes principais
são os morangos, framboesas, amoras, mirtilos e cranberries, e numa
menor escala, groselhas e cassis, é um conceito mais comercial do que
botânico.
Considerações Gerais
• Do ponto de vista do consumidor, a procura pelas frutas vermelhas
é estreitamente ligada à tendência de procura pelos alimentos fun-
cionais.
• Em nossa visão do futuro, para cada uma das frutas vermelhas, o
consumo in natura representará cada vez mais apenas a ponta do
iceberg da demanda.
• A maior parte da demanda será para derivados de frutas vermelhas
como sucos e frutas congeladas e não para as frutas frescas, isto
porque as frutas vermelhas são muito delicadas e muitas delas com
uma vida média de prateleira muito curta.
• Na sua totalidade as frutas vermelhas são candidatas a ingressar no
grupo que hoje é denominado de Superfrutas.
• A produção mundial das frutas vermelhas está aumentando de uma
forma global nos últimos 6 anos.

Morangos
• A produção mundial de morangos atingiu, em 2006, o patamar de 4,1
Mt, com taxas de crescimento discrepantes de 65% nas Américas,
sem crescimento na Europa e 22% na Ásia.
• O morango, independentemente de variedades, é produzido em quase
todos os países com clima favorável, sendo que a América do Norte
participa com 31,4% da produção, a Europa com 28,3%, a Ásia com
159

23,3%, a América Central com 4,7%, a América do Sul com 2,1% e


outros continentes/regiões com 10,1% da produção mundial.
• Os três principais produtores mundiais são: EUA com 1,3 Mt em
2006, Espanha com 0,33 Mt e Rússia com 0,22 Mt.
• A produção brasileira de morango, em 2007, atingiu o volume de
18.100 toneladas, sendo aproximadamente 53% em Minas Gerais.
• As trocas internacionais a respeito do morango representam apenas
15% do total produzido por todos os países.
• Os principais países exportadores são, respectivamente, a Espanha
com 248 mil toneladas em 2006, EUA com 111 mil toneladas e o
México com 71 mil toneladas.
• O mercado internacional e as trocas comerciais são mais importantes
através do morango congelado do que com os frutos in natura.
• Em 2007 o volume comercializado de morango congelado totalizou
421 mil toneladas, equivalente a US$ 500 milhões.
• Entre os principais demandantes de morangos frescos (base 2006),
temos a França (117 milhões de toneladas), Canadá (85 mil toneladas),
Alemanha (91 mil toneladas), Reino Unido (48 mil toneladas) e EUA
(69 mil toneladas). Representam 63% do mercado mundial.
• Para os exportadores brasileiros de morangos frescos, Canadá, França,
Reino Unido, EUA, Federação Russa, Dinamarca, Noruega, Suécia,
Irlanda e Portugal estão classificados como mercados de crescimento
sustentado dinâmicos e, portanto, são os mercados mais atrativos para
os agronegócios deste segmento.

Framboesas e Amoras
• A produção mundial de framboesas e amoras é de aproximadamente
1,1 Mt por ano e cresceu nos últimos 6 anos cerca de 20%.
• As framboesas e amoras são cultivadas no Oriente Médio, na Ásia,
na Europa, na América Latina e na América do Sul.
• O principal produtor é o Iran com 211,8 mil toneladas/ano, seguin-
do-se a Federação Russa com 175 mil toneladas/ano, a Sérvia e
Montenegro com 112 mil toneladas/ano e o Vietnam com 106 mil
toneladas/ano.
• A produção de framboesas e amoras no Brasil ainda é pequena e
concentrada no Rio Grande do Sul, na região de Vacaria.
• Segundo Emater/RS, na região, em 2007, foram cultivados 105 hec-
160

tares de amora, que geram 700 toneladas de frutas e de framboesas,


11 hectares geram 65 toneladas de frutas.
• A comercialização internacional de framboesas e amoras frescas
em 2005 atingiu 61.929 toneladas, o que representa apenas 5,4 da
produção mundial.
• A maior parte da comercialização é feita através de derivados proces-
sados como frutas congeladas e polpas para atender à forte demanda
da indústria global de alimentos.
• Entre os principais demandantes de framboesas e amoras frescas
(base 2006), temos Estados Unidos (25.000 toneladas), Reino Uni-
do (10.000 mil toneladas), Canadá (11.600 toneladas), Alemanha
(13.000 toneladas) e Holanda (9.000 toneladas). Representam 74%
do mercado mundial.
• Para os produtores brasileiros de framboesas e amoras frescas, EUA,
Reino Unido, Canadá, França, Japão, Irlanda, Suécia, Noruega e
Luxemburgo estão classificados como mercados de crescimento
sustentado dinâmicos.
• Infelizmente, os Estados Unidos e o Japão ainda não permitem a entra-
da de framboesas e amoras brasileiras por motivos fitossanitários.

Cranberries e Mirtilos
• Produção mundial de cranberries e framboesas é hoje de aproxima-
damente 621.317 toneladas/ano.
• Os principais países produtores são os EUA e o Canadá, que detêm
em conjunto 88% da produção mundial.
• Na América do Sul o cultivo de mirtilos avança rapidamente no Chile,
Argentina e no Brasil.
• No Brasil, segundo a Emater/RS, começa a desenvolver-se o cultivo
do mirtilo e já existem 30 hectares que geraram, em 2007, cerca de
60 toneladas. O cranberry não é cultivado em nosso país.
• A comercialização internacional de cranberries e mirtilos, em 2005,
atingiu o patamar de 124,424 toneladas, o que representou 20% da
produção mundial.
• Praticamente toda a comercialização de cranberries é feita através de
derivados processados.
• Quanto aos mirtilos, em boa parte, também são comercializados
congelados ou em forma de sucos.
161

• Tanto o cramberry quanto o mirtilo são frutas já consideradas provi-


soriamente Superfrutas, principalmente pelo alto teor de componentes
antioxidantes.

Dificuldades e Oportunidades
• As dificuldades de tratar com frutas vermelhas no Brasil têm a ver
com a sua fragilidade e falta de organização dos produtores.
• Porém, temos vantagens se decidirmos explorar os mercados derivados
de frutas vermelhas, em franco crescimento e com boa remuneração.
• Contudo, nesta situação de mercado favorável, os agronegócios que
fomentarem e organizarem a produção das frutas frescas, tanto para
o mercado in natura como principalmente para o mercado de proces-
sados, terão grandes vantagens sobre eventuais concorrentes.

2.1.4. Uva de Mesa


• A cultura da uva é uma das mais antigas da humanidade. Dependendo
das variedades, são consumidas frescas, desidratadas, em forma de
sucos e também como vinhos.
• A uva, de modo geral, é a segunda fruta mais produzida no mundo
entre as fruteiras perenes.
• A produção mundial de uvas aumentou 6,3 milhões de toneladas
nestes últimos 6 anos, passando de 60,8 Mt para 67,1 Mt; 10% de
crescimento em volume global.
• A uva é plantada em todos os continentes.

Percentual da Produção Mundial por Continente


Continente Percentual
Europa 41,4%
Ásia 22,5%
América 9,1%
América do Sul 9,9%
Oriente Médio 7,5%
Oceania 3,2%
África do Sul 2,3%
Outros 4,0%
Fonte: ACE - Associed Consultants in the Fruit Industry - Janeiro 2008.
162

• Itália, França, China, Espanha e EUA são os 5 maiores produtores,


representando 51,3% de produção mundial.
• O Brasil, com um total, em 2007, de 1,3 milhão de toneladas, repre-
senta aproximadamente 1,8% da produção mundial.
• A cultura perene de clima temperado foi adaptada no Brasil ao clima
tropical semiárido do Vale do São Francisco com sucesso, mas com
um custo elevado.
• Mais de 50% dos cultivos no Vale do São Francisco, atualmente,
correspondem a variedades sem sementes.
• Segundo a Embrapa Uva e Vinho, do total de uvas produzido no
País, 47% é destinado ao processamento e 53% para o mercado in
natura.
• Segundo o USDA, os cinco maiores produtores atualmente de uva
de mesa são, respectivamente, China, Turquia, Itália, Chile e EUA,
totalizando 12 Mt toneladas/ano.
• São representativas as produções do Brasil (718 mil toneladas) e da
África do Sul (436 mil toneladas/ano).
• Segundo produtores e organismos internacionais, o custo de mão de
obra para manejo e para a colheita da uva de mesa está tornando a
atividade deficitária e somente países com custo de mão de obra mais
baixo poderão continuá-la.
• Quanto à produção de uva-passa, todos os tipos aumentaram, nestes
últimos 6 anos, 5%, chegando a 1,95 Mt, equivalente a aproximada-
mente 12,5 Mt de uvas frescas. Observa-se que a produção de uva-
passa absorve 18% da produção mundial de uvas frescas.

Resumo do Destino da Produção Global de Uvas 2006


Cresciemnto da
Equivalente a
Destino Quantidades Demanda
Uvas Frescas
2001-2006
Uvas-Passas 1,95 Mt 12 Mt 5%
Uvas Vinífe- 27,8 Mt
41 Mt 5,5%
ras (vinho e suco)
Uvas de Mesa 14 Mt 14 Mt 31%
Total - 67 Mt -
Fonte: ACE - Associed Consultants in the Fruit Industry - Janeiro 2008.
163

• A comercialização internacional de uvas de mesa, em 2006, atingiu o


patamar de 3,5 Mt, equivalente a 25% da produção mundial.
• Os principais exportadores de uva de mesa, considerando 2006,
são Chile (3,5Mt), EUA (0,91 Mt), Itália (0,41 Mt), África do Sul
(0,28Mt) e Holanda (0,16 Mt), que representam 66% das exportações
mundiais.
• O Brasil é atualmente o 9° maior exportador de uva de mesa com um
crescimento médio anual de 22% no período de 2002 a 2006, o que
é bastante expressivo.
• Em contrapartida nosso País é totalmente dependente do mercado
externo para suprimento de uva-passa.
• Em 2007, importamos 18, 85% mil toneladas de uva-passa por 24,5
milhões de dólares.
• Entre os principais demandantes de uvas frescas (base 2006), temos
EUA (0,60 Mt), Alemanha (0,33 Mt); Reino Unido (0,27 Mt), Federa-
ção Russa (0,33 Mt) e Holanda (0,26 Mt). Representam em conjunto
58% das importações mundiais.
• Para os exportadores brasileiros de uvas frescas, os mercados de
crescimento sustentado dinâmicos, abaixo discriminados, são os
mercados mais atrativos para nossos agronegócios da uva.

Mercados Atrativos
EUA China
Reino Unido Noruega
Países Baixos (Holanda) Suíça
Federação Russa Áustria
Canadá Dinamarca
França Indonésia
Bélgica Suécia
Representam 67% do Mercado Mundial

• Dos mercados atrativos, infelizmente, ainda não podemos entrar no


mercado Chinês por restrições fitossanitárias.

Dificuldades e Oportunidades
• As principais dificuldades residem em:
- Complexidade da sua produção;
164

- Necessidade de mão de obra especializada que é cara e escassa;


- Dificuldades de os pequenos produtores organizarem-se para
comercialização, buscando com o volume de escala melhores
condições comerciais;
- Para os mercados de longa distância, que são de contraestação,
as janelas são muito estreitas e arriscadas;
• As principais oportunidades rendem:
- O aumento dos plantios de variedades sem semente;
- Possibilidade de explorar junto com a comercialização de frutas
frescas, uvas-passas que atualmente no Brasil são integralmente
importadas;
- Apesar das janelas estreitas, o mercado de uvas frescas está em cres-
cimento nos mercados atrativos, permitindo sempre oportunidades
comerciais.

Oportunidades Gerais para as Frutas de Clima Temperado


Existe um bom Potencial de Crescimento, como:

• Possibilidades de aumento da produção de todas as frutas de clima


temperado;
• Aumento do cultivo de variedades demandadas pelo mercado inter-
nacional;
• Crescimento de consumo interno de frutas;
• Aumento dos produtores com certificações pela qualidade;
• Frutas Orgânicas;
• Novos mercados como Leste Europeu, Países Árabes, Sudeste Asi-
ático e China;
• Expansão do cultivo de frutas temperadas em novas regiões e logis-
ticamente mais competitivas;
• Aumento do cultivo de uvas sem sementes que predominam no
mercado americano;
• Tendência de oferta de frutas com melhor qualidade para os mercados
interno e externo;
• Potencialidade de aumento de competitividade internacional.

Barreiras e Dificuldades
Não são poucas as barreiras que dificultam a expansão compe-
165

titiva da fruticultura brasileira de clima temperado:

• Baixo consumo de frutas comercializadas no Brasil;


• Normas e exigências diferentes;
• Barreiras fitossanitárias;
• Aumento da concentração dos agronegócios: nos mercados interno
e externo;
• Custos de produção altos e pouca tradição no mercado internacional;
• Fruticultura Brasileira de Clima Temperado;
• Falta de análise empresarial para a competitividade;
• Baixa capacitação dos pequenos produtores;
• Ausência de Sistemas de Organização para comercialização competitiva;
• Conhecimento insuficiente dos mercados e nichos.

2.2. Principais Frutas Representativas de Clima Tropical

2.2.1. Abacaxi
Dos 5 grandes grupos botânicos de abacaxis conhecidos, o
“Cayenne”, o “Spanish”, o “Queen”, o “Pernambuco” e o “Mordilo-
nus”. A cultivar “Smooth Cayenne”, do primeiro grupo, dominava a
produção mundial até meados dos anos 90, constituía a quase totalidade
do comércio internacional in natura, e era a variedade apropriada para
as conservas.
Três novidades apareceram nos mercados internacionais nos
últimos 15 anos:
• Os novos híbridos desenvolvidos pelas multinacionais, Del Monte
com seu “Gold” e Dole com o MD2 (provavelmente idênticos), de
tamanho similar ao smooth cayenne, muito mais doce, com polpa
fortemente alaranjada.
• Uma cultivar do grupo “Queen”, chamada “Victória” , de tamanho
médio de 400 g, sem parte fibrosa no meio, está conquistando uma
pequena fatia dos mercados muito “exóticos” da Europa,
• O nosso Pernambucano, ou Branco-Pérola, está começando a ser aceito
em alguns mercados da Europa, como Portugal, Espanha e França.
• A produção mundial de abacaxis está por volta de 18, 2 milhões de
toneladas.
• De acordo com dados do IBRAF, a Ásia é a maior produtora (49,7%);
166

seguindo-se a América do Sul (20,2%); África (14,6%); América


Central (12,2%) e outras regiões (2,9%).
• As exportações de abacaxis frescos são relativamente modestas em re-
lação à produção, totalizando 2,0 Mt, ou 9% da produção mundial.
• As exportações de abacaxis in natura sofreram uma profunda mudan-
ça de variedade nos últimos 15 anos, passando da Smooth Cayenne
para as híbridas (tipo MD2).
• Os principais mercados importadores atualmente são os países da
União Europeia (49,7%); América do Norte (33,6%), Ásia (13,6%)
e outras regiões (3,1%).

Principais Players (países/empresas)


• A Del Monte é o principal player mundial na produção e comercia-
lização do abacaxi fresco e pré-cortado fresco.
• O fato de a empresa ter investido no Brasil é altamente positivo para
o crescimento dessa atividade aqui.
• Dole e Chiquita fizeram a mesma coisa que a Del Monte, na Costa
Rica e em outros países da América Latina (Honduras, Guatemala,
Nicarágua, Equador...).
• O líder mundial das exportações de abacaxis frescos é, hoje, a Costa
Rica, com mais de 1,2 milhão de toneladas exportadas em 2007.

Questões Sanitárias e Outras Barreiras


Não há questão sanitária ou barreira específica ao comércio de
abacaxi no mundo.

Cenários para as Exportação Brasileiras de Abacaxi


Quatorze mercados em conjunto representam 73,9 % das compras
mundiais e classificam-se como mercados em crescimento sustentado.

Mercados de Crescimento Sustentado / 2002 - 2006


Estados Unidos Bélgica Holanda
Reino Unido Canadá Japão
Espanha Coreia do Sul Suíça
Federação Russa Áustria Dinamarca
Suécia Noruega
Fonte: IBRAF - 2009.
167

Destes todos, com exceção da Federação Russa, são considerados


Mercados de Crescimento Sustentado Dinâmicos.

As Dificuldades e as Oportunidades
Dificuldades
• A variedade mais cultivada ainda no Brasil é pouco conhecida e apre-
senta dificuldades de penetração no mercado internacional.
• Existe falta de organização da produção e comercialização, que obriga
quem deseja atuar no mercado a investir senão nela, pelo menos em
“paking houses” localizados nas áreas de produção, como forma de
possibilitar a canalização das frutas de pequenos e médios produtores,
destinando-as para o mercado fresco e para transformação.
• Necessidade de reconverter variedades buscando as mais conhecidas
e aceitas pelo consumo internacional.
• Baixo nível de produtividade no Brasil em comparação com os prin-
cipais países concorrentes.
• Inexistência de modelos de exploração, integrando mercado fresco
e derivados industrializados para maximizar o aproveitamento dos
frutos e melhorar o aproveitamento da produção agrícola.

Oportunidades
• A nossa variedade Branco-Pérola, pela existência de sabor, se for
bem divulgada e promovida, poderá ganhar nichos importantes e de
bom valor agregado.
• Se considerarmos os Mercados de Crescimento Sustentado e os
Mercados Esforçados, eles representam 89,5% das compras mun-
diais e, portanto, um enorme mercado potencial para as exportações
brasileiras.
• Existe forte crescimento das demandas interna e externa de abacaxis
frescos e pré-cortados (minimamente processados), com níveis inte-
ressante de remuneração.
• Temos domínio tecnológico para adequar variedades, para atender
rapidamente as demandas internacionais.
• O mercado orgânico equitativo ainda modesto cresceu como outros
frutos de forma sustentada, caracterizando um nicho importante.
• As tendências de demanda para as polpas e concentrados estão cres-
cendo ainda mais aceleradamente que para as frutas frescas.
168

• O efeito sinérgico muito forte permite uma recomendação de ser ana-


lisado pelos “players”, com o investimento na agroindustrialização
primária do abacaxi.

2.2.2. Banana
• Sem entrar nas classificações botânicas, existem dois tipos de bana-
nas, as ditas de sobremesa, mais “nobres” comercialmente, e as para
cozinhar, muitas vezes consideradas como culturas de subsistência
local.
• Grande parte do comércio internacional está concentrada nas bananas
nobres e restrita praticamente às variedades do grupo “Cavendish”.
• As bananas para cozinhar são chamadas no Brasil de “bananas-da-
terra”, classificação popular que cobre diversas variedades. Essas
bananas são importantes em termos de produção mundial (33 Mt.)
e são essenciais para a nutrição das populações locais em todos os
países.
• Embora existe um pequeno comércio internacional de bananas
para cozinhar, ele representa menos de 3% das exportações totais
de bananas. Essas bananas são chamadas de “plantain” (inglês) ou
“plátanos” (espanhol).
• A produção mundial de banana está estimada em 67,2 milhões de
toneladas, segundo a FAO.
• As exportações de bananas tipo “Cavendish” (banana nanica) repre-
sentam 23% da produção total, 16,2 Mt. de exportação sobre 67,1
Mt. de produção. As exportações de bananas- da-terra (459 mil t.)
representam apenas 1,3% da produção de 33,9 Mt., e pouca impor-
tância econômica.
• Os principais mercados importadores são os países da União Europeia
(47%); os países da América do Norte (30,4%); Ásia (13,5%); Oriente
Médio (5,5%) e países da América do Sul (3,6%).

Principais Players (países/empresas)


• As três multinacionais americanas, Del Monte, Chiquita e Dole, dão
as cartas da atividade “bananas” no mundo.
• Elas continuam tendo um grande poder, dominando a comercialização,
atividade que elas reforçam a cada dia, incorporando outras frutas
na sua oferta, mais serviços aos clientes, e mais que tudo, escala que
169

permite abastecer os gigantes varejistas mundiais que se tornaram os


verdadeiros “donos” do comércio.
• Não há questões sanitárias que venham atrapalhar as operações da
cadeia da banana no mundo.
• As barreiras tarifárias existem na Europa, elas mudaram em 2006 de
um sistema de quotas para um sistema apenas tarifário, mais equita-
tivo, porém com valor de €176/t. o que está sendo considerado muito
alto pelos países fornecedores.

Cenários para Bananicultura Brasileira de Exportação


Treze mercados que, em conjunto, representam 58% das compras
mundiais, classificam-se como mercados em crescimento sustentado

Mercados de Crescimento Sustentado / 2002 - 2006


Estados Unidos Federação Russa Reino Unido
Japão Coreia do Sul França
Holanda Dinamarca Áustria
China Espanha Suíça
Bélgica
Fonte: IBRAF - 2009.

Destes, Bélgica, Japão, Holanda, Áustria e Espanha são consi-


derados Mercados de Crescimento Sustentado Dinâmicos.

As Dificuldades e as Oportunidades
Dificuldades
• A dinâmica do comércio internacional de bananas frescas exige vo-
lume de escala para rentabilidades razoáveis;
• Mercado internacional de 1ª linha caracterizado (poucas empresas);
• Somente as bananas do grupo Cavendish têm atualmente grande
demanda pouco explorada no Nordeste, salvo Rio Grande do Norte
e Ceará;
• Uma nova empresa entrando no ramo e querendo adquirir frutas
para comercializá-las encontrará muitos obstáculos agrícolas pelas
empresas estabelecidas;
• Nível elevado de investimento necessário para atender às exigências
técnicas e de qualidade do mercado internacional.
170

Oportunidades
• Dos mercados analisados, não foram, até o presente momento, iden-
tificados mercados em retração;
• Os mercados atrativos (crescimento sustentado) e os mercados esfor-
çados representam 69% do mercado mundial;
• As variedades do grupo Cavendish, mais demandadas para o mer-
cado in natura, são também as mais demandadas para o mercado de
polpas;
• O mercado de polpas está em crescimento e as tendências são de
crescimento para os próximos 10 anos;
• A exploração integral da banana (fruta fresca mais processamento)
está mostrando-se em nova tendência. É importante conferir;
• O mercado equitativo “fair play”, assim como o mercado para bananas
cultivadas biologicamente ( banana orgânica) ainda são pequenos,
mas vêm crescendo com sustentabilidade.

2.2.3. Manga

• Inúmeras variedades existem do ponto de vista da botânica, mas o


comércio distingue duas categorias: as mangas com coloração ver-
melha e as outras.
• As mangas vermelhas são as chamadas variedades “americanas”,
desenvolvidas na Flórida nos últimos 70 anos, como Haden, Tommy
Atkins, Keitt, Kent, Palmer, Edward, Irwin, etc... para citar as mais
divulgadas. A produção destas mangas está concentrada nas Américas
Central e do Sul, no Caribe, e, em quantidades menores, em alguns
países da África. Mais de 80% do comércio internacional de mangas
frescas do mundo ocidental são baseados nas mangas vermelhas.
• Nos últimos anos, a variedade Ataulfo foi plantada no México, expor-
tada com preço bem diferenciado para os EUA, duas a três vezesmaior
que o preço da Tommy Atkins. Essa manga ataulfo é amarela, oval,
oblonga, com polpa cremosa. A origem seria de Manilla.
• A variedade Tommy Atkins é a mais plantada no México e no Brasil e
a mais comercializada internacionalmente. Ela tem uma bela aparência
e é fácil de produzir, não tem muita alternância, fatos que explicam a
escolha de plantar essa variedade há 15 anos. Seus defeitos residem
na presença de fiapos na polpa e seu sabor pouco marcante.
171

• As preferidas dos consumidores ocidentais são a Kent e a Haden, e


nos EUA, a ataulfo. Em segundo lugar, a Keitt, a Irwin e a Edward,
e no Brasil, apenas a Palmer.
• A produção mundial de mangas está por volta de 30,7 milhões de
toneladas.
• A Ásia corresponde a 72,4% da produção mundial, seguida da América
Central, com 9,9%; a África Central com 7,1%; a América do Sul
com 6,5%, e outras regiões 4,2%, respectivamente.

Principais Players (países/empresas)


• Os maiores exportadores são México, Filipinas, Brasil e Equador...,
e as maiores regiões importadoras são América do Norte e Europa.
Na Ásia, ocorre uma troca entre vizinhos, mais de que exportações,
no sentido que nós costumamos dar à palavra.
• Existem grandes produtores, exportadores e importadores em cada
um desses países e regiões, mas nenhuma organização deles.
• Grandes empresas fazem tentativas de verticalização, da produção
“controlada” ou incentivada mais de que produção própria, até a
comercialização aos varejistas.
• É o caso da Del Monte, na Costa Rica, mas não no Brasil (que se
interessa, por enquanto, apenas pelo melão e o abacaxi), da Dole, da
Chiquita, também em alguns lugares especificos onde eles já têm uma
estrutura para a banana, ou ainda a Fyffes, para citar uma empresa
europeia no meio das americanas.

Questões Sanitárias e Outras Barreiras


• A presença de vários tipos de moscas no Brasil, e sua ausência em
países como os EUA ou o Japão, obriga os exportadores de frutas a
fazer tratamentos quarentenários para eliminar as moscas sob todas
as suas formas, se quiser exportar para estes países.
• Os protocolos técnicos são geralmente apresentados e discutidos de
governo a governo, e suas implantações e funcionamento são fisca-
lizados por eles.
• Para os Estados Unidos, com o tratamento quarentenário, podemos
exportar, em tese, todas as variedades.
• Para o Japão, só podemos exportar atualmente com tratamento a
manga Tomy Atkins.
172

• A autoridade sanitária japonesa já aprovou também a variedade Kent,


e sua liberação já está acertada também.
• Não há outras barreiras à exportação de mangas do Brasil, pelo me-
nos nos mercados tradicionais, América do Norte e Europa, que não
cobram impostos de importação sobre a manga brasileira.

