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Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222482, 1-15.

https://doi.org/10.1590/1982-3703003222482 Artigo

Estudos Documentais sobre Alienação Parental: Uma Revisão Sistemática

Ricardo P. Oliveira1 Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams1


1
Universidade Federal de São Carlos, 1
Universidade Federal de São Carlos,
São Carlos, SP, Brasil. São Carlos, SP, Brasil.

Resumo: A Alienação Parental (AP) é uma modalidade de violência psicológica que pode ser
identificada no contexto das disputas de pais pela guarda de crianças em tribunais de justiça,
espaço que constitui uma rica fonte de dados para pesquisa. Com o objetivo de analisar a
produção científica nacional e internacional sobre AP composta por estudos com amostras
documentais judiciais, este estudo realizou uma revisão sistemática utilizando o protocolo
PRISMA. A palavra-chave “parental alienation” e sua respectiva tradução para o português,
“alienação parental”, foram pesquisadas nas bases de dados Scopus, PsycNET, PubMed e Scielo.
Foi consultado também o acervo de livros do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência
(Laprev/UFSCar). Das bases de dados pesquisadas foram selecionados cinco artigos, três
brasileiros, um canadense e um italiano. Do acervo do laboratório, foi selecionado um livro
brasileiro. Nos artigos selecionados, nota-se que a maioria das sentenças judiciais corroborava
as conclusões dos documentos psicológicos. No entanto, as análises dos relatórios psicológicos
realizadas pelos estudos brasileiros e italiano identificaram uma preocupante deficiência na
avaliação psicológica de suspeitas de AP, com destaque para posturas enviesadas, inadequação
das normas e da estrutura dos relatórios, avaliações psicológicas mal planejadas e fraco
embasamento teórico. Essas constatações apontam urgente necessidade de desenvolvimento
de estratégias de aprimoramento da avaliação psicológica, a fim de fortalecer a proteção e a
garantia de direitos de crianças e adolescentes envolvidos em situações de litígio conjugal.
Palavras-chave: Alienação Parental, Psicologia Forense, Avaliação Psicológica.

Documentary Studies on Parental Alienation: A Systematic Review

Abstract: Parental Alienation (PA) is a modality of psychological violence identifiable in the


context of child custody disputes in courts of law – institution that provides a rich source of
research data. To analyze the national and international literature on PA of studies conducted
with court documents, this study consists of a systematic review, performed according to the
PRISMA guidelines, on the Scopus, PsycNET, PubMed, and Scielo databases, as well as in the
library of the Laboratory of Analysis and Prevention of Violence (LAPREV/UFSCar), for articles
including the keyword “parental alienation” and its respective Portuguese translation. The
search provided six samples: five articles selected from the databases (three Brazilian, one
Canadian, and one Italian) and a Brazilian book from the lab collection. Most judicial sentences
analyzed in the selected studies corroborate the psychological reports conclusions. However, the
psychological evaluation of alleged PA cases of Brazilian and Italian reports showed concerning
deficiencies, with emphasis on biased opinions, lack of adequate standards, poorly planned
assessments, and questionable theoretical background. These findings stress the urgent need
to develop strategies for improving psychological assessments to strengthen the protection and
guaranteeing the rights of children involved in marital litigation.
Keywords: Parental Alienation, Forensic Psychology, Psychological Assessment.

Disponível em www.scielo.br/pcp
Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222482, 1-15.

Estudios Documentales sobre Alienación Parental: Una Revisión Sistemática

Resumen: La alienación parental (AP) consiste en una violencia psicológica que ejerce uno de
los progenitores por la custodia de los hijos en el contexto de disputas judiciales, donde hay una
rica fuente de datos de investigación. Con el fin de analizar la producción científica nacional
e internacional sobre AP a partir de estudios documentales judiciales, este estudio realizó una
revisión sistemática siguiendo el protocolo PRISMA. La palabra clave “parental alienation” y su
correspondiente traducción al portugués “alienação parental” norteó las búsquedas en las bases
de datos Scopus, PsycNET, PubMed y SciELO. Se consultó también la colección en el Laboratório
de Análise e Prevenção da Violência (LAPREV/UFSCar). Las búsquedas dieron como resultado
cinco artículos: tres brasileños, uno canadiense y uno italiano. De la colección del laboratorio
se seleccionó un libro brasileño. Se observó en los artículos seleccionados que la mayoría de
las sentencias judiciales analizadas corroboraron las conclusiones de los informes psicológicos.
Sin embargo, el análisis de los documentos psicológicos realizados por los estudios brasileños e
italiano identificó una preocupante deficiencia en la evaluación psicológica de sospechosas de
AP, destacándose las posturas sesgadas, la inadecuación entre las normas y la estructura de los
informes psicológicos, y las evaluaciones psicológicas mal planificadas y con débil fundamentación
teórica. Tales constataciones apuntan que hay una necesidad urgente de desarrollar estrategias
que mejoran la evaluación psicológica a fin de fortalecer la protección y la garantía de los derechos
de los niños y adolescentes involucrados en situaciones de litigio familiar.
Palabras clave: Alienación Parental, Psicología Forense, Evaluación Psicológica.

O termo genérico Alienação Parental (AP) é Varas Cíveis, de Família e de Infância e Juventude bra-
amplamente utilizado em referência ao fenômeno da sileiras a partir dos anos 2000 (Sousa & Brito, 2011).
recusa da criança em conviver com um dos genitores Com a promulgação da Lei da Alienação Parental
(Saini, Johnston, Fidler, & Bala, 2016). Frequentemente (Lei n. 12.318, 2010), as alegações de AP tornaram-se
alegada em litígios conjugais, a possibilidade de ocor- mais frequentes em processos de Varas de Família
rência da AP põe em risco o direito da criança e do (Mendes, Bucher-Maluschke, Vasconcelos, Fernandes,
adolescente à convivência familiar e comunitária & Costa, 2016). Até o momento, o Brasil é o único país
que é assegurado pelo artigo 227 da Constituição da que dispõe de uma lei sobre AP, cujo processo de ela-
República Federativa do Brasil (1988), pelo artigo 19 boração pelo poder legislativo foi caracterizado por
do Estatuto da Criança e Adolescente (Lei n. 8.069, uma mobilização acrítica, que não promoveu deba-
1990) e pelo nono artigo da Convenção Internacional tes sobre o tema com profissionais e pesquisadores
sobre os Direitos da Criança (Decreto n. 99.710, 1990), das áreas forenses ou de saúde mental (Mendes et al.,
da qual o Brasil é signatário. Profissionais forenses e 2016; Soma et al., 2016; Sousa & Brito, 2011).
magistrados balizam suas avaliações e decisões relati- Ainda não há consenso na literatura quanto à
vas ao “direito à convivência” estabelecido pelas legis- definição de AP e aos critérios ou comportamentos
lações supracitadas a fim de garantir à criança ou ao relacionados a esse fenômeno psicológico. Nesse sen-
adolescente o convívio com ambos os pais em casos tido, Soma et al. (2016) identificaram em publicações
de suspeita de AP (Fidler, Bala, & Saini, 2012). científicas brasileiras confusões conceituais entre
Desde a formulação dos termos Alienação AP e SAP. Corroborando com Skinner (2003), quando
Parental (AP) e Síndrome de Alienação Parental (SAP), aponta que “confusão na teoria significa confusão
entre as décadas de 1980 e 1990, o assunto tem se des- na prática” (p. 10), Fermann, Chambart, Foschiera,
tacado em tribunais no mundo todo (Soma, Castro, Bordini e Habigzang (2017) constataram falhas concei-
Williams, & Tannús, 2016), de modo que ganhou tuais e técnicas na realização de perícias psicológicas
espaço nos debates público e político, bem como nas em processos judiciais que envolvem suspeita de AP.

