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DA SUSPENSÃO E DA

INTERRUPÇÃO DO
CONTRATO DE
TRABALHO
Para os estudos, primeiro leia
atentamente os artigos 471 a 476-A, CLT
1.
GENERALIDADES
As suspensões e interrupções do contrato de emprego são períodos em
As suspensões e interrupções do contrato de emprego são períodos em
que ocorre a sustação dos efeitos das cláusulas contratuais, de forma
absoluta ou parcial. Sempre haverá a sustação da prestação de trabalho.
Mas o mesmo não acontece com a obrigação de pagamento dos salários,
que poderá permanecer íntegra, ser sustada parcialmente ou totalmente.

As suspensões e interrupções do contrato de emprego não representam


alterações do contrato de trabalho, pois extintas as suas causas, o
contrato deve ser restabelecido nas mesmas condições anteriores.

Elas também não se confundem com as denominadas “garantias de


emprego” porque, apesar de, em ambas, haver a impossibilidade de
extinção do contrato, naquelas, via de regra, as obrigações de trabalho e
remuneração permanecem íntegras durante o seu tempo.
2. CONCEITOS E
CARACTERÍSTICAS
SUSPENSÃO DO CONTRATO DE EMPREGO: “A suspensão contratual é a
sustação temporária dos principais efeitos do contrato de trabalho no tocante
às partes, em virtude de um fato juridicamente relevante, sem ruptura,
contudo, do vínculo contratual formado. É a sustação ampliada e recíproca de
efeitos contratuais, preservado, porém o vínculo entre as partes” (DELGADO.
Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 17ª edição. São Paulo: LTr,
2018, p. 1258).

Durante o período de suspensão não se presta serviço, não se paga salários, não há
recolhimentos fiscais vinculados ao contrato e a sua duração não é computada como
tempo de serviço.

Apesar das principais cláusulas contratuais restarem sustadas durante o período de


suspensão, ainda remanescentes os deveres de lealdade e fidelidade entre as partes.
O empregado não poderá ser demitido sem justa causa. Com justo motivo, sim.
2. CONCEITOS E
CARACTERÍSTICAS
INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE EMPREGO: “a interrupção contratual é a
sustação temporária da principal obrigação do empregado no contrato de
trabalho (prestação de trabalho e disponibilidade perante o empregador), em
virtude de um fato juridicamente relevante, mantidas em vigor todas as
demais cláusulas contratuais. Como se vê, é a interrupção a sustação restrita e
unilateral de efeitos contratuais.” (DELGADO. Maurício Godinho. Curso de
Direito do Trabalho, 17ª edição. São Paulo: LTr, 2018, p. 1258).

Durante o período de interrupção não se presta serviço, mas se paga salários, efetua-
se, por consequência, os recolhimentos fiscais vinculados ao contrato, e a sua duração
é computada como tempo de serviço.

Durante o período de interrupção, também remanescem os deveres de lealdade e


fidelidade entre as partes. O empregado não poderá ser demitido sem justa causa.
Com justo motivo, sim.
3. SUSPENSÃO: HIPÓTESES
TIPIFICADAS
3.1. Serviço Militar Obrigatório: não há ônus de pagamento de salários, mas o
empregador mantém a obrigação de pagar o FGTS (Lei 8.036/1990, art. 15, § 5°). Caso o
empregado ingresse voluntariamente nas Forças Armadas o contrato deve ser reputado
extinto, pois entende-se que assumiu nova profissão. E, se o laborista for convocado para
participar de manobras militares, o período será de interrupção, pois o empregador
deverá pagar-lhe 2/3 (dois terços) do valor dos salários devidos no período.

