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agressivas
O desenvolvimento de condutas agressivas ao longo da infância e
adolescência tem sido alvo de inúmeros estudos que pretendem
responder, basicamente, questões referentes à origem e à manutenção
da agressividade durante o percurso da vida.
• O comportamento agressivo é próprio da espécie humana e apresenta
múltiplas configurações.
• Ele pode ser expresso pela via motora, através de movimentos de ataque
ou fuga; pela via emocional, com a experimentação de sentimentos de
raiva e ódio; pela via somática, como a apresentação de taquicardia, rosto
ruborizado, além das demais reações autonômicas; pela via cognitiva,
através de crenças de conquistas sem que importem os meios, planos de
ação que envolvem a manipulação do meio; e finalmente, a via verbal, da
qual o indivíduo vai utilizar-se do sentido das palavras para expressar
controle em relação aos outros (Fariz, Mias & Moura, 2005).
• Esta abordagem da agressão refere-se à agressão instrumental, ou
seja, aquela que apresenta uma função dentro do ambiente em que
está sendo utilizada. Isso significa que o indivíduo tenta obter o
controle de seu meio através de comportamentos agressivos, tais
como gritar, ameaçar, quebrar ou xingar (Fariz et al., 2005).
• Esse pode ser um dos motivos que explicaria o fato de muitos deles
tenderem a apontar os pares como causadores dos conflitos interpessoais
(Kendall, 1991).
• Um estudo de Gomide (2003) mostra, por exemplo, que estilos parentais que
envolvem um conjunto de práticas tais como a monitoria positiva e o incentivo da
empatia parecem ter relação com baixos índices de manifestações agressivas e
anti-sociais.
• ,
• Entende-se por monitoria positiva as condutas de pais que atentam para as
atividades, a localização e as formas de adaptação de seus filhos.
• Além disso, pais ditos negligentes, ou seja, aqueles que não são responsivos às
necessidades dos filhos, promovem reações negativas de agressividade pela
pobreza de apego na relação com eles (Gomide, 2003).
• O abuso físico flutua desde a punição corporal leve (instrumental) e a severa, e muitas
vezes, a punição leve avança para manifestações cada vez mais agressivas.
• A criança que é castigada por gritar pode passar a evitar falar, por exemplo, ou pode, ainda,
exacerbar o nível de seus gritos.
• As crianças que são punidas fisicamente podem também aprender, por modelação (imitação dos
modelos), a se comportar da mesma forma, repetindo esse tipo de comportamento todas as
vezes que necessitar obter o que ela deseja.
• Não se pode ignorar que, além dos fatores já apresentados, a escola e a relação com os pares podem facilitar
expressões de agressão.
• Algumas vezes, os docentes utilizam a punição em sala de aula e ela proporciona a esses profissionais um
resultado imediato de interrupção do comportamento da criança. Em contrapartida, a reação dos
professores pode fazer com que o aluno perceba uma continuação dos comportamentos agressivos na
família, o que contribui cada vez mais para sua exacerbação (Fariz et al., 2005).
• Também merece especial atenção a presença da mídia na formação dos comportamentos de crianças e
jovens. Em grande parte dos desenhos animados, a violência é mostrada como socialmente aceitável ou
como uma boa maneira de resolver problemas.
• Além disso, os comportamentos agressivos obtêm ganhos imediatos e só são punidos ao final do programa.
Desse modo, dificulta-se a distinção daqueles comportamentos que são eficazes para um bom
relacionamento social, facilitando a identificação das crianças com os “vilões” dos programas.
• Um estudo experimental Americano, expôs crianças escolhidas ao
acaso a desenhos de conteúdos violentos largamente exibidos na TV.
Quando comparadas a um grupo que não foi exposto aos mesmos
programas, as primeiras crianças tenderam a apresentar sete vezes
mais atos agressivos durante as brincadeiras.
• Além dos inúmeros fatores que foram até agora apresentados, existem diversos
tipos de situações que podem gerar crenças e estados emocionais que
predispõem às atitudes agressivas.
• Fariz et al. (2005) relatam várias dessas fontes de estresse: perda de um dos pais,
brigas entre eles, o nascimento de um irmão, solidão ou abandono da criança, ser
o último a conseguir algo, ser ridicularizado em classe, mudança de casa ou
escola, ir ao dentista ou ao hospital, ou, ainda, possuir alguma diferença
marcante.
•
Transtornos neuropsiquiátricos infanto-juvenis
e comportamento agressivo
• Talvez seja oportuno dizer que a maioria dos comportamentos agressivos ocorre
por razões muito afastadas da esfera dos transtornos psicológicos, como, por
exemplo, ganho material, status, vingança, etc.