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Oliveira, R. P., & Williams, L. C. A. (2021). Estudos documentais sobre alienação parental.

Parte dessas dificuldades conceituais e práticas et al., 2012; Walker & Shapiro, 2010; Williams, 2013).
decorrem da escassez de estudos científicos sobre Apesar das tentativas de Gardner e seus adeptos (Bernet
SAP e AP, constatada tanto na literatura internacional & Baker, 2013), a SAP não foi adicionada ao Manual
(Bruch, 2001; Dallam, 1999; Darnall, 2008; Sottomayor, Diagnóstico Estatístico de Doenças Mentais (DSM-5),
2011) quanto na nacional (Mendes et al., 2016; Soma tampouco à Classificação Internacional de Doenças
et al., 2016; Sousa & Brito, 2011). Na prática forense, (CID-11) (O’Donohue, Benuto, & Bennett, 2016). Nesse
a falta de consenso permanece. Soma et al. (2016) sentido, instituições legislativas ou judiciais de países
observaram que uma parte dos profissionais foren- como México, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino
ses aborda o fenômeno sob um viés psicopatológico, Unido e EUA, não dispõem de leis específicas sobre AP
como um transtorno ou síndrome (SAP), e outra, como como há no Brasil, além de rechaçarem a existência de
forma de violência emocional ou psicológica, perpe- uma síndrome de alienação parental e desaconselha-
trada pelo genitor alienador contra a criança (AP). rem o uso do termo SAP em seus sistemas jurídicos por
A abordagem psicopatológica da rejeição da falta de evidências científicas (Mendes, 2019).
criança a um dos genitores durante o processo de Embora o conceito de SAP como um fenômeno
divórcio surgiu com a elaboração do conceito de SAP, psicopatológico seja rejeitado por parte da comunidade
na década de 1980, pelo psiquiatra estadunidense científica pelas razões supracitadas, o conceito de AP,
Richard Gardner, que a descreve como um transtorno formulado inicialmente por Douglas Darnall nos anos
mental em crianças, principalmente no contexto de 1990, tem tido maior consenso na literatura (Templer,
disputa de guarda. Sua principal manifestação é a Matthewson, Haines, & Cox, 2017; Walker & Shapiro,
campanha de depreciação contra um genitor promo- 2010). Diferente da SAP, que foca nos comportamen-
vida de forma “injustificada” pela criança. De acordo tos da criança como uma patologia, o conceito de AP
com Gardner (1998), esse comportamento é resultado centra-se nos comportamentos dos genitores. Darnall
da combinação de uma programação (como em uma (1998) define AP como um conjunto de comportamen-
“lavagem cerebral”) feita pelo genitor alienador à con- tos empreendidos por um dos genitores com o objetivo
tribuição da criança na desvalorização do genitor alvo. de provocar sentimentos de rejeição na criança, para
O conceito de SAP proposto por Gardner repercutiu em interferir sistematicamente na relação parental do(a)
vários países e influenciou diretamente a elaboração filho(a) com o outro genitor. Recentemente, Gama e
da Lei n. 12.318 (2010), conforme Sousa e Brito (2011). Williams (2019, p. 32), em uma revisão sistemática
No entanto, os critérios para diagnosticar a SAP de literatura com o objetivo de propor uma definição
propostos por Gardner e seus seguidores não são cla- operacional do conceito de AP, conclui que a AP é uma
ros, o que dificulta avaliar se os sintomas apresenta- “forma de violência psicológica perpetrada contra a
dos pelos filhos são decorrentes apenas do processo criança por um dos pais ou guardiões, na qual os com-
de alienação, de consequências comuns relaciona- portamentos emitidos pela parte alienadora têm como
das ao contexto do divórcio dos pais, ou mesmo do função hostilizar com o intuito de afastar a parte alie-
resultado de situações de maus-tratos (Fermann et nada do convívio com a criança”, corroborando com o
al., 2017). Walker e Shapiro (2010) indicam que o que é texto de Williams (2013) em que a autora destaca que
denominado por Gardner e seus seguidores como um a AP é uma prática de violência psicológica. A defini-
transtorno mental, pode ser uma variante normal da ção operacional proposta por Gama e Williams (2019) é
estrutura familiar, com base em muitas variáveis que um avanço por reunir aspectos discutidos na literatura
influenciam um sistema familiar particular. desde a proposição de Darnall (1998), de modo que o
Pepiton, Alvis, Allen e Logid (2012) e Walker e foco da avaliação de AP se mantém no comportamento
Shapiro (2010), alertam que o conceito de SAP proposto dos genitores, sendo essa a definição corroborada
por Gardner e seus seguidores é inconsistente, pois fal- pelos autores do presente estudo.
tam pesquisas ou evidências empíricas que sustentem A prática de AP se vale de constantes difamações,
o diagnóstico da síndrome. Gardner jamais conseguiu críticas depreciativas, ameaças ou desmerecimento a
convencer a comunidade científica sobre a existência fim de que a criança se afaste emocionalmente do outro
da SAP, por não existirem dados suficientes de pesquisa genitor, de modo que provoca sentimentos não ami-
empírica publicados em revistas revisadas por pares gáveis, hostis ou indiferentes (Gomide, 2016; Gomide
(Houchin, Ranseen, Hash, & Bartnicki, 2012; Pepiton & Matos, 2016). O genitor que evita que a criança se

