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A HISTÓRIA DA INCRÍVEL EVA, CONTADA POR SUA NETINHA

Por Pâmela Lunardelli Trindade

Eva era uma criança muito feliz. Nasceu numa cidade chamada Visconde do Rio Branco,
em Minas Gerais, em 25 de abril de 1940. Nessa época, era tudo coberto por vegetação
ainda, sem tantos prédios, ruas e tantas casas. Essa região específica tinha muitas
fazendas e plantações de cana-de-açúcar. Tinha até uma usina de cana:

COLOCAR FOTOS DA CIDADE NA ÉPOCA

Era uma época bem gostosa. Eva brincava descalça, corria com seus irmãos e gostava de
ir à cidade com seu pai para comprar algumas coisas para a casa.

Mas, infelizmente, aconteceu algo com Eva, que marcou sua vida para sempre: sua mãe,
Carolina, faleceu, decorrente de complicações de um parto.

Eva ficou muito triste e sentiu-se muito sozinha, pois ela amava muito sua mãe, e sua mãe
também a amava demais. Eva sentia falta de conversar com ela, sentia falta de seus
carinhos, e de brincar e rir com ela.

Algum tempo depois, seu pai, Francisco, casou-se com uma mulher que tratava Eva muito
mal, exatamente como essas “madrastas más” das histórias infantis. Então, Eva sentiu que
não havia mais espaço para ela ali, e mudou-se com a tia Otília (irmã de seu pai), para São
Paulo, com apenas 9 anos de idade.

São Paulo, mesmo na década de 40, era uma cidade muito grande e até assustadora,
principalmente para uma criança sozinha. Eva foi trabalhar na casa de uma família, mas ela
não queria ficar ali, ela queria ficar junto de sua família, das pessoas que ela amava e que a
amavam (a tia Otília e a prima Santinha), e sempre que podia, fugia dessa casa em busca
de carinho. Então, Otília levou Eva para morar consigo.

E assim Eva foi crescendo uma mulher forte, determinada e independente. Aprendeu a
costurar e, ainda jovem, começou a trabalhar em uma fábrica de roupas. E foi aí que a vida
da nossa querida Eva mudou para sempre.

Nos intervalos do trabalho, Eva ía à uma padaria que ficava em frente à fábrica, cujo um
dos sócios era Jayme, um homem por volta dos seus 30 anos muito bonito e muito
divertido. Eva, por sua vez, era uma moça muito vaidosa e sorridente, e chamou a atenção
de Jayme no momento em que entrou na padaria. Os dois se apaixonaram e começaram a
namorar, e quando perceberam que se amavam, começaram uma vida juntos.

Em 8 de setembro de 1961, quando Eva tinha apenas 21 anos, nasceu a primeira filha dela
e do Jayme, a Miria. Uma menininha linda, que fazia balé e tocava na fanfarra. Pouquinho
tempo depois, quando Eva comemorava seu aniversário de 23 anos, ganhou um presentão:
nasceu Dorival, o segundo filho do casal, em 25 de abril de 1963, em casa mesmo, na rua
São Januário, 138, no bairro Tucuruvi. E ali eles viveram por muitos anos!
Eva continuou costurando, sempre trabalhando, cuidando da casa e dos dois filhos
maravilhosos que tinha. Sempre muito alegre e cercada de amigos. Jayme trabalhou muito
também, na padaria e como taxista. Eles eram muito felizes, se divertiam muito e adoravam
viajar de kombi.

Em 1977, Eva e a família se mudaram para Praia Grande/SP. Mais precisamente para a rua
Jundiaí, 14.950, apto 201, no bairro do Boqueirão. E foi ali que Miria conheceu Vital, e
Dorival conheceu Elaine, e a família começou a aumentar!

Em 15 de junho de 1981 nasceu a PRIMEIRA netinha de Eva, Gisele! Em 23 de março de


1983 nasceu a segunda netinha, Gislene, e no dia 1º de novembro de 1985 nasceu a
terceira netinha, Gláucia. Três meninas! Uau! A família estava repleta de mulheres fortes e
decididas.

E a família continuou crescendo!

Em 31 de março de 1986, dois dias depois do aniversário de Jayme, nasceu Thiago, o


primeiro netinho homem! Esse morou juntinho de Eva e Jayme até entrar na faculdade.
Dizem que Eva é a segunda mãe do Thico.

COLOCAR FOTO DO VÔ E DA VÓ SEGURANDO O THIAGO BEBÊ.

E não parou por aí. Em 29 de novembro de 1987 nasci eu, Pâmela! E em 3 de dezembro de
1991 nasceu o último netinho, a raspa do tacho, o “pistolinha”: Leonardo.

