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DIREITO PENAL

PARTE ESPECIAL. CRIMES EM ESPÉCIE


Crimes contra a Incolumidade Pública
Crimes de Perigo Comum (art. 250-259, CP)

PROF. BRUNO RIBEIRO


 Doutrinariamente, é importante distinguir o “perigo
abstrato” (presumido) do “perigo concreto”
(efetivo). Segundo DAMÁSIO, “perigo presumido
ou abstrato é o considerado pela lei em face de
determinado comportamento positivo ou negativo.
É o que a lei presume juris et de jure, não
precisando ser provado. Perigo concreto é o que
Introdução
precisa ser provado. O perigo, no caso, não é
presumido, mas ao contrário, precisa ser
investigado” (JESUS, Damásio E. Direito Penal.
Ed. Saraiva. Vol. 03. 16ª edição. p. 255. São Paulo,
2007)
Introdução (crimes qualificados pelo
resultado)

Dolo (C) + Dolo Preterdoloso ou


(R) Preterintencional
Crimes
Qualificados pelo
Resultado
Dolo (C) + Culpa
(R)
Introdução (crimes qualificados pelo resultado)

Atualmente, ocorre o crime qualificado pelo


resultado quando o agente atua com dolo na conduta A finalidade do art. 19 do Código Penal é afastar a
e dolo quanto ao resultado qualificador, ou dolo na responsabilidade penal sem culpa (objetiva),
conduta e culpa no que diz respeito ao resultado evitando-se, dessa forma, que o agente responda por
qualificador. Daí dizer-se que todo crime resultados que sequer ingressaram na sua órbita de
preterdoloso é crime qualificado pelo resultado, previsibilidade. Para que o agente possa responder
mas nem todo crime qualificado pelo resultado é pelo resultado qualificador é preciso que este,
crime preterdoloso. O crime qualificado pelo embora previsível, não tenha sido previsto pelo
resultado é o gênero, do qual são suas espécies: dolo agente. (Rogério Greco, vol. 1)
e dolo, ou dolo e culpa.
Introdução (crimes qualificados pelo resultado)
 RACIOCINEMOS COM O SEGUINTE EXEMPLO: Nas dunas de Cabo Frio, um exímio lutador de capoeira, após
discutir com seu desafeto, agindo com animus laedendi (dolo de lesão), nele desfere uma “rasteira”, atingindo-o na
perna, fazendo a vítima cair e bater a cabeça numa pedra que se encontrava escondida debaixo daquela fina areia, vindo a
falecer. O capoeirista agiu com dolo de causar uma lesão leve na vítima. Esta, contudo, veio a falecer porque,
infelizmente, bateu a cabeça na única pedra existente naquelas dunas. Pergunta-se: Qual infração penal teria praticado o
agente? No exemplo fornecido, foge ao nosso campo normal de previsibilidade o fato de alguém cair numa duna e vir
a chocar a cabeça contra uma pedra que ali se encontrava oculta. Isso quer dizer que não é normal que as pessoas, ao
caírem numa duna, venham a falecer em virtude desse choque. Por essa razão, em resposta ao problema colocado, ao
agente não poderá ser atribuído o delito de lesão corporal seguida de morte, uma vez que o resultado agravador não se
encontrava no seu campo normal de previsibilidade, mas sim pelo crime de lesão corporal simples.
 No mesmo exemplo, vamos retirar os figurantes das areias de Cabo Frio e transportá-los para as Pedras do Arpoador, na
cidade do Rio de Janeiro. Agora, se o agente capoeirista desferir a sua “rasteira” querendo simplesmente causar lesão na
vítima, e se esta, desequilibrando-se, cair e bater com a cabeça na rocha, a situação se modificará. Isso porque é
previsível que alguém, ao cair num rochedo, possa bater a cabeça no solo e vir a falecer. Tal resultado é perfeitamente
previsível, podendo ser atribuído ao agente. Aqui, a infração penal cometida pelo agente seria a de lesão corporal seguida
de morte, uma vez que o seu dolo era o de causar lesão, e não o de matar.
(Rogério Greco, vol. 1)
Causa de Aumento de Pena (art. 258)

• se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de

Crime Doloso de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de


metade;
• se resulta morte, é aplicada em dobro.
Perigo Comum

• se do crime culposo de perigo comum resulta lesão corporal a

Crime Culposo de pena aumenta-se de metade;


• se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio
culposo (detenção, de 01 a 03 anos), aumentada de um terço.
Perigo Comum
Crimes em Espécie