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relacione com o outro genitor e o difama sistematica- uma avaliação psicológica forense que forneça infor-
mente para que a criança o rejeite é chamado de alie- mações confiáveis e cientificamente embasadas para
nador parental ou genitor preferido, que normalmente efetivamente discriminar falsas alegações de abuso
é aquele que tem a guarda da criança. Já o genitor que sexual infantil ou de AP (Gomide & Matos, 2016).
é o alvo da difamação e geralmente não tem a guarda Considerando que a AP tem sido identificada em
é chamado de alienado, rejeitado ou genitor alvo tribunais brasileiros e internacionais, no contexto de
(Darnall, 2011; Fidler et al., 2012; Gomide & Matos, 2016). disputas de guarda de crianças pelos pais (Mendes
O artigo 5º da Lei n. 12.318 (2010) determina que et al., 2016), esse âmbito constitui uma rica fonte de
a perícia psicológica ou biopsicossocial poderá ser dados para pesquisar o fenômeno. Dessa forma, esta
solicitada por juiz caso haja indícios de AP, de maneira revisão sistemática tem o objetivo de analisar a produ-
que convoca os profissionais da psicologia para atua- ção científica nacional e internacional sobre AP com-
rem no processo de perícia na avaliação da ocorrência posta por estudos com amostras documentais judiciais.
de AP (Fermann et al., 2017). Portanto, apesar dos pro-
blemas aqui apontados quanto à elaboração da Lei da
Método
Alienação Parental, ela é uma realidade da qual não
Esta revisão sistemática foi realizada a partir
se pode abster. Para suprir a demanda criada pela Lei
do protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for
da Alienação Parental, os psicólogos forenses preci-
Systematic Reviews and Meta-Analyses, Liberati et
sam estar preparados para avaliar o fenômeno ques-
al., 2009), que propõe um conjunto mínimo de itens
tionando o conceito psicopatológico proposto por
baseados em evidências que devem ser considera-
Gardner, que embasou a referida lei, e priorizando a
dos em estudos de revisão sistemática e metanálise.
verificação das circunstâncias nas quais pode ocorrer
Foram considerados os seguintes critérios de seleção
a rejeição da criança a um genitor, como apresentado
de publicações: a) Tipo: Artigos; b) Tema: Pesquisas
nos estudos revistos sobre AP (Gama & Williams, 2019)
documentais de amostras judiciais envolvendo alie-
e estabelecido na literatura sobre violência psicoló-
nação parental; c) Período: 2007 a 2017; e d) Idioma:
gica contra a criança (Williams, 2013).
português ou inglês. As palavras-chave “parental
Nesse sentido, quando é detectada a recusa da
alienation” e sua respectiva tradução para o portu-
criança em conviver com um dos genitores, é neces-
guês, “alienação parental”, foram pesquisadas nas
sário, primeiramente, que se investiguem os moti-
bases de dados Scopus, PsycNET, PubMed, e Scielo.
vos reais dessa recusa, que podem ser, por exemplo,
Os campos de busca utilizados foram o título e abstract.
práticas educativas parentais empobrecidas, maus-
Adicionalmente, foi realizado um exame do acervo
-tratos físicos, psicológicos ou sexuais, dependência
do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência
química, alcoolismo, transtorno de personalidade
(LAPREV/UFSCar), obedecendo os mesmos critérios.
ou outro transtorno mental que justifique a rejeição
Todos os artigos encontrados na pesquisa biblio-
(Fidler et al., 2012). Os mesmos autores apontam que
gráfica foram selecionados por meio de leitura de
a rejeição da criança a um genitor é esperada e consi-
seus títulos e resumos. Os estudos foram excluídos
derada saudável nas situações citadas, de modo que
quando: a) havia ocorrência repetida; b) foram publi-
tal rejeição não é considerada alienação, e sim uma
cados em idioma diferente de inglês ou português; e c)
rejeição justificada. Assim, a hipótese da AP só poderá
não utilizavam metodologia documental. Os estudos
ser considerada se não forem encontradas motiva-
selecionados foram lidos e categorizados quanto aos
ções alternativas que justifiquem a rejeição (Gomide
objetivos, tipo dos documentos levantados, quanti-
& Matos, 2016; Williams, 2013).
dade de documentos, data dos documentos, fonte dos
A complexidade da avaliação de AP exige que
documentos e resultados.
ela seja realizada por peritos com experiência clínica,
munidos de conhecimento científico e elevados rigor
técnico e sensibilidade (Fidler et al., 2012; Gomide & Resultados
Matos, 2016; Williams, 2013). Contudo, a realidade bra- A partir da pesquisa nas bases de dados foram iden-
sileira é outra, na medida em que os peritos forenses tificados 307 artigos (120 na PsycNet; 36 na PubMed;
que atuam em casos de direito de família geralmente 33 na Scielo; e 118 na Scopus). Após as exclusões de arti-
não recebem o treinamento adequado para efetuar gos repetidos (132) e aqueles que não foram publicados

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Oliveira, R. P., & Williams, L. C. A. (2021). Estudos documentais sobre alienação parental.

nos idiomas inglês ou português (35), permaneceram Observou-se nos estudos amostras e objetivos
140 estudos, dos quais 118 foram publicados em inglês distintos, o que justifica a variabilidade de aná-
e 22, em português. Após a leitura dos títulos e resumos lise e de resultados. Bala, Hunt e McCarney (2010),
dos artigos, foram excluídos estudos que não utiliza- Barbosa e Castro (2013), Fermann e Habigzang
ram metodologia documental, de modo que restaram (2016) e Fermann et al. (2017) fizeram análise
cinco artigos: três brasileiros, um canadense e um ita- descritiva dos dados. No entanto, enquanto Bala
liano. A busca de produções no acervo do Laboratório et al. (2010) coletaram dados de sentenças judiciais,
de Análise e Prevenção da Violência (LAPREV/UFSCar) Barbosa e Castro (2013) e Fermann e Habigzang
resultou na seleção de um livro de autores brasileiros. (2016) coletaram dados de processos judiciais
Todos os estudos utilizaram metodologia de pes- completos e Fermann et al. (2017) concentraram o
quisa documental com coleta de dados em processos estudo em laudos psicológicos e sentenças.
na íntegra ou parciais (isto é, sentenças ou documen- Em contraste, Lavadera, Ferracuti e Togliatti
tos psicológicos) que tramitaram em tribunais de (2012) e Oliveira e Russo (2017) coletaram dados em
justiça do Brasil, Itália e Canadá, entre 1989 e 2015, laudos, relatórios psicológicos e psicossociais, e usa-
totalizando 285 documentos estudados pelos autores. ram propostas diferentes para a análise desses dados.
A Tabela 1 sumariza as seis produções selecionadas Os primeiros autores fizeram uma análise descritiva
para a revisão. Para identificação e análise das dife- de relatórios psicológicos e as segundas, uma aná-
renças metodológicas entre os estudos, a tabela deta- lise de categorias socialmente construídas (“abuso
lha as categorias: país, objetivos, tamanho da amostra sexual” e “alienação parental”) registradas em laudos
(N), tipo dos documentos e época dos documentos. psicológicos e relatórios psicossociais.

