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Memorial do Convento (1982)

Personagens
A «Trindade Terrestre»

BALTASAR BLIMUNDA

AJUDADA PELO PODER DA ARTE

PADRE QUARTO ELEMENTO


BARTOLOMEU 
A música de
Domenico Scarlatti
«[…] é portanto a vontade dos homens
que segura as estrelas, é a vontade dos
homens que Deus respira […].»
Baltasar, Blimunda e o Padre Bartolomeu de Gusmão
(interpretados pelos atores Sérgio Moura Afonso, Rita Fernandes e
Rogério Jacques). Fotografia de André Rabaça.
BALTASAR MATEUS,
O SETE-SÓIS  Perdeu a mão esquerda
desempenha vários na guerra (é um dos que vieram
papéis na narrativa: «aleijado[s] para sempre»)
Ex-soldado  Ele e Blimunda são o casal

protagonista de Memorial do
Açougueiro
 Convento
Construtor da Passarola  É humilde e terno
(sonho do Padre
«Decidiu Blimunda que
Bartolomeu de Lourenço)
deixaria a casa para estar
+
onde estivesse Sete-Sóis»
Operário na construção do
Convento de Mafra É com Blimunda que
Continuar este sonho ele vive, ama e sonha
determina a sua morte
«Naquele extremo arde um homem construção da
a quem falta a mão esquerda» Passarola
BLIMUNDA DE JESUS
 Filha de uma mulher acusada
– SETE-LUAS de blasfémia e heresia

 Tem o dom de ver o interior


A sua união com das pessoas
Baltasar representa o
amor ideal, abençoado
pelo Padre Bartolomeu
FIGURA MISTERIOSA

«Tu és Sete-Sóis porque vês SABEDORIA/ESPIRITUALIDADE
às claras, tu serás Sete-Luas
porque vês às escuras» Com o seu dom, irá recolher
as vontades que permitirão
(Padre Bartolomeu) concretizar o sonho de fazer
voar a passarola.
«Aceitas para a tua boca a
colher de que se serviu a boca
deste homem, fazendo seu o que
era teu, agora, tornando a ser teu
o que foi dele, e tantas vezes que
se perca o sentido do teu e do meu,
e como Blimunda já tinha dito que
sim antes de perguntada, Então
declaro-vos casados.»

Cartografia da Lua por Johannes Hevelius


(1647)
PADRE BARTOLOMEU independente no seu pensamento
LOURENÇO DE GUSMÃO 
distancia-se da mentalidade da
 sua época, quando se aproxima
O VOADOR da mãe de Blimunda, para poder
concretizar o seu sonho
Personagem criada a partir de POSTURA ANTIDOGMÁTICA
 VALORIZA O
uma figura real – um padre CONHECIMENTO CIENTÍFICO
nascido no Brasil, por volta de
1685, que teve a proteção do rei O SEU SONHO ERA VOAR
D. João V em relação ao projeto
da passarola DEPOIS DE PERSEGUIDO PELA
INQUISIÇÃO, ENLOUQUECE E
MORRE EM TOLEDO
Passarola de Bartolomeu de Gusmão –
Arquivo da Torre do Tombo.

Bartolomeu de Gusmão apresenta


os seus modelos à corte de D. João (pormenor).
Pintura de Bernardino de Souza Pereira.
DOMENICO SCARLATTI

MÚSICO LIGADO AO PODER LIGADO AO CONTRAPODER
 
dá aulas à filha dos reis Revela liberdade de espírito
e associa-se a personagens
que levantam suspeitas
A sua ajuda na junto da Inquisição
construção da passarola
representa o poder da
arte na concretização Liga-se à TRINDADE
dos sonhos do Homem TERRENA, ajudando
Blimunda a recuperar
ARTE SONHO depois de esta ter
recolhido as vontades

Scarlatti ensinando a princesa Bárbara.


