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Conversão de Energia Elétrica e

Transformadores
Conceitos básicos dos
Transformadores Monofásicos
Dimensionamento de pequenos
transformadores
Os cálculos aqui propostos possibilitam o
dimensionamento de pequenos
transformadores de até 1.000 VA em baixa
tensão.
Para o correto dimensionamento de um
transformador, é necessário:

• definir sua aplicação;


• definir o seu regime de trabalho;
• definir a sua potência máxima fornecida.
Exemplo

Projetar um transformador para reduzir a


tensão de 220 V para 24 V, com I=5 A.
Passo 1:
Adotando o fator de potência (cosφ) =1, temos como
potência ativa e aparente no secundário:
Ps = Us × Is × cosφ =24 V × 5 × 1
Ps = 120W
Ss =120VA
Passo 2:
Cálculo da potência no primário, com base na potência do
secundário.
Obs.:
• para compensar as perdas, deve acrescentar 10% da potência do
secundário em relação a potência do primário, e considerar um
rendimento de 90%.
• o aumento desse rendimento depende da qualidade da chapa a ser
utilizada no núcleo.

Para esse projeto será utilizada chapa com densidade magnética de


1.000 gauss.
Então,
Pp =Ps × 1,1=132W
Sp=132VA

Passo 3:
A seção líquida do núcleo do transformador é determinada pela
potência do primário.
A seção líquida corresponde a seção teórica necessária para que o
transformador atinja a potência desejada para o secundário.
. SL  Sp  132  11,489cm²
Para compensar as perdas eventuais na construção do núcleo com as
chapas comerciais disponíveis, acrescenta-se 20% sobre a seção
líquida, que levará à seguinte seção bruta (SB):

SB = SL × 1,2 = 13,787 cm²,


Aproximadamente, SB = 14 cm²
Passo 4:
A construção do núcleo do transformador será feita pela
sobreposição de chapas “E I” é determinada pela potência do
primário. Essas chapas tem dimensões e potência especificadas na
seguinte tabela (já demonstrada anteriormente):

Obs.: observe que a potência aparente é também vinculada ao


número de chapas (Nº).
Formato das chapas geralmente utilizadas na construção do núcleo
dos transformadores:

Tipo “I” Tipo “E I” Tipo “L” Tipo “F”


Dimensões das chapas (em cm), tabeladas, que geralmente são
utilizadas na fabricação do núcleo dos transformadores:

Fonte: Adaptado de Nascimento Júnior (2011)

Potência aparente (S)


Pode-se selecionar a chapa a partir dos dados obtidos ou aplicar um
cosφ < 1 (por exemplo, 0,9) à unidade transformadora, como segue:
132W 132 W
Sp  Sp   146 , 6VA
cos  0 ,9

Pela tabela anterior tem-se que a chapa nº 4 atende a esta


especificação de potência.
Passo 5:
Cálculo do número de chapas necessárias para a construção do
núcleo.
O núcleo será retangular, e com medida “a” (vide tabela) em um dos
lados.
Como a chapa nº 4 tem medida “a” de 3,5 cm, podemos calcular a
medida do outro lado do núcleo da seguinte forma:

SL 14
SB    4 cm
" a " 3,5
Considerando que as chapas tenham uma espessura de 0,3556 mm
(0,03556 cm), teremos a seguinte quantidade de chapas:

4
N º chapas   113 chapas
0 , 03556

Então, para o conjunto de chapas “E I” proposto para o núcleo,


teremos 113 chapas “E” e 113 chapas “I”.
Passo 6:
Cálculo do número de espiras.
Para o enrolamento primário:
Up.100000000 220.100000000
Np    718,79
4,44.60.SL.B 4,44.60.11,489.10000

Aproximadamente, teremos 719 espiras no enrolamento primário.


