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HIPNOSE (1891)

FREUD, VOLUME I
Hipnose
Praticar a hipnose com fins terapêuticos, não é algo
fácil e simples. A técnica de hipnotizar é um método
médico tão difícil como qualquer outro.

Depois de aprender a arte da hipnose, o médico


deverá abordar o assunto com total seriedade e
firmesa. Estas nascem do fato de estar empregando
algo útil e, em algumas circunstâncias, necessário.
Médico Cético
Todo aquele que se põe a hipnotizar com ceticismo,
que pode se revelar em sua expressão, sua voz e seus
modos, não poderá experar mais do que fracassos
nesta técnica;

Esse médico deveria, então, deixar essa prática para


outros médicos capazes de praticá-la sem se sentirem
feridos em sua dignidade médica.
Regras
Não impor ao paciente o tratamento pela hipnose.

Entre o público, acha-se difundido o preconceito de


que a hipnose é um método perigoso e, se tentassemos
impor a hipnose a alguém seriamos interrompidos por
eventos desagradáveis decorrentes da ansiedade do
paciente e de seu sentimento de estar sendo
dominado.
Regras
Sempre que surge uma intensa resistência contra o uso
da hipnose, devemos renunciar ao método e esperar
até que o paciente, sob a influência de outras
informações, aceite a ideia de ser hipnotizado.

Aos que não acreditam na técnica, podemos dizer:


“Não exigimos sua crença, mas, de início, sua atenção
e cooperação.”
Quem pode ser hipnotizado?
Em geral, qualquer pessoa é hipnotizável; porém, todo
médico encontrará determinado número de pessoas
que não conseguirá hipnotizar e, muitas vezes, não
poderá dizer de onde se originou o seu fracasso.

De acordo com Freud, isso não seria uma questão de


fé.
Contra que doenças podemos
usar a hiponose?
Evita-se aplicar a hipnose em doenças orgânicas.

Empregamos esse método apenas em casos de


doenças nervosas, de origem psíquica, bem como em
caso de dependencia de tóxicos e outras dependencias.

Ainda assim, numerosos sintomas de doenças


orgânicas são acessíveis a hipnose e modificações
orgânicas podem existir.
Como fazer?
Segundo Freud, é de grande utilidade para o paciente
a ser hipnotizado que ele veja outras pessoas em
estado de hipnose.

Todo paciente que toma contato com a hipnose pela


primeira vez observa como adormecem os pacientes
há mais tempo em tratamento, como obedecem
durante a hipnose e como, depois de acordarem,
admitem que seus sintomas desapareceram.
Hipnotizar-se por imitação
Entrar em contato com outras pessoas sendo
hipnotizadas conduz a um estado de preparação
psíquica que faz o paciente entrar em uma profunda
hipnose.

Quando isso não é possível, podemos escolher


diferentes métodos de induzir a hipnose, tendo todos
eles em comum o fato de que, por determinadas
sensações físicas, lembrem o adormecer.
Procedimento
A melhor maneira de proceder é a que se segue:

Pág. 148, 149 e 150.


Graus de Hipnose
Existem diversos graus de hipnose.

No entanto, o que tem importância é apenas se o


paciente ficou em um estado de consciência em que
não pode se lembrar do que ocorreu durante a
hipnose.

Assim, o médico pode negar a presença de dores e


sintomas com decisão. O que não faria se soubesse
que o paciente está “acordado”.
Métodos adicionais
Quando não se alcança o grau desejável de hipnose,
pode-se lançar mão de outros métodos.

Ex: aplicar pequenos golpes no rosto e no corpo do


paciente durante alguns minutos, usar a sugestão com
a corrente galvânica franca, etc…

Pode-se também improvisar métodos parecidos com


esses, basta que se mantenha o objetivo de
desenvolver o estado de adormecer e fixar a atenção
no médico.
Valor da Hipnose
O valor do método hipnótico está nas sugestões que o
médico faz durante a mesma.

Essas sugestões são uma enérgica negação dos males


que o paciente se queixou, ou um asseguramento de
que ele pode fazer algo, ou uma ordem para que o
execute.

Ex: “Você não tem mais dores nesse lugar; eu aperto


aqui e a dor desaparece.”
O poder do médico
Cada sugestão deve ser feita com a maior decisão,
pois qualquer indício de dúvida é percebido pelo
paciente.

Não deve ser permitida uma contradição sequer e, se


formos capazes, insistiremos em nosso poder de
produzir catalepsia, contraturas, anestesia, e assim por
diante.
Duração da Hipnose
A duração da hipnose deve ser planejada de acordo
com a necessidade.

A duração de algumas horas é apropriada para os


tratamentos.

O despertar é executado mediante algum comentário


como o que se segue:
“Isso é suficiente por hora!”
A profundidade da Hipnose
A profundidade de uma hipnose não tem uma relação
direta com o seu sucesso.

Podemos produzir as maiores modificações nas


pessoas nas hipnoses mais leves e, ao contrário,
podemos fracassar num caso que atinja o estado de
sonambulismo.
Tratamentos prolongados
Em todo tratamento hipnótico prolongado deve-se
evitar um procedimento monótono.

O médico deve estar sempre a procura de um novo


ponto de partida para suas sugestões.

Deve sempre procurar uma renovada prova de seu


poder, de uma nova modificação no seu método de
hipnotizar.
Prognóstico
Quando a hipnose tem êxito, a estabilidade da cura
depende dos mesmos fatores que a estabilidade das
curas conseguidas por outros métodos.

O emprego da hipnose nunca exclui o emprego de


outros métodos, como os dietéticos, mecâncios, etc…

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