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Steiner nasceu na Hungria, bem na fronteira entre o

Oriente e o Ocidente, em 27 de fevereiro de 1861 e


passou a infância numa estação de trem, o que havia
de mais moderno e tecnológico. Era um garoto
diferente, pra se dizer o mínimo.
Sensitivo, profundamente conectado aos mundos
espirituais, mas também dotado de inteligência
cognitiva e lógica admiráveis.
Em 1919, logo após o fim da Primeira Guerra, Steiner percebeu que o
Iluminismo e o Positivismo, exaltando pura e simplesmente a razão,
haviam levado o mundo ao colapso e não levariam o homem muito
longe. A racionalidade acima de tudo não era a solução, mas voltar
atrás, para a “Idade das Trevas”, também não resolveria os males
econômicos e sociais. Numa tentativa de mostrar sua visão, Steiner
começou a ministrar suas palestras e difundir seus conceitos
antroposóficos. Ele viajava para os mais diversos locais, entre eles a
fábrica de cigarros Waldorf Astoria, em Stuttgard, na Alemanha.
Começou palestrando na fábrica, mas percebeu rapidamente, através
dos feedbacks dos participantes, que sua missão seria formar novas
gerações. Dessa forma, criou diretrizes para educar os filhos dos
funcionários e esse foi o protótipo da Pedagogia Waldorf.
Steiner conseguiu vencer o desafio de unir dois mundos
aparentemente irreconciliáveis: ciência e espiritualidade.
Através do “conhecimento do ser humano” - a Antroposofia. Steiner viu
o homem sob diferentes aspectos, formando um mosaico que integra
as dimensões espiritual, emocional/mental e física.
Teve o dom de amealhar ideias já estabelecidas (por exemplo,
“Liberdade“, “Igualdade” e “Fraternidade“, da Revolução Francesa) e
tecer com elas uma nova trama, como a teoria da Trimembração do
Organismo Social (liberdade espiritual na vida cultural, igualdade
democrática na vida jurídica e fraternidade social na vida econômica).
No fim da vida, tinha pressa de transmitir seu legado literário
de mais de um milhão de páginas. Passou seus últimos anos
ministrando palestras num ritmo frenético e registrando seus
ensinamentos para a posteridade até pouco antes de sua
morte, em 1925.
A Antroposofia gerou muitos frutos: a Agricultura
Biodinâmica, o Goetheanum e sua concepção arquitetônica
inovadora, a Euritmia como expressão da dança curativa,
inovações na Medicina e Farmacologia, com a fundação das
farmácias Weleda, Terapias artísticas das mais variadas e a
criação da Pedagogia Waldorf.
ALGUNS TÓPICOS SOBRE DESENVOLVIMENTO
INFANTIL:
• A Antroposofia e a Pedagogia Waldorf dividem a existência
humana em setênios, cada um deles correspondendo a um
ciclo de sete anos de desenvolvimento e aprendizado,
servindo de esteio para o ciclo subsequente.
• O processo educacional, organizado no esquema
escolarizado, com a participação do professor, se dá nos três
primeiros setênios, até os 21 anos. A partir daí, segundo
Steiner, o ser humano teria plenas condições de criar seu
próprio processo de aprendizado.
• Essa maneira de ver o ser humano a princípio em três dimensões
(espiritual, emocional e física) é chamada pela Antroposofia
de Trimembração. Nesse contexto, o primeiro setênio, dos 0 aos sete
anos, tem vital importância, pois nessa época se forma
completamente o corpo físico, com todas as suas habilidades motoras
e sensoriais.
• A teoria da exterogestação comprova que a criança não se desenvolve
totalmente dentro da barriga da mãe durante os nove meses de
gravidez: esse processo continua bem depois do nascimento. Cerca
de 80% do desenvolvimento cerebral humano acontece fora do útero,
até os três anos de idade. Até os sete anos, segundo a Antroposofia, a
criança vai dominando o próprio corpo, no sentido da cabeça aos pés,
conquistando gradativamente as habilidades de andar, falar e pensar.
• A pedagogia Waldorf atua diretamente sobre esse “domínio do
corpo“, propondo rotinas, ritmos, brincadeiras livres, atividades
artísticas diversas e contato constante e intenso com os elementos da
natureza para deixar fluir naturalmente essa capacidade de sentir o
mundo através do próprio corpo e expressar no mundo as forças
inatas do querer e da imitação. Essas forças infantis, quando
acolhidas e canalizadas positivamente pelo adulto, geram na criança o
sentimento de que “o mundo é bom“.
• A Pedagogia Waldorf prega que essa confiança básica no Bom e no
Bem vai ajudar a criança a vencer os obstáculos que certamente
encontrará em seu caminho nos setênios posteriores.

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