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INSTITUTO ESSS DE ENSINO, PESQUISA E DESENVOLVIMENTO


PÓS-GRADUAÇÃO EM ANÁLISE NUMÉRICA ESTRUTURAL UTILIZANDO O
MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Mário Sérgio Silva Marques

ANÁLISE ESTRUTURAL DE UM PÓRTICO ROLANTE CONFORME AS


NORMAS NBR 8400 E NBR 10084 USANDO O ANSYS WORKBENCH

São Paulo/SP
2014
1

Mário Sérgio Silva Marques

ANÁLISE ESTRUTURAL DE UM PÓRTICO ROLANTE CONFORME AS


NORMAS NBR 8400 E NBR 10084 USANDO O ANSYS WORKBENCH

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como exigência para obtenção do Certificado de
Especialista em Análise Numérica Estrutural
utilizando o Método dos Elementos Finitos, do
Instituto ESSS de Ensino, Pesquisa e
Desenvolvimento.
.

Prof. Ms. Roberto Monteiro Bastos da Silva


Orientador

São Paulo/SP
2014
2

Mário Sérgio Silva Marques

ANÁLISE ESTRUTURAL DE UM PÓRTICO ROLANTE CONFORME AS


NORMAS NBR 8400 E NBR 10084 USANDO O ANSYS WORKBENCH

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como exigência para obtenção do Certificado de
Especialista em Análise Numérica Estrutural
utilizando o Método dos Elementos Finitos, do
Instituto ESSS de Ensino, Pesquisa e
Desenvolvimento.

Aprovado em: ______ / ______ / ______

BANCA EXAMINADORA:

Ass.:______________________________
Pres.:

Ass.: _________________________________
1º Exam.:

Ass.: _________________________________
2º Exam.:
3

Dedico este trabalho a Deus, onde


encontrei motivação para superar os
momentos difíceis com sabedoria e saúde
e aos meus familiares, distantes ou não,
por participarem em momentos distintos e
essenciais de minha vida, como este.
4

AGRADECIMENTOS

A Deus pela saúde, sabedoria e motivação proporcionadas nos diversos


momentos, bons ou não, e principalmente pela oportunidade da vida.
Aos meus familiares pelo amor, confiança e apoio para prosseguir e realizar
passos importantes, meus sinceros agradecimentos.
Ao Instituto ESSS de Ensino, Pesquisa e Desenvolvimento – pela
oportunidade de realização do presente trabalho e pesquisa.
Ao corpo docente do curso de Pós-graduação em Análise Numérica Estrutural
utilizando o Método dos Elementos Finitos pelos ensinamentos ofertados.
Aos colegas e amigos pelo companheirismo, momentos de alegria e diversão
necessárias.
5

RESUMO

Este trabalho mostra a análise estrutural de um Pórtico Rolante pelo Método


de Elementos Finitos usando o software Ansys Workbench 15.0, tendo por base a
Norma NBR 8400 (Cálculo de equipamento para levantamento e movimentação de
cargas - 1984) e NBR 10084 (Cálculo de estruturas suporte para equipamentos de
levantamento e movimentação de cargas – 1987), que tratam de questões
específicas relativas aos equipamentos de movimentação de cargas, onde se
incluem os Pórticos Rolantes. Inicialmente são definidos, de forma geral, os Pórticos
Rolantes e o Pórtico do presente estudo. Em seguida, são discutidos os tópicos da
Norma NBR 8400, destacando-se a classificação das estruturas, solicitações de
carregamentos, método de cálculo e uma breve descrição da NBR 10084 e do
Ansys Workbench, software de Elementos Finitos usado para modelar o Pórtico
Rolante. Para o estudo de caso, são aplicadas seis combinações de carregamentos
e respostas como tensão, deflexão e flambagem são avaliadas segundo os critérios
das Normas citadas para verificar a resistência estrutural de um Pórtico Rolante
comercial para trabalhar com carga superior a sua capacidade original. Para esta
análise são descritas as propriedades do material, valores admissíveis, propriedades
geométricas, detalhes considerados na malha de elementos finitos, restrições nos
apoios, combinações de carregamentos e, por fim, são avaliados os resultados
encontrados pelo software onde as respostas são comparadas com os limites
estabelecidos pelas Normas e avaliado se a estrutura é capaz de suportar com
segurança os esforços solicitados.

Palavras-chave: Pórtico Rolante. Ansys Workbench. Elementos Finitos. NBR 8400.


NBR 10084.
6

ABSTRACT

This work exposes the structural analysis of a Gantry Crane by the Finite
Element Method using Ansys Workbench 15.0 software, based on the NBR 8400
(Cranes and lifting appliances - Basic calculation for structures and components -
1984) and NBR 10084 (Calculus of support structures for cranes and lifting
appliances - 1987), which deal with specific issues relating to handling equipment like
the Gantry Cranes. At first, Gantry Cranes are defined in general way and It is
presented the Gantry of the present study. Topics of the NBR 8400 are discussed,
highlighting the classification of structures, loads of requests, method calculation and
a brief description of the NBR 10084 and Ansys Workbench, finite element software
used to model the Gantry Crane. For the study case, six loads combinations are
applied and responses such as stress, deflection and buckling are evaluated
according to the criteria of the cited standards to verify structural strength of a
commercial Gantry Cranes to work with loads greater than the original capacity. In
the analysis are described material properties, allowable values, geometric
properties, details considered in the finite element mesh, restrictions on the supports
and loads combination. The results provided by the software are compared with
allowable values fixed in NBR 8400 and NBR 10084 to verify if the structure can
safely support the required efforts.

Key-words: Gantry Crane. Ansys Workbench. Finite Element. NBR 8400. NBR
10084.
7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pórticos Rolantes Monoviga (a) e Biviga (b) ....................................................................... 13


Figura 2 - Semipórticos Rolantes Monoviga (a) e Biviga (b) ................................................................ 14
Figura 3 - Dimensões Gerais do Pórtico ............................................................................................... 14
Figura 4 - Seção dos Perfis do Pórtico ................................................................................................. 15
Figura 5 - Análise Estática Estrutural e Flambagem no Ansys Wokbench do Pórtico ......................... 26
Figura 6 - Modelo de Elementos Finitos por Cores de Espessuras de Chapas ................................... 30
Figura 7 - Modelo de Elementos Finitos por Cores de Espessuras de Chapas ................................... 30
Figura 8 - Malha de Elementos Finitos ................................................................................................. 31
Figura 9 - Qualidade do Elemento (Element Quality) ........................................................................... 32
Figura 10 - Razão de Aspecto (Aspect Ratio)....................................................................................... 33
Figura 11 - Contatos Bonded na Estrutura ........................................................................................... 33
Figura 12 - Contato No Separation entre Flanges ................................................................................ 34
Figura 13 - Conexão entre Flanges....................................................................................................... 34
Figura 14 - Restrições da Base ............................................................................................................. 35
Figura 15 - Posições da Talha no Pórtico Rolante ................................................................................ 36
Figura 16 - Curva de Aplicação de Carga ............................................................................................. 38
Figura 17 - Combinação de Carregamento 1 ........................................................................................ 39
Figura 18 - Combinação de Carregamento 2 ........................................................................................ 40
Figura 19 - Combinação de Carregamento 3 ........................................................................................ 41
Figura 20 - Combinação de Carregamento 4 ........................................................................................ 42
Figura 21 - Combinação de Carregamento 5 ........................................................................................ 43
Figura 22 - Combinação de Carregamento 6 ........................................................................................ 44
Figura 23 - Deslocamento na Direção Y ............................................................................................... 45
Figura 24 - Deslocamento na Direção X ............................................................................................... 46
Figura 25 - Deslocamento na Direção Z ............................................................................................... 46
Figura 26 - Tensão de Von-Mises ......................................................................................................... 47
Figura 27 - Máxima Tensão Principal ................................................................................................... 48
Figura 28 - Flambagem (Combinação de Carregamentos 1 e 2) ......................................................... 49
Figura 29 - Flambagem (Combinação de Carregamento 3 e 4) ........................................................... 50
Figura 30 - Flambagem (Combinação de Carregamento 5 e 6) ........................................................... 51
Figura 31 - Reações no Apoio A ........................................................................................................... 52
Figura 32 - Reações no Apoio B ........................................................................................................... 53
Figura 33 - Reações no Apoio C ........................................................................................................... 53
Figura 34 - Reações no Apoio D ........................................................................................................... 54
8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classes de Utilização (NBR 8400, 1984)............................................................................. 16


