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Direito das Pessoas

e das
Situações Jurídicas
Princípios elementares de Direito Civil

• Princípio do Personalismo
• dignidade do ser humano
• carácter pré-jurídico da personalidade humana
• reconhecimento dos direitos de personalidade
• Princípio da autonomia
Liberdade de autovinculação (405º)

celebração

estipulação

direito subjectivo
• Princípio da responsabilidade
responsabilidade
civil

objectiva subjectiva

pré-contratual

pelo risco
contratual

por factos lícitos extracontratual


• Princípio da protecção da aparência
“o que parece é”

1º) boa fé

em sentido ≠ em sentido
subjectivo objectivo

2º) investimento na aparência


• Princípio da paridade

igualdade formal

autonomia da vontade
• Princípio da equivalência

Nos contratos onerosos, deve existir


equilíbrio de prestações

mas só o manifesto desequilíbrio é


sindicável (282º)
Pessoas Singulares
• Personalidade jurídica
qualidade para ser titular de direitos e deveres

Início:
“nascimento completo e com vida”?

- direitos sem sujeito?


- personalidade retroactiva?
- condição suspensiva?
- personalidade do nascituro?

Termo:
a) morte cerebral
b) morte presumida (68º/nº3)
c) morte presumida (114º)
• Capacidade jurídica (26º/nº1 e nº4, Constituição)

• De gozo: quantidade de direitos e deveres de que se pode ser titular (em abstracto)
• nas pessoas singulares é genérica (67º)

• De exercício: quantidade de direitos e deveres que se podem exercer pessoal e


livremente (em abstracto)
• nas pessoas singulares é igualmente genérica
• Legitimidade:
• aptidão jurídica para actuar no caso concreto por causa da ligação
existente entre o titular exercente e o interesse que se exerce (v.g.
892º)

• Titularidade:
• designação que se dá à ligação que existe entre o direito
subjectivo e a pessoa a quem este pertence

• Capacidade natural:
• aptidão congénita para actuar no caso concreto
• só é relevante nos casos “previstos na lei ” (v.g. 125º/nº1/b))
• normalmente para alargar o âmbito da capacidade de exercício
• Esfera jurídica:
• quantidade de direitos e deveres de que se é efectivamente titular
num certo momento, abrangendo

• Hemisfério pessoal: composto pelos direitos e deveres insusceptíveis


de avaliação pecuniária
• Hemisfério patrimonial: composto pelos direitos e deveres
susceptíveis de avaliação pecuniária

Os direitos formam o património líquido, o qual


constitui a “garantia geral dos credores” (601º)
Menoridade
• O menor (quem tiver menos de 18 anos ou não tiver sido emancipado
pelo casamento) carece de capacidade genérica de exercício (123º)

• É representado (124º) pelo:


• Poder paternal
• Tutela
• Administração de bens
• Pelo que a prática de actos pelo próprio menor, fora das hipóteses
do 127º, torna-os anuláveis (125º):
• Pelos representantes, até à maioridade ou emancipação
• Pelo próprio ex-menor, após a maioridade ou emancipação
• Pelos seus herdeiros, se o menor falecer dentro do prazo que
dispunha para anular

• Tais actos podem, porém, ser confirmados (125º/nº2 e 288º) pelos


respectivos representantes
• O regime da menoridade mantém-se mesmo depois da:
• Maioridade, na hipótese do 131º
• Emancipação, na hipótese do 1649º
Interdição
• Fundamentos (138º):
• Anomalia psíquica
• Surdez-mudez que afectem gravemente a
• Cegueira capacidade de discernimento

• Efeitos (139º):
• Os mesmos da menoridade (139º e 123º)
• Representantes:
• Tutela (mas com o conteúdo do poder paternal se os pais forem os
tutores)
• Administração de bens

• Valor dos actos praticados pelo interdito


• Antes do registo de propositura da acção de interdição: anuláveis
nos termos do 257º
• Antes do registo da decisão de interdição: anuláveis nos termos
do 149º
• Depois deste registo: anuláveis nos termos do 125º
Inabilitação
• Fundamentos (152º):

• Anomalia psíquica
Que afectem menos
• Surdez-mudez gravemente a capacidade
• Cegueira de discernimento

