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HISTÓRIA DA INDUMENTÁRIA E MODA

SÉCULO XX – 1970 / 1990


MODA E COMPORTAMENTO

PROF. ODAIR TUONO


ANOS 70

O Festival Woodstock consolidou a


moda hippie e os aspectos da con-
tra cultura na moda. Tons psicodé-
licos, tecidos sintéticos que não
amarrotavam, calças boca-de-sino,
vestidos longos e soltos.

As roupas unissex ofereceram di-


reito às mulheres de incorporar os
suspensórios e o colete em seu
guarda roupa, enquanto para os
homens eram permitidos os tons
coloridos e estampas florais.

Para mulheres e homens o sapato


plataforma era a coqueluche do
momento.
ANOS 70

O estilo feminino de vestir se multi-


plicava com espírito da jovialidade,
poderia ser romântico com estam-
pas florais e rendas ou masculiniza-
do para as mulheres que ansiavam
sua independência financeira.

Os bailes com música romântica e


rock passaram a ser os lugares
ideais para os “amassos”, uma gíria
da época.

O sexo passava a ser o fator deter-


minante para um casal manter a es-
tabilidade de seu relacionamento.
ANOS 70

A prática do cooper (tipo de cor-


rida) estabeleceu o surgimento de
um conjunto de calça comprida e
agasalho com zíper em moleton
conhecido como training.

No final dos anos 70 as calças jeans


ganham novo formato com o corte
baggy ou semi-baggy, as pe-ças
eram marcadas na cintura, o volume
descia pelo quadril e coxas de
forma arredondada, terminando
afunilada no tornozelo.

A roupa deveria privilegiar o com-


forto e o movimento de um tempo
dinâmico para as sociedades urba-
nas.
ANOS 70

O surgimento das Discotecas nos


Estados Unidos transformaram se
em uma febre mundial.

A moda que era utilizada para dan-


çar incluía léotards, shorts, camise-
tas, jeans com elastano combinados
com acessórios extravagantes.

As peças ganhavam brilho com fios


de lurex, vidrilhos e lantejoulas,
além das estampas tropicais, imita-
ção de couro de cobra, malhas de
futebol americano e camisetas de
seda que formavam uma moda
exótica.
ANOS 70

O Studio 54 de Nova Iorque era a


grande referência da época aonde
todas as figuras do jet-set mundial
se encontravam em meio as festas
extravagantes e glamourosas.

No Brasil, os principais templos da


onda disco foram a Papagaio Disco
Club (RJ) e a Hipopotamus (SP) tra-
zendo para nossas terras o “frenetic
dancing days”.

Os criadores Stephen Burrows,


Betsey Johnson e Norma Kamali
traduziam a excelência do vestuário
da época.

STUDIO 54
ANOS 70

Os Punks surgiram em Londres, In-


glaterra, entre os adolescentes, de-
sempregados e estudantes um novo
estilo para contestar o sistema.

Os rostos eram pintados de branco


e os olhos contornados de preto, os
penteados incluíam cabelos curtos
com faixas raspadas, enquanto os
compridos eram penteados para
trás ou armados em estilo moicanos
com a ajuda do gel fixador.

Os cabelos recebiam as tinturas de


vermelho, verde, roxo ou amarelo
numa mistura de agressão e fascí-
nio aos costumes britânicos.
ANOS 70

As calças eram rasgadas, as saias


curtas, jaquetas pretas de couro
com tachas, correntes como adorno
para as pernas ou pescoço.

As camisetas tinham slogans anár-


quicos pintados de forma grosseira.

Alfinetes de segurança eram pendu-


rados no nariz ou orelhas, além de
prenderem as roupas.

Preto, cor-de-rosa e laranja eram as


cores predominantes nas peças de
roupas utilizadas pelos punks.
ANOS 70

1971 – A Era Espacial aguçava o


imaginário das pessoas e dos
criadores: “Como seria o mundo do
futuro?...”. – O Greenpeace é funda-
do para protestar contra testes nu-
cleares no Alasca.

1972 – Ângela Davis, militante ne-


gra americana, difundia os valores
“Black Power” que privilegiavam as
raízes africanas, a cultura caribenha
e o ritmo “soul music” – Desenvolvi-
dos os primeiros sistemas para ligar
os computadores em rede mundial.

1973 – Surge o primeiro videogame.

1974 – O skate é inventado para a


futura geração streetwear.
ANOS 70

1975 – Bill Gates fundava a em-


presa Microsoft.