Tabela 2 - Estados de Carga (NBR 8400, 1984) .................................................................................. 17
Tabela 3 - Classificação da Estrutura em Grupo dos Equipamentos (NBR 8400, 1984) ..................... 17
Tabela 4 - Valores do Coeficiente Dinâmico  (NBR 8400, 1984) ....................................................... 18
Tabela 5 - Valores do Coeficiente de Majoração para Equipamentos Industriais (NBR 8400, 1984) .. 20
Tabela 6 - Tensões Admissíveis à Tração (ou Compressão) Simples (NBR 8400, 1984) ................... 22
Tabela 7 - Coeficiente de Segurança a Flambagem (NBR 8400, 1984) .............................................. 23
Tabela 8 - Flechas Admissíveis (NBR 10084, 1987) ............................................................................ 24
Tabela 9 - Espessuras das Chapas por Cores ..................................................................................... 30
Tabela 10 - Detalhes da Malha ............................................................................................................. 31
Tabela 11 - Combinações de Carregamentos ...................................................................................... 37
Tabela 12 - Resumo dos Resultados .................................................................................................... 54
9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 10
1 FUNDAMENTOS E CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................. 12
1.1. Pórtico Rolante ......................................................................................................................... 12
1.2. Norma NBR 8400 ..................................................................................................................... 16
1.2.1. Classificação da estrutura .................................................................................................... 16
1.2.2. Solicitações que interferem no cálculo da estrutura do equipamento ................................. 18
1.2.3. Casos de solicitação ............................................................................................................ 19
1.2.4. Método de cálculo ................................................................................................................ 22
1.3. Norma NBR 10084 ................................................................................................................... 24
1.4. Ansys Workbench .................................................................................................................... 25
2 ANÁLISE ESTRUTURAL DO PÓRTICO ROLANTE .............................................................. 28
2.1. Material, tensão, deflexão e flambagem admissíveis .............................................................. 28
2.2. Propriedades Geométricas....................................................................................................... 29
2.3. Detalhes da malha de elementos finitos .................................................................................. 31
2.4. Restrições................................................................................................................................. 35
2.5. Carregamentos ......................................................................................................................... 36
2.6. Resultados das análises .......................................................................................................... 45
2.6.1. Deflexões ............................................................................................................................. 45
2.6.2. Tensões ............................................................................................................................... 47
2.6.3. Flambagem .......................................................................................................................... 49
2.6.4. Reações de Apoio ................................................................................................................ 52
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 55
4 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 57
10

INTRODUÇÃO

A utilização de equipamento de movimentação de carga no meio industrial é


muito frequente, pois contribui com o sistema logístico, desde o recebimento de
matérias-primas, durante etapas da produção, embalagem e na cadeia de
distribuição física. Segundo Moura (2008, p.5), estima-se que 15% a 20% do custo
total de um produto fabricado é devido à movimentação de materiais. No entanto,
simplesmente eliminar os movimentos não é uma resposta para redução do custo,
pois a movimentação de materiais também é um meio através do qual a qualidade
da manufatura é melhorada, pela redução de inventários e danos. Em indústrias
razoavelmente eficientes, encontra-se um índice de 67 toneladas de materiais
movimentados e, em casos mais extremos, essa quantidade pode atingir até 180
toneladas de materiais movimentados por tonelada de produto acabado (Moura,
2008). Neste cenário, os equipamentos de movimentação auxiliam a logística nos
processos de diversas empresas com transporte de cargas e diversas solicitações
de carregamentos durante a operação. Desse modo, os equipamentos devem ser
capazes de suportarem solicitações diversas durante sua vida; por isso, a estrutura
do equipamento deve ter resistência mecânica adequada para resistir aos esforços.
Para garantir a segurança do equipamento de movimentação e transporte de carga,
há Normas nacionais e internacionais que estabelecem procedimentos para
avaliação estrutural a fim de que eles não falhem durante a operação.
Dentre os diversos equipamentos de movimentação e transporte, o presente
estudo propõe realizar a análise estrutural de um Pórtico Rolante comercial com
capacidade de 15 toneladas, sendo 5 toneladas acima da capacidade especificada
originalmente ao Pórtico. O objetivo é avaliar a resistência estrutural segundo as
Normas NBR 8400 (Cálculo de equipamento para levantamento e movimentação de
cargas – 1984) e a NBR 10084 (Cálculo de estruturas suporte para equipamentos de
levantamento e movimentação de cargas – 1987). Para esta analise é utilizado um
modelo de Elementos Finitos calculado com o software Ansys Workbench 15.0.
No Capítulo 1 são definidos os Pórticos Rolantes, mostradas as partes que
compõem o equipamento e as principais características do Pórtico estudado, que é
um equipamento comercial avaliado para içar carga acima de sua capacidade
11

original. São abordados tópicos da Norma NBR 8400 como: classificação das
estruturas, solicitações de carregamentos e método de cálculo, além de uma breve
descrição da NBR 10084 e do Ansys Workbench, software de Elementos Finitos
usado para modelar o Pórtico Rolante do presente estudo.
No Capítulo 2 é realizada a análise estrutural do Pórtico Rolante usando o
Ansys Workbench, sendo aplicado seis combinações de carregamentos e as
respostas avaliadas de acordo com os critérios das Normas NBR 8400 e NBR
10084. Esta é a parte central da metodologia deste estudo. Primeiramente são
descritas as propriedades do material do Pórtico e valores admissíveis das
respostas (tensão, deflexão e flambagem). Em seguida, são mostradas as
propriedades geométricas, detalhes da malha, restrições nos apoios, combinações
de carregamentos e, por fim, os resultados obtidos pelo software são avaliados
segundo critérios definidos pelas Normas.
Para o encerramento do estudo de caso aqui proposto, as conclusões e
sugestões do estudo são apresentadas nas Considerações Finais.
Espera-se que, desta forma, o estudo apresentado auxilie no entendimento
das questões aqui tratadas, podendo-se estabelecer relações necessárias à
consecução do objeto proposto.
12

1 FUNDAMENTOS E CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo é feita uma descrição geral de Pórticos Rolantes, destacando-


se onde são utilizados, suas principais partes e as características do Pórtico
estudado. Em seguida, é feita uma abordagem da Norma NBR 8400 observando a
classificação das estruturas, solicitações de carregamentos e métodos de cálculo,
sendo que para cada descrição da Norma são demonstrados os pontos
considerados (ou não) do Pórtico em estudo. Na sequência é feita uma breve
descrição da NBR 10084 e qual parte da Norma é considerada para avaliar o
Pórtico. E, por fim, é feita a descrição do Ansys Workbench, software de Elementos
Finitos usado para modelar o Pórtico Rolante deste trabalho.

1.1. Pórtico Rolante

Os Pórticos Rolantes são equipamentos de elevação e movimentação de


cargas que atendem a diversas aplicações no meio industrial e, geralmente, são
utilizados em áreas externas; porém, são aplicados também em ambientes internos
– principalmente quando há necessidade de movimentação de carga e o edifício não
foi projetado para receber pontes rolantes. O corpo principal é constituído por Pórtico
que, dependendo da capacidade de carga, são construídos por perfis laminados ou
vigas caixão. As principais partes de um Pórtico Rolante são (Ribeiro, 2011):

Carro Guincho – Responsável pela elevação da carga através do


mecanismo de elevação. Possui um conjunto de rodas que permitem o movimento
de translação sobre as vigas principais através do mecanismo de direção. O carro
guincho é comumente utilizado em Pórtico Biviga; já para Pórtico Rolante Monoviga
são geralmente utilizadas talhas elétricas.

Truques – É onde fica o mecanismo de translação, responsável pela


translação do Pórtico sobre os trilhos.
13

Caminho de Rolamento – É constituído por duas vigas paralelas entre si


fixadas no piso onde as rodas dos truques percorrem para realizar a translação do
Pórtico. Há também Pórtico sem caminhos de rolamento que se movimentam com
as rodas diretamente no piso.

