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1 ANTES DE MIM

SOCIALIZAÇÃO E CULTURA

Psicologia B 12
Luís Rodrigues | Fernando Rua
© Plátano Editora, 2015
1 Introdução ao tema

• A capacidade do ser humano de se adaptar ao meio, transformando-o,


distingue-o dos outros animais.

• Para aprender e desenvolver a capacidade de adaptação, não basta um programa


genético aberto nem um cérebro complexo. Estas são apenas condições
necessárias, mas não suficientes. De facto, apesar de o ser humano à nascença ser
dotado de um sistema biológico complexo, este é contudo inacabado e
provavelmente o mais prematuro de todo o planeta.

• É necessário um meio que ensine e permita aprender. É em função da qualidade


das interações com os estímulos externos, isto é, das relações que ativamente
estabelece com o mundo envolvente (com as outras pessoas), que evolui.

Psicologia B 12
Luís Rodrigues | Fernando Rua
© Plátano Editora, 2015
1 Introdução ao tema

• Através das relações que estabelece com outros indivíduos e do que estas lhe
transmitem e ensinam, o indivíduo aprenderá a comportar-se de acordo com o
que o grupo social (sociedade) exige.
Assim, é desta maneira que o ser humano, imaturo e ignorante, aprenderá a
comportar-se como membro da sociedade cultural, adotando os seus
comportamentos, normas e valores sociais.

• A necessidade de ser aceite, de se integrar numa sociedade, são alguns dos


fatores que o levam a submeter-se às diferentes formas de pressão social.

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1 A Psicologia Social

• A Psicologia Social tem como objeto de estudo os processos psicológicos que


têm origem no grupo. Serão as interações entre os indivíduos, entre os indivíduos
e os grupos e com os grupos os objetos de estudo da Psicologia Social.

• Aborda questões como:

 A maneira como nos comportamos;


 Como mudamos e formamos as nossas opiniões/atitudes/crenças;
 O que pensamos dos outros;
 A interação com o meio.

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1 A cultura

• A cultura é o conjunto de valores, crenças, conhecimentos, instituições, normas,


comportamentos, produções artísticas e técnicas partilhadas pelos membros de
uma sociedade, transmissíveis às gerações seguintes e resultantes da interação
social. É uma herança social que provém do meio.

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Luís Rodrigues | Fernando Rua
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1 A cultura

• A cultura compreende dois tipos de elementos: os espirituais e os materiais.


 
 Conteúdo espiritual: constituído pelas instituições, pelos valores, pelas normas,
pelos conhecimentos, pelas crenças e ideias, pelas produções literárias e
artísticas.
 
 Conteúdo material: constituído pelas coisas e objetos produzidos e pela
tecnologia para produzir objetos e instrumentos, para adquirir produtos e para os
transportar.

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1 O processo de socialização

• A socialização é um processo dinâmico (exige interação) de interiorização dos


padrões culturais, sob a influência de agentes socializadores significativos, que se
desenvolve no interior de uma dada cultura. Consiste na aprendizagem de valores,
normas e padrões de comportamento, tendo como objetivo facilitar a integração
social do indivíduo na sociedade e decorrendo ao longo de toda a nossa vida.

• Existe dois tipos de socialização: a socialização primária e a socialização


secundária.

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1 Socialização primária

• A socialização primária realiza-se no seio da família, das escolas e dos grupos de


pares e consiste na adaptação aos padrões culturais da sociedade. Visa a
adaptação básica dos indivíduos à sociedade de modo que na sua forma de
pensar, agir e sentir haja um mínimo denominador comum que os torne
elementos de um mesmo meio sociocultural.
 
Mediante a socialização primária, aprendemos os saberes e competências
básicos para podermos viver em sociedade e nos constituirmos como seres
especificamente humanos.

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1 Socialização primária

 A nível motor ‒ são-nos transmitidas normas quanto aos gestos, atitudes


corporais, horários.
 
 A nível afetivo ‒ aprendemos a expressar sentimentos de forma considerada
apropriada e a reprimir e recalcar aqueles que não são socialmente aceites.
 
 A nível ideológico ‒ interiorizamos conceções, valores, ideias, preconceitos e
estereótipos próprios da nossa cultura.

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1 Socialização secundária

• Começa na adolescência e na idade adulta e verifica-se sempre que há


mudanças (transições) significativas na nossa condição social. São situações novas
que implicam uma adaptação pautada por valores, normas e conceções da cultura
a que se pertence.

A socialização secundária é o processo de aquisição de um conjunto de saberes


ou competências especializadas durante a adolescência ou o período da idade
adulta.

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1 Os agentes de socialização

• Os mecanismos de socialização são postos em ação por um certo número de


agentes sociais privilegiados denominados agentes de socialização. É muito difícil
separar a parte de atuação que cabe a cada um dos agentes. Estes são:

 A família tem um papel determinante nos primeiros anos de vida. É aí que as


crianças adquirem a linguagem e os hábitos do seu grupo social. Estes primeiros
anos de formação são muito importantes na vida dos indivíduos. Normalmente,
são os pais a adaptar os filhos à sociedade. Mas na sociedade atual é através dos
filhos que os pais têm conhecimento de novos fatores culturais. No caso das
famílias imigrantes, os jovens desempenham um papel fundamental na
socialização dos pais, pois são as crianças que facilitam a integração dos pais.

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1 Os agentes de socialização

 A escola permite à criança entrar num meio social novo que vai ter sobre ela
uma influência fundamental. Tem várias funções: além de proporcionar à criança
instrumentos de trabalho, métodos de reflexão e conhecimentos que lhe vão ser
úteis durante toda a vida, impõe-lhe novas regras e uma disciplina que a liberta
parcialmente do meio e completa a sua formação, aprendendo a conhecer os
outros e o meio que a rodeia.

