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2.

009 – DIREITO CIVIL

CONTRATOS EM
ESPÉCIE

Aula 01
2.009 – DIREITO CIVIL
CONTRATOS EM ESPÉCIE

 No semestre passado estudamos a teoria geral


dos contratos. Neste semestre conheceremos
os principais contratos dentre os vinte e três
previstos no nosso Código, entre os arts. 481 e
853.

 A última parte do curso vai tratar dos atos


unilaterais, pois já sabemos que todo contrato é
sempre bilateral quanto às partes.
Unificação da
compra e venda civil e mercantil
 O Código Civil de 2002 revogou a primeira parte do Código Comercial
(CC, art. 2.045), eliminando as distinções legais entre os contratos de
compra e venda civil e de compra e venda mercantil.

 Em realidade, o novo diploma unificou as obrigações civis e mercantis,


de acordo com o modelo das primeiras, trazendo para o seu bojo a
matéria constante do diploma mercantilista, procedendo, desse modo, a
uma unificação parcial do direito privado.

 MIGUEL REALE comenta, a propósito, que o objetivo visado não foi


estabelecer a unidade do direito privado. O que na realidade se fez "foi
consolidar e aperfeiçoar o que já estava sendo seguido no País, que era
a unidade do Direito das Obrigações. Como o Código Comercial de 1850
se tornara completamente superado, não havia mais questões
comerciais resolvidas à luz do Código de Comércio, mas sim em função
do Código Civil. “
Unificação da
compra e venda civil e mercantil
 Na realidade, embora os contratos de compra e venda civil e de
compra e venda mercantil tenham finalidades distintas (os
primeiros destinam-se ao consumo final dos particulares, e os
últimos, à revenda), são ontologicamente iguais. Assinala GINO
GORLA que a vantagem de considerar o instituto da compra e
venda unitariamente é de si evidente, pois, "estruturalmente,
ambos os contratos são a mesma coisa: a diversidade de
disciplina em pontos particulares é um reflexo da diversidade de
função econômica, embora esta por vezes inexista'".

 O Código Civil de 2002, ao destacar, em vários de seus


dispositivos, a primazia conferida ao comprador, mesmo que o
negócio não envolva relação de consumo, é conseqüência da
adoção da socialidade, um de seus princípios informativos, com
ênfase para a função social do contrato (art. 421), para o
princípio da boa-fé objetiva (art. 422) e para o equilíbrio das
posições contratuais e das prestações (arts. 423, 424 e 478).
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 A partir de hoje estudaremos os contratos


nominados e típicos porque têm nome e
previsão na lei, mas vocês já sabem que não
são os únicos, são apenas os mais importantes
(425).

 Contrato de compra e venda:     


 Conceito: contrato em que uma das partes se
obriga a transferir a outra o domínio de uma
coisa mediante o pagamento convencionado de
certo preço em dinheiro (art. 481).
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 1 – Compra e venda: este é o primeiro e principal contrato que nós


vamos estudar. A CeV tem origem na troca pois o homem primitivo
não conhecia o dinheiro, então trocavam coisas entre si.

 A inconveniência das mercadorias terem valores diferentes e a


necessidade de dar troco, fez surgir o dinheiro e o contrato de
CeV. Assim, ao invés de se trocar coisa por coisa, passou a se
trocar coisa por dinheiro.

 Este é o conceito mais simples de CeV: é a troca de coisa por


dinheiro. A CeV nasceu da troca e a substituiu pois a troca hoje é
contrato raro.

 Para os consumistas fica o consolo: sempre que estiverem


desolados porque gastaram mais do que podiam, lembrem-se que
vocês não compraram nada, apenas trocaram...
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 Conceito: contrato em que uma das partes se obriga a transferir a outra o


domínio de uma coisa mediante o pagamento convencionado de certo preço
em dinheiro (art. 481).

 Neste conceito destaquem de imediato a expressão “se obriga”, oriunda do


Direito Romano e Alemão pois a CeV, como todo contrato, gera obrigação.

 A CeV não transfere o domínio (= propriedade), e sim obriga o vendedor a


transferir o domínio da coisa, se ele não o fizer será cabível as perdas e danos
do 389, com as exceções já conhecidas do 475.