• Abuso de álcool ou estupefacientes


• Habitual prodigalidade
• Valor dos actos praticados pelo inabilitado:

• Antes do registo de propositura da acção de inabilitação: anuláveis nos termos do 257º

• Antes do registo da decisão de inabilitação: anuláveis nos termos do 149º

• Depois deste registo: anuláveis nos termos do 153º/154º


• Actos de disposição
assistência

representação

• Actos de administração
liberdade

assistência

representação
Direitos de Personalidade
• Direitos sobre bens ligados à própria pessoa (v.g. 24º,
25º, 26º, 27º, CRP; 79º, 80ºCC)
• Absolutos
• Pessoais
• Indisponíveis (v.g. 67º)
• Atípicos

• Distinguem-se formalmente dos


• Direitos Humanos (para o Direito Internacional)
• Direitos, Liberdades e Garantias Pessoais (Direito Constitucional)
• Para o Direito Constitucional o que está em causa,
nesta matéria, é a limitação da soberania do Estado
para protecção dos direitos dos cidadãos: 18º, CRP

• Em Direito Privado, dado o princípio da paridade,


qualquer limitação sobre direitos de personalidade a
favor de terceiros somente se pode fundar no
consentimento do titular atingido
• O consentimento pode ser:

• Tolerante (340º): quando apenas está em causa a


justificação da ilicitude de uma conduta
• Autorizante (81º): quando, por contrato, se concede a
terceiro o direito de lesar a esfera jurídica do lesado
• Vinculante (405º): quando os usos sociais aceitam que
certos riscos para bens primordiais são, apesar disso,
aceitáveis e, portanto, obrigam quem a eles se sujeitou
livre e esclarecidamente
• Protecção dos direitos de personalidade:

• Responsabilidade civil (483º)


• Responsabilidade penal
• Remédios adequados ao caso concreto (70º/nº2; 1474º/1475º, CPC)
• Direito à liberdade pessoal

Regra: art. 27º/n.º 1

Excepções

Sentença judicial
privativa desde que a lei
puna com prisão ou medida
de segurança

Casos do 27º/n.º 3

contra a detenção ou
prisão ilegal: habeas
corpus (31º)
• A liberdade pessoal fundamenta:

A liberdade de movimentos, logo, liberdade de


deslocação, fixação, emigração e imigração (44º)

Proibição de expulsão
(33º)

Somente os estrangeiros (Lei 23/2007) podem ser expulsos mas desde que:
a) Não tenham título de permanência válido
b) Tendo-o, tenha existido decisão judicial nesse sentido

Os portugueses podem ser extraditados desde que:


a) Se verifiquem condições de reciprocidade
b) Em casos de terrorismo e criminalidade internacional organizada
c) Com garantia de processo justo e equitativo
d) Em que haja garantia de não aplicar pena de prisão perpétua
e) Que não tenha fundamento político
f) A que não corresponda pena de morte ou lesão irreversível da integridade física
g) Que seja autorizada por decisão judicial
• Direito à identidade pessoal

História pessoal

Nome
(direito-dever)

Nome pessoal

Nome profissional

Pseudónimo

Firma (por analogia)


• Direito ao bom nome e reputação
• É ilícito “afirmar ou difundir um facto capaz de prejudicar o crédito
ou o bom nome de qualquer pessoa, singular ou colectiva” (484º
CC).

• 1º: A solução é evidente sempre que em causa estejam factos ou


qualidades inexistentes ou inverídicas

• 2º: afirmação ou a divulgação de factos verídicos há-de fazer-se no


respeito por duas condições decorrentes da fórmula contida no nº2
do art. 80º do Cód.Civil:
- primeira, que a violação do “bom nome e da reputação”
alheia se funde em alguma causa justificativa (por exemplo, o
interesse público);
- segunda, que o meio ou o instrumento utilizado para o
efeito não envolva uma ofensa excessiva ao referido “bom nome e
reputação” (v.g., no conhecido exemplo, justifica-se que uma dívida
fiscal de um membro do Governo seja anunciada nos meios de
comunicação social, mas já não o mesmo género de dívida de um
qualquer particular ainda que se trate de pessoa com notoriedade
pública)
- terceira, que inexista intenção de prejudicar
• Direito à imagem (79º CC)
• Regra: a imagem só pode ser obtida/divulgada:
• 1º: mediante o consentimento do visado
• 2º: para o efeito consentido