Tabela 1
Caracterização dos estudos encontrados.

Identificação País Objetivos N Documentos Período


Sentenças judiciais
Estudar todos os casos canadenses
Bala, Hunt, nas quais a corte
relatados entre 1989 e 2008 com alegações
e McCarney Canadá 175 constatou se ocorreu 1989- 2008
de “alienação” de crianças no contexto da
(2010) ou não alienação
separação dos pais
parental
Lavadera, Caracterizar famílias de pais separados
Relatórios
Ferracuti Itália, na Itália em que a Síndrome de Alienação
24 psicológicos contidos 2002 -2006
e Togliatti Roma Parental (SAP) foi diagnosticada durante
em processos judiciais
(2012) as avaliações psicológicas forenses
Fermann e
Caracterizar os processos judiciais Processos judiciais de
Habigzang Brasil, RS 14 2009-2015
referenciados como Alienação Parental suspeita de AP
(2016)

a) verificar critérios e indicadores de


AP considerados pelos psicólogos(as)
em perícias incluídas em processos
Fermann, envolvendo guarda de crianças e suspeita
Chambart, de AP; b) investigar procedimentos de
Foschiera, avaliação adotados; c) avaliar a adequação Processos judiciais de
Brasil, RS 14 2009-2015
Bordini e de laudos psicológicos emitidos por suspeita de AP
Habigzang profissionais nomeados por juízes tendo
(2017) com base nas orientações do CFP; d)
verificar se houve concordância entre
conclusão do laudo psicológico e sentença
judicial sobre presença/ausência de AP

continua...

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Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222482, 1-15.

...continuação
Identificação País Objetivos N Documentos Período
Relatórios
Analisar o “abuso sexual infantil”
psicológicos de
como categoria construída social e
processos judiciais
Oliveira e historicamente e discutir seus modos de
Brasil, RJ 22 que contêm ou 2009-2014
Russo (2017) construção e desconstrução e sua relação
são originados por
com uma categoria de surgimento mais
acusações de abuso
recente (AP)
sexual infantil
Processos judiciais
Barbosa e Analisar processos judiciais em que houve de suspeita de AP
Brasil, DF 50 2010
Castro (2013) citação do termo SAP ou AP e seus pareceres
psicossociais

Caracterização das alegações eram os requerentes em 72% dos casos estudados


de AP ou SAP (N=36). Pais alegaram ser o genitor alienado em 76%
Dos estudos aqui analisados, os de Fermann e dos casos (N=38) e mães, em 24% (N=12). Em 76% dos
Habigzang (2016) e Barbosa e Castro (2013) caracte- processos o suposto alienado foi o pai, e em 87,2% dos
rizam as alegações de AP ou SAP, com detalhes sobre casos a mãe era a guardiã. Quando a criança residia com
quem são os acusados de serem alienadores durante o pai, a mãe era a suposta alienada em 66,7% dos casos.
o processo judicial. Fermann e Habigzang (2016) ana- Barbosa e Castro (2013) identificaram que,
lisaram descritivamente 14 processos judiciais de quando um dos genitores era o primeiro a mencio-
casos com suspeita de AP, que tramitaram entre 2009 nar a ideia de AP, ele se dizia alienado com a inten-
e 2015, indicados por juízes e seus assessores. As auto- ção de ampliar a convivência com os filhos. Por outro
ras objetivaram “caracterizar os processos judiciais lado, o acusado de ser alienador geralmente era quem
referenciados como AP, oriundos de Varas de Família assumia maiores responsabilidades no cuidado com
e Sucessões, Juizado da Infância e Juventude de Porto os filhos, de modo que era visto com maior poder,
Alegre e Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado vínculo ou autoridade na relação parental. Um dado
do Rio Grande do Sul” (p. 165). preocupante identificado pelas autoras foi que dentre
Entre os 14 processos analisados por Fermann e os cinco processos em que havia acusação de abuso
Habigzang (2016), o suposto alienador era a mãe em sexual infantil perpetrado pelo pai, as acusações
dez (71,43%), o pai em três (21,43%) e os avós pater- foram confirmadas em quatro, bem como nesses qua-
nos em um (7,14%). Na ocasião da coleta de dados tro casos o pai ofensor acusava a mãe de AP.
pelas autoras, a média de idade das crianças era de
11 anos (DP=4,70), mas no início do processo judi- Documentos psicológicos
cial era de 7,94 anos (DP=3,85). A maior parcela das Quatro dos seis estudos selecionados nesta revi-
crianças era do sexo feminino (68,75%) e filhos únicos são analisaram documentos produzidos por psicó-
(56,25%). As autoras constataram a presença de noti- logos que avaliaram a ocorrência ou não de AP ou
ficações denunciando supostos maus-tratos em sete SAP em famílias com processos judiciais (Barbosa
processos (50%) que abrangiam nove crianças. Dessas & Castro, 2013; Fermann et al., 2017; Lavadera et al.,
notificações de agressão, os suspeitos de serem per- 2012; Oliveira & Russo, 2017). O estudo de Lavadera
petradores de maus-tratos eram os pais nos casos de et al. (2012) teve uma amostra inicial composta por
cinco crianças (31,25%), as mães nos de três crianças 96 relatórios psicológicos contidos em processos judi-
(18,75%) e a creche no caso de uma criança (6,25%). ciais de disputas de guarda de crianças que tramita-
Os 50 processos analisados por Barbosa e ram entre 2002 e 2006 no Tribunal de Roma. Os auto-
Castro (2013) tramitaram em 2010 no Serviço de res selecionaram todos os relatórios psicológicos nos
Assessoramento a Varas Cíveis e de Família (Seraf) do quais foi possível diagnosticar SAP severa, conforme
Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Desses, os pais os critérios de Gardner (N=12, 11,52% da amostra).

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Oliveira, R. P., & Williams, L. C. A. (2021). Estudos documentais sobre alienação parental.