Pintura de Gaspare Traversi (século XVIII).
OBJETIVO DA TRINDADE TERRESTRE

O SONHO = CONSTRUÇÃO DA PASSAROLA

FORÇA FORÇA
BALTASAR BLIMUNDA
FÍSICA ESPIRITUAL

PADRE
BARTOLOMEU

CONHECIMENTO ALIADO AO PODER DA ARTE


(MÚSICA DE SCARLATTI)
D. JOÃO V

PERSONAGENS
ASSOCIADAS
AO PODER

D. MARIA ANA JOSEFA

PODER REAL ABSOLUTISTA



AMBIENTE FAUSTOSO

INDIFERENTE AO POVO E ÀS SUAS
CONDIÇÕES MISERÁVEIS DE VIDA A corte de D. João V (pormenor de uma
pintura de Bernardino de Souza Pereira).
Construir em Mafra um
D. JOÃO V Convento de Franciscanos, se
a rainha lhe desse um filho
O seu fanatismo religioso e a sua
megalomania vão influenciar a
vida de todos os que trabalharão
para cumprir a promessa real

Amante dos prazeres da


vida, é infiel à rainha
Assiste com prazer aos 
autos de fé; fará tudo «abundam no reino
para cumprir a sua bastardos da real semente»
promessa

ASPETOS POSITIVOS DO SEU RETRATO


Considera construir
 D. João V.
uma réplica da
- REVELA INTERESSE PELAS ARTES Pintura de Jean Ranc (1729).
Basílica de São Pedro
- RECETIVO AO PROGRESSO CIENTÍFICO
D. MARIA ANA JOSEFA
Profundamente infeliz no seu
Tornou-se rainha de Portugal
casamento, encontra no
ao casar com D. João V
sonho uma oportunidade de
evasão
REPRESENTA A CONDIÇÃO 
FEMININA (ARISTOCRÁTICA) Sonha com o cunhado
NO SÉCULO XVIII

• PASSIVA
• SUBMISSA «VASO DE RECEBER»
• SEM VOZ
• DEVOTA

A missão de D. Maria é
«dar infantes à coroa
Desembarque da Rainha D. Maria Ana de Áustria portuguesa»
em Lisboa (1708) – gravura alemã, século XVIII.
BALTASAR E BLIMUNDA D. JOÃO V E D. MARIA ANA

Desafio às normas e convenções Obediência às convenções da


da época época

Entrega mútua, com ternura e Conceção da mulher como um


cumplicidade instrumento («vaso de receber»)

Sexualidade associada ao prazer e Sexualidade associada ao fim de


ao erotismo procriar

Igualdade e respeito Desigualdade; desequilíbrio

AMOR PURO RELAÇÃO GERADORA


E VERDADEIRO DE INFELICIDADE
O POVO
Na perspetiva do narrador, o
povo é, quase sempre, o
O povo é o verdadeiro responsável pela responsável pelos grandes
construção do Convento de Mafra feitos que constituem a
 História de um país.
O seu sofrimento permite que
D. João V cumpra a sua promessa e
satisfaça a sua vaidade
«[…] já que não podemos falar-lhes das
vidas, por tantas serem, ao menos deixemos
Correção de um determinado os nomes escritos, é essa a nossa obrigação,
modo de contar a História das só para isso escrevemos, torná-los imortais,
nações e dos povos pois aí ficam, se de nós depende […]»

POVO
 ESCREVER = IMORTALIZAR OS QUE A
HERÓI EM HISTÓRIA OFICIAL ESQUECEU
MEMORIAL DO CONVENTO
HOMENS DO POVO = COISAS

«COMO OS TIJOLOS»

«Juntam-se os homens que entraram hoje,


dormem onde calhar, amanhã serão escolhidos.
Como os tijolos. Os que não prestarem, se foi de
tijolos a carga, ficam por aí, acabarão por servir
a obras de menos calado, não faltará quem os
aproveite, mas, se foram homens, mandam-nos
embora, em hora boa ou hora má, Não serves,
volta para a tua terra, […].»

Velha fritando ovos, 1618.


Diego Velázquez.
O POVO

IGNORANTE As suas condições de vida


contrastam com o luxo e a
opulência da nobreza e do clero
ANALFABETO
ALVO
MISERÁVEL
DA INDIFERENÇA
INJUSTIÇADO DE QUEM TEM
O PODER Contraste/divisão social  alvo da
OPRIMIDO ironia e do olhar crítico do narrador

RUDE «[…] os reis são assim, têm uma


honra maior que a dos outros homens,
VIOLENTO nota-se logo pela coroa.»

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