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Planificação de actividades pedagógicas e

gestão do tempo

Formadora: Sílvia Matos


Registo e Planificação de Actividades

Importância do Registo
Cada registo pode ser elaborado ao gosto de cada um. Darei alguns
exemplos, tal como estes que se seguem. Observa-se as fotografias e os
nomes de cada um. Faz-se um registo, para ajudar a cada um a se
reencontrar.

Pode-se aproveitar as fotografias para fazer um gráfico móvel, sabendo a


cada momento quantos somos com 3 anos, com 4 anos e com 5 anos. O
calendário dos aniversários ajuda para saber quando temos que mudar um
Outra observação diária é a do tempo, que de seguida registamos no
calendário do tempo.
O jornal de parede na sala, onde escrevemos as nossas notícias.
Registamos o que aconteceu, o que gostámos ou o que gostámos
menos
A seguir ao fim de semana, as notícias são mais. Muitas vezes, escrevemos e
ilustramos o que nos aconteceu entre sexta-feira a tarde e segunda-feira
de manhã.
Síntese :
Os registos são fundamentais para a gente conhecer cada criança, pois a
partir daqui é que podemos planificar em relação ao grupo. Também é de
relevar a importância do registo não só enquanto observamos a criança, mas
também depois de cada actividade realizada, isto é, deve-se fazer uma
avaliação.
O registo é um instrumento de trabalho fundamental para todo o processo
a desenvolver na criança, pois são técnicas de observação e também de
avaliação. Temos por exemplo registo escrito (grelhas de observação ou
grelhas da planificação da observação, entrevista, plano semanal…),
fotografia, vídeo….em seguida virá a grelha de planificação de actividades e
a avaliação.
Grelhas de Observação e Registo
As grelhas de observação e registo são instrumentos de trabalho que
servirão de apoio para a nossa prática, uma vez que é importante
observarmos as crianças para podermos direccionar a nossa prática no
caminho certo. Pode-se observar como exemplo, a escolha das áreas; o
comportamento da criança; a frequência de um determinado
comportamento; a actividade orientada; a rotina diária; espaço exterior;
espaço interior…
As escolhas das áreas
Áreas Faz de conta Biblioteca

Nomes /Nº de crianças

Maria

António
Registo da observação do comportamento

Criança e idade Data Hora

Ex: Manuel 02-02-02 10:00


4anos
Situação e Durante um jogo de futebol no
Comportamento recreio o Manuel bateu à Maria.

Interferências O Manuel não gosta que lhe tirem a


(conclusões) bola.
A Educadora de Infância disse:
- Manuel não se bate aos meninos,
isso é feio. Pede desculpa à Maria.
Registo da observação do comportamento: bater
Determinar a frequência

Dia Hora Nº de total Situações


vezes

12-03-03 10:00 X A brincar


na
casinha

12-03-03 10:30 X Arrumar


a casinha

2 vezes
Para avaliar o bem-estar da criança também temos as seguintes grelhas:
Para avaliar actividades ou jogos também se recorre a registos

Gostamos Não gostamos


Do Registo à Planificação
Afinal o que são planificações?
Não existe uma definição única para planificação, cada
educador, técnico ou professor terá a sua, que é própria e
reflecte a forma como encara o processo de ensino/aprendizagem.
Existem definições como:

 planear é definir com clareza o que se pretende da criança, ou


do grupo;

 é uma actividade que consiste em definir e sequenciar os


objectivos da aprendizagem das crianças, determinar processos
para avaliar se eles foram bem conseguidos, prever algumas
estratégias de ensino/aprendizagem e seleccionar
recursos/materiais auxiliares;
 na perspectiva construtivista a planificação passa pela criação
de ambientes estimulantes que propiciem actividades que não são à
partida previsíveis e que, para além disso, atendam à diversidade
das situações e aos diferentes pontos de partida das crianças.
Isso pressupõe prever actividades que apresentem os conteúdos
de forma a tornarem-se significativos e funcionais para as
crianças, que sejam desafiantes e lhes provoquem conflitos
cognitivos, ajudando-os a desenvolver competências de aprender a
aprender”.
Porque é que se planifica?

Planificar é muito importante, se assim não fosse os educadores e


professores não se debruçariam sobre esta tarefa há tantos anos. É de
facto essencial que o educador tenha um fio condutor das suas aulas, é
como um mapa de estrada, para se chegar a um destino traça-se um
caminho, embora durante o percurso se possam fazer desvios e no final
chegar ao sítio pretendido. Assim a planificação não deve ser rígida, pelo
contrário, deverá ser uma previsão do que se pretende fazer, tendo em
conta as actividades, material de apoio e essencialmente o contributo
das crianças. Privilegiando as relações pessoais entre todos os membros
do grupo (grupo e educador), fazendo com que as crianças se sintam
como uma peça fundamental e imprescindível para o todo.
Por que razão os educadores e professores planificavam... as
respostas podem-se agrupar em três tipos de categorias (questões
que foram feitas a docentes):
os que planificavam para satisfazer as suas próprias necessidades
pessoais: reduzir a ansiedade e a incerteza que o seu trabalho lhes
criava, definir uma orientação que lhes desse confiança, segurança…
os que chamavam planificação à determinação dos objectivos a
alcançar : que conteúdos deveriam ser aprendidos para se saber que
materiais deveriam ser preparados e que actividades teriam de ser
organizadas, que distribuição do tempo…
os que chamam planificação às estratégias de actuação durante o
processo de ensino: qual a melhor forma de organizar os alunos, como
começar as actividades, que marcos de referência para a avaliação…
Para quem se planifica?