• Excepção: não se requer o consentimento tratando-se:


• de “figura pública” (por si ou pelo cargo que represente)
• de exigências de polícia ou de justiça
• de finalidades científicas, didácticas ou culturais
• de “factos públicos” (lugares públicos, factos de interesse público ou
que tenham sucedido publicamente)

• Contra-excepção: requer-se o consentimento se a divulgação


ofender a honra, reputação ou decoro
• Direito à palavra

Direito à voz

Direito às “palavras ditas”

• Regime: o mesmo do direito à imagem


• Direito à intimidade privada (80º CC)
• Regra: a intimidade alheia só pode ser acedida e/ou divulgada:
• 1º: mediante o consentimento do visado
• 2º: para o efeito consentido

• Esta regra pode entender-se em termos:


• absolutos – de modo em que existe um conteúdo mínimo
intangível
• relativos – de modo em que existe um conteúdo mínimo
variável consoante o caso concreto: parece ter sido esta a
orientação geral do CC pois “a extensão da reserva é definida
conforme a natureza do caso e a condição das pessoas”
(80º/nº2);
• todavia, há um conjunto de informações pessoais quase
inatingível – 35º/3 CRP
• Personalidade post mortem (artigo 71º)?

• Continuação da personalidade?
• Sucessão em direitos pessoais?
• Direito à memória
Ausência
Curadoria
provisória

Curadoria
definitiva

Morte
presumida
• Testamento vital:
Acto através do qual o respectivo autor declara por
antecipação quais os cuidados de saúde que pretende (ou não)
receber caso, eventualmente, se torne inapto para expressar,
nesse sentido, a sua vontade de modo pessoal e autónomo

• Trata-se de acto:
1. Inter vivos (os seus efeitos produzem-se em vida do seu
autor)
2. Pessoalíssimo (não admite representação)
3. Unipessoal (apenas pode envolver uma pessoa)
4. Unilateral (tem uma única parte)
• O teor do testamento vital não é, por inteiro,
livremente conformável pelo declarante. Mediante a
respectiva celebração, ele apenas pode preordenar
acerca da sua:
• i) Não submissão a tratamento de suporte artificial das funções
vitais (v.g. pacemakers, desfibriladores, máquinas de diálise ou
ventiladores) = morte natural ou ortotanásia.
• ii) Não sujeição a tratamento fútil, inútil ou desproporcionado no
seu quadro clínico …, nomeadamente no que concerne às medidas
de suporte básico de vida e às medidas de alimentação e
hidratação artificiais que apenas visem retardar o processo natural
de morte (proibição de distanásia que incide sobre os médicos por
dever deontológico).
• iii) Disponibilidade para receber os cuidados paliativos adequados
(ortotanásia).
• iv) Não aceitação de tratamentos que se encontrem em fase
experimental.
• v) Permissão, ou falta dela, para participar em programas de
investigação científica ou ensaios clínicos.

• As hipóteses que ficam descritas constituem casos paradigmáticos.


Por isso, outras situações que futuramente se possam identificar
devem manter, para serem lícitas, forte analogia com elas (assim v.g.
a rejeição prévia de transfusão sanguínea para quando esta se tornar
eventualmente indispensável não se pode considerar afim).
Pessoas
colectivas

Fundação (de
interesse social)

Corporação

Associação

Sociedade
Aquisição de personalidade:

escritura pública

Associação
com as indicações
do 167º/nº1
em alternativa,
“associação na
hora”
escritura pública ou
testamento

Fundação

acto individual de
reconhecimento
• Sociedades

- anónimas
- por quotas
- em nome colectivo
- em comandita
Comerciais
(objecto Pessoas
comercial) Colectivas

sob forma comercial

Civis
(objecto não
comercial)

sob forma civil


Capacidade de gozo (160º/nº1):

- a entender que o 160º/nº1 consagra o princípio


da especialidade, serão nulos os actos praticados pela
pessoa colectiva fora dos seus fins