Cenários para as Exportações Brasileiras de Manga em 2004-2008

Participação nas
Crescimento Crescimento
importações
País médio anual médio anual
mundiais
% Volume % Valor %
USA * 1,8 5,9 27,8
Holanda 15,2 26,6 16,2
França * 2,3 6,8 10,8
Reino Unido 11,2 23,8 10,7
Alemanha 12,2 19,4 9,3
China 9,2 19,2 8,0
Canadá 0,3 10,5 5,7
Japão * 4,0 10,4 5,3
Bélgica 17,5 33,5 4,3
Arábia Saudita * 3,3 7,2 2,9
Espanha * 11,1 12,4 2,6
Suiça 9,0 14,8 2,2
Noruega 26,0 41,2 1,2
Russia 24,0 43,0 0,8
Suécia 7,3 9,5 0,6
Dinamarca 15,5 25,3 0,6
República Checa * 14,3 21,1 0,3
Polônia * 40,2 38,6 0,2
Nota: (*) 2003-2007
Fonte: Base de dados IBRAF com dados do Comtrade.

Destes mercados, com exceção dos Estados Unidos, Holanda e


China, todos são extremamente dinâmicos. Dezoito mercados que, em
conjunto, representam mais do que 78% das compras mundiais, e no que
se refere às mangas, são classificados como Mercados em Crescimento
Sustentado.

As Dificuldades e as Oportunidades
Dificuldades
• A principal dificuldade para nossas exportações de manga é a ine-
quação das variedades às demandas, tanto em fruta fresca, quanto em
173

variedades para processamento.


• Apear de a China ser um dos mercados de crescimento sustentado e,
portanto, atrativo, não temos acesso por não termos ainda um acordo
fitossanitário entre o Brasil e a China.
• Os mercados estão cada vez mais segmentados quanto aos tipos de
manga, tanto para o mercado in natura e fundamentalmente para a
produção de polpas, néctares e outros produtos processados.
• As ofertas inadequadas de 1993 até os dias de hoje, no mercado in-
ternacional ocidental, com pontos de maturação inadequados (verdes)
e variedades com fibras, vêm dificultando o aumento de consumo da
manga.
• As trocas de mangas no mundo oriental, como são comercializadas
com maturação correta e variedades com menos fibras, promoveram
um consumo per capita muito maior que no ocidente.
• Praticamente só dispomos hoje, em grande escala, de uma só va-
riedade, que é a Tomy Actins, e que não é uma das variedades mais
buscadas.

Oportunidades
• Através de reconversão de pomares com outras variedades mais
demandadas, poderemos continuar expandindo nossa presença no
mercado internacional.
• Os mercados atrativos para a manga, ou seja, os mercados de cres-
cimento sustentado, somados aos mercados esforçados, representam
um grande potencial de demanda, pois representam 83% das compras
mundiais.
• Como para outras, o mercado de manga orgânica ou via mercados
equativos, apesar de ainda não representativo, cresce sustentada-
mente.
• A Alemanha (mercado esforçado) com importações de manga na base
de 6% ao ano, representam 5% do mercado mundial.
• Há uma oportunidade que tem ser analisada, que diz respeito aos
mercados interno e externo de derivados processados.
• Tanto no Brasil como no exterior, os sucos e drinques de frutas prontos
para beber vem crescendo a taxas médias anuais de 12% a 15%. Basta
adequarmos as variedades para estas demandas.
• Outros derivados, como mangas desidratadas (através de tecnologias
174

adequadas), vêm sendo testados com bons resultados no mercado


asiático, europeu e norte-americano pelos jovens que os consomem
com “snacks”.
• As exportações de manga estão estimadas em 0,92 milhão de tone-
ladas atualmente.
• Os principais mercados compradores são os países da América do
Norte e da União Europeia, demandando principalmente.
• Os quatro principais mercados são a América do Norte e a Europa,
demandando principalmente mangas vermelhas, a maioria provavel-
mente da América Latina, e o Oriente Médio e a Ásia, recebendo as
mangas amarelas, provavelmente da Ásia.
• O maior importador continua sendo os Estados Unidos que, em 2008,
importou o equivalente a US$ 303 milhões.
• Na União Europeia, o mais importante importador primário é a Holan-
da que, em 2008, importou 106,5 mil toneladas, equivalentes a US$
152,9 milhões. Contudo, em grande parte, as mangas são reexportadas
para outros países da UE, Oriente Médio, principalmente.

3. Mercado Internacional de Frutas Processadas


- Sucos e Polpas

O mercado mundial de sucos está praticamente concentrado na


América do Norte e Europa, que detêm 82% da comercialização global.
O Mercado Mundial de Sucos por Região em 2008

Fonte: IBRAF.
175

Panorama do Mercado Internacional para Sucos e Polpas Semie-


laborados
• Produtos concentrados e básicos vêm sendo substituídos por sucos e
polpas NFC e bases diferenciadas.
• Exigências crescentes no contrafluxo da cadeia:
- grande distribuição → transformação secundária → transformação
primária → produção agrícola.
• O interesse do segmento industrial pelos sucos de frutas nunca esteve
maior. Fusões, aquisições, parcerias e entrada de grandes empresas
neste negócio deverão ocorrer.
• Comércio mundial de sucos de frutas está por volta de 80 bilhões
de litros.
- Pequeno crescimento nos países desenvolvidos.
- Nos países em desenvolvimento e China, deverá dobrar até 2020.
• O aumento previsto do consumo médio global dos sucos, néctares e
drinques é de cerca de 4% ao ano até 2010. Isto equivale à necessidade
de oferta de oito bilhões de litros a cada ano, o que equivale ao incre-
mento correspondente à produção máxima de 16 fábricas de tamanho
médio em termos da agroindústria de processamento de frutas.

• Oferta e Demanda
• As exportações mundiais cresceram, de 1997 a 2008 (nove anos),
87%, atingindo em 2008 US$ 13,1 bilhões.
• Os países em desenvolvimento contribuíram, em 2008, com 38% das
exportações, aumentando sua participação.
• O Brasil, mais em função do suco concentrado congelado de laranja,
continua como o maior provedor de sucos do mundo, com 16,5% do
total, equivalente a US$ 2,15 bilhões em 2008.
• Outros países, como Argentina (limão, maçã e uva) e Tailândia (prin-
cipalmente abacaxi), vêm destacando-se entre os países em desenvol-
vimento como supridores mundiais de sucos e polpas.
• Entre os países desenvolvidos, os cinco maiores provedores, ou seja,
Bélgica, China, Alemanha, Holanda e Estados Unidos, foram respon-
sáveis por 38% das exportações (US$ 6,10 bilhões).
• As importações passaram de US$ 6 bilhões em 1997 para US$ 12,9bi-
lhões em 2008, o que corresponde a uma expansão significativa no
período.
176

• Os cinco principais compradores em 2006 (Alemanha, Estados


Unidos, Reino Unido, Países Baixos e França) absorveram 45% das
importações mundiais.
• Os indicadores acima são importantes, pois indicam uma ampliação
e diversificação de demandas internacionais.
• Quanto aos canais de distribuição, apesar das diferenças, dependendo
do mercado e do produto, predominam a interveniência de:
- Intermediários, normalmente importadores.
- Vendas diretas aos utilizadores finais.
• As oportunidades para o Sistema Agroindustrial de Polpas e Sucos
de Frutas são excelentes para o nosso País.

O Brasil é um dos poucos países que poderão suprir estas


evoluções de demandas se tivermos competência em nos
organizarmos e dispormos de um apoio institucional estruturado.

4. Entraves para Expansão das Exportações Bra-


sileiras das Frutas Frescas e Processadas

O comércio internacional para a Indústria Brasileira das Frutas


é extremamente importante. Da produção comercial de frutas no País,
31% têm como destino final os mercados externos como frutas proces-
sadas e frutas in natura.
Contudo, a expansão das exportações de frutas frescas e proces-
sadas está sendo dificultada por barreiras administrativas, técnicas e
fitossanitárias, dos governos dos países alvo da fruticultura brasileira.
Considerando o cenário internacional, onde o desequilíbrio finan-
ceiro é uma realidade, necessitamos de ações do governo brasileiro mais
eficazes, pois não podemos, nesta atual conjuntura, esperar melhorias
espontâneas nas relações comerciais dos mercados como o Brasil.
No presente documento, portanto, apresentamos uma exposição
de motivos, seguida de recomendações para ações institucionais do
governo brasileiro, emergenciais e pragmáticas.
177

4.1. Barreiras Tarifárias e Administrativas

4.1.1. Frutas Processadas


Devido ao progressivo estabelecimento de acordos de livre
comércio bilaterais e preferências tarifárias concedidas pelos SGPs
(Sistemas Gerais de Preferência) dos países desenvolvidos estamos
sendo alijados do mercado de polpas e sucos de frutas tropicais, prin-
cipalmente do grande mercado da União Europeia por concorrentes
como Colômbia, Equador, Costa Rica e México principalmente.
A tabela 1 indica o diferencial de tarifas de Importados sobre os
Derivados de Frutas devido ao SGPE de UE.
Tabela 1. Impactos sobre os derivados de frutas brasileiros, devido ao SPGE da União Europeia
178

Países do Pacto
Produto Código Andino e América Brasil Terceiros Países
Central
--------------------------------- Tarifa ---------------------------------

Polpa de Frutas Tropicais 0% 15% 15,00%

Suco de Abacaxi > 67 0% 33,60% 33,60%

Suco de Abacaxi ≤ 67 e >20 sem açúcar 0% 15,20% 15,20%

Suco de Abacaxi Brix ≤ 20 sem açúcar 0% 16,00% 16,00%

Suco de Abacaxi Brix ≤ 20 com açúcar 0% 15,20% 15,20%

Suco de Outras Frutas Tropicais Brix > 67 0% 21% 21%

Suco de Outras Frut. Trop. Brix ≤ 67 açúcar ≤ 30% em peso 0% 10,50% 10,50%

Suco de Out. Frutas Trop. Brix ≤ 67 (Exceto Goiaba) s/ açúcar 0% 11,00% 11%
0% + 12,9 10,5% + 12,9 10,5% + 12,9
Sucos de Maracujá e Goiaba Brix ≤ 67 açúcar 30% em peso
EUR/100 kg EUR/100 kg EUR/100 kg
0% + 12,9 10,5% + 12,9 10,5% + 12,9
Sucos de Outras Frut. Trop. * Brix ≤ 67 açúcar 30% em peso
EUR/100 kg EUR/100 kg EUR/100 kg
Suco de Goiaba Brix ≤ 67 sem açúcar 0% 11% 11%

Sucos de Outras Frutas Tropicais Brix ≤67 sem açúcar 0% 11% 11%
Fonte: IBRAF com dados TARIC da União Europeia
179

Em face da desigualdade acima apontada, praticamente o Brasil


já deixou de exportar suco concentrado de maracujá. Para suprir as
demandas internas das empresas de sucos e néctares que operam no
Brasil, cujo mercado cresce a taxas médias anuais de 15%, estamos
importando cerca de 5.000 toneladas de suco concentrado (50°Brix) de
maracujá ao ano. Isso porque as empresas de sucos prontos para beber e
néctares, devido à desvalorização do dólar, estão obtendo suprimentos
a menor custo no exterior
Verifica-se pelos dados da tabela acima que as exportações do
Brasil de sucos e frutas tropicais estão sujeitas ao pagamento de direi-
tos aduaneiros, variando de 33,6% a 10,5%, dependendo do produto,
enquanto nossos principais concorrentes, em função dos benefícios do
SGPE da EU, estão praticamente isentos de taxas alfandegárias.
Quanto aos impactos de negociações de livre comércio, analisa-
mos abaixo o México, que firmou um tratado de Livre Comércio com a
UE e comparamos o pagamento de direitos aduaneiros desse País com
o Brasil.

Tabela 2. Impactos sobre os sucos e polpas brasileiros devido a acordos


comerciais de concorrentes com a UE
Produtos México Brasil
Polpas de Frutas Tropicais 2,5 % 15 %
Suco de Abacaxi (60°Brix) 6,2 % 16 %
Outros Sucos de Frutas Tropicais 0,0 % 10,5 %
Fonte: IBRAF.

Ao analisarmos os dados da tabela anterior, verificamos a in-


viabilidade de competirmos com o México com produtos tropicais
produzidos por este País, em decorrência do tratado bilateral com a
União Europeia.
Para a fruticultura irrigada do Nordeste, uma das alternativas
para sua recuperação seria a reconversão de pomares de manga, hoje
destinados ao mercado de exportação de frutas frescas, para o mercado
de frutas processadas (polpas e sucos de manga). Porém isto somente
se tornará viável técnica e economicamente se houver uma substancial
180

redução das tarifas impostas ao Brasil para que possamos acessar o


mercado europeu.
Complementando no que se refere ao suco de abacaxi, nossas
exportações estão em declínio, apesar de ser uma das grandes oportu-
nidades que temos de expansão no mercado externo, pois temos um
produto diferenciado que é o suco de abacaxi branco (só disponível no
Brasil) e que apresenta uma franquia de preços sobre outras varieda-
des.
As Figuras 2 e 3 comprovam uma acentuada queda de 2004
para 2007 a taxas médias anuais de -19,5% em valor e -14,2% em
volume.

Figura 2. Evolução das exportações de suco de abacaxi concentrado


– Valor US$ FOB

Figura 3. Evolução das exportações de suco de abacaxi concentrado


– Volume toneladas
Fonte: Alice - Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior
181

Este declínio que poderá, segundo empresários do setor, levar à


inviabilidade de exportação deste importante produto, da mesma forma
que ocorreu com o suco de maracujá, é decorrente da valorização per-
sistente da nossa moeda, somando-se ao aumento de custo de produção
em Reais do abacaxi-fruta e do próprio custo do suco concentrado.
A redução de tarifas poderia ser uma das alternativas a que o
setor poderia recorrer para não inviabilizarmos as exportações defini-
tivamente.
É, de certa forma, bastante constrangedor que caminhemos para
a saída do mercado internacional de sucos de abacaxi, que hoje mo-
vimenta um volume de compras na ordem de US$ 500 milhões/ano e
com crescimento sustentado, de 2002 a 2006, a taxas médias anuais
representativas de 9%.
Por sua vez, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de
abacaxi, tendo produzido 2,6 milhões de toneladas em 2006. A cultura
está tecnificada, em franco desenvolvimento e boa parte dos plantios é
feita por pequenos produtores.
Dentro dos preceitos modernos de competitividade, os produtores
necessitam de, pelo menos, comercializar 20 a 30% de sua produção
com as agroindústrias para continuarem competitivos na comerciali-
zação dos frutos in natura no mercado brasileiro. Considerando que a
grande demanda do suco concentrado de abacaxi é o mercado externo,
a ociosidade industrial que se avizinha deverá acarretar custos maiores
aos produtores de frutas pelas perdas que terão pela frente, provocando
impactos negativos socioeconômicos representativos na zona rural, em
vários polos da fruticultura brasileira.

4.1.2. Frutas Frescas


Da mesma forma que vem ocorrendo com as frutas processadas,
o progressivo estabelecimento de acordos de livre comércio bilaterais e
somando-se as concessões feitas por países-alvo da nossa fruticultura,
através de seus Sistemas Preferenciais de Gestão (SGPs), estamos en-
contrando dificuldades em competir com algumas frutas, em igualdade
de condições, em mercados estratégicos como os dos países da União
Europeia.
A Tabela 3, através dos dados apresentados, comprova nossas
afirmações.
182

Tabela 3. Impactos sobre frutas frescas brasileiras devido ao SGPE


da União Europeia

Países do pacto andino e Terceiros


Produto Código Brasil
América Central Países

----------------------------- Tarifa -----------------------------


Abacaxi Fresco 0% 2,30% 5,80%
Abacate Fresco 0% 0,0% 4,0%
Limão Taiti Fresco 0% 8,90% 12,80%
Melão Fresco 0% 5,30% 8,80%
Melancia Fresca 0% 5,30% 8,80%
Fonte: IBRAF com dados TARIC da União Europeia

Observa-se que, para algumas frutas de nossa pauta de exporta-


ção, pagamos até 9,8% de direitos aduaneiros para acessarmos mercados
da União Europeia. Considerando que as margens de contribuição na
comercialização das frutas frescas em geral são muito baixas, taxas
como as acima apresentadas nos tiram a competitividade, pelo menos
nos períodos de oferta de nossos concorrentes.
Por outro lado igualmente, temos impactos negativos decorrentes
de acordos de livre comércio de nossos principais concorrentes com
a União Europeia, que é hoje o maior mercado para as frutas frescas
brasileiras, absorvendo 62 % das nossas exportações.
A Tabela 4 apresenta indicadores atestando a desigualdade de
condições para competirmos com algumas frutas-chave na União Eu-
ropeia.

Tabela 4. Comparativo de tarifas da União Europeia


Fruta Chile México África do Sul Brasil Outros
------------------------------ Tarifa --------------------------------
Abacaxi 0,00% 2,10% 1,90% 2,30% 5,80%
Limão 2,50% 0,00% 6,40% 8,90% 12,80%
Melão 1,70% 2,70% 2,80% 5,30% 8,80%
Melancia 1,70% 2,90% 2,80% 5,30% 8,80%
Uva de Mesa 0,00% 3,90% 3,40% 8,00% 11,50%
Fonte: IBRAF.
183

Para algumas frutas de exportação de extrema importância,


como o melão e a uva de mesa, verifica-se que só devido às diferenças
tarifárias, já estamos tendo dificuldades de competir.
Por outro lado, o mercado norte-americano, sob o aspecto de
tarifas alfandegárias, também deverá ser alvo de negociações, pois as
importações de melões do Brasil são livres de direitos aduaneiros sob
o Sistema Geral de Preferências dos Estados Unidos, no período de 1°
de dezembro a 31 de maio. Entretanto, nos demais períodos, há taxação
de 31,5%, sendo que as exportações do México são taxadas em 25,6%,
e o melão da Costa Rica, nosso grande concorrente na América, está
livre de tarifas alfandegárias.
As exportações de frutas frescas continuaram crescendo em 2007,
mas, segundo os principais exportadores, para honrar compromissos
firmes assumidos. Contudo, devido ao fortalecimento da nossa moeda
e aos custos de produção em ascensão, vem diminuindo drasticamente
a rentabilidade das nossas exportações, e o aumento dos fretes inter-
nacionais, que apesar de pagos em dólares, vem anulando a vantagem
da valorização de nossa moeda.
Este aumento de frete vem sendo justificado, em parte, pelo
aumento inquestionável do petróleo no mercado internacional e, em
parte, pelo desequilíbrio de importações em relação às exportações,
principalmente para longas distâncias, ocasionando déficits de contê-
ineres à disposição nos portos brasileiros em quantidades e dentro dos
prazos requeridos.
As exportações de frutas frescas obedecem a um calendário de
safras, acarretando picos instantâneos de demanda para alguns itens de
exportação.
É preciso enfatizar e sensibilizar a todos que a fruticultura
tecnificada de exportação foi edificada (salvo algumas exceções) no
semiárido brasileiro, planejada e organizada para a exportação. Assim
sendo, os cultivos dos Estados do Nordeste, em grande parte, só se
viabilizam e se sustentam se grande parte da produção for exportada e
com boas margens de rentabilidade. Isto é imperativo para pagar os in-
vestimentos constantes que os empresários vêm realizando, introduzindo
novas variedades, melhores condições de manejo agrícola, buscando
a racionalização da conservação da água, além de adoção de Sistemas
de Gestão pela Qualidade, como a Produção Integrada de Frutas (PIF)
184

e outros.
Na União Europeia, não temos barreiras fitossanitárias, com
exceção de laranjas, tangerinas e limões-verdadeiros onde há alegações
que um fungo Guignardia citricarpa, que provoca a “pinta- preta” em
citros, é considerado uma praga quarentenária, e portanto sua presença
em lotes de citros é motivo para a rejeição da partida.
Não existe ainda concordância no meio técnico-científico quanto
ao desenvolvimento deste microrganismos na Europa, portanto estudos
conjuntos devem ser feitos, pois o mercado europeu de citros é muito
importante para a fruticultura de exportação.

4.1.3. Ações Institucionais Necessárias


Pela exposição de motivos apresentados tanto para frutas pro-
cessadas como para frutas frescas, no âmbito de aspectos comerciais,
necessitamos de uma gestão das negociações internacionais brasileiras
pró-ativas e eficaz em dois direcionamentos:
• Aproximar os encargos aduaneiros em relação aos mercados mencio-
nados que pagamos para os sucos, polpas e frutas frescas apresentadas
nas tabelas anteriores;
• Proceder a negociações para acordos bilaterais e birregionais com a
União Europeia, China e Coreia do Sul, principalmente para poder-
mos competir com os nossos concorrentes em igualdade de condições
nestes mercados;
• É de extrema importância que sejam iniciadas negociações no sentido
de antecipar o período de isenção de tributos aduaneiros de 1° de de-
zembro para 1° de agosto para as exportações de melão aos Estados
Unidos. Esta antecipação de 90 dias é fundamental para os estados do
Ceará e Rio Grande do Norte, onde, de março a maio, devido à ocor-
rência das chuvas, não temos condições climáticas para o cultivo desta
curcubitácea nestas regiões. Assim sendo, na prática, só dispomos de
3 meses para comercializarmos os frutos no mercado norte-americano,
o que é um tempo muito curto, tornando as exportação, conforme as
safras, inviáveis operacional e comercialmente.
185

4.2. Barreiras Fitossanitárias

4.2.1. Frutas Frescas


Uma das principais barreiras ao acesso a mercados externos re-
ferentes a frutas frescas, sem dúvida, são as barreiras fitossanitárias.
Para a expansão da fruticultura de exportação brasileira, é fun-
damental aumentarmos a base de mercados acessíveis.
A alternativa de novos mercados emergentes já vem sendo estu-
dada e planejada, mas nos confrontamos com as barreiras dos principais
mercados potenciais novos. Estamos referindo-nos ao Japão, Coreia do
Sul, China, Indonésia e outros. Não temos acordos fitossanitários com
estas nações e, em decorrência o acesso de nossas frutas, é vedado,
com exceção do Japão, onde apenas uma fruta, a manga, e de uma só
variedade, a Tommy Atkins, podemos comercializar. Bem recentemente,
devido a ações pró-ativas do MAPA, deveremos brevemente ter licença
para outra variedade de manga, ou seja, a manga Kent.
O mercado dos Estados Unidos, sistematicamente, dificulta a
diversificação de frutas frescas através de barreiras fitossanitárias.

Tabela 5. Acesso ao mercado Norte-Americano - Frutas Frescas


Necessidade de medidas ou Frutas de nosso
Entrada Livre
tratamento quarentenário interesse não autorizadas
Abacaxi Maçã Abacate
Banana Maga Caqui
Melão Melão Figo
Morango Papaia Goiaba
Uva de mesa Laranja
Lima-ácida
Tangerina
Outras
Fonte: IBRAF

Sob outro aspecto, relativo às exigências referentes a resíduos,


necessitamos do apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento e do Ministério das Relações Exteriores para fazer frente às
novas regras de limites de resíduos de pesticidas na União Europeia.
A partir de 1º de setembro de 2008, entrou em vigor o Regulamento
(CE n° 839/2008) da Comissão de 31 de julho de 2008. Resumida-
mente, estabelece novos limites de resíduos máximos de pesticidas em
186

alimentos nos 27 países da União Europeia.


O número de moléculas ativas (produtos fitossanitários) que serão
permitidos foi reduzido substancialmente.
Nestes termos, precisamos que, em relação à nova legislação
para registros de novas moléculas no Brasil, seja acelerada ao máximo
a publicação da Instrução Normativa Conjunta n° 2, de 20 de junho de
2008, do Comitê Técnico de Assessoramento de Agrotóxicos - CTA.

4.2.2. Ações Institucionais Necessárias


Pela exposição de motivos para frutas frescas, no âmbito de
aspectos fitossanitários, necessitamos de uma gestão de negociações
internacionais mais agressiva e pró-ativa em três direcionais:
• Gestões e articulações para publicação da Instrução Normativa n°2
da CTA, para que a fruticultura brasileira possa utilizar defensivos
agrícolas competitivos e menos agressivos;
• Negociações internacionais no nível bilateral e biorregional, priori-
tariamente para as frutas e mercados abaixo apresentados, e
• Negociações para um acordo fitossanitário entre o Brasil e UE para
laranjas, tangerinas e limões, através de análise de visão e estudos
conjuntos.
Frutas e Mercados
Frutas Mercados
Abacate Estados Unidos
Caqui Estados Unidos e Japão
Figo Estados Unidos e Japão
Goiaba Estados Unidos, Japão, Indonésia, Malásia
Laranja Estados Unidos, Malásia, Indonésia, UE
Lima-Ácida Estados Unidos, Malásia, Indonésia, China
Limões Estados Unidos, UE
Maçã Coreia do Sul, Malásia, Indonésia
Mamão Japão
Melão e Melancia China, Japão
Manga China, Japão (outras variedades como Palmer e Haden)
Tangerina Estados Unidos, Malásia, Indonésia, UE
China, Colômbia, Japão, Iran, Malásia, Indonésia e Coreia
Uva de Mesa do Sul
Fonte: IBRAF
187

Como referência à importância econômica para as frutas/mer-


cados que necessitamos acessar como exemplo, somente levando em
conta os Estados Unidos, estamos deixando de participar com as frutas
apontadas, de um mercado de 1,2 bilhão de toneladas, equivalente a
900 milhões de dólares.