Viga Principal do Pórtico – É o elemento resistente principal, formado por


perfil I laminado, para vãos pequenos e baixa capacidade, ou seção em viga caixão
para vencer vãos maiores com maior capacidade de carga.

Pernas do Pórtico – são as colunas de apoio da viga principal.

Em geral, os Pórticos são classificados em Pórtico Rolante Monoviga, com


apenas uma viga principal, e Pórtico Rolante Biviga, com duas vigas principais,
conforme mostrado na Figura 1. Os Pórticos Monovigas utilizam talhas para fazer o
içamento da carga e o movimento translacional sobre a viga principal. Já os Pórticos
Biviga utilizam carros que também fazem a elevação de carga e translação deste
sobre as vigas principais.

a) Pórtico Monoviga b) Pórtico Biviga

Carro

Monoviga
Biviga
Talha

Pernas

Trilho
Truque

Figura 1 – Pórticos Rolantes Monoviga (a) e Biviga (b)


Fonte: Norcranes (2014)
14

Se os Pórticos têm apenas um lado das pernas são chamados de


Semipórticos que podem ser também Monoviga ou Biviga, conforme mostrado na
Figura 2.

a) Semipórticos Monoviga b) Semipórticos Biviga

Carro

Talha

Perna

Perna

Figura 2 - Semipórticos Rolantes Monoviga (a) e Biviga (b)


Fonte: Norcranes (2014)

O Pórtico Rolante em exame neste trabalho, classificado como Monoviga, é


um equipamento comercial utilizado em uma área de montagem de uma empresa
(tratada aqui como empresa A). As dimensões gerais do equipamento foram
medidas em campo para realizar a análise estrutural. Porém, algumas dimensões
foram alteradas assim como sua capacidade. O equipamento está especificado para
içar carga com 10 toneladas, porém o objetivo é saber se a estrutura do
equipamento tem capacidade para movimentar cargas com 15 toneladas. As
principais medidas do Pórtico Rolante estão mostradas na Figura 3 e na Figura 4.

Figura 3 - Dimensões Gerais do Pórtico


15

Figura 4 - Seção dos Perfis do Pórtico

As principais características do Pórtico Rolante Monoviga em estudo são


listadas abaixo:

 Localização em ambiente interno


 Carga nominal de trabalho: 15000 kg
 Vão: 14900 mm
 Altura livre da viga: 6567 mm
 Velocidade de elevação: 3 m/min
 Velocidade de translação do Pórtico: 30 m/min
 Velocidade de direção da talha: 20 m/min
 Classe de utilização: B
 Estado de carga: 2
 Desaceleração durante frenagem: 0,11 m/s2 (translação)
 Desaceleração de choque: 0,6 m/s2 (para-choque)
16

1.2. Norma NBR 8400

A NBR 8400 fixa as diretrizes básicas para o cálculo das partes estruturais e
componentes mecânicos dos equipamentos de levantamento e movimentação de
cargas, independendo do grau de complexidade ou do tipo de serviço do
equipamento, determinando as solicitações e combinações de solicitações a serem
consideradas; condições de resistência dos diversos componentes do equipamento
em relação às solicitações consideradas e condições de estabilidade.

1.2.1. Classificação da estrutura

Segundo a NBR 8400 (1984, Item 5.1) as estruturas dos equipamentos são
classificadas em grupos, de acordo com o serviço a ser executado. Para a
determinação do grupo são levados em consideração dois fatores, conforme a
descritos a seguir.

a) Classe de utilização

A classe de utilização caracteriza a frequência de utilização dos


equipamentos. Essa classificação é em função da utilização do movimento de
levantamento, definindo-se quatro classes de utilização, conforme mostrado na
Tabela 1.

Tabela 1 - Classes de Utilização (NBR 8400, 1984)


Número convencional
Frequência de utilização do movimento de
Classe de utilização de ciclos de
levantamento
levantamento
Utilização ocasional não regular, seguida de 4
A 6,3 x 10
longos períodos de repouso
5
B Utilização regular em serviço intermitente 2,0 x 10
5
C Utilização regular em serviço intensivo 6,3 x 10
Utilização em serviço intensivo severo, 6
D 2,0 x 10
efetuado, por exemplo, em mais de um turno
17

b) Estado de carga

O estado de carga caracteriza em que proporção o equipamento levanta a


carga máxima, ou somente uma carga reduzida, ao longo de sua vida útil.
Consideram-se quatro estados convencionais de cargas, conforme mostrado na
Tabela 2.

Tabela 2 - Estados de Carga (NBR 8400, 1984)


Fração mínima da
Estado de carga Definição
carga máxima
Equipamentos levantando excepcionalmente

0 (muito leve) a carga nominal e comumente cargas muito P=0


reduzidas
Equipamento que raramente levantam a

1 (leve) carga nominal e comumente cargas de P=1/3


ordem de 1/3 da carga nominal
Equipamentos que frequentemente levantam
a carga nominal e comumente cargas
2 (médio) P=2/3
compreendidas entre 1/3 e 2/3 da carga
nominal
Equipamentos regularmente carregados com
3 (pesado) P=1
a carga nominal

A partir das classes de utilização e dos estados de cargas levantadas,


classificam-se as estruturas em seis grupos, conforme mostrado na Tabela 3.

Tabela 3 - Classificação da Estrutura em Grupo dos Equipamentos (NBR 8400, 1984)


Classe de utilização e número
convencional de ciclos de levantamento
Estado de cargas
A B C D
4 5 5 6
6,3 x 10 2,0 x 10 6,3 x 10 2,0 x 10
0 (muito leve) 1 2 3 4

1 (leve) 2 3 4 5

2 (médio) 3 4 5 6

3 (pesado) 4 5 6 6
18

Pelas características do Pórtico Rolante em estudo, a classe de utilização é


B e o estado de carga é 2. Entrando com esses dados na Tabela 3, encontra-se o
grupo da estrutura 4.

1.2.2. Solicitações que interferem no cálculo da estrutura do equipamento

Segundo NBR 8400 (1984, Item 5.5) o cálculo da estrutura do equipamento


é efetuado determinando-se as tensões atuantes na estrutura em funcionamento.
Para o cálculo destas tensões devem-se considerar as solicitações a seguir.

a) Solicitações Principais

São as solicitações exercidas sobre a estrutura do equipamento suposto


imóvel, no estado de carga mais desfavorável devido ao peso próprio (SG) e devido
a carga de serviço (SL).

b) Solicitações devidas aos movimentos verticais

Estas solicitações são provenientes do içamento relativamente brusco da


carga de serviço, durante o levantamento, e de choques verticais devidos ao
movimento sobre o caminho de rolamento. A NBR 8400 (1984) estabelece que em
solicitações devidas ao levantamento da carga, devem-se considerar as oscilações
provocadas pelo levantamento brusco, multiplicando-se as solicitações devidas as
cargas pelo coeficiente dinâmico (). O valor de  é mostrado na Tabela 4.
.
Tabela 4 - Valores do Coeficiente Dinâmico  (NBR 8400, 1984)
Faixa de velocidade de
Equipamentos Coeficiente Dinâmico 
elevação da carga (m/s)
1,15 0< VL<0,25
Pontes ou Pórticos rolantes 1+0,6.VL 0,25< VL<1
1,60 VL≥1
1,15 0< VL<0,5
Guindaste com lança 1+0,3.VL 0,5< VL<1
1,3 VL≥1
19

c) Solicitações devidas aos movimentos horizontais

As solicitações devidas aos movimentos horizontais são:

 Os efeitos de inércia devidos as acelerações ou desacelerações dos


movimentos de direção, de translação, de orientação e de levantamentos de
lança, calculáveis em função dos valores destas acelerações ou
desacelerações;
 Os efeitos de forças centrífugas;
 As reações horizontais transversais provocadas pela translação direta;
 Os efeitos de choque.

