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Prof. Dr. Mazukyevicz Ramon Santos do


Nascimento Silva
Curso de Ciência Política e
Teoria Geral do Estado (30h)
Prof. Dr. Mazukyevicz Ramon Santos
do Nascimento Silva
4. Elementos do Estado
Nação

•Dimensão sociológica do conceito de povo: toda a


continuidade do elemento humano, projetado
historicamente no decurso de várias gerações e dotado de
valores e aspirações comuns

•Compreende vivos e mortos, gerações presentes, passadas


e futuras. É o povo político colocado numa dimensão
histórica e cultural. O povo nesse sentido é a nação, a
consciência nacional.
4. Elementos do Estado

•“É um grupo humano no qual os indivíduos se sentem


mutuamente unidos, por laços tanto materiais como
espirituais, bem como conscientes daquilo que os distingue
dos indivíduos componentes de outros grupos nacionais”
(Hauriou)

•“È o povo derivado da comunhão de tradição, de história, de


língua, de religião, de literatura e de arte, que são todos
fatores agregativos prejurídicos” (Aldo Bozzi )
4. Elementos do Estado

•“É uma sociedade natural de homens, com unidade de


território, costumes e língua, estruturados numa comunhão
de vida e consciência social” (Mancini)

•Fatores naturais (território, raça e língua), históricos


(tradição, costumes, leis e religião) e psicológico (consciência
nacional) servem de fundamento à nação
4. Elementos do Estado
Conceito Voluntarista de Nação

•Ato de vontade coletiva, inspirado em sentimentos


históricos, que trazem a lembrança tanto das épocas felizes
como das provações nas guerras, em revoluções e
calamidades. Suscita também a comunicação de interesses
econômicos e aviva os laços de parentesco espiritual,
formando aquela plataforma de união e solidariedade onde
a consciência do povo toma um traço irrevogável de
permanência e destinação comum.
4. Elementos do Estado
Conceito Naturalista de Nação

•Em verdade consistiu numa deformação patológica da


concepção de nação como “grupo fechado”, produzindo a
modalidade mais insana de nacionalismo — o da raça, em
moldes políticos.

•Diretamente influenciado pelas concepções racistas,


formou-se na Alemanha um conceito de nação que teve para
aquele país as mais funestas conseqüências.
4. Elementos do Estado

•Esta noção está ligada a uma suposta hierarquia das raças


humanas, em cuja extremidade mais alta colocaram os
povos germânicos, portadores de traços étnicos privilegiados
em pureza de sangue e superioridade biológica, que lhes
assegurava a supremacia na classificação das raças. A
politização da teoria racista em bases ideológicas, servindo
de esteio de toda uma concepção de vida e núcleo de um
novo conceito de nação, resultou fácil ao nacional-
socialismo, que provocou a Segunda Grande Guerra Mundial.
4. Elementos do Estado
Território

•É a parte do globo terrestre na qual se acha efetivamente


fixado o elemento populacional, com exclusão da soberania
de qualquer outro Estado

•São partes do território a terra firme, com as águas aí


compreendidas, o mar territorial, o subsolo e a plataforma
continental, bem como o espaço aéreo.
4. Elementos do Estado
Exceções ao poder de império do Estado sobre o Território

•Extraterritorialidade: É o poder do Estado no território de


outro Estado. Por exemplo: em alto-mar ou no espaço aéreo
livre os navios e aviões de um país são tidos como partes de
seus territórios e sujeitos por conseguinte às leis desse país

•Imunidade diplomática: os agentes diplomáticos, em termos


de reciprocidade, se acham isentos do poder de império do
Estado onde quer que venham ser acreditados
4. Elementos do Estado
Poder

•O poder representa aquela energia básica que anima a


existência de uma comunidade humana num determinado
território, conservando-a unida, coesa e solidária

• “É a faculdade de tomar decisões em nome da


coletividade” (Afonso Arinos)
4. Elementos do Estado

•Com o poder se entrelaçam a força e a competência,


compreendida esta última como a legitimidade oriunda do
consentimento.