5. Normas Voluntárias como Dificuldades para a


Exportação de Frutas Frescas e Frutas Proces-
sadas

Além das regulamentações governamentais, acordos comerciais


e exigências fitossanitárias e de segurança alimentar das legislações
agroalimentares internacionais, dos principais mercados importadores,
os exportadores brasileiros de frutas frescas, na maioria das vezes,
necessitam estar em conformidade com protocolos de qualidade vo-
luntários dos mercados.
Os referidos protocolos exigem, tanto para frutas frescas como
para polpas e sucos, certificações conforme as exigências do compra-
dor.

Os Principais Protocolos de Qualidade para Frutas Frescas são:

5.1. O GLOBAL G.P.A/ EUREPGAP


O Protocolo do EUREPGAP é um conjunto de normas técnicas
e compromissos de BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS que os proprie-
tários de explorações agrícolas se comprometem a seguir, no âmbito
do fornecimento de produtos aos mercados, nomeadamente a cadeias
de grande distribuição.
Esta é uma forma de diferenciação dos produtos agrícolas, be-
neficiando os produtores e organizações que têm preocupações com
o impacto ambiental da atividade agrícola, integrando técnicas de
proteção e produção integrada com práticas de higiene e segurança no
trabalho, que asseguram, a longo prazo, a sustentabilidade da atividade
agrícola.
Procura-se, assim, maior confiança dos consumidores na qua-
lidade e segurança dos produtos alimentares. Os produtores têm de
188

demonstrar o seu compromisso com:


• a manutenção da confiança do consumidor na qualidade e segurança
dos alimentos;
• a minimização do impacto negativo no meio ambiente, com especiais
preocupações com a natureza e os recursos naturais;
• a redução no uso de agroquímicos;
• a melhoria da utilização dos recursos naturais, e
• a prática de uma atitude responsável com a saúde e a segurança dos
trabalhadores.

5.2. Nature’s Choice


Apesar de ter uma base comum com EUREPGAP, o protocolo
Tesco Nature’s Choice (da cadeia supermercadista inglesa Tesco) está
mais fortemente enfocado no meio ambiente, dando ênfase, além disso,
a temas relacionados com o bem-estar do trabalhador agrícola.
Este último ponto obriga a implementar áreas que geralmente
não são consideradas dentro de um sistema produtivo.

5.3. ChileGAP
• O Protocolo de Boas Práticas Agrícolas (BPA) da Indústria de Pro-
dução e Exportação Frutícola Chilena é o único protocolo a nível
mundial homologado a EUREPGAP (Europa) e em processo de ser
reconhecido nos Estados Unidos como equivalente, por Davis fresh
Tecnologies (Prosafe);
• O único protocolo que garante a participação de produtores, exporta-
dores e organizações da indústria dentro da sua estrutura;
• O melhor instrumento de diminuição de custos de implantação e
certificação em PBA, e
• ChileGAP tem tido uma ampla campanha de difusão nos Estados
Unidos e Europa, a fim de dar tranquilidade às empresas chilenas a
respeito do conhecimento do protocolo nos mercados.

Comentários:
Os agronegócios brasileiros enfrentam dificuldades de atender
aos vários protocolos no processo de certificação, principalmente na
União Europeia. Uma harmonização dos protocolos é necessária, pois
os custos de certificação estão tornando-se elevados.
189

• Principais Protocolos de Qualidade para Frutas Processadas


Entre os protocolos voluntários, podemos citar as normas ISO
Série 9000; ISO 22000; Standard BRC (british Retail Consortium);
Standard IFS (International Food Standars); Certificado Kosher e ou-
tros.

5.4. ISO 22000


Sem dúvida, apesar de gerar na empresa um processo eficiente,
econômico e controlado de produção e garantir um sistema de quali-
dade, a certificação ISO não ortoga, ainda, a segurança de qualidade
de produtos. Asseguram um processo de qualidade implementado e
auditado como consequente continuidade desta qualidade ao longo do
tempo.
Normalmente, as normas ISO são mais exigidas pelas indústrias
utilizadoras para seus fornecedores de matérias-primas.
Todavia, atualmente, está sendo estudada pela Comunidade Inter-
nacional uma uniformização das normas, e a ISO 22000, com algumas
complementações, poderá ser um protocolo de produtos, o que ajudaria
no processo internacional de certificação de produtos alimentícios.

5.5. Certificado Kosher


O Certificado Kosher é um documento emitido para atestar que
os produtos fabricados por uma determinada empresa obedecem às
normas específicas que regem a dieta judaica ortodoxa. É mundialmente
adotada pela comunidade judaica.
Este certificado é necessário para atender à alimentação judaica
e é independente Não reconhecem nenhum outro tipo de certificação.

5.6. SGF – IRMA


É uma Associação Protetora da indústria Compradora de Sucos e
Polpas de Frutas da União Europeia, cujo objetivo principal é assegurar
a conformidade com os padrões legais e industriais da qualidade e da
segurança alimentar.
A certificação SGF abre as portas para os fornecedores brasileiros
para a Indústria Europeia de sucos e bebidas.
190

5.7. Standard BRC


O BRC é a Associação de Supermercados Britânicos que, em
1998, desenvolveram um modelo de controle e credenciamento dos seus
fornecedores de produtos alimentícios, em geral, destinados diretamente
ao mercado de consumo, procurando garantir, nas redes, produtos em
conformidade com requisitos higiênicos e de qualidade definido pela
BRC.
O Standard BRC é um standard de produtos.
Os standards BRC prevêm essencialmente:
• A adoção de um sistema de HACCP (APPCC);
• A adoção de um sistema de gestão para a qualidade documentado;
• O controle de standard para o ambiente de trabalho para os produtos
e para os produtos e paras os processos, e
• A definição e aplicação de modalidade de gestão dos recursos hu-
manos.

5.8. Standard IFC


O Standard IFC, responde à exigência dos distribuidores de
produtos alimentícios de maior transparência dos produto acabados e
também matérias-primas.
O Standard IFS exige uma serie de requisitos relativos a:
• Gestão de qualidade (adoção de um sistema de gestão para a qualidade
documentado e de um sistema HACCP);
• Responsabilidade da Direção (empenho, constante orientação ao
cliente);
• Gestão de recursos (recursos,pessoal, local e estrutura);
• Fabricação dos produtos, e
• Processo de mensuração, análise e melhoramento.
O Standard é um esquema de certificação de produtos (En
45011).
Finalizando, como podemos observar, os sistemas de gestão
fundamentados pela adoção do HACCP parecem ser os mais aceitos no
momento, tanto nos protocolos de governo como dos compradores.
Contudo, as normas voluntárias, sem exceção, foram criadas pelos
consumidores (clientes) de produtos elaborados e produtos acabados e,
atualmente, estão tornando-se um grande problema pela diversificação
e falta de uma harmonização e falta de uma unificação internacional.
191

6. LITERATURA CITADA

IBRAF - Instituto Brasileiro de Fruticultura. Data fruta: base de dados


da fruticultura. São Paulo, 2009.
Gayet, J. P. ACF - Associated Consultants in the Fruit Industry. Visão
global sobre a fruticultura em 2007: fatores de influência estraté-
gica. São Paulo, Biblioteca.
Product Map. Information for Goin Global. Inter-
national Trade Centre. Unctad/Wto. Disponível em: <http://
www.p-maps.org>. Acesso em: 08 set. 2009.
Brazil Trad Net. Portal de promoção comercial do Ministério
das Relações Exteriores. Disponível em: <http://www.braziltradnet.
gov.br>. Acesso em: 08 set. 2009.
Fernandes, M. S. Oportunidades e mercado para frutas de clima
temperado. In: SenafrUt. 8. 18 de maio de 2008
Fernandes, M. S. Mercado externo para frutas tropicais: cená-
rios e tendências. Fenagri 2008. Petrolina, 25 de julho de 2008.
Fernandes, M. S. Perspectivas da agroindustrialização de frutas
no brasil. In: Fórum de Ciências & Desenvolvimento
Rural do ES, 2009.
Roteirização de Solicitações da Câmara Setorial
de Fruticultura. Apêndice I. 2008, Brasília. Negociações Inter-
nacionais para Continuar Viabilizando as Exportações de Frutas e
Derivados. Brasília, 2008.
192
193

Capítulo 7

PRODUÇÃO INTEGRADA DE GOIABA


Ryosuke Kavati1

1. Introdução

O comércio mundial de frutas movimenta anualmente cifras


que superam 100 bilhões de dólares, representadas pelas exportações de
frutas frescas e de seus produtos processados e apresenta uma tendência
de franca expansão, da ordem de 5% ao ano, principalmente em função
da preocupação dos consumidores quanto a sua saúde e ao seu bem-
estar, o que redunda em aumento no consumo de produtos naturais.
Os principais países importadores de frutas mostram grande
potencialidade de mercado ainda existente nesse setor; no entanto, so-
mente aqueles que atendem às atuais exigências dos consumidores que
buscam frutas e hortaliças sadias e com ausência de resíduos de agrotó-
xicos. Estas exigências, inicialmente, são observadas pelas cadeias de
distribuidores e de supermercados, que, na Europa, são representadas
pela EUREPGAP (Europe Retalier Produce Working Group e Good
Agriculture Pratices), que pressionam exportadores de frutas e hortaliças
de todo o mundo, para o estabelecimento de regras de produção que
1
Engenheiro Agrônomo MSc. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI
– DEXTRU), Av. Tirandentes, n° 340, Lins – SP, CEP: 16400-000.
E-mail: kavati@cati.sp.gov.br
194 Kavati, R.

levem em consideração os resíduos de agrotóxicos, meio ambiente e


condições de trabalho e higiene. Nos EUA, o estabelecimento da Lei
do Bioterrorismo, em resposta à possibilidade de uso dos alimentos
como via de contaminação microbiológica ou química, prevê uma série
de rigorosas regras para comercialização e importação de alimentos
destinados ao uso humano ou animal. E como a introdução voluntária
ou involuntária dessas contaminações pode ocorrer em qualquer etapa
da cadeia alimentar, tornou essencial a existência de um mecanismo
de controle adequado ao longo de toda a cadeia.
Por outro lado, a globalização acirrou a necessidade de norma-
lização dos processos de produção e dos produtos em todo o mundo,
não só para que os nomes refletissem qualidades possíveis de serem
identificadas por consumidores em qualquer parte do universo, como
também para assegurar a compatibilidade de sistemas. A produção
agrícola não ficou imune a esse processo, e diversos sistemas de ava-
liação da conformidade foram propostos para atestar a conformidade
do sistema de produção agrícola utilizado ou do produto obtido.
Esta situação indica a necessidade urgente de transformação
imediata e contundente nos procedimentos de produção e pós-colheita
de frutas no Brasil, para que se possa manter e avançar na conquista
dos mercados consumidores. A fruticultura é uma atividade bastante
promissora para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, apre-
sentando um ambiente favorável ao seu crescimento, pelo aumento do
consumo no mercado interno e possibilidades de avanços nas exporta-
ções. A base da cadeia produtiva de frutas no Brasil abrange cerca de
2,3 milhões de hectares, gera 5,6 milhões de empregos diretos, ou seja,
27% do total da mão de obra agrícola ocupada no País e um valor bruto
da produção de cerca de 15 bilhões de reais, 13% do valor da produção
agrícola brasileira.
O Brasil elegeu, como sistemas de avaliações de conformidades
oficiais para produtos agrícolas, a Agricultura Orgânica, de acordo com
as normas estabelecidas pela IFOAM, e a Produção Integrada, de acordo
com os fundamentos doutrinários definidos pela IOBC, formalizada
através das Instruções Normativas 007/99 e 020/01, respectivamente.
E, pela Portaria nº 144/02 do INMETRO, que regulamenta a Produção
Integrada de Frutas no âmbito do Sistema Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro).
Produção integrada de goiaba 195

2. Produção Integrada

A Produção Integrada é um sistema de produção e de avaliação


de conformidade idealizado e implementado pela IOBC/WPRS (Inter-
national Organization for Biological and Integrated Control of Noxious
Animals and Plants: West Paleartic Regional Section), que surgiu for-
malmente em fins da década de 1970, numa tentativa de aprimorar as
ideias limitadas do Manejo Integrado de Pragas, para um novo conceito
de produção agrícola, com a abordagem holística de todo o sistema
produtivo, procurando entender todas as complexas interações físicas
e biológicas existentes entre diferentes práticas agrícolas, em lugar de
trabalhar com soluções individuais, ou seja, com táticas isoladas.
Esta visão holística e integrada do sistema de produção permite
estimular os mecanismos naturais de controle de pragas, o que reduz
ao mínimo as necessidades de controle. Portanto, coloca-se uma alta
prioridade nas medidas preventivas indiretas em relação às medidas
diretas de controle.
Na década de 1980, Países da Comunidade Europeia desenvol-
veram o conceito da Produção Integrada, visando inicialmente a atender
às exigências dos consumidores e das cadeias de distribuidores e super-
mercados, em busca de alimentos sadios e com ausência de resíduos de
agrotóxicos, motivados por ações de órgãos de defesa dos consumidores.
Procurou-se, também, atender a um gradativo incremento na demanda
por sustentabilidade da agricultura, fomentado pelos movimentos am-
bientalistas pela preservação dos recursos naturais e pela demanda por
produtos saudáveis e ambientalmente corretos e socialmente justos.
Na década de 1990, observaram-se as reais necessidade em
atender às demandas da sociedade como um todo, no que se refere
à produção de alimentos seguros, produzidas de forma a assegurar a
sustentabilidade ambiental, social e econômica. Assim, a adoção do
Sistema de Produção Integrada, inicialmente nas frutas, evolui em curto
espaço de tempo nos principais países produtoras de frutas na Europa.
Na América do Sul, foi implantado na Argentina (1997), seguindo-se
no mesmo ano, no Uruguai e Chile. No Brasil, iniciou-se a implantação
do sistema PIF (Produção Integrada de Frutas), em 1998, inicialmente
na cadeia produtiva da maçã.
O marco legal da Produção Integrada no Brasil, composto de
196 Kavati, R.

Diretrizes Gerais e Normas Técnicas Gerais para a Produção Integrada


de Frutas (DGPIF e NTGPIF, respectivamente), foram regulamentadas
pela Instrução Normativa nº 020, de 20-09-2001 (DOU, 15-10-2001).
A Normas Técnicas Específicas para Produção Integrada de Frutas,
para cada cultura e região produtora, devem contemplar as 15 áreas
temáticas, que abrigam todos os aspectos da cultura que precisam ser
normatizados, contidas na NTGPIF, a saber:

1. Capacitação de recursos humanos


2. Organização dos produtores
3. Recursos naturais
4. Material propagativo
5. Implantação de pomares
6. Nutrição de plantas
7. Manejo e conservação do solo
8. Recursos hídricos e irrigação
9. Manejo da parte aérea
10. Proteção integrada da planta
11. Colheita e pós-colheita
12. Análise de resíduos
13. Processo de empacotadoras
14. Sistema de rastreabilidade e cadernos de campo
15. Assistência técnica.

As disposições relativas a cada área temática são divididas


em quatro categorias, consideradas “obrigatórias”, “recomendadas”,
“proibidas” ou “permitidas com restrição”.
O sistema consiste, assim, de um conjunto de exigências
mínimas, caracterizadas pelas proibições e regras obrigatórias, que
constituem o cenário inicial. O cenário intermediário é caracterizado
pelas regras permitidas com restrição e que devem ser abandonadas
ao longo do processo. Um terceiro cenário, o final, é indicado pelos
procedimentos recomendados, que são objetivos a serem alcançados
ao longo do processo.
Como um sistema de produção agropecuária dá ênfase especial
à tecnologia da exploração econômica das espécies vegetais e animais,
sob o enfoque das cadeias produtivas, buscando como objetivo funda-
Produção integrada de goiaba 197

mental a produção de alimentos ou outros produtos de alta qualidade. Na


Produção Integrada, a qualidade do produto da agropecuária é concei-
tuada como tendo cinco diferentes características, ou seja: a qualidade
externa, a qualidade interna, a qualidade ecológica, a qualidade ética e a
qualidade sócioeconômica. Neste sistema, a obtenção de um produto de
qualidade é uma consequência natural do emprego pelo produtor rural,
de técnicas ecologicamente saudáveis e economicamente viáveis.
A Produção Integrada pressupõe o emprego de tecnologias que
permitam o controle efetivo do sistema produtivo agropecuário através
do monitoramento de todas as etapas, desde a aquisição dos insumos
até a oferta ao consumidor, assegurando a rastreabilidade em todos os
elos da cadeia produtiva.

3. Normas Técnicas Específicas para a Produção


Integrada de Goiaba

A Norma Técnica Específica para a Produção Integrada de Goia-


ba, que além das normas, é composta por Caderno de Campo, Caderno
de Pós-colheita, Grade de Agroquímicos, Lista de Verificação Inicial,
Lista de Verificação de Campo e Lista de Verificação de Empacotado-
ra que foram elaboradas, em conjunto, por técnicos da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, das universidades
paulistas, da EMBRAPA e por produtores da Região de Campinas e
Valinhos, participantes do Programa de Produção Integrada de Goiaba,
que se dedicam à produção de fruta de mesa, parte da qual é exportada
para a Europa.
Considerando que as NTEs são dinâmicas, é necessária a sua
atualização ou revisão sempre que se obtenham avanços tecnológicos
que, direta ou indiretamente, possam influenciar no modelo de produção
proposto. Assim, no caso da Grade de Agroquímicos, que é a relação
de produtos químicos de uso restrito, cujo emprego é facultado dentro
dos princípios e objetivos da Produção Integrada, e que é relacionada
a partir da lista dos produtos registrados para a cultura, conforme le-
gislação vigente, apresenta possibilidades de melhoria em função dos
novos produtos registrados a partir da elaboração do documento inicial
realizada em fins do ano de 2004.
198 Kavati, R.

Assim, não poderia deixar de aproveitar este espaço no III Simpósio


Brasileiro da Cultura da Goiaba, para disponibilizar os referentes
documentos, que apesar de estarem no site www.agricultura.gov.br/
produçãointegrada, poucas sugestões têm sido propostas para a melhoria
dos mesmos. Assim, é apresentado como anexo I, a Grade de Agroquí-
micos, elaborada em fins do ano de 2004, que não foram atualizadas,
até o momento, apesar de diversas marcas comerciais de agrotóxicos
que obtiveram registros junto aos órgãos competentes, e que poderiam
melhorar bastante este documento. Como anexo II, estão as normas
finalizadas em 2005, que também até o momento não sofreram qualquer
alteração, visando à sua melhoria.

4. LITERATURA CITADA

ANDRIGUETO, J. R.; NASSER, L. C. B.; TEIXEIRA, J. M. A. Produ-


ção Integrada de Frutas: conceito, histórico e a evolução para o sistema
agropecuário de produção integrada – SAPI. MAPA, 2009. <http://www.
agricultura.gov.br/produçãointegrada.> Acesso em: 17 ago. 2009.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ins-
trução Normativa 20. Brasília-DF, 2001.
PIZA Jr., C. de T. A Produção Integrada de Goiaba – uma introdução ao
assunto. In: ROZANE, D. E.; COUTO, F. A. A. Cultura da Goiabeira:
tecnologia e mercado, Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2003.
p. 121-175.
Anexo I
PRODUÇÃO INTEGRADA DE GOIABA GRADE DE AGROQUÍMICOS (2004)
Produção integrada de goiaba
199
200
Kavati, R.

* Produtos que não constam atualmente como de uso autorizado (AGROFIT, 17-08-2009)
** Existência de outros produtos que constam atualmente como de uso autorizado (AGROFIT, 17-08-2009)
p.a. = princípio ativo; G. químico = Grupo Químico; CT = Classe Toxicológica
Produção integrada de goiaba 201

Anexo II

INSTRUÇÃO NORMATIVA/SDC No 07, DE 11 DE NOVEMBRO


DE 2005.

O SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO


E COOPERATIVISMO, DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,
PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe
confere o Anexo I, do art. 42, do Decreto no 5.351, de 21 de janeiro de
2005, tendo em vista o disposto no art. 3o, inciso I, e art. 4o, da Instrução
Normativa Ministerial no 20, de 27 de setembro de 2001, e o que consta
do Processo no 21000.002539/2005-96, resolve:

Art. 1o Aprovar as NORMAS TÉCNICAS ESPECÍFICAS PARA A


PRODUÇÃO INTEGRADA DE GOIABA - NTEPI-Goiaba, conforme
consta do Anexo.
Art. 2o Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publi-
cação.

Marcio Antonio Portocarrero

­­­­­­­­­­­

NORMAS TÉCNICAS ESPECÍFICAS PARA A PRODUÇÃO


INTEGRADA DE GOIABA

ÁREAS TEMÁTICAS

1. CAPACITAÇÃO

1.1. PRÁTICAS AGRÍCOLAS

1.1.1. Normas obrigatórias


Treinamento continuado dos produtores ou responsáveis pela produção
no manejo dos pomares de goiaba conduzidos no Sistema de Produção
Integrada, especialmente nos seguintes temas:
202 Kavati, R.

a) práticas agrícolas relativas ao manejo do pomar de goiabas conduzido


sob o sistema de produção integrada de frutas;
b) manejo do solo e da sua cobertura vegetal;
c) nutrição e adubação;
d) manejo da parte aérea, como podas;
e) proteção integrada das plantas, especialmente sobre métodos pre-
ventivos de controle de pragas;
f) conceitos e técnicas do manejo integrado de pragas;
g) preenchimento dos cadernos de campo e pós-colheita;
h) higiene pessoal, do ambiente e segurança alimentar;
i) técnicas de segurança do trabalho.

1.2. OPERAÇÃO COM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS


1.2.1. Normas obrigatórias
Treinamento continuado dos produtores ou responsáveis pela produção
e dos operadores de máquinas e equipamentos, especialmente em:
a) tratores e seus implementos;
b) regulagem de pulverizadores e tecnologia de aplicação de defen-
sivos;
c) irrigação e fertirrigação.

1.3. ORGANIZAÇÃO DE PRODUTORES


1.3.1. Normas recomendadas
Capacitação em organização dos produtores.

1.4. COMERCIALIZAÇÃO
1.4.1. Normas recomendadas
Capacitação em processos de logística da comercialização de insumos
e da produção e em marketing.

1.5. PROCESSOS DE EMPACOTADORAS E SEGURANÇA


ALIMENTAR
1.5.1 Normas obrigatórias
Treinamento continuado dos produtores ou responsáveis pela empa-
cotadora em:
a) processos de empacotadoras;
b) higiene pessoal do ambiente e segurança alimentar;
Produção integrada de goiaba 203

c) reconhecimento e prevenção de danos, profilaxia e controle de


doenças do fruto;
d) técnicas de colheita e pós-colheita das frutas.
1.5.2 Normas recomendadas
Capacitação no monitoramento da contaminação química e microbio-
lógica da água nos processos de pós-colheita.

1.6. SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO


1.6.1 Normas obrigatórias
Treinamento continuado dos produtores ou responsáveis pela produ-
ção em segurança e saúde no trabalho, especialmente na prevenção de
acidentes com agroquímicos.
Manter caixas de primeiros socorros próximas aos locais de trabalho.
Todos os trabalhadores devem possuir registro em carteira de trabalho
ou contrato de parceria.
1.6.2 Normas recomendadas
Devem ser elaborados procedimentos a serem adotados em caso de
acidentes de trabalho.
Instruir os subcontratados e visitantes sobre as normas de segurança a
serem observadas no interior da empresa.
1.6.3 Normas proibidas
Menores de 16 anos que não pertençam à família do proprietário ou de
seus parceiros não devem permanecer nos locais de trabalho.

1.7. EDUCAÇÃO AMBIENTAL


1.7.1 Normas obrigatórias
Treinamento continuado dos produtores ou responsáveis pela produção
em:
a) conservação e manejo do solo e água;
b) armazenamento de agroquímicos, reciclagem de embalagens de
agroquímicos e em proteção ambiental;
c) monitoramento das condições do solo, da água, do meio ambiente,
segundo conceitos da agricultura sustentável;
d) gestão dos recursos naturais (solo, água, flora e fauna).
1.7.2 Normas recomendadas
Capacitação no monitoramento da contaminação química e microbio-
lógica da água e do meio ambiente.
204 Kavati, R.

2. ORGANIZAÇÃO DE PRODUTORES

2.1. ORGANIZAÇÃO DOS PRODUTORES E DA CADEIA PRO-


DUTIVA
2.1.1 Normas obrigatórias
Instituição de mecanismos de gestão regionalizada e representativa da
base produtora para articulação com a CTPIF, de que trata o item 13
das DGPIFs.
2.1.2 Normas recomendadas
Os produtores participantes devem estar vinculados à entidade de classe
ou associação que gerencie as necessidades empresariais da PIF.
Organização dos participantes do sistema de produção integrada em
cadeia produtiva, no contexto da PIF.

2.2 DEFINIÇÃO DE PEQUENO PRODUTOR


2.2.1 Normas obrigatórias
Entende-se por pequeno produtor o empresário (proprietário ou meeiro)
que cultiva até 5 (cinco) hectares de goiaba.

