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Escola de Ciências Sociais Aplicadas

Curso: Direito

AULA 03-A: Evolução dos


Direitos Humanos

Disciplina: Direitos Humanos 1


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• Todos os indivíduos devem ter direitos, os quais todos os


Estados devem respeitar e proteger.

• A observância dos direitos humanos não é apenas um


assunto de interesse particular do Estado, mas matéria de
interesse nacional e objeto de regulação pelo Direito
Internacional.

• Os direitos humanos surgem como um conjunto de


faculdades que, em cada momento histórico, concretizam
as exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas,
as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos
ordenamentos jurídicos, nos planos nacional e
internacional (Antonio E. Pérez Luño).

Disciplina: NOME DA DISCIPLINA 2


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 Ao longo do tempo, a sociedade deparou-se com a


necessidade de proteção de alguns direitos inerentes ao ser
humano, compreendendo que sem a proteção destes
direitos, jamais haveria uma sociedade, justa, que pudesse
perdurar ao longo dos anos, logo, compreendeu-se acima
de tudo que, dever-se-ia proteger um bem que deveria
estar acima de todos os outros, e ainda mais, que tal bem
jurídico protegido, deveria servir de norte a todos os
demais direitos constantes do ordenamento jurídico.
 Este bem tão precioso, denominado bem da vida, e vida
esta com dignidade, e com isso a dignidade da pessoa
humana ganha relevo, por certo fundada nas
transformações sociais, e nas exigências de uma sociedade
que clamou tal proteção
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• A primeira manifestação de limitação do poder político


deu-se no século X a.C. quando se instituiu o reino de
Israel, tendo por Rei Davi, que se proclamava um delegado
de Deus, responsável pela aplicação da lei divina e não
como faziam os monarcas de sua época proclamando-se
ora como o próprio deus ora como um legislador que
poderia dizer o que é justo e o que é injusto (COMPARATO,
2003).

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Período Axial e seus desdobramentos


 No centro do período Axial, entre 600 a 480 a.C.,
coexistiram, sem se comunicarem entre si, alguns dos
maiores doutrinadores, ex., Buda na Índia, entre outros.
 Foi neste período que se enunciaram os grandes princípios
e se estabeleceram as diretrizes fundamentais da vida.
 A relação religiosa torna-se mais pessoal e o culto menos
coletivo ou indireto: a grande inovação é que os indivíduos
podem, doravante, entrar em contato com DEUS, sem
necessidade de intermediação sacerdotal ou grupal. A força
da idéia monoteísta acaba por transcender os limites do
nacionalismo religioso, preparando o caminho para o culto
universal a DEUS único.
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 É a partir do período axial que, pela primeira vez na


História, o ser humano passa a ser considerado, em sua
igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão,
não obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião
ou costumes social.
 Lançavam-se, assim, os fundamentos intelectuais para a
compreensão da pessoa humana e para a afirmação da
existência de direitos universais, porque a eles inerentes.
 Ao lado da lei escrita (leis universais), havia também entre
os gregos uma outra noção de igual importância: a de lei
não escrita (costume juridicamente relevantes).

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Aristóteles
• Afirma ser o homem um animal político, ou seja, que se
relaciona com os demais, que está integrado a uma
comunidade, podendo alguns inclusive participar do
governo da cidade, sendo esta uma outra contribuição dos
povos gregos, a possibilidade de limitação do poder através
da democracia que se funda na participação do cidadão nas
funções do governo e na superioridade da lei .
• O caráter essencialmente religioso dessas “leis não
escritas” foi sendo dissipado. Tais leis são chamadas “leis
comuns”, reconhecidas pelo consenso universal, por
oposição às “leis particulares” próprias de cada povo
(direito comum a todos os povos).

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• Entre os estóicos, na escola fundada pelo pensador de


origem semita, Zenon (350-250 a. C), o conceito de
natureza no sistema filosófico. Para eles, o Direito Natural
era idêntico à lei da razão, e os homens, enquanto parte
da natureza cósmica, eram uma criação essencialmente
racional; portanto enquanto esse homem seguisse a
razão, libertando-se das emoções e paixões, conduziria sua
vida de acordo com as leis de sua própria natureza. A razão
como força universal que penetra no Cosmos era
considerada pelos estóicos como base do Direito e da
Justiça.

