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DIREITO PENAL

Prof. Ms. Emerson Penha Malheiro


-Doutorando e Mestre em Direito pela Universidade
Metropolitana de Santos

-Especialista em Direito Penal pelas Faculdades


Metropolitanas Unidas

- Professor nos cursos de graduação e pós-graduação da


Universidade Metodista de São Paulo e das Faculdades
Metropolitanas Unidas

- Professor convidado da Escola Superior de Advocacia de


São Paulo e de cursos preparatórios para as carreiras
jurídicas
Erro de tipo e erro de proibição
1.Erro de tipo:

É o erro do agente que recai sobre o elemento constitutivo


do tipo legal de crime e circunstância qualificadora e
agravante.

- Erro de tipo essencial

- Erro de tipo acidental

2. Erro de proibição:

É o erro sobre a ilicitude do fato.


Crimes contra a pessoa
1. Regras de Direito Penal
 a) Quando se estiver interpretando uma norma em
favor do réu, essa interpretação deve ser sempre
extensiva.
 
b) Quando se estiver interpretando uma norma em
prejuízo do réu, essa interpretação deve ser restritiva
ou, no máximo, declarativa.
 
2. Crime
 a) Elementar
 
b) Circunstancial
 
– circunstâncias judiciais
– art. 59, CP
 
– circunstâncias legais
– gerais ou genéricas: parte geral  arts. 61, 62
(agravantes); art. 65 (atenuantes); causas de aumento ou
diminuição de pena.
– especiais: parte especial  qualificadoras (altera a
pena); causas de aumento ou diminuição de pena
(aumenta ou diminui a pena).
3. Crimes dolosos contra a vida
 
a)Homicídio doloso

– consumado

– tentado
 
b) Participação em suicídio
 
c) Infanticídio
 
d) Aborto
 
São crimes sujeitos ao tribunal do júri.
4. Ação Penal
 a) Pública Incondicionada: é a regra do Código Penal.
Quando ele não dispuser de forma diversa, a ação penal
será sempre pública incondicionada.
 
b) Pública Condicionada: somente se procede mediante
representação. O Ministério Público precisa ser acionado.
 
c) Privada: somente se procede mediante queixa.
5. Resultado
 Nos crimes, o resultado pode ser:
a) Normativo;
 
b) Naturalístico materiais
formais
de mera conduta
Homicídio
 
1.Conceito: é a eliminação da vida humana
2. extra-uterina praticada por outrem.
 
2. Bem jurídico protegido: a vida humana extra-uterina.
 
3. Sujeitos do crime:
 sujeito ativo (autor, partícipe: é aquele que pratica
a conduta descrita pelo verbo do tipo penal): qualquer
pessoa, pois é um crime comum, em que não se exige
do agente quaisquer qualidades especiais.
 
sujeito passivo (vítima: é o titular do bem jurídico
protegido): qualquer pessoa, desde que esteja com vida.
4. Tipo de crime:
crime comum.
Existem crimes em que se exige do agente qualidades
especiais.
São esses chamados crimes próprios de uma determinada
categoria de pessoas. Ex.: Peculato.

5. Elemento objetivo (a maneira como o crime é


praticado,
verbo típico):
 
crime de forma livre: comissivo ou omissivo.

Existem crimes de forma vinculada, mas não é o caso do


homicídio.
6. Elemento subjetivo:
 dolo (animus necandi ou occidendi);

. simples?;
 
. eventual?;
 
. específico?
7. Consumação:

 crime material: consuma-se pela morte da vítima (art. 14,


inciso I, CP).
 
. formal?
. mera conduta?
 
Morte: procede-se com a cessação da atividade
encefálica –
Lei n.º 9.434/97 e Decreto n.º 2.268/97;
 
Art. 564, III, “b”, CPP.
8. Tentativa:

admissível (art. 14, inciso II, CP).

. tentativa perfeita X tentativa imperfeita.

. tentativa branca X tentativa cruenta.

. desistência voluntária (art. 15, CP).

. art. 121, CP X art. 129, §3.º, CP.


9. Ação Penal:

pública incondicionada.

 
10. Rito Processual:
 
tribunal do júri.
11. Homicídio privilegiado:
 
11.1 Introdução:
 
- art. 121, § 1.º, CP.
 
- privilegiado?
  
- provocação (xingamentos, flagrante adultério...) X
agressão
 
Homicídio Qualificado

1. Conceito:
 - Art. 121, §2.º, CP.
2. Quatro espécies de qualificadoras:
2.1 Quanto aos motivos (incisos I e II);
2.2 Quanto aos meios empregados (inciso III);
2.3 Quanto ao modo de execução (inciso IV);
2.4 Por conexão (inciso V).