3 RECURSOS NATURAIS

3.1 PRESERVAÇÃO DOS INIMIGOS NATURAIS


3.1.1 Normas obrigatórias
Adotar medidas que protejam a população de sirfídeos e de Neorileya
sp. ou que estimulem o seu aumento, dada a importância desses inimigos
naturais no controle de importantes pragas desta cultura.

3.2 ÁREA DE COMPENSAÇÃO ECOLÓGICA


3.2.1 Normas recomendadas
Manter o equivalente a 5% da área da propriedade como área de compen-
sação ecológica. No cômputo dessa área, não entra a área sob floresta,
mas inclui as áreas sem uso de fertilizantes e defensivos, manejadas
ecologicamente (cercas vivas, cercas divisórias, carreadores vegetados
permanentemente, áreas de proteção de rios, córregos, represas, etc.).
3.2.2 Normas permitidas com restrição
No caso de pequenas propriedades, incapazes de satisfazerem esta
exigência, a área de compensação ecológica poderá ser comum, desde
Produção integrada de goiaba 205

que localizada na mesma unidade agroclimática abrangida pelas uni-


dades produtoras e que sua continuidade seja assegurada pelo mesmo
período de vida do pomar.

3.3 INFRA ESTRUTURA ECOLÓGICA


3.3.1 Normas obrigatórias
As áreas de preservação permanente e a reserva legal, previstas na le-
gislação, e a área de compensação ecológica deverão ser implementadas
e conservadas, estabelecendo-se uma interligação entre elas, de modo
a que formem um continuum espacial.

3.4 OPÇÕES ECOLÓGICAS PARA O AUMENTO DA DIVER-


SIDADE BIOLÓGICA
3.4.1 Normas obrigatórias
Considerando que a substituição do uso de agroquímicos por mecanis-
mos naturais de controle não pode ser efetivamente alcançada sem uma
adequada diversidade biológica, o produtor deve adotar pelo menos
duas das seguintes medidas para aumentar a diversidade biológica no
pomar:
a) instalação de poleiros e caixas para nidificação de aves;
b) refúgio para artrópodes predadores;
c) plantio de plantas hospedeiras para insetos benéficos;
d) instalação de cercas-vivas no entorno do pomar como barreira para
insetos e pragas;
e) manejo da cobertura do solo nas entrelinhas do pomar em ruas al-
ternadas.
3.4.2 Normas recomendadas
Dar especial atenção às áreas não cultivadas, como carreadores, faixas
próximas às cercas, quebra-ventos, etc., no sentido de buscar uma
diversificação da paisagem. O objetivo deve ser obter uma grande
diversidade na composição e estrutura da vegetação que compõe a
paisagem, evitando-se, porém, espécies hospedeiras de patógenos e
pragas importantes da goiabeira.

3.5 PRESERVAÇÃO DO ENTORNO DO POMAR


3.5.1 Normas obrigatórias
No entorno do pomar, deve ser mantida uma faixa de pelo menos 3 (três)
206 Kavati, R.

metros de largura permanentemente recoberta com vegetação natural.


3.5.2 Normas recomendadas
As faixas de vegetação natural no entorno do pomar devem estar inter-
ligadas com as áreas de preservação permanente.

3.6 PROCESSOS DE MONITORAMENTO AMBIENTAL


3.6.1 Normas obrigatórias
Controlar a qualidade da água para irrigação, pulverização e da utili-
zada nas empacotadoras em relação a metais pesados, sais, nitratos e
contaminação biológica 1.
Monitorar as características químicas do solo, por meio de análises
periódicas.
As análises de água e do solo devem ser feitas em laboratório que
participe de um programa de controle de qualidade.
3.6.2 Normas recomendadas
O monitoramento da diversidade biológica do solo pela avaliação da
presença de bioindicadores, como minhocas, organismos decomposi-
tores da celulose, ácaros predadores, etc.
Monitorar as características físicas do solo, como tamanho e estabilidade
dos agregados e a condutividade, para evitar compactação.

3.7 TRATAMENTO DE RESÍDUOS


3.7.1 Normas obrigatórias
Manter o pomar, a empacotadora e o seu entorno livres de lixo e outros
resíduos imprestáveis.
3.7.2 Normas recomendadas
Os excedentes de aplicação de agrotóxicos e as águas de lavagem dos
depósitos devem ser recolhidos em tanques de evaporação.
Os efluentes das empacotadoras deverão ser tratados antes de seu
despejo final.
3.7.3 Normas permitidas com restrição
Na falta de tanque de evaporação, admite-se que os excedentes de apli-
cação e as águas de lavagem sejam aplicados no pomar tratado.

4 MATERIAL PROPAGATIVO
1 1 Observar o disposto na Resolução CONAMA nº 020, de 18 de junho de 2004.
Ver www.mma.gov.br/port/conama/index cfp
Produção integrada de goiaba 207

4.1 SEMENTES E MUDAS


4.1.1 Normas obrigatórias
Nos plantios efetuados após o início da vigência destas Normas, deverá
ser utilizado material sadio, adaptado à região, com registro de proce-
dência credenciada e com certificado fitossanitário conforme legislação
vigente, atendendo particularmente ao disposto na Lei no 10.711, de 5
de agosto de 2003, e em seus regulamentos.
Os documentos referentes à procedência das mudas deverão ser man-
tidos durante toda a vida útil do pomar.
4.1.2 Normas recomendadas
Utilizar variedades resistentes ou tolerantes às pragas de importância
econômica, sempre que disponíveis.
4.1.3 Normas proibidas
Utilizar material de propagação sem o devido registro de procedência
e sem o certificado fitossanitário, conforme legislação vigente.
Transitar portando material de propagação sem a competente autoriza-
ção e registro de procedência, conforme legislação vigente.
4.1.4 Normas permitidas com restrição
Utilizar borbulhas, garfos, estacas e demais materiais de propagação ve-
getativa da própria parcela.Neste caso, será obrigatório o cumprimento
da legislação sanitária e de proteção de cultivares em vigor.
Utilizar sementes de plantas da própria parcela para a formação de
porta-enxertos.Neste caso, será obrigatório o cumprimento da legislação
sanitária e de proteção de cultivares em vigor.

4.2 PRODUÇÃO DE MUDAS


4.2.1 Normas obrigatórias
Atender particularmente ao disposto na Lei no 10.711, de 5 de agosto
de 2003, e em seus regulamentos.
Durante o processo de formação de mudas, estas não devem ter contato
com o solo onde está instalado o viveiro.
O substrato utilizado para a formação das mudas deverá ser isento de
organismos nocivos à cultura da goiaba.
As mudas deverão ser comprovadamente isentas de nematoides e bac-
térias nocivos à cultura.
4.2.2 Normas recomendadas
Acomodar as mudas em produção em bancadas suspensas a, pelo menos,
208 Kavati, R.

trinta centímetros de altura.


4.2.3 Normas proibidas
Utilizar mudas produzidas em viveiros de campo, sejam elas em torrão
ou em raiz nua.
Utilizar mudas oriundas diretamente de sementes para formação de
parcelas ou pomares.

5 IMPLANTAÇÃO DE POMARES
5.1 DEFINIÇÃO DE PARCELA
5.1.1 Normas obrigatórias
É a unidade de produção formada por plantas de uma mesma varieda-
de, da mesma idade e submetidas ao mesmo sistema de cultivo e aos
mesmos tratos culturais e podadas na mesma ocasião, com intervalo
não superior a 5 (cinco) dias.
Identificar as parcelas com placas contendo o nome ou número de sua
identificação.
Informar o OAC caso ocorram mudanças na variedade-copa ou elimi-
nação da parcela.

5.2. LOCALIZAÇÃO
5.2.1 Normas obrigatórias
O terreno escolhido deverá satisfazer aos requisitos culturais da cul-
tura e da legislação de conservação do solo e preservação do meio
ambiente.
5.2.2 Normas recomendadas
No caso de implantação de pomares em áreas anteriormente cultivadas
com espécies do gênero Psidium, recomenda-se que o solo permaneça
em pousio, ou seja, cultivado com espécies de ciclo curto por pelo
menos um ano.
Recomenda-se evitar a instalação da cultura em solos com profundidade
inferior a um metro ou em terrenos com declividade superior a 15%.
Recomenda-se que sejam evitados os locais sujeitos a ocorrência de
geadas.
A cultura deverá estar protegida de contaminação química proveniente
de outras parcelas ou lavouras, quer pelo plantio suficientemente dis-
tante, quer pela instalação de barreiras físicas apropriadas, como é o
caso de cercas-vivas.
Produção integrada de goiaba 209

5.2.3 Normas proibidas


É proibido o plantio da cultura em áreas de preservação permanente,
como o definido na legislação pertinente.
5.2.4 Normas permitidas com restrição
É permitido, com restrição, o plantio em áreas próximas a espécies
vegetais hospedeiras da mosca-das-frutas, cujo sistema de produção
não adote medidas adequadas para seu monitoramento e controle.

5.3 MUDAS
5.3.1 Normas obrigatórias
Quando não forem de produção própria, as mudas deverão ser ad-
quiridas de viveiristas credenciados e ser portadoras de certificado
fitossanitário.
Mudas de produção própria serão aceitas mediante cumprimento do
disposto na Lei no 10.711, de 5 de agosto de 2003, e em seus regula-
mentos.
As mudas deverão ser livres de sintomas visíveis de pragas e doen-
ças.
5.3.2 Normas recomendadas
No caso de mudas enxertadas, o porta-enxerto será oriundo de plantas
sadias de cultivares uniformes que apresentem bom nível de resistência
a pragas de solo.
O emprego de mudas ou porta-enxertos formados por estaquia, com o
objetivo de obter parcelas uniformes, inclusive quanto à produção.
As mudas obtidas por estaquia serão, de preferência, oriundas de cul-
tivares resistentes a pragas de solo.

5.4 PORTA-ENXERTOS
5.4.1 Normas obrigatórias
Adquirir material com certificado fitossanitário de produtores creden-
ciados conforme a legislação vigente.
No caso de mudas enxertadas, a variedade porta-enxerto deverá ser
uniforme em cada parcela.

5.5 CULTIVARES
5.5.1 Normas obrigatórias
Utilizar variedades indicadas para as condições do mercado visado
210 Kavati, R.

pela produção.
Utilizar uma cultivar para cada parcela, conforme os requisitos da
cultura.
5.5.2 Normas recomendadas
O emprego de variedades com bom nível de resistência à ferrugem,
psilídeos e demais pragas, sempre que disponíveis.
Enquanto as plantas utilizadas para implantação da parcela estiverem
vivas e em produção, manter arquivos do certificado fitossanitário
e dos demais documentos comprobatórios da origem do material de
propagação, juntamente com croqui detalhado da gleba.
5.5.3 Normas proibidas
Utilizar cultivares geneticamente modificadas sem a prévia autorização
da Comissão Técnica para a PIF (CTPIF).

5.6 SISTEMA DE PLANTIO


5.6.1 Normas obrigatórias
Realizar análises química e física do solo para as devidas correções
durante o seu preparo e definição das práticas a serem adotadas no seu
manejo.
Observar as recomendações sobre densidades de plantio em função da
fertilidade do solo, clima e variedades-copa e porta-enxerto, levando
em conta os requisitos de controle de pragas, produtividade e qualidade
do produto.
As plantas deverão receber poda de formação, de forma a resultar em
uma estrutura de sustentação de porte baixo e copa aberta, que permita
a insolação e ventilação de seu interior e o fácil manuseio e colheita
dos frutos.
5.6.2 Normas recomendadas
Realizar a análise biológica do solo antes do seu preparo.
Evitar o plantio em solos com histórico de ocorrência de nematoides.
A formação da copa em taça aberta.
5.6.3 Normas proibidas
A esterilização química do solo.

6 NUTRIÇÃO DE PLANTAS

6.1 DIAGNÓSTICO DAS NECESSIDADES DE ADUBAÇÃO


Produção integrada de goiaba 211

6.1.1 Normas obrigatórias


A análise química do solo deverá ser feita a cada 2 (dois) anos, pelo
menos.
Em novos plantios, esta análise deverá ser feita antes da implantação.
As amostras deverão ser coletadas segundo as normas preconizadas pela
Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
A análise foliar, para determinação dos teores de N, necessária para a
quantificação da adubação nitrogenada, deve ser feita anualmente, por
ocasião do pleno florescimento da parcela.
A adubação deverá ser feita com base em um plano anual de aplicação
de nutrientes.
A vegetação retirada com a poda deve permanecer no interior do po-
mar.
6.1.2 Normas recomendadas
A adubação química deve basear-se nas análises do solo e foliar e pro-
curar repor as perdas com a exportação da produção.
O cálculo da adubação deverá levar em consideração os nutrientes
provenientes de todas as fontes, como é o caso dos fornecidos pela
matéria orgânica.
A documentação da aquisição dos fertilizantes químicos deve ser ar-
quivada por um período de dois anos.
Os resultados das análises químicas dos adubos orgânicos devem ser
arquivados por um período de dois anos.
Os restos da poda devem ser triturados em pequenos pedaços, com o
objetivo de facilitar a sua decomposição e a consequente liberação de
nutrientes para cultura.
6.1.3 Normas permitidas com restrição
Nos pomares já instalados, o fornecimento de micronutrientes deve ser
feito apenas como correção de deficiências minerais constatadas pela
análise de tecidos vegetais.

6.2 FERTILIZAÇÃO DE PLANTAS


6.2.1 Normas obrigatórias
A dose máxima de nitrogênio por ciclo não deverá exceder 2,5 quilos
de N/ton de fruta.
Devem ser feitas a adoção de práticas culturais para evitar perdas de
nutrientes por lixiviação e por erosão.
212 Kavati, R.

6.2.2 Normas recomendadas


Adubação deve ser baseada na adição de matéria orgânica, apenas
complementada pela adubação mineral.
O fornecimento de nutrientes deverá ser feito preferivelmente via
solo.
O fornecimento de N e K deve ser feito em, pelo menos 4 (quatro)
parcelas por ciclo. Sempre que possível, as doses de N deverão ser
decrescentes, e as de K, crescentes ao longo do ciclo.
A dose de P pode ser fornecida de uma só vez, cuidando-se para que
seja aplicada o mais distante possível da calagem.
A dose máxima de nitrogênio por ciclo não deve exceder 1,5 quilo de
N/ton de fruta.
Devem-se adotar medidas para evitar perdas de nutrientes por volati-
lização.
6.2.3 Normas proibidas
O uso de agroquímicos que não estejam registrados.
A aplicação de adubos orgânicos não adequadamente curtidos (esterco
cru).
O uso de lodo de esgoto, a menos que tenha sido tratado segundo normas
internacionalmente aceitas.
As adubações químicas fosfatadas ou potássicas não devem ultrapassar
em 10% as quantidades indicadas, a menos que devidamente justifi-
cadas.
Adotar procedimentos que coloquem em risco os lençóis aquíferos
subterrâneos por contaminação química.
6.2.4 Normas permitidas com restrição
A correção da deficiência de zinco ou o fornecimento de cálcio pela via
foliar, desde que não seja em mistura com agrotóxicos.
É permitida a adubação feita com compostos orgânicos, desde que
forneçam análise de sua composição e não contenham substâncias que
possam prejudicar o solo, a água, as plantas ou a sua produção.
É permitido utilizar composto feito com restos de origem industrial
quando viável e desde que não ofereça riscos de contaminação do solo,
da água e da produção.

6.3 ARMAZENAMENTO DOS FERTILIZANTES


6.3.1 Normas obrigatórias
Produção integrada de goiaba 213

Os fertilizantes químicos deverão ser armazenados em local seguro,


limpo e seco e protegido, separadamente dos agrotóxicos, fitorregula-
dores e dos insumos que entrarão em contato com os frutos.
Os adubos orgânicos deverão ser armazenados em locais apropriados,
de forma a reduzir os riscos de contaminação ambiental, das frutas e
dos insumos que entrarão em contato com estas.

6.4 REGISTRO DO ESTOQUE E MOVIMENTAÇÃO DOS FER-


TILIZANTES
6.4.1 Normas obrigatórias
Manter registro atualizado da movimentação de fertilizantes químicos
na propriedade.

6.5 CORREÇÃO DO SOLO


6.5.1 Normas obrigatórias
A aplicação de corretivos deve ser feita antes da implantação do pomar
e repetida sempre que necessário para manter a saturação por bases
em 70%.

7 MANEJO DO SOLO
7.1 MANEJO DO SOLO
7.1.1 Normas obrigatórias
É obrigatória a adoção de medidas de conservação do solo com o ob-
jetivo de controlar o processo de erosão.
Com o objetivo de reduzir o escoamento superficial da água, os novos
plantios devem ser implantados com a utilização de práticas conserva-
cionistas mecânicas apropriadas ao grau de declividade do terreno e às
características físicas do solo.
Nos pomares já implantados, devem ser utilizadas práticas conservacio-
nistas vegetativas adequadas à declividade do terreno e às características
físicas do solo, com o objetivo de reduzir a ação da precipitação sobre
o solo.
7.1.2 Normas recomendadas
Recomenda-se o uso de cobertura morta, adubação verde ou a manu-
tenção do mato roçado como cobertura do solo, para preservar a sua
estrutura e o seu teor de matéria orgânica.
7.1.3 Normas proibidas
214 Kavati, R.

É proibido o plantio em classes de capacidade de uso V, ou superior, ou


em áreas de preservação permanente, conforme o disposto na legislação
de proteção ambiental.

7.2 MANEJO DA COBERTURA DO SOLO


7.2.1 Normas obrigatórias
É obrigatório o manejo integrado das plantas invasoras no interior e
no entorno do pomar.
É obrigatório manter o solo vegetado nas entrelinhas, com o objetivo
de contribuir para a melhoria da sua condição biológica e como medida
auxiliar para a sua conservação.
A roçada das plantas infestantes deve ser feita o mais tardiamente
possível, observando-se para que não haja competição significativa
com a cultura por nutrientes e, especialmente, por água na estação das
secas.
7.2.2 Normas recomendadas
As operações de manejo das plantas infestantes deverão ser feitas em
ruas alternadas, não apenas como medida de combate à erosão, mas
também para assegurar a preservação da fauna benéfica.
As operações de manejo da cobertura do solo devem ser sempre rea-
lizadas perpendicularmente ao declive do terreno.
A roçada das plantas daninhas não deve ser feita de modo a expor a
superfície do solo, mesmo que parcialmente.
Considerando o efeito benéfico das plantas infestantes na diversidade
biológica do pomar e seu efeito nocivo na competição por água com a
cultura de goiaba, especialmente no período seco do ano, recomenda-se
que o manejo das plantas infestantes seja feito mais frequentemente na
área irrigada que no restante do pomar, durante o período crítico, que
vai de maio a setembro.
Assegurar a manutenção de, pelo menos, duas espécies de plantas in-
festantes de folhas largas no interior do pomar, das quais pelo menos
uma de ciclo anual.
7.2.3 Normas proibidas
É proibido o uso de ferramentas que exponham o solo, como é o caso
de grade, enxada rotativa, arruadores, ‘roça-carpa’, etc.
7.2.4 Normas permitidas com restrição
O uso de enxadas no interior e no entorno do pomar é permitido com
Produção integrada de goiaba 215

restrição, devendo o seu uso ser substituído por outras ferramentas mais
adequadas, como a roçadeira manual.

7.3 USO DE HERBICIDAS


7.3.1 Normas obrigatórias
É obrigatório o registro das aplicações de herbicidas no caderno de
campo.
Os aplicadores de herbicidas devem estar protegidos com EPI.
7.3.2 Normas proibidas
É proibida a utilização de herbicidas que não estejam registrados para
uso na cultura de goiaba.
É proibido o uso de herbicida pré-emergente.
É proibida a aplicação de herbicidas após o início do estágio 5, ou seja,
nos 60 (sessenta) dias que antecedem o início da colheita.
7.3.3 Normas permitidas com restrição
É permitido, com restrição, o uso de herbicidas de pós-emergência no
controle de plantas infestantes de difícil controle por métodos mecâ-
nicos.
É permitido o uso de herbicidas de pós-emergência nas linhas de plantio,
especialmente nas linhas do sistema de irrigação.

7.4 MANEJO DO SUBSOLO


7.4.1 Normas obrigatórias
Nos solos com camada de compactação que dificulte a penetração das
raízes ou a drenagem vertical, favorecendo o escorrimento superficial
da água, devem ser adotadas medidas para o rompimento dessas ca-
madas.
7.4.2 Normas recomendadas
Nos solos em que haja escorrimento superficial da água é recomendado
o exame para verificar a presença ou não de camadas de compactação
no subsolo, que dificultem ou impeçam a drenagem vertical.
Deve-se dar preferência às práticas culturais para o rompimento das
camadas de compactação nos solos compactados, tais como o plantio
de espécies com sistema radicular vigoroso e profundo, adequadas para
consorciação com a goiabeira.
7.4.3 Normas permitidas com restrição
As medidas mecânicas para o rompimento das camadas subsuperficiais
216 Kavati, R.

de compactação nos solos compactados só devem ser utilizadas quan-


do coerentes com a conservação do solo superficial e com o manejo
integrado das plantas daninhas, devendo estar sempre associadas a
medidas culturais, como o plantio de espécies vegetais com sistema
radicular profundo e vigoroso, e químicas, como correção de acidez e
adubação com boro.

8 IRRIGAÇÃO
8.1 SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO
8.1.1 Normas obrigatórias
Utilizar sistemas de irrigação eficientes, que minimizem o uso da água
e de energia, realizando a manutenção periódica do sistema utilizado.
8.1.2 Normas proibidas
Utilizar sistemas de irrigação sobrecopa.

8.2 MONITORAMENTO DA IRRIGAÇÃO


8.2.1 Normas obrigatórias
A quantidade de água fornecida não deve exceder a capacidade de
campo.
8.2.2 Normas recomendadas
Administrar a quantidade da água de irrigação utilizando os coeficientes
de cultivo (Kc) para a determinação da demanda de água da cultura, em
função do balanço hídrico- climatológico da região produtora ou pela
monitoração da variação da umidade do solo no local.
O uso, em cada parcela, de dispositivos para medição da quantidade
de água aplicada.
A manutenção de uma pequena estação meteorológica que permita a
determinação do volume diário de chuvas e das temperaturas máximas
e mínimas, cujos valores devem ser registrados e arquivados.

8.3 QUALIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO


8.3.1 Normas obrigatórias
Realizar análise química (inclusive para metais pesados) e biológica
da água, anualmente, no caso de água corrente ou a cada dois anos no
caso de represas, açudes e poços.
8.3.2 Normas proibidas
Utilizar água para irrigação que não atenda aos padrões estabelecidos
Produção integrada de goiaba 217

na Resolução CONAMA no 020, de 18 de junho de 1986 2.

9 MANEJO DA PARTE AÉREA


9.1 PODA DE FORMAÇÃO
9.1.1 Normas obrigatórias
A planta deverá receber poda de formação de forma a resultar em uma
estrutura de sustentação de porte baixo e copas abertas, que permita a
insolação e ventilação de seu interior e facilite o manuseio e a colheita
dos frutos.
9.1.2 Normas recomendadas
A formação da copa em taça aberta.
9.1.3 Normas permitidas com restrição
Pomares ou parcelas em fase de formação poderão ser conduzidos, até
o quarto ano de idade, em poda contínua, mas a sua produção não será
certificada.

9.2 PODA DE PRODUÇÃO


9.2.1 Normas obrigatórias
A goiabeira deve ser podada no sistema de poda total de modo a não
apenas obter um adequado equilíbrio entre a atividade vegetativa e a
produção regular, como também, e principalmente, com o objetivo de
definir a época de sua produção.

9.3 DESBROTAS DOS RAMOS


9.3.1 Normas obrigatórias
É obrigatória a desbrota dos ramos em excesso após a poda de frutifica-
ção, de modo a que o interior da copa se apresente sempre bem ventilado
e iluminado, como um método de controle das doenças causadas por
fungos e bactérias.
9.3.2 Normas recomendadas
É recomendável que esta desbrota seja feita o mais cedo possível, de
modo a que o interior da copa nunca seja sombreado ou mal ventilado
a ponto de favorecer a ocorrência de doenças na parte aérea.
9.3.3 Normas proibidas
É proibido o emprego de métodos que resultem em superposição de
safras na mesma planta, como é o caso da ‘poda contínua’ ou da ‘poda
2 2 Ver: www.mma.gov.br/port/conama/index.cfp
218 Kavati, R.

de segunda safra’, uma vez que estes sistemas não asseguram adequado
controle das pragas da cultura com a garantia da isenção de resíduos
tóxicos nos frutos produzidos.

