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AÇÕES DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO

DAS DOENÇAS MENINGOCÓCICAS

Prof. Iací Proença Palmeira


O QUE É?
É uma inflamação das membranas que recobrem e
protegem o sistema nervoso central - as meninges. A
meningite pode ser de origem viral, adquirida após
alguma gripe ou outra doença causada por vírus, ou
de origem bacteriana, normalmente mais branda.

Várias bactérias causam a meningite. A


meningocócica é transmitida pelo ar ou
pelo contato com a saliva de um doente.
A bactéria entra no organismo pelo nariz
e aloja-se no interior da garganta. Em
seguida vai para a corrente sangüinea e
daí para o cérebro ou ocorrer
disseminação pelo corpo (bacteremia),
causando a septicemia.
1- Dura–Máter - Camada mais externa,
dura e fibrosa que protege o SNC
(encéfalo e medula espinhal),
geralmente não é atingida pela
meningite.

2-Aracnóide - Camada intermediária


que protege o SNC (encéfalo e
medula espinhal), fica abaixo da
dura-máter e é responsável pela
produção do LCR.

3- Pia–Máter - Camada interna, que


adere ao encéfalo e acompanha
todo seu relevo.
Funções das meninges:

1- Proteção biológica- filtra a


entrada de substâncias
prejudiciais para o SN,
protegendo de infecções
como a encefalite ou a
meningite, e do dano neural
provocado por algumas
substâncias.

2-Proteção Mecânica – em cada meninge circula o


LCR, que é um líquido transparente que amortiza os
golpes, nutre e lubrifica a mielina que recobrem,
fazendo com que pequenos golpes na cabeça sejam
amortizados, não pondo em perigo a vida do ser
humano.
Como se apresentam as
doenças meningocócicas?

Apresentam-se com um quadro grave:


- a septicemia (meningococcemia) - caracterizada
por mal-estar súbito, febre alta, calafrios, prostração
e manifestações hemorrágicas na pele (petéquias e
equimoses);

- a meningite - com ou sem meningococcemia, de


início súbito, com febre, cefaléia intensa, náuseas,
vômitos e rigidez de nuca, além de outros sinais de
irritação meníngea (Kernig e Brudzinski). O paciente
pode estar consciente, sonolento, torporoso ou em
coma. Os reflexos superficiais e osteotendinosos
estão presentes e normais.
- a meningoencefalite, onde ocorre depressão
sensorial profunda, sinais de irritação meníngea
comprometimento dos reflexos superficiais e
osteotendinosos.
Sinal de Brudzinski - Flexão
involuntária da perna sobre a
coxa e dessa sobre a bacia, ao
se tentar ante-fletir a cabeça.

Sinal de Kernig – tem 2


formas de pesquisar. Em
decúbito dorsal: 1)eleva-se o
tronco, fletindo-o sobre a
bacia; há flexão da perna
sobre a coxa e dessa sobre a
bacia; ou 2) eleva-se o
membro inferior em extensão,
fletindo-o sobre a bacia, há
flexão da perna oposta sobre
a coxa. Esse exame chama-
AGENTE ETIOLÓGICO
A meningite pode ser causada por diversos agentes
infecciosos, como bactérias, vírus e fungos, dentre
outros, e agentes não-infecciosos (ex: traumatismo).
As meningites virais e bacterianas são as de maior
importância da saúde pública, pelo potencial de
produzir surtos. Dentre elas, destacam-se:
Meningites bacterianas:

1-Neisseria meningitidis (meningococo)- Bactéria


gram-negativa em forma de coco.

2- Mycobacterium tuberculosis - Bacilo não formador


de esporos, sem flagelos e que não produz toxinas. É
uma espécie aeróbica estrita, necessitando de
oxigênio para crescer e se multiplicar.
3 - Haemophilus influenzae - Bactéria gram-negativa.
Quando é desprovido de cápsula, se encontra nas
vias respiratórias de forma saprófita, podendo causar
infecções assintomáticas ou doenças não-invasivas
tais como bronquite, sinusites e otites, tanto em
crianças como em adultos. Por outro lado, a forma
capsulada, antes da introdução da vacina Hib, era
responsável por 95% das doenças invasivas
(meningite, septicemia, pneumonia, epiglotite,
celulite, artrite séptica, osteomielite e pericardite).

4- Streptococcus pneumoniae - Bactéria gram-


positiva, esférica (cocos), disposta aos pares.
Meningites virais – causadas por vários vírus
como: o da poliomiellite, o do sarampo, da rubéola,
varicela, citomealovírus, vírus herpético, etc.