• Um poder que se baseia exclusivamente na força e em


meios violentos para manter a obediência é apenas um
poder de fato

•Um poder que se baseia menos na força e mais no


consentimento é um poder de direito
4. Elementos do Estado

•O Estado moderno resume basicamente o processo de


despersonalização do poder, a saber, a passagem de um
poder de pessoa a um poder de instituições, de poder
imposto pela força a um poder fundado na aprovação do
grupo, de um poder de fato a um poder de direito.
4. Elementos do Estado
Força, Poder e Autoridade

•Força exprime a capacidade material de comandar interna e


externamente

• Poder significa a organização ou disciplina jurídica da força

• Autoridade é o poder explicado pelo consentimento


(quanto mais consentimento mais legitimidade e quanto
mais legitimidade mais autoridade)
4. Elementos do Estado

•“O poder com autoridade é o poder em toda sua plenitude,


apto a dar soluções aos problemas sociais. Quanto menor a
contestação e quanto maior a base de consentimento e
adesão do grupo, mais estável se apresentará o
ordenamento estatal, unindo a força ao poder e o poder à
autoridade. Onde porém o consentimento social for fraco, a
autoridade refletirá essa fraqueza; onde for forte, a
autoridade se achará robustecida” (Paulo Bonavides)
4. Elementos do Estado
Características do Poder do Estado

•Imperatividade: o poder do Estado é inabdicável, obrigatório, não


se concebe viver fora dele. Enquanto as outras formas de
associações humanas são voluntárias, o Estado possui o
monopólio da coação organizada e incondicionada

•Natureza integrativa: o Estado emite regras e dispõe dos meios


materiais imprescindíveis com que impor a observância dos
princípios por ele criados. Assim integra a todas as pessoas físicas
numa mesma personificação jurídica.
4. Elementos do Estado

•“Todo Estado implica uma diferenciação entre homens que


mandam e homens que obedecem, entre os que detêm o poder e
os que a ele se sujeitam. A minoria dos que impõem à maioria a
sua vontade forma o governo que, tendo a prerrogativa exclusiva
do emprego da força, exerce o poder estatal através de leis que
obrigam pautas de convivência, imperativos de conduta. Dispõe a
autoridade governativa da capacidade unilateral de ditar à massa
dos governados, se necessário pela compulsão, o cumprimento
irresistível de suas ordens, preceitos e determinações de
comportamento social.” (Paulo Bonavides)
4. Elementos do Estado

•Auto-organização: o caráter estatal de uma organização social


decorre precisamente da circunstância de proceder de um direito
próprio, de uma faculdade autodeterminativa, de uma autonomia
constitucional o poder que essa organização exerce sobre os seus
componentes.

•Unidade do poder: somente pode haver um único titular desse


poder, que será sempre o Estado como pessoa jurídica. O poder do
Estado na pessoa de seu titular é indivisível: a divisão só se faz
quanto ao exercício (funções) do poder, quanto às formas básicas
de atividade estatal.
4. Elementos do Estado
Soberania

•Exprime o mais alto poder do Estado, a qualidade de poder


supremo (suprema potestas), e apresenta duas faces distintas: a
interna e a externa

•A soberania interna significa o imperium que o Estado tem sobre


o território e a população, bem como a superioridade do poder
político frente aos demais poderes sociais, que lhe ficam sujeitos,
de forma mediata ou imediata. A soberania externa é a
manifestação independente do poder do Estado perante outros
Estados.
5. Legalidade e Legitimidade
Legalidade

•A legalidade nos sistemas políticos exprime basicamente a


observância das leis, isto é, o procedimento da autoridade em
consonância estrita com o direito estabelecido. Ou em outras
palavras traduz a noção de que todo poder estatal deverá atuar
sempre de conformidade com as regras jurídicas vigentes. Em
suma, a acomodação do poder que se exerce ao direito que o
regula.
5. Legalidade e Legitimidade
Legitimidade

•Tem a ver com a justificação e os valores do poder legal. A legitimidade é


a legalidade acrescida de sua valoração. No conceito de legitimidade
entram as crenças de determinada época, que presidem à manifestação
do consentimento e da obediência.

•A legalidade de um regime democrático é o seu enquadramento nos


moldes de uma constituição observada e praticada; sua legitimidade será
sempre o poder contido naquela constituição, exercendo-se de
conformidade com as crenças, os valores e os princípios da ideologia
dominante, no caso a ideologia democrática.
6. Soberania

•É a superioridade e supremacia que faz com que o poder do


Estado se sobreponha aos demais poderes sociais. A
soberania fixa a noção de predomínio que o ordenamento
estatal exerce num certo território e numa determinada
população sobre os demais ordenamentos sociais. O Estado
como portador de uma vontade suprema e soberana — a
suprema potestas — que deflui de seu papel privilegiado de
ordenamento político monopolizador da coação
incondicionada na sociedade.
6. Soberania
Breve História

•Antiguidade: a noção de cidade-estado desconhecia o


conflito interno entre poderes sociais, a rivalidade intestina
de instituições, grupos, facções ou partidos políticos. A
sociedade política que ignorava conflitos desta ordem
compunha na polis um todo de tamanha homogeneidade
que a nenhum pensador ou jurista romano ocorreu a
distinção entre Estado e mais comunidades políticas.
6. Soberania

