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CURSO DE FARMÁCIA
DISCIPLINA FARMACODINÂMICA
ANTIPARKINSONIANOS
Doença de Parkinson (DP)
• A doença de Parkinson (DP) é a 2ª doença neurodegenerativa mais comum em
todo o mundo.
• Estima-se que aproximadamente 5 milhões de pessoas no mundo possuem DP.
• A idade média de início é de cerca de 60 anos, mas há casos de pacientes com seus
20 anos e até mais jovens.
• No mundo inteiro, ela atinge todos os grupos étnicos e classes socioeconômicas.
• Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1% da
população mundial acima de 65 anos é afetada por ela.
Doença de Parkinson
“Enfermidade caracterizada pela presença de movimentos
tremulantes involuntários, diminuição da força muscular,
tendência à inclinação do tronco para frente e alteração da
marcha. Os sentidos e o intelecto são preservados.”
Um ensaio sobre a paralisia agitante
Manifestações clínicas
Sintomas motores Outros sintomas Sintomas não-motores
cardinais motores
Bradicinesia Micrografia (letras Anosmia (perda do olfato)
pequenas)
Tremor em repouso Hipomimia (ausencia Perturbações sensoriais
de expressão facial) Dor, por ex.
Rigidez Diminuição do piscar Alterações de humor
de olhos Depressão, por ex.
Instabilidade postural Hipofonia Perturbação do sono
Alteração da marcha Disfagia (dificuldade Distúrbios Autonômicos
de deglutição) Hipotensão ortostática
Congelamento Distúrbios gastrintestinais
Distúrbios genitourinários
Disfunção sexual
Comprometimento cognitivo
Tremor
• Durante o repouso, principalmente em MMSS, MMII e mandíbula.
• Facilmente diferenciável de outras formas de tremor.
• Geralmente se inicia em um dos lados do corpo (unilateral), se desenvolve
acometendo o outro lado, frequentemente mantendo-se assimétrico.
Quadro clínico
• Rigidez muscular: plástica, com roda denteada.
• Bradicinesia: pobreza geral da movimentação, desaparecimento dos movimentos
automáticos ou acessórios, como o balançar dos braços durante a marcha, a
mímica facial ou gestual das mãos durante a fala, conferindo ao paciente, aspecto
estático, com fácies fixa, em máscara.
• Alterações posturais: encurvamento anterior gradual da coluna dorsal, semiflexão
dos MMSS e perturbação dos reflexos posturais.
• Alteração da marcha: “em bloco”, com pequenos passos.
• Fala: articulação dificultada e voz baixa, produzindo fala monótona e de menor
inteligibilidade.
Quadro clínico
• Escrita micrográfica: inicia com letras razoáveis e rapidamente o tamanho destas
vão diminuindo.
• Manifestações autonômicas: hipersalivação, seborreia facial frequente,
descamação acentuada da pele, dos cabelos, sobrancelhas, cílios e em torno do
nariz. Constipação intestinal, dificuldades urinárias, sexuais e alguns sinais de
insuficiência adrenérgica (hipotensão arterial ortostática).
• O não tratamento do paciente implica em progressão da doença que em cerca de
5 a 10 anos leva a um estado acinético rígido em que o paciente se torna incapaz
de cuidar de si mesmo.
• A morte resulta de complicações de imobilidade, incluindo pneumonia por
aspiração ou embolia pulmonar.
Vias
dopaminérgicas
Fisiopatologia
(1) Degeneração de neurônios dopaminérgicos na substância negra, reduzindo a dopamina
estriatal e (2) presença de inclusões proteicas intracitoplasmáticas conhecidas como corpos
de Lewy que contêm principalmente a proteína alfa sinucleína.
Fisiopatologia
• Inclusões intraneuronais formados por alfa sinucleína e outras proteínas,
identificados em várias regiões do SNC, do tronco cerebral ao córtex.
Fisiopatologia
• Outras regiões afetadas:
• neurônios colinérgicos do núcleo basal de Meynert;
• neurônios adrenérgicos do locus ceruleus;
• neurônios serotoninérgicos nos núcleos da rafe;
• neurônios do sistema olfatório, hemisférios cerebrais, medula espinhal e sistema
nervoso autônomo periférico.