Desses 12 relatórios, os genitores identificados como observada em crianças do grupo classificado com SAP
alienadores eram igualmente pais (N=6) e mães (N=6). (n=13, 65%) do que no grupo sem SAP (n=5, 21%).
No entanto, os autores verificaram que a maioria dos Outro estudo que utilizou amostra composta por
genitores identificados como alienadores (N=11) era laudos psicológicos foi o de Fermann et al. (2017),
composta por guardiões dos filhos no momento da em que, numa amostra de 14 processos envolvendo
avaliação psicológica. Outros 12 relatórios relaciona- suspeita de AP, foram encontrados oito laudos psico-
dos a divórcio litigioso em que a SAP não foi diagnos- lógicos. Desses, em seis a mãe foi identificada como
ticada foram aleatoriamente selecionados para grupo alienadora e o pai como alienado, enquanto em dois
de controle. Os dois grupos foram comparados de verificou-se o reverso (pai alienador e mãe alienada).
acordo com as características dos pais e filhos, totali- As autoras identificaram que os comportamentos das
zando 24 relatórios estudados. crianças utilizados como indicadores de AP pelos psi-
Segundo Lavadera et al. (2012), em todos os 24 cólogos em seus relatórios foram: “insegurança em
relatórios estudados os 48 genitores foram avaliados relação à convivência com um dos genitores, medo
pelos seguintes instrumentos: teste de personalidade e ansiedade ao saber que iriam encontrar o genitor”
MMPI-2; teste de Rorschach com o sistema de pontua- (p. 40). Já os indicadores de AP identificados a partir dos
ção Exner; questionário SCID II; avaliação de psicopato- comportamentos dos genitores foram: “desqualifica-
logia no eixo I de acordo com os critérios do DSM-4-TR; ção do genitor, inconformidade em relação ao divórcio,
e observações clínicas. As 43 crianças da amostra (20 no uso da criança para se vingar do ex-cônjuge e dificultar
grupo com SAP severa e 23 no grupo de comparação) o convívio da criança com o outro genitor” (p. 40).
foram avaliadas pelos psicólogos forenses de acordo O dado mais discutido no estudo de Fermann
com as categorias qualitativas para o divórcio de Amato et al. (2017) diz respeito à inadequação entre a estru-
(2001), enquanto para o diagnóstico de SAP severa, oito tura dos laudos psicológicos e as normas do Conselho
critérios foram tomados textualmente de Gardner. Federal de Psicologia (CFP). Dentre os laudos analisados
Em seus resultados, Lavadera et al. (2012) apon- pelas autoras, nenhum estava de acordo com as dire-
tam que os psicólogos não diagnosticaram os pais de trizes de elaboração de documentos do CFP da época
qualquer dos grupos com transtornos do Eixo I do (CFP, 2003). Em alguns relatórios faltavam informações
DSM-4-TR, porém, nos casos classificados como SAP, como o solicitante da avaliação; a finalidade da avalia-
os pais pareciam ter características psicológicas espe- ção; a descrição da demanda explicitando os motivos
cíficas, independentemente de serem considerados da elaboração do documento; a descrição do procedi-
pais alienados ou alienadores. As mães pareciam inse- mento com número de encontros realizados, pessoas
guras e os pais pareciam possuir o traço de rigidez, ser ouvidas, instrumentos utilizados etc.; fundamentação
excessivamente constrangedores e ter dificuldades teórica adotada; a exposição dos resultados do pro-
em expressar afeto. Os resultados do MMPI-2 aponta- cesso de avaliação; e as considerações do profissional
ram que os pais alienadores dessa amostra apresenta- a respeito da avaliação. Fermann et al. (2017) destacam
vam um perfil altamente defensivo. que em nenhum dos laudos analisados havia regis-
Quanto às crianças avaliadas nos relatórios estu- tro de investigação sobre a ocorrência de maus-tratos.
dados por Lavadera et al. (2012), as do grupo classi- Ressalta-se que a investigação de outras modalida-
ficadas com SAP severa apresentavam comporta- des de violência que justifiquem a rejeição da criança
mento manipulativo e tendiam a distorcer a realidade é indispensável para a correta identificação de AP
familiar com maior frequência do que as crianças do (Fidler et al., 2012; Gomide & Matos, 2016; Williams, 2013).
grupo de comparação. A análise de características Dos 50 processos analisados por Barbosa e Castro
psicológicas específicas em crianças diagnosticadas (2013), em apenas 45 (90%), havia relatórios psicológi-
com SAP demonstrou maior frequência de proble- cos. As autoras notaram que os profissionais evitaram
mas de identidade do que o grupo de comparação a adoção dos termos AP ou SAP, ainda que os relató-
(35% no grupo SAP versus 0% do grupo sem SAP), rios tenham sido produzidos para atender à demanda
assim como o desenvolvimento de um falso self foi de suspeita de AP. O termo AP foi identificado em nove
mais frequente do que no grupo de comparação (30% (18%) dos relatórios, em sete dos quais os profissionais
no grupo SAP versus 4% do grupo sem SAP). Por fim, apenas se referiram ao conceito de AP com o objetivo
uma afetividade ambivalente foi mais frequentemente de desaconselhar seu uso, sob a justificativa de que

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Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222482, 1-15.