MAGALHAES, José Luiz Quadros de. Direito Constitucional. Curso de Direitos


Fundamentais. 3ª ed. São Paulo: Método, 2008, 4/5.

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 A Grécia Antiga também lançou bases para o


reconhecimento dos direitos humanos, sendo que sua
primeira colaboração foi no sentido de colocar a pessoa
humana como centro da questão filosófica, ou seja, passou-
se de uma explicação mitológica da realidade para uma
explicação antropocentrista possibilitando então refletir
sobre a vida humana.
 Entre os autores gregos, a igualdade essencial do homem
foi expressa mediante oposição entre a individualidade
própria de cada homem e as funções ou atividades por ele
exercidas na vida social.
 Os romanos traduziram por persona, com o sentido próprio
do rosto ou, também, de máscara de teatro,
individualizadora de cada personagem.
 A oposição da máscara teatral (papel de cada indivíduo na
vida social) e a essência individual de cada ser humano
(personalidade). Foi aprofundada pelos estóicos.
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• Foi, de qualquer forma sobre a concepção medieval da


pessoa que se iniciou a elaboração do princípio da
igualdade essencial de todo ser humano, não obstante a
ocorrência de todas as diferenças individuais ou grupais, de
ordem biológica ou cultural.

E essa é igualdade de essência da pessoa que forma o


núcleo do conceito de direitos humanos.

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PENSAMENTO CRISTÃO
 O pensamento cristão primitivo, no tocante ao Direito
Natural, é herdeiro imediato do Estoicismo e da Jurídica
Romana. A noção objetiva do Direito Natural pode ser
encontrada muito bem figurada no famoso texto de São
Paulo:

"... quando os gentios, que não têm lei, cumprem


naturalmente o que a lei manda, embora não tenham lei,
servem de lei a si mesmos; mostram que a lei está escrita
em seus corações" - Rom. 2, 14-15 (18).

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DIREITO NATURAL: ABSOLUTO E


RELATIVO
• Os Padres da Igreja vão pegar dos estóicos a distinção entre
Direito Natural absoluto e relativo.
 Para eles o Direito Natural absoluto era o direito ideal que
imperava antes que a natureza humana tivesse se viciado
com o pecado original.
 Com este Direito Natural absoluto todos os homens eram
iguais e possuíam todas as coisas em comum, não havia
governo dos homens sobre homens nem domínio de amos
sobre escravos. Todos os homens viviam em comunidades
livres sobre o império do amor cristão.

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O Direito Natural relativo era, ao contrário, um sistema de


princípios jurídicos adaptados à natureza humana após o
pecado original.

BODENHEIMER: Do pecado original derivou a obrigação do


trabalho e com ele a instituição da propriedade.
* A aparição da paixão sexual depois do pecado exigiu as
instituições do matrimônio e da família.
* Do crime de Caim surgiu a necessidade do Direito e da
Pena. A fundação do Estado por Nemod foi o começo do
governo.

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SANTO AGOSTINHO
(354-430 d.C.)
• sua doutrina tem um importante papel nos postulados do
Direito Natural absoluto.

• considerava o governo, o direito, a propriedade, a


civilização toda como produto do pecado, e a Igreja, como
guardião da Lei Eterna de Deus, poderia intervir nestas
instituições quando julgasse oportuno.

• caso as leis terrenas (lex temporalis) contêm disposições


claramente contrárias à Lei de Deus, estas normas não têm
vigência e não devem ser obedecidas.

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São Tomás de Aquino


• o papel da Igreja, em sua relação com o governo, levará São
Tomás de Aquino, a colocar o Direito Natural como de
importância decisiva, pois só com uma norma de caráter
mais geral, colocada acima do Direito Positivo, poderia
haver alguma esperança de realização da Justiça Cristã.

• a doutrina do representante máximo da filosofia cristã é


um primeiro passo para a autonomização do Direito Natural
como Ciência, pois se a lei natural exprime o conteúdo de
Direito Natural como algo devido ao homem e à sociedade
dos homens, esta adquire, no tocante à criatura racional,
características específicas.

