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Elasticidade de Preços dos Produtos de Primeira Necessidade durante o

Período de Covid-19, nos Mercados de Cuamba.

Armando Pedro Ribeiro Langa1

Universidade católica de Moçambique (UCM)


Faculdade de Ciências Agronómicas (FCA)
ribeirolangaservicosocial@gmail.com,
Contacto: (843744714).
Artigo Cientifico da Disciplina de Economia e
Gestão para Agricultura Sustentável, a ser submetido ao
Dr. Stiven Augusto Manuel

Resumo
Durante o desenvolvimento do estudo intitulado ao tema: Elasticidade de preços dos produtos de
primeira necessidade durante o período de Covid-19, nos mercados de Cuamba, surge a
necessidade de contribuir de forma reflexiva, mediante aos impactos impostos pela eclosão da
pandemia de Covid-19 na população moçambicana na aquisição de produtos alimentares – cesta-
básica. Onde muitos povos sofreram varias transformações e tiveram que se adaptar às novas
formas de vida mesmo os quão difíceis sejam. Entretanto, metodologia utilizada foi com base na
revisão bibliográfica e observação directa, durante a visita das lojas e mercados de Cuamba, com
uma abordagem qualitativa do tipo exploratória. E os resultados do estudo, mostram que o
coronavírus trouxe várias implicações para as famílias com elevado custo de vida da flutuação de
preços nos produtos de primeira necessidade. As razões encontradas são justificadas pela crise
mundial por conta de muitas empresas encerraram sem produzir e torna difícil adquirir os
produtos, não só também foi invocada a questão de compra em maiores quantidades por parte dos
clientes para armazenarem em casa pela incerteza de que tempo essa pandemia vai terminar, pois
o lema é fica em casa.

Palavras-chave: Elasticidade, Bens de Primeira Necessidade.

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Mestrando em Solos e Agricultura Sustentável
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Abstract
During the development of the study entitled: Price elasticity of first need products during the
period of Covid-19, in the markets of Cuamba, there is a need to contribute in a reflexive way,
through the impacts imposed by the outbreak of the Covid-19 in Mozambican population in the
purchase of food products- basic baskets. Where many people have undergone various
transformations and had to adapt to new ways of life, even the difficult ones. However, the
methodology used was based on bibliographical review and direct observation, during the visit to
stores and markets in Cuamba, with a qualitative exploratory approach. And the results of the
study show that the coronavirus has had several implications for families with high cost of living
from the fluctuation of prices for essential products. The reasons found are justified by the global
crisis because many companies closed down without producing and makes it difficult to purchase
the products, not only was the issue of buying in larger quantities by customers to be stored at
home due to the uncertainty of how long this pandemic will end, because the motto is stay home.
Keywords: Elasticity, First Need Goods

I. INTRODUÇÃO

Segundo Rocha et al (2020), o problema mundial de saúde pública provocado pelo Coronavírus Sars-Cov-
2:
trouxe mudanças significativas na economia mundial para a procura e oferta de bens ou serviços,
principalmente nos bens ou serviços de primeira necessidade e de prevenção e combate da tal
pandemia. No entanto essa crise tornou-se notório quando se repara a elementos como: as
exportações, o consumo das famílias e os investimentos, pois houve a redução das exportações e
queda na produção de bens para a exportação bem como o distanciamento social criou impacto
negativo para o consumo das famílias (p.g.4).
A Organização Mundial da Saúde, declarou a pandemia de Covid-19 a 11 de Marco de 2020,
onde diversos governos de diferentes países, adoptaram protocolos para combater a tal situação e
evitar a transmissão do vírus. Houve também maior procura de produtos de luta contra esta
problemática e isto, resultou no aumento de preços (Queiroz & Neto, 2020).

Problematização
As pessoas do mundo inteiro, vivem as condições difíceis e passam necessidades devida
propagação do Corona vírus, onde muitos estabelecimentos públicos e privados foram encerrados
e maior parte das delas já empregadas, ficaram desempregadas e sem ter finanças para custear as
despesas das suas famílias e daí, a vida tornou-se muito difícil pelo elevado custo da mesma.

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Não obstante, desde o primeiro estado de emergência até então, tem-se verificado um exagero na
subida de preços em produtos de primeira necessidade influenciada pela eclosão da pandemia de
Covid-19, onde trouxe a preocupação aos clientes em como adquirir principalmente os produtos
de cesta-básica como: arroz, sabão, óleo e açúcar, sal, estes são uma parte de produtos que o
MISAU classificou como cesta-básica.
Este aumento pode ser motivado de certa forma pelo aumento de compra desses produtos em
quantidades para estocagem nas residências, pois havia incerteza se haveria ou não um lockdown
em Moçambique a semelhança dos outros países que foram assolados também por esta pandemia.
Alguns destes produtos como é o caso de sabão, todos os moçambicanos adquirem como um dos
elementos fundamentais para a higienização das mãos em tempo de Covd-19, mas os preços são
assustadores e criam impacto ao consumidor.
Tendo em conta as informações arroladas acima, se levanta a seguinte questão: Até que ponto a
eclosão de pandemia da Covid-19 cria oportunidade para o aumento de preços dos
produtos de primeira necessidade nos mercados moçambicanos? Que antecedentes se pode
encontrar aliado a estes factos.
Justificativa

