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Associação

Portuguesa
O AUTISMO E AS
Para
PESSOAS COM
As
AUTISMO
Perturbações

do
Desenvolvimento

e
Autismo
Dr.ª Rita Soares
APPDA- Lisboa – Projecto Ajudautismo IV
APPDA- Lisboa
Setembro 2006
Associação AUTISMO
Portuguesa

Para DEFINIÇÃO CAUSAS


As

Perturbações
CONCEITOS FUNCIONAMENTO
do
Desenvolvimento
CENTRAIS PSICOLÓGICO

e CRITÉRIOS DE INTERVENÇÃO
Autismo DIAGNÓSTICO PRECOCE

APPDA- Lisboa
O QUE É O AUTISMO ?
O autismo é uma disfunção no desenvolvimento
cerebral que tem origem na infância, persiste ao
longo de toda a vida e pode dar origem a uma
grande variedade de expressões clínicas.

 Acredita-se que alguns dos sintomas


principais estejam presentes desde o nascimento.

 Tipicamente os sintomas começam a


manifestar-se até aos 3 anos.

 Todo o desenvolvimento da criança vai ser


“invadido” pelas características desta condição
clínica.

 Só é possível começar a avaliar um


diagnóstico de perturbação no espectro do autismo
após os 2 anos de idade.
O QUE É O AUTISMO ?

Ao dizermos que um indivíduo tem autismo ou


uma perturbação no espectro do autismo
(p.e.a), estamos simultaneamente a afirmar que
ele tem um conjunto de disfunções
características nas áreas da interacção social,
da comunicação (verbal e não verbal), bem
como alterações no comportamento visíveis a
todos os que contactam com esse indivíduo
(ex: resistência à mudança; maneirismos
motores; respostas atípicas às experiências
sensoriais).

Prevalência do autismo:
Autismo clássico: 5 em cada 10.000
Espectro completo do autismo: 1 em cada
700 a 1.000
Quais as causas do autismo?
Estão ainda por esclarecer completamente
As evoluções na pesquisa científica têm vindo a
apontar para o facto de poderem existir diversas
causas, algumas presentes, outras não, em
determinada pessoa:

 Parece existir uma pré disposição genética


que pode dar origem ao aparecimento de autismo.

 Alguns factores pré e peri natais podem


igualmente jogar um papel determinante.

 Pode ter de haver uma conjunção entre o


potencial genético e o meio ambiente (ex: infecções
virais; exposição a determinados componentes do
ambiente; desequilíbrios metabólicos).

 Uma causa conhecida reúne o consenso: o


autismo é causado por anomalias nas estruturas e
funções cerebrais.
Causas Sociais do Autismo?

Uma das primeiras conclusões a que


se chegou no início das investigações
acerca das causas do autismo foi a de
que não existe qualquer influência
entre os estilos parentais, as
características sociais de uma família
(ex: cultura ou rendimento) e a
manifestação de autismo.

Assim:
Em todo o mundo, o autismo
manifesta-se de forma independente
da raça, cultura, educação ou classe
social dos indivíduos.
Estrutura e Funções Cerebrais
 Muitos bebés que desenvolveram autismo
tiveram um momento de crescimento atípico/
acelerado do cérebro e perímetro cefálico
(Courchesne, 2003).