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Quatro classes de Lei:


 a) a Lei Eterna, que é a razão do governo universal existente no
Governante Supremo. Esta Lei dirige todos os movimentos e
ações do Universo;

 b) a Lei Natural, que é a participação da criatura humana na Lei


Eterna, uma vez que nenhum ser humano pode conhecer a Lei
Eterna em toda sua verdade. A Lei Natural é a única concepção
que tem o homem dos interesses de Deus. Ela dá ao homem a
possibilidade de distinguir o bem e o mal, e por esta razão deve
ser guia invariável e imutável da lei humana;

 c) a Lei Divina: uma vez que a Lei Natural consiste em princípios


gerais e abstratos, deve se completar com direções mais
particulares dadas por Deus, acerca de como devem os homens
se conduzir. Esta é a função da Lei Divina que é revelada por
Deus nas Sagradas Escrituras;

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• d) a Lei Humana - finalmente, a Lei Humana é um ato de


vontade do poder soberano do Estado, mas para ser lei
deve estar de acordo com a razão. Se esta lei contradiz um
princípio fundamental de Justiça, não será lei e sim uma
perversão da Lei.

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 Em 1215 na Inglaterra é elaborada a Magna Carta, imposta pelos


Barões ingleses ao Rei, marcando início da limitação do poder do
Estado.
 Trata ainda esse texto, muito mais de uma garantia dos direitos
dos Barões, proprietários de terra, do que de uma ampla
garantia dos direitos de todo o povo.
 1455: impressão do primeiro livro – A Bíblia. Livros foram
impressos. A primeira mudança sensível ocorre na Religião, com
o segundo Cisma da Igreja, causado pela Reforma Protestante.
 Nasce o iluminismo: corrente filosófica e cultural que é fundada
no RACIONALISMO. Todas as coisas poderiam e deveriam ser
explicadas pela razão. O direito natural é revisto, mudando de
seu entendimento , na Idade Média está vinculado à vontade
de Deus e, agora, como produto da razão (Magalhães, p. 11, cit.
Joaquim Carlos SALGADO).

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FASE CLASSICA DOS DIREITOS


NATURAIS (BODENHEIMER)
• Divisão desta fase:
1º período:
após o Renascimento e a Reforma, que corresponde à
teoria de HUGO GROTIUS (que preparou o terreno para a
doutrina clássica), HOBBES, SPINOZA, PUFENDORF e
WOLFF, onde o Direito Natural residia meramente na
prudência e automoderação do governante

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2º período:
começa com a Revolução Puritana de 1.649, e é
caracterizado por uma tendência para o capitalismo livre na
economia e o liberalismo na política e na filosofia, onde
encontraremos as idéias de LOCKE e MONTESQUIEU (nesta
época a preocupação era garantir os indivíduos contra as
violações por parte do Estado)

3º período:
está marcado por uma forte crença na soberania popular,
na Democracia.
O Direito Natural estava confiado à vontade geral do povo.
O representante mais destacado desta época foi
ROUSSEAU, que exerceu influência sobre KANT.

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Jusnaturalismo abstrato ou
jusracionalismo
o explicação de tudo é encontrada no próprio homem, na
própria razão humana, nada de objetivo é levado em
consideração, a realidade social, a História, a razão humana
se tornam uma divindade absoluta (Magalhães, p. 13).

- JOHN LOCKE.
- HOBBES

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o HOBBES era politicamente favorável à extensão do poder


real e com isso contribuiu para reforçar teoricamente o
absolutismo do Estado, LOCKE era um partidário da
supremacia do Parlamento.

o Para LOCKE a lei natural é uma regra eterna para todos,


sendo evidente e inteligível para todas as criaturas
racionais. A lei natural, portanto, é igual à lei da razão.

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• Apesar de todas as questões que possam ser levantadas à


respeito do Jusnaturalismo, ou Jusracionalismo o fato mais
importante será o início das garantias formais dos Direitos
Humanos, entendidos na época como sinônimos de
Direitos Individuais Fundamentais (Magalhães, p. 16).

• O Professor JOAQUIM CARLOS SALGADO sobre esta


conquista escreve: "A idéia de garantir os direitos
fundamentais a cada indivíduo é uma conquista teórica dos
pensadores franceses.

• - Declaração de Independência dos Estados Unidos da


América do Norte
• - Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1.789,
França).

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