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1 Os agentes de socialização

 Os grupos sociais durante toda a vida, o ser humano pertence a grupos


sociais e outras instituições que continuam a sua socialização. Mas os meios mais
eficazes de que a sociedade atual dispõe são os meios de comunicação.

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1 A importância do processo de socialização

• O interesse em torno das questões da natureza da linguagem e da importância


das interações sociais para o desenvolvimento integral do ser humano tem sido
um tema que tem despertado o debate e a curiosidade. É neste contexto que
surge o fascínio pelos relatos de «crianças selvagens».

«Criança selvagem»: designação usualmente atribuída a uma criança que cresceu


e se desenvolveu fora da sociedade, da cultura, fora da civilização, por vezes
sozinha, na companhia de animais, mas sempre longe dos modelos humanos e
das relações sociais.

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1 A importância do processo de socialização

• As investigações e os registos sobre «crianças selvagens» evidenciam que as


interações precoces com outros seres humanos são condição indispensável para o
desenvolvimento das competências linguísticas, cognitivas, afetivas e culturais.

• As crianças que se presume terem nascido em contacto com animais não nos
revelam apenas as consequências da privação das interações sociais para o
desenvolvimento global e integral do ser humano como a inexistência de modelos
sociais. Atestam também a extraordinária aptidão, por parte das crianças, para a
imitação e a sua enorme capacidade de adaptação ao meio, incluindo a
comportamentos pouco conformes à anatomia humana.

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1 Diversidade cultural

• Não existem universais culturais, isto é, não há nenhuma forma universal aceite
que indique como devem ser realizadas as atividades humanas.  
• O comportamento humano não pode ser compreendido e avaliado fora do seu
contexto sociocultural, isto é, deve ser julgado consoante o meio cultural que o
condiciona e em que se formou. A relatividade implica julgar uma cultura
segundo os seus próprios padrões, sem julgar os seus comportamentos como
superiores e inferiores aos da cultura a que pertencemos.

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1 Diversidade cultural

• Assim surgiu a diversidade cultural. Diversidade cultural e relatividade cultural


são termos inseparáveis. O que significa relatividade cultural? A relatividade
cultural designa o facto de o homem ser uma realidade culturalmente
condicionada nos seus gestos, atitudes, comportamentos, pensamentos e
sentimentos.

• Assim, a relatividade cultural implica julgar uma cultura segundo os seus


próprios padrões. Prática, sem dúvida, de difícil sucesso porque exige, não só a
compreensão de valores de outra sociedade, como também a «suspensão» dos
padrões culturais pelos quais nos regemos há muito tempo.

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1 Diversidade cultural

• A diversidade cultural manifesta-se em diferentes padrões culturais: o que


comemos e quando comemos, o modo como nos cumprimentamos, os hábitos de
higiene, as relações entre pais e filhos, homens e mulheres, o modo como
ocupamos os tempos livres, etc. São comportamentos padronizados numa
determinada sociedade.

• Os padrões culturais são um conjunto de comportamentos comuns aos


membros de uma cultura, de um grupo social.

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1 Diversidade cultural

• Desde que o indivíduo vem ao mundo, os costumes do ambiente em que nasceu


moldam a sua experiência dos factos e a sua conduta.

• Os próprios conceitos de bem e de mal, de conveniente e de inconveniente, as


manifestações de afetividade e até a forma de ver e de pensar são condicionados
pela cultura em que se está inserido. Geralmente, o indivíduo não tem
consciência da existência dos padrões de cultura, estando convicto de que o seu
comportamento exprime apenas os seus gostos e desejos pessoais.

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1 Etnocentrismo

• O etnocentrismo é a atitude pela qual um indivíduo ou um grupo social, que se


considera o sistema de referência, julga outros indivíduos ou grupos à luz dos
seus próprios valores. Pressupõe que o indivíduo, ou grupo de referência, se
considere superior àqueles que ele julga, e também que o indivíduo, ou grupo
etnocêntrico, tenha um conhecimento muito limitado dos outros, mesmo que
viva na sua proximidade.

• Não devemos utilizar a nossa cultura como padrão ou modelo de referência,


pois isso conduz a juízos de valor negativos acerca das normas, valores e
comportamentos próprios de outros grupos culturais. Desta maneira, poderemos
evitar os casos extremos do etnocentrismo em que ocorrem conflitos sociais.

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1 Socialização e individuação: a identidade pessoal

• Cada um de nós é, ao mesmo tempo, natureza, sociedade e cultura. Somos


aquilo que nos deram (o que herdamos por via genética), somos o que fizeram de
nós (mediante a transmissão social) e somos o que fizemos e fazemos de nós
(mediante as nossas experiências e o modo como reagimos à influência dos
outros).

• Em cada indivíduo convergem múltiplas influências de ordem biológica, social e


cultural. A nossa identidade pessoal (a que se pode chamar personalidade) é a
história do modo como vivemos, interpretamos e interiorizamos as experiências
que, sobre um fundo biológico e sociocultural, marcam o nosso desenvolvimento.

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1 Socialização e individuação: a identidade pessoal

• A nossa identidade pessoal é um cruzamento de influências hereditárias e


ambientais que, em certa medida, são interpretadas por nós, isto é, assimiladas
(auto-organizadas) de acordo com o significado que atribuímos às nossas
experiências pessoais.

• A identidade pessoal designa um modo singular, único e relativamente constante


de agir, pensar e sentir, resultante da integração e apropriação ao longo da vida
de influências hereditárias, ambientais e do significado que atribuímos às
experiências que vivemos.

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