The Final Life of Batery

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O DESTINO FINAL DA BATERIA

THE FINAL DESTINY OF THE BATTERY

Leonardo Almeida de Oliveira

RESUMO

Este documento apresenta o histórico da origem da bateria, sua evolução e seu


fim, considerando a reciclagem da mesma.
Aspectos curiosos sobre a origem da mesma, e sobre a documentação técnica
legal na engenharia reversa para o transporte das mesmas.

Palavras-chave: bateria; reciclagem; engenharia reversa; manifesto de transporte de


resíduos.

ABSTRACT

This document presents the history of the origin of the battery, its evolution and
its end, considering its recycling.
Curious aspects about its origin, and about the legal technical documentation in
reverse engineering for its transport.

Keywords: battery; recycling; reverse engineering; waste transport manifest.

1 INTRODUÇÃO

Já há alguns anos, caso não tenha sido criado em uma localidade primitiva sem
acesso ao mundo moderno, sabe-se o significado ou a importância da bateria.

Nos dias de hoje, até uma criança pequena conhece o resultado quando seu
brinquedo eletrônico, seja carrinho, boneca ou outro, começa a parar de funcionar ou
ficar fraco. – A pilha acabou!

O terror financeiro de muitos pais, quando uma criança ganha um brinquedo e


descobre que para funcionar são necessárias 4 ou mais pilhas.

A necessidade global de uso da eletricidade remotamente, ou seja,


desconectado de tomadas fixas, aumenta na velocidade da expansão tecnológica
mundial.

Assim como os brinquedos que necessitam de pilhas e ou baterias, em nossa


volta tudo parece estar girando em torno desta necessidade de armazenamento, seja
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em controles remotos (diversos), mouses, celulares, lanternas, marca-passo,


termômetros residências, nobreaks, além das aplicações industriais e hospitalares.

Levar um adolescente para passear em um lugar em que não tenha uma tomada
para recarregar a bateria do seu celular é arrumar um problema na maioria das vezes.
Mas logicamente que não só os adolescentes, mas nós mesmos necessitamos,
devido a toda conectividade da vida estarmos sempre verificando a nossa bateria.

Com o advento da eletrificação dos veículos e a necessidade de resposta do


mundo ao uso dos combustíveis fósseis, seja pela escassez no futuro e ou pela
poluição, nunca esteve tão em pauta a questão das baterias, seja pelo próprio uso
dos carros elétricos, seja pelo uso das baterias em sistemas fotovoltaicos para
armazenamento da energia solar convertida em eletricidade para uso desconectado
da rede de energia da concessionária (off grid).

Esse trabalho não tem o foco em discutir se é bom ou ruim essa necessidade
em torno do armazenamento para manter-se conectado, mas sim mostrar o ciclo de
vida com um pouco da história do surgimento das pilhas e baterias e principalmente
do seu descarte final.

2 PILHAS E BATERIAS

Sabemos que o experimento original, a partir de um dessecamento de uma rã


realizada em 1786, pelo anatomista italiano Luigi Galvani (1737-1798), deu início para
que hoje tenhamos uma evolução em tipos de pilhas e baterias. De fato, a teoria
defendida por Galvani “eletricidade animal”, na qual os metais eram apenas
condutores da eletricidade, e que a mesma estaria contida nos músculos da rã, estaria
errada, sendo constatada pelo físico italiano Alessandro Volta (1745-1827).

Volta realizou experimentos e mostrou que não havia fluxo de eletricidade


quando a placa e o fio eram constituídos do mesmo metal. Após usar solução com
íons dissolvidos em contato com dois eletrodos metálicos, e muitas experiências, em
1800, Volta criou a primeira pilha elétrica, conhecida como pilha de Volta, pilha
Galvânica ou pilha voltaica e, ainda, “rosário”

Figura 1 ‒ Pilha de Volta


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Fonte: Fogaça, Jennifer Vargas, “História das pilhas”; Brasil Escola (2024)

Segundo o site bringit.com.br, existem registros de que baterias foram criadas


por iranianos há mais de dois milênios atrás. Utilizando jarros de argila contendo finos
cilindros de cobre e um bastão de ferro dentro.

Para gerar energia, era utilizado ácidos comuns como suco de limão ou vinagre.

Essa informação pode ser confirmada através de achados arqueológicos,


conforme artigo verificado na BBC NEWS
http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/2804257.stm acessado em 02/02/2024.

