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ESCOLA SECU

DÁRIA DO MO TE DE CAPARICA

POSIÇÃO DO DPTº DE FILOSOFIA E MORAL FACE À APROVAÇÃO DOS


I STRUME TOS DE REGISTO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPE HO

Proposta levada. A Dptº pelo Coord em 22/10/2008

Os professores do Departamento de Filosofia e Moral, conscientes dos


princípios gerais das carreiras de pessoal docente (ponto 2 do art.º39 da LBSE) e dos
deveres gerais que o ECD prescreve, têm procurado exercer as suas funções e orientar
a sua acção pelos princípios do rigor, isenção, justiça e equidade (alínea a do ponto 2
do artº 10º). Têm ainda, enquanto agentes, procurado que o seu desempenho projecte a
qualidade (alínea b do ponto 2 do artº 10º) possível no contexto socio-educativo da
comunidade em que se integram. Têm também lutado para fazer da colaboração
interpares e intracomunitária um vector importante da sua acção sem hipotecarem a
qualidade científico pedagógica que lhes é exigida e sem deixarem de aperfeiçoar os
seus conhecimentos, capacidades e competências (alíneas b, c , d, do ponto 2 do artº
10º). Desde que iniciaram as suas carreiras, os docentes do Departamento de Filosofia
têm tido oportunidade de desenvolver uma reflexão sistémica sobre as suas práticas
pedagógicas (alínea g, do ponto 2 do artº 10º) e nessa medida fortaleceram os processos
de autoavaliação que a profissão lhes exige, (alínea h, do ponto 2 do artº 10º) pelo que
não reagiram negativamente a este modelo de avaliação de desempenho.

A adesão ao quadro normativo que regula as práticas docentes não esteve nunca
em causa neste departamento. ão questionamos a avaliação de desempenho,
questionamos este modelo de avaliação do desempenho docente. Questionamos este
modelo porque nos foi apresentado como facto consumado e depois nos foi pedido que
o caucionássemos construindo instrumentos para o operacionalizar sem uma avaliação
prudente das possibilidades da sua operacionalização. Questionamos também a sua
aplicação generalizada sem que se tenham realizado os testes ao modelo. Reivindicamos
neste processo, direito e dever de afirmar que este modelo não é rigoroso nem permite
uma avaliação imparcial porque subverte a ordem de validação científica que um
processo desta dimensão carece, e desestrutura as relações de cooperação e
colaboração entre professores, necessárias à construção de projectos educativos
orientados para o desenvolvimento integral dos alunos.

Os professores deste Departamento cientes das suas responsabilidades e da


necessidade de se desenvolver uma avaliação do desempenho docente, nos termos
prescritos no ECD aprovado em 19 de Janeiro de 2007, procederam à análise dos
princípios e pressupostos que enformam este modelo, e após avaliação dos descritores
de base do perfil, e de algumas das propostas de instrumentos de registo dos itens de
classificação da avaliação do desempenho docente desenvolvidas na Escola pela
Comissão de Coordenação da Avaliação do Desempenho, consideram não estar
criadas as condições de operacionalização consistente do modelo, com o objectivo
de produzir uma avaliação de desempenho docente fiável e para lá de qualquer
dúvida razoável.

CO TEXTUALIZAÇÃO

Porque entendemos ser nosso dever para com a comunidade, contextualizar


a nossa posição, entendemos dever começar por discriminar o histórico do processo na

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Escola, salientando a forma empenhada, como o CP e o CE prepararam as sessões de
trabalho de análise dos documentos com vista a proporcionar aos professores, os meios
e os esclarecimentos considerados relevantes para que nos diferentes departamentos, os
professores tivessem a possibilidade de participar activamente no processo de
clarificação dos conceitos e desenvolvimento dos instrumentos de registo relativos aos
itens de classificação e à validação empírica dos mesmos.

Destacamos o empenho da CCAD da Escola pois apresentou em Julho, as suas


propostas de instrumentos de registo, as quais permitiram uma primeira análise em
Departamento (cf actas de Departamento de Filosofia e Moral). Da análise feita em
Departamento concluímos pela necessidade de sua reformulação e simplificação tal
como prescrevia a CCAP de modo a potenciar a sua aplicabilidade e promover uma
avaliação do desempenho fiável e para além de qualquer dúvida razoável.

A CCAD, o CP e o CE, decidiram e bem, pela necessidade de todos os


professores se debruçarem sobre os instrumentos de registo e darem o seu contributo
positivo para uma reformulação dos mesmos, ajustada ao contexto sócioeducativo da
Escola. Esse desígnio ficou condicionado pelo empenho requerido para o início do ano
lectivo. O início do ano lectivo e todo o investimento necessário ao seu arranque em
condições, não possibilitou que um trabalho aprofundado com vista à reformulação das
fichas fosse participado e consistente, pelo que as contribuições dos docentes para a
reformulação dos instrumentos. de registo, quer dos itens de classificação, quer da
validação empírica dos mesmos, foram residuais e insuficientes.