3.2. Assunção de encargo público: é a incumbência de realizar funções específicas


previstas em lei, decorrente do dever como cidadão. Podem ser de curta duração
(quando, normalmente, caracterizam interrupção contratual – ver algumas hipóteses no
art. 473). Outras, de longa duração, caracterizam suspensão contratual. Exemplo:
assumir função de secretário municipal; ser eleito para o cargo de vereador. Se a lei
silenciar-se sobre a necessidade de pagamento de salários, é porque não serão devidos e
caracterizarão suspensão contratual.
3. SUSPENSÃO: HIPÓTESES
TIPIFICADAS
3.3. Mandato Sindical: empregado eleito para cargo de administração sindical, tem o
direito (e não o dever) de suspender a prestação de serviços para exercer suas funções
como dirigente. Existem quatro possibilidades neste caso: se conseguir continuar
trabalhando, o contrato não sofre efeitos; se tiver que ausentar-se apenas por algumas
horas ou dias, o contrato será parcialmente suspenso nestes períodos; se tiver que
ausentar-se completamente, o contrato restará suspenso; mas se por liberalidade ou
norma coletiva a empresa continuar pagando os salários, o contrato será interrompido.

3.4. Motivo Relevante de Interesse para a Segurança Nacional: trata-se de investigação da


participação do empregado em situações que sejam relevantes para a segurança na nação.
A autoridade competente solicitará ao empregador o afastamento do empregado, em
representação fundamentada e ouvido o Ministério Público do Trabalho, que
providenciará a instauração de inquérito administrativo. Nos primeiros 90 (noventa) dias
de paralisação dos trabalhos, há interrupção do contrato pois o empregado continua a
receber seus salários. Depois, o contrato será suspenso. Veja-se CLT, art. 472, §§ 3°, 4° e 5°.
3. SUSPENSÃO: HIPÓTESES
TIPIFICADAS
3.5. Mandato Sindical: empregado eleito para cargo de administração sindical, tem o
direito (e não o dever) de suspender a prestação de serviços para exercer suas funções
como dirigente. Existem quatro possibilidades neste caso: se conseguir continuar
trabalhando, o contrato não sofre efeitos; se tiver que ausentar-se apenas por algumas
horas ou dias, o contrato será parcialmente suspenso nestes períodos; se tiver que
ausentar-se completamente, o contrato restará suspenso; mas se por liberalidade ou
norma coletiva a empresa continuar pagando os salários, o contrato será interrompido.

3.6. Motivo Relevante de Interesse para a Segurança Nacional: trata-se de investigação da


participação do empregado em situações que sejam relevantes para a segurança na nação.
A autoridade competente solicitará ao empregador o afastamento do empregado, em
representação fundamentada e ouvido o Ministério Público do Trabalho, que
providenciará a instauração de inquérito administrativo. Nos primeiros 90 (noventa) dias
de paralisação dos trabalhos, há interrupção do contrato pois o empregado continua a
receber seus salários. Depois, o contrato será suspenso. Veja-se CLT, art. 472, §§ 3°, 4° e 5°.
3. SUSPENSÃO: HIPÓTESES
TIPIFICADAS
3.7. Greve: De acordo com a Lei 7.783/1989 (Lei da Greve), a greve, conceitualmente, é
suspensão da prestação de serviços para o empregador (art. 2°). Ademais, no seu artigo
7°, expressamente estabelece que a participação em greve suspende o contrato de
trabalho. Dessa forma, durante o período de greve o empregado não tem direito de
receber salários. Mas, se restar acordado pelas partes que os dias de paralisação serão
pagos, a situação transmutaria-se para hipótese e interrupção do contrato de emprego.

3.8. Suspensão Disciplinar: uma vez que o empregador detém poder disciplinar na relação
de emprego, pode aplicar penalidades de suspensão disciplinar aos empregados, para
desmotivá-los da prática de atos que representam faltas contratuais graves, descritas no
artigo 482, CLT. O artigo 474, CLT, limita o tempo máximo das suspensões disciplinares a
30 (trinta) dias. Nestes períodos de paralisação da prestação de serviços o empregado
não tem direito de receber salários. Mas se, posteriormente à paralisação dos serviços, o
empregador relevar a falta e pagar salários, ter-se-ia hipótese de interrupção contratual.
3. SUSPENSÃO: HIPÓTESES
TIPIFICADAS
3.9. Diretor de S.A. Recrutado Internamente: o empregado de uma sociedade anônima
que é eleito para o cargo de diretor da companhia tem o seu contrato de emprego
suspenso, nos termos da Súmula 269/TST, pois a relação de emprego deixa de existir pela
ausência do elemento fático-jurídico da subordinação.

