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ELABORAÇÃO DO PROJETO DE

PESQUISA: ETAPAS E
PROCEDIMENTOS
Prof. Dr. Carlos Henrique de Freitas
Engenharia de Produção - UNIARAXÁ
JUSTIFICATIVA DO PROJETO
É o convencimento de que o trabalho de pesquisa deve ser
realizado. A justificativa exalta a importância sócio científica do
tema a ser estudado ou justifica a necessidade imperiosa de levar a
efeito tal empreendimento. Devem aparecer os seguintes
elementos:

 a) origem do problema - como surgiu, como foi percebido;


 b) colocar o que se espera, mostrar qual a possibilidade de
intervenção na realidade pesquisada a que o projeto se propõe.
Faz-se a seguinte pergunta: Que benefícios sociais podem trazer
a realização desta pesquisa?
(FONSECA, 2013)
EXEMPLO JUSTIFICATIVA:
De: Agostinetto (2006; USP – São Carlos)
MATERIAL E MÉTODOS (METODOLOGIA)
Detalhar o conjunto de métodos selecionados, ou seja, discriminar as atividades
necessárias à execução física do projeto, que retratam a experiência e o
conhecimento do autor, para garantir a consecução dos objetivos propostos e
o repasse dos conhecimentos adquiridos para a sociedade. Deve-se:

 Procurar responder os quatro Qs: O quê será pesquisado (objeto de pesquisa)?


Quem (pessoas envolvidas)? Quando (período em que a pesquisa será realizada)?
Qual (is) instrumento/método (s) será (ão) utilizado (s) e o (s) procedimentos de
coleta de dados, apresentação e análise?
 Detalhar a metodologia a ser adotada, discriminando as atividades necessárias à
execução física do projeto;
 Quais materiais e equipamentos serão utilizados na coleta dos dados?
 Questões éticas;

 Análise e interpretação dos dados (estatística);


 Apresentação dos resultados.
OU:
Relaciona-se as etapas, com a descrição dos procedimentos, que serão
executadas para se atingir as metas,
MÉTODOS DE PESQUISA
MÉTODOS CIENTÍFICOS (CONCEPÇÃO FILOSÓFICA)

 Método Indutivo (Galileu e Bacon, séc. XVII)


Descoberta de princípios gerais a partir de conhecimentos particulares (Micro para o
Macro);

 Método Dedutivo (Descartes, séc. XVII)


Aplicação de princípios gerais a casos particulares.
(Macro para o Micro)

 Método Hipotético-Dedutivo (Popper)


A partir das hipóteses formuladas deduz-se a solução do problema.
MÉTODO INDUTIVO (GALILEU
GALILEI E FRANCIS BACON)

 O método indutivo proposto por Galileu, baseia-se no princípio


da formulação de uma lei geral a partir da observação de alguns
casos particulares.
 A Lei não exprime a totalidade, entretanto expressa uma parte
dos fenômenos, conclui de um ou mais fatos particulares para
todos os fatos semelhantes.
Generaliza os fatos ou eventos!
MÉTODO INDUTIVO

 Indução – Exemplo prático

Este imã atrai o ferro.


Ora, aquele imã atrai o ferro.
Logo, em toda parte e sempre, o imã atrairá o ferro.

 Esta lógica indutiva utilizou apenas dois casos como base, para
ser estabelecida uma relação, então pode ser passível da erro.
Em resumo:
Problematização e : pergunta à partir da

Mas como pode haver erros...


Francis
Bacon
propõe:
MÉTODO DEDUTIVO – PROPOSTO POR DESCARTES
 O método dedutivo propõe resolver problemas ao justificar o
contexto da descoberta através da
própria razão.

 O método dedutivo é o símbolo do racionalismo moderno.

 Ao ser identificado o problema o pesquisador começa a


conjeturar sobre possíveis soluções que poderiam explicá-lo.