André Nogueira, historiador publicado em 04/04/2021


(https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/andre-nogueira/energia-eletrica-na-
antiguidade-conheca-curiosa-bateria-de-bagda.phtml) acessado em 03/02/2024,
também relata sobre os recipientes encontrados no Museu de Antiguidades de Bagdá
(atual Museu Nacional do Iraque).

Independente da funcionalidade e eficácia destes recipientes, conforme muitos


debatem, isso nos mostra a curiosidade e necessidade humana na tentativa de
armazenamento de energia para uso posterior.

Além das pilhas voltaicas, outros experimentos surgiram tais como; Pilhas de
Daniell (1836, Químico Britânico John Frédéric Daniell), Pilhas de Grove (1844, físico
e Juiz Galês William Robert Grove), células de gravidade (década de 60, Callaud),
Pilhas de Leclanché (1866, Engenheiro Elétrico francês, Georges Leclanché), sendo
esta última a precursora da pilha seca, célula de Bird, Célula de vaso porosa, Célula
de Poggendorff

Em 1859, a primeira pilha recarregável foi utilizada, sendo criada pelo físico
francês, Gaston Planté.

Uma célula constituída por uma placa de óxido de chumbo e outra de chumbo
metálico, imersas em ácido sulfúrico, produzindo sulfato de chumbo. Assim nascia as
baterias utilizadas em carro, nobreaks e iluminação de emergência.
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Em 1886, surgiu a primeira bateria seca, inventada pelo Alemão Carl Gassner,
numa combinação de Zinco e Carbono, as famosas baterias quadradas de 9 Volts,
utilizadas em dispositivos portáteis, como lanternas.

A primeira pilha Alcalina foi criada em 1899, pelo cientista sueco Waldemar
Jungner, sendo um sucesso e uma das mais utilizadas até hoje em ferramentas,
brinquedos, aplicações industriais e etc., existindo 2 tipos, a recarregável e a não
recarregável.

Em 1970, a bateria de Lítio-Íon foi criada por Manley Stanley Whitingham, um


químico americano.

Em 1977, as pilhas de Níquel-Hidrogênio foram criadas pela empresa americana


de telecomunicações COMSAT.

Em 1979, a bateria de Lítio – Polímero, foi criada pelo químico francês Michael
Armand.

Em 1982, a bateria de Sódio – Cloreto de Níquel (com o selo ZEBRA – Zero


Emission Batteries Research Activity), foi criada pelo Dr. Johan Coetzer da Africa do
Sul. Sendo seu material abundantemente amigável com o meio ambiente.

E em 1989, desenvolvida pela empresa alemã de carros Daimler AG, a bateria


de Níquel – Hidreto Metálico.

O ciclo de vida de baterias automotivas e do tipo estacionárias utilizadas em


nobreaks, tem em sua média o tempo entre 3 a 6 anos. Já as baterias de íons de lítio
cerca de 10 anos.(https://www.deltapowersolutions.com/pt-br/mcis/artigo-tecnico-os-
pros-e-contras-do-uso-das-baterias-de-ions-de-litio-em-
datacenters.php#:~:text=Quando%20est%C3%A1%20ociosa%2C%20uma%20bateri
a,durar%20cerca%20de%2010%20anos.).

Bateria ou pilha são acumuladores que transformam energia química em energia


elétrica, podendo o contrário também.

Mesmo um veículo não sendo totalmente elétrico, de qualquer forma é


necessária a utilização de uma bateria, que em meados de 1912 foram introduzidas
nos veículos para substituir a manivela de ignição. Na atualidade as baterias no
sistema automotivo servem mais do que dar a ignição ao veículo, elas são
responsáveis por todos os sistemas auxiliares que aumentaram e muito em relação
aos veículos mais antigos. Como abrir janelas, tetos, recuar os espelhos, carregar
outros aparelhos com saídas 12V (antigo uso de isqueiro) e usb, sistemas de
segurança como air bag e demais utilidades que nem são de conhecimento do
condutor do veículo.

Mesmo num veículo temos mais de um tipo de bateria. Pois além da própria
bateria automotiva, temos também a bateria instalada no conjunto da chave, seja o
carro com acionamento via chave física e ou com botão, e até mesmo com o
acionamento do motor remotamente.