O objecto de estudo se teve contacto durante a frequência das aulas do módulo de economia e
gestão para agricultura sustentável, onde motivou o desenvolvimento deste estudo para além dos
temas abordados na sala. A sua relevância consiste em trazer uma preocupação local, nacional e
mundial, pois a inflação traz consigo muitas desvantagens para o consumidor, na medida em que
este fica limitado pelo poder de compra de um produto que a dias conseguia adquirir.
Entretanto, o encerramento de alguns estabelecimentos, provocou uma alteração na oferta, não
porque a oferta e demanda de um bem ou serviço tenham a mesma proporção, mas isto pode
ensejar um aumento da procura o que influenciou a subida de preços.
Apesar de ser um tempo em que todo mundo precisa de ser responsável em não ser o protagonista
de propagar o vírus e ser solidário para com os outros,
Objectivos

Objectivo Geral
 Analisar a subida de preços dos produtos de primeira necessidade em tempo de Covid-19,
nos mercados de Cuamba.

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Objectivos Específicos
 Identificar os factores que levaram os comerciantes a subir os preços dos produtos;
 Estimar o efeito da elasticidade de produtos de primeira necessidade do ano 2020 a 2021;
 Classificar o tipo de elasticidade encontrado através dos cálculos.

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


2.1. Elasticidade da procura
De acordo com Mata (2007), trata-se duma medida que mostra o quanto a variação do preço vai
impactar na quantidade demandada, ou seja por quanto a quantidade procurada varia em relação à
variação do preço.
2.2. Impacto do Coronavírus na Economia
O aparecimento desta doença, veio criar a emergência sanitária, provocando medidas restritivas,
na movimentação das pessoas, cancelamento de eventos públicos e internacionais e restrições de
actividades económicas no geral. O que proporcionou variabilidade dos mercados financeiros e
flutuações dos preços de bens da primeira necessidade (Magaia & Dique, 2020).
Segundo Vinagre (2020), a queda do PIB e aumento do desemprego:
produziu um impacto na procura dos alimentos pelas famílias, e sem produtos substitutos para tal pois
houve uma redução de volumes transacionais no mercado internacional, por diminuição do consumo bem
como por parreiras acrescidas à livre circulação de mercadoria e suspensão de acordos internacionais de
comércio.
As medidas restritivas e o isolamento social, afectaram negativamente o consumo das famílias a
nível mundial. Provocando queda na produção de bens para exportação e consumo interno levam
ixoneravelmente a uma retração nos investimentos das empresas e das famílias (Rocha et al.,
2020).
2.3. Impacto do Coronavírus no Sector Empresarial Moçambicano
De acordo com Magaia & Dique (2020), é notório que o surto:
afectou e afetará a economia moçambicana, pois esta é denominada aberta no mundo
inteiro e bastante vulnerável a choques externos. Podendo se fazer sentir este impacto por
via de canal comercial, obrigando a redução das exportações e importações, devidas
medidas restritivas adoptadas pelos países que fazem comércio com Moçambique.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste estudo, foi possível com o uso de revisão bibliográfica
relacionadas ao tema em causa, numa abordagem qualitativa do tipo exploratória com uso de
observação directa, onde se fez visitas nas lojas e mercados da cidade de Cuamba.
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Viu-se alguns preços afixados nos estantes das lojas, mas também houve necessidade de
perguntar o preço como se estivesse interessado em comprar, esta atitude para motivar o
vendedor a colaborar. Os dados não foram submetidos a um pacote estatístico, foi feito apenas o
cálculo manual.

APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS E DISCUSSÕES


Os dados da tabela abaixo, mostram a flutuação dos preços de um bem cuja sua quantidade não
altera, a quantidade demandada, não tem sua influência no preço. E isto quando acontece, diz-se
que a procura é perfeitamente inelástica de acordo com (Santos & 2014).
Tipo de Produto Quantidade Preço 2020 Preço 2021
Arroz Royal ou Anabela 25 Kg 1350 1550
Açúcar Castanho 20 Kg 1190 1280
Sal Iodato Grosso 20 Kg 150 175
Sabão Mainato 20 Barras 390 590
Óleo Refinado 5 Litros 525 790