•Idade Média: a ideia de Estado se apresenta amortecida em


face da multiplicidade e competição de poderes rivais. A
frouxa unidade do poder político centralizado
simbolicamente na pessoa do Imperador padece em sua
órbita mais larga o desafio da Igreja. A cúria romana e o
Império lutam entre si, pela supremacia do poder político.
Dois gládios se defrontam, duas ordens se hostilizam: a
ordem temporal e a ordem espiritual, a coroa e o sacerdócio,
Cristo e César.
6. Soberania

•Idade Moderna: O conceito de "soberania" foi teorizado


por Jean Bodin no primeiro livro de sua obra Os seis livros da
República (1576), no qual sustentava a seguinte tese: a
monarquia francesa é de origem hereditária; o rei não está
sujeito a condições postas pelo povo; todo o poder do
Estado pertence ao Rei e não pode ser partilhado com mais
ninguém (clero, nobreza ou povo).
6. Soberania
Características da Soberania

•A soberania é una e indivisível, não se delega a soberania, a


soberania é irrevogável, a soberania é perpétua, a soberania é um
poder supremo, eis os principais pontos de caracterização com que
Bodin fez da soberania no século XVII um elemento essencial do
Estado.

•A teoria da soberania como poder supremo, com sede na


monarquia, surge então como a mais fascinante das teorias, a que
vence, a que mais proselitismo faz na sua época.
6. Soberania
O titular da soberania

•Soberania do Estado: diz respeito à questão dos elementos e


características do poder estatal que o distinguem, consoante
assinalamos, dos demais poderes e instituições sociais.

•Soberania no Estado: é a determinação da autoridade suprema no


interior do Estado, na verificação hierárquica dos órgãos da
comunidade política e sobretudo na justificação da autoridade
conferida ao sujeito ou titular do poder supremo.
6. Soberania

•O problema de legitimar a soberania na pessoa de seu titular e do


mesmo passo explicar a origem do poder soberano tem suscitado
historicamente várias doutrinas, começando com as que
sustentam o direito divino dos reis até as que assentam no povo a
sede da soberania. Dividem-se portanto em dois grupos: doutrinas
teocráticas e doutrinas democráticas.
6. Soberania
Doutrinas Teocráticas

•A doutrina da natureza divina dos governantes: Os monarcas


como titulares do poder soberano são seres divinos, objeto de
culto e veneração. Faraós do Egito, os imperadores romanos, os
príncipes orientais e até mesmo o Imperador do Japão até ao fim
da Segunda Guerra Mundial. Na França do ancien régime, anterior
portanto à Revolução Francesa, havia quem abraçasse com ardor
essa mesma crença no teor divino dos reis.
6. Soberania

• A doutrina da investidura divina: os reis, os quais, conservando


embora o grau mais alto de eminência e majestade, não se
supõem fora da condição humana, como partícipes na divindade.
Reputam-se todavia delegados diretos e imediatos de Deus,
recebendo deste a investidura para o exercício de um poder que
por sua natureza se concebe como divino. A doutrina do direito
divino sobrenatural esteve grandemente em voga no século de
Luís XIV
6. Soberania
• A doutrina da investidura providencial: representativa do
espírito da igreja cristã, toma seus contornos no pensamento de
Santo Tomás de Aquino, quando este distingue o princípio do
poder, de direito divino, do modo consoante o qual se adquire
esse poder e o uso que dele faz o príncipe, os quais são de
direito humano.

• Fazendo da designação dos governantes obra dos homens e


não da divindade, a teoria da investidura providencial alcança
de imediato um resultado cabal e visível que a separa das duas
posições antecedentes do pensamento teocrático: o da eventual
participação dos governados na escolha dos governantes.
6. Soberania
Doutrinas Democráticas

•A doutrina da soberania popular: Essa doutrina funda o processo


democrático sobre a igualdade política dos cidadãos e o sufrágio
universal, conseqüência necessária a que chega o contratualista
Rousseau, quando afirma que se o Estado for composto de dez mil
cidadãos, cada um deles terá a décima milésima parte da
autoridade soberana.
6. Soberania

•A doutrina da soberania nacional: A Nação surge nessa concepção


como depositária única e exclusiva da autoridade soberana.
Aquela imagem do indivíduo titular de uma fração da soberania,
com milhões de soberanos em cada coletividade, cede lugar à
concepção de uma pessoa privilegiadamente soberana: a Nação.
Povo e Nação formam uma só entidade, compreendida
organicamente como ser novo, distinto e abstratamente
personificado, dotado de vontade própria, superior às vontades
individuais que o compõem.

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