Incisos I, II e V – caráter subjetivo: motivação do agente;


 
Incisos III e IV – caráter objetivo: ligadas aos meios
e modos de execução.
2.1 Quanto aos motivos:
a)mediante paga ou promessa de recompensa:

- mercenário;
 
- fim econômico?  senão é motivo torpe;
 
- paga: prévia;
 
- recompensa: posterior – necessária ser cumprida?
 
-qualificadora para ambos envolvidos?

– elementar do crime ou circunstancial?;

 - concurso necessário;
b) motivo torpe:

-vil, repugnante;
-ex.: rivalidade profissional, inveja,
- caixão, virgem, preconceito;

c) motivo fútil:

- desproporção entre a causa e o crime;


- insignificante;
-ex.: sopa, bar, torcedor.
- necessária a prova: ausência de motivo não é fútil.
- fútil X torpe.
2.2 Quanto aos meios empregados:

a) veneno:
- substância química ou biológica;
-inoculado sem que a vítima perceba,
- senão, meio cruel;
- crime impossível.
-prova pericial toxicológica.

b) fogo, explosivo:
 
- configura também o crime de dano?  art. 163,
parágrafo único, II, CP.
c) asfixia:

-impedimento da função respiratória;


-mecânica:
. esganadura: constrição do pescoço com o corpo;
. estrangulamento: constrição do pescoço com fios,
arames;
. enforcamento: próprio peso da vítima;
. sufocação: objeto que impeça a entrada de ar;
. afogamento: submersão em meio líquido;
. soterramento: submersão em meio sólido;
. imprensamento;

-tóxica:
. gás asfixiante;
. confinamento.
d) meio insidioso:

-armadilha ou fraude;

-ex.: sabotagem de freio

e) qualquer meio que possa provocar perigo comum:

-potencial de risco para número elevado de pessoas;

-ex.: desabamento, disparos na vítima em meio a


multidão;

-perigo abstrato X perigo concreto (art. 250 e ss., CP).


f) tortura ou qualquer outro meio cruel:

- inúteis sofrimentos físicos e mentais;


-ex.: apedrejamento, pisoteamento, espancamento,
- choque elétrico, ácido, mutilações com serra elétrica,
ferro em brasa,
- fome, sede, insolação;
-e a reiteração de golpes?
- art. 121, §2.º, III X art. 1.º, §3.º, Lei 9.455/97 (dolo /
preterdolo)
•Júri ou Juiz singular?
2.3 Quanto ao modo de execução:

a)traição:

-o agente se aproveita de prévia confiança depositada


pela vítima para
-alvejá-la.
-ex.: golpear esposa que dorme.

b) emboscada:

-tocaia, atalaia.
-ex.: JFK.
c) dissimulação:

- recurso para enganar a vítima. Pode ser:


. material: disfarce;
. moral: conquistar a confiança para matar.

d) qualquer outro recurso que dificulte ou torne


impossível a defesa da vítima:

-ex.: disparo pelas costas, coma alcoólico, vítima


que dorme, grande superioridade numérica de
agressores etc.
2.4 Por conexão:
a)teleológica:

- praticado para assegurar a execução de outro crime.


Concurso material.
-ex.: matar marido para estuprar esposa.

-b) conseqüencial:

-visa assegurar ocultação, impunidade ou vantagem de


outro crime.
- ocultação:
. o agente primeiro comete o outro crime, depois o
homicídio.
. o agente quer impedir que se descubra o crime.
. ex.: funcionário de banco.

- impunidade:
. o objetivo não é impedir a descoberta, mas a punição.
. ex.: estupro / morte.

- vantagem de outro crime:


. ex.: matar co-autor de roubo; matar quem faz
pagamento de resgate.
. e se for contravenção?  motivo torpe.
3. Reconhecimento de mais de uma qualificadora
pelo júri:

-uma delas será qualificadora;

-a(s) outra(s) será(ao) agravante(s) genérica(s):


art. 61, II “a” até “d”;

-há entendimento de que serão circunstâncias


judiciais: art. 59, CP.

4. Homicídio qualificado-privilegiado:

-objetivas: III e IV

- subjetivas: I, II e V.
Homicídio Culposo

1.Conceito:

Art. 121, § 3.º, CP.

O agente não queria causar a morte, nem assumiu o risco


de produzir o resultado, mas dá causa a ele por
imprudência, imperícia ou negligência.