E Eva sempre foi uma Vó, com letra maiúscula, para ninguém botar defeito. Dessas vós
perfeitas, de histórias infantis, sabe?

Ela fazia bolos maravilhosos, e sempre deixava os netinhos lamberem a tigela! E costurava
roupinhas e fantasias para eles: sempre que tinha festa na escolinha, era Eva quem
costurava as roupinhas. E costurava para todos os netinhos!

COLOCAR FOTOS DAS ROUPAS QUE A VÓ FEZ!

Ela também penteava o cabelo e arrumava os netinhos pra escola. Eu me lembro que ela
amarrava o meu cabelo beeeem alto e beeeeem apertado, e depois ia ajeitando com um
pente fino, até que todos os fios estivessem bem alinhados. O Vô Jayme também me
penteava assim.

E eles comprovam chocolates para colocar nas nossas lancheiras, para o lanchinho. Mas
Pâmela comia tudo! Então, Eva e Jayme tinham que esconder todos os chocolates que
compravam. Às vezes escondiam no alto do armário, às vezes no guarda-roupas, mas
Pâmela sempre encontrava. E toda vez que Eva ia pegar um “Batom” ou bombom para
colocar na lancheira, percebia que tinha passado uma ratinha por ali, e precisava trocar o
esconderijo dos chocolates.

Durante um tempo, dormi na casa da vó Eva, no quarto de costura dela. Lembro-me que ela
me acordava com beijinhos e cósquinhas, e todo dia, às 9h da manhã, colocava um copo
com água na frente do radinho, para a oração. Depois, ela dava a água benta para os
netinhos tomarem.
São tantas lembranças boas da vó Eva, que é melhor cada netinho e netinha contar essas
histórias.

COLOCAR DEPOIMENTOS DA GISELE, DA GISLENE, DA GLÁUCIA, DO THIAGO E DO


LÉO.

Como se não bastasse esse tanto de neto, Eva ainda foi trabalhar em uma creche no Tude
Bastos. Ali, fez um monte de amigas.

E assim Eva foi vivendo, feliz da vida! Até que em xx de xxxxx de 200x, Jayme faleceu. Eva
ficou muito triste. Era o companheiro dela, era engraçado, divertido, era o amor da vida
dela. A dor que Eva sentiu foi tão forte, que ela precisou mudar a casa toda e preferia não
pensar, para não sofrer.

Ainda bem que Eva tinha esse tanto de neto, que a amam MUITO, e ela foi vivendo por
meio desse amor que recebia deles. E a vida continuou. Eva continuou alegre, feliz,
viajando. Começou uma faculdade para a terceira idade e fez várias amigas novas! Lá ela
fazia hidro, pintava, conversava, e até viajava com as amigas. E como viajou! Eva estava
sempre num ônibus viajando para algum lugar novo! E até corria os 10km d’A Tribuna. SIM!
Eva sempre terminava os 10km.

Os netos cresceram, casaram, se mudaram, e foram viver as suas vidas. Uns em Portugal,
um em Brasília, outra em Florianópolis, outro em São Paulo, e outra em Araraquara. Muitas
vezes a saudade aperta. E se tem saudade, é porque os momentos foram muito gostosos.
Afinal, a gente só sente saudade daquilo que é bom! E os netos também sentem falta da
companhia da vó Eva.

Pensa que acabou a história? Não. Ainda tem muito mais! Vieram os BISNETOS. E não
foram poucos: Pedro, Gui (a quem Eva chama de “Lima”), Duda, Maria Carolina, Lili e Lalá,
Rebeca, Lucy e por fim, Raoni. Quem sabe se ainda vem mais bisnetinho por aí?

COLOCAR FOTOS DA VÓ COM OS BISNETOS.

Hoje, Eva está completando 84 anos! E ainda tem MUITA história pela frente. Eva ainda vai
aprender coisas novas, fazer amigas novas, viajar, conhecer lugares novos… Sempre com
um sorriso característico seu. Sempre feliz, pois estar viva é o maior presente de Eva, e ela
sabe bem como aproveitar esse presente.

Vó, essa é uma pequena e singela homenagem nossa para você. Para que você nunca se
esqueça o quanto é importante para todos nós, e o quanto nós te amamos e carregamos
esses momentos que vivemos juntas conosco. Aonde quer que vamos, levamos você
conosco. E não poder estar mais pertinho de você nos entristece um tanto que você não
imagina!

Então, pode arrumar as malas e se preparar para viajar mais para ficar com seus netinhos e
bisnetinhos. Nós te AMAMOS! E não é pouco não.

FELIZ ANIVERSÁRIO.
25 de abril de 2024.

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