3.10. Participação em Curso ou Programa de Qualificação Profissional: de acordo com o


artigo 475-A, CLT, o contrato poderá ser suspenso de dois a cinco meses para o empregado
participar de curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador.
Deverá haver autorização em instrumentos coletivos (CCT ou ACT), aquiescência
individual do empregado e notificação do sindicato com pelo menos 15 dias de
antecedência. Novas suspensões de mesma natureza devem estar separadas por, no
mínimo, dezesseis meses. O prazo máximo de cinco meses pode ser majorado através de
instrumentos coletivos. Durante o curso, o empregador poderá ofertar ao empregado o
pagamento de uma ajuda compensatória (bolsa de qualificação profissional), que não terá
natureza salarial e, portanto, não descaracterizará a suspensão contratual.
3. SUSPENSÃO: HIPÓTESES
TIPIFICADAS
3.11. Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar: diz o artigo 9°, § 2°, II, da Lei
11.340/2006 (Lei Maria da Penha) que o juiz assegurará à mulher em situação de
violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica, a
manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho,
por até seis meses. Trata-se de período de suspensão contratual, onde o empregador não
terá que pagar salários à empregada, mas, apenas, manter o liame contratual íntegro.

3.12. Períodos de Inatividade do Empregado com Contrato de Trabalho Intermitente: o


contrato de trabalho intermitente foi introduzido na CLT através da Lei 13.427/2017
(Reforma Trabalhista), nos artigos 452-A a 452-H. Especificamente no § 2°, do artigo 452-
C, estabeleceu-se que no contrato de trabalho intermitente, o período de inatividade não
será considerado tempo à disposição do empregador e não será remunerado , criando-se,
pois, nova hipótese de suspensão do contrato de emprego. Não há dúvidas sobre a
caracterização da suspensão contratual nestes períodos, eis que é assegurado ao
empregado, inclusive, prestar serviços a outros tomadores de serviço (art. 452-C, § 1°) e
também recusar trabalhos oferecidos pelo empregador (art. 452-A, §§ 1° e 2°).
3. SUSPENSÃO: HIPÓTESES
TIPIFICADAS
3.13. Licença Maternidade paga Diretamente pela Previdência Social: normalmente os
valores benefício da licença maternidade são pagos diretamente pelo empregador à
empregada e depois deduzidos do montante a ser recolhido de contribuição
previdenciária. A doutrina majoritária entende esta hipótese como de interrupção do
contrato. Mas, para a empregada doméstica (art. 72, I, do Decreto n° 3.048/1999) e para o
trabalho intermitente (art. 452-A, § 14, CLT), o INSS paga o benefício diretamente aos
segurados e, portanto, fica claramente caracterizada hipótese de suspensão do contrato de
trabalho.

3.14. Afastamento por Doença, a Partir do 16° Dia: de acordo com o artigo 60, da Lei
8.213/1991, o benefício previdenciário de auxílio-doença é devido ao segurado
empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade. Assim, nos
primeiros quinze dias de afastamento o empregador continua a pagar os salários devidos
ao empregado (interrupção) e, a partir do 16° dia, começa a viger o benefício de auxílio-
doença, que será pago diretamente pela Previdência Social, desonerando o empregador
(suspensão). Exceção: empregado doméstico, cuja suspensão se dá desde o 1° dia.
3. SUSPENSÃO: HIPÓTESES
TIPIFICADAS
3.15. Aposentadoria por Invalidez: o benefício previdenciário de aposentadoria por
invalidez sempre é provisório e poderá ser cancelado na hipótese de o empregado
recuperar a capacidade laborativa, ou mesmo na hipótese de ele adquirir capacitação para
trabalhar em outros ofícios (Lei 8.213/91, art. 42). Assim, ele não extingue o contrato de
emprego, que fica suspenso durante todo o tempo que o empregado receber o benefício.

