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&

LINGUAGENS

Jornalismo Contemporâneo e Digital


Apuração e Agência de Checagem de Fatos
por Katia Perez
Textos Interpretativos
 Reportagens
• jornalismo investigativo ou grandes
reportagens
• seguir os dados, cruzá-los e interpretá-los
• fontes humanas é uma das técnicas para
confirmação das informações levantadas em
bancos de dados ou documentos oficiais.

As especificidades da apuração no processo de produção da reportagem


Paula Melani Rocha & Mariana Galvão Noronha
Universidade Estadual de Ponta Grossa
 o jornalismo diário (noticiário) limita-se às
informações e dados repassados pelas
fontes humanas (oficiais, especialistas, AIs)
 reportagens investigativas têm
profundidade e complexidade
 assuntos pautados precisam de apuração
que cruza as informações para não ficar
superficial, rasa, incompleta
 a informação incorreta causa danos
irreparáveis aos envolvidos
(p. 40-41)
https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2020/01/25/morre-aos-84-
anos-ibsen-pinheiro-ex-presidente-da-camara-dos-deputados.ghtml
Boa investigação
 Demorada ( da rapidez do dia a dia)
 Levantamento e leitura de documentos,
dados, estatísticas, legislações e códigos
 realização de entrevistas, não apenas a
fontes oficiais  pluralidade de fontes
 Informação vêm do cruzamento de fontes e
documentos (e seu confronto)
 Dados estatísticos escondem tratamentos
técnicos e avaliações que passam
despercebidos pelos leigos
Moldes de reportagem investigativa:
 protagonismo do repórter na descoberta de um fato
e informações até então não divulgados (pauta)
 pauta é resultado do trabalho de investigação do
repórter e não de outra instituição, como Ministério
Público ou Polícia Federal
 Escavar tema até então submerso
 Seleção de fontes que irão ajudar a construir a
matéria a partir da pauta: primárias e secundárias,
empresariais ou especialistas (pluralidade)
 critérios de noticiabilidade que determinam a
cobertura (ajudam a dar o foco na matéria)
 uso d e infográficos, imagens, reconstruções
(informação visual)
http://apublica.o
rg/2014/04/em-g
uerra-contra-a-n
estle/
 Reportagens são extensas, variando entre
11 mil e 55 mil caracteres. O tamanho dos
textos representa um aumento
proporcional no número de fontes

 “Em Guerra Contra a Nestlé”


15 fontes
28 mil caracteres;
Marina Almeida, jornalista que fez a reportagem "Em
guerra contra a Nestlé” fez cerca de 30 entrevistas e
descartou as com:
 moradores e frequentadores do parque que não
acompanhavam a questão das águas, “as entrevistas
não acrescentaram muito – alguns concordavam que
o parque já foi melhor, outros não sabiam responder,
não tinham notado... ".
 vereador e de um funcionário da secretaria de
Turismo, "porque não acrescentavam nada às
outras entrevistas citadas na matéria. O critério
foi esse: o que as entrevistas tinham a
acrescentar à discussão".

Alzira Maria Fernandes,


da associação Amar’Água
 Procedimentos de apuração: levantamento e
análise documental, fontes secundárias, fontes
primárias, entrevistas, observação in loco,
cruzamento e interpretação de dados e
checagem e rechecagem sobretudo das
questões mais técnicas.

Na casa de Marília Noronha,


no entanto, o clima pacato do
município de 12 mil
habitantes dá lugar a
discussões indignadas sobre
os recursos naturais da
região.
A apuração:

“primeiramente li as notícias que encontrei sobre as


águas de São Lourenço, uma tese sobre o movimento
de 2000 que também dava um bom histórico da região e
das discussões sobre a superexploração e fiz algumas
pré entrevistas por telefone. [...] passei uma semana na
cidade entrevistando os moradores, políticos, Ministério
Público, entre outros. Visitei o parque algumas vezes e
tinha conseguido agendar uma visita guiada à fábrica,
que foi desmarcada. Também fui à cidade de
Cambuquira que tem um grupo forte de defesa das
águas. Já em São Paulo fiz outras entrevistas por
telefone, com o movimento de Caxambu que não pôde
me receber em novembro, deputado mineiro, Ministério
Público da área cultural de Minas, que fica em BH, entre
outros.” ()
A apuração:

