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Sessão 8
Sessão 8
2019.2
O que é a linguagem ?
A linguagem, em geral, e a linguagem dos textos
religiosos, especificamente, podem, sim, contribuir
para uma melhor compreensão, por parte do
estudante e do pesquisador do desenvolvimento
dos diferentes fenômenos religiosos, tendo como
pressuposto que a história das religiões se Algumas questões são colocadas:
enriquece também no dialogo com as fontes
escritas das tradições religiosas - as quais também
possuem uma história, que caminha ,por vezes, em
relação de influência mútua com a história social
das religiões.
ALPINE SKI HOUSE 5
1. INTRODUÇÃO
Hock (2010, p. 41-43), ao tratar das fontes escritas da Historia da Religião, coloca como
fontes primárias as "escrituras sagradas" e os "documentos histórico-religiosos". Estes
últimos incluem documentos que podem ser considerados oficiais dentro de uma
tradição, como certidões ou atas de batismo, textos jurídico-religiosos, textos pessoais de
fieis, como cartas, ou ainda, textos elaborados por autores externos a tradição referida,
como os registros dos colonizadores europeus em localidades da África, América e Ásia,
sobre as praticas religiosas das populações submetidas. São os primeiros, as "escrituras“
ou "textos sagrados“ que nos ocupam aqui. Estes, segundo o autor, podem ser divididos
em três subcategorias: primeira, segunda e terceira classe.
A diferenciação interna entre "escrituras sagradas" não e algo rígido nem tampouco
definitivo. Os exemplos elencados por Hock (2010) mostram como podem ser porosas as
classificações das escrituras religiosas. Essa diferenciação pode variar de acordo com a
tradição a qual o pesquisador ou estudante se dirige, e pode ser objeto de discussão
dentro de cada tradição ou comunidade religiosa; assim como sua definição e
redefiniçao esta sujeita as transformações históricas, sociais e epistêmicas.
Quais são os critérios que permitem reconhecer um texto, ou um conjunto de textos, como
"escrituras sagradas", ou "textos sagrados"?
Quais são os procedimentos que permitem a uma determinada tradição religiosa identificar
um conjunto de textos como canônicos, ou seja, referenciais, e, a partir daí, o que acontece a
esses textos?
Nogueira (2012), propõe uma compreensão da religião como texto, desde uma
abordagem semiótica, retoma a questão, apontando importantes
consequências para a atividade do cientista da religião. O autor apresenta uma
concepção de texto bastante distinta da compreensão usual nos estudos sobre
escrituras religiosas. Ha uma ampliação do conceito de texto, que tende a ser
visto em suas articulações sociais e históricas, e não de maneira isolada.
Um estudioso preocupado tão somente com tradições originárias, mais antigas, pode se
sentir pouco interessado no estudo da literatura apócrifa. Mas, para um cientista da religião
interessado em aumento de informação (diga-se, informação histórica da cultural), em
inserção de enredos, temas, personagens, em narrativas que traduzem os textos bíblicos do
passado para novas gerações (no caso, do Novo Testamento), os apócrifos se tornarão
imprescindíveis para o estudo do próprio Novo Testamento (NOGUEIRA, 2012, p. 26).
Quais são os processos que levam uma tradição religiosa a elaborar de um cânone?
Vasconcellos aponta mais uma importante tarefa que o trabalho com as escrituras religiosas
apresenta ao cientista da religião. Trata-se de elucidar a gênese desses processos por meio dos
quais os textos são unificados e estabelecidos, trazendo a tona disputas de poder e conflitos
muitas vezes negligenciados ou esquecidos, em favor da unidade do grupo religioso. A partir daí
considera que, tão importante quanto conhecer os processos por meio dos quais as tradições
religiosas estabelecem seus cânones, e "estabelecer os processos sócio históricos e culturais que
interferiram na configuração dos textos, desde as dinâmicas da transmissão oral ate o papel dos
redatores 'finais' (VASCONCELLOS, 2012, p. 145). No decorrer da Modernidade, as escrituras
judaicas e cristas foram submetidas a analises rigorosas sob seus diversos aspectos (literários,
textual, sociais, históricos, etc.), mediante um procedimento exegético que ficou conhecido como
"método histórico-crítico".
- auxiliar a compreender a Bíblia como expressão de fé, mas também como produto das condições
históricas de sua elaboração.
5. 1. O Alcorão
5. 1. O Alcorão
5. 1. O Alcorão
Essas duas tendências interpretativas continuam a ser referencias importantes para
milhões de muçulmanos até o presente. Um aspecto importante a ressaltar e a maneira
como a revelação no Islã e pensada como continuidade das revelações feitas a judeus e
cristãos. Aspecto que pode colaborar não para uma visão homogeneizante, que tenda a
apagar equivocadamente as diferenças entre cada religião (e mesmo a diversidade
presente nas interpretações de uma mesma religião), mas para uma leitura sensível aos
pontos de contato, e, portanto, as possibilidades de diálogo entre as diferentes tradições
religiosas.