- se, para protecção de terceiros, se entender que


a capacidade de gozo das pessoas colectivas é
genérica, tais actos serão válidos e vinculativos
(podendo, no máximo, gerar eventual
responsabilização interna daqueles que os
praticaram)
Capacidade de exercício:

As pessoas colectivas são sempre capazes de agir


(salvo no caso de insolvência, mas apenas
entendendo-se esta como incapacidade)

Essa capacidade efectiva-se através dos


respectivos órgãos externos – nisto consiste a
chamada representação orgânica (o órgão é a pessoa
colectiva)
Desconsideração do ente colectivo
• A personalidade colectiva é um instrumento

Por isso pode ser mal usado, designadamente defraudando terceiros

É para estes casos que se diz que se pode desconsiderar (“disregard”) a


personalidade colectiva
• Há essencialmente dois modos de proceder à
desconsideração:
• Fraude à lei
• Abuso do direito

• Efeitos:
• Manutenção da personalidade mas tornando-a irrelevante para o
caso concreto
• Responsabilidade civil
• Regime jurídico mínimo
• Órgãos:
Colegiais,
• Direcção com n.º ímpar
• Conselho Fiscal de titulares
(mas o CF pode,
pelos estatutos,
ter titular único)

• E, nas corporações, Assembleia Geral

• Os titulares dos órgãos são designados pela forma estabelecida nos


estatutos – nas corporações, na falta de estatuto, cabe à assembleia
geral fazer a designação (170º)

• Os estatutos são o conjunto de normas que regulam a


organização e o funcionamento da pessoa colectiva
• Nas associações, os estatutos podem ser modificados por
deliberação da assembleia (172º/nº2) embora com maioria
qualificada (175º/nº3); nas fundações, os estatutos podem ser
modificados pela entidade competente para o reconhecimento
desde que “se não contrarie a vontade do fundador” (189º)

• Nas corporações, a assembleia geral tem uma competência


necessária (172º/n.º2) e uma competência residual (172º/n.º1)

• Em princípio, a qualidade de associado é pessoal (180º), pelo que:


• é intransmissível
• não admite representação voluntária
Associações sem personalidade

• Associações “vulgares” em tudo o que não pressuponha


personalidade
• Regime específico de responsabilidade social
• 1º: fundo comum
• 2º: património daqueles que tiverem contraído a dívida
• 3º: património dos (demais) associados

• Fundo comum: conjunto de bens em compropriedade mas com regime especial pois
nenhum associado tem o poder potestativo de fazer a respectiva divisão
Comissões especiais

• Associações de fim transitório


• Responsabilidade por dívidas sociais:
• 1º: os bens entregues pelos subscritores
• 2º: os membros da comissão

• Os subscritores só podem exigir o valor que tiverem subscrito quando se não cumpra,
por qualquer motivo, o fim para que a comissão foi constituída
Direito subjectivo
Situações
jurídicas

activas passivas

direito relativo
obrigação
direito
subjectivo
direito absoluto dever genérico
direito
potestativo sujeição

direito- ónus
-dever

expectativa
• Direito subjectivo:
• Para a teoria da vontade, o direito subjectivo é a vontade
juridicamente protegida
• Para a teoria do interesse, o direito subjectivo é um interesse
juridicamente protegido
• Para as teorias mistas, o direito subjectivo é, por exemplo, a
vontade juridicamente protegida através da tutela do
correspondente interesse

• O problema subjacente está nisto: na origem, o direito subjectivo


coincidia com os “direitos dos cidadãos” e, portanto, tinha um
âmbito muito circunscrito; hoje, é um instrumento técnico de
extraordinária abrangência e, portanto, de grande abstracção
• Direitos absolutos: são aqueles que valem por si, não
dependendo de nenhuma situação passiva simétrica
que os sustente (por isso não pressupõem relação
jurídica) – v.g. direitos reais, de autor, de
personalidade, de propriedade industrial
• Direitos relativos: ao contrário, são aqueles cuja
existência depende de relação jurídica inter-subjectiva
(v.g., direitos de crédito)
• Direito potestativo: é o direito de provocar, por
declaração unilateral de vontade, efeitos jurídicos na
esfera jurídica de outra pessoa (v.g. 1550º)