1977 – Os cinemas recebiam a


estréia de “Guerra nas Estrelas” e
“Os Embalos de Sábado à Noite”.

1978 – Nascimento do primeiro be-


bê de proveta, Louise Brown.
ANOS 80

Pluralidade de opções, profusão de


influências, contrastes e opostos
que passaram a conviver no cenário
da moda repleto de excessos e
fantasias.
Os grupos de moda procuravam
afirmar sua identidade própria par-
tindo da forma de vestir como um
grande sinalizador de diferenciação
social.
O culto ao corpo levou milhares de
pessoas para as academias em
busca de formas perfeitas, horas de
exercícios e suplementos alimenta-
res eram um preço justo para alcan-
çar o novo ideal, as roupas coladas,
fendas e transparências garantiam a
exibição do padrão de beleza.
ANOS 80

Na moda a inspiração por períodos


do passado caracterizavam as cria-
ções, quando estas não obedeciam
os sintomas espontâneas da cultura
de rua.
Resgatar “tempos antigos” era uma
forma de renovar as roupas trazen-
do aspectos, detalhes e formas usa-
dos na Idade Média, no Barroco, na
década de 20 ou 50, criando uma
nova interpretação para o vestuário.
A pesquisa de moda era intensa,
revelava o novo através do antigo,
as fontes eram as mais variadas:
viagens, museus, livros, fotografias,
gravuras e brechós que ofereciam
um rico material a ser interpretado
para o universo do vestuário.
ANOS 80

O mercado financeiro dos Estados


Unidos recebeu jovens profissionais
que se destacavam em suas áreas
com uma ascensão vertiginosa, a
este grupo de pessoas foi denomi-
nado de Yuppies – Young Urban
Profissional Persons.

Os yuppies representaram um as-


pecto reacionário, no entanto mo-
derno, prevaleciam na escolha das
roupas deste segmento que a sofis-
ticação e tecnologia como forma de
ostentação na pirâmide social.

As marcas e bens de luxo traduziam


o poder de consumo destes jovens
que dedicavam suas vidas exclusi-
vamente ao trabalho.
ANOS 80

Enquanto isso na Europa os góti-


cos, denominados como Darks no
Brasil, eram jovens motivados por
questões de fundo existencialista e
religioso com um toque de roman-
tismo.

O prenúncio de uma guerra nuclear


deixava os jovens inseguros quanto
ao futuro, que se manifestavam de
forma melancólica.

Pele alva, cabelos negros, maqui-


agem escura, coturnos, sobretudos,
detalhes em renda, peças sempre
em preto, estes grupos se encon-
travam em cemitérios preferenci-
almente no período noturno como
escapismo da realidade.
ANOS 80

As roupas prêt-à-porter que eram


assinadas por grandes nomes da
costura ganharam à chancela de
griffe (marca), fato que atraiu uma
legião de fashion victims.

A epidemia da AIDS alterava o


processo da liberação sexual e
exigia maior responsabilidade nas
relações sexuais.

O casamento começou acontecer


mais tarde e os casais esperavam
mais tempo para ter o primeiro filho,
uma forma de programar a vida
profissional, a liberdade e a escolha
afetiva.
ANOS 80

1980 – Pelé é eleito o Atleta do sé-


culo.

1981 – Príncipe Charles casa-se


com Diana.

1982 – A ressonância magnética


começa a ser utilizada nos hospitais
da Inglaterra.

1983 – Robert Gallo e Luc Montag-


nier isolam o HIV, vírus da Aids.
Surgem os primeiros telefones celu-
lares.

1989 – Queda do Murro de Berlim,


unindo novamente as duas Alema-
nhas.
ANOS 90

A possibilidade de misturar diversas


influências e a ausência de fidelida-
de ao culto especifico transforma-
ram a forma de vestir dos anos 90
em um grande supermercado de es-
tilos aonde cada um tentava encon-
trar sua identidade através da expe-
rimentação sem maiores preocupa-
ções ideológicas.

O padrão de beleza é irradiado pe-


las passarelas, não apenas através
da profusão de estilos e sim pelo
esquadrão das supermodels que
estavam nas revistas, nos filmes,
nos vídeoclips, transformando se
em celebridades que cobravam pre-
ços astronômicos para desfilar para
este ou aquele criador de moda.
ANOS 90

Claudia Schiffer, Cindy Crawford,


Linda Evangelista, Naomi Campbell,
Kate Moss, Gisele Bündchen repre-
sentaram o padrão de beleza que
conseguiu transpor o milênio.