 Inicia a dedução sobre o problema maior para


chegar a conclusões particulares.
MÉTODO DEDUTIVO: EXEMPLO PRÁTICO
MÉTODO DEDUTIVO: EXEMPLO PRÁTICO
MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
KARL POPPER – SÉC. XX
 Tem por princípio colocar os conhecimentos já exis-
tentes em questionamento, para surgirem novos conhecimentos.

 Consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio:

i) Quando os conhecimentos existentes sobre determinado assunto são


insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema.
ii) Para tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são
formuladas hipóteses. Das hipóteses formuladas deduzem-se
consequências que deverão ser testadas ou falseadas.
* Falsear significa tentar tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses.
MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO

 No método dedutivo procura-se confirmar a hipótese, no hipotético-


dedutivo procura-se evidências para derrubar a hipótese (GIL, 1999).

 A não rejeição das hipóteses confirma a nova teoria!!

 A filosofia científica predominante do


séc. XX baseia-se neste princípio.
Diferença
EM RESUMO: Concordância
Concomitância
Resíduo
Analogia

Observação
Pesquisa e formulação
Científica de hipóteses
Rejeição

Seleção
Coleta
de
dados

Teste da
Hipótese HIPÓTESE (S)
CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Quanto à abordagem dos dados: quantitativa ou qualitativa
• Pesquisa quantitativa: numérica, matemática/experimental.

Postinho Polícia

40
35
30
25
20
15
10
5
0
0,00 0,01-0,50 0,50-1,00 1,00-2.00 2,00-3,00 3,00-5,00 5,00- 10,00
10,00

Disposição máxima a Pagar (DAP) dos usuários da rodovia SP-334


para a conservação da fauna.
• Pesquisa qualitativa:
Resumo
O artigo tem como objetivo analisar as percepções de jovens trabalhadores
metalúrgicos, entre 18 a 25 anos, sobre as mudanças organizacionais e
tecnológicas que estão sendo introduzidas no processo produtivo de oito
indústrias dos setores metalúrgico e eletroeletrônico do município de Osasco.
Considerando que essas mudanças no trabalho redefinem o perfil do trabalhador e
colocam novas exigências quanto à escolaridade, formação profissional,
participação e compromisso com os objetivos da empresa, o texto discute a
relação dos jovens com a escola, o trabalho, a empresa e o sindicato. Na análise
do jovem trabalhador é retomada a perspectiva de autores europeus que acentua a
heterogeneidade da juventude. Portanto, mesmo com identidade comum definida
pela condição operária, os jovens entrevistados avaliam e interpretam de diversas
maneiras as condições de trabalho e situam–se diferentemente diante das
modificações feitas.

Ref.: MARTINS, Heloisa Helena T. de Souza. O processo de reestruturação produtiva e


o jovem trabalhador: conhecimento e participação. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S.
Paulo, 13(2): 61-87, novembro de 2001.
Principais:

A) Exploratória

B) Descritiva

C) Analítica/relacional
A) Exploratória: análise documental, levantamento
inicial de dados; aumentar a precisão, hipóteses
pesquisáveis para estudos posteriores.

Fonte: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1
População economicamente ativa (maiores de 10 anos x 1000), região
metropolitana de Belo Horizonte - MG, período 2001-2009. (Fonte:
http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=PD301&t=Condi%u00e7%u00e3o+de+atividade+da+popula
%u00e7%u00e3o+de+10+anos+ou+mais+de+idade
B) Descritiva: inicial, com o objetivo de descrever as
características de determinada população ou fenômeno.
C) Analítica/relacional: busca relacionar informações e explicar
os fatores causais ou determinantes.
Nascimentos Médias mensais
s
35 32 350,0
N.° Filhotes nascidos

30 300,0

Pluviosidade em mm
25 250,0

20 200,0

15 150,0

10 100,0
6
4 4
5 3 50,0

0 0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nascimentos mensais de lobos-guarás em cativeiro, CDA-CBMM,


período 1990-2005 e a relação com a pluviosidade (linha). Fonte:
Resende (2005).
•Estudo de caso – concentra em estudo particular, de campo,
representativo de um conjunto de casos análogos;