() “Tentei por diversas vezes uma entrevista com o


DNPM nacional, sem sucesso, mas levantei alguns
dados por meio da lei de acesso à informação e falei
com um funcionário do CPRM mineiro, por telefone.
Nessa fase, analisei vários documentos dos processos,
atas de reuniões, teses, estudos sobre as águas da
região etc. Entrevistei pesquisadores sobre
hidrogeologia, formação da água mineral, etc. Para
entender e traduzir melhor alguns termos técnicos utilizei
alguns manuais, como o Manual de Construção de
Poços Tubulares. Depois de todo esse processo, redigi a
matéria.”
 processo importante no jornalismo
investigativo é a rechecagem das informações,
mesmo que elas não pareçam imprecisas ou
inconsistentes.

 saber filtrar as informações que realmente


correspondem à pauta investigada e não se
perder no processo de investigação.
Setor fotográfico dos jornais,
com a digitalização, evoluiu...
 Imagem captada não
precisa mais de papéis
fotográficos ou filme
 Escolha de material é feita
no próprio computador
 Ser preciso, é enviada em
tempo real

O mesmo aconteceu nas


demais áreas do jornal.
Agilidade
 explosão tecnológica
criou uma nova
tendência: a constante
preocupação dos
grandes jornais com a
dinâmica da informação
 Tempo real
 Alterações no ‘fazer’
jornalístico
Mudanças nas redações
• Chegada de sistemas eletrônicos nas redações
afetou o trabalho dos jornalistas (repórteres e
editores)
• Exemplo: programas de paginação
• O repórter escreve seu texto, edita, insere os
títulos e legendas, calcular o ‘tamanho’ do
texto e passa diretamente ao layout da página
• Editores passam a ter um papel mais
abrangente
Principais tarefas do editor
• preparar textos;
• zelar pela presença de versões e pontos
de vista diferentes nas matérias;
• cumprir os cronogramas de fluxo;
• garantir a informação mais completa e
recente ao leitor;
• seguir a linha editorial do jornal
O editor e a editoração:
• cuidar do layout;
• assegurar a harmonia estética das páginas;
• buscar na arte novas formas de apresentar
a informação;
• aproximar a linguagem do impresso à das
publicações digitais (complementares);
• informação atraente e adequada aos seus
públicos
Imagens
• Não são apenas ilustrativos,
mas informativos e opinativos
 Fotos
 Charges
 Caricaturas
 Infográficos
1941
• Imagens convidam o
leitor a ler - ou não - a
matéria
• Nossa atualidade é
carregada de apelos
visuais, tornando
essencial o uso de
imagens (bem como os
cuidados, a
preocupação com ética,
o compromisso com a
informação, o projeto
editorial/gráfico...)
Prêmio ÑH, da Society For News Design (SND), concedido aos melhores trabalhos gráficos em impressos e websites na Espanha, Portugal e AL.
Tal “enredamento” prevê que

 editar é estabelecer uma ligação entre a informação


e o público
 cuidados desde a concepção dos textos à sua
colocação na página
 atividades de design e edição são dependentes
 jornalistas precisam desenvolver um pensamento
visual
 avaliar potencialidades e estratégias narrativas que
aprimorem a apresentação das notícias
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Eb2Xxt5iBjs
O dia a dia com...
• a utilização dos diferentes softwares que atualmente
viabilizam as rotinas produtivas;
• as tensões entre os âmbitos editorial, comercial e
institucional;
• as dificuldades de desenvolvimento de ferramentas
compatíveis com estruturas e processos que estão
em constante transformação;
• a desestabilização de uma cultura profissional diante
do enfrentamento de significativas alterações em
práticas consolidadas no campo jornalístico;
• a demanda empresarial pela produtividade e
iniciativa dos funcionários (empreendedorismo)
... geram

• Um ambiente de trabalho que exige produção


constante, intensiva e atenta às diferentes demandas
• insegurança sobre as perspectivas de desempenho
profissional futuro
• competitividade entre colegas
• turnos estendidos de atividades vinculadas à
empresa
“O ‘jornalista de computador’, que nunca
sai das ‘redações multimídias’ para fazer
apurações, perde contato com a
realidade. Esta [a realidade] só está
‘presente’ por intermédio de telas.”