 Observem que o art. 481 prescreve que a CeV não transfere o domínio, mas
obriga o vendedor a transferir. E o que é que vai transferir o domínio da coisa
adquirida?

 Se a coisa for móvel, é a tradição = entrega efetiva da coisa prevista nos arts.
1226 e 1267.
 E se a coisa for imóvel a propriedade se adquire pelo registro em Cartório,
conforme art. 1227. Registro e tradição são assuntos de Direitos Reais, mas que
vocês já podem ir se familiarizando.
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 Por que se exige a tradição e o registro?

 Porque a propriedade é um direito tão importante na


nossa vida, que para transferi-la não basta o contrato, é
necessário um gesto a mais/uma confirmação, que é a
tradição para os móveis e o registro para os imóveis.

 O nosso Direito entende que o contrato é um caminho


para se adquirir a propriedade, mas não é o único, pois
a usucapião (Civil 4) e a herança (Civil 7) também
conduzem à propriedade.
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 Observação: os automóveis são bens móveis


então se transferem pela tradição.

 O registro no DETRAN é importante para fins


administrativos, não para fins civis, assim
quando você vende um carro ele deixa de ser
seu quando você entrega o carro ao comprador,
mas é prudente comunicar ao DETRAN para
não ficar recebendo multas e infrações em seu
nome e toda vez ter que ficar provando que já
alienou o veículo.
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 Antes da tradição ou do registro a coisa pertence ao


vendedor (492), de modo que se você compra uma
geladeira a vista e vai aguardar em casa que a loja
entregue, porém o caminhão é roubado, o prejuízo será
da loja que vai ter que lhe entregar outra geladeira;
todavia, se você compra um celular a prazo, sai com o
aparelho da loja e você é roubado, o prejuízo será seu e
você terá que pagar as prestações.

 Tudo isso é conseqüência do princípio res perit domino


( = a coisa perece para o dono).
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 Elementos da CeV são três:

 a) a coisa: é o objeto da obrigação de dar do vendedor;


tal coisa em geral é corpórea, ocupa lugar no espaço, é
tangível; mas pode também ser incorpórea como a
propriedade intelectual, os direitos do autor e o fundo de
comércio.
 Esta coisa em geral está presente, mas pode ser futura,
como já vimos nos contratos aleatórios (483: emptio
spei e emptio rei speratae dos arts. 458 e 459).  Só as
coisas úteis e raras são apropriáveis, então não são
vendidas coisas inúteis (ex: folhas), abundantes (ex:
água do mar, o ar que se respira) e inalienáveis (ex:
bens públicos, 99 e 100; bens herdados com cláusula
de inalienabilidade, 1911).
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 b) o preço: é objeto da obrigação de dar do comprador; o preço


geralmente é em dinheiro ( = pecúnia, que deriva de pecus =
cabeça de gado, que era uma moeda primitiva), mas pode ser em
título de crédito (ex: cheque). 
 O preço precisa ser combinado pelas partes, afinal todo contrato é
consensual, não se admitindo uma CeV tipo “o comprador pagará
o que quiser” (489). Admite-se que um terceiro fixe o  preço,
mediante arbitramento (485, depois vejam um artigo sobre
Arbitragem no site).
 Finalmente, o preço pode também ser fixado pelo mercado (486 e
487).  
 Em geral, o comprador primeiro dá o preço para depois exigir a
coisa (491). 
 Além do preço, a CeV gera outras despesas relativas a transporte
da coisa móvel ou registro da coisa imóvel, despesas que devem
ser pagas conforme acerto entre as partes (490).
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 c) o consenso: é o terceiro elemento da CeV e


de todo contrato, que sempre exige acordo de
vontades e mútuo consentimento sobre o preço,
o objeto e os demais detalhes do negócio.

 Não esqueçam que na compra e venda de


imóveis tal consenso exige a solenidade da
escritura pública (108).

 No art. 482 encontramos os três elementos da


CeV: acordo, objeto e preço.  
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 Art. 482. A compra e venda, quando pura,


considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde
que as partes acordarem no objeto e no
preço.
Material de apoio do Prof. Venosa.

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