 Alterações no nível de determinados


neurotransmissores são frequentemente
detectadas em crianças e adultos com autismo
(ex: serotonina – Genet, 2005 ).
 Técnicas de imagem cerebral mostram
que as pessoas com autismo activam diferentes
áreas de processamento cerebral quando
desenvolvem uma tarefa (Klin, 2005).
 Foi encontrada uma diminuição do
número de neurónios da amígdala – uma região
do cérebro relacionada com o medo e a memória-
(Amaral, 2006).
CAMBIANTES
Os factores genéticos do autismo
Sabemos hoje que o autismo:
 É mais frequente em indivíduos do sexo
masculino - 4:1 – (Folstein e Rutter, 1977).
 Há maior probabilidade de se manifestar em
irmãos gémeos de pessoas com autismo (Folstein e
Rutter, 1977).
 Parecem existir “genes candidatos” (ou
segmentos irregulares do código genético), , em
diferentes cromossomas que poderão transmitir uma
predisposição para o autismo (Levy, 2006).
O autismo tem um padrão de transmissão
genética complexo e “multifactorial”.
Não há uma transmissão genética directa da
doença, não se conhece um conjunto
circunscrito de cromossomas ou genes que
possam ser responsáveis pela manifestação de
autismo.
Factores pré e peri natais
 Existe um risco acrescido de manifestar
autismo, em crianças cujas mães contraíram
rubéola na gravidez, ou foram expostas a
determinadas substâncias tóxicas.
 Crianças com desequilíbrios metabólicos
e outras condições clínicas (x-frágil; esclerose
tuberosa; e fenilcetonúria não tratada), estão em
maior risco de manifestar autismo.
 Foram feitas investigações acerca da
influência de substâncias tóxicas na manifestação
de autismo (ex: doença celíaca, determinadas
alergias ou intolerância a metais com o chumbo)
(ex: não parece haver influência da vacina tríplice
na manifestação de perturbação autística- NIM,
2001), no entanto nenhuma relação directa foi
estabelecida (ATSDR, 2002) Esta é uma área onde
é necessária mais investigação.
Interacção: potencial genético/ ambiente

Parece haver uma interacção


determinante entre o potencial genético
de uma criança e as condicionantes do
meio ambiente.
É como se nascêssemos com o
potencial para desenvolver um
síndroma autístico, mas tal só iria
acontecer se estivéssemos em contacto
com determinados factores no ambiente
que agiriam como um gatilho,
desencadeador do AUTISMO.
CONCEITOS CENTRAIS

 Relatos na história (o menino de Aveyron,


François Itard).

 Kanner (1943) detectou 11 casos


de autismo (referido cientificamente pela
1ªvez) com as seguintes características:

• profundo afastamento autista


• desejo obsessivo de preservação das
mesmas coisas
• uma boa memória
• expressão inteligente e ausente
• mutismo ou linguagem sem real intenção
comunicativa
• hipersensibilidade aos estímulos
• relação obsessiva com objectos
CONCEITOS CENTRAIS
 H. Asperger (1944) descreveu um grupo
de crianças semelhante, sendo que tinham
melhores níveis de desempenho na linguagem e
funcionamento cognitivo.

 L. Wing (1979) desenvolveu um estudo


com 132 crianças entre os 2 e os 18 anos, onde
concluiu que as crianças que tinham dificuldades
sociais marcadas, também sofriam de alterações
na linguagem e na esfera do pensamento e do
comportamento.
Foi evidenciado que os critérios para o diagnóstico
de autismo tinham que incluir alterações nestas
três áreas do desenvolvimento – tríade -.
A manifestação desses sintomas não obedecia a
um contínuo de maior ou menor intensidade, mas
sim a sub tipos de alterações – espectro -.
FUNCIONAMENTO PSICOLÓGICO

 Teoria da mente (Leslie e Frith, 1985)

 Teoria do funcionamento executivo


(Ozonoff,1985)

 Teoria da coerência central (Frith,


1989)

 Diátese afectiva: (Greenspan; 2000)


FUNCIONAMENTO PSICOLÓGICO

Teoria da mente (Theory of mind, Baron-Cohen,


Leslie e Frith, 1985)

A capacidade das pessoas atribuirem estados


mentais a si próprios e aos outros. As pessoas com
autismo têm deficiências nessa atribuição.

Teoria do funcionamento executivo


(Ozonoff,1985)

O funcionamento executivo é a capacidade de


libertar o pensamento de uma situação imediata e
do contexto para orientar comportamentos através
de modelos mentais ou representações internas.
Trata-se da capacidade de planear.
FUNCIONAMENTO PSICOLÓGICO

Teoria da coerência central (Frith, 1989)

As pessoas com autismo não dispõem de “formas


inatas para dar coerência a um largo leque de
estímulos e generaliza-los dentro de um contexto o
mais amplo possível”
Não são capazes de ver as partes em relação ao
todo.
Vêem o mundo de forma fragmentada.
Os problemas de integração afectam todos os
sentidos.

