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Brasília, 2019
1a Edição
© 2019 Conselho Federal de Psicologia
É permitida a reprodução desta publicação, desde que sem alterações e citada a fonte.
Disponível também em: www.cfp.org.br.
Projeto Gráfico: Movimento Comunicação
Diagramação: Movimento Comunicação
Revisão e normalização: MC&G Design Editorial
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-89208-99-4
CDD 158
Introdução
Mais de uma década desde a divulgação iniciada em meados dos
anos dois mil por associações de pais separados no Brasil sobre a Sín-
drome da Alienação Parental (SAP), descrita em 1985 por Richard
Gardner, é notória a rapidez com que o assunto se difundiu no campo
social e, particularmente, no âmbito jurídico, entre as(os) operado-
ras(es) do Direito, psicólogas(os) e assistentes sociais. A importação
acrítica e a divulgação das proposições da(o) psiquiatra norte-ameri-
cano como verdades únicas e incontestes sobre a SAP, aliadas a uma
intensa produção discursiva sobre esse suposto distúrbio infantil no
cenário nacional, contribuiu para que, em pouco tempo, fosse criada
a Lei n. 12.318/2010 sobre a dita alienação parental (AP), gerando,
assim, um aparente consenso sobre o assunto. Enquanto isso, o co-
nhecimento produzido até então, tanto por pesquisas nacionais quan-
to internacionais, sobre questões relativas ao rompimento conjugal e
à disputa de guarda de filhos foi notadamente desprezado.
Por meio de pesquisas embasadas em uma perspectiva crítica e
genealógica sobre as proposições de Gardner, é possível notar que
estas foram constituídas a partir de práticas discursivas que atuali-
Considerações Finais
O modo como até hoje se difunde enunciados sobre o dispositivo
[síndrome da] alienação parental no contexto brasileiro, aliado a cer-
ta produção de subjetividades sobre o assunto, revela sobremaneira
a sua positividade. Dito de outro modo, a partir de uma teoria de
escasso valor científico, da comoção social gerada, de demandas por
punição, de uma visão maniqueísta sobre os indivíduos, dentre outros
aspectos, mesclados, por vezes, com argumentos de proteção a crian-
ças e adolescentes, se produziu o que talvez seja um dos mais eficazes
dispositivos de controle social da atualidade.
Considerando alguns dos desdobramentos do referido dispositivo,
como a produção incessante de novos casos — ou melhor, de acusa-
ções e reações —, de mais demandas ao Judiciário e aos considera-
dos especialistas, entende-se que limitar o debate atual sobre a Lei
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