9.4 TÉCNICAS DE RALEIO


9.4.1 Normas recomendadas
Proceder ao raleio ou desbaste dos frutos em excesso para que os rema-
nescentes alcancem tamanho e peso adequados ao mercado visado.
Nesta operação, deverão ser eliminados os frutos defeituosos, atacados
por pragas ou fora das especificações da variedade.
9.4.2 Normas proibidas
O uso de reguladores de crescimento, hormônios vegetais ou agro-
químicos afins obtidos por síntese de substâncias que não ocorrem
naturalmente

10 PROTEÇÃO INTEGRADA DA CULTURA


10.1 LISTA DE MEDIDAS DE PROTEÇÃO DAS PLANTAS
10.1.1 Normas obrigatórias
A elaboração de uma lista de medidas de proteção das plantas, entendida
como sendo uma relação das medidas fitossanitárias com base na grade
de agroquímicos da cultura, respeitadas as peculiaridades regionais, a
infraestrutura relativa aos sistemas de monitoramento e previsão, e as
restrições existentes nos mercados consumidores a que a produção se
destina.
Ela consta de uma relação das pragas-chave, doenças e plantas daninhas
que requerem controle específico, das desordens fisiológicas prevalentes
na cultura e das medidas preventivas que devem ser adotadas para evitar
os danos causados por estes organismos e processos.
Ela deve indicar os métodos de monitoramento e os níveis de dano
econômico a serem observados em cada caso.
Deve, também, relacionar as medidas diretas de controle das pragas e
doenças especificadas, priorizando o emprego de produtos biológicos
e, quando houver necessidade do uso de produtos químicos, indicar os
mais seletivos registrados para uso na cultura. Desta relação poderão
constar produtos de uso restrito, que são aqueles agrotóxicos registrados
que podem ser utilizados desde que respeitadas as restrições especifi-
cadas em cada caso.
Produção integrada de goiaba 219

A sua atualização sempre que houver modificação na grade de agroquí-


micos da cultura ou para a incorporação de novas tecnologias.
A lista de medidas de proteção das plantas deve enfatizar o uso de pro-
dutos biológicos e, quando houver necessidade do emprego de produtos
químicos, indicar os mais seletivos.
A lista de medidas de proteção das plantas deverá especificar as classes
de produtos químicos cujo uso deve ser proibido na cultura, pela sua
baixa seletividade, toxicidade ou danos elevados ao meio ambiente.
10.1.2 Normas proibidas
O uso de produtos químicos de largo espectro, pelos danos que possam
ocasionar no equilíbrio biológico do pomar.

10.2 CONTROLE DE PRAGAS


10.2.1 Normas obrigatórias
É obrigatório o emprego das técnicas preconizadas pelo MIP na ava-
liação da necessidade do emprego de métodos de controle.
As instruções para levantamento e registro da população de pragas
e inimigos naturais, bem como os respectivos níveis de ação, devem
constar de manual específico sobre a prática do MIP.
É obrigatório dar prioridade aos métodos do controle mais seguros,
como os naturais, biológicos, biotécnicos3, físicos ou agronômicos, em
relação ao uso de agroquímicos.
O ensacamento dos frutos como medida de controle das moscas-das-
frutas.
10.2.2 Normas recomendadas
Adotar medidas que protejam a população de inimigos naturais, es-
pecialmente de ácaros fitoseídeos, joaninhas, sirfídeos, crisopídeos,
Neorileya sp. e Gryon spp. ou que estimulem o seu aumento, dada a
importância desses inimigos naturais no controle de importantes pragas
desta cultura.
Implantar a infraestrutura necessária ao monitoramento das condições
agroclimáticas com vistas ao controle de pragas e para orientar os pro-
cedimentos sobre o emprego de agroquímicos.

3 3 Métodos biotécnicos de controle são definidos, na entomologia aplicada, como


sendo procedimentos altamente específicos que afetam o comportamento ou o desen-
volvimento da praga, não tendo, porém, atividade biocida, como é o caso do uso de
feromônios e técnicas do macho estéril.
220 Kavati, R.

Utilizar variedades resistentes às principais pragas de importância na


região, especialmente ferrugem e psilídeos, quando da formação de
novos pomares.
10.2.3 Normas proibidas
É proibido utilizar recursos humanos sem a devida capacitação.

10.3 PESTICIDAS DE SÍNTESE


10.3.1 Normas obrigatórias
Os defensivos agrícolas utilizados devem estar incluídos na grade de
agroquímicos da cultura e que seu uso se faça mediante receituário
agronômico.
Observar o período de carência e de reentrada na lavoura após a apli-
cação de agrotóxicos.
Os agrotóxicos utilizados devem estar incluídos na grade de agroquí-
micos da cultura e que seu uso se faça mediante receituário agronô-
mico.
Utilizar produtos de diferentes grupos químicos, em uma estratégia de
rotação, para evitar o aparecimento de estirpes resistentes de pragas,
quando houver necessidade do uso de agrotóxicos que apresentem
riscos desta seleção.
A quantidade máxima de cobre metálico aplicada por ciclo não pode
exceder a10 (dez) quilos por hectare.
10.3.2 Normas recomendadas
Quando necessário o emprego do controle químico, usar preferencial-
mente produtos que apresentem boa seletividade em relação aos ini-
migos naturais, especialmente sirfídeos e Neorileya, cujas populações
devem ser preservadas.
Os tratamentos fitossanitários devem ser direcionados especificamente
aos locais onde a população de praga provoca danos.
A quantidade máxima de cobre metálico aplicada por ciclo não deve
ultrapassar 5 (cinco) quilos por hectare.
10.3.3 Normas proibidas
É proibido aplicar produtos químicos sem o devido registro no MAPA
para uso na cultura.
É proibido o uso de defensivos agrícolas de baixa seletividade, alta
persistência, que favoreçam o aparecimento de pragas secundárias, que
sejam lixiviáveis ou que apresentem outras características negativas.
Produção integrada de goiaba 221

10.3.4 Normas permitidas com restrição


É permitida, com restrição, a utilização de defensivos de uso restrito,
mediante receituário agronômico, somente quando for justificada a
necessidade.

10.4 EQUIPAMENTOS DE APLICAÇÃO DE AGROQUÍMI-


COS
10.4.1 Normas obrigatórias
A revisão geral, a cada 4 (quatro) anos, dos equipamentos de aplicação
de agroquímicos por empresa tecnicamente habilitada com o emprego
de métodos reconhecidos internacionalmente.
A utilização de EPI pelos operadores, de acordo com as instruções dos
rótulos dos produtos manuseados.
Os EPIs devem ser limpos após sua utilização e armazenados em local
seguro, separado dos agrotóxicos.
A lavagem dos equipamentos de pulverização e a descarga da calda
excedente em tanques apropriados para contenção e destinação dos
efluentes.
10.4.2 Normas recomendadas
Calibrar o equipamento de pulverização antes de cada tratamento,
levando em consideração as características do alvo visado. Periodica-
mente, realizar uma calibração mais apurada, utilizando papel sensível
à água.
É recomendado que os tratores sejam dotados de cabina.
As pulverizações com pulverizador a pistola não devem ser realizadas
quando a velocidade do ar exceder a 5 m/seg, a temperatura estiver
acima de 25oC e a umidade relativa do ar abaixo de 50%.
As pulverizações com turboatomizador não devem ser realizadas quan-
do o ar estiver parado ou a velocidade superior a 5 m/seg, a temperatura
estiver acima de 25oC e a umidade relativa do ar abaixo de 50%.
10.4.3 Normas proibidas
O emprego de recursos humanos sem a devida capacitação técnica.
O uso de equipamentos descalibrados ou com defeitos mecânicos ou
que apresentem falhas que comprometam a eficiência do agrotóxico, a
saúde do trabalhador ou o meio ambiente.
É proibida a descarga ou lavagem dos equipamentos de pulverização
em área que ofereça risco de contaminação de águas superficiais ou
222 Kavati, R.

profundas.

10.5 PREPARO E APLICAÇÃO DE AGROQUÍMICOS


10.5.1 Normas obrigatórias
As pulverizações com defensivos agrícolas devem ser feitas exclusiva-
mente nas áreas de risco de epidemias ou quando a população de pragas
atingir o nível de controle especificado no manual do MIP.
Na aplicação de agroquímicos, é obrigatório obedecer aos critérios de
segurança relativos à saúde humana e ao meio ambiente, de acordo com
o disposto na legislação vigente.
Obedecer às especificações técnicas sobre manipulação e preparo de
caldas com defensivos agrícolas.
O abastecimento dos tanques de pulverização deve ser feito em locais
apropriados, que não ofereçam riscos de contaminação ao operador
e ao meio ambiente. Os procedimentos a serem adotados em caso de
acidente com agrotóxicos devem estar claramente afixados no local de
armazenamento destes produtos.
10.5.2 Normas recomendadas
Observar, periodicamente, o pH da água utilizada na pulverização, que
deve ser compatível com o requerido pelo produto utilizado.
O preparo da calda e a carga do pulverizador devem ser feitos em
postos de abastecimento devidamente ladrilhados e com tanque para a
retenção do excesso.
10.5.3 Normas proibidas
Depositar restos de agroquímicos e lavar equipamentos em fontes de
água, riachos e lagos.
É proibido empregar recursos humanos sem a devida capacitação
técnica.

10.6 ARMAZENAMENTO E EMBALAGEM DE AGROQUÍMI-


COS
10.6.1 Normas obrigatórias
Armazenar os agrotóxicos em edifício apropriado, construído e mantido
de acordo com as especificações do INPEV 4, separados dos fertilizantes
e, principalmente, de materiais que serão utilizados na colheita e na
embalagem das frutas.
4 4 Ver: www.inpev.org.br/2003/armaz_01.asp.
Produção integrada de goiaba 223

É obrigatório o registro sistemático da movimentação de estoque de


produtos químicos para fins de rastreabilidade. Desse registro fazem
parte o receituário agronômico, as notas fiscais de compra do produto
e a ficha de inspeção do MIP ou documento equivalente, que justifique
o tratamento.
É obrigatório o procedimento de tríplice lavagem, conforme o tipo
da embalagem de defensivo utilizado e, após a sua inutilização, fazer
a sua entrega nos postos de recolhimento ou centros de destruição e
reciclagem de embalagens.
Os locais de armazenamento de agrotóxicos devem ser devidamente
sinalizados com o símbolo usual de perigo.
10.6.2 Normas recomendadas
Nos locais onde ainda não existam centros regionais para o recolhi-
mento e reciclagem de embalagens, é recomendável a sua organização,
em conjunto com os governos estaduais, municipais, sindicato rural,
associações de produtores, fabricantes e distribuidores de defensivos
agrícolas.
10.6.3 Normas proibidas
É proibido estocar agroquímicos sem a obediência às normas de se-
gurança.
É proibido o armazenamento de agroquímicos junto com produtos que
entrarão em contato com a fruta.
É proibida a reutilização ou o abandono de embalagens ou restos de
materiais e produtos agroquímicos, sobretudo em áreas de agricultura
ou próximas de mananciais.

11 COLHEITA E PÓS-COLHEITA
11.1 HIGIENE NA COLHEITA
11.1.1 Normas obrigatórias
Ter procedimentos operacionais padronizados para as operações de
limpeza e higienização de utensílios e equipamentos de colheita, do-
cumentados e atualizados.
Utilizar mão de obra treinada com vestimenta adequada e limpa, cabelos
presos, unhas cortadas e mãos limpas.
Os trabalhadores devem ter acesso a equipamentos para lavagem das
mãos e a instalações sanitárias limpas a, no máximo, 500 (quinhentos)
metros do local de trabalho.
224 Kavati, R.

11.2 PONTO DE COLHEITA


11.2.1 Normas obrigatórias
Colher os frutos fisiologicamente desenvolvidos, no mínimo, após a
quebra da cor verde- escura.
11.2.2 Normas recomendadas
Colher a fruta o mais próximo possível da completa maturidade, tendo
em vista o mercado ao qual se destina.
11.2.3 Normas proibidas
Colher frutos que não apresentem sinal de maturação fisiológica.
11.2.4 Normas permitidas com restrição
A colheita de frutos antes da quebra da cor verde-escura, desde que
comprovadamente exigido pelo mercado de destino.

11.3 CONTENTORES PARA COLHEITA


11.3.1 Normas obrigatórias
Utilizar contentores exclusivos para colheita, com superfície de mate-
rial inerte, não absorvente e higienizável. As alças e os componentes
estruturais do contentor devem ser mantidos limpos.
A lavagem dos contentores deve ser periódica, para assegurar a sua
limpeza.
Colocar proteção no fundo e nas laterais dos contentores para que não
danifiquem os frutos. O material usado com essa finalidade deve permitir
a higienização e não deve transmitir ao produto odor ou substâncias
indesejáveis.
11.3.2 Normas recomendadas
Evitar enchimento excessivo dos contentores a fim de não causar danos
aos frutos durante seu manuseio e transporte.
11.3.3 Normas permitidas com restrição
O uso de sacolas de pano ou lona para colheita dos frutos, desde que
sejam mantidas limpas.

11.4 TÉCNICAS DE COLHEITA


11.4.1 Normas obrigatórias
Depositar as frutas em contentor identificado, limpo e adequado à sua
recepção.
Depositar os contentores em superfície limpa, protegendo as frutas de
contaminação por poeira, insetos ou pragas.
Produção integrada de goiaba 225

Manusear com cuidado os frutos evitando choques e abrasões.


11.4.2 Normas proibidas
Manter frutos produzidos em sistema de Produção Integrada sem a
devida identificação e sem adoção de procedimentos contra riscos de
contaminação, junto com frutos produzidos em outros sistemas de
produção.
Permitir contato dos frutos e das embalagens de colheita com o solo.
Deixar as embalagens com frutos expostas ao sol.

11.5 IDENTIFICAÇÃO DOS CONTENTORES


11.5.1 Normas obrigatórias
Identificar os contentores de colheita indicando que os frutos foram
produzidos em sistema de Produção Integrada, a cultivar, data de co-
lheita, responsável pela colheita e contendo código que identifique a
parcela e a propriedade.

11.6 TRANSPORTE ATÉ A EMPACOTADORA


11.6.1 Normas obrigatórias
Retirar os contentores cuidadosamente da área do pomar.
Os veículos de transporte devem acomodar os contentores em super-
fície limpa.
Realizar o transporte em velocidade adequada em função das caracte-
rísticas da via.
11.6.2 Normas recomendadas
Utilizar contentores paletizáveis.
Utilizar veículos com sistemas de amortecimento adequados.
Molhar as vias internas da propriedade, quando necessário, para evitar
a formação de poeira.
Em períodos de grande insolação, cobrir a carga, deixando espaço entre
a cobertura e os frutos, para ventilação.
11.6.3 Normas proibidas
Transportar a granel.
11.6.4 Normas permitidas com restrição
Manter frutas da PIF em conjunto com as de outro sistema de produção
ou de outras frutas, desde que devidamente identificadas, separadas e
assegurados os procedimentos contra riscos de contaminação.
226 Kavati, R.

12 ANÁLISE DE RESÍDUOS
12.1 AMOSTRAGEM PARA ANÁLISE DE RESÍDUOS EM FRU-
TAS NA LAVOURA
12.1.1 Normas obrigatórias
Permitir a coleta de amostras de frutas para análise de resíduos.
As amostras devem representar um mínimo de 10% do total das parcelas
de cada produtor ou grupo de pequenos produtores.
As amostras serão coletadas ao acaso, devendo representar a parcela
de onde se originaram.
Para fins de determinação dos níveis de resíduos tóxicos contidos na
fruta a ser comercializada, a coleta das amostras deverá ser feita a partir
do início da colheita dos frutos.
Os resultados das análises deverão ser mantidos, em arquivo, na pro-
priedade de onde provieram as amostras, por um período mínimo de
três anos.
12.1.2 Normas recomendadas
Seguir um sistema de rodízio na escolha das parcelas a serem amostra-
das, de modo a assegurar que todas serão analisadas em um determinado
período de tempo.
Amostras adicionais deverão ser coletadas se ocorrerem falhas no uso
de agroquímicos.
12.1.3 Normas proibidas
A utilização de recursos humanos sem a devida capacitação.

12.2 AMOSTRAGEM NAS EMPACOTADORAS


12.2.1 Normas obrigatórias
Nas empacotadoras, a coleta de amostras deverá ser feita após a em-
balagem da fruta.
12.2.2 Normas recomendadas
A coleta de amostras adicionais em lotes que sofreram tratamento quí-
mico diferente na pós-colheita.

12.3 INSTRUÇÕES PARA A COLETA E ANÁLISE DE AMOS-


TRAS
12.3.1 Normas obrigatórias
A amostragem obedecerá ao disposto no Programa Nacional de Resíduos
Químicos e Biológicos em Vegetais, no Manual de Coleta de Amostras
Produção integrada de goiaba 227

para Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Vegetais do MAPA e na


Portaria 144 do INMETRO.
As análises de resíduos serão obrigatoriamente feitas em laboratórios
credenciados pelo MAPA.
12.3.2 Normas recomendadas
O produtor e a empacotadora devem participar de programa de moni-
toramento de resíduos.

12.4 PROCEDIMENTOS PARA DESTRUIÇÃO DE FRUTAS


COM RESÍDUOS
12.4.1 Normas obrigatórias
Tanto a unidade de produção quanto a empacotadora devem dispor
de um procedimento padrão de emergência para destruição de frutos
contaminados com resíduos tóxicos acima dos limites permitidos pela
legislação.
12.4.2 Normas proibidas
Destinar ao consumo humano ou animal fruta com níveis de resíduos
superiores aos permitidos na legislação.

13 PROCESSOS DE EMPACOTADORAS
13.1 EDIFÍCIO E INSTALAÇÕES
13.1.1 Normas obrigatórias
Ter construção sólida e sanitariamente adequada, que impeça a entrada
e o alojamento de animais domésticos, insetos, roedores ou pragas.
Ter as paredes revestidas de material impermeável e lavável.
Ter piso de material resistente ao trânsito, impermeável, lavável e an-
tiderrapante, com sistema de drenagem adequado.
Ter teto que impeça o acúmulo de sujeira.
Ter instalações elétricas e lâmpadas protegidas.
Ter janelas e outras aberturas construídas de maneira a evitar o acúmulo
de sujeira, e as que se comunicam com o exterior devem ser providas
de proteção antipragas.
Ter iluminação que possibilite a realização do trabalho sem compro-
meter a segurança e a higiene da fruta.
Ter ventilação adequada.
Ter instalações para outras finalidades sem acesso direto com a área
de beneficiamento.
228 Kavati, R.

Dispor de abastecimento de água potável com adequado sistema de


distribuição e proteção contra contaminação.
Dispor de sistema de eliminação de efluentes e águas residuais. Os locais
de armazenamento de agrotóxicos devem ser devidamente sinalizados
com o símbolo usual de perigo.
13.1.2 Normas proibidas
Manter, na empacotadora, qualquer agroquímico cujo uso não seja
pertinente aos processos nela realizados.

13.2 ÁREAS OPERACIONAIS


13.2.1 Normas obrigatórias
A empacotadora deve ter duas áreas operacionais distintas: uma área
de recepção da fruta, considerada “área suja”, e chamada de ‘área de
recepção’, e uma área para manejo, classificação, embalagem, arma-
zenamento e expedição da fruta, considerada “área limpa”, e chamada
de ‘área de manuseio da fruta’.
O acesso à ‘área de manuseio da fruta’ só é permitido para pessoas
devidamente treinadas e com vestimentas adequadas e limpas.
As empacotadoras deverão ter instalações sanitárias limpas, com acesso
feito fora da ‘área de manuseio da fruta’.
Ter, próximo da entrada da ‘área de manuseio da fruta’, instalações
adequadas para lavagem e secagem higiênica das mãos.
Os materiais e produtos de limpeza devem ser armazenados em cômodo
especificamente destinado para esse fim, de modo que não entrem em
contato com as frutas e com o material de embalagem.
13.2.2 Normas permitidas com restrição
O acesso de visitantes, que deverão ser informados sobre os pontos
mais relevantes das normas de higiene a serem observadas durante a
visita e usar vestimentas adequadas e limpas.

13.3 UNIDADES DE BENEFICIAMENTO MÓVEIS


13.3.1 Normas obrigatórias
No caso da utilização de unidades de beneficiamento móveis, estas de-
verão obedecer aos mesmos princípios das unidades fixas, respeitadas
as diferenças e limitações inerentes.

13.4 HIGIENE NA EMPACOTADORA


Produção integrada de goiaba 229

13.4.1 Normas obrigatórias


Os trabalhadores da ‘área de manuseio da fruta’ da empacotadora
deverão ser adequadamente treinados, especialmente em relação aos
métodos de higiene pessoal e estar com vestimentas limpas, cabelos
presos e unhas cortadas, mantendo as mãos higienizadas.
Disponibilizar, para os trabalhadores da empacotadora, instalações
sanitárias limpas.
13.4.2 Normas recomendadas
O uso de toucas e luvas para os trabalhadores da ‘área de manuseio
da fruta’.
Informar os visitantes sobre os pontos mais relevantes das normas de
higiene a serem observadas durante a visita.

13.5 RECEPÇÃO NA EMPACOTADORA


13.5.1 Normas obrigatórias
Identificar e registrar os lotes quanto à procedência, peso e hora da
chegada para manter a rastreabilidade dos frutos.
Ter procedimento-padrão que defina um destino adequado para as frutas
sem qualificação comercial.
13.5.2 Normas recomendadas
Implementar medidas que minimizem os riscos de contaminação física,
química e biológica.
Tomar amostra de cada lote para avaliação da qualidade do produto.
13.5.3 Normas proibidas
Manter as frutas rejeitadas por vários períodos na empacotadora.
13.5.4 Normas permitidas com restrição
Manter frutas da PIF em conjunto com as de outro sistema de produção
ou de outras frutas, desde que devidamente identificadas, separadas e
assegurados os procedimentos contra riscos de contaminação.

13.6 RETIRADA DO SAQUINHO DE PAPEL


13.6.1 Normas obrigatórias
Fazer a retirada do saquinho de proteção da fruta na ‘área de recepção’
e de modo a evitar a contaminação da fruta.

13.7 LAVAGEM
13.7.1 Normas obrigatórias
230 Kavati, R.

No caso de se fazer lavagem das frutas, deverá ser utilizado detergente


e/ou sanitizante que seja recomendado e registrado conforme legislação
vigente, e seu uso deve fazer-se segundo prescrições técnicas.
Utilizar água potável.
13.7.2 Normas recomendadas
O uso de tanques com bomba para agitação e recirculação da água, para
facilitar a remoção de impurezas ou a reposição da água.
A concentração do detergente ou sanitizante e a qualidade da água
deverão ser monitorados periodicamente.
13.7.3 Normas proibidas
Lavar frutos produzidos em Sistema de Produção Integrada simultane-
amente com frutos produzidos em outros sistemas de produção.
Utilizar contentores, tanques ou reservatórios construídos com materiais
proibidos pela legislação vigente, tais como o amianto.

13.8 TRATAMENTO PÓS-COLHEITA


13.8.1 Normas obrigatórias
No caso de serem utilizados agrotóxicos, produtos químicos ou ceras
em tratamentos pós-colheita, estes devem estar devidamente registrados
no MAPA, e seu uso deve fazer-se segundo prescrições técnicas.
13.8.2 Normas recomendadas
No caso de frutas destinadas à exportação, devem ser observadas as
restrições existentes no país importador.

13.9 SELEÇÃO E CLASSIFICAÇÃO


13.9.1 Normas obrigatórias
No caso de frutas destinadas ao mercado interno, proceder à seleção
e classificação da goiaba de acordo com os padrões de classificação
vigentes.
13.9.2 Normas proibidas
Selecionar, classificar e embalar frutos produzidos em sistema de Pro-
dução Integrada, simultaneamente com frutos produzidos em outros
sistemas.

13.10 EMBALAGEM E ROTULAGEM


13.10.1 Normas obrigatórias
O material de embalagem deve ser armazenado em local protegido de
Produção integrada de goiaba 231

pó e outros contaminantes, evitando-se a entrada de qualquer espécie


de animal que possa danificá-lo ou contaminá-lo.
Usar embalagens que assegurem a proteção física da fruta e construídas
com material atóxico.
Utilizar embalagens novas e limpas, que atendam às exigências do
mercado e As necessidades da fruta.
Os papéis ou selos devem ser impressos com produto atóxico.
A embalagem deve conter somente frutos de mesma origem, cultivar,
qualidade e classe, e devem ser identificadas de forma a permitir a
continuidade do processo de rastreamento.
Proceder à identificação do produto, conforme normas técnicas de
rotulagem com destaque ao sistema de produção integrada de frutas
- PIF.
13.10.2 Normas recomendadas
Proceder à adaptação ao sistema de paletização.
No caso de se utilizar embalagem a vácuo, o sistema empregado não
deve comprometer a qualidade da fruta.
13.10.3 Normas proibidas
Armazenar material de embalagem no chão.

13.11 PALETIZAÇÃO
13.11.1 Normas obrigatórias
Quando for utilizado sistema paletizado, os paletes devem ser montados
somente com frutas PIF.

13.12 ARMAZENAMENTO, EXPEDIÇÃO E TRANSPORTE


13.12.1 Normas obrigatórias
Elaborar e obedecer a procedimentos operacionais padronizados de
expedição, transporte e armazenamento, específicos para a PIF-Goiaba,
conforme seus requisitos de qualidade.
Proceder à prévia higienização das câmaras frigoríficas com produtos
aprovados para uso na indústria agroalimentícia.
Obedecer às técnicas de transporte e armazenamento, específicas para
a cultura da goiaba, com vistas à preservação da qualidade da fruta.
Indicar o lote e o seu destino para manter a rastreabilidade do produ-
to.
Utilizar um sistema de identificação que assegure a rastreabilidade do
232 Kavati, R.

produto.
13.12.2 Normas recomendadas
Armazenar os paletes em câmara fria, em temperatura e umidade relativa
adequadas para garantir a conservação do produto.
Executar programa de manutenção do sistema de refrigeração.
Realizar o transporte em veículos e equipamentos apropriados e higie-
nizados, conforme requisitos da cultura da goiaba.
13.12.3 Normas proibidas
Transportar frutas de produção integrada em conjunto com as de outros
sistemas de produção, sem a devida identificação e sem procedimentos
contra riscos de contaminação.
13.12.4 Normas permitidas com restrição
Armazenar frutas da PIF com as de outros sistemas de produção, desde
que devidamente separadas, identificadas e justificadas, com a adoção
de procedimentos contra riscos de contaminação.