Teoria da diátese afectiva (Greenspan, 2000)

O bebé com autismo tem uma incapacidade básica


para coordenar os afectos/ planeamento motor/
simbologia emergente.
DSM IV - TR (2001)
Critérios para a definição de
“Perturbação Autística”

Redução na interacção social (pelo menos 2)

Redução nos comportamentos não verbais


(contacto do olhar, expressão facial, postura
corporal)

Insucesso na relação com os pares


adequada ao nível de desenvolvimento

Falta de procura espontânea de partilha de


interesses, divertimentos ou actividades
com outras pessoas

Falta de reciprocidade social ou emocional


Redução qualitativa na comunicação (pelo menos
1)
Atraso ou ausência no desenvolvimento da
linguagem falada
Uso estereotipado ou repetitivo da linguagem
Quando falam, redução na capacidade de
iniciar ou sustentar uma conversa com os
outros
Falta de jogo simbólico variado e espontâneo
ou jogo social imitativo adequado ao nível do
desenvolvimento

Padrões repetitivos e estereotipados de


comportamento, interesses, actividades (pelo
menos 1)
Preocupação cingida a um ou mais padrões
de interesse estereotipados ou restritos não
normais
Adesão a rotinas ou rituais específicos não
funcionais
Maneirismos motores estereotipados e
repetitivos
Preocupação persistente com partes de
objectos
DSM IV TR (2001)
Perturbações globais do
desenvolvimento

Perturbação Autística (299.00)

Perturbação de Rett (299.80)

Perturbação Desintegrativa da 2ª
Infância (299.10)

Perturbação de Asperger (299.80)

Perturbação Global do
Desenvolvimento – S O E (299.80)
A EDUCAÇÃO TEM UM PAPEL CENTRAL
NA
MELHORIA DE VIDA DAS PESSOAS COM AUTISMO
FACTORES QUE INTERAGEM DE MODO FAVORÁVEL
protegendo e diminuindo o risco:
QI elevado
Desenvolvimento de linguagem e fala
Temperamento afável
Intervenções de desenvolvimento bem sucedidas
Bom ambiente social de suporte

FACTORES QUE INTERAGEM DE MODO DESFAVORÁVEL


aumentando o risco:
QI baixo
Ausência de linguagem ou fala
Alterações neurológicas
Doenças psiquiátricas concomitantes
Falta de programas educativos precoces e adequados
Ambiente social incapaz de lidar com a criança autista
ASPECTOS CENTRAIS DA INTEGRAÇÃO
SENSORIAL

Desenvolvimento/Integração sensorial/
Relação
Hipótese da diátese afectiva:
Incapacidade básica de ligar Afecto, ou
intenção a Planeamento motor e
Simbolização emergente
S.Greenspan, 2000
Comprometimento importante da capacidade para
se envolver numa relação emocional com o
dador principal de cuidados
Pode parecer evitante ou desorganizado, mas
apresenta formas subtis de relação ou
relaciona-se de forma intermitente

Comprometimento importante da capacidade de


formar, manter ou desenvolver a comunicação.
Inclui comunicação gestual, simbólica verbal e
simbólica não verbal
Perturbação importante do processamento auditivo
Percepção e compreensão

Perturbação importante do planeamento motor


Sequências de movimentos

Perturbação do processamento de outras


sensações
Hiper- e hipo-reactividade
Inclui a informação visual, espacial, táctil,
proprioceptiva e vestibular
Pistas para a Intervenção
Atenção Mútua / Envolvimento Mútuo
•Seguir e entrar na actividade da criança
•Persistir
•Tratar o que a criança faz como intencional
•Colocar-se à frente da criança
•Entrar nas actividades perseverativas
•Não tatar o “não” ou o evitamento como uma rejeição
•Expandir, expandir, expandir - continuar, fazer-se
desentendido, fazer coisas erradas, cumprir as ordens,
interferir, …
•Nunca interromper ou mudar de assunto enquanto
houver interacção.
•Insistir numa resposta
Pistas para a Intervenção
Planeamento Motor

•Tratar todos os comportamentos como se fossem


intencionais
•Criar problemas para resolver
•Fornecer um destino para as acções

Pistas para a Intervenção


Simbolização
•Responder a desejos reais através do faz-de-conta
•Substituir objectos por outros dar; significado
simbólico a objectos e gestos
•Desenvolver as ideias da criança
•Falar com os bonecos
O B R I G A DA

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