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Expostas apreciações acerca do que decorreu ao nível da procura com o aumento
do preço do trigo e a sua escassez, cumpre atentar também à oferta.
Desde logo, importa referir que a diminuição da oferta mundial dos cereais,
nomeadamente do trigo, teve um impacto atroz na economia mundial e também na
alimentação, sobretudo dos países mais pobres, onde milhões dependem deste cereal.
Tal como referido anteriormente, a invasão da Rússia à Ucrânia, aliada a fatores
como as secas e as alterações climáticas, tem feito diminuir a oferta do trigo ao longo do
presente ano, verificando-se um aumento brutal dos preços deste cereal no presente ano.
Com efeito, fruto da guerra, é sabido que foram interrompidas as cadeias de
produção de trigo, visto que os agricultores perderam as condições para continuar a
cultivar, tendo sido também interrompido o fornecimento deste bem, pois foram
bloqueados vários portos ucranianos, como o porto de Odessa, o maior porto no país.
Assim, podemos referir que este cereal está a ser utilizado como “arma de guerra” uma
vez que, tal como é referido no artigo, com tal bloqueio a Rússia já impediu a exportação,
aquando da publicação da notícia, de vinte e dois milhões de toneladas de cereais 4. Com o
decorrer do tempo, e pese embora alguns terrenos ucranianos tenham voltado a ficar aptos
a semear, os produtores vêem-se sem a maquinaria agrícola necessária para produzir,
devido à destruição causada pela invasão russa.
Para além do exposto, e tal como já referido, as secas e as alterações climáticas,
em conjunto com as restrições impostas às exportações, retratam fatores que criam uma
tempestade perfeita para que se verifique o aumento do preço do trigo.
Por seu turno, e para o que releva para a oferta propriamente dita, cumpre referir
que também os custos de produção do trigo aumentaram drasticamente e, possivelmente,
“numa proporção superior ao preço do trigo”, referiu o presidente da Associação Nacional
De Produtores De Cereais (ANPOC), sendo este um fator determinante para a diminuição
da curva da oferta do bem.
Por fim, importa salientar que a Rússia se tem revelado, nos últimos anos, como o
país que mais exporta trigo a nível mundial, ao passo que a Ucrânia ocupa a quinta
posição entre os maiores exportadores5. Tal situação leva a que estes dois países sejam
responsáveis por 14% da oferta mundial do trigo, representando, em conjunto com outros
4
Tal afirmação foi proferida pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenksy, tal como consta do artigo em
análise.
5
UNIDADE TÉCNICA DE PROSPETIVA E PLANEAMENTO (UTPP) – PLANAPP, “Conflito Rússia-
Ucrânia: Análise breve das atividades económicas em risco Nota Rápida de Prospetiva 03”, Abril de 2022,
disponível em https://planapp.gov.pt/wp-content/uploads/2022/05/NOTARP_03_abril22_SR.pdf
[consultado a 29.10.2022].
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cereais, mais de um terço das exportações mundiais de grãos, segundo a Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Deste modo, a insegurança
alimentar é uma situação cada vez mais preocupante que ameaça a sobrevivência da
população mundial, nomeadamente em países como o Egito que não terá capacidades
financeiras para comprar o trigo necessário para alimentar a sua população.
Conclusão
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Chegado o fim do nosso estudo académico, cumpre desde logo referir que o trigo é
um bem de primeira necessidade que não tem substituto direto e que, embora tenha sofrido
um aumento brutal de preço, a alteração da sua curva da procura não é significativa em
comparação com a que se verifica na curva da oferta.
De facto, no presente ano, principalmente face à atual guerra entre a Ucrânia e a
Rússia, às secas e às alterações climáticas, registou-se um grande aumento no preço do
bem essencial em análise – o trigo. Algumas das justificações para este aumento
encontram-se enunciadas na notícia que serviu de base a este estudo, nomeadamente o
facto de a Índia ter anunciado a proibição das exportações de trigo, a preocupação com as
condições das plantações em vários países exportadores e a produção e exportação de trigo
da Ucrânia ter sido reduzida devido à guerra.
Tal como referido supra, a procura deste bem essencial sofreu uma ligeira
alteração devido às subidas do seu preço, apesar de não apresentar nenhum substituto
direto capaz de satisfazer a mesma necessidade do consumidor.
Por seu turno, a quantidade oferecida por parte dos produtores teve e continua a
registar grandes quedas. O principal motivo referido no artigo foi o confronto entre dois
dos maiores produtores de trigo: a Ucrânia e a Rússia, uma vez que muitos dos portos que
permitiam a exportação internacional viram-se bloqueados. Além disso, também as terras
férteis e a maquinaria necessária para a produção em série deste bem tem vindo a
desaparecer, face aos bombardeamentos russos.
Deste modo, no momento presente, já existe um grande número de países a
atravessar uma gravíssima situação de carência alimentar por não terem capacidade
económica para comprar este bem. No que concerne ao mercado nacional, confirma-se a
dependência de Portugal relativamente ao abastecimento de cereais para a alimentação
humana e animal.
No que concerne ao futuro, as perspetivas relativas ao setor do trigo dependem, em
grande parte, da evolução do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, na medida em que os
rendimentos reais da população têm vindo a diminuir, face à inflação generalizada. Para
além do fator rendimento que afeta a procura do bem, também os custos das matérias-
primas necessárias à produção do trigo, as logísticas da exportação, entre outros fatores,
afetam a quantidade oferecida deste bem.
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Bibliografia
VELOSO, João, “Trigo: Como a escassez deste «bem essencial» ameaça a segurança
alimentar do mundo”, in JPN – JornalismoPortoNet, Maio de 2022, disponível em
https://www.jpn.up.pt/2022/05/26/trigo-como-a-escassez-deste-bem-essencial-ameaca-a-
seguranca-alimentar-do-mundo/.
MAR, Diana do, “Produção nacional de trigo só cobriu 6,3% das necessidades em 2021. E
cenário tende a agravar-se”, in Jornal de Negócios, Maio de 2022, disponível em
https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/agricultura-e-pescas/detalhe/producao-
nacional-de-trigo-so-cobriu-63-das-necessidades-em-2021-e-cenario-tende-a-agravar-se.