13.13 DESCARTE DE FRUTAS E DO LIXO


13.13.1 Normas obrigatórias
Manter frutas descartadas ou lixo em recipiente fechado, removendo-os
diariamente do local de trabalho.

13.14 LOGÍSTICA
13.14.1 Normas obrigatórias
Utilizar sistema de identificação, por meio dos Cadernos de Campo e
de Pós-Colheita, que assegure a rastreabilidade de processos adotados
na geração do produto.

13.15 CADERNO DE PÓS-COLHEITA


13.15.1 Normas obrigatórias
Todas as operações realizadas na empacotadora devem ser registradas
no Caderno de Pós-colheita.
Manter o registro de expedição e destino dos lotes em Caderno de
Pós-Colheita.

14 SISTEMAS DE RASTREABILIDADE E CADERNOS DE


CAMPO E DE PÓS-COLHEITA
14.1 RASTREABILIDADE NO CAMPO E NA EMPACOTADORA
Produção integrada de goiaba 233

14.1.1 Normas obrigatórias


A rastreabilidade no campo deve ser até a parcela e, na empacotadora,
até o lote formado na recepção.
Manter o registro de dados atualizado e feito de modo fidedigno, para
fins de rastreabilidade de todas as etapas do processo.

14.2 CADERNO DE CAMPO


14.2.1 Normas obrigatórias
Registrar todas as operações de cultivo em caderno de campo específico
para cada parcela.
14.2.2 Normas recomendadas
Instituir um sistema de códigos de barra ou etiquetas coloridas para a
identificação da produção de diferentes parcelas.

14.3 CADERNO DE PÓS-COLHEITA


14.3.1 Normas obrigatórias
Registrar todos os dados relativos à recepção e manejo da fruta na
empacotadora, em caderno de pós-colheita específico.

14.4 AUDITORIA EXTERNA DE CAMPO


14.4.1 Normas obrigatórias
A realização de uma auditoria externa por ano, que deve coincidir com
a colheita em uma das parcelas.
Permitir auditoria no pomar e na empacotadora, nas ocasiões previstas
nesta norma, ocasião em que a documentação necessária à sua realização
deve ser disponibilizada.
No mês de julho de cada ano, informar ao OAC o cronograma de pro-
dução de cada uma das parcelas.

14.5 AUDITORIA EXTERNA DE PÓS-COLHEITA


14.5.1 Normas obrigatórias
Permitir auditorias na empacotadora, conforme necessidade do OAC
e previstas nestas NTEs.

14.6 AUDITORIA INTERNA


14.6.1 Normas obrigatórias
O produtor deverá realizar uma auditoria interna de campo e na empa-
234 Kavati, R.

cotadora, no mínimo, uma vez por ano.


As ações corretivas deverão ser implementadas e documentadas.

14.7 SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE


14.7.1 Normas obrigatórias
Disponibilizar documento para registro das consultas dos clientes re-
lacionadas ao cumprimento desta norma.
Dispor de um procedimento que assegure que as consultas sejam ade-
quadamente registradas, analisadas e tratadas.
As ações corretivas adotadas devem ser registradas no documento de
atendimento ao cliente.

15 ASSISTÊNCIA TÉCNICA
15.1 REQUISITOS PROFISSIONAIS
15.1.1 Normas obrigatórias
Contar com assistência técnica prestada por profissional habilitado pelo
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA),
devidamente capacitado no sistema de produção integrada de goiaba,
perfeitamente familiarizado com seus princípios e objetivos e com
estas NTEs.
A área territorial atendida pelo técnico responsável deverá ser aquela
definida pelas normas do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura
e Agronomia (CREA).

15.2 ATUAÇÃO PROFISSIONAL


15.2.1 Normas obrigatórias
Rever ou participar da revisão da lista de medidas de proteção das plan-
tas, tendo em vista as peculiaridades regionais, a infraestrutura relativa
aos sistemas de monitoramento e provisão, e as restrições existentes
nos mercados consumidores a que a fruta se destina.
15.2.2 Normas recomendadas
Elaboração de um programa anual de treinamento dos trabalhadores e
responsáveis pela produção em práticas agrícolas, junto com os pro-
dutores participantes.
235

Capítulo 8

RIEGO Y FERTIRRIGACION
Ivan Vidal Parra1

1. INTRODUCCION

El conocimiento es la más poderosa herramienta para hacer


de la agricultura una actividad competitiva y altamente rentable. La
innovación tecnológica presenta un crecimiento exponencial en el
campo de la agricultura. Es por esto que un productor o empresa líder
debe, necesariamente, conceptuar la innovación como algo inherente
a su propio proceso de cambio y mejora.
La tendencia de la agricultura actual es aproximarnos lo más
posible al potencial máximo del cultivo en cuanto a rendimiento y
calidad, manteniendo en todo momento un equilibrio con el medio
ambiente que evite la degradación de nuestros recursos naturales. En
los últimos años nos encontramos con dos grandes vías de avance tec-
nológico: i) La gran expansión de la electrónica e informática aplicadas
a la agricultura (equipos automáticos de fertirrigación, controladores
climáticos, fitomonitores, sondas y sensores de múltiples parámetros
de control), y ii) Creación o adaptación de nuevos genotipo de cultivos
y técnicas que permiten un mejor aprovechamiento de los recursos y
1
Professor Dr. - Universidad de Concepción - Facultad de Agronomía, Chillán, Chile.
E-mail: ividal@udec.cl
236 Parra, I. V.

mejoramiento de la producción y calidad de las cosechas.


La disponibilidad actual de componentes electrónicos e infor-
máticos facilita la instalación de automatismo y la implementación de
nuevas técnicas de cultivo. La presencia de empresarios innovadores y
asesores agrícolas capacitados y convencidos de sus ventajas, provoca
que el uso de estos sistemas sea cada vez más generalizado, sobre todo
en frutales, cultivos hortícolas y ornamentales.
El término fertirrigación, engloba la nutrición hídrica y mineral
de los cultivos y sobre su concepto se concentra buena parte de los
avances técnicos que sustentan el desarrollo de la agricultura intensiva.
Fertirrigación significa literalmente, aplicación simultánea del agua de
riego y los fertilizantes. Esta técnica, abre nuevas posibilidades para
controlar el suministro hídrico y nutricional de los cultivos de tal for-
ma de optimizar la distribución y concentración de los iones y agua en
el suelo e impactar positivamente en el rendimiento y calidad de los
productos.
En un sistema de fertirrigación se pueden controlar fácilmente la
parcialización, la dosis, la concentración y la relación de los fertilizantes
aplicados. Existen muchas evidencias experimentales acerca de las
ventajas de la fertirrigación. Dentro de las variables más importantes
de conocer y manejar adecuadamente en el fertirriego, es disponer de
un buen diagnóstico del nivel nutricional del suelo, del cultivo y de
las aguas de riego. Posteriormente, identificar las etapas fenológicas
y productividad esperada y la respectiva demanda de nutrientes, para
luego definir un programa nutricional que implica la elección de los
fertilizantes y cantidad más adecuada para cada etapa fenológica. Es
fundamental, después de diseñar adecuadamente un programa de fer-
tirriego para las condiciones particulares del productor, disponer de un
sistema de monitoreo que permita tomar decisiones oportunas durante el
ciclo de desarrollo, de tal forma de optimizar la nutrición y evitar pér-
didas de elementos químicos en profundidad. La fertirrigación permite
optimizar el rendimiento, la calidad de los productos y el incremento
de biomasa vegetal por unidad de agua usada.
Riego y fertirrigacion 237

2. SITUACION MUNDIAL Y VENTAJAS DEL FERTIRRIEGO

Las áreas agrícolas bajo riego presurizado se están expandien-


do a través del mundo. En China, India, Japón y Australia existe una
expansión considerable de estos sistemas de riego. En algunos países,
tal como Israel, donde la disponibilidad de agua es limitante para los
cultivos, todo el riego es presurizado (Hagin e Lowengart-Aycicegi,
1999) y más del 80% de la superficie irrigada usa el método fertirriego
(Imas, 1999). Estados Unidos y España, son los países con mayor su-
perficie fertirrigada. En España, no sólo se está aplicando a los cultivos
de invernadero (más de 50.000 ha), sino también a cultivos extensivos
como olivos, algodón, viñedos, etc., estimándose una superficie total
fertirrigada de más de un millón de ha (Cadahía, 2005). Países como
Australia, Sudáfrica, Israel, Italia, Egipto, México e India, superan las
100.000 has con riego localizado. Actualmente, se estima una extensión
aproximada de 5.000.000 has bajo fertirrigación.
En Chile, en la actualidad existen más de 200.000 has de riego
presurizado en las cuales es posible fertirrigar y su expansión en la zona
central del país, alcanza el 15% anual.
La fertirrigación al aire libre o en invernadero ha propiciado un
importante mejoramiento de los cultivos. Las principales ventajas de
la fertirrigación se pueden resumir en lo siguiente: a) Posibilidad de
empleo de aguas y suelos de baja calidad: aguas y suelos salinos, sue-
los pedregosos, excesivamente permeables, pendientes excesivas, etc.
(Figura 1), b) Posibilidad de aplicación de otros productos utilizando la
infrastructura, como correctores, desinfectantes del suelo, herbicidas,
nematicidas, funguicidas, reguladores del crecimiento, etc. c) Apli-
cación precisa de nutrientes de acuerdo a la demanda del cultivo por
lo que se evita la concentración excesiva de fertilizante en el suelo y
lixiviación fuera de la zona de humedecimiento, d) Aplicación de agua
y fertilizantes solamente a un volumen determinado de suelo, donde
las raíces están más activas, incrementándose la eficiencia del uso del
fertilizante y reduciendo su impacto ambiental,. e) Reducción en el
tráfico de maquinaría agrícola en el campo, f) Fabricación “a la carta”
de fertilizantes concentrados adaptados a un cultivo, agua de riego y
condiciones climáticas durante todos y cada uno de los días del ciclo
del cultivo, g) Fácil automatización de la fertilización.
238 Parra, I. V.

Entre los posibles inconvenientes del sistema podemos citar al costo


inicial de la infraestructura, posibilidad de obturación de goteros y
necesidad de manejo del sistema por personal especializado. Un mal
manejo de la fertirrigación puede provocar daños como: acidificación,
lavado de nutrientes y/o salinización del suelo.
Las grandes ventajas que aporta el sistema de fertirrigación
compensan sobradamente los inconvenientes citados que, por otra
parte, pueden tener una solución relativamente simple. El costo ini-
cial se puede amortizar en poco tiempo y la obturación de goteros se
puede evitar si se sigue una tecnología de fertirrigación adecuada. El
problema de formación del personal se puede resolver mediante cursos
de formación y obras de divulgación escritas por los especialistas que
puedan informar de sus propias experiencias.

Figura 1. Plantación de viñedos en suelos pedregosos.

3. PRECISION DEL RIEGO

Un sistema de riego al estar bien operado y con una adecuada


mantención, puede alcanzar una alta uniformidad y eficiencia de aplica-
ción de agua. Por otro lado, para alcanzar esta alta eficiencia de uso de
agua por la planta, el programa de riego debe diseñarse basado en datos
científicos y no en la práctica empírica. Los parámetros más relevantes
como prerrequisito para realizar un riego/fertirriego científico y seguro
son conocer el tiempo y la frecuencia de riego. Para ello, los factores
básicos a determinar son:
Riego y fertirrigacion 239

• Capacidad de retención de agua del suelo


• Zona de extracción radicular
• Necesidad de agua de la planta o evapotranspiración del cultivo

3.1. Capacidad de Retención agua del suelo y zona extracción


radicular.
No toda el agua presente en el suelo es fácilmente aprovechable.
Una fracción de agua es retenida fuertemente por las partículas del suelo
y no puede ser utilizada por las plantas. Es muy importante para los
productores conocer la cantidad de agua que su cultivo puede utilizar
con el propósito de definir las necesidades de riego. En condiciones
de altas temperaturas, la planta afectar su producción y calidad de la
fruta, con una humedad del suelo relativamente alta. Por consiguiente,
el contenido de humedad del suelo no debe llegar al límite inferior del
agua aprovechable. A continuación se revisarán algunos conceptos,
para entender lo que es el agua fácilmente aprovechable.
La capacidad de campo (CC) representa el contenido de hume-
dad que alcanza un suelo, después de estar saturado y drena libremente.
Esta situación es muy favorable para el desarrollo de los cultivos, puesto
que se encuentra en el suelo agua abundante retenida con una energía
que es fácilmente superada por la succión de las raíces, al mismo tiempo
que el suelo está lo suficientemente aireado para permitir la respiración
radicular.
Cabe señalar, que la gran mayoría de los suelos no drenan hasta
que tienen retenida una determinada cantidad de agua y luego la man-
tienen por un largo periodo de tiempo. En consecuencia, la definición
de capacidad de campo esta idealizada y el concepto es más adecuado
para suelos de textura gruesa o arenosa.
Agua fácilmente aprovechable (AFA) es el agua que una planta
puede extraer fácilmente del suelo. AFA es la humedad del suelo presen-
te entre CC y un contenido agua que permita un crecimiento ilimitado
u óptimo del cultivo. En este rango de humedad del suelo, las plantas
no están anegadas, ni presentan estrés hídrico. No obstante, después
de este punto las raíces pueden seguir absorbiendo agua del suelo, pero
esta agua no es tan fácilmente disponible y para el cultivo le es más
difícil su extracción. Si el suelo se seca hasta el punto de marchitez
permanente (PMP), la planta ya no puede extraer la poca agua
240 Parra, I. V.

que todavía puede estar presente, porque está totalmente fuera del
rango de la humedad aprovechable.

Figura 2. Representación gráfica del contenido de agua fácilmente


aprovechable (AFA).

Los valores de AFA se presentan en el cuadro 1 como mm de agua


disponible por centímetro de profundidad de suelo. Las cifras en atm,
corresponden a los valores medidos con un tensiómetro o un equipo
Watermarck. Así, para una arena (A) con lectura de tensiómetro de -0,3
atm, se necesita suministrar 0,36 mm de agua por cada centímetro de
profundidad del suelo para llevar éste a capacidad de campo. Con -0,6
atm (más seco) se requieren 0,38 mm de agua por cada centímetro de
profundidad del suelo para llevarlo a capacidad de campo.
Contenido de agua del suelo. El AFA para cultivos hortícolas y
frutales es normalmente la cantidad de agua presente entre capacidad
de campo y -0,30 a -0,60 atm. El valor de referencia más recomendado
para volver a regar corresponde a -0,40 atm.
Riego y fertirrigacion 241

Cuadro 1. Agua fácilmente aprovechable (mm/cm) almacenada entre


capacidad de campo y -0,40 atm y -0,60 atm.
Textura -0,40 atm -0,60 atm
Arenoso 0,36 0,38
Areno francoso 0,52 0,55
Areno arcilloso 0,55 0,60
Franco arenoso 0,59 0,65
Franco 0,69 0,84
Franco arcillo arenoso 0,61 0,71
Franco arcilloso 0,53 0,65
Arcilloso 0,46 0,57
Arcilla densa 0,25 0,41

Cálculo de AFA en microirrigación: Para calcular AFA de


la zona radicular del cultivo, se debe multiplicar la profundidad de
cada estrata (en centimetros) por la AFA de cada estrata (Cuadro 1).
Posteriormente, se deben sumar los valores de AFA de cada estrata de
la zona radicular, para obtener el valor final. Posteriormente, dicho
valor se debe ajustar por el área de humedecimiento de los goteros o
microaspersores, puesto que el volumen explorado por las raíces está
circunscrito normalmente al bulbo de humedecimiento. Por ello, el
valor obtenido de AFA, se debe ajustar con el valor del porcentaje de
área humedecida. Así, por ejemplo, si el porcentaje de área humedecida
corresponde a 30% y el valor de AFA calculado es 45 mm, se debe
multiplicar 45 mm x 0,30 = 13,5 mm. Ello significa, que cada vez que
se riegue, se deben aplicar 13,5 mm agua.

3.2. Necesidad de agua de la planta o evapotranspiración del


cultivo

La necesidad de agua por el cultivo es un aspecto importante y


básico para la operación del sistema de riego y para efectuar fertirri-
gación. Sin un riego eficiente, la fertirrigación constituiría un problema
más que una ayuda para el productor.
Una manera simple y práctica de estimar la cantidad de agua y
planificar el riego y fracción de evaporación es el empleo de la Bandeja
de Evaporación. Este método ha sido evaluado en las últimas cinco
242 Parra, I. V.

décadas con excelentes resultados.


Existen varias aproximaciones para determinar los requerimien-
tos de huertos frutales, hortalizas, u otros cultivos regados por goteo o
cinta.
La siguiente relación es comúnmente utilizada, para predecir la
evapotranspiración del cultivo ETc :

ETc = Eb x 0,8 (1,28 x P + 0,1125)

en donde :

ETc = Evapotranspiración del cultivo (mm/día)


Eb = Evaporación de bandeja (mm/día)
P = Factor de cobertura o sombreo al medio día (0<P<1)

El factor de cobertura se puede estimar con la siguiente rel-


ación:

Π x D2
P = ---------------
4 Eeh x Esh

D =diámetro promedio de la sombra proyectada en el suelo por las hojas


del árbol al medio día (m).
Eeh = espaciamiento del árbol entre hilera (m).
Esh = espaciamiento del árbol sobre hilera (m).

Sabiendo que un mm de altura de agua es equivalente a un volu-


men de un litro por metro cuadrado (1 mm= 1 lt/m2), los valores de ETc,
en mm/día, se transforman en lt/planta/día considerando el marco de
plantación o siembra, lo que corresponde al volumen de agua requerido
por árbol/día, Va, en donde :
Va = ETc x Eeh x Esh

Así, por ejemplo para una determinada zona, en enero, se registra


una Eb de 6.5 mm/día. Si se riegan cítricos, en un marco de plantación
de 6 * 4 m, con una cobertura del 60% (P=0.6), entonces:
Riego y fertirrigacion 243

ETc = 6,5 x 0,8 (1,28 x 0,6 + 0,1125)

ETc = 4,6 mm/día

y el volumen de agua consumido por planta es :

Va = 4,6 mm/día * 6 m * 4 m

Va = 110 lt/día/planta

3.3. Frecuencia de riego

La cantidad de agua de riego para un huerto en pleno crecimiento, debe


mantenerse constante. Su justificación es que el agua siempre debe
penetrar a la misma profundidad donde se presenta el sistema radicular
principal. Por lo tanto, en un buen programa de riego, la frecuencia de
riego debe ser un parámetro variable y el tiempo de riego constante.
La causa del decaimiento de muchos huertos frutales, que presentan
problemas de asfixia y enfermedades radiculares ha sido porque los
productores han empleado un criterio diferente, varían el tiempo de
riego y mantienen la frecuencia constante. Una fertirrigación segura,
debe basarse en un seguro programa de riego.
De este modo, la frecuencia de riego (FR) o cada cuantos días debiera
regarse nuevamente para optimizar el rendimiento del cultivo, se de-
terminará por:

AFA
FR = ----------------
ETc

Así, para un AFA calculado de 13,5 mm y considerando una ETc de


4,6 mm:

13,5
FR = ------------ = 3 días
4,6
244 Parra, I. V.

La precisión del riego y su monitoreo es fundamental cuando se


aplica fertirrigación. Existe una gran cantidad de equipos con diversos
grados de precisión, costos y facilidad de operación, diseñados para
conocer los requerimientos de agua de los cultivos y establecer la
frecuencia y tiempos de riego. No obstante, un gran porcentaje de agri-
cultores no utiliza ningún sistema de medición, o dejan en desuso algún
instrumento que puedan disponer, puesto que aportan información muy
compleja, que excede lo que los agricultores pueden comprender.
Existe un aparato recientemente desarrollado en CSIRO, Aus-
tralia, que cumple con las características de simplicidad de operación
y que permite detectar el frente de humedad (Full Stop Detector).
Este aparato señala que tan profundo ha penetrado el agua en el suelo
después del riego. Además, guarda una muestra de solución del suelo
para monitorear los niveles de fertilizantes y sales. Puede ser usado para
saber si se está regando en exceso o muy poco, orientar en el manejo
de fertilizantes y detectar si hay asfixia a nivel de raíces.
Este aparato se entierra en el suelo y cuando el frente de moja-
miento llega al detector, que se instala a nivel de las raíces, un sistema
hace que “salte” un indicador en la superficie. De esta manera el agri-
cultor entiende cuando llegó el agua a una determinada profundidad.
Se utilizan normalmente en pares. El primero se entierra en una
profundidad de un tercio de la zona activa de raíces. El segundo se
ubica a una profundidad de dos tercios de la zona activa de raíces.
Déficit: Si el indicador del detector más superficial nunca “salta”,
entonces el agua no se está moviendo lo suficiente en profundidad. Se
debe aplicar más agua.
Optimo: El indicador del detector más superficial debe “saltar”
normalmente después de cada riego. El detector más profundo debe
“saltar” en los momentos de mayor demanda de agua.
Exceso: Si ambos indicadores “saltan” regularmente después
de cada riego, es probable que se esté perdiendo mucha agua. Hay que
aplicar menos agua o aumentar los intervalos entre riegos.
Riego y fertirrigacion 245

Figura 3. Instalación del par de detectores “Fullstop”.

Figura 4. Características del detector “Fullstop”.

4. MONITOREO DE NUTRIENTES Y SALES

No podemos enfatizar la importancia del control del riego por


sobre el monitoreo de la solución de suelo. El riego y el manejo de sales
y nutrientes están completamente interrelacionados.
246 Parra, I. V.

Algunas veces el monitoreo de la conductividad eléctrica o de


los niveles de nitratos y otros elementos puede entregarnos más infor-
mación sobre como estamos regando que la medición de la cantidad de
agua en la zona de raíces. Por ejemplo, los niveles de nitratos descen-
derán abruptamente si se riega en exceso. Dependiendo de la calidad
del agua de riego, los niveles de conductividad eléctrica aumentarán
gradualmente en periodo de riegos deficientes.
El procedimiento de Monitoreo Nutricional se fundamenta en el
control continuo del sistema suelo-agua-planta. El objetivo es optimizar
la solución fertilizante y los aportes de agua, para así incrementar la
rentabilidad y minimizar el impacto ambiental, obteniendo produccio-
nes de calidad.
El procedimiento consiste en la instalación de sondas de succión
a diferentes profundidades del perfil de suelo para la obtención de la
solución nutritiva, además del muestreo de la solución fertilizante (agua
de riego más fertilizantes) que llega a la planta. Esto permite tener en
todo momento, con gran facilidad y ahorro de tiempo, la estimación
adecuada de la conductividad eléctrica, el pH y la concentración de
nutrientes de la solución, como también, las sales nocivas para el cultivo
tales como cloruros y sodio.
Resulta ser un apoyo fundamental a la gestión de la fertirrigación
y su uso nos permite establecer:
• Control de programa de fertirriego (verificar las dosis de aplica-
ción).
• Contenidos de nutrientes en el bulbo de riego.
• Necesidades reales de la planta en cada momento a lo largo del
ciclo.
• Tipo y cantidad de fertilizantes más adecuados a utilizar.
• La forma de evitar y corregir antagonismos y desequilibrios.
• Evitar lavado de fertilizantes en el perfil.
• Detectar déficit hídricos o excesos de riego y/o fertilización innece-
saria.
• Necesidades de acidificación agua de riego para evitar precipitaciones
y obstrucciones de goteros.
• Efectuar las modificaciones necesarias para optimizar la nutrición de
la planta en periodos menores a 10 días después del muestreo.
• La metodología de trabajo consiste instalar una sonda de succión
Riego y fertirrigacion 247

a la profundidad de la máxima densidad radicular y la otra bajo la


profundidad de enraizamiento. Se procede a efectuar muestreos
durante las diferentes fases de desarrollo de la planta y se obtienen
soluciones acuosas del perfil de suelo y solución fertilizante, además
de una muestra foliar. Un detalle del procedimiento de trabajo se
presenta en las figuras 5 y 6.

Figura 5. Instalación de la sonda en fresas.

Figura 6. Procedimiento de extracción de solución de suelo.