Passo 7:
Cálculo da seção do fio magnético de cobre esmaltado que será
utilizado em cada enrolamento.
Este cálculo é feito a partir da corrente elétrica em cada
enrolamento, e a partir da densidade de corrente elétrica do
condutor a ser utilizado.
Essa densidade é proporcional à ventilação e à limpeza do ambiente,
ou seja, a densidade será maior tanto quanto for melhor a limpeza e
ventilação.
A tabela seguir informa estes parâmetros:
Fonte: Nascimento Júnior (2011)
• Dimensionamento do fio do enrolamento secundário:

Ps 120 W
Is    5A
Us 24 V

Is 5A
Seçãodo sec undário    1, 25 mm ²
D 4

Segundo a tabela anterior, o condutor de 16 AWG possui uma seção


igual ou superior a 1,25 mm².
Passo 8:
É necessário que se verifique se há possibilidade de enrolamento,
ou deverá ser feita a alterar na forma prevista para o núcleo do
transformador.
Verificar esta possibilidade significa calcular a área ocupada pelas
bobinas sobrepostas e conferir se o espaço em volta do núcleo
montado comporta as bobinas.
O espaço em volta do núcleo é estabelecido em cumplicidade com a
medida "b" da chapa. O empilhamento máximo de espiras não
deve atingir esse valor em nenhuma hipótese. O enfileiramento de
espiras não deve exceder a altura do núcleo que é determinada pela
subtração ("d" – "c“).
Assim,
“b” = 1,8 cm
("d" – "c“) = (5,3 – 1,8) = 3,5 cm
Área disponível = 6,3 cm²

Com referência na tabela de fios, pode-se determinar os diâmetros


dos condutores:

25 AWG = 0,45 mm = 0,045 cm 16AWG = 1,29 mm = 0,129 cm


Multiplicando os respectivos diâmetros pelas quantidades de espiras
calculadas e depois novamente pelos mesmos diâmetros, teremos,
aproximadamente, a área ocupada pelo enrolamento:

Aep = 0,045 × 719 × 0,045 = 1,456 cm²


Aes = 0,129 × 79 × 0,129 = 1,315cm2
Atotal = 2,77 cm²

2,77 cm² é o suficiente, pois: 2,77 cm² < 6,3 cm²


Além do enrolamento, há também o espaço ocupado pelo material
isolante que também ocupa espaço entre as camadas da bobina.

Este fato é muito relevante, principalmente se a área ocupada pelos


enrolamentos estiver muito próxima da área disponível entre o ferro
e a bobina.
Conceitos básicos os materiais
construtivos do transformador
Para enrolar um transformador, não basta apenas fio magnético
esmaltado, centenas de espiras, chapas de ferro e um carretel para
enrolamento das bobinas e montagem das chapas. Outros materiais
se fazem necessários para viabilizar seu uso e melhorar a resistência
de isolação. O próprio FME deve ser escolhido, tendo como critérios
as condições de trabalho do transformador, temperatura máxima
etc.
Pelos menos dois tipos de papel isolante serão utilizados para
construir o enrolamento. O papel "cinza" (Kraft) de maior espessura
serve para forrar o carretel e cobrir o enrolamento todo quando
tudo estiver pronto. Um papel mais fino (Cristal) deve ser utilizado
como isolante entre as camadas de espiras.
Espaguetes podem ser necessários para dar proteção mecânica aos
fios que ligarem o enrolamento às conexões externas, se eles não
forem soldados a cabos flexíveis ao terminar a última camada. Se
isso ocorrer, a solda deve ser bem feita e isolada da camada de
espiras elétrica e mecanicamente.
Após realizar todas as ligações e fechar o transformador, um banho
de verniz pode ser aplicado para a completa impregnação do
transformador. Geralmente esse banho é feito mergulhando o
transformador em verniz aquecido a uma temperatura que melhore
sua impregnação ao enrolamento.
Circuito equivalente do
transformador
TRANSFORMADOR REAL
Referências

BIM, E. Máquinas elétricas e acionamentos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

NASCIMENTO JUNIOR, G. C. do. Máquinas elétricas: teoria e ensaios. 4. ed. São Paulo:
Érica, 2011.

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