WOLTON, Dominique. Informar não é comunicar. Porto Alegre: Sulina , 2011


https://tab.uol.com.br/videos/?id=tab-faz-5-anos-e-mostra-trajetoria-de-jornalismo-profundo-e-multimidia-04028D9A3668C4B96326
POD

CAST
Netflix de áudios S
• Pauta, apuração entrevistas (gravadas ou ao vivo)
• Roteiro
• Produção
• Ouça podcasts
• Um episódio simples, baseado em noticiário
factual, com poucas entrevistas e duração de cerca
de 15 minutos toma cerca de 8 horas de trabalho
de produção, entrevistas, roteiro e gravação + 4
horas de edição de som + 1 hora para checagem
da versão final, correções e publicação do
episódio, que deve ser feita pelo podcaster.
https://piaui.folha.uol.com.br/quatro-em-cada-dez-internautas-ja-ouviram-podcast-no-brasil/
https://www.voltdata.info/conteudo/2019/estatsticas-de-podcasts
ABPod - Associação Brasileira de Podcasters http://abpod.com.br/podpesquisa/
ABPod - Associação Brasileira de Podcasters http://abpod.com.br/podpesquisa/
Folha
HQs
Joe Sacco
 percebeu que a linguagem das HQs também era adequada
para contar histórias de conflitos, como sua preocupação
como a questão entre palestinos e israelenses
 no início (anos 1990), editores não viam com seriedade
essas grandes reportagens. Porém suas coberturas de
grandes conflitos se tornaram mundialmente famosas.
 defende que a linguagem
permite ao leitor entender
o contexto dos
acontecimentos,
mergulhar naquela
realidade, ver o rosto das
pessoas e andar pelas ruas
“tinha muito interesse pelas
questões do Oriente Médio.
Queria desenvolver um projeto
que unisse esse interesse e
minha paixão pelos quadrinhos.
Tinha estudado jornalismo para
entrevistar e conhecer pessoas
e não queria desistir disso,
então não demorei em planejar
minhas viagens e começar este
projeto.”
processo de apuração em campo
Ajo como qualquer outro jornalista:
tomo notas, falo com as pessoas,
faço entrevistas. Mas quando
entrevisto as pessoas e quero
apurar algo que já aconteceu, não
pergunto “o que aconteceu com
você?”,  faço perguntas que
envolvam o visual, que me ajudem
a desenhar depois. Se falam de um
campo, pergunto o que há nesse
campo, como era, do que se
lembram.
Também tiro muitas fotografias como
referência. [...] Faço também
pesquisa em livros [...] passeio por
lugares históricos.
 interpretação na reportagem em quadrinhos
Desenho não pode ser nada além de
interpretação. Pode ser uma
interpretação com informação, mas o
leitor só pode conhecer aquela
história através dos olhos de quem
desenha. Até fotografia é
interpretação: você escolhe o que vai
registrar ou não, faz um recorte,
escolhe ângulo, tema. Mas desenho é
ainda mais interpretação porque
você está deliberadamente
montando tudo da maneira que você
quer. A linguagem dos quadrinhos
não é literal, é interpretativa.
Eisner Award em 2001
American Book Award em 1996

https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/joe-sacco-criador-do-jornalismo-em-quadrinhos-fala-sobre-co
mo-escolheu-sua-carreira/
“Leaving North Korea”
Erik Thurman
1º de Março de 2017
sobre pessoas que
deixam a Coréia do
Norte, andando por 4
quilômetros de campo
minado e Zona
Desmilitarizada até um
posto militar na Coréia
do Sul.
“constituirá de pleno direito uma narrativa, não mais regida
pelo imaginário, como na literatura de ficção, mas pela
realidade factual do dia-a-dia, pelos pontos rítmicos do
cotidiano [...] discursivamente trabalhados. [A
reportagem] é uma extensão da notícia e, por excelência,
a forma-narrativa do veículo impresso” (SODRÉ e
FERRARI, 1986, p. 11). Além dessa descrição das bases da
reportagem, Sodré e Ferrari também fazem uma rápida
lista das suas principais características. Estas são “a)
predominância da forma narrativa, b) humanização do
relato, c) texto de natureza impressionista, d)
objetividade dos fatos narrados.”
Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari
Mauricio Xavier Silva http
://www2.eca.usp.br/jornadas/anais/4asjornadas/q_l_generos/mauricio_xavier_silva.pdf
https://parquedasluzes.com/
https://ceciliamarins.m
yportfolio.com/hq-parq
ue-das-luzes
https://vejasp.abril.com
.br/cultura-lazer/report
agem-em-quadrinhos-c
onta-a-historia-da-pros
tituicao-no-parque-da-l
uz/
https://apublica.org/hq/

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