Imprudência: prática de ato perigoso.

Negligência: ausência de precaução.


Imperícia: falta de aptidão para o exercício de uma
função.

Compensação de culpas? (agente / vítima).

Concorrência de culpas?

No homicídio culposo deve se provar a conduta do


agente, o nexo causal e o dano.
2. Homicídio culposo na direção de veículo
automotor:

O homicídio culposo na direção de veículo


automotor não é disposto pelo parágrafo 3.º do
art. 121, CP, mas pelo art. 302, da Lei 9.503/97
(Código
de Trânsito Brasileiro).
3. Causas de aumento de pena no homicídio culposo:

O homicídio culposo terá sua pena aumentada “se o


crime resulta de (...)”:

a)inobservância de regra técnica de profissão, arte ou


ofício:

-o agente conhece a regra técnica que não observou, ao


contrário do que acontece na imperícia, que pressupõe
inabilidade ou insuficiência
profissional, genérica ou específica.
b) omissão de socorro:
-quando o agente deixa de transportar a vítima a um
hospital, podendo
-fazê-lo, por exemplo, há motivos para a exasperação da
pena.
A prestação de assistência à vítima é obrigação legal e o
seu descum
primento deve acarretar o aumento da pena.

c) fuga para evitar prisão em flagrante:


-a fuga para evitar a prisão em flagrante revela o intuito
do agente em impedir sua identificação. A represália
penal é bem vinda, pois evita o desaparecimento do
culpado.

d) ausência de procura para diminuir as conseqüências


do ato.
4. Causa de aumento de pena no homicídio doloso:

Na parte final do parágrafo 4.º do art. 121, foi introduzida


a causa de aumento de pena (de um terço) nos casos em
que o crime é praticado contra menor de 14 anos.

Disposição imposta pelo art. 263 do Estatuto da Criança e


do Adolescente (lei 8069/90), deve ser aplicada de forma
obrigatória, incidindo tanto na forma qualificada quanto na
privilegiada.

5. Perdão Judicial:
 
Art. 121, parágrafo 5.º, CP
Induzimento, Instigação ou Auxílio a Suicídio

1.Conceito:

Art. 122, CP

2. Bem jurídico protegido (objetividade jurídica):

A vida da pessoa humana.


3. Sujeito ativo:

Qualquer pessoa.

4. Sujeito passivo:

Qualquer pessoa que tenha capacidade de discernimento


em relação à conduta do sujeito ativo.

A vítima deve ser pessoa certa e determinada.


5. Elemento objetivo:
-induzir: persuadir, fazer nascer a idéia, o ideal suicida na
cabeça do agente;
-instigar: desenvolver a idéia preconcebida do suicídio;
-auxílio: prestar ajuda material para a execução do ato
suicida.
-pacto de morte.
. ambos decidem morrer e uma desiste, responderá pelo
crime do art. 122, CP;
. quem realiza o ato consumativo, responde por homicídio
(ex.: gás).

6. Elemento subjetivo:

- dolo, direto ou eventual.


7. Consumação:
-com a morte ou com lesões corporais de
natureza grave;

8. Tentativa:
-impossível, pois se a vítima nem sequer tenta o
suicídio ou sofre apenas lesões leves, o fato é
atípico.

9. Ação penal:
- pública incondicionada.
10. Causas de aumento de pena:

a)motivo egoístico:

-ficar com cargo, ficar com a herança, ficar com a esposa;

b) vítima menor:

-com discernimento;
-sem discernimento = homicídio;

c) diminuída a capacidade de resistência:

-embriaguez, depressão;
- se suprimida a capacidade de resistência = homicídio.
Infanticídio
•Conceito:

- Art. 123, CP.

Modalidade de homicídio privilegiado onde a mulher,


sofrendo de insanidade temporária (causada pelo
puerpério), mata o próprio filho, durante o processo de
parto ou imediatamente após.

Puerpério é o período que vai do deslocamento e


expulsão da placenta à volta do organismo materno às
condições pré-gravíticas.
•Bem jurídico protegido:

A vida do feto nascente, infante-nascido ou recém-


nascido.

•Sujeitos ativo:

- a mãe, que se encontra sob a influência do estado


puerperal.
•Sujeito passivo:

- é o ser humano, filho da própria parturiente, nas


condições de feto nascente, infante-nascido ou recém
nascido, possuindo vida.

Feto nascente: está nascendo, durante o trabalho de


parto.

