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FIGURINO:
A Moda na Sétima Arte
BELO HORIZONTE,
MINAS GERAIS
Resumo
Abstract
MODA, FIGURINO e CINEMA
Quando se fala em figurino é possível observar personagens e personalidades inteiras
através apenas do vestuário desses, mesmo sem a pessoa o ator ou a atriz, a vestimenta
específica traz consigo toda aquela persona embutida em uma figura imagética que compõe
plasticamente o espaço como uma sombra humana.
É comum ao pensar na cinderella lembrar-se do seu vestido rodado azul, dos seus
sapatinhos feitos de cristal ou das roupas maltrapilhas que ela usava cotidianamente, o mesmo
acontece na memória ao citar Edward Mãos de Tesoura, Kill Bill, ou a Rainha de Copas _com
seu penteado exclusivo_; os figurinos excêntricos, os acessórios, as marcas, objetos,
penteados e maquiagens que exaltam as personalidades e características dos indivíduos das
fábulas, são essas as primeiras impressões e as que restam dessas figuras.
Relacionar algum criador de moda à sétima arte é uma porta de entrada para relacionar
o cinema, a moda e o figurino. Seria moda as criações de alta costura que são vendidas por
valores altíssimos para as pessoas da alta sociedade? As repetições incansáveis de estilos e
tendências entre as mídias sociais e grupos? Ou seria a escolha individual de autoexpressão
que as pessoas tomam cotidianamente no momento de se vestirem para atravessarem o dia? É
moda aquilo que ganhou visibilidade e viralizou? Talvez seja moda por ter sido
confeccionado de maneira minuciosa e artística? Ou a moda é estabelecida por demonstrar
opiniões e sentimentos?
O figurino, composto pelos trajes, chapéus, sapatos, bolsas, objetos, penteados,
acessórios e todos os tipos de itens que alteram a aparência visual do corpo; é o elo entre a
moda e o cinema, relação essa que age de maneira polivalente, afetando-se reciprocamente. O
cinema como vitrine ou criador de tendências, como história e representação ou como
idealização e divisão de arquétipos age de forma a validar a associação entre comportamento,
gostos e jeito de se usar artigos da indumentária, assim como as relações entre vestuário e
política, trajes e cultura, indumentária e corpo coletivo.
“As roupas, como um elemento menor na hierarquia da linguagem
cinematográfica, funcionam principalmente para reforçar as ideias da
narrativa. Ocasionalmente, um adereço colocado propositadamente como
suporte, pode surgir na materialização da narrativa, pode começar como
uma parte de um conjunto e mais tarde servir para fazer avançar a
narrativa. “CONCEIÇÃO, Daniela (2010).
A moda nos cinemas era não apenas uma consequência do marketing, mas uma
conexão entre a indumentária e o ambiente social, cultural, individual e local o qual se
encontra qualquer indivíduo, isto é, a nacionalidade terá um efeito em cima dos gostos
da maior parte dos cidadãos contidos em uma determinada semelhança cultural que é
marcada principalmente pela linguagem.
A miscigenação cultural provocada pela globalização promove mudanças nas
escolhas de auto cultura pessoal, instigando a individualidade através daquilo que se
permite identificar como semelhante, dos símbolos e signos selecionados para se
expressar ou comunicar algo através do uso de determinados adornos, objetos e artigos
do vestuário.
A influência do cinema na vida cotidiana contemporânea vai além do momento
de entretenimento pessoal, para uma identificação intima e psicológica de cada pessoa
referindo se aos gostos e escolhas relativas à perspectiva individual. O gênero
preferido, a admiração por um tipo específico de produção audiovisual ou uma história
incansável de se assistir; são as maneiras de perceber a influência no comportamento,
nas escolhas de estética, de padrões de beleza, nas silhuetas, nas decorações e em
diversos outros pontos que remetem a interferência causada pelas obras
cinematográficas nos modos e na moda.
O cinema como criador de tendências, como vitrine de marketing e como
memória da história está diretamente vinculado a moda não só pelas semelhantes
facetas, mas pela necessidade intrínseca da ligação entre personagem, tempo,
comportamento e vestuário criando uma estreita linha entre o vestuário do figurino e o
vestuário de moda. Linha essa que se separa pelos objetivos e assemelha-se pelos
signos vivendo em um pêndulo da relação paradoxal que comunica e mostra uma
linguagem artística e psíquica.
“O que existem em comum entre moda e cinema? Ambos são midiáticos,
além de tocar na sensibilidade das pessoas, gerar empregos e promover o
entretenimento. Mas o principal é que a moda e cinema se influenciam
mutualmente, em que as duas linguagens lançam tendências e
comportamentos.” COSTA, Grace (2017)
Collen Atwood
Como ressalta (Landis 2004:3): O designer de figurinos, que pode também ser
chamado de figurinista, tem como função escolher ou criar todo o guarda-roupa
presente na narrativa. Este pode ser desenhado pelo mesmo e pela sua equipa, ou
escolhido e alterado de acordo com as necessidades e opções existentes. A sua tarefa é
de interpretar, desenvolver e criar, através de roupas e acessórios, determinados
personagens, nos seus aspectos do colectivo ou individuais, de forma a transmitir para
quem assiste à película uma identidade, mas também um carácter e um tipo de
personalidade distintas nos diferentes personagens.
A personalidade dos personagens, no universo
imaginários das tramas, nas estéticas
representadas, dada sua posição social,
carácter psicológico e individualidades afetava
profundamente as criações de Collen que
muda toda sua singularidade de traços,
composição, cores e formas de acordo com
cada entidade caracterizada com seus
próprios arquétipos, símbolos e signos.
Collen Atwood como artista e designer contribui para a moda como criadora étnica,
dando vida a culturas completamente lúdicas e universos extraordinários que afetam a forma
de ser, pensar e agir do público, por conseguinte afetando sua maneira de se vestir e adornar-
se.
Sua contribuição para o figurino, a volatilidade de suas criações e a coerência entre os
aspectos da obra e o figurino são diferenciais que fazem de Atwood uma referência,
atualmente sua últimas criações para a série “Wednesday” da Netflix encontram os olofotes
das redes sociais e, mediante a viralização do seriado cativa as vontades do público, afetando
e intervindo mais uma vez a forma como as pessoas se vestem cotidianamente, seus gostos e
atitudes.
As intenções distanciam moda de figurino, que se aproximam em suas capacidades
expressivas, no carácter artístico e no poder de persuasão midiático de seus artigos. O figurino
é a moda na sétima arte, este sendo coerente a um momento histórico ou excêntrico a
vestimenta cotidiana tem assim como a moda a capacidade de servir como memória e
arquivar sentimentos e pensamentos de uma comunidade ou indivíduo, servindo como palco
para o romance da condição humana.
Referências