Você está na página 1de 78

Abdome Agudo em

Crianças
P r o f. R e n a t o v a n W i l p e B a c h
Disciplina de Pediatria Clínica e
Cirúrgica
DEMED - UEPG
Abdome Agudo em Crianças

ABDOME AGUDO EM ESCOLARES


ABDOME AGUDO EM
ESCOLARES
SÍNDROMES INFLAMATÓRIAS
– Apendicite, pancreatite e SÍNDROMES
colecistite agudas
– Peritonite primária
– Diverticulite de Meckel
OBSTRUTIVAS:
– Síndrome inflamatória por – Por ascaridíase
ascaridíase
– Relacionada ao
conducto
ônfalo-
mesentérico
– Bridas
TRAUMA
TRAUMA:
– Maior causa de
morte de 0 a 18
anos
– Causas:
• Acidentes
domésticos
• Acidentes
automobilísticos
• Violência urbana
ATENDIMENTO AO TRAUMA:
– 1º Atendimento é essencial
• Déficit de políticas públicas de remoção dedicada no
Brasil
• Emergências lotadas, mal estruturadas
• Equipes de atendimento variáveis
• Pequeno nº de profissionais habilitados em ATLS/PALS

“Emergência é coisa de recém-formado”


ATENDIMENTO AO TRAUMA:

– Sequências do PALS
– Exames complementares
– Exame Físico:
• Hematócrito “da
• Diagnóstico Sindrômico
chegada”
• Diagnóstico Topográfico • TS ABO RH
• Diagnóstico Etiológico • Rx crânio, tórax, abdome
e quadril em todos
• US abdominal
• TC Abdome é
complementar ao US
ATENDIMENTO AO TRAUMA:
– Lavado Peritoneal:
• Rápido e seguro
• Contagem de hemáceas > 100000/mm3
• Obrigatório
– TCE
– Trauma ortopédico grave
– Instabilidade hemodinâmica idiopática
– Vísceras abdominais são as + atingidas por trauma
abdominal fechado

Hemotórax: sinal de alerta!!!


ROTURAS DE VÍSCERAS
OCAS
ROTURA DE ESTÔMAGO:
– PAF, FAB
– Atropelamentos com estômago cheio

ROTURA DE DUODENO E DELGADO:


– Duodeno RP
– Jejuno após o Treitz
– Íleo terminal
Lesões por desaceleração/esgarçamento

ROTURA DE CÓLON/RETO
ROTURA DE VÍSCERAS
SÓLIDAS
ROTURA DE BAÇO:
– É a víscera intraperitoneal
+afetada
– Sinais externos em HcE e
hipovolemia
– Rotura em 2 tempos
– Dx: US, TC, LP, laparotomia
exloradora
– 25% associado a trauma de
fígado, pâncreas ou rim

Conduta expectante:
SOMENTE COM
SEGURANÇA!!!

Autotransplante
ROTURA DE FÍGADO:
– + comum na criança q no
adulto
– Sinais externos em HcD,
hipovolemia e irritação
peritoneal
– Rotura em 2 tempos
– Dx: US, TC, LP, laparotomia
exloradora

Conduta expectante:
SOMENTE COM
SEGURANÇA!!!
Manobra de Pringle
ROTURA DE PÂNCREAS:
– Dor abdominal
secundária a trauma
epigástrico
– Irritação peritoneal
após 24-48 horas
– Dx: US, TC, dosagem
de amilase
– Tratamento clínico
preferencial
– Evolução p/
resolução,
pseudocisto ou ascite
TRAUMA RENAL:
– O Rim é a víscera +
afetada por traumas na
infância
• Proporcionalmente >
• + baixo
• Gerota, gordura,
musculatura e costelas
pouco desenvolvidas
– 10-20% dos traumas:
em rins doentes
– 25% dos traumas renais
E associados a trauma
esplênico
– 40% dor traumas renais
associados a outros
TRAUMA RENAL:
– Quadro Clínico: dor
lombar, posição
antiálgica e hematúria
– Hemoperitônio +
freqüente na infância
– DX: TC abdome
• US + EU: alternativa

