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ENSAIO CURTO

1.CONCEITUAÇÃO
Etimologicamente, “ensaio” vem da palavra
latina “exagiu(m)” (“ação de pe-n-sar”),
abrangendo semanticamente os sentidos de
“provar”, “experimentar”, “tentar” etc. Tem os
correspondentes “essai” em francês, “ensavo”
em espanhol, “sagio” em italiano, que significa
ao mesmo tempo “sábio”, e “essay” em inglês.
Como definir “ensaio curto”? As
incertezas são maiores que a capacidade
de uniformizá-lo sob um conceito estrito.
Por isso, prefiro citar uma série de
características, colhidas de pesquisadores,
da experiência realizada junto a textos e
percebidas pela análise do gênero em
questão. Em suma:
a) O ensaio não é descrição nem narrativa,
mas dissertação.
b) A dissertação do ensaio é a exposição de
idéias próprias ou alheias acerca de um
tema bem delimitado. O ensaio tem uma
marca bem pessoal, é a “pintura do eu”.
c) Diferentemente de qualquer outro tipo de
ensaio (como o documento ou o literário), o
curto se apóia apenas em dados ou referências
que a memória tem condições de fornecer.
d) Por ser curto, não deverá ultrapassar
determinado limite de parágrafos, sob o risco de
ser classificado como artigo, monografia ou
coisa que o valha. “A sua essência máxima
flexível deve ficar entre dez e doze parágrafos”.
e) Entretanto, o ensaio curto deve, no
mínimo, ter quatro parágrafos, por razões
que a seguir aparecem ao se tratar da
estrutura.
f) Sua linguagem, preferencialmente, deve
situar-se no âmbito da ciência, da técnica
e da didática, em tom mais referencial que
emotivo ou conotativo. Por causa disso,
utilize-se a terceira pessoa verbal.
g) O estilo do ensaio foge à verborragia, aos
exageros e às colocações artificiais ou
afetadas. Com isso, não se pretende que
lhe falte a criatividade literária. O ensaísta
prima pela serenidade e equilíbrio.
Conforme o autor citado acima, “ensaio e
relatividade se implicam mutuamente”.
2. ESTRUTURA
Toda produção escrita que desenvolve
conveniente ou completamente uma idéia do
parágrafo padrão até o livro, passando pela
crônica, conto, perfil, artigo e outros, consta de
três partes fundamentais: introdução (começo),
desenvolvimento (meio) e conclusão (fim). O
ensaio, obviamente, se constrói do mesmo
modo mediante essa estrutura mínima.
INTRODUÇÃO
1. A abertura do ensaio pode conter o
seguinte, em essência:
a) o tema a ser comunicado ao leitor,
mostrando-se sua importância, atualidade
e conexão com o universo;
b) o que se pretende alcançar com a
exposição do tema.
2. Características da introdução:

a) precisão dos termos e dos conceitos


emitidos, evitando-se cair em introduções
vagas ou expressões desnecessárias.
b) proporção adequada ao todo do ensaio,
sem deixar trair por introduções prolixas
ou extremamente sintéticas;
c) Encadeamento natural das partes, num
movimento dinâmico gradual, evitando-se
as introduções abruptas;
d) Criatividade no todo, principalmente
redigindo-se com originalidade a frase de
abertura.
Quanto a isso algumas sugestões:
 Pode-se começar, citando uma tirada
lapidar da própria lavra ou de outrem;
 Pode-se começar, também, parafraseando-
se o título do ensaio;
 Por que não iniciar a introdução com uma
boa pergunta?;
 Pode-se iniciar, igualmente, com alusão a
algum episódio, fenômeno ou
circunstância do momento que tenha
ligação direta com o tema.
3. É claro que a introdução é a porta do
ensaio. Sua redação, no entanto, pode ser
revisada e “consertada” após a redação do
desenvolvimento. Em outras palavras, o
limite da introdução será mais bem
conhecido quando o desenvolvimento
estiver definido, já que este é a “resposta”
às questões arroladas naquela.
Desenvolvimento
1. Características:
a) Constará de tantos parágrafos quantas forem
as partes destacadas na introdução;
b) Os parágrafos devem obedecer a um
encadeamento, de tal forma que não se
perceba salto violento ou ilógico entre eles: é
conveniente que o final de um parágrafo
“escorregue” para o tópico frasal do seguinte;
c) Cada parágrafo deve ter seu tópico frasal bem
definido, desencadeando ou estimulando seu
desenrolar;
d) As idéias de cada parágrafo devem se articular
de maneira convincente, fluente e original;
e) O desenvolvimento deve ter a força de, por
seus argumentos e sua estrutura de raciocínio,
convencer acerca do que se propôs na
introdução.
2.Técnicas
a) enumeração dos detalhes que cabem na idéia
principal;
b) menção de exemplos que comprovem o
afirmado;
c) confronto, em forma de paralelo ou contraste;
d) apresentação do motivo que determinou o
resultado, nessa ordem ou vice-versa;
e) encadeamento de idéias provenientes da
principal ou que levem a ela.
Conclusão
Características:
a) Liga-se sempre à introdução, lembrando direta
ou indiretamente os aspectos que devem ter
sido focalizados no desenvolvimento;
b) Não é uma repetição, porém, do que se
escreveu na introdução, mas uma lembrança
ao leitor de que houve coerência no todo;
c) A conclusão pode ser fechada ou aberta:
aquela procura encerrar o assunto,
findando com uma posição definida; esta
deixa o tema em debate, por uma
proposta, uma reticência, uma pergunta,
um questionamento, podendo tudo
merecer, futuramente, prosseguimento por
meio de nova exploração, quem sabe em
novo ensaio;
d) O leitor, pela conclusão, deve observar que
houve uma contribuição ou descoberta, uma
teoria, uma questão que o desafie ou a solução
de um problema.
3. O TEMA DO ENSAIO
O tema, exigido por alguém (o professor/ a
professora por exemplo) ou escolhido pelo
ensaísta/ pela ensaíta, merece algumas
considerações antes que se comece a sua
exposição ou mesmo o seu rasculnho.
1.Características do(a) ensaísta em relação
ao tema:
a) Domínio do assunto;

b) Possuir carga de informações suficientes


para rechear o ensaio;
c) A experiência pessoal do(a) ensaísta
deve refletir-se no tema.
2.Características do tema:
a) atualidade;

b) interesse permanente;

c) restrito de tal maneira que possa ser


desenvolvido e bem, dentro do âmbito
anteriormente exposto na estrutura.
3. Delimitação do assunto para se chegar ao
tema:
3.Delimitação do assunto para se chegaqr ao
tema:
Como o assunto é muito vasto, pois abrange
o sistema da estrutura social ou pelo menos um
aspecto fundamental de certo sistema, é
importantíssimo delimitar-se sua abrangência, a
fim de que se possa executar a norma básica do
ensaio, que prega, exatamente, a explicitação
de um pormenor.Melhor aclarando, eis alguns
assuntos e respectivos temas:
 DEPRESSÃO: O que provoca a depressão? A
depressão do feto à terceira idade – causas e
conseqüências.
 ABORTO: Legalização do aborto? Aborto e
abortante? Por que se apóia o aborto?
 PENA DE MORTE: Legalização ou não? Por que
sou a favor da pena de morte ou contra ela?
 INVASÔES: Invasões e direitos à moradia. Como
contornar o problema das invasões?
FIORI. Nilton Mário. Ensaio Curto. In.: Cadernos de
Língua Portuguesa I da UCG, 2002.

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