FABRICO, FORNECIMENTO,
AQUISIÇÃO POSSE OU TRANSPORTE
INCÊNDIO: causar incêndio, expondo a EXPLOSÃO: expor a perigo a vida, a DE EXPLOSIVOS, GÁS TÓXICO OU
USO DE GÁS TÓXICO OU ASFIXIANTE:
perigo a vida, a integridade física ou o integridade física ou o patrimônio de outrem, expor a perigo a vida, a integridade física ou
ASFIXIANTE: fabricar, fornecer, adquirir,
patrimônio de outrem (art. 250, CP). mediante explosão, arremesso ou simples possuir ou transportar, sem licença da
o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico
colocação de engenho de dinamite ou de autoridade, substância ou engenho explosivo,
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. ou asfixiante (art. 252, CP).
substância de efeitos análogos (art. 251, CP). gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. à sua fabricação (art. 253, CP).
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
multa.
OAB – FGV
XXVIII Exame Unificado - Prova aplicada em 17/03/2019

Frederico, de maneira intencional, colocou fogo no jardim da residência de seu chefe de trabalho, causando
perigo ao patrimônio deste e dos demais vizinhos da região, já que o fogo se alastrou rapidamente,
aproximando-se da rede elétrica e de pessoas que passavam pelo local. Ocorre que Frederico não se
certificou, com as cautelas necessárias, que não haveria ninguém no jardim, de modo que a conduta por ele
adotada causou a morte de uma criança, queimada, que brincava no local. Desesperado, Frederico procura
você, como advogado(a), e admite os fatos, indagando sobre eventuais consequências penais de seus atos.
Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Frederico deverá esclarecer que a
conduta praticada configura crime de:
a) homicídio doloso qualificado pelo emprego de fogo.
b) incêndio doloso simples.
c) homicídio culposo.
D
d) incêndio doloso com aumento de pena em razão do resultado morte.
Crimes em Espécie

 INUNDAÇÃO: causar inundação, expondo a


perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de
outrem (art. 254, CP). Pena - reclusão, de três a seis
anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção, de seis
meses a dois anos, no caso de culpa.
 PERIGO DE INUNDAÇÃO: remover, destruir ou
inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a
perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de
outrem, obstáculo natural ou obra destinada a
impedir inundação (art. 255, CP). Pena - reclusão,
de um a três anos, e multa.
Crimes em Espécie

 DESABAMENTO OU
DESMORONAMENTO:
 causar desabamento ou desmoronamento,
expondo a perigo a vida, a integridade física
ou o patrimônio de outrem (art. 256, CP).
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e
multa.
Caso Palace II - RJ
 Sentença: Processo 2005.054.000-45
https://www.ibccrim.org.br/artigo/389-Decisoes-Sente
Decisões do nca-do-caso-Sergio-Augusto-Naya-Edificios-Palace-I-
e-II-RJ
Caso Palace II
 Acórdão (TJ/RJ): https://
www.conjur.com.br/2005-jun-07/erro_tecnico_process
o_leva_justica_absolver_naya
 Para os desembargadores, ao apelar da sentença que havia
absolvido Naya, o Ministério Público desrespeitou o
Código de Processo Penal e mudou indevidamente a
classificação do crime de desabamento doloso — o prédio
teria sido feito para cair, para culposo — os réus teriam
agido com negligência, desatenção e descaso.
 De acordo com a relatora do processo, desembargadora
Elizabeth Gregory, a alteração não pode ocorrer nos
processos que chegam à segunda instância. “O caso deve
ser encarado tecnicamente. Na denúncia apresentada pelo
MP ao juiz da 33ª Vara Criminal, não há nenhuma menção
ao tipo culposo. A desclassificação ofende o princípio da
correlação entre a denúncia e a sentença, ou seja, operou-
se a desclassificação e a defesa não teve a oportunidade de
apresentar defesa”, afirmou.
Crimes em Espécie

 SUBTRAÇÃO, OCULTAÇÃO OU
INUTILIZAÇÃO DE MATERIAL DE
SALVAMENTO: subtrair, ocultar ou
inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação,
naufrágio, ou outro desastre ou calamidade,
aparelho, material ou qualquer meio
destinado a serviço de combate ao perigo, de
socorro ou salvamento; ou impedir ou
dificultar serviço de tal natureza (art. 257,
CP). Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e
multa.
Crimes em Espécie

Art. 259, CP
DIFUSÃO DE DISSEMINAR
DOENÇA OU DOENÇA OU PRAGA
PRAGA: difundir OU ESPÉCIES QUE

Art. 61, Lei n. 9605/98


doença ou praga que POSSAM CAUSAR
possa causar dano a DANO À
floresta, plantação ou AGRICULTURA, À
animais de utilidade PECUÁRIA, À
econômica. FAUNA, À FLORA
OU AOS
ECOSSISTEMAS

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