– Tratamento conservador
em 80% dos casos
APENDICITE AGUDA
APENDICITE AGUDA:
– Principal causa de cirurgia abdominal na criança
– Deve sempre ser considerada
– Idade:
• + freqüente após 4a
• Incidência máxima: 8-12a
• 6% < 2a
APENDICITE AGUDA:
– Obstrução luminal  processo inflamatório
– Apendicite aguda catarral  irritação plexos submuoso e
mioentérico  dor epigástrica ou periumbilial 
desconforto e vômitos
– FASES:
• Fase edematosa
• Fase flegmonosa: processo atinge todas as camadas
• Fase gangrenosa: necrose e perfuração

Comprometimento do peritônio inicia-se na fase edematosa


e localiza a dor em FID
APENDICITE AGUDA:
– Quadro Clínico:
• Dor epigástrica ou periumbilical  FID
• Anorexia
• Náuseas e vômitos
• Febre alta é incomum (exceto quando já tem peritonite)
• Parada na eliminação de gases e fezes
• Diarréia

– Quadro clínico mal definido abaixo de 5 anos


APENDICITE AGUDA:
– Exame Físico:
• Movimentação cuidadosa
• Posição antiálgica
• Claudicação
• Dissociação axilo-retal
• Ausculta prévia à palpação
• Palpação abdominal:
– Mínima pressão
– Percussão delicada
– Descompressão dolorosa
não é tão eficiente
quanto no adulto
APENDICITE AGUDA:
– Diagnóstico:
• Hemograma
• EAS
• EXAMES DE IMAGEM
– Rx rotina abdome
agudo
– Ultrassonografia
abdominal
– TC abdome: casos
reservados
• Laparotomia ou
laparoscopia
exploradora
APENDICITE AGUDA:
– Diagnóstico Diferencial:
• GECA
• ITU
• Linfadenite mesentérica
• PNM lobo inferior
• Peritonite primária
• Anexite aguda
• Hepatite aguda
• Diverticulite de Meckel
• Anemia falciforme
• Colecistite aguda
APENDICITE AGUDA:
– Tratamento:
• Estabilização
hemodinâmica
• Repleção hídrica
• Antibiótico profilático e
terapêutico
• Apendicectomia clássica ou
videolaparoscópica
• Complicações:
– Íleo prolongado
– Abscessos
intraperitoneais e/ou
residuais
– Obstrução por bridas
Abdome agudo em crianças

ABDOME AGUDO EM LACTENTES


ABDOME AGUDO EM
LACTENTES
Predomínio das síndromes obstrutivas
– Afecções habitualmente diagnosticadas no RN:
• Pâncreas anular
• EHP
• Megacólon congênito
– 2º semestre: Invaginação intestinal
– Bridas congênitas
ESTENOSE HIPERTRÓFICA
DE PILORO
INCIDÊNCIA:
– 1 em 400 nascidos vivos (EUA)
– Ausente na China; rara nos negros
– 4 meninos : 1 menina
– Primogênito é + afetado
– Caráter hereditário já foi descrito
ETIOPATOGENIA:
– Desconhecida
– Desenvolve-se após o nascimento (2ª e 3ª semanas de vida)
– Associada a hipergastrinemia (causa ou conseqüência)
– Espessamento, edema e hipertrofia das fibras do piloro
– Nº de fibras é normal
– Distensão gástrica
– Gastrite freqüente
– Associação com hérnia de hiato e inguinal
QUADRO CLÍNICO:
– Sintomas iniciais na 2ª/3ª semanas de vida
– Vômitos não biliosos progressivos
• Freqüentes e em jato
• Alcalose, hipocalemia e hipocloremia

