Você está na página 1de 12

Desenvolvimento

Humano 2
Atuação do psicólogo com idosos:
abordagens psicológicas
Prof. Ms. Wilson Nascimento Almeida
Junior
O processo de envelhecimento e a heterogeneidade da velhice têm se
constituído em um dos temas desafiadores à Psicologia enquanto “ciência do
comportamento e dos fenômenos mentais”, principalmente após a segunda
metade do século XX.
As várias subdisciplinas básicas e aplicadas da Psicologia, tais como a
Psicologia do Desenvolvimento, a Psicologia Social, a Psicologia Clínica e a
Psicologia do Trabalho e das Organizações, ainda estão em processo de
revisão, ampliação e modificação de paradigmas, metodologias de pesquisa e
formas de atuação para responder a esse objeto de conhecimento e
intervenção.

Psicologia e
Envelhecimento
A Psicanálise e a
compreensão do
envelhecimento.

A Psicanálise em seus primórdios não tratou


com maior profundidade a velhice, em parte,
pelo próprio Freud não ter se dedicado a
questão. A princípio devemos ter em conta
que a “velhice” à época de Freud não era
algo comum. Nesse período, 50 anos de
idade já era considerado “idoso”. Além de
Freud, outros grandes teóricos da
psicanálise como Melanie Klein e Donald
Winnicott, por exemplo, não se dedicaram a
desenvolver estudos específicos sobre a
velhice. A perspectiva freudiana da velhice
era marcadamente negativa, estando
associada à decrepitude progressiva.
A Psicanálise e a compreensão
Para Freud, especificamente, o seu método
do envelhecimento.
terapêutico não era possível de ser aplicado
em pessoas com mais idade. De forma
mais clara, o envelhecimento seria um
período de resistência e de posterior
capitulação aos limites que sem impõem à
satisfação da libido objetal. O
envelhecimento provocaria um abandono
progressivo do investimento no objeto.
Consequentemente ocorreria uma
regressão ao narcisismo primário que
levaria a libido às fases pré-genitais (fase
anal, principalmente) e o retorno ao
investimento no Eu.
Como resultado final a velhice resultaria na
diminuição das pulsões genitais (sexuais),
culminando na regressão pulsional e no
retorno do recalcado, provocando
perturbações na psique.
Sándor Ferenczi também possuía tal
teorização semelhante.
A Psicanálise e a compreensão
Dos discípulos de Freud, Karl
Abraham, foi um dos poucos que do envelhecimento
abordou a importância do tratamento
psicanalítico na “idade avançada”.
Em sua opinião, o prognóstico
dependeria mais a idade de quando se
instalou a neurose do que da idade real
do paciente.
Segundo Abraham, o analista deveria
possuir uma atitude mais ativa no
tratamento de pessoas idosas.
Para a Psicanálise, a questão do
envelhecimento estaria no narcisismo.
O processo de decadência física (a
perda da beleza, do vigor, e muitas
vezes da saúde) e a proximidade da
morte, provocariam um retraimento na
relação do sujeito com o mundo
externo.
A Psicanálise e a
compreensão do
envelhecimento.
A partir do momento em que o envelhecimento
passa a ocupar maior espaço na realidade social,
alguns teóricos começam a teorizar sobre o
envelhecimento. No Brasil destaco o trabalho de
Maria Tereza Maldonado e Alberto Godin ( 2004).
No texto, os autores trabalham com a
perspectiva de viver o envelhecimento da
maneira mais positiva possível, com forte base
na ideia de aprendizagem e aceitação.
Outro livro importante que dedica um texto a
temática do envelhecimento é o texto de Ceres
Alves de Araújo, Maria Aparecida Mello e Ana
Maria Galrão Rios (2011) que discutem a
resiliência no envelhecimento.
A terapia cognitivo-comportamental dentre
as abordagens psicológicas tem
demonstrado bons resultados no
Terapia Cognitivo-
atendimento das pessoas mais idosas
(BATISTONI, 2009, FREITAS e BARBOSA,
comportamental
2016).
Neste campo destaco o trabalho de Lobo
et.al. (2012) no tratamento da depressão e
ansiedade. Os autores trabalharam o uso do
Mini exame do estado mental e com
algumas escalas que avaliam depressão e
ansiedade seguidas de intervenções
pontuais como os grupos de psicoterapia.