isso pode “enrijecer o sistema familiar nas regras de na segunda década estudada não foi acompanhado
funcionamento que sustentam o conflito e que incen- por um aumento de reivindicações não comprovadas.
tivam a postura dicotômica” (p. 179). Quanto às decisões judiciais estudadas por Bala
Por fim, Oliveira e Russo (2017) analisaram lau- et al. (2010), em 106 casos (61%) os magistrados con-
dos psicológicos de 22 processos judiciais com pro- cluíram que houve AP. Dos 33 casos em que o pai foi
posta diferente dos demais estudos analisados nesta considerado o alienador, foi decidido pela inversão
revisão. As autoras analisaram os documentos de de guarda em 19 casos (58%) e pela guarda compar-
maneira mais qualitativa, porém, menos descritiva, tilhada em 3 (0,9%). Dos 72 casos nos quais a mãe foi
no sentido de que o estudo não aponta detalhes sobre considerada a alienadora, foi decidido pela inversão
os números referentes às alegações de AP ou SAP ou de guarda em 52 casos (72%) e pela guarda comparti-
mesmo de abuso sexual, em prol de discutir sobre a lhada em 14 (19,44%). Somente em um caso a guarda
forma como são construídas as categorias “abuso foi transferida para um pai adotivo.
sexual” e “alienação parental” nos laudos e sobre Das sentenças que Bala et al. (2010) analisaram,
como essas categorias determinam as posturas dos em 69 (39%) não houve conclusão de AP; em 7% a
profissionais de psicologia diante do litígio conjugal. rejeição parental foi justificada por evidências de
Assim, as autoras apontam duas posturas contrastan- abuso ou violência; em 20% a criança era desengajada
tes, isto é, duas psicologias distintas: a psicologia das no convívio parental, mas não rejeitava o suposto
Varas de Família, em que os homens podem ter voz e alienado; em 35% havia evidência de limitações
podem ser vítimas; e a psicologia das Varas Criminais, parentais significativas que justificavam a rejeição; e
em que o homem geralmente tem seu testemunho em 38% não havia evidência suficiente para compro-
desacreditado. Oliveira e Russo (2017) identificaram var a alegação de AP. Em 52 dos 69 casos (75%) nos
nos laudos psicológicos analisados posturas impró- quais o tribunal rejeitou uma alegação de AP, foi o pai
prias à finalidade dos laudos, como “radicalizações que fez uma alegação sem fundamento contra a mãe,
denuncistas” e “retóricas exaltadas” (p. 592). Além enquanto as mães fizeram alegações infundadas em
disso, apontam que a “alienação parental” tem sido apenas 17 casos (25%).
utilizada pelos psicólogos de tribunais como uma No estudo de Fermann e Habigzang (2016), as
categoria de reconfiguração ou desconfiguração da autoras identificaram que oito dos quatorze proces-
categoria “abuso sexual infantil”, ou seja, a alegação sos analisados foram sentenciados. Desses oito, o juiz
de abuso sexual infantil deixa de ser um agravante sentenciou presença de AP em dois processos, ausên-
contra o denunciado de agressão e passa a ser um cia de AP em cinco e em um processo a sentença foi
agravante para quem denuncia. inconclusiva, motivo pelo qual o juiz solicitou uma
nova perícia com a finalidade de avaliar em uma
Sentenças judiciais segunda oportunidade a presença de AP. As autoras
Três produções selecionadas – dois artigos e um livro destacaram que os processos analisados levaram em
– analisaram sentenças judiciais de processos que envol- média dois anos para serem concluídos.
viam alegações de AP. Desses estudos, um foi originado Das sentenças verificadas por Barbosa e Castro
no Canadá (Bala et al., 2010) e os outros dois no Brasil (2013, p. 197), em nenhuma “o magistrado subsi-
(Fermann & Habigzang, 2016; Barbosa & Castro, 2013). diou suas argumentações por artigos da Lei nº 12.318
O primeiro deles a ser publicado foi o estudo (2010), ou tampouco mencionou a possibilidade de
canadense de Bala et al. (2010), com amostra (n=175) SAP ou AP aventada anteriormente nos autos”. Talvez
composta por sentenças judiciais datadas entre 1989 esse dado esteja relacionado ao fato de que os magis-
e 2008, coletadas em bases de dados eletrônicas. Os trados corroboraram com as conclusões dos psicó-
autores destacaram que a taxa de comprovação da AP logos em 42 dos 45 (93%) processos analisados que
permaneceu inalterada, visto que entre 1989 e 1998 continham relatório psicológico, uma vez que tais
houve 40 sentenças sobre AP, das quais em 24 (60%) profissionais evitavam o uso dos termos SAP ou AP
o juiz concluiu que ocorreu AP; já entre 1999 e 2008 em seus relatórios. Em sete relatórios os peritos men-
houve 135 sentenças sobre AP, das quais em 82 (61%) o cionaram o termo AP exclusivamente para desaconse-
juiz concluiu que ocorreu AP. Esses dados sugerem que lhar seu uso a fim de prevenir o acirramento do litígio
o aumento no número de casos classificados como AP e o consequente aumento do sofrimento familiar.

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Oliveira, R. P., & Williams, L. C. A. (2021). Estudos documentais sobre alienação parental.

Discussão passaram a informatizar seus trâmites processuais em


As seis produções selecionadas para revisão uti- observância à Lei n. 11.419 (2006) e à resolução Nº 185
lizaram metodologia de pesquisa documental, com de 18 de dezembro de 2013 do Conselho Nacional de
coleta de dados em documentos que fazem parte de Justiça (CNJ, 2013), que determinou a implantação do
processos judiciais com alegações de AP, como senten- processo judicial eletrônico em 100% do sistema judi-
ças ou documentos produzidos por psicólogos e assis- ciário até o ano de 2018. Assim, o uso de ferramenta
tentes sociais. Apesar de suas fontes de dados serem informatizada poderá facilitar a busca e a categoriza-
semelhantes, observou-se que os estudos apresenta- ção dos documentos processuais. Bala et al. (2010),
vam amostras que se diferenciavam tanto no tipo de por exemplo, coletaram sua amostra por meio de
documento coletado (por exemplo: documentos peri- bancos de dados eletrônicos, de forma que o acesso
ciais e sentenças) quanto na quantidade de documen- não dependia da localização manual dos documen-
tos analisados, de modo que o N variou de 14 a 175. tos, fator que influencia diretamente o tamanho de
Dentre os trabalhos conduzidos no Brasil, o de amostragem dos estudos brasileiros. Nesse contexto,
maior amostra foi o de Barbosa e Castro (2013). As o estudo de Bala et al. (2010) apresenta a amostra mais
autoras analisaram 50 processos coletados de uma robusta dentre os artigos revisados (n=175). Outro
amostragem inicial de 180 processos que tramitavam fator determinante para tal feito foi a composição da
em sete Varas de Família em Brasília. Enquanto as pro- amostra, que continha somente sentenças judiciais.
duções de Fermann e Habigzang (2016) e de Fermann
et al. (2017) foram limitadas pela dificuldade de acesso Sobre a Avaliação Psicológica
aos documentos, Barbosa e Castro (2013) tinham de AP ou SAP
acesso facilitado a amostragem robusta pelo fato de as Nos 24 relatórios estudados por Lavadera et al.
autoras trabalharem no local de pesquisa, no entanto, (2012), os 48 genitores foram avaliados por diversos
isso pode ter desencadeado a limitação da falta de dis- instrumentos avaliativos e observações clínicas. No
tanciamento dos dados. Essas dificuldades e limitações entanto, a mesma multiplicidade de ferramentas para
apontam demandas importantes para a psicologia coleta de dados avaliativos não foi utilizada para avalia-
forense: a necessidade de que os profissionais forenses ção psicológica das 43 crianças (das quais 20 estavam
valorizem as iniciativas de pesquisar a grande quanti- no grupo com SAP severa e 23, no grupo controle), que
dade de dados disponíveis a fim de produzir conheci- foram avaliadas por psicólogos forenses de acordo com
mento e tecnologia na área, além de facilitar o acesso as categorias qualitativas de Amato (2001) para o divór-
de pesquisadores acadêmicos aos dados. Não se argu- cio, enquanto para o diagnóstico de SAP severa foram
menta aqui que psicólogos forenses já sobrecarregados tomados textualmente os oito critérios indicados nas
pelo volume de processos e número reduzido do qua- obras de Gardner, como mencionado anteriormente.
dro profissional (Soares, 2017) passem adicionalmente É preocupante que os profissionais que produzi-
a pesquisar, mas que o Judiciário entenda a relevância ram os relatórios psicológicos analisados por Lavadera
do estudo científico para aprimorar a prática e facilite et al. (2012) não tenham se atentado à validade das
tal acesso inclusive a profissionais do quadro que quei- categorias e dos critérios utilizados para a avaliação das
ram também atuar como pesquisadores. crianças, principalmente frente ao fato de os critérios
Fermann e Habigzang (2016) deixam claro o fato de Gardner serem amplamente questionados pela lite-
de sua amostra ser construída a partir de processos ratura internacional (Houchin et al., 2012; Pepiton et
indicados por juízes e seus assessores, uma limita- al., 2012; Walker & Shapiro, 2010) e nacional (Williams,
ção que impediu a seleção aleatória da amostra e, 2013). Lavadera et al. (2012) não abordam essa limita-
consequentemente, a deixou vulnerável a vieses. ção em seu estudo e tampouco discutem a validade dos
Outra limitação destacada pelas autoras refere-se à métodos citados, o que pode indicar um viés dos auto-
análise dos processos. Devido à grande quantidade res voltado à defesa do construto de Gardner.
de volumes que constituía cada processo, apenas Ao analisarem as conclusões dos relatórios,
partes específicas foram selecionadas para análise, Lavadera et al. (2012) apontam que os profissionais
como boletins de ocorrência e laudos. Essa dificul- sugerem com mais frequência terapia individual
dade poderá ser contornada em futuras pesquisas, para as crianças do que para os pais. Nesse sen-
uma vez que os Tribunais de Justiça nos últimos anos tido, a proposta dos profissionais foca em mudar o