248 Parra, I. V.

5. PROGRAMACION DE LA FERTIRRIGACION

Para realizar la fertilización de cultivos a través del riego se deben


considerar los siguientes pasos: Definición de la fenología del cultivo,
demanda nutricional de la planta, aporte de nutrientes del suelo y agua,
eficiencia de uso de los fertilizantes y precios de los fertilizantes. Vidal
(2003) desarrolló el software OPTIFER® que puede consultarse en
el sitio www.irrifer.cl. Su objetivo es constituir una herramienta de
apoyo para técnicos y productores para generar recomendaciones de
fertirrigación, determinando las cantidades de fertilizantes necesarias
para mezclar en los estanques del sistema de inyección. El propósito del
programa de fertirrigación es satisfacer los requerimientos de nutrientes
N, P, K, Ca, Mg de un determinado cultivo basado en la información
disponible de análisis de suelo, análisis de agua de riego (si se encuen-
tran disponibles), las características del sistema de inyección y de rie-
go, y la demanda de nutrientes para cada etapa fenológica del cultivo.
Adicionalmente, toma en consideración aspectos eficiencia de uso de
los fertilizantes, compatibilidad, costo de los fertilizantes, solubilidad
y conductividad eléctrica del agua de riego.
En la creación de un programa de fertirriego, se requiere del
ingreso de la información referente al predio en estudio, riego, análisis
químicos y requerimientos de nutrientes del cultivo por cada etapa
fenológica dentro de la temporada. Con este propósito OPTIFER®
presenta al usuario una interfaz amigable que permite el ingreso de
toda esta información en forma secuencial y ordenada.
Una vez completada la etapa de ingreso de información referente
al cultivo y sus requerimientos, se solicita la selección de los fertilizantes
que serán ocupados para el cálculo de la recomendación. El software
entrega las cantidades calculadas de fertilizantes que minimizan el costo
de la fertilización. Las cantidades pueden ser modificadas por el usuario,
con el objeto de cumplir con necesidades individuales, limitaciones de
stock o requerimientos técnicos específicos.
Resueltas las cantidades necesarias de fertilizantes por etapa
fenológica, OPTIFER® realiza la separación de estos en dos estanques
obedeciendo a criterios de máxima solubilidad y compatibilidad química
(evitar precipitación) e indica las cantidades de fertilizante que deben
ser disueltas en cada estanque.
Riego y fertirrigacion 249

La recomendación final generada por OPTIFER ® puede


ser impresa en forma de reporte, incluyendo la información que
individualiza al cultivo como es nombre y descripción, además de
las características técnicas del sistema de riego, los análisis químicos
disponibles y los requerimientos de nutrientes especificados por etapa.
Se presentan los resultados de la recomendación, en forma resumida,
indicando las cantidades requeridas de cada uno de los fertilizantes
seleccionados para satisfacer los requerimientos de nutrientes durante la
temporada y el costo total del programa. Para cada etapa de la temporada
se incluyen en el reporte las cantidades de fertilizante a disolver en cada
estanque, junto con un resumen de los nutrientes aportados para cada
uno, el costo de la etapa, las concentraciones de N, P, K, Ca y Mg y la
conductividad eléctrica resultante en el agua de riego.
Una vez iniciado una sesión de OPTIFER®, se presenta la
pantalla principal del software, que es la que permite acceso a toda su
funcionalidad, como se muestra en la Figura 7.

Figura 7. Pantalla principal de OPTIFER® cuando se ha iniciado una


sesión nueva.
250 Parra, I. V.

El procedimiento de cálculo de recomendación de fertirrigación


con OPTIFER® se divide en cuatro etapas: (1) Ingreso de datos iniciales
con la información referente al cultivo, requerimientos de nutrientes
y análisis disponibles, (2) Selección de fertilizantes que participan
en el cálculo de la recomendación, (3) Cálculo de fertilizantes y (4)
Distribución por estanques.
Cada una de estas etapas se encuentra asociada a una hoja en
OPTIFER®: Datos Iniciales, Selección de Fertilizantes, Cálculo de
Fertilizantes y Distribución de Estanques, respectivamente. La hoja
de Datos Iniciales se divide a su vez en cinco sub-secciones para el
ingreso de datos. Estas son: Cultivo, Etapas, Análisis, Sistema de
Inyección y Nutrientes.

6. RESPUESTA DE LOS CULTIVOS A LA FERTIRRIGACION

Se han publicado numerosos estudios durante las últimas tres


décadas sobre respuesta de los cultivos a la fertirrigación comparado
con fertilización en cobertera y/o en banda. Bar-Yosef (1999) presen-
ta una revisión muy completa sobre esta materia. La mayoría de los
cultivos bajo riego han sido investigados en diferentes localidades.
En Israel y Florida se encontró que árboles de naranjos y pomelos
presentaban mayor rendimiento de fruta y mayor eficiencia de uso de
N bajo fertirrigación comparado con aplicación de N parcializado en
cobertera (Dasberg et al., 1988; Boman, 1995,1996). Se ha reportado
para cultivos anuales una menor lixiviación de nitratos en fertirrigación,
sin que se afecte el rendimiento y calidad (Ej., en tomates, Miller et al.,
1976; para alfalfa, Feigin et al., 1982). Varios estudios han mostrados
que la respuesta a N fue mayor bajo fertirrigación comparado con la
aplicación en cobertera (Ej. en manzanos, Assaf et al., 1983; Klein et
al., 1989; en tomates, Bar-Yosef, 1977; Clough et al., 1990; en lechuga,
Bar-Yosef & Sagiv, 1982).
Los trabajos referidos a fertirrigación con P y K muestran un
incremento considerable de la respuesta del cultivo a estos elementos,
comparado con aplicaciones en cobertera o banda. Rauschkolb et al.
(1979) informa que la aplicación de P en riego por goteo en tomates
resultó en mayores contenidos foliares de P comparado con aplicación
Riego y fertirrigacion 251

de la misma dosis de P en banda. Bar-Yosef (1989) encontró que la


aplicación de P por fertirrigación en maíz dulce resultó en mayor ren-
dimiento comparado con la aplicación de todo el P a la siembra. Incre-
mentos de la respuesta a K con fertirrigación han sido informados para
citrus (Lavon et al., 1995), toronja (Boman, 1996), viña (Christensen
et al., 1991) y caña de azúcar (Ingram e Hilton, 1986). En general, la
respuesta a la fertirrigación con P y K es más pronunciada cuando el
N aportado no es un factor limitante.
Respecto a la fertirrigación en viñedos, Bravdo e Hepner, (1987),
presentan resultados que indican que la fertirrigación es la forma más
eficiente de suministrar NPK en los viñedos, pudiendo obtenerse rápidas
respuesta a la fertilización. El fósforo fue el nutriente que tuvo mayor
incidencia en el rendimiento y calidad de la vid, reflejándose dicho
efecto en altos rendimientos, nº de racimos por planta, contenido de P
en el pecíolo, calidad sensorial y color del vino.
En las figuras 8 y 9, Vidal et al., (2004, 2005) reportan resultados
del efecto del fertirriego en berries (frambuesa y arándanos). Se observa
en ambos ensayos el considerable incremento en producción cuando
se aplica la técnica del fertirriego. Cabe señalar, que en el tratamiento
convencional, también se empleo riego por goteo, pero el N fue aplicado
al suelo en tres oportunidades durante el ciclo de desarrollo. En tanto,
en el tratamiento de fertirriego, este fue aplicado en forma permanente
en el agua de riego.

Figura 8. Rendimiento de frambuesa cv Heritage de cuarta temporada


bajo diferentes dosis de N aplicado en forma convencional
(3 parcialidades) y fertirriego. (Vidal et al., 2005).
252 Parra, I. V.

Figura 9. Rendimiento de arándano var. Duke durante tres temporadas,


sometido a dos tratamientos de aplicación de fertilizantes
(convencional y fertirriego). Plantación efectuada en diciem-
bre 2000). Vidal et al., (2005).

7. CONCLUSIONES

Cuando se dispone de riego presurizado, el fertirriego no es una


alternativa sino que se transforma en una necesidad por las numerosas
ventajas que ofrece para manejar la nutrición de los cultivos. Para
diseñar programas de fertirriego, se deben tomar en consideración
diversos aspectos de suelo, agua y planta y, en este sentido, el empleo
de un software para facilitar los cálculos constituye una herramienta de
un valor fundamental para el uso de asesores y productores agrícolas.
La fertirrigación es una técnica muy efectiva para ahorrar agua
y mejorar la eficiencia de uso de los fertilizantes. Existe una adopción
creciente de esta técnica, por sus grandes ventajas.
No es conveniente aplicar programas generales de fertirrigación,
puesto que cada productor tiene diferentes condiciones de suelos, nivel
productivo y calidad de aguas de riego, lo que influye notablemente en
sus necesidades de fertilización. La extrapolación de datos a diferentes
zonas agroecológicas y diferentes condiciones de suelo, puede conducir
a errores importantes y gasto innecesario.
Se debe incrementar la investigación relacionada con
requerimientos de agua y nutrientes de los cultivos bajo microirrigación.
La aplicación de fertilizantes a través del agua de riego, sin tener como
base los requerimientos de agua y nutrientes del cultivo, pueden crear
Riego y fertirrigacion 253

serios problemas ambientales.


La fertirrigación debe ser considerada como un componente
esencial de los modernos sistemas de riego presurizado, así se podrán
alcanzar los mayores beneficios desde el punto de vista medioambiental,
productivo y de rentabilidad.
Se debe avanzar en la aplicación de técnicas de monitoreo y en
el mejoramiento de metodologías de determinación de la concentración
de nutrientes en la solución de suelo y en su interpretación, de tal
forma que los productores dispongan de esta información y puedan
reaccionar en forma oportuna con medidas de corrección y ajuste de la
fertilización. En esta área existe un campo importante de necesidad de
servicio agronómico.
La intensificación de la agricultura bajo riego y el incremento
en el uso de fertilizantes son las principales formas de incrementar la
producción y satisfacer la demanda de alimentos, junto con proteger
el medio ambiente.

8. LITERATURA CITADA

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256
257

Capítulo 9

Adubação, Nutrição e
Calagem na goiabeira
William Natale1

1. INTRODUÇÃO

A produção de alimentos, fibras e combustíveis é uma imposição


à atividade agrícola, tendo crescido de forma acentuada nos últimos
anos, seja pelo aumento da demanda em função do incremento popula-
cional/longevidade, pela busca de uma vida com mais qualidade, seja
pela obrigatoriedade de lucro para a efetiva permanência do homem no
campo. Desse modo, seja qual for a justificativa, o setor agrícola tem-se
transformado de modo acelerado, buscando atender a essas expectativas,
mas também, com a consciência crescente de que o ambiente não pode
ser degradado para atingir esses objetivos.
A atividade agrícola, atualmente, sob um mercado globalizado
e competitivo exige, para a efetiva permanência do produtor rural no
campo, a utilização de todas as ferramentas disponíveis à obtenção de
colheitas compensadoras e com qualidade.
A fim de atingir esses objetivos, é necessário que se conheçam

1
Professor Adjunto, Departamento de Solos e Adubos, Universidade Estadual Pau-
lista – Unesp, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Câmpus Jaboticabal.
Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n. CEP: 14884-900, Jaboticabal-SP.
Bolsista de PQ do CNPq. E-mail: natale@fcav.unesp.br
258 Natale, W.

os fatores que limitam o desenvolvimento e a produtividade das plantas.


Considerando isso, o aspecto nutricional é de fundamental importância,
não apenas pelos efeitos diretos sobre a produtividade, mas também
porque envolve a prática da adubação, que representa um significativo
percentual dos custos de produção.
Um dos fatores determinantes do aumento de produtividade
das culturas é o atendimento das exigências nutricionais dos vegetais,
especialmente através da calagem e da adubação. Em função do melho-
ramento genético, as plantas passaram a produzir mais e com qualidade
superior, porém sua exigência em nutrientes também aumentou. Por
outro lado, os solos brasileiros são naturalmente pobres em termos de
fertilidade e/ou têm sido submetidos a constante exploração, condu-
zindo-os à exaustão. Seja qual for o caso, a calagem e a adubação são
imposições à exploração agrícola de forma sustentável e à conservação
do solo como recurso natural.
O conhecimento dos fatores nutricionais que estão limitando a
produtividade, obtido através da análise de solo e da diagnose foliar das
plantas, permite o estabelecimento de programas racionais de calagem e
adubação, cujo uso mais eficiente aumenta as colheitas, reduz os custos
e os riscos de danos ambientais.
O manejo da fertilidade do solo e, consequentemente, o atendi-
mento das exigências nutricional das plantas pressupõem compreensão
de todos os fatores envolvidos no processo e competência técnica na
aplicação de corretivos e fertilizantes, sem agredir o meio ambiente.
A fim de alcançar esses objetivos, deve-se lançar mão de todas
as ferramentas técnicas disponíveis, tendo em vista que o preço dos
insumos, em especial dos fertilizantes, é normalmente o componente
mais expressivo do custo de produção das culturas.
A análise química do solo e a diagnose foliar são instrumentos
que permitem determinar se a correção da acidez e a adubação têm al-
cançado os efeitos desejados nas plantas. Através dessas determinações,
é possível avaliar se todos os benefícios do manejo da fertilidade do
solo estão sendo refletidos pelas culturas. É necessário, porém, estar
ciente das inúmeras variáveis que podem afetar o diagnóstico do estado
nutricional dos vegetais e, portanto, deve haver constante avaliação das
técnicas empregadas para esse fim.
Diversos fatores podem ser apontados como responsáveis pela
Adubação, nutrição e calagem na goiabeira 259

baixa produtividade das culturas nas áreas tropicais, destacando-se a


limitada capacidade dos solos em atender às exigências nutricionais
das plantas e ao manejo inadequado da calagem e da adubação das
culturas. Essas são práticas agrícolas que determinam não apenas a
produtividade, mas também a qualidade dos produtos colhidos. Assim,
a diagnose foliar é vital para se obter êxito na agricultura moderna e
competitiva, pois, além de interferir no aspecto produtivo e qualitativo,
a nutrição mineral afeta o crescimento vegetal, a tolerância a pragas
e doenças, além do armazenamento das colheitas. Assim, o manejo
adequado da acidez do solo e da disponibilidade de nutrientes permite
racionalização na aplicação de insumos, como calcários e fertilizantes,
transformando-se em lucro.

2. CONSIDERAÇÕES SOBRE FRUTICULTURA

Comparativamente a outras regiões do mundo, o Brasil apresen-


ta características de solo, clima, disponibilidade de água e diversidade
de espécies frutíferas que dotam o País de condições privilegiadas para
tornar-se um polo produtor e exportador de frutas de grande potencia-
lidade.
Essas condições favoráveis ao desenvolvimento da fruticultura
são importantes, não apenas pelo valor nutritivo das frutas, mas também
pela perspectiva que representa no incremento da produção agrícola, na
ampliação da atividade industrial e no potencial de exportação. Além
disso, o cultivo de espécies perenes, como são a maioria das plantas
frutíferas, permite a ocupação de solos considerados inadequados à
atividade agrícola convencional, contribuindo, assim, com um sistema
mais conservacionista.
Desde há muito tempo, porém, há carência de informações
sobre aspectos ligados ao manejo da fertilidade do solo, de insumos e
da exigência nutricional das plantas frutíferas, impedindo que o Brasil
se destaque nessa área do Agronegócio.
Os pomares de frutas são explorações agrícolas de longo prazo,
cujas raízes das plantas permanecem praticamente restritas ao mesmo
volume de solo por vários anos. Assim, a prévia incorporação homo-
gênea do calcário em profundidade proporcionará ambiente radicular
260 Natale, W.

adequado ao eficiente aproveitamento de água e de nutrientes contidos


nas camadas corrigidas, afetando positivamente o desenvolvimento e o
estado nutricional da frutífera, tendo como consequência o uso racional
de fertilizantes e a melhoria da relação benefício/custo por meio do
incremento da produtividade.
O conhecimento e o manejo adequado desses fatores da produ-
ção agrícola, especialmente no caso da fruticultura, são fundamentais,
dada a influência que estes exercem sobre aspectos ligados à qualidade
dos frutos.

3. CONSIDERAÇÕES SOBRE A CULTURA DA GOIABA

A goiaba é a mais brasileira das frutas tropicais, apesar de não


haver consenso entre os pesquisadores sobre a localização exata de seu
centro de origem na América Tropical. É apreciada pelo seu aroma e
sabor característicos, além do alto valor alimentício, sendo uma das
frutas mais consumidas no Brasil (Natale et al., 2007).
A goiabeira pertence à família Myrtaceae, sendo uma planta
perene, de porte arbustivo ou semi-arbórea, com 3 a 7m de altura. As
frutas são variáveis em tamanho, forma, sabor, peso e coloração da
polpa, que pode ser branca, creme, amarela, rosa ou vermelha (Toda
Fruta, 2008). O Brasil é o país que possui mais variedades nativas de
goiabeiras, a maior diversidade de cores de polpas e a maior produti-
vidade natural.
A goiabeira pode ser propagada tanto por via sexuada quanto
assexuada, sendo esta última a forma mais utilizada devido à unifor-
midade genética para a formação de pomares comerciais homogêneos
(Pereira e Nachitigal, 2003). Adapta-se bem em qualquer região do
Brasil, mas são considerados ideais os locais com precipitação média
anual superior a 1.000 mm, bem distribuída e temperatura média anual
entre 18 e 25 ºC. Essa frutífera não tolera geadas, ventos frios e solos
encharcados (Toda Fruta, 2008).
As mudas de goiabeira para a formação dos pomares comer-
ciais têm sido desenvolvidas, preferencialmente, de forma vegetativa
(estaquia), utilizando-se de cultivares melhoradas geneticamente,
altamente produtivas, porém exigentes em termos nutricionais (Natale
Adubação, nutrição e calagem na goiabeira 261

et al., 1996).
A goiaba tem produção de destaque, sendo o Brasil o maior
produtor mundial de goiabas-vermelhas, e a Índia, de goiabas-brancas.
No território nacional, as maiores regiões de cultivo são o Sudeste e
o Nordeste, sendo São Paulo e Pernambuco os maiores produtores.
Em São Paulo, a goiabicultura ocupa mais de 6 mil hectares com 1,6
milhão de plantas, identificando-se três principais regiões produtoras,
compostas pelos municípios de Taquaritinga, Monte Alto, Vista Ale-
gre do Alto e Urupês (1); município de Valinhos (2); e município de
Mirandópolis (3). A primeira região tem como vantagem a existência
de agroindústrias localizadas nos municípios de Matão, Taquaritinga,
Monte Alto e Vista Alegre do Alto (Francisco et al., 2008).
A atividade agroindustrial ligada à cultura da goiaba é uma
das mais importantes no Brasil, pois a maior parte da fruta produzida
no País é consumida na forma industrializada, como doces, compotas,
geleias e sucos. Isso é função da elevada fragilidade e perecibilidade dos
frutos que, combinada ao seu alto grau de adequação ao processamen-
to industrial, permite sua transformação, agregando valor ao produto
colhido.
Gonzaga Neto (1990) ressalta que, além do interesse econô-
mico, a goiabeira tem grande importância alimentar, pois seus frutos
apresentam elevado teor de vitamina C, vitamina A, tiamina, niacina,
fósforo e ferro. Além disso, a goiaba-vermelha é a maior acumuladora
de licopeno, com cerca de 6,5 mg 100g-1 da fruta, seguida pela me-
lancia, Grapefrut-rosa e tomate com 4,1; 3,2; 3,0 mg 100g-1 da fruta,
respectivamente (Rozane et al., 2003). Não havendo síntese endógena,
o licopeno deve ser obtido exclusivamente através da dieta alimentar
do homem, sendo destacada sua ação contra o câncer, especialmente
de próstata, e doenças cardiovasculares (Bramley, 2000).
A quantidade total de goiabas produzidas no Brasil está em
torno de 300 mil toneladas/ano. Deste volume, cerca de 210 mil t são
originárias do Estado de São Paulo, sendo 160 mil t oriundas da região
em torno dos municípios de Taquaritinga, Monte Alto e Vista Alegre
do Alto.
Apesar de a goiabeira ser cultivada em diversas condições
edafoclimáticas e de manejo, informações da literatura indicam altas
respostas em termos de produtividade dessa frutífera com o emprego
262 Natale, W.

de técnicas como a poda (Murakami, 2003), a irrigação (Mantovani et


al., 2003) e a melhoria da fertilidade do solo (Natale, 1993; Natale et
al., 1994; Natale et al., 1996; Prado, 2003; Natale et al., 2007). Isso se
deve, de um lado, à fisiologia dessa Myrtaceae, aos longos períodos de
veranico nas regiões produtoras, à profundidade de nossos solos, além
da pobreza generalizada das áreas tropicais em nutrientes e à elevada
acidez e, de outro, ao melhoramento genético da goiabeira, com o de-
senvolvimento de plantas mais produtivas, porém mais exigentes em
termos nutricionais.
Desse modo, conhecer os fatores limitantes à produção de
goiabas permite a adoção de programas de calagem e adubação mais
adequados, visando à melhoria do estado nutricional e, consequente-
mente, da produtividade com benefícios em toda a cadeia agrícola.
A análise de solo é uma ferramenta consagrada na agricultura,
porém, para a maioria das frutíferas, como a goiabeira, além de conhe-
cer a fertilidade do solo há necessidade de se realizar a análise foliar,
em virtude da perenidade das plantas (Marschner, 1995). A diagnose
foliar estabelece o estado nutricional da planta, permitindo ajustes nos
programas de adubação em tempo de não comprometer a produção do
pomar no mesmo ano.
Para a goiabeira, muitas informações estão disponíveis, deter-
minadas a partir de experimentos de campo, conduzidos durante vários
anos e em clima e solo diferentes (Natale, 1993, Natale et al., 1994;
Natale et al., 1996; Natale et al., 2001; Natale et al., 2007; Rozane et
al., 2009). Entretanto, como as relações entre os diversos componentes
de um agroecossistema são complexas, em particular as interações entre
os solos e as cultivares, a hipótese de que todos os fatores nutritivos se
tornem não limitantes após a fertilização, pode revelar-se muito otimista.
Uma maneira econômica e eficaz de verificar o estado nutricional das
culturas é efetuar uma análise de tecido vegetal, confrontando seus
resultados com normas ou padrões, preestabelecidos para culturas
produtivas (Parent e Natale, 2008).
Contudo, não há padrões científicos, especialmente embasados
em sistemas de cultivo comercial, que amparem condutas técnicas de
diagnóstico do estado nutricional para a goiabeira, sendo este o desafio
presente.
Adubação, nutrição e calagem na goiabeira 263

4. RESULTADOS DE PESQUISAS COM A CULTURA DA


GOIABA
Um bom volume de resultados de pesquisas realizadas com
goiabeiras, em condições de laboratório, casa de vegetação e campo,
referentes a aspectos ligados à calagem, nutrição e adubação da cultura,
foi publicado no I Simpósio Brasileiro sobre a Cultura da Goiabeira
realizado em Jaboticabal –SP (Pereira et al., 1997) e no II Simpósio
Brasileiro sobre a Cultura da Goiabeira realizado em Viçosa - MG
(Rozane et al., 2003).
Em função da evolução no sistema de manejo dos pomares de
goiabeira, com a adoção de práticas como a poda drástica, a irrigação e
o uso de resíduos orgânicos, outros trabalhos foram realizados a partir
de 2003 e serão relatados de forma resumida neste capítulo.
Natale et al. (2007a) abordaram aspectos como características
de solo, nutrição mineral, adubação, diagnose do estado nutricional,
entre outros, para a cultura da goiaba.
A aplicação de calcário em solos ácidos promove maior de-
senvolvimento do sistema radicular das plantas e, consequentemente,
melhora a absorção de água e nutrientes. A determinação da concen-
tração de cálcio no solo é um indicativo do potencial de crescimento
do sistema radicular das frutíferas, especialmente nas fases de implan-
tação e formação do pomar e, em situações em que o Ca se encontra
em quantidades pequenas. Prado e Natale (2004) avaliaram os efeitos
da aplicação de calcário ao solo, sobre o desenvolvimento do sistema
radicular e sobre a nutrição de cálcio em goiabeiras cultivadas em
um Latossolo Vermelho distrófico ácido. Analisaram-se amostras de
solo coletadas em quatro pontos equidistantes, a 75 cm do tronco das
plantas, nas camadas de 0–20 e 20–40 cm de profundidade, de parcelas
que receberam 0; 3,7 e 7,4 t ha-1 de corretivo de acidez. O calcário foi
aplicado em pré-plantio, incorporado com arado de aivecas e grade
aradora, na camada de 0–30 cm de profundidade. Aos 42 meses após
a incorporação do calcário (terceiro ano de cultivo das goiabeiras),
realizou-se a amostragem das raízes com trado cilíndrico serrilhado
para a avaliação da matéria seca e do teor de cálcio radicular. A cala-
gem promoveu a correção da acidez do solo, aumentando a saturação
por bases, com consequente incremento da disponibilidade e absorção
de cálcio pelas plantas, proporcionando maior desenvolvimento do
264 Natale, W.

sistema radicular da goiabeira. Concentrações de cálcio próximas de


30 mmolc dm-3 no solo e teor desse nutriente de 7,5 g kg-1 nas raízes,
estiveram associados ao maior crescimento radicular da frutífera.
Salienta-se, ainda, que a calagem, ao elevar as quantidades de
cálcio no solo e na planta, pode afetar a qualidade dos frutos. Neste
sentido, Prado et al. (2005) estudaram os efeitos da calagem na quali-
dade de frutos de goiabeira, observando que essa prática não afetou as
características físicas dos frutos, como peso, diâmetro transversal, com-
primento, peso de polpa e porcentagem de polpa. Entretanto, a aplicação
de calcário proporcionou aumento linear dos teores de cálcio nas folhas
e nos frutos da goiabeira, promovendo menor perda de peso de matéria
fresca e maior firmeza dos frutos, estando associados aos teores de Ca
nos frutos próximos a 0,99 g kg-1. Assim, a nutrição adequada da planta
em cálcio melhorou a qualidade dos frutos, com benefícios crescentes
para a pós-colheita, ao longo do período de armazenamento.
Estes efeitos benéficos do Ca na qualidade dos frutos podem ser
explicados pelo papel deste elemento na nutrição das plantas. Conside-
rando isso, Natale et al. (2005) observaram que, nos frutos de goiabeiras
que receberam a aplicação de cálcio (na forma de calcário), as paredes
celulares e as lamelas médias estavam bem definidas e estruturadas,
mantendo as células unidas. Já nas plantas que não receberam calagem,
os frutos apresentavam as paredes celulares desestruturadas e com de-
sorganização da lamela média. Os autores concluíram que a aplicação
de cálcio, na forma de calcário, mostrou-se efetiva na organização
subcelular dos frutos da goiabeira, contribuindo para a integridade dos
mesmos.
A acidez do solo é um dos mais importantes fatores que limitam
a produção em regiões tropicais. Assim, Natale et al. (2007b) realiza-
ram um experimento com o objetivo avaliar os efeitos da calagem na
fertilidade do solo, na nutrição e produtividade da goiabeira. O calcário
foi aplicado ao solo em julho/agosto de 1999 e, após quatro meses,
foi implantado o pomar (dezembro/1999), utilizando-se de goiabeiras
(cv.Paluma) propagadas a partir de estacas herbáceas. O corretivo foi
aplicado manualmente em toda a superfície do terreno, metade antes
da incorporação com arado de aivecas e a outra metade aplicada e
incorporada com grade aradora, ambos os implementos abrangendo
a camada de 0–30 cm. O solo era um Latossolo Vermelho distrófico
Adubação, nutrição e calagem na goiabeira 265

(V = 26 % na camada de 0–20 cm). As doses de calcário empregadas


foram: 0; 1,85; 3,71; 5,56 e 7,41 t ha-1. Durante 78 meses após aplica-
ção do corretivo, foram realizadas análises químicas de solo. Foi feita
avaliação do estado nutricional e da produtividade durante cinco safras
agrícolas. A calagem promoveu alteração nos atributos químicos do
solo ligados à acidez, elevando o pH, Ca, Mg, soma de bases (SB) e
saturação por bases (V) e diminuindo H + Al, até 60 cm. Nos primeiros
anos após implantação do pomar, verificou-se boa correlação entre os
teores foliares de Ca e as concentrações do elemento no solo, tanto na
entrelinha como na linha de plantio (Tabela 1).