3.16. Afastamento por Acidente de Trabalho ou Doença Ocupacional, a Partir do 16° Dia: a
lei 8.213/91, art. 59 c/c art. 60, § 4° c/c art. 476, CLT, estabelece a suspensão do contrato
de emprego no afastamento do empregado em caso de acidente de trabalho, a partir do
16° dia, quando passará a receber auxílio-doença acidentário da Previdência Social. Os 15
primeiros são suportados pelo empregador. Durante o período de afastamento o
empregador tem que recolher o FGTS (Lei 8.036/1990, art. 15, § 5°). A doença
profissional é considerada acidente de trabalho, nos termos do artigo 20, da Lei
8.213/1991.
4. INTERRUPÇÃO: HIPÓTESES
TIPIFICADAS
4.1. Licença Maternidade: como visto anteriormente sobre as suspensões, por regra geral
quem paga o benefício previdenciário de licença maternidade é o empregador, que depois
poderá deduzir o valor do montante as contribuições previdenciárias que deveria
recolher ao INSS. A maioria da doutrina entende que trata-se de hipótese de interrupção
do contrato de trabalho pois o salário é pago pelo empregador (e esta é a obrigação
normal do contrato), sendo certo que a possibilidade de posterior dedução trata-se de
relacionamento jurídico do patrão com o INSS, não envolvendo o empregado.

4.2. Afastamento por Acidente de Trabalho ou Doença Ocupacional, até o 15° Dia:
ocorrendo acidente do trabalho ou constatada doença ocupacional que importem no
afastamento do empregado, os primeiros 15 dias são suportados pelo empregador,
conforme artigo 60, da Lei 8.213/91 c/c arts. 30 e 71, do Decreto 3.048/99.
4. INTERRUPÇÃO: HIPÓTESES
TIPIFICADAS
4.3. Além dessas duas hipóteses destacadas de interrupção do contrato de emprego, nosso
Ordenamento Jurídico possui diversas outras previstas, onde o empregado não prestará
serviços, mas receberá remuneração. São estas as principais hipóteses:

 até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente,


descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência
social, viva sob sua dependência econômica (CLT, art. 473, I).
 até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento (CLT, art. 473, II).

 por cinco dias, em caso de nascimento de filho no decorrer da primeira semana (CLT,
art. 473, III c/c CRFB/88, art. 7°, XIX).

 por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de


sangue devidamente comprovada (CLT, art. 473, IV).
 até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos têrmos da lei
respectiva (CLT, art. 473, V).

 no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas


na letra "c" do art. 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (apresentar-se
anualmente para fins de apresentação das reservas ou cerimônia cívica do Dia do
Reservista) – CLT, art. 473, VI.

 nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para
ingresso em estabelecimento de ensino superior (CLT, art. 473, VII).

 pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo (CLT, art. 473,
VIII).

 pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade


sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o
Brasil seja membro (CLT, art. 473, IX).
 até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares
durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira (CLT, art. 473, X).

 por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica
(CLT, art. 473, XI).

 por 09 (nove) dias por motivo de gala ou de luto em consequência de falecimento do


cônjuge, do pai ou mãe, ou de filho, para os professores (CLT, art. 320, § 3°).

 02 (duas) semanas em caso de aborto não criminoso (CLT, arts. 392 e 395).

 Repousos semanais remunerados e feriados (Lei 605/1949).

 Aviso prévio indenizado ou não trabalhado (CLT, arts. 487, § 1°).

 Comparecimento em juízo como testemunha (CLT, art. 822).

 Afastamento para inquérito por motivo de segurança nacional, pelos primeiros 90


(noventa) dias (CLT, art. 472, § 5°).
 Trabalho em eleições: terá direito de ausentar-se do trabalho, sem prejuízo de seus
salários, pelo dobro dos dias que trabalhou em eleições (Lei 9.504/97, art. 98)

 Paralisação das atividades da empresa, por culta desta (CLT, art. 61, § 3°).

 Descansos especiais para amamentação: durante os seis primeiros meses de vida da


criança a empregada terá direito a dois períodos de descanso especiais durante a
jornada de trabalho, cada um de trinta minutos (CLT, art. 396)

 Diversos períodos de intervalo intrajornada computados como tempo de serviço, que


estão previstos em lei. Exemplo: o intervalo para recuperação térmica (CLT, art. 253)

 As Férias (CLT, art. 142).

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