Em suma, planifica-se para:


 as crianças, para que elas próprias possam saber o que estão a fazer e
porquê, ou seja, para perceberem melhor o “caminho” que estão a trilhar;
 o educador ou técnico, pois é uma forma de organizar o seu trabalho,
reflectir sobre os conteúdos, métodos, materiais, expectativas e
competências a desenvolver nas crianças;
 a creche e pré-escola, pois torna possível um trabalho consciente de
todos os docentes e permite a coordenação interdisciplinar;
 os pais, para perceberem melhor porque é que os filhos aprendem
determinados conteúdos e desta forma poderem acompanhá-los melhor e
participar mais conscientemente na vida escolar;
a sociedade, porque hoje em dia, cada vez se fala mais em autonomia das escolas e
em participação activa da comunidade, ou seja, da sociedade local.

Os diferentes tipos de planificação

Planificação a longo prazo


Este tipo de planificação faz-se no começo do ano e tem como
principal objectivo seleccionar e distribuir os conteúdos, tendo em vista o
melhor para a escola e baseando-se nas orientações curriculares. As opções
que se fazem a este nível vão sofrer ajustamentos ao longo do ano, e para
cada grupo em particular, após se conhecer as crianças. Pois, é a partir da
avaliação que o educador ou técnico faz das necessidades de cada grupo,
que pode intervir directamente sobre elas.
Planificações a médio prazo
Designa-se por planificação a médio prazo os planos de um período de
aulas.
Para planificar uma unidade é necessário interligar objectivos,
conteúdos e actividades. Desta forma vai-se traçar o percurso para
uma série de aulas e, vai reflectir a compreensão que o educador ou
técnico tem tanto ao conteúdo como ao processo de ensino. É também
necessário equacionar os materiais necessários de forma mais
concreta, a motivação das crianças, os instrumentos de avaliação,
entre outros.
Planificações a curto prazo/ planos de actividades
Estes planos são aqueles a que o educador e técnico disponibiliza
mais atenção. É também aqui que melhor se percebe a forma como o
educador e técnico encara a dinâmica do ensino/aprendizagem.
Normalmente, estes planos esquematizam o conteúdo a ser ensinado, as
técnicas motivacionais a serem exploradas, os passos e actividades
específicas preconizadas para as crianças, os materiais necessários e
os processos de avaliação.
Objectivos

Os objectivos relativamente podem-se distinguir em :

Objectivos gerais/ metas ou finalidades educativas, dizem respeito a

objectivos muito gerais, que podem ser atingidos das mais variadas

formas;

Objectivos específicos, representam aprendizagens mais simples,

susceptíveis de serem adquiridas a curto prazo e mais concretas. Um

objectivo específico pode ser enunciado em termos comportamentais,

isto é, indica um comportamento observável que o aluno deve revelar.


Da Planificação à Acção
Tudo o que é planificado será agora desenvolvido, mas para tal o
educador já deve ter pensado anteriormente nos conteúdos, nos
meios, nos intervenientes (idade da criança), nos recursos, no lugar, e
no tempo (quando). A partir daqui a actividade pensada pelo educador
será posta em acção. É fundamental que o educador já tenha traçado
os objectivos, técnicas/meios/actividades. É durante a actividade que
o educador observa a evolução e o desenvolvimento da criança, no qual
recorre a registos.
Durante a actividade o educador observa se a criança atinge os
objectivos seleccionados e deve ajudar. No decorrer da actividade
poderemos fazer reajustamentos e adaptações. No final avalia-se
para poder voltar a planificar.
O educador deve ter sempre em atenção à dimensão da sala, às
condições ambientais…
Em suma...
- Cada educador, técnico ou professor tem um estilo único, tem uma forma diferente de
encarar o processo de ensino/aprendizagem e isso reflecte-se na forma como planifica e nas intenções
com que o faz.
- Pretende-se que a planificação seja um meio, não um fim em si mesmo. Serve para reflectir
sobre as melhores formas de trabalhar com as crianças, o que resulta com um determinado grupo pode
não funcionar com outro, também por isso, uma planificação nunca pode ser rígida, mas sim flexível.
- É um vector orientador da acção, mas não deve ser directivo, no sentido em que o educador
ou técnico não se deve limitar àquilo que planeou. Corre desta forma o risco de “não dar ouvidos” aos
interesses e dúvidas às crianças, como se elas fossem apenas uma parte da aula. Contudo, são elas que
fazem a aula acontecer, durante a planificação o educador ou técnico deve ter sempre em mente as suas
crianças. Assim, faz sentido fazer “desvios” ao percurso planeado, continuando a planificação a ser
“válida” como fio orientador.
- Deve-se sempre avaliar e, alterar os planos, se isso se revelar uma mais valia para o processo
de construção de conhecimento por parte das crianças. Não se pode considerar um modelo certo em
detrimento de um errado, pois cada caso é um caso, e pode até fazer sentido usar simultaneamente mais
do que um tipo de planificação.
PROPOSTA DE TRABALHO

Em grupo:

Bom trabalho

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