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AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

Cont. - Previsão: 550 a 553 do CPC.


Competência - art. 53, IV, “b”, do CPC.
- Foro competente o lugar do ato ou fato para a ação
em que for réu o administrador, ou gestor de negócios
alheios. Obs. competência relativa.
Exceção - Artigo 61 do CPC, vem previsto no art. 553
(competência absoluta - funcional) do juízo que tiver
nomeado administrador – inventariante, tutor,
curador ou depositário – para julgar ação de prestação
de contas propostas contra ele. Haverá autuação em
apenso aos autos do processo principal.
Aspectos do procedimento

Divide-se em duas fases:


- Primeira, verifica-se a obrigação de prestar
contas, ou seja, discutirá se o réu tem ou não
obrigação de prestar contas ao autor; caso decidido
que o réu não tem o dever de prestar contas
encerra a primeira fase.
- Segunda, caso existente a obrigação, analisam-se
as contas, em si. Ou seja, o réu prestará contas e o
juiz as examinará, verificando se há saldo em favor
do autor ou do réu (julgamento das contas).
Procedimento:

- Consta no art. 550 e parágrafos do CPC.


- Petição inicial - requisitos do art. 319 e 320 e
também a exata menção à origem da obrigação de
prestar contas (relacionamento jurídico mantido
com o réu, se legal ou contratual), por intermédio
do qual se deu a administração por este exercida e
que justifica seu dever de prestar contas.
Deve provar - que o réu teve, ou ainda tem bens do
autor em administração.
O prazo para a resposta - 15 dias, (no CPC/73 o
prazo cinco dias - art. 915).
Possíveis reações do réu:
a) Apresentar contas - O réu aceita sua
obrigação de prestar contas e as presta. Há o
reconhecimento do pedido no que tange à
obrigação de prestar contas.
Apresentadas, o autor é intimado para, em
15 dias, sobre elas manifestar. Se aceitar
como corretas ou não se manifestar, ocorrerá
julgamento antecipado, com a imediata
prolação da sentença, aprovando as contas
apresentadas pelo réu e, se for o caso,
declarando o saldo existente.
Se, o autor impugnar as contas, o feito seguirá o
procedimento comum, cabendo ao juiz verificar se
há necessidade de produção de provas orais, ou de
perícia, para o que será necessária a designação de
audiência de instrução e julgamento; ou se pode
ocorrer o julgamento antecipado, se a matéria for
unicamente de direito, ou se a prova documental
for suficiente para o julgamento.
Obs. O art. 551 § 1º diz que se as contas forem
apresentadas pelo réu e o autor as impugnar,
caberá ao primeiro, em prazo fixado pelo
magistrado, apresentar elucidações cabíveis, bem
como os documentos respectivos.
b) Permanecer inerte - Réu não apresentar contas,
nem contestar negando a obrigação de prestá-las, e
estando presentes os efeitos da revelia, ocorrerá
julgamento antecipado.

Obs. O julgamento antecipado do mérito - apenas


sucederá na hipótese de o juiz presumir como
verdadeiros os fatos referentes ao dever de prestar
contas apresentadas pelo autor (art. 355, II, do
CPC).
A presunção de veracidade é relativa, assim,
mesmo com a revelia é possível ao juiz determinar
ao autor a especificação de provas tendentes a
demonstrar a veracidade das alegações de fato
constitutivas de seu direito.
A sentença se reconhecer a obrigação do réu em
prestar as contas, o condenará a prestá-las, no
prazo de 15 dias, sob pena de, não o fazendo, não
poder impugnar as contas que o autor vier a
apresentar (§ 5º). Embora o processo não se
encerre, o provimento tem a natureza de sentença.
Logo, é apelável (há controvérsia).
c) O réu apresenta contas após a determinação
judicial, cumprindo a sentença - Apresentas as
contas em 15 dias, o procedimento seguirá como se
tivesse havido apresentação espontânea. O autor é
intimado para em, 15 dias, sobre as contas se
manifestar; ocorrendo aceitação, sobrevém
julgamento antecipado; ocorrendo impugnação,
segue-se o procedimento ordinário (comum).
Observa-se que a impugnação pelo autor das
contas apresentadas pelo réu deverá ser específica,
com referência expressa do valor questionado.
Se, o réu não apresentar as contas, abre-se ao autor
a possibilidade de apresentá-las, no prazo de 15
dias, não mais sendo lícito ao réu impugnar as
contas apresentadas pelo autor.
Assim ocorrendo, o juiz julgará as contas de
imediato, se não houver necessidade de provas, ou
determinará a realização de perícia contábil ou,
mesmo, de qualquer outra prova que repute
necessária para conhecimento dos fatos.
d) Contestar, negando a obrigação de prestar
contas – Instaura uma controvérsia acerca da
obrigatoriedade ou não de prestar contas, que o
juiz deverá decidir. O procedimento passa a ser
comum para que na sentença o juiz reconheça ou
não a obrigação do réu prestar contas.
Obs. Se o pedido for julgado procedente, com o
reconhecimento de que o réu tem a obrigação de
prestar as contas, passar-se-á à segunda fase,
adotando-se o procedimento previsto no art. 550, §
5º.
Haverá condenação do réu para que em 15 dias
prestar contas, sob pena de não poder impugnar as
contas que o autor apresentar.
Cumprida a determinação judicial, abre-se a
oportunidade para o autor manifestar, em 15 dias.
Não cumprida a determinação judicial, poderá o
autor apresentar as contas, em 15 dias, não mais
podendo o réu sobre elas se manifestar (o
procedimento também será o comum).
Sentença - A ação de exigir contas ostenta caráter
dúplice, vale dizer, ambas as partes,
independentemente de se encontrarem no polo
ativo ou no polo passivo da ação, poderão obter em
seu favor pronunciamento judicial condenatório
que lhe permita promover a cobrança do saldo
credor que eventualmente seja apurado nas contas
prestadas.
Obs. A ação de exigir contas não se presta,
unicamente, para a verificação das contas, mas
também como forma de cobrança, pois se
procedente, gera título executivo judicial,
autorizando execução forçada (usando as regras de
fase de cumprimento de sentença).
Quando derivar de administração patrimonial
judicialmente exercida (curatela, inventariança,
depositário, etc.), o art. 553 do CPC traz dispositivo
acerca do procedimento do dever de prestar contas,
não se fazendo necessária a propositura de ação
autônoma de exigir contas, bastando que seja
manifestada tal pretensão por simples petição;
uma vez instado o devedor de contas a prestá-las,
tal ocorrerá em apenso aos autos, para melhor
organização processual.
Observar que, além da condenação a pagar
eventual saldo devedor resultante das contas
prestadas, o devedor de contas que exerça encargo
judicial suportará outras sanções, tais como o risco
de destituição, de sequestro de bens que estejam
sob sua guarda e a glosa de eventual remuneração a
que faça jus em virtude do exercício de sua função
judicial, e as medidas executivas tendentes à
aplicação de tais sanções e à recomposição do
prejuízo serão adotadas de ofício pelo juiz,
conforme preceitua a parte final do dispositivo em
análise.
OBRIGADO
Próximo encontro continuaremos com as
Ações Possessórias

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