QUADROS CLÍNICOS DAS MENINGITES


1- Meningite Meningocócica - Delírio e coma podem
surgir no início da doença, ocorrendo, às vezes,
casos fulminantes, com sinais de choque. É comum o
aparecimento de exantema purpúrico ou
hemorrágico, podendo apresentar-se sob a forma de
petéquias.
Os lactentes raramente apresentam sinais de
irritação meníngea, necessitando observar febre,
irritabilidade ou agitação, grito meníngeo e recusa
alimentar, acompanhados ou não de vômitos,
convulsões e abaulamento da fontanela. A
meningococcemia pode ou não vir acompanhada de
meningite.
2- Meningite por Haemophilus Influenzae - Infecção
bacteriana aguda das meninges, comum na 1ª
infância. Início geralmente súbito, com febre,
cefaléia intensa, náuseas, vômitos e rigidez de nuca,
aos quais se associam os sinais de Kernig e
Brudzinski
3- Meningite Tuberculosa - É uma das complicações
mais graves da tuberculose. O quadro clínico é,
comumente, de início insidioso, embora existam
casos com um começo abrupto e com convulsões. É
dividido em 3 estágios.

3.1- O primeiro - tem duração de 1 a 2 semanas e


sintomas inespecíficos como: febre, mialgias,
sonolência, apatia, irritabilidade, cefaléia, anorexia,
vômitos, dor abdominal e mudanças do humor.
3.2- No segundo estágio persistem os sintomas
sistêmicos e surgem sinais de lesão de nervos
cranianos, exteriorizando-se por paresias e plegias,
estrabismo, ptose palpebral, irritação meníngea e
hipertensão intracraniana. Podem surgir sinais de
encefalite, com tremores periféricos, distúrbios da
fala, trejeitos e movimentos involuntários das
extremidades.
No terceiro estágio, surgem déficit neurológico focal
opistótono, rigidez de nuca, alterações do ritmo
cardíaco e da respiração e graus variados de
perturbação da consciência, incluindo o coma. Em
qualquer estágio clínico da doença pode-se observar
convulsões focais ou generalizadas. Na maioria dos
casos de meningite tuberculosa há alteração
pulmonar, observada ao exame radiológico. O paciente
pode ou não ser reator ao PPD.
MENINGITES VIRAIS

São também chamadas assépticas ou serosas. O


SNC pode ser infectado por vários vírus; o quadro
clínico caracteriza-se por cefaléia súbita, fotofobia,
rigidez de nuca, náuseas, vômitos e febre. Ao exame
físico, destaca-se o bom estado geral do paciente e a
presença de sinais de irritação meníngea. Em geral,
a evolução é rápida e benigna sem complicações;
exceto nos casos de imunodeficiências.
Reservatório

O principal reservatório é o homem. No caso da


meningite tuberculosa, outros animais, em especial o
gado bovino, podem ser reservatórios da doença. No
entanto, o homem com a forma pulmonar bacilífera é
o reservatório de maior importância epidemiológica.
Modo de transmissão
Em geral, a transmissão é de pessoa a pessoa,
através das vias respiratórias, por gotículas e
secreções da nasofaringe, havendo necessidade de
contato íntimo (residentes na mesma casa, colega de
dormitório ou alojamento, namorado) ou contato
direto com as secreções respiratórias do paciente.
A transmissão fecal-oral é de grande importância
em infecções por enterovírus. Os casos de TB
pulmonar com escarro positivo à baciloscopia
constituem a principal fonte de infecção, Meningites
pois eliminam grande número de bacilos, podendo
provocar uma infecção maciça dos contatos, com
maior probabilidade de desenvolvimento de formas
graves da doença, como a meningite.
PERÍODO DE INCUBAÇÃO

Em geral, de 2 a 10 dias; em média, 3 a 4 dias. Pode


haver alguma variação em função do agente
etiológico responsável. A meningite tuberculosa, em
geral, ocorre nos primeiros seis meses após a
infecção.

Período de transmissibilidade
É variável, dependendo do agente infeccioso e da instituição do
diagnóstico e tratamento precoces. No caso da doença
meningocócica, a transmissibilidade persiste até que o
meningococo desapareça da nasofaringe. O que geralmente
ocorre após 24 horas de antibioticoterapia. Aproximadamente,
10% da população pode apresentar-se como portador
assintomático.
Diagnóstico laboratorial

É realizado através do estudo do LCR, podendo


também ser utilizada a hemocultura, o raspado de
lesões petequiais, urina e fezes. A punção liquórica é
freqüentemente realizada na região lombar, entre as
vértebras L1 e S1. O líquor normal é límpido e
incolor. O volume normal é de 80 a 150ml.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

-DefInição de caso

Suspeito

• Crianças acima de 1 ano e adultos com febre,


cefaléia intensa, vômitos em jato, rigidez da nuca,
sinais de irritação meníngea (Kernig, Brudzinski),
convulsões e/ou manchas vermelhas no corpo.
• Em crianças abaixo de um ano de idade, os
sintomas clássicos acima referidos podem não ser
tão evidentes. É importante considerar para a
suspeita diagnóstica sinais de irritabilidade, como
choro persistente, e verificar a existência de
abaulamentode fontanela.
• Todo caso suspeito confirmado pelos seguintes
exames laboratoriais específicos: cultura, LCR •
Todo caso suspeito de meningite com história de
vínculo epidemiológico com caso confirmado
laboratorialmente por um dos exames especificados
• Todo caso suspeito de meningite tuberculosa com
história de vínculo epidemiológico com casos de
tuberculose.

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