Para o Pórtico estudado é considerado apenas o efeito devido às


acelerações ou desacelerações (frenagem) e os efeitos de choque nos para-
choques.
A NBR 8400 (1984) estabelece que não se considere os efeitos de choque
para velocidades de deslocamento horizontal menores que 0,7 m/s em cargas
suspensas que podem oscilar. Como a velocidade do Pórtico deste trabalho é 0,5
m/s, os efeitos de choque devido à carga de serviço não são considerados.

1.2.3. Casos de solicitação

Segundo a NBR 8400 (1984, Item 5.6) são previstos nos cálculos três casos
de solicitações:

 Caso I - serviço Normal sem vento;


 Caso II - serviço Normal com vento limite de serviço;
 Caso III - solicitações excepcionais.

A NBR 8400 (1984) diz que as diversas solicitações determinadas no Item


1.2.2 podem ser ultrapassadas devido às imperfeições de cálculo ou imprevistos.
Por esse motivo é considerado um coeficiente de majoração (Mx) que depende do
20

grupo no qual o equipamento está classificado, que deve ser aplicado no cálculo das
estruturas.
O valor do coeficiente de majoração (Mx) depende do grupo no qual está
classificado o equipamento (NBR 8400, 1984). A Tabela 5 mostra o coeficiente de
majoração para cada grupo de equipamentos industriais.

Tabela 5 - Valores do Coeficiente de Majoração para Equipamentos Industriais (NBR 8400, 1984)

Grupos 1 2 3 4 5 6

Mx 1 1 1 1,06 1,12 1,2

Como o Pórtico Rolante está classificado no Grupo 4, seleciona-se o


coeficiente de majoração Mx = 1,06.

Para o caso I, consideram-se as solicitações estáticas devidas ao peso


próprio (SG), as solicitações devidas à carga de serviço (SL) multiplicadas pelo
coeficiente dinâmico (), e os efeitos horizontais mais desfavoráveis (SH). O conjunto
destas solicitações deve ser multiplicado pelo coeficiente de majoração, conforme
mostrado na seguinte expressão:

MX ( SG    SL  SH ) (1)

Para forças de inércia atuando sobre a estrutura a Norma NBR 8400 (1984,
Item B.2.2.3) considera um coeficiente h = 2, que deve ser multiplicado pelas
solicitações horizontais devido a frenagem, portanto a equação (1) fica:

MX ( SG    SL  h  SH ) (2)

No caso II, adicionam-se os efeitos do vento limite de serviço SW às


solicitações do caso I e, eventualmente, a solicitação devido à variação de
temperatura, ou seja:

MX ( SG    SL  h  SH )  SW (3)
21

Como o Pórtico deste trabalho opera em ambiente interno, os efeitos de


vento limite de serviço são desprezados e a expressão (3) fica igual à expressão (2).

Para o caso III a NBR 8400 (1984) considera as solicitações excepcionais,


que se referem aos seguintes casos:
a) Equipamento fora de serviço com vento máximo, cujas combinações são
a solicitação devida ao peso próprio, acrescida da solicitação devida ao vento
máximo (SWmáx), ou seja:

SG  S Wmáx (4)

b) Equipamento em serviço sob efeito de um amortecimento, cujas


combinações são as solicitações devidas ao peso próprio (SG), acrescidas de
solicitação devida à carga de serviço (SL), às quais se acrescenta o mais elevado
dos efeitos de choques ST, ou seja:

SG  SL  ST (5)

c) Equipamento submetido aos ensaios estáticos e dinâmicos, cujas


combinações são a solicitação devida ao peso próprio (SG), acrescida da mais

elevada das duas solicitações   1  SL e 2  SL , onde ρ1 = 1,2 e ρ2 = 1,4 são os


coeficientes de sobrecarga previstos nos ensaios dinâmico e estático,
respectivamente. Assim, tem-se:

SG    1  SL ou SG  2  SL (6)

Para o trabalho em estudo será considerado apenas o Item b, que considera


o peso próprio, carga de serviço e efeito de choque no batente.
22

1.2.4. Método de cálculo

Segundo a NBR 8400, para os três casos de solicitação definidos no Item


1.2.3, determinam-se tensões nos diferentes elementos da estrutura e nas junções e
verifica-se a existência de um coeficiente de segurança suficiente em relação às
tensões críticas, considerando as três seguintes causas de falha possíveis:

a) Ultrapassagem do limite de escoamento

Nos elementos solicitados à tração (ou compressão) simples, a tensão de


tração (ou compressão) calculada não devem ultrapassar os valores da tensão
admissível, σa, dados pela Tabela 6, para os aços com σe / σr < 0,7.

Tabela 6 - Tensões Admissíveis à Tração (ou Compressão) Simples (NBR 8400, 1984)

Casos de Solicitação Caso I Caso II Caso III

Tensão Admissívela e/1,5 e/1,3 e/1,1

Para os aços com σe / σr > 0,7, deve-se utilizar a seguinte fórmula para o
cálculo da tensão admissível:

σ e  σr
σa   σ a52 (7)
σ e52  σ r52

Onde σe52 = 360 MPa, σr52 = 520 MPa e σa52 é obtido a partir da Tabela 6.

Para a análise das tensões atuantes do Pórtico em estudo será considerado


que as tensões de Von-Mises e a máxima tensão principal não ultrapassem as
tensões admissíveis mostradas acima.
23

b) Ultrapassagem das cargas críticas de flambagem

Na verificação dos elementos submetidos à flambagem é considerada a


mesma segurança que a adotada em relação ao limite de escoamento, isto é, caso
se determine a tensão crítica de flambagem, a tensão limite admitida será a tensão
crítica dividida pelos seguintes coeficientes:

Tabela 7 - Coeficiente de Segurança a Flambagem (NBR 8400, 1984)

Casos de Solicitação Caso I Caso II Caso III

Coeficiente 1,5 1,3 1,1

c) Ultrapassagem do limite de resistência à fadiga

Há risco de fadiga quando um elemento é submetido a solicitações variáveis.


Na verificação à fadiga levam-se em conta os seguintes parâmetros:

 O número convencional de ciclos e o diagrama de tensões a que está


submetido o elemento;
 O material empregado e o efeito de entalhe no ponto considerado;
 A tensão máxima a que está submetido o elemento;
 A relação entre a tensão mínima e a tensão máxima.

No presente trabalho não será realizada a análise de fadiga do Pórtico.


24

1.3. Norma NBR 10084

A NBR 10084 fixa as condições exigíveis para o cálculo de estruturas


suporte para equipamentos de levantamento e movimentação de cargas.
Esta Norma será usada para avaliar as deflexões do Pórtico em estudo, uma
vez que a NBR 8400 não aborda sobre os limites máximos de deflexão dos
equipamentos de levantamento e movimentação de carga.
Portanto, a verificação das flechas do Pórtico será realizada conforme o Item
10 da NBR 10084, a qual define que os valores admissíveis das flechas em uma
estrutura com comprimento entre apoio L, excluindo-se efeitos de impacto, são
aplicáveis aos casos I e II de carregamento e devem ser medidas sem considerar a
ação do peso próprio SG e o coeficiente dinâmico 𝜓.