Fisiopatologia
• A habilidade em produzir movimento depende de um circuito motor complexo
que envolve a substância negra, os gânglios da base, tálamo e o córtex cerebelar.
• Efetividade:
• Controle de sinais e sintomas
• Segurança:
• Os efeitos adversos comuns incluem náuseas, confusão, alucinações (3x - Ldopa), tonturas,
edema de membros inferiores, hipotensão postural, sedação e sonhos vívidos.
• Os eventos raros incluem comportamentos compulsivos, psicose, ataques de sono e fibrose
pulmonar (derivados do ergot)
• Avaliar ajuste de dose de pramipexol para doença renal
• Conveniência:
• Posologia, custo, disponibilidade
Inibidores da MAO-B
• Indicação:
• Útil no tratamento precoce
• Selegilina (inibição irreversível da MAO-B)
• 5 mg 2x/dia
• Estende os efeitos de levodopa
• Conveniência:
• Evitar a administração no final da tarde ou noite para minimizar a insônia.
Levodopa
• Precursor da dopamina
• Fármaco mais eficaz para o tratamento de DP.
• Levodopa atravessa a barreira hematoencefálica
• Mas não dopamina, carbidopa e benserazida.
Levodopa
• Administração por via oral.
• Segurança:
• Náuseas/vômitos, sonolência, hipotensão postural
• Longo prazo: flutuações motoras, congelamento e discinesias (10%)
• Discinesias: pico dos níveis de dopamina do estriado.
• Flutuações on/off: redução abrupta dos níveis
• Efetividade:
• Melhora no controle das flutuações motoras
• Inibidores específicas e reversíveis da COMT
• Prolongam o efeito de cada dose de L-dopa e reduzem a conversão periférica de L-dopa
em dopamina.
Inibidores da COMT
• Segurança:
• Tolcapone: hepatotoxicidade fatal
• Monitoramento de teste de função hepática é necessária
• De 2-4 semanas nos primeiros 6 meses
• Dose de L-dopa deve ser reduzida em 30-50% ao introduzir Tolcapone
• Entacapona: mais seguro, diarreia
• Segurança:
• confusão (principalmente em idosos), manchas avermelhadas na pele, tonturas, xerostomia, e
alucinações.
• necessidade de ajuste de dose se redução da TFG.
• Conveniência:
• disponibilidade, não entendimento, esquecimento, preço, não possibilidade de administração.
Complicações motoras comuns e manejo
• FLUTUAÇÕES MOTORAS
Aumentar a frequência das doses de Levodopa, adicionar inibidor da COMT ou MAO-B.
• ATRASO OU NÃO RESPOSTA ON
Administrar L-dopa com o estômago vazio, usar L-dopa de liberação prolongada.
• CONGELAMENTO
Aumentar a dose de L-dopa, adicionar um agonista de dopamina ou inibidor de MAO-B;
Fisioterapia, juntamente com dispositivos de apoio para andar.
• DISCINESIA
Fornecer doses menores de L-dopa, reduzir a dose de agonista da dopamina, adicionar
Amantadina.
Monitoramento
• Monitorizar os tempos de administração do medicamento. Educar o paciente que o
medicamento de liberação imediata de L-dopa é absorvida melhor com o estômago
vazio, mas pode ser tomado com alimentos para minimizar náuseas.
• Monitorar para assegurar a compreensão do regime terapêutico prescrito.
• Monitorizar os efeitos dose dependente, incluindo a presença de discinesias, tonturas,
náuseas, hipotensão ortostática ou alucinações visuais.
• Monitorar o envolvimento do cuidador para a detecção precoce de comportamentos
anormais: discinesias, quedas, alucinações, impulsividade, problemas de memória,
alterações de humor e distúrbios do sono.
• Monitorar a não-adesão e, se presente, perguntar por possíveis razões (por exemplo,
conveniência de dosagem, questões financeiras e efeitos adversos) e oferecer sugestões.
• Monitorizar a presença de fármacos que possam exacerbar os sintomas não motores. Ex:
agente anticolinérgico está causando confusão ou comprometimento cognitivo.
Referências
• DIPIRO, J. T. et al. Pharmacotherapy: a pathophysiologic approach 10 ed, 2017.
• GOODMAN & GILMAN. Manual de farmacologia e terapêutica. BRUNTON, L. L. et al
(Edt.). Porto Alegre: AMGH, 2010.