Como consequência destes constrangimentos não foi também possível pensar o


desenvolvimento dos processos de pré-testagem dos instrumentos de registo, antes da
sua aplicação generalizada, como exige em bom rigor, a boa prática científica, nem
foram asseguradas, as condições de trabalho necessárias para proporcionar o
desenvolvimento participado de metodologias de trabalho que promovessem a
construção de indicadores de medida de processo e produto, que dessem garantias de
uma avaliação do desempenho rigorosa e para além de qualquer dúvida razoável.

CO SIDERAÇÕES

Consideramos que o trabalho de especificação e clarificação de conceitos foi


insuficiente. Não foi por essa razão, possível, construir o consenso no que respeita a
alguns dos descritores de base do perfil e a alguns dos itens de classificação que para
o mesmo são indicados, o que condiciona de modo irreversível todo o processo de
construção fiável de instrumentos e processos de validação para os itens de
classificação.

Consideramos que do ponto de vista estrutural, a ênfase nos indicadores de


produto diminui a atenção aos indicadores dos processos e esses sim são os
verdadeiros catalizadores do sucesso e do desenvolvimento integral e autónomo dos
alunos. O trabalho desenvolvido em departamento, revelou ser difícil, construir
instrumentos para validação empírica de alguns dos itens de classificação relativos
a processos, quer porque a ambiguidade dos descritores de base do perfil tornam essa
tarefa, quase impossível, quer porque não foi possível visualizar forma de os equacionar
de um modo objectivo e com um algoritmo compatível.

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Consideramos também que a impossibilidade de desenvolver testes prévios de
operacionalização dos instrumentos de validação empírica para os instrumentos de
registo dos itens de classificação não permite com segurança passar à fase da sua
aplicação generalizada, pois não se podem, nestas condições, validar e processar os
dados recolhidos.

Consideramos que as propostas de instrumentos de registo dos itens de


classificação desenvolvidas pela CCAD e as orientações dadas pelo CP no sentido da
clarificação de conceitos, enquanto momento prévio ao desenvolvimento dos
instrumentos de registo e de verificação empírica, permitiram perceber a dificuldade
de se estabelecer, com a segurança exigida nestes casos, os consensos necessários à
posterior validação dos processos avaliativos e não tiveram a continuidade desejável
com vista a assegurar que o processo poderia a posteriori ser devidamente validado..

Do mesmo modo, consideramos que os elementos de referência da avaliação,


como o Projecto Educativo de Escola que neste momento reproduz o conjunto de
medidas prescritas pelo TEIP2, não possibilitam uma interpretação clara da orientação
estratégica para a escola porque confundem estratégia, como um todo integrado e
integrador, com a soma das partes, (as medidas) adoptadas para a implementação do
projecto TEIP2. O quadro de referência por excelência que é o Projecto Educativo de
Escola, está pois, refém de uma orientação administrativa imposta à Escola que os
professores questionaram (apesar de não se ter também, nos termos da lei chamados a
pronunciarem-se os funcionários, os alunos do secundário e os encarregados de
educação) e que desvirtua por completo a possibilidade de desenvolver qualquer
avaliação de desempenho credível e integradora de boas práticas

Consideramos positiva a exigência de construção dos instrumentos de registo de


acordo com os contextos sócio-educativos sem desvirtuar a especificidade dos
programas e paradigmas das diferentes disciplinas, apesar de nos ter parecido desde
logo tarefa difícil de cumprir, uma vez que estas exigências estão submetidas à
prioridade dos resultados escolares, que devem sempre ser interpretados em contexto e
este condicionalismo dificulta uma avaliação paritária. Consideramos por isso que se
enfatiza de forma não explícita que se pretende avaliar processos, mas acaba-se a
centrar a avaliação nos resultados impossibilitando dessa forma, uma avaliação de
desempenho docente que contemple de modo equilibrado e construtivo, todas as
dimensões da avaliação (artº. 4º do DR 2/2008).

Consideramos ainda que o facto de o RI não ter sido ainda revisto pelo CGT de
modo a acomodar todas as alterações organizacionais e processuais que o novo decreto
de Administração e Gestão prescreve, impede que a definição de objectivos individuais
também não se afigure isenta de problemas. Pensamos mesmo ser impossível de um
ponto de vista legal, fixar ou negociar objectivos individuais enquanto os dois
elementos de referência se encontrarem em processo de revisão.

Face ao exposto, os professores deste departamento, por unanimidade,


propõem a suspensão da aplicação do actual Modelo de Avaliação de Desempenho.

O COORDE ADOR

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