Tabela 8 - Flechas Admissíveis (NBR 10084, 1987)


Carga Carga
Elementos da estrutura
Vertical Lateral
Equipamentos siderúrgicos de
L/1000 -
qualquer capacidade
Equipamentos de capacidade
L/800 -
igual ou superior a 250 kN
Vigas
Equipamentos de capacidade
L/600 -
inferior a 250 kN
Equipamentos de qualquer
- L/600
capacidade
Equipamentos de qualquer
Colunas - L/400
capacidade
25

1.4. Ansys Workbench

O programa Ansys é um dos vários programas comerciais que utilizam o


Método dos Elementos Finitos (MEF) para resolução de problemas de engenharia. O
MEF é um método matemático aproximado para resolução de equações diferenciais.
A maioria dos fenômenos físicos podem ser descritos matematicamente por
equações diferenciais, daí o porquê dos software de engenharia utilizarem o MEF
para resolução dos diversos problemas de engenharia, tais como: mecânica dos
sólidos, mecânica dos fluídos, transferência de calor e magnetismo.
Segundo Soriano (2003), o MEF é uma eficiente ferramenta numérica de
resolução de meio contínuo e teve seu início em análise estrutural, onde mais se
desenvolveu.
Assan (2003) fala que o MEF prevê a divisão do meio contínuo, em número
finito de pequenas regiões, denominadas Elementos Finitos, tornando o meio
contínuo em discreto. A aplicação desse método em análise estrutural pode-se obter
respostas como tensão, deflexão e flambagem, que são objetivos do presente
trabalho, as quais serão comparadas com os valores limites estabelecidos nas
Normas NBR 8400 e NBR 10084.
A utilização dos programas que utilizam MEF se justifica quando a geometria
das peças é complexa ou se tem a interação de materiais diferentes.
Devido à crescente velocidade de processamento e da facilidade de compra
dos computadores nas últimas décadas, há um aumento significativo da utilização
de programas como o Ansys Workbench na execução de análises.
O Ansys Workbench mostra os resultados graficamente na tela permitindo
identificação visual da geometria e resultados facilitando a interpretação do que está
ocorrendo na peça ou conjunto.
As geometrias dos modelos podem ser importadas de outros softwares de
CAD (Computer Aided Design), como Auto-Cad, SolidWorks, Inventor, etc., ou feitas
no próprio programa.
A geometria da peça, que é originalmente contínua, é subdividida pelo
programa de análise, em pequenos elementos, em uma quantidade finita, mantendo
26

os elementos interligados por nós, formando o que se denomina malha, processo


chamado de discretização (Azevedo, 2014).
O tempo de processamento para encontrar os resultados depende
diretamente da quantidade de nós e de elementos existentes no modelo. Quanto
maior a quantidade de nós e elementos, maior o tempo de processamento de o
computador mostrar os resultados.
Segundo (Azevedo, 2014) a análise se divide em três etapas distintas: o pré-
processamento, solução e pós-processamento. No pré-processamento é feita a
geometria, definido tipo de análise, a malha, as propriedades dos materiais e as
condições de contorno (carregamentos e restrições). Esta é a etapa que demanda
maior tempo de operação do engenheiro. Na solução se define o tipo de solução
desejada (equações lineares ou não lineares) para se obter os deslocamentos
nodais. Nesta fase é onde acontece a solução computacional, exigindo mais da
máquina do que o engenheiro. No pós-processamento são obtidos os resultados tais
como tensões, deslocamentos, flambagem e outros. Aqui o engenheiro lista e avalia
as respostas encontradas.
Existem vários tipos de análises estruturais, entre estas as mais comuns
são: análise estática, flambagem, modal, harmônica, dinâmica transiente, etc.
O presente trabalho se restringirá em análise estrutural estática (Static
Structural), comportamento linear, e flambagem (Linear Buckling), conforme
mostrado na Figura 5. A geometria do Pórtico foi importada do SolidWorks versão
2012.

Figura 5 - Análise Estática Estrutural e Flambagem no Ansys Wokbench do Pórtico


27

Segundo Azevedo (2014) A análise estrutural estática calcula os efeitos de


condições de carregamento estático na estrutura, ignorando efeitos de inércia e
amortecimento, tais como aquelas causadas por cargas que variam em função do
tempo. A análise estática pode, entretanto, incluir cargas de inércia estática, como a
aceleração gravitacional ou a velocidade rotacional.
Na análise estrutural estática em estudo será usado o tempo para identificar
o momento de aplicação dos carregamentos em posições definidas no Pórtico
Rolante.
28

2 ANÁLISE ESTRUTURAL DO PÓRTICO ROLANTE

Neste capítulo é mostrada a análise estrutural do Pórtico Rolante em foco


para capacidade de elevação de carga de 15 toneladas. É usado o Ansys
Workbench 15.0 para fazer a análise do modelo de Elementos Finitos. São
considerados seis combinações de carregamentos aplicados no Pórtico e as
respostas são avaliadas segundo os critérios das Normas NBR 8400 e NBR 10084.
Inicialmente são descritas as propriedades do material do Pórtico e os valores
admissíveis das respostas. Em seguida são mostrados os itens de pré-
processamento usados no Ansys Workbench, como propriedades geométricas,
detalhes da malha, restrições nos apoios e carregamentos e, por fim, são avaliados
os resultados do pós-processamento do software.

2.1. Material, tensão, deflexão e flambagem admissíveis

O material usado na estrutura do Pórtico Rolante é o aço ASTM A-36, cujas


propriedades mecânicas estão listadas abaixo:

 Módulo de Elasticidade: E = 200 GPa


 Módulo de Cisalhamento G = 77 GPa
 Coeficiente de Poisson  = 0,3
 Massa específica 7850 kg/m³
 Tensão de Ruptura σR = 400 MPa
 Limite de Escoamento σE = 250 MPa

Seguindo os fatores de segurança conforme NBR 8400 (1984), tem-se para


a tensão admissível do aço para o Caso I e Caso III:
E
 adm( I )  = 167 MPa (Caso I de solicitação)
1,5
E
 adm( III )  = 227 MPa (Caso III de solicitação)
1,1
29

As flechas admissíveis das vigas e das colunas são mostradas na Tabela 8


de acordo com a capacidade do equipamento. Como o Pórtico Rolante estudado
tem capacidade para 15 toneladas, obtêm-se os seguintes valores admissíveis:

L 14900
Viga:  v va    25 mm , onde L é o vão da viga (carga vertical)
600 600
L 14900
Viga:  v ha    25 mm (carga horizontal)
600 600
Lc 6567
Coluna:  c ha    16 mm, onde Lc é a altura da coluna.
400 400

Na verificação dos elementos submetidos à flambagem é considerada a


mesma segurança que a adotada em relação ao limite de escoamento, portanto é
necessário encontrar a carga crítica de flambagem e dividir pelo fator de segurança
para saber a carga de flambagem admissível.
Quando é realizada uma análise linear no módulo Linear Buckling do Ansys
Workbench encontra-se o Load Multiplier que é um fator de flambagem ou fator
multiplicador, que multiplicado pela magnitude da força aplicada na estrutura resulta
na carga crítica de flambagem. Em outras palavras pode-se considerar que o fator
de flambagem é o fator de segurança em relação à carga crítica de flambagem.
Portanto, os fatores admissíveis de flambagem são:
Fator de flambagem (Ffl (I)) ≥ 1,5 (Caso I de solicitação)
Fator de flambagem (Ffl (III)) ≥ 1,1 (Caso III de solicitação)

2.2. Propriedades Geométricas

O modelo é feito com elementos bidimensionais, sendo usados elementos


SHELL181 do Ansys Workbench. As espessuras das chapas do modelo geométrico
de Elementos Finitos do Pórtico Rolante são mostradas na Figura 6 e na Figura 7,
conforme o esquema de cores descrito na Tabela 9.
30

Tabela 9 - Espessuras das Chapas por Cores

Espessura (mm) Cor do Elemento

Chapa 31,5

Chapa 25,4

Chapa 19,0

Chapa 9,5

Chapa 6,3

Figura 6 - Modelo de Elementos Finitos por Cores de Espessuras de Chapas

Figura 7 - Modelo de Elementos Finitos por Cores de Espessuras de Chapas


31

2.3. Detalhes da malha de elementos finitos

Na Tabela 10 são mostrados detalhes da malha com as quantidades de nós,


quantidade de elementos e massa do modelo de Elementos Finitos do Pórtico
Rolante.

Tabela 10 - Detalhes da Malha

Item da Malha Quantidade

Nós 59432

Elementos 53572

Massa Modelada 10916 Kg

A Figura 8 mostra a malha de elementos finitos. O Pórtico é todo modelado


com elementos de cascas, SHELL181, sendo elementos triangulares (Tri3) e
retangulares (Quad4) de primeira ordem.

Figura 8 - Malha de Elementos Finitos


32

Para avaliação da qualidade da malha são avaliados alguns critérios.