– HDA por laceração mucosa


– Desidratação, desnutrição progressiva
(adaptabilidade) e constipação intestinal
EXAME FÍSICO:
– Distensão abdominal
– Peristaltismo gástrico
visível (Sinal de
Kusmaull)
– Oliva Pilórica:
tumoração firme do
tamanho de uma
“azeitona”
DIAGNÓSTICO:
– Clínico: vômitos, oliva palpável, peristaltismo visível
– Rx simples de Abdome: bolha gástrica única ou
dupla
– Seriografia: canal pilórico alongado e estreitado
• Sinal do bico do seio (piloro estreito)
• Sinal do rabo de rato (piloro longo)
• Sinal do cogumelo (enchimento do duodeno)
• Sinal da meia-lua (piloro curvo)
DIAGNÓSTICO:
– US Abdominal:
sensibilidade e
especificidade
~100%
• Canal pilórico>
16mm
• Espessura
muscular > 2,5 cm
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
– Erro alimentar
– RGE
– Espasmo do piloro
– Hiperplasia congêita da adrenal
– S. Hipertensão Intracraniana
– Duplicidade gástrica ou duodenal
– Membrana antral
TRATAMENTO:
– Pré-Operatório (24-48 horas):
• Correção H-E e ácido-básica
• Cateter orogástrico
• Estado geral variável
• Não há pressa para operar
TRATAMENTO:
– Cirurgia:
• Incisão transversa
sub-hepática
mínima (suficiente
para exteriorizar a
oliva)
TRATAMENTO:
– Cirurgia:
• Piloromiotomia a
Fredet-Ramsted
• Retirar COG logo
após acordar
• Realimentação
precoce progressiva
– Água e leite
intercalados
Piloromiotomia a Fredet-Ramstedt
COMPLICAÇÕES:
– Piloromiotomia
incompleta
(0,6%)
– Abertura da
mucosa
duodenal
– Infecção de
HÉRNIA INGUINAL
ENCARCERADA
CONCEITOS:

Hérnia inguinal
encarcerada

Hérnia inguinal
estrangulada
T R ATA M E N T O C I R Ú R G I C O

Incisão transversa na
prega abdominal
inferior
T R ATA M E N T O C I R Ú R G I C O

Acesso ao cordão/saco herniário:


com ou sem abertura do canal
T R ATA M E N T O C I R Ú R G I C O

Manobra de Gross
APENDICITE AGUDA EM
LACTENTES
APENDICITE AGUDA EM
LACTENTES

• 3,2% dos casos de apendicite na FMUSP


• Processo tóxico-infeccioso com febre elevada,
vômitos biliosos ou fecalóides e diarréia
• Tumoração em FID é comum
• Plastrão ao toque retal
• Exame radiológico + US abdominal
INTUSSUSCEPÇÃO
INTUSSUSCEPÇÃO
– DEF.: penetração de uma alça
intestinal dentro de si mesma
(INTUSSUSCEPÇÃO)
– Predomínio: meninos,
brancos, 2º e 3º trimestres de
vida, eutróficos
• Pós-operatório
– Sazonalidade:
• início do verão (+ enterocolites)
• Início do inverno (+ IVAS)
ETIOPATOGENIA:
• Ponto
desencadeante
• Patência > da VIC
• Mudança
alimentar
QUADRO CLÍNICO:
• Dor forte intensidade
• Sudorese e palidez cutânea
• Eliminação de secreção
mucossanguinolenta pelo ânus
– Fezes em “geléia de morango”
• HDB
• Cólicas
• Vômitos

EXAME FÍSICO:
• Tumoração palpável em
HcD/Mesogástrio
• Sinal de Dance (FID “vazia”)
Abdome Agudo em Lactentes
DIAGNÓSTICO:
– Rx simples:
• “stop” em alça de delgado
• Pobreza de gás
DIAGNÓSTICO:
– ULTRASSONOGRAFIA
ABDOMINAL
• Sinais da “seta” e do “duplo
alvo” em HcD
• Sinal do pseudo-rim
DIAGNÓSTICO:
– CLISTER OPACO:
• Sinal da “chave inglesa”
• Sinal da “casca de cebola”
TRATAMENTO CONSERVADOR:
– Diagnóstico precoce e de
certeza, sem sepse ou
instabilidade hemodinâmica

– CLISTER DE AR:
• Guiado por Rx simples
TRATAMENTO CONSERVADOR:
– CLISTER OPACO:
– Diagnóstico e terapêutico
– com Bário; guiado por rx
TRATAMENTO CONSERVADOR:
– CLISTER DE SF 0,9%:
• Guiado por ultrassonografia
abdominal
TRATAMENTO
CIRÚRGICO:
– Na dúvida da
resolução pelo
método conservador

– Quando o diagnóstico
for tardio ou incerto,
na presença de sepse

Você também pode gostar