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Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222482, 1-15.

comportamento da criança, ignorando o papel do nos laudos analisados por Fermann et al. (2017), pois, a
comportamento dos genitores na promoção do com- despeito de suas deficiências, eles são utilizados como
portamento de rejeição. Nota-se que esse viés, isto é, base para decisões judiciais. No estudo, os juízes fun-
de responsabilizar crianças ao postular uma patolo- damentaram sua decisão citando o laudo psicológico
gia e não os genitores pela alienação, parece ser com- em seis sentenças, além de concordarem com a con-
partilhado pelos autores Lavadera et al. (2012), que clusão dos psicólogos em quatro processos, dois dos
manifestam a esperança de que a SAP fosse incluída quais confirmam a presença de AP e dois, a ausência.
no DSM-5, o que não ocorreu. Em contraste aos relatórios psicológicos analisa-
Oliveira e Russo (2017) identificaram na análise dos pelos demais estudos da presente revisão, aqueles
dos 22 laudos de Varas da Família e Varas Criminais do analisados por Barbosa e Castro (2013) demonstra-
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que os profissio- ram um esforço dos psicólogos que produziram esses
nais utilizavam expressões inadequadas à finalidade documentos em evitar e desencorajar o uso dos ter-
dos laudos, expressões caracterizadas pelas autoras mos AP ou SAP. Em apenas nove (18%) dos relatórios
como “radicalizações denuncistas” e “retóricas exalta- estudados as autoras identificaram o uso dos termos
das” (Oliveira & Russo, 2017, p. 592). Além disso, essa AP ou SAP, mas em sete desses casos o uso do termo
postura inadequada fere o Código de Ética Profissional AP foi desaconselhado por entenderem que ele não
do Psicólogo (CFP, 2005) e a resolução CFP 007/2003 contribui com a resolução do litígio e reforça a manu-
(CFP, 2003), em vigor na época do estudo, que vedam a tenção de uma lógica adversarial em que a acusação
emissão de documentos sem fundamentação teórica de AP é utilizada como simples estratégia de defesa de
e qualidade técnico-científica. Outro achado preo- uma das partes do litígio. Tal estratégia é identificada
cupante de Oliveira e Russo (2017) é a conclusão de pelas autoras em quatro casos em que o genitor per-
que psicólogos dos tribunais, em especial os de Varas petrador de abuso sexual acusava a genitora de AP, fato
de Família, utilizam a categoria “alienação parental” que reforça a manutenção da postura dos profissio-
como forma de reconfigurar ou desconfigurar a cate- nais de fomento à não utilização dos termos AP e SAP.
goria “abuso sexual infantil”, corroborando com os
resultados de Priolo-Filho et al. (2019), que estudaram Sobre as sentenças
como variáveis de gênero afetam decisões de profis- Das 175 sentenças que envolviam casos de AP
sionais de Varas de Família sobre casos hipotéticos estudadas por Bala et al. (2010), 40 datam da década
de AP. Priolo-Filho et al. (2019) verificaram que pro- de 1989 a 1998 e 135, da década de 1999 a 2008, o que
fissionais de Varas de Família podem ser inclinados a representa um aumento de 337,5%. Os autores não atri-
indicar a presença de AP se, em casos em que o pai é buem uma causa ao aumento vertiginoso do número
suspeito de abuso sexual infantil, a mãe é acusada de de casos de AP no Canadá, porém, sugerem algumas
ser alienadora parental. hipóteses de teor cultural, como a maior conscientiza-
Adicionalmente, Fermann e Habigzang (2016) ção da população e dos profissionais forenses sobre o
não encontraram nos relatórios analisados se os pro- tema e o maior envolvimento dos homens nos cuida-
fissionais investigaram a possibilidade de a rejeição dos com os filhos após a separação conjugal.
da criança ser justificada por histórico de violência No Brasil, estudos apontam um aumento do
contra ela ou pouca habilidade parental, hipótese que número de alegações de AP em casos de disputa de
também não é discutida por Lavadera et al. (2012). guarda, principalmente após a promulgação da Lei da
Contudo, a investigação de situações que justifiquem Alienação Parental (Mendes, 2013; Mendes et al., 2016).
a rejeição da criança deveria ser a primeira etapa A acusação de AP tem sido utilizada também como
do processo de avaliação de AP (Fidler et al., 2012; argumento de defesa de uma das partes durante o lití-
Gomide & Matos, 2016; Williams, 2013), a fim de prio- gio, como ferramenta para atingir a outra parte e obter
rizar sua proteção e a colocar em segurança o quanto a “vitória” no litígio, ou mesmo como artifício de pro-
antes caso a rejeição seja justificada por violência pra- teção de abusadores sexuais (Barbosa & Castro, 2013;
ticada pelo genitor rejeitado. Mendes, 2013; Mendes et al., 2016).
Além de possíveis problemas no processo de ava- Além disso, Fermann e Habigzang (2016) argu-
liação psicológica, é preocupante a identificação de mentam que o longo tempo de tramitação dos pro-
muitas inadequações estruturais e procedimentais cessos, problema comum nos tribunais brasileiros,

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Oliveira, R. P., & Williams, L. C. A. (2021). Estudos documentais sobre alienação parental.