Segundo Neto (2014) toda e qualquer discretização de MEF deve obedecer alguns
critérios de qualidade de malha, que basicamente se refere à forma do elemento.
Dimensões relativas entre base, altura e largura, ângulos entre faces ou aresta,
dentre outras caracterizações possuem diretrizes para uma boa qualidade do
resultado. O Ansys Workbench possui alguns métodos de avalição de malhas e
neste trabalho é avaliado o Element Quality e o Aspect Ratio para verificar a
qualidade da malha de Elementos Finitos.
A Figura 9 mostra o Element Quality da malha do Pórtico. Quanto mais
próximo do número 1, melhor é o Element Quality. Observa-se que o mínimo
encontrado é 0,2 e o máximo é 1, com média de 0,85 e desvio padrão de 0,12.
Portanto, pelo critério avaliado a maioria dos elementos está com boa qualidade de
malha, pois está com média 0,85.

Figura 9 - Qualidade do Elemento (Element Quality)

A Razão de Aspecto é uma medida da relação entre a medida da base e da


altura de um triângulo, ou de um retângulo (Neto, 2014). A Figura 10 mostra o
Aspect Ratio da malha. Neste caso, também, quanto mais próximo do número 1,
melhor é o Aspect Ratio. Observa-se que o mínimo encontrado é 1 e o máximo é
3,6, com média de 1,3 e desvio padrão de 0,35. Portanto, pelo critério avaliado a
maioria dos elementos está com boa qualidade de malha.
33

Figura 10 - Razão de Aspecto (Aspect Ratio)

Os contatos considerados nesta análise são todos lineares. A maioria são


contatos Bonded, conforme mostrado na Figura 11. Apenas os contatos entre as
flanges que ligam a viga às pernas do Pórtico e as flanges que ligam as pernas aos
truques são No Separation, conforme mostrado na Figura 12.

Figura 11 - Contatos Bonded na Estrutura


34

Figura 12 - Contato No Separation entre Flanges

As conexões entres os furos das flanges são feitas com juntas (Joints) com
definição tipo Fixed, conforme mostrado na Figura 13.

Figura 13 - Conexão entre Flanges


35

2.4. Restrições

A Figura 14 mostra as restrições aplicadas nas curvas dos furos do truque,


local dos eixos das rodas do Pórtico. Nas curvas dos furos A e C são aplicados
suportes Displacement Remote com translações nas direções X, Y e Z iguais a zero,
ou seja, não são permitidos deslocamentos nos três eixos coordenados. Nas curvas
B e D são aplicados suportes Displacement Remote com translações nas direções
X, Z iguais à zero, não permitindo deslocamentos nessas duas direções. Os demais
graus de liberdades estão livres. Foi aplicado o Displacement Remote para
considerar a distancia dos furos até o trilho, que é o raio da roda do Pórtico (125
mm).

Figura 14 - Restrições da Base


36

2.5. Carregamentos

Na análise estrutural do Pórtico Rolante são considerados seis casos de


combinações de carregamentos. Os carregamentos são as solicitações devidas ao
peso próprio, carga de serviço, frenagem e impacto contra o para-choque. A análise
é feita considerando-se a talha elétrica na viga em três posições diferentes:
esquerda, centro e direita com referência ao sistema de coordenadas mostrado na
Figura 15.

a) Talha elétrica posicionada à esquerda b) Talha elétrica posicionada ao centro

c) Talha elétrica posicionada à direita

Sistema de coordenadas

Figura 15 - Posições da Talha no Pórtico Rolante

Por simplificação da análise, foi desconsiderada a solicitação relativa ao


movimento de translação da talha na viga, conhecidas como movimento de direção.
Porém, é importante destacar que o movimento de translação da talha na viga
provoca deslocamento lateral do Pórtico. Já as solicitações devido ao vento não são
consideradas devido o Pórtico ser utilizado em ambiente interno. Portanto, o modelo
é verificado para o Caso I da NBR 8400, serviço normal sem vento, e para o Caso
III, solicitações excepcionais, devido às solicitações de impacto nos para-choques.
37

A Tabela 11 mostra um resumo dos seis casos de carregamentos


considerados na análise. É importante destacar que, apesar de serem considerados
os tempos na análise, não é uma análise dinâmica uma vez que foi definida análise
estática, módulo do Static Structural do Ansys Workbench. Os tempos são apenas
para definir os momentos de cada combinação de carregamento.

Tabela 11 - Combinações de Carregamentos


Combinação Posições
de Caso I Caso III Tempo (s)
da Talha
carregamentos
C1 1,06 (S G  1,15  SL  2  SH ) - Esquerda 1

C2 - SG  SL  ST Esquerda 2

C3 1,06 (S G  1,15  SL  2  SH ) - Centro 3

C4 - SG  SL  ST Centro 4

C5 1,06 (S G  1,15  SL  2  SH ) - Direita 5

C6 - SG  SL  ST Direita 6

O peso próprio do Pórtico Rolante (SG) é considerado no modelo através da


aplicação de aceleração, uma vez que a geometria do Pórtico modelado tem uma
massa de 10916 kg. Para o Caso I a aceleração aplicada tem valor de 10,399 m/s2,
que é o resultado da multiplicação entre o fator de majoração Mx = 1,06 e
aceleração da gravidade g = 9,81 m/s2. Já para o caso III, a aceleração aplicada tem
valor de 9,81 m/s2.
A carga de serviço (SL) é aplicada diretamente na viga principal em curvas
feitas na geometria da viga principal onde são posicionadas as rodas da talha (ver
Figura 16) sendo que em um determinado momento, a carga é aplicada à esquerda
da viga, outro ao centro e à direita, conforme mostrado na Figura 15. A força
referente à carga de serviço para o Caso I é 179.375,85 N, resultante da
multiplicação do fator de majoração Mx = 1,06, do coeficiente dinâmico  = 1,15, da
massa da carga de 15000 kg e da aceleração da gravidade g = 9,81 m/s 2. Já para o
caso III é 147150 N, resultado da multiplicação de 15000 kg por 9,81 m/s2.
38

Curva para Aplicação de carga Curva para aplicação de carga

Figura 16 - Curva de Aplicação de Carga

O carregamento horizontal devido à frenagem (SH) é aplicado no modelo


pela aplicação de aceleração, devido inércia do Pórtico, e de força diretamente na
viga, devido inércia da carga de serviço. A aceleração aplicada no modelo é 0,233
m/s2, resultado da multiplicação da desaceleração de frenagem 0,11 m/s2, pelo fator
de majoração Mx = 1,06 e pelo coeficiente horizontal h = 2. A força aplicada nas
três posições da talha elétrica, em momentos distintos, é de 3498 N, resultado da
multiplicação da desaceleração de frenagem 0,11 m/s 2, pelo fator de majoração Mx
= 1,06, pelo coeficiente horizontal h = 2 e pela massa da carga de serviço. Este
carregamento é considerado apenas no Caso I.
O carregamento horizontal devido ao impacto no para-choque (ST) é
aplicado no modelo pela aplicação apenas de aceleração, devido inércia do Pórtico.
A aceleração aplicada no modelo é 0,6 m/s2. Como mencionado no 1.2.2, os efeitos
de choque devido à carga de serviço não são considerados para velocidades de
translação abaixo de 0,7 m/s. Este carregamento é considerado apenas no Caso III.
Assim, cada carregamento é aplicado no modelo, usando o Tabular Data do
Ansys Workbench, em um determinado tempo de forma a representar as seis
combinações de carregamentos mostradas na Tabela 11. A seguir são mostrada as
combinações de carregamentos no Ansys Workbench
39

A Combinação de Carregamento 1 (C1) é mostrada na Figura 17,


considerada quando a talha elétrica é posicionada à esquerda do Pórtico e as
solicitações são devidas ao peso próprio, carga de serviço e frenagem do Pórtico.
Para aplicação das acelerações no modelo é usado o Inertial Acceleration do Ansys
Workbench. Neste caso é importante observar que a seta aponta para uma direção
contrária ao que normalmente se usa em outros softwares, pois ele considera que o
corpo se move na direção da seta.

a) Combinação de carregamento 1

b) Aceleração

a) Forças devido à carga de serviço

Figura 17 - Combinação de Carregamento 1


40

A Combinação de Carregamento 2 (C2) é mostrada na Figura 18, onde a


talha é posicionada no mesmo local da C1 e as solicitações são devidas ao peso
próprio, carga de serviço e impacto do Pórtico nos para-choques. Os valores das
acelerações e forças devido à carga de serviço aplicadas no modelo são destacados
em vermelho.