Resumo
Uma das preocupações crescentes na engenharia de produção e gestão das operações tanto nos
países desenvolvidos quanto no Brasil é com relação às abordagens metodológicas utilizadas
no desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa, dentre as quais o estudo de caso é uma das mais
frequentemente adotadas. No entanto, a condução adequada de um estudo de caso não é uma
tarefa simples e muitas vezes os trabalhos são sujeitos a críticas em função de diversas
limitações metodológicas. Nesse sentido, este trabalho propõe uma estrutura para a condução
de um estudo de caso(s), bem como sugere um conjunto de recomendações para seu
planejamento e condução. Finalmente, alguns pontos importantes são levantados, bem como
algumas reflexões e propostas futuras para dar continuidade ao estudo sobre as abordagens
metodológicas para a engenharia de produção.
Palavras-chave: Engenharia de produção, estudo de caso, metodologia de pesquisa.
Pesquisa participante – o pesquisador observa e vive junto dos
participantes. Pesquisador identifica-se com os pesquisados.
Desenvolve-se a partir da interação entre pesquisadores e membros da
situação investigada.
•Pesquisa-ação – é aquela que, além de compreender, o pesquisador
visa intervir na situação, busca modificá-la.
Os pesquisadores e participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo.
Segundo (Benbasat, Goldstein & Mead, 1987) a pesquisa-ação pode ser considerada
um tipo de estudo de caso, com a diferença que o pesquisador deixa de ser um
simples observador para ser:
"...um participante na implementação de um sistema, embora simultaneamente queira avaliar
uma certa técnica de intervenção...O pesquisador não é um observador independente, mas
torna-se um participante, e o processo de mudança torna-se seu objeto de pesquisa. Portanto, o
pesquisador tem dois objetivos: agir para solucionar um problema e contribuir para um
conjunto de conceitos para desenvolvimento do sistema“ (Benbasat, Goldstein & Mead, 1987,
p.371).

•Pesquisa bibliográfica: pesquisa documental, em artigos publicados,


livros, teses, dissertações, etc;
PESQUISA EXPERIMENTAL

○ A experiência é realizada em local


circunscrito.

o Onde as variáveis e condições do estudo são controladas e


podem ser reproduzidas pelo pesquisador.

o O ambiente para a realização da


experiência é controlado.
PESQUISA EXPERIMENTAL
o Destina-se a obtenção por experimentação de novos sistemas, produtos
ou processos (Software, fármacos, hardware etc...).

 Quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis


que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e
observação dos efeitos que a variável produz nos objetos em estudo.

CONSISTE EM:
 isolar as variáveis em dependentes e independentes que podem ser
estudadas em ambientes controlados;
 saber se a variável independente determina a variável dependente sob
controle rigoroso do pesquisador.
PESQUISA DE
CAMPO
 Consiste na observação de fatos e
fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados a
eles referentes e no registro de
variáveis que presume-se ser
relevantes, para analisá-los.

 Trata-se de uma pesquisa utilizada com o objetivo de conseguir


informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual
procura-se uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira
comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre
eles.
PESQUISA OPERACIONAL
 A finalidade é o desenvolvimento de métodos e técnicas para a
solução de problemas complexos e para a tomada de decisões.

 Utiliza o conhecimento matemático, através da programação linear


e não linear para a solução de problemas.

 A pesquisa operacional consiste na construção de modelos do


sistema físico real para serem aplicadas técnicas de simulação e
otimização.
AVALIAÇÃO COMPARATIVA DOS ESTUDOS
MÉTODOS/INSTRUMENTOS (COLETA DE DADOS)
Observação
 Quando se utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.
 Forma de aquisição do conhecimento em que o pesquisador não interfere no objeto do
estudo.
Exs.: Astronomia – Comportamento Animal, Humano, Fenômenos, etc.
Tipos:
 Observação assistemática: Não existe planejamento e controle previamente
elaborados.
 Observação sistemática: Tem planejamento, realiza-se em condições controladas
para responder aos objetivos.
 Observação não-participante: O pesquisador presencia o fato, mas não
participa.
 Observação individual: Realizada por um pesquisador.
 Observação em equipe: É realizada por um grupo de
pesquisadores.
MÉTODOS/INSTRUMENTOS
Experimentação
 Forma de aquisição do conhecimento em que o pesquisador fixa,
manipula e introduz variáveis no objeto do estudo
 (Química – Física – Biologia - Engenharias - Eletrônica - Informática)