• Alguns dados têm apontado que, na infância e na adolescência, a duração e a intensidade dos
episódios parecem ser peculiares: as fases não são claramente marcadas como no caso dos
adultos e, além disso, crianças e jovens tendem a apresentar fases hipomaníacas (com sintomas
de intensidade mais leve) de ciclagem rápida
• Outro estudo aponta, ainda, que as características consideradas atípicas nos adultos são comuns
em crianças.
• Nessa faixa de idade, costumam acontecer com mais freqüência episódios maníacos atípicos, com
a presença de comportamentos agressivos cíclicos: as crianças podem se auto-agredir e serem
agressivas com os demais, sendo freqüentes os relatos de crianças-modelo que, de maneira
súbita, tornaram-se extremamente agressivas.
• A agressividade parece estar aliada principalmente ao humor irritado, apresentando-se
como um estado explosivo.
• Como este tipo de humor se caracteriza como um dos sintomas mais comuns do TBH, o
comportamento agressivo poderá acontecer com freqüência.
• Sabe-se que nem todos os tipos de humor elevado configuram-se como positivos, mas
sim como estados mais agressivos e irritados (Lara, 2004). Por outro lado, o estado
depressivo é, de igual forma, marcado pela impaciência, irritabilidade e pela raiva, o que
predispõe o indivíduo a comportamentos agressivos (Basco & Rush, 1996).
• Além da agressividade, as crianças com TBH tendem a apresentar também extrema
variabilidade de humor, altos níveis de distração e fraco alcance da atenção (Kaplan et al.,
2003).
• Elas costumam comportar-se de forma hiperativa e a falar muito rápido e mais do que o
costume.
• Podem surgir também idéias fantasiosas e de grandeza como, por exemplo, a de possuir
poderes mágicos ou de certeza de que será bilionário (Carlson, 1990; Craney & Geller,
2003).
• Os comportamentos mais extravagantes e a hipersexualização são muito mais
evidentes na adolescência, enquanto a irritabilidade e a labilidade emocional
ocorrem mais freqüentemente em crianças abaixo dos nove anos.
• Desta forma, o comportamento agressivo que, na maioria das vezes, está aliado à
irritabilidade, também não pode ser considerado aspecto diferencial entre os dois
transtornos.
• Tropeçar nos companheiros que estão numa fila, por exemplo, pode se
apresentar como conseqüência da hiperatividade, o que se diferencia do
comportamento de empurrar esses companheiros para chegar primeiro.
• Essas crianças e adolescentes são impulsivos e pouco capazes de cooperar e dividir com
seus pares (Barkley, 2002), tornando-se pouco populares, rejeitados e isolados pelos
colegas, aumentando assim, a probabilidade de se engajarem em comportamentos anti-
sociais (Del Prette & Del Prette, 2005).
• Dessa forma, o comportamento agressivo parece não ser
característica essencial do TDAH, aparecendo muito mais em função
de comorbidades com Transtorno de Conduta e o Transtorno
Opositivo Desafiador.
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Comportamento agressivo e Transtornos de
Conduta
• O comportamento agressivo e as condutas anti-sociais costumam estar profundamente
relacionados. Para traçarmos tal relação é necessário definir o comportamento anti-social.
• Ao longo dos anos, as condutas anti-sociais receberam uma série de nomes, incluindo os de
delinqüência, comportamentos exteriorizados e problemas de comportamento.
• Deste modo, pode-se sugerir que uma criança que apresenta comportamentos agressivos,
tenderá, com maior probabilidade, a evoluir para práticas anti-sociais (Gross & Koch, 2005).
• É importante ressaltar que crianças e adolescentes podem apresentar
comportamentos agressivos, desafiadores e anti-sociais ao longo do
desenvolvimento considerado normal, especialmente em idades pré-
escolares e na adolescência.
• As condutas das crianças com TOD são menos severas do que aquelas
apresentadas no TC.
• Em geral, os aspectos do TOD estão presentes no TC, e não se faz o diagnóstico de TOD
se são satisfeitos os critérios para TC.
• Isso significa dizer que o Transtorno de Conduta é um quadro mais amplo e mais
complexo que o TOD (APA, 2002).
• Podem ser enumeradas várias 'condutas de risco' da parte dos pais, que podem
potenciar o desenvolvimento de padrões comportamentais agressivos nos filhos.
• Por esta razão, o grande desafio que se coloca aos pais na educação
dos filhos é ajudá-los a aprender a defenderem-se, mas sem
ultrapassarem determinados limites!