a) Combinação de carregamento 2

b) Aceleração

a) Forças devido à carga de serviço

Figura 18 - Combinação de Carregamento 2


41

A Combinação de Carregamento 3 (C3), mostrada na Figura 19, é quando a


talha elétrica é posicionada no centro da viga do Pórtico e as solicitações são
devidas ao peso próprio, carga de serviço e frenagem do Pórtico. O fator e os
coeficientes para majoração dos carregamentos já estão considerados nos valores
destacados.

a) Combinação de carregamentos 3

b) Aceleração

a) Forças devido à carga de serviço

Figura 19 - Combinação de Carregamento 3


42

A Combinação de Carregamento 4 (C4) é mostrada na Figura 20, onde o


posicionamento da talha é ao centro da viga e as solicitações são devidas ao peso
próprio, carga de serviço e impacto do Pórtico nos para-choques.

a) Combinação de carregamentos 4

b) Aceleração

a) Forças devido à carga de serviço

Figura 20 - Combinação de Carregamento 4


43

A Combinação de Carregamento 5 (C5) é mostrada na Figura 21, onde a


talha elétrica é posicionada a direita do Pórtico e as solicitações são devidas ao
peso próprio, carga de serviço e frenagem do Pórtico.

a) Combinação de carregamentos 5

b) Aceleração

a) Forças devido à carga de serviço

Figura 21 - Combinação de Carregamento 5


44

A Combinação de Carregamento 6 (C6) é mostrada na Figura 22, onde a


talha é posicionada à direita do Pórtico e as solicitações são devidas ao peso
próprio, carga de serviço e impacto do Pórtico nos para-choques.

a) Combinação de carregamentos 6

b) Aceleração

a) Forças devido à carga de serviço

Figura 22 - Combinação de Carregamento 6


45

2.6. Resultados das análises

Os resultados encontrados das deflexões, tensões e flambagens no pós-


processamento do Ansys Workbench são mostrados a seguir e os valores
encontrados são comparados com os valores admissíveis especificados no Item 2.1.
São também mostras as reações de cada apoio, destacando o maior valor
encontrado para as Combinações de Carregamentos estudados.

2.6.1. Deflexões

A máxima deflexão na direção Y (vertical) encontrada é 16 mm, no centro da


viga principal e para a Combinação de Carregamento 3, conforme mostrado na
Figura 23. Esta deflexão é resultado da aplicação dos carregamentos com os seus
respectivos fatores de majoração de carga e, ainda assim, o valor máximo de
deflexão encontrado é inferior aos 25 mm de deflexão admissível mostrado no Item
2.1. Portanto, o valor encontrado para deflexão vertical da viga (16 mm) está abaixo
do limite máximo (25 mm) especificado pela Norma NBR 10084.

Figura 23 - Deslocamento na Direção Y

O valor mínimo da Figura 23 representa o valor máximo de deflexão, pois o


deslocamento está no sentido inverso da direção positiva do eixo Y.
46

A máxima deflexão na direção X (transversal à translação do Pórtico) é


mostrada na Figura 24, cujo valor é 5,6 mm. Este valor é encontrado na perna do
Pórtico para a Combinação de Carregamento 5. Portanto, a deflexão máxima
encontrada na perna do Pórtico (5,6 mm) está abaixo do limite máximo permissível
(16 mm) especificado pela Norma NBR 10084.

Figura 24 - Deslocamento na Direção X

A Figura 25 mostra a máxima deflexão na direção Z. Observa-se que o


maior deslocamento ocorre na viga principal com valor de 1,96 mm para a
Combinação de Carregamento 3. Portanto, a máxima deflexão lateral da viga (1,96
mm) está abaixo do limite máximo permissível (25 mm) mostrado no Item 2.1.

Figura 25 - Deslocamento na Direção Z


47

2.6.2. Tensões

A máxima tensão de Von-Mises é encontrada no centro da viga principal, na


Combinação de Carregamento 3, cujo valor é 90,8 MPa, conforme mostrado na
Figura 26. A combinação de carregamento 3 pertence ao Caso I de solicitação, onde
a tensão admissível é 167 MPa. Para o Caso III de solicitação, onde a tensão
admissível é 227 MPa, a máxima tensão encontrada é 73,5 MPa e encontra-se na
Combinação de Carregamento 4. Portanto, as tensões máximas encontrada são
inferiores aos limites informados no Item 2.1.

Figura 26 - Tensão de Von-Mises


48

A tensão principal máxima é encontrada no centro da viga, na Combinação


de Carregamento 3 (Caso I de solicitação), cujo valor é 84,2 MPa. Para o Caso III de
solicitação, a máxima tensão encontrada é 67,3 MPa e encontra-se na Combinação
de Carregamento 4. Portanto, as tensões máximas encontrada são inferiores aos
limites informados no Item 2.1.

Figura 27 - Máxima Tensão Principal


49

2.6.3. Flambagem

Os fatores de flambagem para a Combinação de Carregamento 1 e para a


Combinação de Carregamento 2 são mostrados na Figura 28. Observa-se que no
primeiro caso o valor é 8,3 e para o segundo o valor é 10,1. Estes valores são
maiores que 1,5 (Caso I da NBR 8400) e 1,1 (Caso III da NBR 8400), que são os
valores mínimos admissíveis, respectivamente. Portanto, a estrutura não falhará por
flambagem para estas combinações de solicitações.

a) Fator de Flambagem = 8,3 (C1)

b) Fator de Flambagem = 10,1 (C2)

Figura 28 - Flambagem (Combinação de Carregamentos 1 e 2)


50

Os fatores de flambagem para a Combinação de Carregamento 3 e para a


Combinação de Carregamento 4 são mostrados na Figura 29, cujos valores
encontrados são, respectivamente, 3,6 e 4,5. Estes valores são maiores que 1,5 e
1,1. Portanto, a estrutura não falhará por flambagem para estas combinações de
solicitações.

a) Fator de Flambagem = 3,6 (C3)

b) Fator de Flambagem = 4,6 (C4)

Figura 29 - Flambagem (Combinação de Carregamento 3 e 4)


51

Os fatores de flambagem para a Combinação de Carregamento 5 e para a


Combinação de Carregamento 6 são mostrados na Figura 30, cujos valores
encontrados são, respectivamente, 8,5 e 10. Estes valores são maiores que 1,5 e
1,1. Portanto, a estrutura não falhará por flambagem para estas combinações de
solicitações.

a) Fator de Flambagem = 8,3 (Caso 5)

b) Fator de Flambagem = 10 (Caso 6)

Figura 30 - Flambagem (Combinação de Carregamento 5 e 6)


52

2.6.4. Reações de Apoio

As reações no Apoio A são mostradas na Figura 31 para todos os casos de


carregamentos. Neste apoio, a maior reação acontece para a Combinação de
Carregamento 1, o que era de se esperar devido ao posicionamento da talha
próximo ao apoio considerado do C1. O valor da reação máxima no Apoio A é
103490 N, considerando a direção Y.

Figura 31 - Reações no Apoio A

As reações no Apoio B são mostradas na Figura 32 para todos os casos de


carregamentos. Neste apoio, a maior reação na direção Y acontece para a
Combinação de Carregamento 1, pelos mesmos motivos das reações no Apoio A. O
valor da reação máxima na direção Y é 112910 N.
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Figura 32 - Reações no Apoio B

As reações no Apoio C são mostradas na Figura 33 para todos os casos de


carregamentos. Neste apoio, a maior reação na direção Y acontece para a
Combinação de Carregamento 5, devido a posição da talha próximo deste apoio. O
valor da reação máxima na direção Y é 103480 N.