• Podem ser:
• De exercício necessariamente judicial
• Ou de exercício extrajudicial

• Podem ter efeitos:


• Constitutivos
• Modificativos
• Extintivos
• Direito-dever: é o direito subjectivo ou potestativo
concedido para a protecção de um interesse distinto
daquele que radica no titular destes direitos (v.g.,
poder paternal ou tutela)
• Expectativa jurídica: é uma situação jurídica que
surge integrada num processo de aquisição de um
(outro) direito e que (v.g., arts. 272º e 273º):
• É protegida por si, quer desemboque quer não na aquisição desse
direito
• Subsiste enquanto a possibilidade de aquisição desse direito se
mantiver
Situações passivas
• Obrigação: é o recíproco dos direitos relativos (art. 397º)
• Dever genérico: é o neminem laedere – dever de não lesar a esfera
jurídica alheia; é a correspondência passiva dos direitos absolutos
• Sujeição: dever de suportar os efeitos jurídicos decorrentes do
exercício de um direito potestativo
• Ónus jurídico: “dever” no interesse próprio, ou seja, possibilidade de
optar entre duas condutas (pelo menos), igualmente lícitas, mas em
que a adopção de uma delas evita desvantagens ou traz vantagens
(916º/917º)
Limites ao exercício
• A) Colisão de direitos (335º)
• Entre direitos de igual espécie
• Entre direitos de espécie diferente
• B) Abuso de direito (334º)
• Venire contra factum proprium
• Surrectio
• Inalegabilidades formais
• Consequências:
• impossibilidade de exercício do direito no sentido pretendido
• responsabilidade civil se o abuso for subjectivo
AQUISIÇÃO

ORIGINÁRIA

TRANSLATIVA
DERIVADA

CONSTITUTIVA

ABSOLUTA

PERDA
RELATIVA
prestações

Bens

Corpóreas/incorpóreas

coisas

Dentro e fora do
comércio
Prédios rústicos/
urbanos árvores e
águas

imóveis
imóveis por partes
incorporação componentes

partes ≠ coisas
“direitos integrantes acessórias
inerentes”

registáveis

móveis
não
registáveis
presentes

coisas
objectivamente

futuras

subjectivamente
simples

coisas

compostas = universalidades de facto

≠ universalidades de direito
necessárias

benfeitorias úteis

voluptuárias
Representação
• Representação: substituição de uma pessoa (representada) por outra
(representante) no exercício jurídico

• Espécies:
• Legal: sempre que a lei imponha a existência do representante
• Voluntária: quando decorra da vontade do representado através do negócio jurídico
procuração
• Efeitos: o acto jurídico realizado pelo representante em
nome do representado produz os seus efeitos na esfera
jurídica deste último

• Considera-se, porém, anulável o acto celebrado pelo


representante consigo mesmo, seja em nome próprio, seja
em representação de terceiro, a não ser:
• 1 - que o representado tenha especificadamente consentido na
celebração, ou
• 2 - que o negócio exclua por sua natureza a possibilidade de um
conflito de interesses
• Constituição da relação de representação voluntária:
• Forma: a do negócio para o qual se concederam poderes
representativos (excepto “as procurações que exijam intervenção
notarial podem ser lavradas por instrumento publico, por documento
escrito e assinado pelo representado com reconhecimento presencial da
letra e assinatura ou por documento autenticado” – 116º/nº1, Cod.Not. )
• Capacidade de agir: basta a capacidade natural
• O procurador só pode fazer-se substituir por outrem:
• se o representado o permitir ou
• se a faculdade de substituição resultar do conteúdo da procuração ou
da relação jurídica que a determina
• Extinção da relação de representação voluntária:
• Renúncia do procurador
• Cessação da relação jurídica que lhe serve de base
• Caducidade
• Revogação
• Sem necessidade de justa causa, por regra
• Com justa causa ou por acordo se
• a procuração tiver sido conferida também no interesse do
procurador
• a procuração tiver sido conferida também no interesse de
terceiro
• Abuso de representação: sempre que o procurador actue
fora do âmbito das instruções recebidas ou contra a
vontade conjectural do representado

• Representação sem poderes ou aparente: sempre que o


“procurador” nem sequer tenha poderes representativos

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