No Brasil, existem alguns fabricantes de baterias, sendo as 2 principais as


empresas; Moura (com as marcas Moura e Zetta) e Johnson Controls (com as marcas
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Heliar, Bosch, Optima, Varta e Freedom). Fonte: BNDES, biblioteca Digital Baterias
automotivas: panorama da indústria no Brasil, as novas tecnologias e como os
veículos elétricos podem transformar o mercado global, Bernardo Castro, Daniel
Barros e Suzana Veiga) acessado em 02/02/2024.

No mundo, a corrida principal está nas baterias para veículos elétricos, e nos
gráficos abaixo pode-se ter uma ideia das maiores empresas e seu mercado nas
variações dos anos de 2022 e 2023.

Gráfico 1 ‒ Participação de mercado dos fabricantes de baterias, Mundo – 2022

Fonte: https://cleantechnica.com/2023/09/18/top-battery-producers-in-the-world/.

Gráfico 2 ‒ Participação de mercado dos fabricantes de baterias, Mundo – 2023

Fonte: https://cleantechnica.com/2023/09/18/top-battery-producers-in-the-world/.
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A empresa chinesa BYD Company Limited, é um conglomerado multinacional


chinês de capital aberto, fundada em 1995. Foi a que mais teve aumento entre os
anos de 2022 e 2023, de participação de mercado de baterias.

O fato curioso é que a BYD, fabricante de baterias (dentre outros produtos), tem
se destacado no cenário mundial com a fabricação de carros elétricos e com isso
espera-se o aumento a cada ano muito maior em relação as concorrentes citadas no
gráfico, em função da própria necessidade de atendimento ao consumo interno da
empresa na gama de veículos produzidas pela mesma.

Destino das baterias e pilhas usadas

A Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos


Sólidos e no art. 3º, item XII – descreve a logística reversa como instrumento de
desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos
produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada;

Vieira e Soares (2009), no artigo A Logística Reversa do Lixo Tecnológico: um


estudo sobre o projeto de coleta de lâmpadas, pilhas e baterias da BRASKEM (Revista
De Gestão Social E Ambiental, 3(3), 120–136. https://doi.org/10.24857/rgsa.v3i3.180),
confirma a hipótese inicial de que muitas empresas possuem instrumentos e
procedimentos para implantar a logística reversa do lixo tecnológico nos seus
processos de gestão ambiental. Porém, essa implantação requer projetos específicos
com alto custo e que, por isso, a logística reversa do lixo tecnológico ainda é incipiente
nas empresas.

Logística Reversa de Pilhas e Baterias

Pilhas e pequenas baterias (9V) geralmente são recolhidas em postos de coleta


seletiva em empresas, e em alguns postos específicos nas cidades.

Tais postos de coleta deveriam, obrigatoriamente, ter em diversos locais de


acesso público, como postos de gasolina, supermercado e farmácias, para facilitar e
propagar o hábito de descarte consciente.

Conforme informações da empresa Green Eletron – gestora de logística reversa


(https://greeneletron.org.br/blog/reciclagem-pilhas-baterias/ acessado em
10/02/2024), são seis etapas no processo de reciclagem que garantem a reutilização
de baterias e pilhas que inicia com o consumidor. São eles;

1- Descarte consciente – Segundo a empresa, existem mais de 1,7 mil pontos de


coleta no Brasil.
2- Transporte – Tratando apenas de pilhas e baterias comuns, as demais serão
tratadas em item específico. Os materiais coletados nestes postos passam por
uma triagem e encaminhados para empresas recicladoras capacitadas e
homologadas para tal.
3- Trituração – Os materiais são triturados, geralmente tipos de materiais de pilhas
diferentes são separadas para serem recicladas a parte.
4- Processo químico - As pilhas e baterias são submetidas a processo de reação
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química em que são recuperados sais e óxidos metálicos utilizados como


matéria-prima em processos industriais na forma de corantes e pigmentos.
5- Processo térmico – Elas são colocadas em um forno industrial e submetidas a
altas temperaturas para separar o zinco, e este em sua forma metálica poderá
ser reutilizado como matéria-prima na confecção de novas pilhas e baterias.
6- Resíduos- O processo reaproveita os metais e componentes químicos, os
eventuais resíduos são tratados e reaproveitados na produção de cimento e ou
enviados para destinação ambientalmente correta.

Em setembro de 2012 foi publicado na revista REM- International Engineering


Journal (Revista Escola de Minas), o artigo Estudo eletroquímico da recuperação de
metais de pilhas e de baterias descartadas após o uso.
(https://doi.org/10.1590/S0370-44672012000300009, acessado em 10/02/2024), por
Kellie Provazi, Denise Espinosa e Jorge Tenório.