BATISTONI, S.S.T. Contribuições da Psicologia do Envelhecimento


para as práticas clínicas com idosos . Psicologia em Pesquisa |
UFJF | 3(02) | 13-22 | julho-dezembro de 2009
Beatriz de Oliveira Meneguelo Lobo Marcelo Montagner Rigoli
Gabriela Sbardelloto Juciclara Rinaldi Irani de Lima Argimon
Christian Haag Kristensen. Terapia cognitivo ‑comportamental em
grupo para idosos com sintomas de ansiedade e depressão:
resultados preliminares. Psicologia: teoria e prática v. 14, n. 2, p.
116-125, 2012
FREITAS,E.R.;BARBOSA,A.J.G. Positive aspects in Cognitive-
Behavioral Group Therapy for elderly: a systematic review of the
literature Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2016, Volume XVIII no 2,
86-99
Psicoterapia Breve
com pessoas idosas
Embora as “ dificuldades” no atendimento psicanalítico de
pessoas idosas, técnicas com foco psicanalítico podem
auxiliar nesta fase da vida conforme demostrado no
trabalho de Altman, Yamamoto e Tardivo (2007).
Os autores demonstraram que as técnicas de psicoterapia
breve associadas a outros instrumentos facilitou o [...]
contato com novas alternativas ocupacionais, diminuindo
sua hostilidade com relação ao fato de depender dos
familiares.

Altman, M.; Yamamoto, k.; Tardivo, L.S.P. C. Psicoterapia


breve operacionalizada com pessoas idosas. Mudanças –
Psicologia da Saúde, 15 (2), Jul-Dez 2007, 135-144p
As contribuições da
Psicologia Social
É através do processo de socialização que o indivíduo adquire
padrões de comportamentos habituais e aceitáveis nos grupos
sociais nos quais está inserido. O processo de aprender a ser um
membro de determinada instituição social se inicia na infância e
perdura por toda a vida, e leva o indivíduo a atuar, sentir e
pensar de forma muito semelhante aos seus pares.
Cada sociedade, no seu tempo, tem sua cultura. Em algumas
sociedades antigas os velhos eram tidos como sábios e
conselheiros, como na cultura hebraica a.C, na qual a velhice era
considerada uma benção e os jovens advertidos quanto à
brevidade do vigor da juventude (Eclesiastes 11.10). Considera-
se que sociedades orientais cultivam representações positivas de
velhice. É possível compreender, então, que a concepção de
velhice está relacionada a cada sociedade e cultura, no seu
tempo na história. Portanto, a imagem negativa da velhice,
associada apenas às perdas e deterioração é uma construção
social contemporânea ocidental.
As contribuições da
Psicologia Social
Assim, a influência da cultura na sociedade é
muito forte na formação da personalidade ao
orientar seus motivos, atitudes e valores.
Pode-se, então, inferir que é desde a mais
tenra idade que se faz necessário o incentivo
à reflexão sobre o envelhecimento e a morte
em todas as esferas sociais, pois, embora
seja a família que ensine à criança as
prescrições sociais, não é ela o único fator e
agente que compõe o processo de
socialização.
Consideramos que, segundo a Psicologia
Social, a construção do “eu” - a
individualidade - se desenvolve através do
grupo em que o indivíduo vive, e que a
identidade social e a consciência de si
mesmo se constroem nessa interação entre
o indivíduo e o outro, nas suas relações
sociais. A identidade social se define quando
o indivíduo responde à questão “Quem sou
As contribuições da
Psicologia Social
Assi, a consciência de si mesmo é
desenvolvida a partir do
questionamento das razões históricas
da sociedade e do grupo a que o
indivíduo pertence, o que explica a sua
identidade social. A consciência de si
mesmo pode alterar a identidade social,
no entanto, não é um processo simples,
uma vez que os grupos são mantidos
por instituições sociais bem
aparelhadas para anular ou amenizar
os questionamentos que podem levar à
consciência de si mesmo
As contribuições da
Psicologia Social
É possível concluir, assim, que a Psicologia Social traz uma
concepção do homem que contribui no entendimento das
construções sociais e da relação indivíduo-sociedade e esse
entendimento pode servir como ferramenta para a
Gerontologia Social que atua nesse contexto de cristalização
e coerção no enfrentamento da resistência ao convite a uma
tomada de consciência.

JESUS, J.E.A. A contribuição da Psicologia Social para a


Gerontologia Social. REVISTA PORTAL de Divulgação, n.47,
Ano VI. Dez.Jan.Fev., 2015-2016, ISSN 2178-3454.
www.portaldoenvelhecimento.com/revista-nova

Você também pode gostar