Infante-nascido: já nasceu, mas ainda não recebeu os


cuidados médicos iniciais.

Recém-nascido: já nasceu, recebeu os cuidados médicos


primordiais e possui menos de sete dias de vida extra-
uterina.
Elemento subjetivo:
 
dolo: direto ou eventual;
 
se culposa a conduta, responde por homicídio culposo.
 
Consumação:
 
crime material: consuma-se pela morte do feto nascente,
infante-nascido ou recém nascido.
Tentativa:
 
Admissível.
 
Ação Penal:
 
pública incondicionada.

 Rito Processual:
 
tribunal do júri.
 
Concurso de Agentes:
 
Discute-se, na doutrina, se aquele que colabora na prática
de um infanticídio responde por infanticídio ou por
homicídio.
Aborto
1.Conceito:

-aborto (“ab – ortus”, privação de nascimento) é a


interrupção voluntária da gravidez, com a morte do
produto da concepção.
2. Objetividade jurídica:

•auto-aborto e do aborto consensual:

-proteção da vida humana em formação.

•aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da


gestante:

- proteção também da vida e a integridade corporal da


mulher grávida.
3. Sujeito ativo:

a)auto-aborto:

-a própria mulher grávida (art. 124, primeira parte, CP).

b) aborto consensual:

-qualquer pessoa (art. 126, CP) tendo a própria gestante


como partícipe (art. 124, segunda parte, CP).

c) aborto praticado por terceiro, sem o consentimento da


gestante:

- é qualquer pessoa (art. 125, CP).


4. Sujeito Passivo:
 
a) auto-aborto;
 
- nascituro.
 
 
b) aborto consensual:
 
- nascituro e também a mulher grávida, se lhe resulta
lesão grave ou morte.
 
c) aborto praticado por terceiro sem o consentimento da
gestante:
 
- nascituro e também a mulher grávida.
 
5. Tipo objetivo:
 
crime de forma livre.
  
6. Tipo subjetivo:
 
dolo.
 
e o terceiro que, culposamente, dá causa ao aborto?
 
. responde por lesão corporal culposa.
7. Consumação:

•crime material: consuma-se com a morte do feto,


resultante da interrupção da gravidez.

8. Tentativa:

•admissível.

-ocorrerá esta sempre que a morte do feto não se


verificar, apesar da aplicação de meios idôneos para se
alcançar tal objetivo.
9. Ação penal:

•pública incondicionada.

10. Rito processual:

•tribunal do júri.
11. Auto aborto:

É o aborto provocado pela gestante, em si própria.

O terceiro que contribui para o auto-aborto, induzindo


ou instigando, responderá pelo mesmo crime.
12. Aborto consentido pela gestante:

O aborto consentido é aquele executado por outra pessoa,


porém com aquiescência da mulher.
A atuação desta não é secundária, pois ela tolera as
manobras realizadas, ou ainda, colabora, exercitando os
movimentos necessários e colocando-se em posição
ginecológica.
O consentimento, que pode ser expresso ou tácito, deve
existir desde o início da conduta até a consumação do
crime, respondendo pelo art. 125 o agente quando a
gestante revoga seu consentimento durante a execução do
aborto.
A gestante consensciente responde pelo art. 124, segunda
parte, CP, e o terceiro provocador pelo art. 126, CP.
13. Aborto não consentido pela gestante:

No art. 125, CP, a pena é consideravelmente aumentada


na qualidade e na quantidade. É o aborto praticado em
mulher dissenciente. Ocorre, quer seja feito contra a sua
vontade, quer à sua revelia.

A pena prevista para a modalidade em foco é a mais


grave: reclusão, de três a dez anos.

14. Aborto qualificado:

Dispõe o art. 127, CP, sobre o aumento de um terço da


pena se, em conseqüência do aborto ou dos meios
empregados, a gestante sofrer lesão corporal grave. A
pena será duplicada se sobrevier a morte.
15. Aborto necessário:
 
Art. 128, CP: “Não se pune o aborto praticado por
médico:
 
I – se não há outro meio de salvar a vida da
gestante”.
 
Consentimento? Junta médica?
16. Aborto sentimental:

Art. 128, CP: “Não se pune o aborto praticado por médico:


II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal “.
Aborto sentimental é aquele que pode ser praticado por ter
a gravidez resultado de estupro.
 
17. Aborto eugenésico:
 
É aquele executado ante a suspeita de que o filho virá ao
mundo com anomalias graves, por herança dos pais.
 Não é o aborto eugenésico admitido por nossa lei.
DIREITO PENAL

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