FREUD, VOLUME I Hipnose Praticar a hipnose com fins terapêuticos, não é algo fácil e simples. A técnica de hipnotizar é um método médico tão difícil como qualquer outro.
Depois de aprender a arte da hipnose, o médico
deverá abordar o assunto com total seriedade e firmesa. Estas nascem do fato de estar empregando algo útil e, em algumas circunstâncias, necessário. Médico Cético Todo aquele que se põe a hipnotizar com ceticismo, que pode se revelar em sua expressão, sua voz e seus modos, não poderá experar mais do que fracassos nesta técnica;
Esse médico deveria, então, deixar essa prática para
outros médicos capazes de praticá-la sem se sentirem feridos em sua dignidade médica. Regras Não impor ao paciente o tratamento pela hipnose.
Entre o público, acha-se difundido o preconceito de
que a hipnose é um método perigoso e, se tentassemos impor a hipnose a alguém seriamos interrompidos por eventos desagradáveis decorrentes da ansiedade do paciente e de seu sentimento de estar sendo dominado. Regras Sempre que surge uma intensa resistência contra o uso da hipnose, devemos renunciar ao método e esperar até que o paciente, sob a influência de outras informações, aceite a ideia de ser hipnotizado.
Aos que não acreditam na técnica, podemos dizer:
“Não exigimos sua crença, mas, de início, sua atenção e cooperação.” Quem pode ser hipnotizado? Em geral, qualquer pessoa é hipnotizável; porém, todo médico encontrará determinado número de pessoas que não conseguirá hipnotizar e, muitas vezes, não poderá dizer de onde se originou o seu fracasso.
De acordo com Freud, isso não seria uma questão de
fé. Contra que doenças podemos usar a hiponose? Evita-se aplicar a hipnose em doenças orgânicas.
Empregamos esse método apenas em casos de
doenças nervosas, de origem psíquica, bem como em caso de dependencia de tóxicos e outras dependencias.
Ainda assim, numerosos sintomas de doenças
orgânicas são acessíveis a hipnose e modificações orgânicas podem existir. Como fazer? Segundo Freud, é de grande utilidade para o paciente a ser hipnotizado que ele veja outras pessoas em estado de hipnose.
Todo paciente que toma contato com a hipnose pela
primeira vez observa como adormecem os pacientes há mais tempo em tratamento, como obedecem durante a hipnose e como, depois de acordarem, admitem que seus sintomas desapareceram. Hipnotizar-se por imitação Entrar em contato com outras pessoas sendo hipnotizadas conduz a um estado de preparação psíquica que faz o paciente entrar em uma profunda hipnose.
Quando isso não é possível, podemos escolher
diferentes métodos de induzir a hipnose, tendo todos eles em comum o fato de que, por determinadas sensações físicas, lembrem o adormecer. Procedimento A melhor maneira de proceder é a que se segue:
Pág. 148, 149 e 150.
Graus de Hipnose Existem diversos graus de hipnose.
No entanto, o que tem importância é apenas se o
paciente ficou em um estado de consciência em que não pode se lembrar do que ocorreu durante a hipnose.
Assim, o médico pode negar a presença de dores e
sintomas com decisão. O que não faria se soubesse que o paciente está “acordado”. Métodos adicionais Quando não se alcança o grau desejável de hipnose, pode-se lançar mão de outros métodos.
Ex: aplicar pequenos golpes no rosto e no corpo do
paciente durante alguns minutos, usar a sugestão com a corrente galvânica franca, etc…
Pode-se também improvisar métodos parecidos com
esses, basta que se mantenha o objetivo de desenvolver o estado de adormecer e fixar a atenção no médico. Valor da Hipnose O valor do método hipnótico está nas sugestões que o médico faz durante a mesma.
Essas sugestões são uma enérgica negação dos males
que o paciente se queixou, ou um asseguramento de que ele pode fazer algo, ou uma ordem para que o execute.
Ex: “Você não tem mais dores nesse lugar; eu aperto
aqui e a dor desaparece.” O poder do médico Cada sugestão deve ser feita com a maior decisão, pois qualquer indício de dúvida é percebido pelo paciente.
Não deve ser permitida uma contradição sequer e, se
formos capazes, insistiremos em nosso poder de produzir catalepsia, contraturas, anestesia, e assim por diante. Duração da Hipnose A duração da hipnose deve ser planejada de acordo com a necessidade.
A duração de algumas horas é apropriada para os
tratamentos.
O despertar é executado mediante algum comentário
como o que se segue: “Isso é suficiente por hora!” A profundidade da Hipnose A profundidade de uma hipnose não tem uma relação direta com o seu sucesso.
Podemos produzir as maiores modificações nas
pessoas nas hipnoses mais leves e, ao contrário, podemos fracassar num caso que atinja o estado de sonambulismo. Tratamentos prolongados Em todo tratamento hipnótico prolongado deve-se evitar um procedimento monótono.
O médico deve estar sempre a procura de um novo
ponto de partida para suas sugestões.
Deve sempre procurar uma renovada prova de seu
poder, de uma nova modificação no seu método de hipnotizar. Prognóstico Quando a hipnose tem êxito, a estabilidade da cura depende dos mesmos fatores que a estabilidade das curas conseguidas por outros métodos.
O emprego da hipnose nunca exclui o emprego de
outros métodos, como os dietéticos, mecâncios, etc…