Variação de Q= Q1-Q2= 25-25=0


20-20=0 Arroz: PT= P1-P2= 1350-1550= ǀ-200ǀ =200
5-5=0 Açúcar: 1190-1280= ǀ-90ǀ=90
Sal: 150-175= ǀ-25ǀ=25
Sabão: 390-590= ǀ-200ǀ=200
Óleo Refinado: 525-790= ǀ-265ǀ
% da variação de Qx
Ed= = 0/25*1450/200=0
% de Variação de Px
Tipo de Produto Variação de Variação de Valor Médio de Valor Médio Elasticidade
Quantidade Preço Quantidade de Preço
Arroz Royal ou 0 200 25 1450 0
Anabela
Açúcar Castanho 0 90 20 1235 0
Sal Iodato Grosso 0 25 20 162,5 0
Sabão Mainato 0 200 20 490 0
Óleo Refinado 0 265 5 657,5 0

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A flutuação de preços dos produtos de primeira necessidade deveu-se ao aumento de compra dos
mesmos em grandes quantidades. Este facto se assemelha ao estudo feito pelo Mata (2007) sobre
a alteração de preço de petróleo em Abril de 1999 que foi motivado ao aumento de consumo e a
compra em grandes quantidades do mesmo produto. E o mesmo autor acrescenta que o aumento
de preco de um produto, produz efeito negativo sobre a quantidade procurada de outro (p.g. 283).

Entretanto, de a cordo com Cabrão & Julião (2020), numa situação de recessão:
aumenta a chance de agitação da população como sinal de crítica e protesto em haver grupo que
iria sofrer menos em relação a outro, pois muitas pessoas perderam a sua fonte de sobrevivência
(queda de renda) trata-se de trabalhadores informais e alguns formais também aqueles que a sua
renda é baixa, com efeitos da crise pandémica da Covid-19. Num cenário desses é necessário o
reforço de políticas socias que possam proteger grupos vulneráveis, redução ou isenções fiscais
para as empresas e incentivos fiscais, para haver um pequeno equilíbrio económico devias as
transformações multissectoriais impostas pela eclosão da pandemia (p.g. 14).
O estudo feito pela direção nacional de desenvolvimento rural na transmissão de preços de arroz e milho,
entre Ásia e Moçambique, contatou que esses produtos possuem elevados preços nos mercados nacional
comparativamente aos mercados externos (DNDR, 2016). No entanto, (Magaia & Dique, 2020) apontam
que a epidemia do coronavírus provocou e tem provocado a nível mundial em cadeias de valor, flutuações
nos preços bolsistas externos, influenciando a produtos de primeira necessidades como milho, arroz,
açúcar, algodão entre outros.
O estudo desenvolvido pelo Marques e Mbiza em 2021, relacionado a evolução dos preços de bens
alimentares em 2020, constataram que em quase todos os mercados havia subida de preços em produtos da
primeira necessidade, facto este que se verificou em Cuamba.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A subida de preços de produtos de primeira necessidade foi condicionada pela compra de


produtos em quantidades por parte dos clientes, o que motivou aos mercados e lojas aumentarem
o preço pois havia muita aderência e proporcionava maior ganho ao vendedor. Não só também os
vendedores alegaram dizer que em tempos de pandemia, está ser difícil encontrar mercadoria
porque muitas empresas ficaram encerradas, razão pela qual havia pouca oferta o que
proporcionou aumento de preços.
Os produtos de primeira necessidade em 2021 subiram mais preços comparativamente com o ano
de 2020, tantos em valores médios bem como da sua diferença nas variações. E com isto, nos
remete a uma procura perfeitamente inelástica porque o valor da elasticidade é igual a zero.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Cabrão. P & Julião. D. (2020). Covid-19 e suas Implicações em Moçambique: uma Análise
Antropo-sociológica.

DNDR, Direcção Nacional de Desenvolvimento Rural. (2016). Transmissão dos Preços de Milho
e Arroz entre a Ásia e Moçambique. Maputo.

Magaia. R & Dique. S. (2020). Impacto do Covid-19 no Sector Empresarial moçambicano e


propostas de medidas para a sua mitigação. Maputo.

Marques. Y & Mbiza. J. (2021). Evolução dos Preços dos Bens Alimentares em 2020.

Mata. José. (2007). Economia da Empresa. 4a. Ed. Lisboa.

Queiroz. B. M & Neto. D. da S. O. (2020). Aumento Abusivo de Preços e Combate à Covid-19:


Uma Análise do Artigo 11 do Decreto n o 40.939 de 02 de Julho de 2020 à luz do sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência.

Rocha. C.F, Freitas. F, Ferraz. J. C, Torracca. J, Costa. K. V, Ferreira. K, Vilar. M. C, Marcato.


M. B, Castilho. M, Miguez. T. (2020). Impactos Macroeconómicos e Sectoriais da Covid-
19 no Brasil.
Santos. R. B & Donário. A. (2014). As Elasticidades. Lisboa.
Vinagre. R. (2020). Impacto da Covid-19 na produção e mercados de produtos agrícolas. 26a.
Ed.

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