também afeta os processos judiciais referenciados Além disso, a garantia de qualidade do procedi-
com AP. Os quatorze processos analisados pelas auto- mento de avaliação psicológica forense se mostrou
ras levaram em média dois anos para serem concluí- um tema crucial e delicado, principalmente porque
dos, o que contradiz a legislação brasileira que deter- nos artigos revisados a maioria das sentenças judiciais
mina que processos envolvendo AP tramitem com analisadas corrobora as conclusões dos documentos
prioridade (Lei n. 12.318, 2010). Essa morosidade na psicológicos. Portanto, o rigor técnico na atuação do
finalização desses litígios, quando se trata de casos de psicólogo é um requisito ético diretamente ligado
rejeição justificada por situações de violência intrafa- à garantia de direitos de crianças e adolescentes
miliar, implica em um maior tempo de exposição da (Williams & Castro, 2016). Considerando que docu-
vítima a situações de violência. mentos psicológicos embasam decisões judiciais,
equívocos teóricos e práticos na avaliação psicológica
Conclusões e na elaboração de documentos psicológicos podem
A AP é frequentemente identificada no âmbito resultar na exposição de crianças e adolescentes a
das disputas de guarda nos tribunais (Mendes et al., situações de violência, além de ferirem o Código de
2016), no entanto, a pesquisa da temática apoiada Ética do Psicólogo (CFP, 2005), que veda a emissão
em dados coletados em tribunais ainda é incipiente, de “documentos sem fundamentação e qualidade
dado o número limitado de estudos identificados técnico-científica” em seu artigo segundo.
nesta revisão sistemática. Apesar disso, os documen- No entanto, identifica-se nas análises dos docu-
tos produzidos pelos profissionais forenses (psicólo- mentos psicológicos brasileiros e italianos uma preo-
gos, assistentes sociais, advogados, juízes etc.) são cupante deficiência na avaliação psicológica de sus-
ricas fontes de dados que abrem possibilidades de peitas de AP, com destaque para posturas enviesadas,
variadas frentes de pesquisas. inadequação da estrutura dos documentos psicológi-
Nos estudos revisados, identifica-se um desafio cos às normas, avaliações psicológicas mal planejadas
para a pesquisa em psicologia forense, especialmente e com fraco embasamento teórico. Nesse sentido, o
em temas relacionados à família: a dificuldade de CFP aponta que psicólogos que atuam no judiciário
acesso aos dados, quando se trata de coleta em pro- avaliam não ter recebido formação suficiente para sua
cessos judiciais ou partes desses. O acesso da acade- atuação (CFP, 2019); além disso, a maioria dos proces-
mia aos tribunais brasileiros se mostrou prejudicado, sos éticos levantados contra psicólogos no CFP entre
como demonstrado pela diferença do tamanho de 2004 e 2016 estava relacionada a irregularidades na
amostras entre estudos desenvolvidos por profissio- avaliação psicológica (Zaia, Oliveira, & Nakano, 2018).
nais forenses (Barbosa & Castro, 2013) e pesquisadores Tais constatações apontam a urgente necessidade de
acadêmicos (Fermann e Habigzang, 2016; Fermann et estratégias para a formação dos psicólogos que atuam
al., 2017; Oliveira & Russo, 2017). no judiciário para o aprimoramento das avaliações
Deve-se considerar que se trata de processos pro- psicológicas forenses a fim de fortalecer a proteção e
tegidos por segredo de justiça conforme Art. 189 do garantia de direitos de crianças e adolescentes envol-
Código de Processo Civil (Lei n. 13.105, 2015), a que o vidas em situações de litígio conjugal. Essas estratégias
acesso só pode ser autorizado pelo juiz do caso. A flexibi- poderiam ser implementadas a partir do fomento de
lização do Código de Processo Civil (Lei n. 13.105, 2015) parcerias entre instituições forenses e a academia, com
para a viabilização do acesso da academia aos dados promoção de pesquisas sobre capacitação de futu-
gerados em âmbito forense, com o respeito de todos os ros psicólogos em avaliação psicológica forense, bem
aspectos éticos, poderia contribuir para a compreensão como investimentos das instituições forenses na capa-
das variáveis relacionadas à AP e a outros fenômenos citação de seus psicólogos. Por fim, faz-se necessária
caros à psicologia forense. O engajamento de psicólo- a convocação de psicólogos e pesquisadores da área
gos forenses em registro de dados e desenvolvimento de para a construção de diretrizes específicas que balizem
pesquisa, considerando os devidos cuidados técnicos e a prática do psicólogo forense na condução da avalia-
éticos em pesquisa, pode ser uma alternativa eficiente ção psicológica em diferentes contextos de atuação do
para favorecer a produção de conhecimento e tecnolo- judiciário (família, penal, infância e juventude etc.),
gia que atendam às demandas desses profissionais rela- considerando a realidade brasileira, a produção cientí-
cionadas à avaliação e intervenção. fica da área e as resoluções e orientações do CFP.

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Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222482, 1-15.

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Ricardo P. Oliveira
Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos – SP. Brasil. Bacharel em
Psicologia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Manaus – AM. Brasil.
E-mail: ricardooliveira@ufscar.br
https://orcid.org/0000-0002-3872-7286

Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams


Professora Titular do Departamento de Psicologia e supervisora de alunos no Programa de Pós-Graduação em
Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos – SP. Brasil. Fundadora do Laboratório de
Análise e Prevenção da Violência (Laprev). Possui Pós-Doutorado pela Universidade de Toronto, Toronto. Canadá.
Doutora em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo – SP. Brasil. Mestra em
Psicologia pela Universidade de Manitoba, Manitoba. Canadá. Bacharela e Licenciada em Psicologia pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo – SP. Brasil.
E-mail: luciacawilliams@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-3425-6656

Endereço para envio de correspondência:


Universidade Federal de São Carlos. Rodovia Washington Luís, km 235, Departamento de Psicologia, Laboratório
de Análise e Prevenção da Violência. CEP: 13565-905. São Carlos – SP. BR.

Recebido 10/04/2019
Aceito 30/10/2020

Received 04/10/2019
Approved 10/30/2020

Recibido 10/04/2019
Aceptado 30/10/2020

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Oliveira, R. P., & Williams, L. C. A. (2021). Estudos documentais sobre alienação parental.

Como citar: Oliveira, R. P., & Williams, L. C. A. (2021). Estudos Documentais sobre Alienação Parental: Uma
Revisão Sistemática. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, 1-15. https://doi.org/10.1590/1982-3703003222482

How to cite: Oliveira, R. P., & Williams, L. C. A. (2021). Documentary Studies on Parental Alienation: A Systematic
Review. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, 1-15. https://doi.org/10.1590/1982-3703003222482

Cómo citar: Oliveira, R. P., & Williams, L. C. A. (2021). Estudios Documentales sobre Alienación Parental: Una
Revisión Sistemática. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, 1-15. https://doi.org/10.1590/1982-3703003222482

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