Figura 33 - Reações no Apoio C

As reações no Apoio C são mostradas na Figura 34 para todos os casos de


carregamentos. Neste apoio, a maior reação na direção Y acontece para a
Combinação de Carregamento 5 devido a posição da talha próximo deste apoio. O
valor da reação máxima na direção Y é 112910 N.
54

Figura 34 - Reações no Apoio D

Observa-se que os resultados da combinação de carregamentos 1 são


aproximadamente iguais aos resultados da combinação de carregamentos 5 e os
resultados da combinação de carregamentos 2 são iguais aos resultados da
combinação 6. Isto porque a os carregamentos são simétricos entre as combinações
relacionadas acima. As pequenas diferenças numéricas dos resultados devem-se ao
resíduo de erro numérico do método, que é uma solução aproximada.
Um resumo dos resultados das analises estão mostrados na Tabela 12. Os
valores encontrados atendem plenamente os valores especificados pelas Normas
NBR8400 e NBR 10084. Portanto, o Pórtico Rolante suporta com segurança as
combinações de carregamentos consideradas e aplicadas no modelo.

Tabela 12 - Resumo dos Resultados

Resultados
Valores Admissíveis
Item da Malha C1 C2 C3 C4 C5 C6

Deslocamento Máximo Total (mm) 7,8 6,6 16,0 13,3 7,9 6,7 -

Deslocamento Máximo em Y (mm) 6,3 5,4 15,9 13,3 6,3 5,4 ≤ 25

Deslocamento Máximo em X (mm) 0,3 0,3 5,1 4,2 5,6 4,7 ≤ 16

Deslocamento Máximo em Z (mm) 0,8 0,7 2,0 0,8 0,8 0,7 ≤ 25


≤167 para C1,C3 e C5
Tensão de Von-Mises (MPa) 63,6 52,9 90,8 73,5 62,6 52,1
≤227 para C2,C4 e C6
≤167 para C1,C3 e C5
Tensão Principal Máxima (MPa) 59,9 49,7 84,2 67,3 60,6 50,4
≤227 para C2,C4 e C6
≥ 1,5 para C1,C3 e C5
Fator de Flambagem 8,3 10,1 3,6 4,6 8,3 10,0
≥ 1,1 para C2,C4 e C6
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mostrou-se, neste estudo, a análise estrutural de um Pórtico Rolante usando


o Ansys Workbench 15.0, software que usa o Método de Elementos Finitos para
resolução de problemas de engenharia. As respostas obtidas pelo software foram
avaliadas segundo os limites estabelecidos pelas Normas NBR 8400 e NBR 10084,
as quais fixam diretrizes básicas para o cálculo das partes estruturais e
componentes mecânicos dos equipamentos de levantamento e movimentação de
cargas.
A análise estrutural de um Pórtico Rolante comercial, objeto deste estudo, foi
realizada a fim de saber se o equipamento suportaria trabalhar com cargas até 15
toneladas, capacidade esta maior do que a preestabelecida pelo fornecedor do
equipamento. O Pórtico foi submetido a seis combinações de carregamentos, com
solicitações provenientes do peso próprio, carga de serviço, frenagem e impacto nos
para-choques com a aplicação dos respectivos coeficientes de majoração dos
carregamentos, conforme estabelecido pela NBR 8400. As combinações 1, 3 e 5
foram classificadas no Caso I de solicitação e as combinações 2, 4 e 6 foram
classificadas no Caso III de solicitação da NBR 8400. Não teve Combinação de
Carregamento na classificação no Caso II porque não foi considerado o efeito do
vento, uma vez que o Pórtico trabalha em ambiente interno.
Com as premissas adotadas, foi usado o Ansys Workbench para modelar o
Pórtico e respostas como deflexão, tensão e flambagem foram avaliadas segundo os
critérios das Normas NBR 8400 e NBR 10084. Inicialmente foram descritas as
propriedades do material do Pórtico e valores admissíveis das respostas. Em
seguida foram mostrados os itens de pré-processamento do modelo usado no Ansys
Workbench como propriedades geométricas, detalhes da malha, restrições nos
apoios e carregamentos. No pós-processamento, os resultados (deflexão, tensão e
flambagem) foram avaliados.
Na deflexão vertical, considerada neste trabalho como direção Y do sistema
de coordenadas adotado, o maior valor encontrado (16 mm) ocorreu no centro da
viga principal para a Combinação de Carregamento 3 e ficou menor que o limite
admissível fixado pela norma NBR 10084 (25 mm). Para a deflexão transversal à
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translação do pórtico (direção X), o maior valor encontrado (5,6 mm) ocorreu no na
perna do Pórtico para a Combinação de Carregamento 5 e ficou menor que o limite
admissível fixado pela norma NBR 10084 (16 mm). Para a deflexão na direção da
translação do pórtico, considerada neste trabalho como direção Z do sistema de
coordenadas, o maior valor encontrado (1,92 mm) ocorreu na viga principal para a
Combinação de Carregamento 3 e ficou menor que o valor admissível fixado pela
norma NBR 10084 (25 mm).
Para o Caso I de solicitação, as tensões máximas encontradas de Von-
Mises (90,8 MPa) e da Máxima Tensão Principal (84,24 MPa) ocorreram na
Combinação de Carregamento 3, no centro da viga principal, e ficaram abaixo do
limite admissível (167 MPa). Para o Caso III de solicitação, as tensões máximas
encontradas de Von-Mises (73,5 MPa) e da Máxima Tensão Principal (67,7 MPa)
ocorreram na Combinação de Carregamento 4, no centro da viga principal, e
ficaram abaixo do limite admissível (227 MPa).
No Caso I de solicitação, os valores dos fatores de flambagem encontrados
para os casos de carregamento 1, 3 e 5 (8,3, 3,6 e 8,3) ficaram acima do valor
mínimo permissível (1,5). Para o Caso III de solicitação, os valores dos fatores de
flambagem encontrados para os casos de carregamento 2, 4 e 6 (10,1, 4,6 e 10)
ficaram acima do valor mínimo permissível (1,1).
Portanto, observou-se que todas as respostas encontradas ficaram dentro
dos limites estabelecidos pela Norma, significando que o equipamento possui
estrutura capaz de suportar com segurança os esforços solicitados.
Acredita-se que, desta forma, o estudo apresentado auxilie no entendimento
dos assuntos tratados, atingindo assim, o objetivo proposto da análise estrutural de
um Pórtico Rolante modelado no Ansys Workbench e avaliado segundo os critérios
das Normas NBR 8400 e NBR 10084.
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4 REFERÊNCIAS

ASSAN, Aloisio Ernesto. Método de Elementos Finitos: Primeiros Passos. São Paulo: Editora da
Unicamp, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8400: Cálculo de Equipamentos para


Levantamento e Movimentação de Cargas, ABNT – Rio de Janeiro, 1984.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10084, Cálculo de Estruturas Suporte


para Equipamentos de Levantamento e Movimentação de Cargas, São Paulo, 1987.

AZEVEDO, Domingos Flávio de Oliveira. Análise estrutural com Ansys Workbench: Static
Structural, Mogi das Cruzes, 2014. Disponível em:<
ftp://ftpaluno.umc.br/Aluno/Domingos/ENGENHARIA%20AUXILIADA%20POR%20COMPUTADORES
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MOURA, Reinaldo Aparecido. Sistemas e Técnicas de Movimentação e Armazenagem de


Materiais, São Paulo: IMAM, 2008.

NETO, Alfredo Gay. Geração de Malhas de Elementos Finitos. São Paulo, 2014. (Apostila do Curso
de Pós-Graduação em Simulação Computacional da ESSS).

NORCRANES. Produtos. Disponível em:<http://www.norcranes.pt/#!equipamentos> Acesso em: 04


out. 2014.

PASSOS, Lucas da Costa dos. Apostila: Técnicas de instalação, operação, manutenção testes e
inspeção: pontes rolantes, guindastes giratórios e acessórios de movimentação de cargas.
Make Engenharia, Acessoria e Desenvolvimento. 2011. Disponível em:<
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as_Apostila_MAKE.pdf> Acesso em: 24 set. 2014.

RIBEIRO, Fernando José Granja. Dimensionamento de um Pórtico rolante. 2011. 184 f.


Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Faculdade de Engenharia do Porto, Porto, 2011.

RUDENKO, N. Máquinas de Elevação e transporte, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. Rio
de Janeiro, 1976.

SORIANO, Humberto Lima. Método de Elementos Finitos em Análise de Estruturas. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 2003.

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