Os grandes grupos financeiros im-


põem as marcas de luxo como sím-
bolo absoluto de sofisticação e po-
der aos usuários.

A cena noturna dos grandes centros


urbanos ganhava a presença de
clubbers, ravers e drag queens
aparentemente a liberdade de ex-
pressão traduzia sua força através
de manifestações como Love Para-
de e Pride.
ANOS 90

Paralelamente a linguagem street-


wear procurava espelhar a cultura
urbana e seus valores, enquanto o
vestuário surfwear vinculava os jo-
vens numa retomada da natureza,
como estilo de vida ou escape do
caos urbano, cada segmento tem
seu apelo radical e são frutos do
comportamento dos jovens em bus-
ca de seu espaço social.

As peças do guarda roupa são des-


construídas sem a preocupação de
evidenciar o corpo. A moda jovem
requer conforto, as peças oversized,
as bainhas desfiadas, costuras apa-
rentes ou falta de acabamento com-
feriam ao visual um estilo despre-
ocupado e transgressor.
ANOS 90

O estilo Grunge personifica a atitu-


de do jovem nos anos 90.

Gíria americana que significa porca-


ria, sujeira. Em moda, indica um
visual desleixado e composto por
gorro de lã, blusa de moletom com
capuz, camiseta oversized, camisão
de flanela xadrez amarrado à cintu-
ra, bermudas abaixo dos joelhos,
meias caídas e botinas.

O visual também pode incorporar


peças rasgadas usadas pelo aves-
so, costuras aparentes e estampas
patchwork .
ANOS 90

As mulheres ganham projeção no


mercado profissional, enquanto o
homem redescobre a vaidade sem
medo das aparências, surgindo o
metrossexual.

O sexo no namoro passava a ser


socialmente aceito pelo pais, as
mulheres estão mais seguras e o
modismo é “ficar” por uma noite.

Os casais passam a viver juntos


sem necessariamente oficializar sua
união de forma civil ou religiosa.

A troca de parceiros e relaciona-


mentos demonstram a insatisfação
do cotidiano e necessidades de no-
vas experiências.
ANOS 90

1991 – Ayrton Senna foi tricampeão


de Fórmula 1.
1992 – Bush e Yeltsin anunciavam
oficialmente o fim da Guerra Fria.
1993 – Microsoft lançava o sistema
operacional Windows. Começava a
ser vendido nos EUA um tomate ca-
paz de agüentar ate 40 dias fora da
geladeira sem estragar.
1994 – Brasil tornava-se o único
tetracampeão de futebol.
1997 – Nascia na Escócia a ovelha
Dolly, o primeiro animal clonado.
1999– O mundo ficava apavorado
com o Bug do Milênio.
SÉCULO XXI

Os anos 90 passaram com uma


tempestade de liberação, o ideal de
beleza pode ser alcança pela ajuda
de ciência, o corpo pode ser escul-
pido ao desejo do cliente.

Piercings e tatuagens são os no-


vos adornos de uma geração que
reclama a tolerância por escolhas
intransigentes.

A violência e as drogas são maximi-


zadas pela mídia, valores são alte-
rados e transgredidos, existe uma
nova moral vigente.
SÉCULO XXI

Prenúncio do Futuro

O início do século XXI pode ser o


prenúncio de uma vida melhor?...

A expectativa de vida para o ano


2000 era de 68 anos.

Várias descobertas tem sido realiza-


das no campo da tecnologia influen-
ciando o cotidiano das pessoas.

Nanotecnologia, cirurgias não inva-


sivas, comunicação digital, tecidos
inteligentes, novos materiais para
arquitetura são alguns exemplos
deste “Admirável Mundo Novo”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUDOT, François. Moda do Século. São Paulo: Cosac Naify, 2005.

LEHNERT, Gertrud. História da Moda do Século XX. Colónia: Könemann, 2001.

MENDES, Valerie e HAYE, Amy de la. A Moda do Século XX. São Paulo: Martins
fontes, 2003.

PEACOCK, John. The Chronicle of Western Costume. Londres: Thames and


Hudson Ltd., 1991.

RECCO, Claúdio Barbosa. História Geral. Endereço eletrônico: www.historianet.


com.br

ROBERTS, J. M. O Livro de Ouro da História do Mundo – da Pré-História à Idade


Contemporânea. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.

VEILLON, Dominique. Moda & Guerra – Um retrato da França ocupada. Rio de


Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.

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