O objetivo da pesquisa foi de recuperar os principais metais presentes em pilhas


e baterias em uma mistura de diversos tipos de pilhas e baterias, sem a necessidade
de etapa de separação prévia dos tipos das mesmas.

O resultado foi a separação dos metais mais concentrados como manganês,


ferro, níquel, cobalto e cobre. Agilizando o processo ao não precisar a separação de
tipos de pilhas e baterias.

Transporte e descarte de baterias

A destinação de baterias automotivas e ou estacionárias utilizadas em sistemas


de backup de energia (nobreaks), apesar do mesmo fim no processo de reciclagem,
tem uma exigência do transporte e descarte diferente das pilhas e baterias menores
de grande utilização do público em geral.

No estado do Rio de Janeiro, ao acessar o site do INEA


(https://www.inea.rj.gov.br/mtr), o usuário deve-se cadastrar com seu CPF ou CNPJ
para iniciar o preenchimento do MTR – Manifesto de Transporte de Resíduos. Na
página inicial existe o link para a resolução CONEMA nº 79 e NOP INEA nº 35 –
Sistema MTR, no quais detalham todo o procedimento para o correto transporte
destes materiais.

Além do preenchimento do MTR, é necessário a emissão do CDF – Certificado


de Destinação Final, emitido pelo INEA.

Numa aquisição de baterias via licitação pública, é importante que os órgãos


se atentem para vincular o pagamento das novas baterias apenas com a retirada
das baterias antigas e emissão do Certificado de Destinação Final com o MTR
incluso, garantindo-se assim a responsabilidade da correta destinação para
reciclagem das mesmas. Assim como, entes privados também devem se preocupar
com a engenharia reversa e sua garantia de atendimento.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste artigo foi de apresentar a origem das pilhas e baterias, e


principalmente apresentar o destino final das mesmas. Informando a diferença entre
o transporte de pilhas e baterias comuns, e a obrigatoriedade de preenchimento de
documentação específica para o transporte de baterias maiores como as de
automóveis (chumbo-ácida) e estacionárias (nobreaks).
Apesar de no Brasil haver quase 2.000 postos de recolhimento de pilhas para
reciclagem, esse número é muito pequeno em relação ao tamanho do país.
Faltam incentivos e informação para que a população adote essa ideia de
descarte consciente das mesmas.
Como citado na pesquisa direcionada na empresa Braskem, as empresas de
modo geral, geralmente tem o potencial para elaborar e praticar corretamente a
engenharia reversa, mas esbarras em custos elevados e até mesmo em falta de
incentivos e fiscalização.
Poucas cidades tem uma coleta seletiva eficiente, e o aproveitamento correto
dos itens recicláveis acaba sendo muito pequeno, devendo ser uma ação conjunta de
todas as esferas de governos e de participação integral de toda a sociedade em pró
de um mundo melhor.

REFERÊNCIAS

FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "História das pilhas"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/quimica/historia-das-pilhas.htm. Acesso em 14 de
fevereiro de 2024.

INEA – INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE, 2024. Disponível em


https://www.inea.rj.gov.br/mtr Acesso em 10 de fevereiro de 2024.

BBC NEWS (Riddle of “Baghdad’s batteries”. Disponível em


http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/2804257.stm. Acesso em 10 de fevereiro de
2024.

NOGUEIRA, André. Aventuras na História. Disponível em


https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/andre-nogueira/energia-eletrica-na-
antiguidade-conheca-curiosa-bateria-de-bagda.phtml Acesso em 10 de fevereiro de
2024.

DELTA POWER SOLUTIONS. Disponível em


https://www.deltapowersolutions.com/pt-br/mcis/artigo-tecnico-os-pros-e-contras-do-
uso-das-baterias-de-ions-de-litio-em-
datacenters.php#:~:text=Quando%20est%C3%A1%20ociosa%2C%20uma%20bateri
a,durar%20cerca%20de%2010%20anos. Acesso em 10 de fevereiro de 2024.

GREEN ELETRON. Disponível em https://greeneletron.org.br/blog/reciclagem-pilhas-


baterias/ Acesso em 10 de fevereiro de 2024.

REVISTA ESCOLA DE MINAS. Disponível em https://doi.org/10.1590/S0370-


44672012000300009 Acesso em 10 de fevereiro de 2024.

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