Tipos de Experimentação
Experimentação em campo
 Os dados são registrados a partir das reações resultantes das variáveis que o
pesquisador introduz no experimento.
 Todos os eventos são realizados no ambiente externo não controlado.

Experimentação em laboratório
 Onde todas as variáveis e condições são controladas e,
são introduzidas pelo pesquisador. O ambiente para a
realização da experiência é controlado.
MÉTODOS/INSTRUMENTOS
Survey/questionário

Abordagens de caráter quali ou quantitativo que visa obter


características do objeto pesquisado através de perguntas aplicadas com
o uso de entrevistas pessoais, por telefone, internet, cartas,
questionários, cartões, etc. No questionário deve-se considerar:
 Forma de aplicação, objetivos da pesquisa;

 Amostragem, filtros, tipo e número de questões;

Antes da realização efetiva:


 Aplicar um protocolo e atentar para as questões acima

 Padronizar e controlar a qualidade, caso sejam

aplicados por mais de uma pessoa.


EXEMPLO:
Disponível em: https://pt.surveymonkey.com
MÉTODOS/INSTRUMENTOS

Modelagem e simulação

Modelo Científico
 Uma representação lógica, um conjunto de mecanismos

virtuais que permite a representação de um fenômeno.


 Pode ser avaliado segundo a sua semelhança com o

sistema físico real.


 A validade do modelo consiste em efetivamente

descrever aquilo que se propõe a descrever e, depende do seu grau de


precisão.
EXEMPLOS: Circuito eletrônico
Bomba centrífuga multi-estágio

Físico Computacional
Disponível em:
http://www.oceanica.ufrj.br/deno/prod_academic/relatorios/2008/Debora+ThiagoDouglas/relat2/frame.htm
REFERÊNCIAS
1- AGOSTINETTO, J. S. Sistematização do processo de produção de produtos, melhoria contínua e
desempenho: o caso de uma empresa de autopeças. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo, USP/São Carlos-SP: 121p., 2006. Disponível em [http://
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18140/tde-23042007-091901/pt-br.php]. Acesso em: 13/03/2014.
2- FONSECA, M. C. Manual de Normalização de Trabalhos Acadêmicos do UNIARAXÁ, 6ª ed. Centro
Universitário do Planalto de Araxá, Araxá – MG: 74 p., 2013. Disponível em: [
http://www.uniaraxa.edu.br/assets/pdf/2013/manual-de-normalizacao-2013.pdf]. Acesso em: 11/02/2014.
3- GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª ed. Atlas, São Paulo: Cap. 3 pp. 26-32, 2008.
4- JUNG, C. F. Metodologia Científica: ênfase em pesquisa tecnológica, 3ª ed. Disponível em CD-ROM -
Publicação Eletrônica Invendável para Difusão Tecnológica Gratuita: 357 p., 2003. Disponível em: [
http://www.jung.pro.br]. Acesso em: 14/03/2014]
5- SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22ª ed. Atlas, São Paulo: Cap. III pp. 99-126, 2002.

Para saber mais na Internet:


Revista Produção, ABEPRO. Disponível em: [http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0103-6513&lng=en&nrm=isso]. Acesso em: 16/03/2014.
Revista Tempo Social, USP. Disponível em [
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0103-2070&lng=en&nrm=isso];
Revista São Paulo em Perspectiva, fundação SEADE. Disponível em: [http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0102-8839&lng=en&nrm=isso]
Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte. Disponível em: [http://www.fjp.gov.br/]
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Disponível em:[http://www.ibge.gov.br]
“O acaso só favorece a mente que está bem preparada.”
Louis Pasteur

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