Tabela 1. Coeficientes de correlação entre o teor de cálcio e de mag-


nésio do solo na camada de 0–20 cm da entrelinha e linha
do pomar e os teores foliares de Ca e Mg das goiabeiras, nos
diferentes anos de cultivo (os valores são médias de quatro
repetições em cada ano)
Nutriente na folha
Nutriente
2001 2002 2003 2004 2005
no solo
Ca Mg Ca Mg Ca Mg Ca Mg Ca Mg
Ca (L) 0,91* 0,99** 0,95* ns ns
Ca (E) 0,94* 0,96** 0,99* 0,97* 0,93*
Mg (L) ns 0,79* ns ns ns
Mg (E) ns 0,92* 0,97* 0,81* 0,84*
E: entrelinha do pomar, L: linha de plantio das goiabeiras. **, * e ns Significativo p < 0,01, p <
0,05 e não significativo, respectivamente.

Entretanto, nos anos de 2004 e 2005, a correlação foi signi-


ficativa apenas com as concentrações do elemento na entrelinha. De
maneira geral, o mesmo ocorreu para o Mg, observando-se relações
mais estreitas do Mg nas folhas com aquele determinado na entrelinha
do pomar. Isso pode indicar que, com o esgotamento dessas bases na
linha de plantio, as raízes das goiabeiras absorveram os nutrientes de
maneira mais efetiva na entrelinha da cultura. Os teores foliares de Ca
e Mg aumentaram com as doses de calcário. A produção de frutos no
período experimental (2002 a 2006), bem como a produção acumulada
estão apresentadas nas Figuras 1a e 1b.
266 Natale, W.

Figura 1. Efeito da aplicação de calcário dolomítico na produtividade


de frutos de goiabeiras nas safras de 2002 a 2006 (a) e na
produção acumulada de goiabas (b).

Observa-se o bom ajuste dos dados de produção, em função das


doses de corretivo. Quanto à dependência entre os teores foliares de Ca
e Mg nas goiabeiras, e a produção acumulada de frutos, observou-se
efeito quadrático para o Ca (Figura 2a) e para o Mg (Figura 2b).
Adubação, nutrição e calagem na goiabeira 267

Figura 2. Relação entre os teores foliares de cálcio (a) e magnésio (b)


e produção acumulada de frutos de goiabeiras nas safras de
2002 a 2006. Os pontos são médias de quatro repetições
em cada ano.

A relação Ca/Mg mostra, por outro lado, que valores muito es-
treitos dessa relação são prejudiciais à produção acumulada de goiabas
(Figura 3).
268 Natale, W.

Figura 3. Relação entre Ca/Mg foliar e produção acumulada de frutos


das goiabeiras nas safras de 2002 a 2006. Os pontos são
médias de quatro repetições em cada ano.

Observou-se incremento na produção acumulada de frutos


(safras de 2002-2006), em função da saturação por bases na camada
superficial do solo, na entrelinha e na linha das goiabeiras (Figura 4).
Apesar de os pontos de máxima produção estarem além dos valores
constatados no experimento, pode-se inferir que maiores produções
acumuladas de frutos são obtidas quando V estiver próximo de 50 %
na linha da cultura e de 65 % na entrelinha do pomar.

Figura 4. Relação entre a saturação por bases do solo, na camada de


0–20 cm, na entrelinha e na linha do pomar de goiabeiras
(média de todas as amostragens) e a produção acumulada
de frutos nos anos agrícolas de 2002 a 2006.
Adubação, nutrição e calagem na goiabeira 269

Figura 5. Produção acumulada de frutos, em função das diferentes


doses de calcário aplicadas em 1999.

A Figura 5 mostra as diferenças de produção acumulada de


goiabas nas safras 2002 a 2006. Observa-se, como esperado, que a
quantidade acumulada de frutos aumenta, a medida que mais safras são
adicionadas, independentemente da dose de calcário empregada. Isso é
resultado, também, do crescimento das goiabeiras em altura, área foliar
e capacidade produtiva que, com o passar dos anos aumentou, visto que
o pomar estava em início de formação.

Figura 6. Produção acumulada de frutos, nas safras 2002 a 2006, em


função das doses de calcário aplicadas em 1999.
270 Natale, W.

Através da Figura 6 pode-se observar que a produção acumulada


de frutos aumenta, com o passar das safras, independentemente da dose
de corretivo aplicado. Há porém, uma nítida diferença na produção
acumulada com o passar do tempo. É importante destacar, porém, que
mesmo passados sete anos, a testemunha (dose zero de calcário), ainda
produz quantidades apreciáveis de frutos, demonstrando a excepcional
capacidade da goiabeira para se desenvolver em condições adversas.
Estudos que apontam os efeitos da calagem sobre variáveis biométri-
cas das plantas são escassos na literatura. Com esse intuito, Souza et
al. (2009) desenvolveram um experimento, em condições de campo,
empregando doses de calcário e avaliando seu efeito sobre o diâmetro
do tronco, a altura e o volume da copa, a partir da implantação de um
pomar de goiabeiras cultivar Paluma. O trabalho foi conduzido na
Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro. Os tratamentos
consistiram em doses crescentes de corretivo, calculadas para a camada
de 0-30 cm, como segue: D0 = zero de calcário; D1 = metade da dose
para elevar V = 70%; D2 = a dose para elevar V = 70%; D3 = 1,5 vez
a dose para elevar V = 70%; e D4 = 2 vezes a dose para elevar V =
70%. As avaliações foram realizadas durante sete anos, iniciando-se
com a implantação do pomar em 1999/2000 até 2005/2006. As doses
de calcário proporcionaram, ao longo dos anos, ganhos no diâmetro
do tronco, na altura e no volume da copa das goiabeiras. A pesquisa
permitiu que se constatassem a importância da correção da acidez do
solo e os benefícios da aplicação do calcário sobre variáveis biométricas
de goiabeiras.
Com o objetivo de avaliar o efeito da calagem superficial sobre
a fertilidade de um Argissolo Vermelho-Amarelo e sobre a nutrição e
produção da goiabeira, Corrêa et al. (2002) desenvolveram experimento
de campo, em pomar comercial localizado no município de Taquaritin-
ga, São Paulo. Os tratamentos, dispostos em blocos ao acaso, com três
repetições, constaram de dois tipos de calcário dolomítico (comum,
PRNT=80% e calcinado, PRNT=131%), aplicados em cinco doses (0;
0,5; 1; 1,5 e 2 vezes a dose recomendada para elevar V a 70%), sem
incorporação. A calagem superficial, com calcário comum ou calcário
calcinado, reduziu a acidez do solo nas camadas de 0-10 e 10-20 cm
sob pomar estabelecido de goiabeiras, de forma proporcional às doses
aplicadas. As camadas de 20-40 e 40-60 cm não foram afetadas pela
Adubação, nutrição e calagem na goiabeira 271

calagem, passados 24 meses da aplicação superficial dos corretivos.


O calcário comum reduziu a acidez do solo, na camada de 10-20 cm,
a partir de 24 meses, e o calcário calcinado, a partir de 6 a 12 meses
após a calagem superficial. A máxima reação dos corretivos foi obser-
vada entre 18-24 meses, para o calcário comum, e aos 12-14 meses,
para o calcinado, a partir da calagem, na camada de 0-10 cm do solo.
Na camada de 10-20 cm, só o calcário calcinado apresentou ponto de
máxima reação, cerca de 15 meses após a calagem. O calcário calci-
nado foi mais efetivo na neutralização da acidez do solo, na camada
de 0-10 cm, aos 6 e 12 meses, não diferindo do calcário comum aos
24 meses. Na camada de 10-20 cm, a maior efetividade do calcário
calcinado ocorreu aos 6; 12 e 24 meses após a calagem. A composição
química das folhas e frutos e a produtividade das goiabeiras não foram
afetadas pela calagem superficial após 14; 20 e 20 meses da aplicação
dos tratamentos, respectivamente. É possível a utilização da técnica
da calagem superficial em pomares estabelecidos de goiabeiras para a
correção da acidez na superfície e subsuperfície do solo; contudo são
necessários outros estudos para a determinação de critérios específicos
para a cultura, bem como para a adequação do método da saturação por
bases a essa modalidade de calagem.
Com o objetivo de caracterizar aspectos morfofisiológicos da
goiabeira ‘Paluma’, Corrêa et al. (2004) coletaram, no final da safra,
todas as folhas de um quadrante da copa de 3 plantas representativas
de um pomar comercial (espaçamento: 7 x 5m). Determinaram-se o
número de folhas e a área foliar do quadrante, o diâmetro da copa e a
produtividade do pomar. A partir desses dados, foram estimados a área
média de uma folha (AF), a área foliar total da planta (AFP), o número
de folhas total da planta (NFP) e foram calculados o índice de área
foliar (IAF) e a “eficiência produtiva” da planta (produção de frutos
por planta/AFP). Obtiveram-se AFP=151,2m2; AF=40,9cm2; IAF=6,7;
produtividade=323,7kg por planta; e “eficiência produtiva” de 0,467
e 3,054m2 de área foliar necessários para produzir 1kg de fruto, nas
bases fresca e seca, respectivamente. Pode-se concluir que a goiabeira
‘Paluma’ é uma planta de elevada “eficiência produtiva” quando com-
parada a outras espécies.
A precisão do tamanho da amostra foliar determina a otimização
de mão de obra e diminui erros inerentes ao laudo de diagnose do estado
272 Natale, W.

nutricional. Assim, Rozane et al. (2009) objetivaram determinar, em


pomares de goiabeiras submetidos a dois regimes hídricos, o tamanho
ideal de amostras foliares e a variação do erro amostral para a diagnose
do estado nutricional dessa frutífera. A pesquisa foi conduzida em duas
áreas de estudo, ambas empregando-se o delineamento experimental
inteiramente casualizado, sendo: Estudo 1: conduzido em pomar sob
regime não irrigado, com quatro tratamentos e seis repetições, que cons-
taram da coleta de folhas em 5; 10; 20 e 40 plantas. Estudo 2: realizado
em pomar sob regime irrigado, com cinco tratamentos e dez repetições,
que constaram da coleta de folhas em 10; 20; 30; 40 e 50 goiabeiras.
Concluiu-se que, em pomares não irrigados, é necessário amostrar folhas
em 40 plantas, a fim de manter o erro amostral de macronutrientes entre
5 e 10%; já para os micronutrientes, seriam necessárias, no mínimo, 40
plantas e, se considerados o Fe e o Zn, a amostra deveria ser maior. Em
pomares irrigados, folhas provenientes de 10 plantas seriam suficientes
para manter o erro amostral entre 5 e 10%; considerando-se, porém, os
micronutrientes, seria necessário amostrar 20 goiabeiras.
Com relação à produtividade, fator de extrema importância
econômica para a sustentabilidade do sistema de produção da goiabeira,
as pesquisas agronômicas disponíveis sobre melhoramento genético,
propagação, irrigação, nutrição, calagem, adubação e poda, bem como,
mais recentemente, a fertirrigação, permitem a obtenção de alta produ-
ção de frutos, atingindo patamares de 100 t ha-1 por ano, com qualidade
superior, dilatando o número de colheitas para três safras a cada dois
anos. Estas melhorias no sistema de produção têm efeitos diretos em
toda a cadeia produtiva da fruta, desde o produtor, com maior taxa
de retorno econômico, até a agroindústria, com uma escala uniforme
de produção ao longo do ano, além dos efeitos sociais na geração de
empregos, bem como dos ambientais, pela maior precisão no manejo
da cultura.
Natale e Prado (2006) abordam as práticas da irrigação e da
fertirrigação para a cultura da goiaba, apesar da escassez de informações
técnicas sobre o assunto. Ambas as práticas permitem manter a umidade
no solo adequada para que a planta expresse todo o seu potencial ge-
nético de produção. A fruticultura irrigada e/ou fertirrigada tem efeito
positivo em dois aspectos dos mais importantes na moderna e globali-
zada economia, quais sejam: aumento da produtividade e melhoria na
Adubação, nutrição e calagem na goiabeira 273

qualidade dos frutos.


Em regiões produtoras de diversas culturas no Estado de São
Paulo, a fertirrigação vem ganhando adeptos, principalmente pela maior
facilidade e precisão na aplicação de nutrientes na época certa, além
de atender à exigência nutricional de cada cultivar, nas várias fases do
desenvolvimento da planta.
A fertirrigação tem, em pomares com frutos destinados ao
mercado in natura, maior potencial de uso da técnica que nos pomares
que remetem os frutos para a indústria. Entretanto, muitos produtores
destinam seus frutos para ambos os mercados (in natura e indústria),
dependendo da demanda e do preço.
Mesmo com vantagens, a fertirrigação só começou a se firmar
no Brasil como prática agrícola em alguns sistemas de produção inten-
sivo, a partir da década de 90, podendo seu emprego ser considerado
incipiente no País. O mesmo ocorre com as pesquisas nessa importante
área para a fruticultura.
Para que a fertirrigação tenha o sucesso desejado, o controle
da aplicação de água e nutrientes torna-se fundamental, devendo-se
optar por sistemas de irrigação que apresentem maior uniformidade
de distribuição com menor gasto de energia, visando a um custo satis-
fatório. Por outro lado, o controle da quantidade de nutrientes deve ser
tal que garanta a maior absorção com menores perdas, e que satisfaça
às exigências nutricionais da planta no período de maior requerimento,
objetivando maior produção por unidade de nutriente aplicado.
O diferencial entre a adubação convencional e a fertirrigação
é a segurança que esta última permite em corrigir a tempo qualquer
desordem nutricional, visto que o processo de absorção de nutrientes
pelas plantas pode ser mais bem controlado. Assim, a garantia do sucesso
da fertirrigação em proporcionar uma nutrição adequada da planta está
no monitoramento do estado nutricional através da análise química de
folhas e do solo.
Com o incremento da atividade agroindustrial no setor frutícola
do Brasil, a geração de resíduos tem aumentado enormemente, podendo
ser considerado um problema seu descarte no ambiente. A utilização
de resíduos orgânicos, especialmente agroindustriais, é uma tendência
mundial, que visa à reciclagem de nutrientes, à melhoria da fertilidade
do solo, ao aproveitamento desses subprodutos em áreas próximas à sua
274 Natale, W.

geração, diminuindo custos com fertilizantes e os impactos ambientais


da deposição desses materiais em aterros sanitários.
Com o objetivo de estudar o potencial de utilização do resíduo
gerado pela indústria processadora de goiabas, como melhorador de
solos para a exploração agrícola, Corrêa et al. (2005) desenvolveram
um experimento com a aplicação de doses crescentes desse material:
0; 3,65; 10,95; 21,90; 43,80 e 87,60 t ha-1 (base seca), misturadas ho-
mogeneamente com amostras de um Argissolo Vermelho-Amarelo e
acondicionadas em recipientes de poliestireno com capacidade para 0,3
dm-3. As amostras de solo+resíduo foram incubadas por 90 dias, sob
condições de laboratório, com umidade oscilando entre 50 e 70% da
capacidade de retenção de água. A aplicação do subproduto aumentou
as concentrações de M.O. (11 a 32 g dm-3) e K (1,2 a 3,8 mmolc dm-3)
e reduziu os valores pH do solo (5,4 a 5,1).
O resíduo da indústria processadora de goiabas vem sendo
aplicado em algumas áreas, entretanto não é conhecido o seu efeito
sobre a fertilidade do solo. Assim, Mantovani et al. (2004) realizaram
experimento em casa de vegetação, com o objetivo de avaliar o efeito
da aplicação desse subproduto industrial em características químicas
do solo. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso,
em esquema fatorial 5x2, com quatro repetições, combinando-se cinco
doses do material (0; 20; 40; 60 e 80 t ha-1), na presença e ausência de
adubação mineral. A adição do subproduto da indústria processadora
de goiabas propiciou aumento nas concentrações de P e K do solo. O
resíduo industrial comportou-se como uma fonte de liberação lenta de
N e P para as plantas.
Souza (2009), em estudo mais amplo da utilização do subprodu-
to da indústria de processamento de goiabas em substituir parcialmente
a adubação mineral, tendo em vista o relativamente elevado teor de
nutrientes contidos neste resíduo (especialmente N), diminuindo os
impactos ambientais de seu acúmulo e reduzindo os custos de produção
nas áreas frutícolas, instalou um experimento com o objetivo de estu-
dar o manejo adequado desse material, avaliou os efeitos da aplicação
do subproduto em um Argissolo Vermelho-Amarelo sob pomar de
goiabeiras ‘Paluma’, determinando as alterações químicas provocadas
no solo, no estado nutricional das plantas e na produção de frutos. O
delineamento empregado foi em blocos casualizados, com cinco trata-
Adubação, nutrição e calagem na goiabeira 275

mentos e quatro repetições, sendo as doses do resíduo (moído) iguais


a: zero; 9; 18; 27 e 36 t ha-1 (peso seco). Foram feitas aplicações anuais
do subproduto em 2006, 2007 e 2008. Essas doses foram estabelecidas
em função dos teores de nitrogênio no material, tendo em vista ser o N
o elemento mais caro em termos de custo de produção de fertilizantes,
e considerando-se os relativamente altos teores do elemento presentes
no subproduto. Consideraram-se, ainda, as exigências nutricionais da
goiabeira, a idade das plantas e a produtividade esperada. Os resulta-
dos indicaram incremento nas concentrações de P no solo e nos teores
foliares de N (Figura 7), Ca, Mg e Mn. A produção de frutos foi afetada
positivamente nas safras de 2008 e 2009 (Figura 8), evidenciando o
potencial de uso desse resíduo na agricultura.

Figura 7. Efeitos da aplicação de doses do subproduto da indústria


processadora de goiabas sobre o teor foliar de N ( maio de
2007, novembro de 2007 e setembro de 2008), em pomar
de goiabeiras. ** - significativo a 1%.
276 Natale, W.

Figura 8. Efeitos da aplicação de doses do subproduto da indústria


processadora de goiabas sobre a produção de frutos (colheita
de fevereiro a abril de 2008 e de janeiro a março de 2009),
em pomar de goiabeiras. * e ** - significativo a 5 e 1%.

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281

Capítulo 10

FERT-GOIABA: Software para Re-


comendação de Calagem e Adu-
bação PARA GoiabEIRA CULTIVar
paluma, IRRIGADA E MANEJADA
COM PODA DRÁSTICA
Silvia Helena Modenese Gorla da Silva1
William Natale2
Eduardo Maciel Haitzmann dos Santos3
Hugo do Nascimento Bendini3

1. APRESENTAÇÃO

A cultura da goiaba teve uma importante contribuição quando,


em 1996, foi editado um Boletim Técnico com resultados de pesquisas
1
Professora Dra.Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’, Câmpus
Experimental de Registro, Rua Nelson Brihi Badur, 430, Registro – SP, CEP: 11900-
000. E-mail: silvia@registro.unesp.br
2
Professor Adjunto, Departamento de Solos e Adubos, Universidade Estadual Pau-
lista – Unesp, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Câmpus Jaboticabal.
Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n. CEP: 14884-900, Jaboticabal-SP.
Bolsista de PQ do CNPq. E-mail: natale@fcav.unesp.br
3
Graduandos em Agronomia na Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita
Filho’, Câmpus Experimental de Registro. E-mail:eduardomhs@yahoo.com.br,
hbendini@hotmail.com
282 Silva, S. H. M. G. da, et al.

realizadas sobre calagem, adubação e nutrição, em pomares de goia-


beiras em implantação e formação (Natale et al., 1996).
Acompanhando esse Boletim, havia um software para reco-
mendação de calagem e adubação, baseado nas pesquisas até então
disponíveis, que incluíam análises de solo, de planta e a produtividade
esperada de frutos.
Desde essa época, a cultura ganhou importância e teve ex-
pressivo aumento da área cultivada, especialmente no Estado de São
Paulo, o que motivou a realização de Simpósios sobre goiabeira em
Jaboticabal – SP, em 1997 (Pereira et al., 1997), e em Viçosa – MG,
em 2003 (Rozane e Couto, 2003).
Com as alterações no sistema de manejo dos pomares ao longo
da última década, em especial com a implementação de sistemas de
irrigação e com a poda drástica, houve enormes modificações na con-
dução dessa frutífera, principalmente no que se refere à calagem e à
adubação das plantas. É desnecessário justificar os efeitos da irrigação
sobre a dinâmica dos nutrientes no solo, bem como é desnecessário,
também, justificar as alterações no aspecto nutricional da goiabeira com
a realização da poda drástica.
Tais avanços no manejo dos pomares permitem, hoje, a
produção de três safras de goiaba a cada dois anos, com ganhos no
escalonamento das colheitas, principalmente destinadas às indústrias
processadoras da fruta.
A consolidação da cultivar Paluma, como goiabeira de dupla
finalidade, in natura e para industrialização, representando cerca de
90% da área plantada atualmente, facilitou a indicação dos critérios de
calagem e adubação no software, para essa cultivar.
Da mesma maneira, nos últimos anos, houve avanços extraor-
dinários na área computacional, exigindo que o software, anteriormente
elaborado, fosse amplamente modificado e atualizado, explorando as
tendências de hardware e software, de maneira a apresentar uma inter-
face mais amigável e de fácil acesso.
Atualmente, boa parte dos laboratórios que realizam análise de
solo, têm no computador uma ferramenta essencial para a divulgação
de resultados. Entretanto, nem sempre as determinações analíticas são
interpretadas de maneira correta. Assim, associar aos resultados obtidos
uma interpretação adequada da análise de solo, através de um programa
Fert-Goiaba: software para recomendação de calagem e adubação para goiabeira... 283

computacional confiável, possibilita aos fruticultores e profissionais da


área, segurança para recomendação de adubação e calagem com base
experimental e científica atualizadas.
Este capítulo, portanto, procura atualizar os critérios de correção
da acidez do solo e de fornecimento de fertilizantes para a cultura da
goiaba, bem como disponibilizar um programa computacional simples
e amigável, considerando todas as alterações no sistema de manejo dos
pomares e nos resultados de pesquisas disponíveis, a fim de que todos
os interessados tenham acesso às informações. Isso permitirá a elabo-
ração de programas de adequação da fertilidade do solo às exigências
das plantas, considerando as peculiaridades da área, as análises de solo
e da planta, garantindo maior produtividade e lucro ao fruticultor.
Além de permitir recomendações mais precisas de calagem e
adubação para a cultura da goiaba, o software ameniza os problemas
de interpretação das análises químicas (tão frequentes), que induzem
ao uso de fórmulas inadequadas ou não balanceadas em termos de
exigências nutricionais dos pomares.
Assim, de posse do programa e utilizando as informações locais
da cultura, juntamente com os resultados da análise de solo (e folhas),
pode-se, de modo simples e rápido, estabelecer uma adequada correção
da acidez e adubação para essa frutífera.
O Programa computacional Fert-Goiaba está disponível no
CD-ROM anexo neste Livro.

2. LITERATURA CITADA

NATALE, W.; COUTINHO, E. L. M.; BOARETTO, A. E.; PEREIRA,


F. M.; MODENESE, S. H. Goiabeira: calagem e adubação. Jaboticabal:
Funep, 1996. 22 p.
PEREIRA, F. M.; DURIGAN, J. F.; NATALE, W.; PIZA JR., C. T.;
MAIA, A. P. (Ed.). SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA
DA GOIABEIRA, 1., 1997, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: Funep,
1997.184p.
ROZANE, D. E.; COUTO, F. A. A. (Ed.). Cultura da goiabeira: tec-
nologia e mercado. Viçosa: UFV/EJA, 2003. 401 p.
284

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